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UNIP – Sistemas de Informação – Auditoria e Avaliação de Sistemas

Parte II

2. AUDITORIA INTERNA e EXTERNA

2.1 AUDITORIA INTERNA


Segundo Almeida (2003), a expansão dos negócios demanda uma maior ênfase nos e
procedimentos internos, uma vez que é impossível para um administrador supervisionar
pessoalmente todas as atividades. Adicionalmente, torna-se necessário acompanhamento que
valide o cumprimento desses controles, atividade essa que pode ser desenvolvida por uma
auditoria interna. Para Attie (1988,p. 26) "a auditoria interna [...] toma forma embrionária
como uma atividade necessária à organização e desenvolve-se a fim de seguir a gerência
ativa, concedendo-lhe alternativas, como ferramenta de trabalho, de controle, assessoria e
administração". Com isso, ressalta-se a auditoria interna como uma atividade de suporte aos
gestores organizacionais. Para o autor, a auditoria interna "é uma função independente de
avaliação, criada dentro da empresa para examinar e avaliar suas atividades, como um serviço
a essa mesma organização" (ATTIE, 1988, p. 28).

Perez Júnior (1998, p. 79), dando destaque a uma atuação contábil, observa que o auditor,
além de revisar procedimentos, pode determinar o sistema de controle mais adequado: "os
auditores internos têm a função de examinar transações detalhadas, revisar procedimentos
contábeis e operacionais da empresa e determinar o sistema de controle interno mais
adequado, assim como o grau de observância das políticas estabelecidas pela administração.
A função ria interna, quando bem organizada e se contar com pessoal competente, pode vir a
ser um importante fator no sistema de controle interno".

De maneira similar ao proposto por Perez Júnior, Paula (1999, p. 32) define a interna como
sendo uma atividade de avaliação independente, que atuando em parceria com
administradores e especialistas, deverá avaliar a eficiência e a eficácia dos sistemas de
controle de toda a entidade, agindo proativamente, zelando pela observância às políticas
traçadas e provocando melhorias fornecendo subsídios aos proprietários e administradores
para a tomada de decisão, visando ao cumprimento da missão da entidade.

Embora não seja objetivo desta material apresentar uma definição formal para o termo
auditoria interna, a partir das considerações apresentadas pelos autores citados, é possível
destacar alguns tópicos que ajudam a compreender essa atividade. Dessa forma, compete ao
auditor interno, trabalhando de maneira independente, as seguintes atribuições:

 Examinar transações detalhadas;


 Analisar a eficácia dos controles adotados, promovendo sua alteração sempre que se fizer
necessário;
 Verificar se os procedimentos internos estão de acordo com os controles existentes;
 Recomendar a melhoria dos procedimentos internos, sempre em observância aos controles
existentes;
 Atuar em parceria com administradores e especialistas;
 Fornecer subsídios aos administradores para a tomada de decisão;
 Observar a fidedignidade e tempestividade (contabilização do fato no tempo certo) das
informações contábeis com o objetivo de obter os dados mais reais possíveis para auxiliar
a tomada de decisão dos gestores.

Prof. Marcelo Nogueira


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Parte II

2.2 AUDITORIA EXTERNA


Embora possa haver alguma confusão quanto aos papéis das auditorias interna e externa —
situação essa advinda do fato de ambas utilizarem técnicas similares — é importante ressaltar
a existência de diferenças quanto aos seus respectivos objetivos. A auditoria interna tem como
missão assessorar o corpo de administradores em uma organização, fornecendo subsídios que
promovam uma gestão mais eficaz. Sendo assim, como o próprio nome indica, a auditoria
interna é voltada para os interesses internos da organização.

Por sua vez, a auditoria externa tem como objetivo mostrar a situação organizacional para os
sócios que não participam diretamente da administração da empresa, para órgãos reguladores,
entidades financiadoras (públicas ou privadas), dentre outras possibilidades. Portanto, o seu
produto (relatórios e pareceres, por exemplo) destina-se aos stakeholders (todas as partes
interessadas, tais como clientes, colaboradores, investidores, fornecedores, comunidade,
órgãos reguladores etc).

Com isso, é importante destacar que a auditoria interna trata do exame detalhado das
atividades da empresa, enquanto à auditoria externa cabe executar exames de revisão global
das atividades, utilizando técnicas baseadas em testes de amostragem etc. O Quadro 1 indica
algumas diferenças fundamentais entre as duas auditorias.

Embora Jund (2002, p. 29) destaque que, para a auditoria interna, a intensidade dos trabalhos
é menor, é necessário considerar que isso pode não ser de todo representativo do que
efetivamente ocorre. O trabalho diário do auditor interno acaba, por vezes, atingindo um
volume superior ao da auditoria externa.
Quadro 1 - Comparativo entre as funções e atividades das auditorias interna e externa.

Elementos Auditoria Interna Auditoria Externa

Profissional Funcionário da empresa Prestador de serviço


(Auditor Interno) Independente

Ação e Objetivo Exame dos processos Demonstrações


Financeiras

Finalidade Promover melhorias nos controles da empresa Opinar sobre as


de forma a assegurar proteção ao patrimônio Demonstrações
Financeiras

Relatório Principal Recomendações de controle interno e Parecer


eficiência administrativa

Grau de Menos amplo Mais amplo


Independência

Interessados no A empresa A empresa e o público


Trabalho

Responsabilidade Trabalhista Profissional, civil e criminal

Continuidade do Contínuo Periódico


trabalho
Fonte: Adaptado de Jund (2002, p. 29).
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Além das diferenças expostas no Quadro 1, devem-se considerar as exigências demandadas


por disposições legais ou administrativas, que podem ser resumidas no Quadro 2.

Quadro 2 Demandantes das auditorias externa e interna.

AUDITORIA EXTERNA AUDITORIA INTERNA


CVM Sociedades Anônimas de Capital Aberto

Bancos: Comerciais e de Investimentos Financeiras art. 70 CF/1988 — Empresas e Órgãos da Administração


Pública
Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários

Corretoras de Câmbio e Valores Mobiliários


BACEN Sociedades de Arrendamento Mercantil Sociedades de Por determinação da Matriz ou Controladora

Crédito Imobiliário Sociedades Cooperativas de Crédito


Por determinação da Administração
Sociedades de Crédito Imobiliário Empresas de
Consórcios

SUSEP Companhias e Sociedades Seguradoras

Fonte: Adaptado de Jund (2002, p. 30).

Em termos mais conceituais, é interessante verificar o que dizem alguns autores. Para
Crepaldi (2000, p. 48), a auditoria externa "constitui o conjunto de procedimentos técnicos
que tem por objetivo a emissão do parecer sobre a adequação com que estes representam à
posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, as mutações do Patrimônio
Líquido e as origens e aplicações de recursos da entidade auditada consoante às normas
brasileiras de contabilidade".

Attie (1988), por sua vez, ressalta que, de forma geral, tanto a auditoria interna quanto a
externa executam a mesma tarefa e utilizam as mesmas técnicas. Ambas tomam o Controle
Interno como o ponto central da atuação, constituindo este o marco inicial do trabalho. Para
ele, verifica-se uma interação e sincronia de trabalho entre as auditorias interna e externa.

É importante ressaltar que nem sempre as empresas que passam por uma auditoria externa
contam com um auditor interno ou departamento de auditoria. Por exemplo, quando uma
empresa está sendo adquirida por terceiros, dependendo de seu porte, é comum os
compradores solicitarem uma auditoria externa tendo por finalidade verificar a situação
financeira, contábil e legal do empreendimento.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
ATTIE, William. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 1988.
CÔRTES, Pedro Luiz. Administração de Sistemas de Informação, São Paulo, Ed. Saraiva,2008.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000.
JUND, Sérgio. Auditoria: conceitos, normas, técnicas e procedimentos. Rio de Janeiro: Impetus, 2002.
PAULA, Maria Goreth Miranda Almeida. Auditoria interna. São Paulo: Atlas, 1999.
PEREZ Júnior, José Hernandez. Auditoria de demonstrações contábeis. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1998.

Prof. Marcelo Nogueira


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