Anais da XI Jornada de Iniciação Científica da UFRRJ

Os tipos psicológicos e a vocação para o trabalho

Silvestre Prado de Souza Neto¹, Ildefonso Vieira Júnior² & Marcelo D’ Agostini³

1. Orientador, Alameda Professor Waldemar Raithe, n° 2, Ecologia, Seropédica, RJ, 23850-260. E-mail:
spsneto@ufrrj.br; 2. Avenida Automóvel Clube, Km 50, N°23, apt 101, Santa Cruz da Serra, Duque de Caxias, RJ,
25000-000. E-mail: osnofedli@bol.com.br; 3. 2. Bolsista de Iniciação Científica, PIBIC/CNPq. Rua Manoel Rocha,
n°22, Campo Lindo, Seropédica, RJ, 23845–200. E-mail: marcelo_agostini@hotmail.com.
UFRRJ, ICHS, DCAC, BR 465, km 07, Seropédica. CEP: 23890-000.

Palavras-chave: Ability; Vocation; Career; Profissions.

Abstract um espaço no mercado competitivo no qual se

The vocational questions can be analyzed by an easy
and objective way, through the study of the reasons
presented “to go to the university”. Jung’s
psychological types can better indicate personal
preferences and probably professional vocation. This
paper was carried out by this premise, applying a
wide questionnaire of professional choice variables,
distributed for students from university. It resulted
on 48,5% of students declaring that their choice to
go to the university was on first by vocation. Almost
a quarter of the students have believed in their
vocation, although only 15% had been experimented
professional choice.
Introdução
A entrada na universidade configura para os jovens
um momento extremamente difícil, pois os obriga a
escolher e definir suas carreiras em tenra idade. Esta
decisão costuma ser mais complexa na medida em
que se difunde novas informações e carreiras mais
especializadas surgem neste universo de propostas,
ambições e anseios. No mundo globalizado de hoje
o leque de opções se amplia tornando a escolha da
carreira e, portanto, do estilo de vida, uma dúvida
constante nas mentes ainda sem experiência da
futura geração dominante. Como conseqüência disto,
muitos universitários fazem escolhas com as quais
se decepcionam levando-os a novos vestibulares ou
a frustração com a escola. Muitas vezes bons alunos
desistem dos cursos que freqüentam ao perceberem
que não fizeram a escolha correta, enquanto outros
concluem-nos de forma inadequada, o que pode
gerar grandes frustrações em suas vidas. Atualmente
os jovens escolhem suas carreiras visando conquistar
encontram. A idéia de fazer o que gosta tem sido
deixada de lado muitas vezes por falta de
informação, por medo de não conseguir emprego,
ou ainda, por influência dos pais na hora da escolha
do curso. Muito se tem escrito e estudado sobre
vocação e escolha de carreira. Uma consultora
paulista de nome Tânia Casado defendeu a tese de
que a “vocação”, na verdade, é uma manifestação
do tipo psicológico do indivíduo, e que a única
maneira de ser feliz e produtivo no trabalho é estar
envolvido em atividades que se coadunam com a
sua personalidade e combinem com o seu estilo de
vida. Se os jovens pudessem entender as variáveis
de sua interação com o mundo, sua maneira
preferencial de colher dados, sua maneira de se
comunicar com os outros e seu estilo de vida,
parâmetros escolhidos por Jung para definir tipos
psicológicos poderiam ter uma visão mais clara da
profissão mais adequada ao seu temperamento, com
maior probabilidade de sucesso na carreira e na
vida.O objetivo desta pesquisa foi, portanto,
desenvolver um meio de avaliação vocacional
baseado no tipo psicológico segundo Jung, que
permita sugerir uma carreira ao indivíduo que lhe
assegure sucesso profissional e pessoal. Além disto,
busca-se também obter uma visão sobre os reais
motivos que levaram os estudantes a escolher seus
cursos acadêmicos.
Material e Métodos
O estudo foi realizado através de um questionário
de avaliação vocacional aplicado em estudantes
universitários de uma instituição pública de ensino.
Através disso será possível identificar as aptidões,
interesses e outras variáveis que de uma forma ou

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de outra influenciaram na decisão de escolha do
curso superior. Os resultados dos questionários foram
avaliados através de análise de conteúdo e métodos
estatísticos. O instrumento de coleta de dados
escolhido foi um questionário composto de três
partes. A primeira com perguntas relacionadas ao
perfil sócio-econômico de cada aluno. A segunda
possibilita a identificação das preferências de cada
pessoa. Todo mundo possui um conjunto de dons,
que se constitui em ferramenta mental que é usada
freqüentemente na vida, podendo ser identificada
em um inventário de preferências. A terceira parte é
constituída de perguntas que visam descobrir
características da personalidade, estilos
motivacionais e possíveis reações em diversos tipos
de situações. Esses dados permitirão identificar quais
são as aptidões pessoais mais desenvolvidas. O que
cada um faz melhor e o que gosta de fazer. Como
cada pessoa pensa e como se comunica com os
outros. Para a aplicação dos questionários foram
escolhidos aleatoriamente aproximadamente 10%
do número total de alunos do curso de Administração
de Empresas da Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro.
Resultados e Discussão
Um aspecto da vida no qual se observa a influência
do tipo é a escolha da profissão. Quando as pessoas
escolhem uma profissão, devem considerar com
cuidado se ela lhes permitirá usar seu tipo preferido
de percepção e de julgamento, e em que medida.
Em qualquer campo de atividade, os candidatos a
um emprego deveriam tentar recolher o maior
número possível de informações sobre o que fará e
quanto tempo gastarão em cada tipo de tarefa.
Embora não exista emprego perfeito, é mais fácil
aceitar as falhas de bom humor se ele der ao
trabalhador a oportunidade de trabalhar com os seus
processos preferidos. Aqueles que estiverem
procurando uma profissão sem nenhuma idéia
preconcebida lucrarão muito se analisarem os tipos
de trabalho que mais atraem pessoas que preferem
os mesmos processos de percepção e de julgamento
que eles. Cada uma das quatro combinações
possíveis entre percepção e julgamento (ST-
experimentação mais racionalidade, SF-
experimentação mais sentimento, NF- intuição
mais sentimento e NT- intuição mais
racionalidade) costuma gerar interesses, valores,
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necessidades e habilidades diferentes. As pessoas
não devem ser desestimuladas de seguir uma
carreira apenas porque não têm o “tipo adequado”.
Quando uma profissão é muito pouco procurada por
pessoas do seu tipo, aqueles que pretendem abraçar
a carreira devem investiga-la cuidadosamente. Se
ainda quiserem segui-la e estiverem dispostos a fazer
o esforço devido para ser compreendido por seus
colegas de trabalho, podem dar valiosa contribuição
à função por possuir qualidades raras entre seus
colaboradores. Quando as pessoas descobrem uma
área de interesse em que podem utilizar suas
melhores capacidades, geralmente percebem que
existe considerável variedade de trabalhos nesse
campo. Em termos ideais, pessoas que trabalham
juntas constituem uma equipe com um propósito
comum e deviam trabalhar pelo mesmo objetivo
geral. As diferenças de tipo podem ser uma
vantagem porque ajudam as pessoas a fazer e a
desfrutar tipos de trabalho muito diferentes. Um
trabalho pode ser enfadonho ou confuso para um
tipo, e portanto malfeito, mas também pode ser
interessante e satisfatório para outro tipo, e portanto
bem realizado. Uma pessoa pode fracassar no
emprego errado e ser um sucesso na função certa.
Os introvertidos com intuição, por exemplo, pensam
nas novas possibilidades simplesmente como idéias.
Já os extrovertidos com intuição traduzem as idéias
em ação, mas não têm grande interesse em levar a
ação além do ponto onde tudo é resolvido. Os tipos
experimentadores, entretanto, gostam de produzir
resultados tangíveis e precaver-se contra
circunstâncias que possam interferir na produção.
Assim sendo, toda equipe devia incluir uma
variedade suficiente de tipos para realizar os
trabalhos necessários com eficiência e satisfação.
Entretanto, a cooperação pode ser alcançada porque
pessoas de tipos opostos quase sempre discordam
no que deve ser feito, como deve ser feito e se
realmente deve ser feito. Tal discordância é natural:
tipos opostos de percepção fazem com que as
pessoas vejam aspectos diferentes de uma dada
situação, assim como tipos opostos de julgamento
dirigem a ação para finalidades diferentes. Se as
divergências não são resolvidas, podem prejudicar
o moral e a eficiência da equipe e reduzir a satisfação
com o trabalho, por mais adequado que seja.
Levando em conta a contribuição de cada membro,
a equipe ou seu chefe pode tomar uma decisão muito
mais fundamentada. Como um reforço a mais de
cooperação, essas contribuições demonstram que
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cada membro é fraco no aspecto em que o outro é
forte, mas também é forte quando o outro é fraco. O
respeito saudável pelo seu oposto contribui para a
coexistência pacífica e produtiva. E ainda ajuda o
indivíduo a reconhecer e cultivar seus processos
menos desenvolvidos. “É possível ser pago por
fazermos uma coisa de que gostamos”. Muita gente
cresce acreditando que o trabalho é um sacrifício.
Errado! Milhões de pessoas se divertem no trabalho
e são pagas para isso. Fazer o que se gosta é ter
paixão por alguma coisa – e colocar todo amor, toda
energia e toda criatividade num trabalho. É assumir
riscos. E geralmente é ter de fazer com que a coisa
dê certo a ponto de se poder ganhar a vida com ela!
A incerteza faz parte do prazer. Quando não há luta,
fica faltando alguma coisa. É por isso que tantos
filhos de gente rica e famosa acabam tomando uma
overdose de heroína ou estourando os miolos. Eles
não têm nenhum desafio. Trabalhando ou não, suas
necessidades materiais já estão satisfeitas. Se você
não sabe o que gosta de fazer, é bem possível que
há muito tempo tenha deixado de dar ouvidos a si
mesmo. Muitos se tornaram pessoas diferentes para
agradar a família. Você queria jogar futebol, mas sua
mãe o obrigou a aprender a tocar piano; sonhava
com carros esportes, mas sempre acabou
comprando coisas mais “práticas”; desejava ser
jornalista, mas foi estudar contabilidade. Quando
sufoca uma paixão durante muito tempo, acaba nem
se lembrando do que é que gostava de fato. Uma
voz interior se põe a repetir que é egoísta fazer o
que realmente quer. Também é possível que uma
pessoa acabe pensando que gosta de fazer uma
determinada coisa apenas porque todo mundo
espera que ela goste. Muita gente não sabe o que
quer – e fica contrariada. Se você não sabe
exatamente o que quer, imagine uma coisa próxima
disso – e parta daí. Em vista disso muitos podem
estar subestimando suas aptidões. Não compare as
suas habilidades com as dos outros. Faça o que você
sabe fazer. Aceite o talento que tem. A realização
vem do desenvolvimento dos seus dons, não de
desejar os alheios. A vida é simplesmente o reflexo
das ações. Se quiser mais competência de sua
equipe, deve desenvolver primeiro a sua própria
competência. O mundo é somente a prova da sua
capacidade. Tanto no plano pessoal como no
profissional, a vida vai lhe dar de volta o que se dá a
ela. Na verdade, a escolha do que vai ser a sua vida
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começa no momento em que decide o que quer fazer.
Quando criança todo mundo pergunta: “O que você
vai ser quando crescer?” É difícil responder, porque
a criança conhece pouco do mundo. É uma resposta
que só se terá mais tarde. Contudo, tem gente que
se torna adulta e ainda não sabe responder a essa
pergunta. Geralmente, são pessoas que, na infância,
escutaram muitos nãos: “Não se atreva!”, “Não dê
palpites em assuntos que você não conhece”. Mais
tarde só sabem reconhecer o que não querem fazer.
Há muita gente que não define o que quer porque
pensa que, para realizar um sonho, precisa abdicar
de outro: trabalho ou casamento, filhos ou carreira,
viver bem ou ganhar dinheiro. Ao contrário dos seus
avós imigrantes, que tinham de decidir entre comer
no almoço ou no jantar, hoje raramente precisa-se
eliminar coisas importantes para realizar algo. Porém
muitas mulheres ainda abrem mão de ter filhos para
se dedicar à vida profissional. Muitos homens ainda
abrem mão de seus casamentos para fazer carreira.
Muitas pessoas abrem mão dos prazeres da vida
para acumular dinheiro.Não se precisa abrir mão do
que é importante para você, pode-se sim, optar por
ter uma vida tranqüila. A escolha é sua. O importante
é saber como viver a vida. Mas, se quiser algo maior,
terá de entrar em campo, participar da competição.
Terá de gostar de adrenalina. Uma coisa é certa,
precisa-se ter paixão pelo que se faz. Procurar
conhecer tudo o que estiver relacionado ao trabalho.
Pois trabalhar não é somente ficar oito horas na
empresa para ganhar dinheiro no final do mês. É
muito mais. É realizar uma paixão de uma vida. E
todas as paixões exigem compromisso. Em vista do
mundo competitivo que se vive, torna-se necessário
ser mais do que apaixonado pelo que se faz. O
conceito de administração inclui a polivalência. Se
quiser vencer, o profissional deve agregar valores e
desenvolver o maior número possível de habilidades.
Saber falar várias línguas, negociar, liderar, planejar
são algumas dessas aptidões indispensáveis. O
campeão sabe que para conseguir seus melhores
resultados precisa estar atuando em várias frentes
ao mesmo tempo. O perdedor reclama
constantemente que sempre lhe estão cobrando mais
tarefas. Assim como o computador está invadindo o
terreno dos vários outros aparelhos que substitui, o
polivalente que tem competência está sendo cada
vez mais valorizado.
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Conclusão
De maneira geral pôde-se averiguar que os alunos
deixam de valorizar seus traços psicológicos como
sendo determinante para escolher a profissão
desejada, muito provavelmente por desconhecer
quais são estes traços. Desta forma observa-se que
variáveis como a renda familiar e a escolaridade dos
pais interferiram proporcionalmente em suas
escolhas. Durante a pesquisa pôde-se constatar que
toda vez que foi encontrado alto índice de renda
familiar conjugado com um bom nível de
escolaridade dos pais, foi gerando sobre os filhos
uma tendência a escolher cursos mais “elitizados”,
como o ocorrido em Geologia, Zootecnia, Biologia e
Medicina Veterinária. Sendo assim, surge a
possibilidade de que a afinidade que os candidatos
expressam, mesmo que superficialmente, não está
relacionada a vocação propriamente dita mas sim a
uma “afinidade social”. Isto se deve ao fato de tentar
manter o padrão de vida preestabelecido pelo
ambiente em que estão inseridos, pois desfrutam de
bons hábitos de leitura, de atividades recreativas
ligadas a arte e cultura e um conhecimento mais
acentuado em línguas estrangeiras do que
comumente encontrado em outros cursos. Por outro
lado o oposto também é verdadeiro. Pois
especialmente nos cursos de Física, Matemática,
Licenciatura em Ciências Agrícolas e Educação
Física encontrou-se renda familiar relativamente
pequena e baixa escolaridade dos pais, sem que isso
interferisse negativamente na escolha profissional
dos filhos. O que pôde ser observado é que dentro
de uma área de interesse houve maior flexibilidade
de escolha para os mesmos. Portanto chegou-se a
conclusão que a maioria dos alunos alocados de
melhor forma, foram aqueles que levaram
principalmente em consideração suas inclinações
naturais ligadas às atividades em que atualmente
estão se profissionalizando. Uma vez que o
Inventário de Preferências utilizado na pesquisa, com
a finalidade de identificar o perfil psicológico ideal a
cada carreira, identifica a profissão adequada
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segundo o perfil psicológico do indivíduo, pode-se
concluir que ele é uma ferramenta significativa e
confiável para este fim.
Agradecimentos e Auxílio Financeiro
Agradecemos primeiramente a Deus por todas as
conquistas obtidas e também a todos os alunos e
professores que colaboraram para a realização deste
trabalho. Bem como ao Prof° Dr. Silvestre Prado de
Souza Neto que gentilmente se disponibilizou para
orientar-nos durante todo o estudo realizado.
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