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POSIÇÃO DAS PARTES – CASO URSO BRANCO/RONDÔNIA.

Os peticionários – Justiça Global e Comissão Justiça e paz da Arquidiocese


de Porto Velho denunciaram para a Comissão Internacional dos Direitos Humanos
sobre a situação de violência e perigo em que se encontram os presos da Casa de
Detenção José Mário Alves – vulgo presídio URSO BRANCO, Porto Velho/RO.
Segundo a posição dos peticionários acima citados vários artigos da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos foram violados, entre eles o artigo
1.1. que seria a obrigação de respeitar os direitos que nada mais seria do que o
comprometimento que os Estados soberanos tem de respeitar os direitos e
liberdades nela reconhecidos e a garantia do livre e pleno exercício de todas as
pessoas, sem discriminação alguma de qualquer natureza.
Outro artigo violado seria o Artigo 4, que corresponde ao direito à vida das
vítimas, ocorreram vários casos de grave violência dentro do presídio nos dias 01 e
02 de janeiro de 2002 ocorreu uma chacina onde morreram 27 pessoas, após o
ocorrido ainda houveram mais de 60 mortes que praticamente não foram resolvidas.
O artigo 5 da Convenção que é o Direito à integridade pessoal também foi
violado pois os peticionários sustentam que a penitenciária não possui condições
para abrigar pessoas privadas de liberdade, afinal não se encontra nas normas
internacionais de proteção dos Direitos Humanos e os presos vivem em uma
situação de insalubridade e insegurança, além de uma precária assistência médica e
odontológica. Existe também a falta de banhos de sol diários, a inacessibilidade de
água corrente para higiene pessoal e a inadequada limpeza das celas, o que
aumentam a incidência de doenças infecto-contagiosas. Os presos também alegam
a superlotação existente e alertam que há uma grave situação de descontrole da
Unidade Prisional. Eles denunciam a corrupção do Sistema Penitenciário, agravado
pelos baixos salários recebidos pelos agentes penitenciários.
A Justiça Global e a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Porto Velho
também afirmam que o artigo 8 da Convenção foi desrespeitado que seria o Direito
às garantias judiciais e o Artigo 25.1 também que seria o direito dos presos à
proteção Judicial, eles afirmam que as mortes ocorridas no interior da penitenciária
não tiveram seus inquéritos e processos judiciais concluídos, diversos deles foram
instaurados e estão com atraso injustificados, principalmente aqueles que dizem
respeito a Chacina de 01 e 02 de Janeiro de 2002. Já as mortes que ocorreram
depois da chacina poucos foram concluídos e muitos deles ainda se encontram em
fase de inquérito policial ou ainda esperam a sentença de pronúncia.
Os peticionários afirmam também que o Estado não oferecem as
informações sobre as investigações das mortes ocorridas após 2002, demonstrando
o descaso das autoridades brasileiras em investigar efetivamente os incidentes
ocorridos para condenar os responsáveis.

POSIÇÃO DO ESTADO – CASO URSO BRANCO/RONDÔNIA


O Estado admitiu mediante petição enviada à Comissão Internacional dos
Direitos Humanos que a Unidade Prisional Urso Branco se encontra com alguns
problemas como: superlotação, falta de condições de segurança, alta ociosidade
entre as pessoas presas e a situação grave de insalubridade, insuficiência de
assistência Médica.
O Estado mediante Notificação Recomendatória informou as seguintes
medidas a serem tomadas imediatamente como resolver a situação da questão da
superlotação carcerária; a entrada em funcionamento de um novo estabelecimento
prisional no Estado; a apuração dos casos de tortura e espancamentos envolvendo
agentes penitenciários e policiais militares; revistas periódicas das celas; dotar o
estabelecimento de condições de dar assistência médica e odontológica a todas as
pessoas privadas de liberdade; intensificar o rigor quanto à entrada de armas,
drogas e telefones celulares nos estabelecimentos penais, entre outras
determinações.
O Estado reconheceu a situação de violência e as más condições de
detenção existente no Presídio Urso Branco, mas alega que após a adoção de uma
série de medidas recuperou plenamente o controle da unidade prisional para assim
garantir a vida dos presos.
Pertinente ás mortes ocorridas na penitenciária eles afirmam possuir firme
propósito de realizar as investigações para que todos os responsáveis sejam
punidos de forma devida, quanto a rebelião de 01 e 02 de Janeiro de 2002 eles
afirmam que o processo configura-se de extrema complexidade, pois envolve tanto a
morte como a acusação de diversas pessoas e sobre às outras mortes ocorridas
dentro da penitenciária após a rebelião afirmam que todos os incidentes estão sendo
devidamente investigados e alguns réus já foram condenados como sentença
transitado em julgado.
Contra as afirmações de inércia estatal relacionadas ao caso de tortura
informam que foram abertos processos de sindicância para apurar os fatos narrados,
os quais estão tramitando regularmente de acordo com as normas de jurisdição
interna brasileira. Afirma também que os peticionários acusam as autoridades
idôneas de crimes hediondos sem apresentar provas concretas e sem garantir o
direito ao contraditório.
Sobre as condições de detenção existentes na penitenciária afirmam ter o
firme propósito de banir de URSO BRANCO toda e qualquer ameaça a Direitos
Humanos através de medidas eficazes para assegurar a vida e a integridade física
das pessoas privadas de liberdade.
A superlotação no presídio terá um esforço conjunto do Governo Federal e
Estadual para reconstruir o mesmo, onde serão separados os presos processados
dos condenados. E o Estado pretende aumentar o número de vagas em todo o
Estado de Rondônia.
Já a falta de segurança decorrente do baixo número de guardas
penitenciários foi solucionada com o envio de reforços no número de funcionários
que tinha a média de 13 agentes por plantão sofreu a alteração para 16 e o Estado
de Rondônia realiza constantemente a capacitação permanente dos seus agentes
penitenciários.
No atendimento médico e odontológico houve melhora com mais consultas
médicas e foi detectado casos de malária que imediatamente foram resolvidos com
a dedetização, resultando no controle da doença e também teve o Mutirão da Saúde
que atendeu cerca de 492 pessoas presas.
E por último e não menos importante temos o atendimento jurídico dos
presos que é assegurado e realizado através do Projeto de Justiça Itinerante e pelo
trabalho garantido pela manutenção de defensores públicos em constante diálogo
com o Ministério Público e o Judiciário.

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