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TRICHIURIS TRICHIURA

thrikos = cabelo / oura = cauda

- Possuem como principal hospedeiro o homem, mas também podem infestar o macaco;

Tricurose / Tricuríase / Tricocefalose: Via de contaminação oral – ingestão de ovos infectantes.

MORFOLOGIA DO VERME ADULTO

-> Porção anterior:

- Mais delgada e longa do que a posterior – Corresponde a 2/3 do corpo do parasita;

- Boca (extremidade cefálica) sem lábios.

- Esôfago (faringe) formado por colunas de células


chamadas esticócitos que formam o esticossoma.

-> Porção posterior: Contém o aparelho reprodutor e o


aparelho digestivo.

- Adultos medem de 3 a 5 cm de comprimento;

- Forma característica de chicote;

- Vivem média de 15 a 20 anos.

. Fêmea: Possui um único útero;

- 3 a 5 cm de comprimento – O macho possui menor tamanho.

Oviposição: 3.000 a 7.000 ovos/dia.

HABITAT

- Adultos vivem no intestino grosso;

. Infestações leves: Colo ascendente e ceco - Porção anterior (extremidade cefálica) mergulhada na
mucosa intestinal de onde retiram seus alimentos.

- A secreção das glândulas esofagianas possui enzimas proteolíticas que liquefazem os tecidos.

- A nutrição provém principalmente da glicose.

- O habitat principal é o ceco. Menos frequentemente pode ser encontrado no íleo terminal, cólon
ascendente e no apêndice cecal.

Infestações intensas: Também pode ser encontrado nos demais segmento do cólon e no reto.

MODO DE VIDA E ALIMENTAÇÃO

- Vive permanentemente com a parte fina (os dois terços anteriores do corpo) mergulhada na mucosa
de onde retira seu alimento, que se constitui de restos de enterócitos que o próprio parasita lisa.

OVO

Tamanho: 50 – 55 μm x 25 μm;

- Possui três cascas = Camada externa natureza lipídica, camada intermediária quitinosa e camada
interna vitelínica.
-> CONDIÇÕES DO MEIO EXTERIOR PARA EVOLUÇÃO DO OVO:

. Solo úmido e sombreado favorável à sobrevivência e ao embrionamento dos ovos, sendo melhor o solo
argiloso que o de areia;

. Condições climáticas que sejam favoráveis ao desenvolvimento e sobrevivência dos ovos


(temperaturas entre 15 e 35°C, regime de chuvas, ausência de insolação e de ventos etc.);

- No meio externo, os ovos possuem uma longevidade de cerca de 1 ano.

Período de evolução no homem: 70 a 90 dias.

CICLO EVOLUTIVO: MONOXENO

- Via oral: Ingestão do ovo L1 através da água, alimentos, mãos e solo contaminados.
Estômago → OVO L1 semidigerido pelo suco gástrico e suco pancreático;

Íleo → eclosão → L3 livre, migrando para o intestino grosso (IG) onde se fixam;

No IG L3 sofre a 4ª muda → L5 → vermes adultos → copulam → fêmeas ovipondo na luz do IG (ceco) →


ovos não embrionados no bolo fecal;

ovos embrionados no meio externo → T oC +O2 → Embriogênese → OVO L1 infectante contaminando o


meio ambiente.

PATOGENIA

A fixação do parasita na mucosa do ceco pode produzir lesões, como congestão discreta e hemorragias
petequiais nas infestações leves;

Nas infestações graves há degeneração e necrose de


coagulação do tecido mucoso adjacente (imagem);

Pacientes assintomáticos: Possuem baixa carga


parasitária, bom estado saúde e baixa sensibilidade ->
Apresentam pequeno efeito patológico = Hospedeiro ideal;

Pacientes sintomáticos: Possuem variada carga


parasitária, melhor ou pior estado de saúde e sensibilidade
ao antígeno -> Apresentam lesões traumáticas, solução de continuidade da mucosa, alteração de
peristaltismo e constipação.

- A intensidade da infecção por Trichiurus trichiura varia com a idade do hospedeiro: Crianças se
infectam a partir de 18 a 24 meses;

- A intensidade atinge níveis máximos em crianças com 04 a 10 anos.

QUADRO CLÍNICO

1. Indefinido / discreto: Nervosismo + insônia + falta de apetite + eosinofilia sanguínea;

2. Severo : Diarréia + dor abdominal + anorexia + tenesmo;

3. Grave: Flatulência + dor abdominal intensa acentuado no flanco direito +constipação intestinal +
prolapso retal;

- Ocorre infecção secundária por enterobactérias, facilitada pela perda da integridade da mucosa.

Prolapso retal: Diminuição do tônus muscular associada a quadros disentéricos prolongados, ao


tenesmo e ao edema da mucosa.

DIAGNÓSTICO

-> Clínico: Não específico – Confirmar com diagnóstico laboratorial.

-> Laboratorial: Pesquisa e encontro de ovos do parasita no Exame Parasitológico de Fezes (EPF);

- Método qualitativo: Hoffman, Pons e Janer;

- Técnica: Sedimentação espontânea.

ECOSSISTEMA

. Indivíduos parasitados que por viverem em precárias condições sanitárias, contaminam o solo e a água
com suas fezes das seguintes formas:
a) Defecação no chão que conduz à intensa e permanente contaminação dos terrenos dos
peridomicílios;

- A infecção geralmente ocorre no ambiente peridomiciliar de localidades rurais – Condições propiciam a


longevidade e sobrevivência dos ovos.

b) Construção de instalações sanitárias nas margens dos cursos d’água, ou sobre eles;

c) Lançamento dos efluentes das instalações sanitárias em cursos d’água, ou na superfície de terrenos;

d) Defecação no solo dos locais de trabalho;

e) Defecação no solo das margens de rios, lagos e de outras coleções naturais de água;

. Uso de águas poluídas com fezes humanas para irrigar hortas e para uso doméstico;

. Uso de fezes humanas como adubo.

. Pessoas com hábitos higiênicos precários que as permitam infectarem-se tais como:

a) Não lavar as mãos com água e sabão antes das alimentações, quando sujas de terra e antes de
preparar ou manipular alimentos;

b) Levar à boca alimentos que caem no solo;

c) Usar unhas crescidas e sujas;

d) Chupar dedo;

e) Roer unhas;

f) Usar para beber e para lavar alimentos que são consumidos crus, água que não tenha sido tratada,
filtrada ou fervida;

g) Não proteger alimentos já prontos para consumo das moscas e baratas e da poeira levantada pelo
vento e pelas varreduras;

h) Não manter tampados os depósitos e reservatórios domésticos de água.

EPIDEMIOLOGIA

- Parasitose cosmopolita, clima quente e úmido;

- Homem é a única fonte de infestação;

- Geo-helmintíase;

- Prevalência varia de 30 a 80 % na população geral;

- Américas: Maior prevalência no México e Chile;

- Brasil: Maior incidência na região Amazônica e regiões litorâneas.

CONTROLE

1- Tratamento simultâneo de todos os indivíduos parasitados para reduzir drasticamente as fontes de


infecção;

2- Construir sanitários ligados a fossas ou redes de esgoto, a fim de evitar a contaminação do solo e das
águas por fezes;

3- Uso das instalações sanitárias por todos os moradores da casa;

4- Filtrar em velas de porcelanas porosa, ou ferver, a água para uso doméstico que não tenha passado
em estações de tratamento e que possa estar poluída por fezes humanas;
5- Lavagem das mãos antes de comer ou de manusear alimentos e sempre que estejam sujas de terra;

6- Lavagem cuidadosa das frutas e dos legumes, antes de consumi-los crus;

7- Manter as unhas curtas e devidamente escovadas;

8- Proteger da poeira e dos insetos os alimentos já prontos para consumo;

9- Manter tampados os depósitos e reservatórios domésticos de água;

10- Não usar água poluída com fezes humanas para irrigar hortas.

TRATAMENTO

Albendazole e Mebendazole: Inibem a turbulina polimerase na produção da proteína turbulina


impedindo divisão celular, captação de glicose e formação de ATP.

- Podem induzir a ocorrência de complicações decorrentes da mobilização dos vermes.

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