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REGIMES NÃO DEMOCRÁTICOS

Atualmente, o número de regimes não democráticos continua a ser claramente superior ao dos
regimes democráticos (Em 2007 contabilizavam-se 90 Estados democráticos contra 192 Estados não
democráticos).
Existe no mundo uma grande variedade de regimes políticos. Encontramos uma maior diversidade na
África, no Médio Oriente e na Ásia, onde frequentemente os direitos dos cidadãos não estão
salvaguardados. Nestes regimes, que podemos reunir num conjunto abrangente – o dos regimes não
democráticos - o poder político está muitas vezes associado à força e não à escolha livre e a arbitrariedade
substitui a legalidade.
Embora existam diferenças significativas entre os vários regimes não
democráticos, podemos apontar pelo menos duas características
comuns: Pluralismo Político
- A tentativa de reduzir ou mesmo eliminar o pluralismo político;
Caracteriza-se pela
- A atribuição de poder não se baseia em eleições livres.
permanência de vários
pontos de vista acerca da
realidade política, por
A precariedade dos regimes não democráticos exemplo, a coexistência de
várias ideologias numa
Os regimes não democráticos são, em geral, construções mais frágeis e mesma sociedade.
precárias do que as democracias.
Verifica-se que mesmo os regimes não democráticos de maior longevidade
(Portugal é exemplo de um regime não democrático de longa duração) têm uma permanência bastante inferior
a algumas democracias. Deste modo, e ao contrário do que se possa pensar, embora fortes e opressivos, os
regimes não democráticos apresentam uma debilidade intrínseca.

Regimes autoritários
Os regimes autoritários apresentam as seguintes características:
a) São sistemas de pluralismo político limitado:
Nos regimes autoritários, são poucas as organizações autorizadas a exercer poder político. As que existem
dependem de uma legitimação pelo líder do regime, que é concedida por lealdade para com este. As
organizações têm pouca autonomia e sectores distintos de atuação (cada uma das organizações tem uma parte
do poder, sem sobreposição), o que leva a que não entrem em concorrência umas com as outras.
b) Ausência de uma cultura de responsabilidade na classe política:
As (poucas) organizações existentes não são responsáveis perante o eleitorado, mas sim perante o líder. Os
dirigentes são escolhidos de acordo com a lealdade ao líder e/ou por antiguidade, não existindo lugar a uma
decisão baseada no mérito. Isso faz com que as instituições em si não sejam responsabilizadas pelas suas ações
– estas dependem do líder e não do dirigente da instituição ou dos seus trabalhadores.
c) Ausência de uma ideologia política rígida:
Embora existam ideias políticas nos regimes autoritários, estas não chegam a ser verdadeiras ideologias, uma
vez que não correspondem a um sistema fechado de crenças políticas. Nestes regimes, as posições políticas
tendem a ser mais ambíguas e recorrer a valores mais tradicionais/culturais do que políticos (ex. Deus, Pátria
e Família).
d) Ausência de mobilização dos cidadãos:
Um regime autoritário pode promover a mobilização no momento da sua instauração ou caso surjam ameaças
à manutenção do poder. Fora estes dois momentos, em regra, um regime autoritário não só não promove
como favorece a ausência de participação pública.
e) O líder, e não as instituições, são o centro de todo o poder político:
Os regimes autoritários estão fortemente ligados a um líder específico. Ao passo que vemos os regimes
democráticos manterem-se independentemente do líder, um regime autoritário depende de tal forma do seu
líder/fundador que o desaparecimento deste leva, quase sempre, a uma crise política (em Portugal, por
exemplo, o regime sobreviveu alguns anos após a morte de Salazar, mas fragilizado).

Regimes Totalitários
Os regimes totalitários correspondem a formas específicas de regimes não democráticos. Apresentam várias
características, muitas que se percebem apenas por comparação e contraposição aos regimes autoritários.
Vejamos algumas das características:

a) Existência de uma ideologia oficial que visa uma alteração profunda da sociedade e que consiste
numa proposta que visa uma alteração do todo humano.
b) Existe uma presença ameaçadora do terror (“ (…) o terror constitui a essência do poder totalitário”.
Hannah Arendt).

Encontramos outros elementos aplicáveis aos regimes totalitários, embora não só não sejam exclusivos
destes como nem sempre estejam presentes em todos os regimes que podem ser entendidos como
totalitários. Exemplos interessantes desses elementos: a aposta no desenvolvimento de polícias secretas;
controlo dos meios de comunicação social; economia planificada.

Alguns exemplos de regimes totalitários: nazismo, estalinismo, maoismo, Coreia do Norte (atualmente).
Exercícios:

1. Leia o seguinte texto:

Diante dessa bandeira de sangue, que representa o nosso Führer, juro devotar todas as minhas energias e
forças ao salvador da nossa pátria, Adolf Hitler. Estou disposto e pronto a dar a minha vida por ele, com a ajuda
de Deus.

Juramento da Juventude Hitleriana

Explique de que forma podemos considerar o regime de Hitler como totalitário.

2. Leia o seguinte texto:

A busca do "homem novo", o indivíduo virtuoso que encarna as qualidades de uma nação renascida, é um
traço crucial dos totalitarismos do século XX. O "homem novo" de Benito Mussolini, um guerreiro
infatigável, sempre em uniforme militar, tinha como inimigo primordial não o judeu ou o estrangeiro, mas
o espectro envolvente da degeneração física e mental. Mens sana in corpore sano - o princípio fundador
do eugenismo foi invocado pelos mais diversos regimes totalitários em campanhas de reforma dos hábitos
e comportamentos individuais”.

A pretensão de Mussolini enquadra o seu regime num regime autoritário ou totalitário? Justifique.

3. A seguinte imagem indica os cortes de cabelo permitidos às mulheres da Coreia do Norte:

A partir deste dado, reflita acerca da relação entre esfera pública e privada nos regimes totalitários.

4. Enquadramos a ditadura de Salazar num regime autoritário ou num regime totalitário? Justifique

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