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Equipe Editorial:
E quando ele começa a dar sinais de interesse, ela não sabe se é real ou
fruto da sua fértil imaginação e com o “apoio” das mocinhas literárias e até
mesmo dos mocinhos que tanto amava, decide então conquistá-lo. Só resta
saber se sua tentativa de conquista dará certo e ela também conseguira um
CEO em sua vida ou se perderá seu coração no processo.
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
EPÍLOGO
PLAYLIST
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
GLOSSÁRIO
Autor Desconhecido
Meu Deus! Por que eu tinha que ser tão bonita e gostosa, hein?
― Eu realmente sinto muito. Desde o início falei para vocês que existia
algo mais forte do que essa disputa de egos de vocês: meu coração. E ele não
está à venda. Não importa o quão bilionários, poderosos e muito, mas muito
gostosos vocês sejam. Não escolhi me apaixonar por ele. ― Tentei explicar
da melhor maneira possível e Grey fechou os olhos, totalmente desolado.
― Tem certeza de que não me ama também? Eu posso ter te dito que
“não faço amor, que só fodo com força”, mas se é sexo baunilha que você
quer, é isso que te darei ― falou, se aproximando rapidamente de mim. Sua
mão acariciava meu rosto enquanto ele continuava sua promessa: ― Eu juro,
minha Cissa, que por você eu faço tudo. Tudo.
― Você não ouviu o que ela disse? ― A voz grave do homem que eu
amava e me amava com loucura de volta ecoou na sala como um trovão. ―
Agora solte-a! Não quero mais vê-lo rondando minha mulher. Caso contrário,
você se arrependerá! ― ameaçou, parecendo um “super-herói”.
Christian o conhecia o suficiente para saber que ele era capaz de cumprir
a ameaça, sendo poderoso como era e vendo que não havia mais nada que
pudesse me fazer mudar de ideia, despediu-se com um olhar quebrado, antes
de me dar as costas e finalmente sair dali. Fiquei com pena. Afinal, o coitado
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não tinha culpa de ter se apaixonado perdidamente por mim.
― Vou te provar agora e mostrar para você que fez a escolha certa ao
me escolher ― prometeu com seus lábios roçando minha pele, suas mãos me
adorando, e ele fez exatamente o que prometera.
Droga! Eu tinha que parar de ficar sonhando com meu chefe, caso
contrário isso poderia me causar um sério acidente!
Essa afirmação não era uma exagero, mas a mais pura verdade. Eu já era
naturalmente uma pessoa com uma tendência para divagar, vivia no mundo
da lua, como mamãe costumava repetir, juntando isso ao fato de ter, digamos,
certa “afinidade” para acidentes, não tão acidentais assim, e também por
viver fantasiando, com o meu chefe, não importava a hora que fosse, eu me
tornava uma bomba nuclear sobre meus próprios pés.
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― Estarei aí em um minuto, Dr. Oliver… ― Gostoso!, completei em
pensamento.
Droga! Não podia acreditar que tinha falado isso em voz alta!
Isso de fato era verdade. Mesmo antes dos trinta, Oliver Prado
Albuquerque e Guimarães, vulgo meu chefe e amor da minha vida ― dessa
última parte ele obviamente não sabia ―, era um empresário do ramo da
construção muito bem-sucedido, que conquistara o sucesso e seu primeiro
bilhão antes mesmo de completar vinte e cinco. Enquanto eu, com meus vinte
e sete, não tinha nem mesmo cem reais na minha conta, e olha que ainda teria
de sobreviver com eles mais vinte dias, até o final do mês, quando terei o
pagamento do meu salário.
― Hm… Sei. ― Sua voz não parecia muito convencida quando ele
voltou a falar, mas apenas completou: ― Só venha até minha sala, como lhe
pedi.
Sério! Ninguém deveria ser tão bonito assim! E isso não é exagero!
E seus olhos são azuis, quase cinza, tão lindos, que hipnotizavam,
arrepiavam e mexiam comigo sobremaneira. Como se tudo isso não fosse o
suficiente, ainda tinha o sorriso… Ah, o sorriso! Lindo, perfeito, os dentes
brancos certinhos e as malditas covinhas nas bochechas, capazes de fazer
qualquer mulher derreter e ter pensamentos mais do que libidinosos!
Há dois anos eu sofria com meus sentimentos. Há dois anos a paixão que
sentia por ele crescia mais e mais a cada dia. Apaixonava-me não apenas por
sua beleza, que havia feito meu coração bater mais forte na primeira vez que
o vi e ainda me fazia estremecer apenas com sua presença, mas
principalmente pelo homem maravilhoso que ele era. Gentil, educado,
cavalheiro, um príncipe que “montava” uma máquina caríssima de muitos
cavalos.
Sabe sorvete com petit gateau? Pois bem, essa era eu quando estava em
sua frente!
Às vezes a forma que ele me olhava era demais para o meu pobre e
apaixonado coração. Como se já não fosse suficiente a forma como ele me
desconsertava com sua presença, a maneira profunda com a qual me
encarava, afetava meu estado de nervos já tão fragilizado e ao mesmo tempo
em euforia. Emoções tão distintas e confusas que apenas ele era capaz de me
proporcionar.
Sim. Era difícil fazer qualquer cérebro pegar no tranco, ainda mais o
meu!
Embora sentisse uma vibração alcançar meu estômago, ainda assim, não
conseguia desviar meu olhar do dele. Era como se um campo magnético me
prendesse a ele e não nos permitisse romper essa conexão que nos ligava.
Ele era um ótimo chefe, mas ainda assim era implacável, exigente,
perfeccionista, daqueles bem minuciosos mesmo, gostava de tudo certinho e
não aceitava uma “linha torta” sequer. E exatamente por ser pragmático e
meticuloso como era que havia chegado aonde chegou, mesmo sendo tão
jovem.
Não que ele não costumasse perguntar como estava, porque na verdade
ele perguntava vez ou outra, especialmente quando percebia que eu não
estava muito bem. Porque sim, meu chefe era realmente muito observador e
parecia perceber até mesmo quando eu estava “naqueles dias” e não na minha
melhor forma ou humor. Na verdade, ele costumava me dispensar mais cedo
nesses dias, usando ele mesmo uma desculpa esfarrapada para isso. Porém
nunca, em todo meu tempo de trabalho na construtora Albuquerque e
Guimarães, Dr. Oliver me chamara até sua sala para me perguntar tal coisa.
Eu estava, certo?
Ahhhh! Como eu queria ter intimidade com o senhor, Dr. Oliver! Muita
intimidade!
Babar foi eufemismo para minha reação diante de tudo aquilo. Vi-me
não apenas de boca aberta, sem ar, com o coração na boca, mas também sem
saber nem mesmo piscar para o homenzarrão que fazia muito mais do que
molhar minha calcinha dessa vez.
Sério. O negócio foi feio, quer dizer, foi gostoso demais mesmo.
Hiperventilei de tal maneira, que mesmo não sendo uma pessoa religiosa
comecei a orar para Deus e todos os santos que me ajudassem. E como não
deu certo, acabei partindo para uma meditação tibetana que li em uma revista
de astrologia. Como meu guia espiritual não deu conta da minha Periguete
Interior, preferi fechar os olhos, porque temi avançar sobre meu chefe.
Poderia dar muito certo, mas também muito errado, o que era o mais
provável de se acontecer quando se tratava da minha pessoa. Afinal, eu só era
uma mera assistente e estava longe, muito longe de ser uma deusa da beleza
igual às mulheres com as quais ele deveria estar acostumado a se relacionar.
Então fechei os olhos para não cometer nenhuma loucura e, depois que
Dr. Oliver, que pareceu achar muita graça da minha reação, me garantiu que
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já estava vestido, começou a me explicar que havia derramado café sobre sua
camisa. E por isso que quando entrei ele estava seminu, pois estava se
trocando com uma das camisas extras que costumava deixar no guarda-roupa
do quarto secreto que ficava no fundo do seu escritório, o qual usava para
descansar vez ou outra.
Como eu já disse, sou uma pessoa com uma imaginação sem igual.
Desde muito pequena fantasiava com as coisas e, quando adolescente, me
sentia a J.K. Rowling em sua viagem de trem quando imaginou a história de
Harry Potter. Mas embora eu sempre tenha sido imaginativa, nunca me vi
escrevendo, pois além de não ter nenhum talento para colocar minhas
fantasias no papel, o que gostava mesmo era de ler as histórias.
Não eram ninguém mesmo. Porque o filho da mãe por quem eu era
apaixonada ainda conseguia ser mais bonito que todos eles. E como se isso
fosse ruim o suficiente, vez ou outra eu não entendia o que ele queria
realmente dizer e acabava pervertendo tudo.
E o que aconteceu foi que ao sair de sua sala, depois de vê-lo sem
camisa, e enquanto digitava o e-mail que ele me solicitara, tudo em que eu
conseguia pensar era nele como Christian Grey e no contrato de Dominador-
Submissa, sendo ele mesmo e me dominando por completo, sem esforço
algum.
Tentei tomar coragem para falar qualquer coisa, qualquer uma que
pudesse me ajudar, mas não consegui pensar em nada e, quando abri a boca
para falar novamente, meu chefe me fez parar com um aceno cortante.
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― Há quanto tempo você trabalha para mim? ― ele perguntou e
respondi rapidamente, ainda que estivesse envergonhada:
― Você já trabalha para mim há tanto tempo, Cecília, acho que está na
hora de deixarmos a formalidade de lado, não? ― perguntou com um sorriso
e me vi assustada diante suas palavras.
― Não creio também que essa seja uma boa ideia ― tratei logo de falar,
afinal, se eu já não confiava em mim mesma sem ter tanta intimidade,
imagine tendo.
Apenas esse sorriso dele parecia ser o suficiente para fazer coisas
comigo. E quando digo coisas, é bem no sentido pervertido da palavra. Do
tipo me desidratar de tanto gozar.
― Desculpe, senhor, mas por acaso está sendo muito gentil comigo
porque pretende me demitir? ― tive que perguntar e ele soltou uma
gargalhada gostosa e calorosa, que, como tudo que vinha dele, mexera
comigo, e inevitavelmente me vi gargalhando também. ― O que é tão
engraçado? ― perguntei rindo, ainda sem entender.
― Nada. Só pensei em voz alta que fiquei tão nervosa agora sobre esse
e-mail, que estou me sentindo uma lagartixa ― menti.
Meu Deus! Hoje eu estava com a língua afiada para mentira! Ainda
bem!
― Então se não foi por causa desse e-mail, que garanto ao senhor que
nunca mais se repetirá, por que foi? ― perguntei cada vez mais nervosa e em
expectativa.
Minha imaginação de novo foi a mil. E dessa vez a culpa não era toda
minha, certo? Vai que depois do e-mail ele resolveu me fazer uma proposta
tipo a que Christian Grey fez para a Anastasia? Tipo dominador e submissa.
Meu Deus! Já pensou? Tudo bem que eu não curtia muito essas coisas
de BDSM, mas por ele eu, com certeza, levaria umas palmadinhas!
Ok. Eu estava viajando, mas não custava nada sonhar, certo? Mamãe
costumava dizer que sonhar não custa nada e era exatamente por isso que eu
era feliz, porque se não fosse minha fértil imaginação, o que seria de mim?
Uma solteirona com oito gatos, com pontas duplas no cabelo, com mais
livros do que o apartamento comportava, uma dívida astronômica do
financiamento da faculdade e como se isso não fosse ruim o suficiente,
apaixonada pelo chefe, que nem sequer me notava como mulher. Mas ao
menos podia sonhar com ele.
A verdade é que eu não gostava muito quando meu chefe ficava dias
fora, já me bastavam os fins de semana que eu ficava sem vê-lo, o que era
uma lástima. Quando isso acontecia, eu ficava meio depressiva, comia um
pote de sorvete de 1kg como se fosse um copinho de iogurte e vinha arrastada
para empresa, pois ela perdia completamente a graça sem sua ilustre e linda
presença.
― Ótimo. Porém, não te chamei aqui só por isso… Sei que é muito de
última hora, mas preciso que me acompanhe nessa viagem.
Oi? Eu entendi direito? Ele disse que me quer com ele nessa viagem?
― Eu disse que preciso que faça essa viagem comigo. Preciso de você lá
― repetiu com os olhos ainda presos nos meus, deixando-me ainda mais
atordoada.
Ele precisava que eu fosse junto? Por quê? O que isso significava?
― Sim, Cecília. O que preciso fazer para que você aceite minha
proposta, além de, claro, saber que terá uma boa gratificação no seu salário?
― inquiriu, com um sorriso torto no rosto de quem estava acostumado a ter o
que queria.
Ele não precisava fazer realmente nada para que eu aceitasse, isso não
estava em questão, porque por mais que não tivesse dito em voz alta, eu já
tinha aceitado. Mas minha cabeça ainda girava enquanto eu pensava em ficar
tantos dias fora desse escritório com ele.
― Oliver, apenas Oliver, Cecília. Já lhe disse para acabarmos com essas
formalidades. ― E, ignorando minha falta de resposta, ele completou: ―
Partimos amanhã às oito. Passo no seu apartamento às seis da manhã para te
pegar.
― Mas eu nem mesmo lhe dei minha resposta ― falei apenas, e sua
sobrancelha se ergueu, enquanto seu sorriso enigmático e recheado de
promessas me baqueou ainda mais enquanto ele falava:
Ainda em choque, pedi licença e saí dali o mais rápido que pude. Tentei
― Ai, Dr. Oliver, que susto! ― exclamei, com meu coração ainda aos
pulos, e ele sorriu pela minha reação.
Eu estava tão concentrada nos meus afazeres, tão entretida no que tinha
que fazer, que nem mesmo notei sua chegada. Era sempre assim, quando meu
chefe estava prestes a viajar, eu costumava ter o trabalho dobrado para
organizar tudo por aqui. E, agora, sabendo que eu também viajaria em cima
da hora, o trabalho para deixar tudo organizado durante nossa ausência fora
ainda maior.
Meu coração parou por alguns segundos quando descobri que já era
quase dez da noite e eu nem mesmo me dera conta do adiantar das horas.
Comecei a pensar no quão fodida estava por ter que pegar um ônibus a essa
hora, mas Oliver deve ter percebido a minha expressão assustada, porque
logo se adiantou e falou:
― Nós dois perdemos a hora, pelo visto. Está tarde para ir sozinha, pode
deixar que te levo até em casa ― avisou antes de alcançar o celular no bolso
interno do seu terno e discar algum número. ― Jorge, estou de saída. Pode
preparar meu carro para partir, por favor?
Meu Deus! Logo R8? De todos os carros no mundo, ele tinha logo o
mesmo do Christian Grey?
Eu queria dizer que “não”, que o fato de ele estar atrás desse volante não
me ajudaria em nada com meus pensamentos inconvenientes e totalmente
pervertidos, mas me limitei a responder:
― Sim.
Eu acho que essa seria uma ótima hora para ter uma crise de sinusite
para tentar me controlar!
Correndo, fui até o meu banheiro, tomando cuidado para não escorregar
e cair de cabeça no chão, coisa que já havia acontecido centenas de vezes
nessa minha vida de desastrada. Escovei os dentes em tempo recorde e depois
de ter certeza de que estava pronta, saí de casa jogando um beijo para todos
os meus bichanos.
Hoje ele parecia ainda mais alto para mim, pois ao contrário de todos os
dias, eu não usava o scarpin de salto exigido no uniforme de trabalho, mas,
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sim, uma sapatilha confortável, com meu jeans preferido, uma batinha e
casaco também jeans.
Seu maxilar quadrado estava com a costumeira barba por fazer, que o
conferia um visual ainda mais sério e másculo. Seus olhos tão claros
pareciam ter um brilho perverso, que me deixou ligeiramente zonza com a
intensidade que olhava para mim.
O que eu diria?
Não havia nada para ser dito, e por mais que me sentisse desconcertada,
pus o aparelho em minha bolsa, depositando então as mãos vazias sobre os
meus joelhos.
Mas como se concentrar, quando você descobre que para completar ele
ainda tem a voz tão linda quanto à do Bruno Mars?
Nesse caso, estou realmente falando do avião. Não que o dono não seja,
ok?
Ok. Talvez não tão exatamente, visto que ele nem mesmo estava me
pegando! Mas não custava sonhar, certo?
Melhor não engolir nada que eu poderia colocar para fora! Afinal,
melhor prevenir do que remediar!
Devo ter demonstrado meu nervosismo de alguma forma, pois assim que
me recostei no assento de couro e fechei meus olhos, ouvi Oliver me
questionar.
Tentei não corar tão duramente como sentia estar fazendo com sua
pergunta, mas, ainda assim, me vi obrigada a olhar para ele e lhe Oferecer a
verdade sobre o que estava acontecendo de fato.
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― Na verdade, nunca viajei de avião antes ― confessei, sentindo meu
rosto queimar de vergonha.
Observei seu perfil perfeito, os fios escuros de sua barba me fizeram ter
ainda mais vontade de senti-la roçando meu corpo. Deixei escapar um
grunhido de prazer por minha garganta seca, ao imaginá-lo executando o
gesto. E quando seus olhos azuis se viraram para mim, sua risada cessou e me
vi presa como sempre ficava quando ele fazia isso.
― Por favor, apertem seus cintos, pois dentro de instante iremos decolar.
Não queria soar patética, mas também não conseguia mentir para ele.
― Não ― confessei.
Se antes eu estava suando frio, agora comecei a sentir meu corpo todo
esquentar.
― Acho que vou aceitar uma água agora. Com muito gelo! ― falei,
antes de engolir em seco, sentindo a secura da minha garganta, qualquer
medo esquecido e sobrepujado pelo que ele me provocava.
― Porque não há motivos para isso. Não há por que temer a minha
pessoa. Eu não mordo ― disse, antes de bebericar a água em sua taça.
O que era uma pena! Pois eu adoraria que ele me mordesse todinha!
Ai. Meu. Deus. Morta eu estava! Era uma vez uma calcinha!
Eu ainda não estava acreditando que meu chefe falara sério. Quer dizer,
nós nunca havíamos viajado, mas jamais imaginei que isso aconteceria, caso
contrário, teria me oferecido para viajar com ele muito antes.
― Não se preocupe, que você terá sua privacidade, Cissa. É mais como
um apartamento. Tem dois quartos, uma sala , cozinha… Enfim, achei que
seria melhor ficarmos juntos.
Não foi exatamente o que ele disse que me deixou sem ar, mas como me
foi dito. Talvez eu tivesse apenas imaginado o que ele falara. O que não seria
novidade alguma, se tratando de mim. Mas quando ele permaneceu sem tirar
os olhos de mim, dei-me conta de que ele realmente havia dito aquilo.
Na minha lentidão de entender o que ele queria me dizer com aquilo, não
me movi um milímetro sequer. Meu sangue fluiu como uma descarga de
adrenalina, pulsando por todo o meu corpo, fazendo meu coração palpitar e
minha pele esquentar. Meu pulmão deveria ter entrado em recesso, porque
tive certeza de que estava a um segundo de ter uma insuficiência respiratória
com o sorriso malicioso e um olhar cheio de promessas que ele me dera.
Ué, eu não havia ido até ali para auxiliá-lo nas reuniões? Não estava
entendendo nada!
Para tudo que eu estava era morta e tinha perdido uns 5kg de tanto
gozar!
“Só esteja ainda mais linda do que já é.” Sua voz penetrou meus
ouvidos, fazendo meu coração batucar de forma violenta, deixando-me
espantada demais para conseguir formular um resmungo que fosse, nem
mesmo um pensamento era possível, quanto mais uma frase completa. Não
consegui nem mesmo sustentar seu olhar inflamado, apenas me concentrei
Não sei muito bem como consegui sair daquela mesa depois do que
Oliver me disse. Já era um verdadeiro milagre que eu conseguisse ter me
posto de pé e continuei assim enquanto me encaminhava para o quarto que
dividiríamos pelos próximos dias, quando a verdade era que meus joelhos
não tinham firmeza e temi que despencasse como uma jaca podre, caso o
vento soprasse um tiquinho mais forte.
Será que meu chefe tinha fumado orégano? Era a única explicação!
― Oliver, menino, deixe seu irmão comer também! Para de ser guloso
que tem comida para todo mundo! ― Ela já atendeu gritando.
E claro que o “pai” nem mesmo fazia ideia de que tínhamos um filho
que levara seu nome e ainda por cima a nomenclatura “Junior” no final. Não
que eu fosse lhe dizer um dia, mas quando adotei Oliver Jr. no abrigo de
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animais há seis meses, algo nos olhos azuis do bichano e a forma como
ronronava, roçando seus pelos brancos e macios em minha mão, me
lembraram do meu querido chefe. Exatamente por esse motivo que ele
recebera seu nome.
Esse apelido me foi dado pela minha avó materna, porque desde que
nasci eu era a mais branquela entre seus netos. O que até hoje era motivo de
gozação na família, que me chamava de todos os sinônimos possíveis
imagináveis e também inimagináveis de branquela.
― Como estão todos por aí? ― tive que perguntar, porque era mais forte
do que eu.
― Acabei de dar banho em todos eles. Depois do esforço que fiz, não
preciso ir para hidroginástica pelos próximos seis meses ― continuou a
tagarelar.
― Sim, mãe. Aqui é tudo lindo. Ainda não saí do hotel, mas o pouco que
pude ver realmente excede todas as expectativas. A comida…
Mas ela nem mesmo esperou que eu terminasse e foi logo me cortando:
― Não quero saber o que você andou comendo, quero saber se está
sendo comida! Já arranjou um baiano para te pegar de jeito?
Lá vem…
― Mãe! Que coisa! Já falei para parar de perguntar esse tipo de absurdo!
― eu a repreendi.
SEN-HOR! Eu mereço!
― Mãe, para com isso! ― gemi, porque eu odiava, com todas as minhas
― Sério, filha, já disse que não me incomodaria que fosse lésbica. Não
entenderia direito, afinal, tanto eu quanto sua irmã gostamos muito do que o
homem tem a nos “oferecer” e aproveitamos muuuuuito nossa juventude e
solteirice, mas juro que aceitaria sua escolha. Ao menos morreria sossegada,
sabendo que minha filha não seria comida pelos seus gatos caso morresse,
pois não estaria sozinha ― falou com pesar.
― Ai, mãe, que horror! ― Outro gemido me escapou ao ouvir o que ela
disse.
― Que horror nada! Estou fazendo apenas uma constatação do que será
sua realidade caso não arranje alguém. Mas como meu sonho de vê-la
desencalhar será possível, se você ou está trabalhando ou está com a cara
enfiada nos seus livros? Se ao menos largasse esses livros bobos e fosse atrás
de um relacionamento, como uma pessoa normal, eu não me veria tão
preocupada com você. Sério, Cecília, tem dias que nem mesmo durmo
pensando nisso! ― dramatizou, fazendo-me revirar os olhos.
Era sempre assim, não sei como ainda me surpreendia. Eu amava demais
minha mãe, mas odiava essa sua preocupação exagerada sobre minha vida
amorosa… Ou a ausência dela. O pior, era que ela não era a única a me
cobrar isso, toda a família me cobrava. Estava cansada das mesmas perguntas
a cada encontro. Tudo bem que eu era a única filha solteira dos meus pais…
E também única neta, porque até mesmo as bisnetas já haviam começado a
arranjar namorados… Tá, eu também era a única solteira entre minhas
amigas, mas isso não significava nada, certo?
Ok. Talvez significasse que, mesmo com meus vinte e sete anos, com
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um único namorado durante toda vida ― que por sinal era meio gay ―, sem
nenhuma perspectiva de romance além daqueles que lia nos meus livros, eu
realmente ficaria para titia e morreria cercada de gatos. Mas quem ligava?
― Mãe, pode parar? Isso é chato! Estou nova, tenho uma vida toda pela
frente, quando menos esperar vai acontecer ― tentei me convencer e achei
por bem reiterar. ― E só para constar, eu gosto de homens, só não achei o
certo ainda! ― Novamente, tentei me convencer de que era verdade, embora,
se fosse sincera comigo mesma, já tinha ficado um pouco cética.
― Mãe, por que em vez de ficar falando dos meus problemas sexuais,
você não vai falar dos da Clarissa? Porque não sei se já percebeu, estando tão
interessada em me desencalhar, mas sua filha mais velha, sim, parece ter
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problemas com isso! Acho bom ir conversar com ela e aconselhá-la a fazer
essa laqueadura, porque ela tá pensando que procriar menino é a missão de
vida dela! E aproveita e vai à igreja se confessar, porque, com certeza, deve
ser pecado uma mãe falar esse tipo de coisa para sua filha! ― exclamei
horrorizada e ela soltou um muxoxo antes de responder:
Ok, talvez eu não estivesse tão louca assim e ele realmente me notara!
Quando achei que estava no controle, vi que não podia estar mais errada,
pois em um piscar de olhos ele estava em minha frente, com toda sua
magnificência e perto demais para que eu pudesse suportar e manter minha
cara de paisagem. Tão perto, que meu cérebro já não conseguia nem mesmo
raciocinar. Tão perto, que o calor do seu corpo reverberou pelo meu,
aquecendo-me e arrepiando-me por completo.
― Muitos. Mas não acho que você precise pensar neles agora, quando
fez exatamente o que pedi e está tão linda que sequer posso colocar em
palavras. ― Sorriu de lado.
Sem dizer mais nada, Oliver tocou minhas costas nuas com sua mão,
indicando-me o caminho, porém tive que me segurar para não me derreter,
enquanto seguíamos em direção à noite que mudaria minha vida para sempre.
Passamos pelo saguão do hotel sem uma troca de palavras e por mais
sem graça que eu estivesse, foi impossível não notar os olhares vindo até nós
e até mesmo vi um homem entortando o pescoço para me olhar. Não que eu
não me achasse bonita, porém não estava acostumada a ter as atenções em
mim e por isso senti-me enrubescer rapidamente.
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Era impressão minha ou o sorriso de Oliver se desfizera e ele agora
estava de cara fechada enquanto apertava os passos? Estou louca ou isso foi
ciúmes?
Ele se afastou com um sorriso satisfeito nos lábios após esfregar seu
nariz na pele do meu pescoço, antes de arrancar o carro. Mas quem disse que
eu conseguia racionar direito? Na verdade, nesse momento não conseguia
fazer mais do que piscar, depois de ele ter me deixado tonta e trêmula quando
senti seu nariz deslizar pela minha pele. Era difícil até mesmo me lembrar de
que eu tinha que respirar. Decerto, além de sofrer de insuficiência
respiratória, eu tinha tido ao menos uns cinco derrames nos meus países
baixos.
Tocava uma das minhas músicas preferidas, Like I'm Gonna Lose You de
Meghan Trainor e John Legend, quando enfim paramos em frente ao lugar
onde estava acontecendo o coquetel.
Meu Deus! Eu acho que precisava beber para parar de imaginar coisas!
Quando finalmente se afastaram, ela se virou para mim com seus belos
olhos azuis, observando-me com curiosidade, enquanto mostrava seus dentes
perfeito em um sorriso matador. Eu me vi querendo morrer.
Por que, de todas as mulheres, ele tinha que me aparecer com uma
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dessas que parecia ter saído das páginas da Vogue?
Porém, era óbvio que um dia isso aconteceria. Mais dia menos dia, ele
encontraria a mulher perfeita, se casariam, viveriam sua vida perfeita de
comercial de margarina. E quem era eu para condená-lo ou dizer qualquer
coisa? Eu era apenas a estúpida secretária que caiu na besteira de se
apaixonar pelo chefe, fantasiando viver com ele as belas e tórridas história de
amor que lia nos livros, mas a verdade era que eu jamais teria uma chance
com ele.
Não que me achasse feia com meus 1,70 m de altura, os cabelos loiros
medianos, que como todos os cabelos do mundo tinham dias que estavam de
bom-humor e em outros me odiavam. Minha academia se limitiva a subir e
descer as escadas do meu prédio, embora não fosse infeliz com meu
manequim tamanho 40, também não seria ruim se perdesse um quilinho ou
dois. Mas eu tinha espelho em casa e jamais poderia competir com alguém
tão bonita e refinada como ela.
Tive que contar até dez, porque temi desmoronar em frente ao meu
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chefe, apenas por saber que ele tinha uma mulher em sua vida que não era eu.
Era fato, minha paixão por ele havia ido longe demais e, agora, eu não sabia
se poderia suportar continuar trabalhando com ele. Definitivamente, meu
emprego era a última coisa que conseguia pensar.
Tudo bem que ele nunca havia me dado qualquer esperança de que algo
poderia acontecer entre nós… Quer dizer, além das últimas insinuações desde
ontem, ele nunca havia atravessado a barreira patrão-funcionária. Ao menos
não que eu tenha notado. O que decerto já deveria me dizer muita coisa.
Desviei o olhar, não podia manter aquela conexão que me prendia a ele.
Precisava apenas aprender a me manter distante, de agora em diante, claro, se
ao menos quisesse manter meu emprego.
Por mais que pudesse sentir minha garganta fechando, respirei fundo,
tentando engolir as lágrimas que ameaçavam romper. Só tinha que me manter
Ela era irmã dele! Ela era irmã dele!, eu fazia uma dancinha mental,
enquanto cantarolava.
Ué. Eu estava feliz que ela não estava pegando meu homem!
― Claro que é por isso ― ele falou de maneira sarcástica, mas me fiz de
desentendida, claro, antes de começar a conversar com a simpática Raquel.
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♥
Nas poucas ocasiões em que encontrei o pai de Oliver, o Senador Luiz
Albuquerque e Guimarães, ele fora um pouco seco comigo, mas eu sabia que
era apenas seu jeito, e que seu filho o herdara usando-o vez ou outra,
especialmente quando o assunto era trabalho. Ao contrário da mãe e do
padrasto de Oliver, que sempre me trataram de forma educada e com muito
carinho desde que eu havia sido contratada para a função de secretária de seu
filho.
Ela confessou-me que sua intenção era continuar morando ali mesmo
após a conclusão do curso, porque já amava a Bahia e eu não podia julgá-la
por isso.
Era a primeira vez que ficávamos tão próximos assim e talvez fosse a
última também, porque eu definitivamente estava prestes a ter um ataque
cardíaco. Como tudo que Oliver fazia na vida, ele dançava com destreza e
confiança. Tentando relaxar e aproveitar a dança, respirei profundamente,
sendo envolvida por seu cheiro másculo e único, querendo com todas as
forças guardar esse momento para sempre.
Quando eu envolvê-la
Quando eu beijar seus lábios, eu
Eu quero fazer você se sentir desejada
E eu quero te chamar de minha
Quero segurar sua mão para sempre
E nunca vou te esquecer
Porque, baby, eu, eu quero fazer você se sentir querida
― Não ― neguei, embora o som que tivesse saído da minha boca mais
parecesse um gemido.
Era mentira, mas sentindo seu nariz roçar meu pescoço, causando
pequenos estremecimentos nos lugares certos e nos errados também, Oliver
tirou murmúrios vergonhosos dos meus lábios, que mais eram súplicas
misturadas com gemidos de uma mulher completamente inebriada por ele.
― Eu amo essa música ― falei com a voz ainda fraca, querendo quebrar
mais uma vez o silêncio, ainda embalando-me com ele junto à canção.
Nem mesmo em meus sonhos mais profundos esperei por elas. Se não
tivesse suas mãos firmes em minha cintura, eu certamente desmaiaria, porque
me vi perdendo o equilíbrio.
― Sim. Quero que seja minha, Cissa. Apenas minha ― murmurou com
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a voz perigosamente baixa, provocando-me mais do que deveria.
Foi impossível não me derreter diante de suas palavras. Por mais que eu
fosse apaixonada por Oliver há tanto tempo, nunca esperei ouvir nada
parecido vindo dele. Quer dizer, sonhar com isso era completamente diferente
de achar que poderia ser possível.
― Eu quero ficar com você. Sempre quis. Desde o momento que pôs os
pés no meu escritório, tão linda, tão envergonhada… Você mexeu comigo,
Cissa. E tem mexido desde então, porque minha cabeça e meu coração já
perdi para você há dois anos.
Ele disse mesmo que tinha perdido a cabeça e o coração para mim?
♥
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Depois de ouvi-lo, eu tive certeza de que realmente não haveria mesmo
mais volta para mim. E sinceramente? Não estava nem um pouco preocupada
com o estrago que poderia fazer comigo depois que isso acontecesse. No
entanto, por mais que quisesse me entregar a ele naquele momento, Oliver
achou melhor voltarmos para festa, pois, segundo suas palavras, não se
responsabilizaria pelos seus atos.
E, Deus, quando ele disse isso, passei por um dilúvio que faria inveja
para Noé!
Fora que ainda era difícil de assimilar que, durante dois longos anos,
como eu disse, um homem como Oliver Prado Albuquerque e Guimarães
estivesse secretamente interessado na sua desastrada secretária. Porque se
realmente fosse verdade mesmo, ele certamente não passaria vontade e teria
vindo pegar o que queria, certo?
Como Christian Grey, ele tomava minha boca com a sua, uma das mãos
forçando as minhas para se posicionarem acima da cabeça, a outra me
agarrando com necessidade, ao mesmo tempo em que sua língua me
explorava, beijando-me com sofreguidão.
E isso era tão injusto! A gente não tinha nem direito de ser sensual!
Oliver inclinou a cabeça para o lado, seus olhos observando cada detalhe
meu, enquanto sua mão grande e macia contornava meu rosto, acariciando
cada pedaço dele como se o adorasse. Sua língua passeou pelo lábio inferior
suavemente, deixando-o úmido e convidativo.
― Por que demorei tanto tempo para fazer isso? ― A pergunta foi feita
mais para si mesmo do que para mim.
Resfoleguei diante das suas palavras, diante do seu olhar quente e sua
voz repleta de erotismo no tom baixo e rouco.
― Oliver, por quê? ― tive que perguntar, era mais forte do que eu,
embora não soubesse realmente o que queria saber.
― “Quer saber? Eu não fui completamente sincero com você. Você quer
realmente saber a verdade?” ― perguntou puxando-me para ele. ― “Eu
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quero mais do que tudo que você seja minha.”
― Por que você está recitando frases dos meus livros? ― A pergunta
saiu antes que eu pudesse segurá-la.
― Porque sei que gosta e se for isso que quer, posso ser seu Christian,
seu Gideon, seu Luca, o caralho que você quiser! ― afirmou, antes de
finalmente voltar a me beijar.
Suas mãos buscavam o meu corpo, enquanto sua boca explorava com
ânsia a minha, fazendo-me estremecer.
Que resto? Nada mais importava além desse momento, além dele!
Seu nariz desceu pelo meu pescoço, os dentes provando minha pele,
deixando um rastro de calor por onde passava. Sua boca então alcançou o
lóbulo da minha orelha, mordiscando-o, fazendo-me estremecer quando
tornou a perguntar com a respiração quente em meu ouvido:
Por mais que eu desejasse que Oliver fizesse como dissera e assumisse
algum dos personagens que tanto faziam a imaginação das mulheres, e
também a minha, só existia uma pessoa cujo papel eu queria que ele
interpretasse e que mexia comigo mais do que qualquer CEO da literatura: ele
mesmo.
― Eu não quero que interprete nenhum outro CEO, quero que seja
você… Eu quero você ― respondi, de forma quase sôfrega.
7
― “Ah, Cecília Magalhães, o que eu vou fazer com você?” ― ele
perguntou em um rosnado, voltando a me puxar pela cintura.
8
― Não sei, mas “peça-me o que quiser e te darei” ― respondi, corajosa,
como nunca pensei que pudesse ser, e um som animalesco lhe escapou dos
lábios.
Enquanto ele deslizava sua mão pela lateral do meu corpo, como se
estivesse me marcando, fechei os olhos para senti-lo correr os dedos até
minhas coxas, tirando dos meus lábios um gemido fraco.
― Como desejei esse momento. ― Sua voz era um pouco mais alta que
um sussurro enquanto dizia isso.
― Porque sou um tolo, um tolo que temia perder a melhor coisa que me
aconteceu: você.
Ainda sem fôlego diante de sua resposta, vi Oliver se afastar e, com uma
cara de safado, livrar-se do seu paletó e camisa, dando-me a visão do seu
torso e braços fortes, que por tanto tempo desejei conferir. E com ele nu,
diante de mim, faltaram-me palavras.
Sua boca capturou a minha uma vez mais, deixando-me a certeza de que,
a partir daquele momento, tudo entre nós seria diferente. Com os olhos presos
aos meus, finalmente tive o prazer de senti-lo por completo, sem muros, sem
barreiras, nossos desejos e necessidades conduzindo-nos dali em diante.
Nossos movimentos deixaram de ser cadenciados e tornaram-se cada vez
mais rápidos, exigentes, transformando-se em febris. Nós dois em busca de
algo que só encontraríamos juntos.
Um gemido alto me escapou quando Oliver foi mais longe, mais fundo,
levando-me junto com ele em uma viagem sem volta. Eu sabia que era
exatamente isso, eu não resisti, circundei sua cintura com as pernas, elevando
meu quadril ao encontro do seu, em busca de um contato ainda maior.
Embora o prazer de estar entregue ao homem que eu amava, por tanto tempo
secretamente, estivesse além das palavras, era impossível não nutrir um
sentimento puro que ia muito além dele. A sensação que se intensificava era
de que não apenas meu corpo, mas tudo em mim pertencia a ele, me
devastava a cada segundo, porque de fato pertencia.
Sem conseguir me conter diante da visão mais sexy que meus olhos já
presenciaram, me aproximei, aninhando-me em seu peito. Inspirei o perfume
delicioso que emanava de sua pele, desejando poder memorizá-lo e nunca
mais deixar aqueles braços, quando o aperto em volta de mim tornou-se mais
significativo, indicando que ele havia despertado, deixando-me envergonhada
por ter sido pega em flagrante o admirando de forma tão descarada.
Seu corpo tremeu enquanto sua gargalhada gostosa pairava no ar, ainda
assim ele não me soltou. Seus braços permaneceram ao meu redor e sua mão
continuou acariciando minha pele, me trazendo arrepios.
― O que fez comigo? ― perguntou com a voz tão rouca, que trouxe
novas vibrações para o meu corpo.
― Não sei. E, confesso, estou tentando entender tudo que me disse até
agora. ― Recordei-me do que não conversávamos na noite passada.
Oliver levantou-se, e quase protestei por isso, mas quando se sentou com
as costas apoiadas na cabeceira da cama, puxou-me para o seu colo e gostei
muito, muito dessa posição. E pelo visto ele também, pois senti algo duro
pulsar debaixo de mim.
Ergui os olhos e, prendendo-os aos seus, que pareciam estar ainda mais
azuis naquela manhã.
― Foi porque me apaixonei por você desde aquele momento e sabia que
não podia deixá-la escapar ― disse simplesmente e me engasguei com sua
resposta.
Obviamente não era uma crise de tosse a reação que Oliver esperava ao
confessar sua paixão por mim, mas eu não pude me ajudar. Estava impactada
demais com sua confissão.
― Devo ser muito sutil, então, embora discrição seja o último adjetivo
que possa me descrever quando se trata de você. Porque acredite, Cissa, eu
não conseguia ficar cinco minutos sem olhar para você. Para uma pessoa que
lê tantos livros, livros estes que falam tanto de sentimentos, achei que você
seria capaz de “me ler” mais facilmente ― brincou, antes de puxar meus
lábios com os dentes.
Quando nos vimos sem ar, ele se afastou apenas o suficiente para sua
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testa encostar na minha. Seu nariz acariciando o meu, suas mãos ainda
tocando o meu corpo, estremecendo-o completamente em reposta ao ouvi-lo
murmurar “minha”.
Por mais que eu o amasse desde o primeiro momento, sempre achei que
seria impossível existir um sentimento tão arrebatador como sentia estando
ao seu lado. Achava que era apenas uma ilusão criada nos livros de romances.
Mas aqui estava ele, provando-me exatamente o contrário, tornando real o
pensamento de pertencer a alguém, me fazendo querer verdadeiramente ser
dele.
― Sim. Porque apesar de todas as pistas que lhe dei durante esses dois
anos, foi preciso apelar para os seus romances, para que pudesse ter de você
alguma atenção ― confessou, fazendo-me morder os lábios para segurar o
riso.
― Claro que não. Se estou aqui com você é porque quero estar. Quero
estar com você e tê-la todos os dias.
E quando achei que Oliver não podia me surpreender mais, ele finalizou
derretendo-me como sorvete no calor:
Anteriormente, Trancoso era uma aldeia habitada por índios e, por isso,
hoje considerado um dos mais valiosos sítios históricos do sul da Bahia. Mas
foi apenas quando foi descoberta pelos hippies, nos anos 70, que Trancoso
tornou-se conhecido, e o lugar mantém o mesmo astral, com suas lojinhas
lindas onde você pode comprar de tudo, desde roupas de grifes famosas a
suvenires feitos com artesanato local, e também pode se deliciar nos
Eu não era uma pessoa que conhecia muitos lugares, obviamente, mas
podia dizer com toda certeza que essa viagem havia me marcado de muitas
maneiras. Mas embora o lugar fosse lindíssimo e eu quisesse voltar em breve,
a felicidade de estar ali tinha um motivo especial: Oliver.
Não apenas por estar em um lugar desconhecido até então, mas estar
com Oliver era diferente de tudo o que já vivi ou sonhei. A cada dia, a cada
amanhecer, a cada peixe assado na telha ou qualquer outra delícia da
culinária local, todos os momentos ao seu lado foram únicos.
Durante os dias com ele, descobri em Oliver muito mais do que o CEO
poderoso e implacável deixava transparecer, muito mais do que meu chefe
sempre educado e cortês, por quem eu me apaixonara e suspirava pelos
quatro cantos. Oliver não era apenas um cara lindo, gostoso, com uma pegada
deliciosa e que me enlouquecia só de olhar para mim, ele era muito mais do
que esperei. Ele era divertido, sarcástico, sedutor e um amante incrível.
Não queria acordar no dia seguinte para descobrir que criei expectativas
demais e fui apenas mais uma em sua vida. Sabia que não deveria sofrer por
antecipação, porque minha mãe me ensinou que quem sofre antecipado sofre
duas vezes, embora Oliver tivesse deixado claro como se sentia, minha
insegurança falava mais alto quanto mais perto da nossa partida ficávamos.
― Por que você está com esse sorriso? ― perguntei curiosa, enquanto
seguíamos para lá.
Sei não. Ele estava estranho! Mas quem liga quando ele me chama de
“minha Cissa”?
Oliver usava uma bata na cor branca, bermuda bege, sandália de couro
marrom e óculos estilo aviador. Eu vestia uma blusinha solta, um short jeans
e sandália rasteira. Usava óculos escuros também e me vi entupida de
protetor solar no corpo, porque mesmo que não tivesse tomado sol
propositalmente, minha pele branca já estava mais rosa que a da Peppa Pig.
Muitos poderiam dizer que era loucura minha não aproveitar para tomar
banho de praia ou de Sol nas lindíssimas praias de Trancoso, mas eu tinha de
discordar. Existia uma coisa chamada prova do biquíni, e eu morria pavor de
― Lindo, não é? ― Sua voz rouca e baixa fez tudo dentro de mim
vibrar.
― Não necessariamente ― respondeu com uma timidez que não lhe era
habitual.
― Oliver… ― ofeguei.
Enquanto ele permanecia lindo e pleno ao dizer tudo aquilo, algo que
tinha o poder de mudar minha vida para sempre, eu estava tipo KLB:
Devolva meu aaaaaar!
Na minha cabeça, a única coisa que conseguia pensar era que ele me
amava e realmente queria ficar comigo. Descobrir que o que sentia com
tamanha intensidade também era correspondido, não somente era surreal,
como também um alívio para minhas inseguranças.
Tive que rir da minha própria loucura. O cara por quem fui apaixonado
por tanto tempo estava aqui declarando seu amor por mim e eu cantando
KLB em resposta?
Eu não queria ir embora da Bahia. Não queria deixar aquele paraíso que
fora palco dos melhores dias da minha vida. Porém, dias maravilhosos
regados a paixão não ficaram para trás, apenas voltamos para realidade e
começamos a viver tudo que tínhamos para viver.
Voltar para casa também foi uma experiência nova para nós dois e muita
coisa mudou desde então. Nossa relação não era perfeita, óbvio. Brigávamos
como qualquer casal, mas, ainda assim, estar com ele era maravilhoso e eu
não trocaria por nada nesse mundo.
Oliver fez questão de conhecer meus pais logo que voltamos. E embora
eu tivesse recusado de início, dizendo não precisar, afinal não sabia como me
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portar em frente a eles com um namorado, pois como meu ex não contava,
nunca tinha tido um realmente antes. Contudo, ele dizia ser um homem à
moda antiga, que não aceitaria ser tratado como um moleque que não mostra
compromisso e respeito diante da família da namorada. Depois que ele disse
isso, claro, não tive mais como fugir e tratei de marcar um jantar para a noite
seguinte, que era véspera do aniversário de meu pai.
Oliver sugeriu um restaurante para esse encontro e achei ótima sua ideia,
afinal, meu pai era muito ciumento e talvez um local público fosse o ideal.
Meus planos foram por água abaixo quando resolveram fazer uma
comemoração para o patriarca da minha família.
Minha mãe e irmã já eram razões suficientes para que eu fosse reticente
quanto apresentar meu namorado, mas juntar toda família, significava que:
eu, com toda certeza, como se dois e dois são quatro, morreria de vergonha e
ficaria encalhada para sempre
Quando passei pela porta, me benzi, porque dali em diante sabia que
tudo poderia acontecer e eu certamente acabaria me arrependendo
amargamente de ter levado aquela situação adiante.
― Sei bem o que me espera, mas você não sabe e é justamente esse o
problema. Foi bom enquanto durou ― lamentei emburrada, e ele revirou os
olhos, tratando logo de ficar sério.
― Você está merecendo umas boas palmadas para acabar com essas
besteiras, Srta. Cecília ― falou emburrado.
Ui! Adoro!
Logo de cara, minha avó, assistia sua sagrada novela, me fez desejar que
um buraco se abrisse a minha frente para que pudesse me esconder nele.
― Tudo na mesma, minha filha. Com dor nas costas, nos ossos, a
pressão como sempre está alta. Essa semana, inclusive, descobri que estou
praticamente diabética. Quase cega também, por causa do glaucoma, e ainda
por cima tenho que aguentar o insuportável do seu avô no meu pé, que
― Não esquente, filha. Estou pagando meus pecados por ter escolhido
um marido filho da puta. Por isso pense duas vezes antes de dar uma de
desesperada e casar com o primeiro que lhe propor. Eu deveria ter sido
sensata assim ou ao menos ter pedido o divórcio naquela vez que encontrei
seu avô com aquela vadia em um Hotel em 1950.
― Ué, mas Oliver não é o nome daquele seu chefe gostoso por quem
você era apaixonada? ― perguntou, superdiscreta, ainda sem tirar os olhos
dele.
― O que é, Cissa? Não me olhe com essa cara! Estou falando a verdade.
Não vem pagar de santa para cima de mim não, porque na escola que você
está, eu sou professora. Acha mesmo que alguém acredita que você é pura e
não deu para esse gostoso aí? Se você puxou a mim, com certeza já lhe deu
muito trabalho e ainda vai enlouquecer o coitado!
Minha família é enorme. Por parte de mãe, tenho cinco tios, mas eles
não são a minha vergonha. Mas por parte de pai são oito tios e seus
descendentes são daqueles em que tem como esporte preferido procriar. Para
se ter uma real noção, minha Vó nunca decorou o nome de todos os netos,
tamanha quantidade que a velhinha tem. Imagine os bisnetos, ela não fazia
nem mesmo ideia de quem era quem. Quando queria falar com alguém,
perguntava logo de quem o guri era filho, para não confundir e não chamar
nenhum pelo nome errado.
Sim, isso era um teste, ainda pior e mais decisivo do que a prova do
biquíni!
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Não demorou para que eu me irritasse com todos os olhares e mãos
sobre Oliver. Obviamente que toda a minha família sabia que meu
rompimento com meu ex-namorado há séculos, mas ainda assim os filhos da
puta ainda insistiam em perguntar por ele, deixando tanto a mim quanto
Oliver desconfortáveis. Fora que Vovó Terezinha insistia em continuar
chamando-o pelo nome do falecido.
Eu não era muito ligada às minhas primas, mas a culpa não era
inteiramente minha se elas sempre tiveram um pouco de inveja de mim e da
minha irmã. Na verdade, meus tios acabaram passando para elas a inveja que
sentiam pelo meu pai, que era o filho caçula e por causa disso o preferido de
minha vó. Consequentemente, minha irmã e eu acabamos nos tornando suas
netas preferidas também. Mas daí a ter que suportar seus comentários ácidos
e suas má-intenções com Oliver, havia um caminho muito longo a ser
percorrido.
Do outro lado, dois tios meus discutiam sobre como iria ficar a divisão
de bens dos meus avôs, que ainda estavam vivinhos “da silva”, comemorando
e bebemorando suas bodas de séculos de casamento que tinham acontecido
há algumas semanas e brigavam a todo vapor na cabeceira da mesa. Meu avô
comia um pedaço enorme de torta prestígio, enquanto minha vó a brigava
com ele e com minha tia ao mesmo tempo.
E foi somente quando meu avô começou a gritar para meu pai que
entendemos a verdadeira razão.
― Isso mesmo que vocês ouviram! ― Meu avô apontou para todos da
mesa e continuou ― Vocês, meus filhos, acham justo que eu vá para rua atrás
de mulher e ter de pagar para me satisfazer, sendo que tenho uma em casa,
que me jurou diante o altar “na saúde e na doença” para fazer justamente
isso?
Minha boca caiu aberta tamanho choque. Minha mãe deixou cair no
chão a taça de vinho que segurava. Minha irmã tapou a boca. Outros
deixaram cair o talher no prato, mas ninguém ousou abrir a boca.
― O que você queria que eu fizesse, seu broxa? Que abrisse minhas
pernas para um velho asqueroso como você? ― minha vó perguntou para ele,
ignorando a presença dos seus filhos e netos e principalmente a sensatez.
― Que fodesse com seu marido, mulher! Deveria era agradecer o fato de
eu ter oitenta anos e ainda ter tesão e querer uma velha arriada como você.
― Pois enfie a merda dos seus cartões de crédito no cu! No cu, José
Augusto! Prefiro não gastar um tostão, a ter sua pica velha e brocha dentro da
minha boceta! minha vó bradou completamente fora de si, jogando o
conteúdo da sua taça de vinho na cara de meu avô.
Minha mãe dizia para seu sogro se acalmar e parar de comer doce, por
causa da diabetes. Já minha vó gritava ainda mais alto que qualquer um.
― Deixa ele comer. Tomara que esse velho desgraçado caia duro aqui e
morra logo! Vai ser o dia mais feliz da minha vida!
A mulher do meu tio começou a dizer para quem quisesse ouvir, que o
marido já não dava mais no couro, nem mesmo com Viagra e que por causa
disso tinha que usar um vibrador. Ao mesmo tempo, começou a perguntar a
minha mãe se meu pai era brocha e minha mãe não sabia quem acudir ou
bater.
A outra tia começou a dizer que os melhores orgasmos que teve na vida
foram provocados pelo vibrador e começou a compartilhar suas experiências
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de sexo virtual.
Minha avó começou a gritar com as noras, dizendo que não justificava o
fato dos seus respectivos maridos serem broxas para criar as netas para serem
vagabundas. E ainda fez questão de salientar que eu era a única neta que não
era puta.
E quando olhei para mesa do bolo, tia Neta já tinha juntado uma outra ao
lado e colocado todos seus seis netos sentados, que já comiam a o bolo de
aniversário como se tivessem acabado de voltar de um jejum intermitente. O
maldito bolo de papai que ainda nem havíamos cantado parabéns!
Estávamos no inferno!
Depois de arrancar de mim toda informação que julgou que seria útil, ele
achou por bem, começar pelo ponto fraco do velho: futebol. E como a
Albuquerque e Guimarães patrocinava os maiores times do país, conseguir
algumas entradas para o camarote para que pudessem assistir ao time do
Claro que eu estava preocupada com isso, afinal, já havia chegado até
aqui e morrer na praia depois de me deliciar na minha “ilha grega” me
traumatizaria para o resto da vida!
Eu queria espiar o que conversavam, mas nem minha mãe e nem minha
irmã permitiam.
― Sei que isso pode soar clichê, senhor, porém minhas intenções com
sua filha são as melhores ― Oliver respondeu e eu o conhecia o suficiente
para saber que, embora ele tivesse tentado soar seguro, havia um tom de
nervosismo em sua voz.
― Sr. Carlos, sei que é difícil para que aceite que sua filha cresceu e que
agora tem um namorado…
Merda!
E quem souber morrer, porque ainda não sabia o que foi conversado
entre eles!
Obviamente perguntei a ele o que falara para papai para que começasse a
tratá-lo como filho, mas ele nada me respondeu, limitou-se apenas a dizer que
não se lembrava, embora eu soubesse que era uma mentira deslavada. Nem
greve de sexo o faria revelar o que havia acontecido, ainda mais porque eu
não teria forças para resistir a ele.
― Não. Você não fará isso. ― O jornal que eu segurava então foi
tomado de minha mão sem aviso.
― Ei. Eu preciso trabalhar para viver. Por mais que eu queira, não sou
dona de uma fortuna descomunal e não posso viver de luz, infelizmente ―
debochei e ele bufou.
― Tudo bem, eu entendi que você não quer misturar trabalho com o
relacionamento e não estou tentando dissuadi-lo para conseguir meu emprego
de volta. Mas eu simplesmente não posso ficar desempregada, eu tenho
contas para pagar. Além do que, preciso comer e alimentar meus gatos
também! ― Prendi o cabelo em um coque, ficando irritada pela sua falta de
compreensão.
― Uma porra! Você não vai trabalhar para qualquer pessoa, Cecília! ―
rosnou, fazendo minha paciência se esvair.
― Para mim.
― Vai. Sei que em algum momento você me fará perder a cabeça, mas
não me preocupo com isso. Afinal, você não sairá do meu lado pelo resto da
vida mesmo. ― Olhou sério para mim, embora um sorriso despontasse
discretamente em seus lábios.
― Hum?
Impaciente, Oliver me puxou para seu colo e ainda que usasse um tom
Embora por vezes eu ainda achasse que estava sonhando, nossa relação
estava cada dia mais séria. Eu trabalhava na Albuquerque e Guimarães, tendo
Oliver como meu chefe, e estávamos tentando fazer a relação amorosa e
profissional coexistirem de forma harmoniosa, embora trabalhar com o
namorado realmente fosse difícil.
CASA COMIGO?
E por um acaso ele tinha alguma dúvida? Como poderia ter? Porque eu
não tinha nenhuma quando se tratava dele. Tudo o que eu sempre quis era tê-
lo e, agora que o tinha, não abriria mão jamais.
― Claro que aceito, seu besta. Nada me fará mais feliz do que me tornar
a Sra. Albuquerque e Guimarães e também a mãe dos seus filhos.
O que parecia ser impossível, tornava-se realidade bem diante dos meus
olhos. Três meses após o pedido, nossos amigos mais íntimos e familiares
compartilhavam conosco a celebração a da nossa união e eu não poderia ter
desejado algo mais perfeito.
O homem da minha vida usava uma camisa e terno na cor branca, assim
como o restante dos convidados que também vestiam roupas do mesmo tom.
Ele estava ainda mais bonito que qualquer mocinho literário ou que minha
fértil imaginação ousou imaginar.
Meu vestido de noiva era de renda com uma pequena cauda. E sem véu e
os cabelos soltos e livres ao vento suave que soprava, carregava um buquê de
lírios brancos enquanto de braços dados com meu pai seguia com destino a
minha felicidade.
Olhávamo-nos com amor, com paixão. Para muitos as coisas entre nós
poderia ter acontecido muito rápido, mas o que nos importava de fato, era que
nós dois tinhamos mais do que certeza do que queríamos. E nossos sorrisos e
a emoção que sentíamos naquele momento definitivamente falavam por si.
― Por que você acha isso? ― Ri de nervoso, ainda sem acreditar que ele
descobrira o que eu estava lhe escondendo e ainda tentando aceitar.
― Porque te conheço bem demais e além das mudanças óbvias que seu
corpo sofreu nos últimos meses, sei que isso não é impossível. Na verdade,
para mim, é óbvio, especialmente quando sei que você não toma
anticoncepcional e nunca usamos camisinha. ― D sua voz escorria deboche,
bem como o sorriso torto que me dava certeza que nada lhe escapava.
― Oi, amor.
Sem dizer uma palavra, Oliver se levantou e trouxe nossa pequena até
mim, arrancando-lhe um resmungo desgostoso por estar interrompendo sua
programação. Fora que ela sabia que agora perderia seu colo, porque era um
dengo com o pai e adorava assistir aos seus desenhos sentada em cima dele,
recebendo seu carinho e cafuné.
Quase cinco anos apaixonada por esse homem e três anos juntos ainda
não foram o bastante para que me acostumasse a acordar ao lado do marido
mais lindo e maravilhoso de todo o mundo. Eu era tão sortuda por tê-lo e por
ter me dado as melhores coisas da minha vida, que apenas podia agradecer a
Deus por isso.
― Bom dia, amor ― ronronei, sem deixar de roçar os lábios nos seus.
― Sonhei com nossa história ― confessei sem tirar o sorriso dos lábios
e ele também sorriu, sem deixar de acariciar minha barriga protuberante,
onde nossa segunda filha crescia tranquila, esperando os três meses que
faltavam pelo momento de nos conhecer, aumentando nossa felicidade.
Fim.
A minha família, meus pais, meus maiores fãs. Ao meu marido e filho,
meus maiores incentivadores... Obrigada por estarem comigo a cada passo,
tudo por vocês! <3
Carlie Ferrer, minha BFF, por cada palavra amiga, pelo apoio de sempre.
Maria Rosa, por estar comigo sempre a cada loucura. <3
A Evelyn Santana, que me fez chegar perto de odiá-la menos depois que
embarcou na minha loucura de pegar o Oliver para revisar em cima da hora.
Sabe que te amo, né? As minhas lindas colegas talentosas que eu amo: Mary
Oliveira, Milena Cavalcanti, Ali Graciotte, ALC Alves, Bia Tomaz, Lucy
Berhends, Janaína Rico, Nana Pauvolih, S Miller, Ju Mendes e LM Gomes.
Míddian Meireles
Míddian Meireles
Filha única e nada mimada. Mas ainda assim era aquela menina que trocava um quarto de
brinquedos por uma caneta e um papel mesmo antes de aprender a escrever. Era aquela que
escrevia no diário sobre o seu dia a dia, mas também sobre seus medos, sonhos e desejos. Aquela
que odiava Matemática, mas adorava Redação.
É Mãe, esposa, amiga, viciada em maquiagem e sapatos. Aquela em que seus fiéis companheiros
para a Insônia são os livros e por essa paixão incontrolável, resolveu usar a imaginação e escrever
suas próprias histórias. E hoje com vinte e tantos anos, encontrou-se na escrita, redescobriu-se
através das palavras, novas histórias e personagens.
Contato: contato@mimeireles.com