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4° Grupo

António Joaquim Nhampossa


Cândido Mateus Mefino
Chauque Adelino
Dauce Francisco
Eloísa Ernesto Dacarai

Tema: Agronegócio e conflitos sócio territoriais em Moçambique


Licenciatura em Ensino de Geografia em Habilitação em História

Universidade Púngùe
Manica
2021

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4° Grupo

António Joaquim Nhampossa


Cândido Mateus Mefino
Chauque Adelino
Dauce Francisco
Eloísa Ernesto Dacarai

Tema: Agronegócio e conflitos sócio territoriais em Moçambique

Licenciatura em Ensino de Geografia em Habilitação em História

O trabalho de Geografia Agraria a ser


apresentado ao Departamento de Geociências
e Ambiente como requisito de avaliação
orientado por Docente: Lucas Atanasio
Catsossa

Universidade Púngùe
Manica
2021

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Indice

1.Introdução.................................................................................................................................4

1.2.Objectivos gerais:...................................................................................................................4

1.2.1.Objectivo específicos:.........................................................................................................4

1.3.Metodologias..........................................................................................................................4

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................................5

2.1.AGRONEGÓCIO E CONFLITOS SÓCIO TERRITORIAIS EM MOÇAMBIQUE...........5

3.Visão sistêmica do agronegócio:...............................................................................................6

4.Disputa territorial……………………………………………………………………….7

4.1.O agronegócio e o campesinato.............................................................................................8

5.Conclusão................................................................................................................................11

6.Referencia...............................................................................................................................12

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1.Introdução
O presente trabalho aborda sobre agronegócio e conflitos sócio territoriais em Moçambique.
Conflito territorial entre o agronegócio e o campesinato, de um lado, a classe daqueles que
usam a terra para extrair renda e lucro e produzir dominação política; do outro, a classe dos
camponeses que da terra precisam para viver. O resultado tem sido um território em disputa.
As disputas territoriais entre o campesinato e o agronegócio indicam lógicas divergentes de
organização e produção no campo. Enquanto o camponês desenvolve suas atividades na
propriedade familiar e produz de maneira diversificada para satisfazer suas necessidades
básicas, o capitalista organizado na grande propriedade fundiária, baseada na monocultura
exportadora, vive do lucro, fruto da exploração da força de trabalho. A questão agrária é antes
de outras implicações, um problema territorial. O agronegócio e a agricultura camponesa
disputam territórios em quase todo o mundo. A produção de agroenergia intensificou esta
disputa e criou problemas de abastecimento de alimentos. A procura de novos territórios para
a expansão da agricultura tem hoje uma nova característica.

1.2. Objectivos gerais:


 Compreender o agronegócio e conflitos sócio territoriais em Moçambique

1.2.1.Objectivo específicos:
 Conhecer o agronegócio e conflitos sócio territoriais em Moçambique
 Identificar os agronegócio e conflitos sócio territoriais em Moçambique
 Caracterizar conflitos sócio territoriais

1.3.Metodologias
Para a materialização deste trabalho de pesquisa recorreu-se a várias fontes tais como:
referências bibliográficas e internet, que foram úteis de uma forma objectiva e clara para sua
elaboração.

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2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.AGRONEGÓCIO E CONFLITOS SÓCIO TERRITORIAIS EM MOÇAMBIQUE


SEGUNDO

OLIVEIRA; STEDILE, 2005, p. 32.

O modo do agronegócio, se baseia na grande propriedade, modernizada, quase sem


trabalhadores, usando todo tipo de agrotóxico, monocultura, que não respeita o meio
ambiente. E, de outro lado, a agricultura camponesa, baseada em estabelecimentos agrícolas
familiares, menores, que se dedicam à policultura (produzem vários produtos), que se
dedicam à produção de alimentos, dão trabalho a milhares de pessoas, da família e de fora da
família, que produzem e desenvolvem o mercado local e interno.

Agronegócio também chamado de agribusiness é o conjunto de negócios relacionados à


agricultura e pecuária dentro do ponto de vista econômico. Dividido em três partes: dentro,
antes e depois da porteira. Ou Conjunto de todas as operações e transações envolvidas desde a
fabricação dos insumos agropecuários, das operações de produção nas unidades
agropecuárias, até processamento e distribuição e consumo dos produtos agropecuários "in
natura" ou "industrializados” Criado em Harvad em 1957.

Os territórios do campesinato e os territórios do agronegócio são organizados de formas


distintas, a partir de diferentes relações sociais. Um exemplo importante é que, enquanto o
agronegócio organiza seu território para produção de mercadorias, o grupo de camponeses
organiza seu território, primeiro, para sua existência, precisando desenvolver todas as
dimensões da vida. Esta diferença se expressa na paisagem e pode ser observada nas distintas
formas de organização dos dois territórios. A paisagem do território do agronegócio é
homogênea, enquanto a paisagem do território camponês é heterogênea. A composição
uniforme e geométrica da monocultura se caracteriza pela pouca presença de pessoas no
território, porque sua área está ocupada por mercadoria, que predomina na paisagem. A
mercadoria é a expressão do território do agronegócio. A diversidade dos elementos que
compõem a paisagem do território camponês é caracterizada pela grande presença de pessoa
no território, porque é neste e deste espaço que constroem sua existência, produzindo
alimentos. Homens, mulheres, jovens, meninos e meninas, moradias, produção de
mercadorias, culturas e infra-estrutura social, entre outros, são os componentes da paisagem
dos territórios camponeses (FERNANDES, 2008, p. 285-289).
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3.Visão sistêmica do agronegócio:
Compreender o agronegócio pela visão sistêmica leva a vê-lo como:

 Suprimentos à produção agropecuária;


 Produção agropecuária propriamente dita;
 Transformação;
 Acondicionamento;
 Armazenamento;
 Distribuição;
 Consumo;
 Serviços complementares (publicidade, bolsas de mercadorias, políticas públicas etc.).

O fenómeno de concentração de terras em Moçambique, não é tão novo como parece ser. Pelo
contrário, ele tem as suas raizes históricas, neste caso, a colonização portuguesa. É
importante, destacar que a agricultura moçambicana, foi no período da colonização
portuguesa, organizada e orientada para a produção de produtos tropicais, cujo objetivo era
atender os interesses da metrópole.

4.Disputa territorial

Disputa territorial entre o agronegócio e o campesinato, Paulino e Almeida (2010, p. 58)


constatam: “de um lado, a classe daqueles que usam a terra para extrair renda e lucro e
produzir dominação política; do outro, a classe dos camponeses que da terra precisam para
viver. O resultado tem sido um território em disputa.
As disputas territoriais entre o campesinato e o agronegócio indicam lógicas divergentes de
organização e produção no campo. Enquanto o camponês desenvolve suas atividades na
propriedade familiar e produz de maneira diversificada para satisfazer suas necessidades
básicas, o capitalista organizado na grande propriedade fundiária, baseada na monocultura
exportadora, vive do lucro, fruto da exploração da força de trabalho (BEDUN, 2012, p. 90-
91).

A questão agrária é antes de outras implicações, um problema territorial. O agronegócio e a


agricultura camponesa disputam territórios em quase todo o mundo. A produção de
agroenergia intensificou esta disputa e criou problemas de abastecimento de alimentos. A
procura de novos territórios para a expansão da agricultura tem hoje uma nova característica.

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Empresas e governos de diversos países estão arrendando, comprando, dando em
arrendamento gigantescas áreas de terras.

Ao contrário do que é defendido oficialmente e por alguns analistas sobre os obstáculos ao


desenvolvimento agrário em Moçambique, em especial à pequena e média produção
camponesa, a secção procura mostrar como as condições de produção e reprodução desta
categoria de produção (incluindo dos seus produtores) são afectadas pelas dinâmicas
dominantes da economia descritas na secção anterior. A análise oficial sobre os problemas do
desenvolvimento agrário em Moçambique é frequentemente feita recorrendo à descrição de
um conjunto de obstáculos à melhoria das condições de produção, em particular do «sector
familiar», cuja produção e produtividade são consideradas muito baixas (GdM, 2008, 2011a,
2011b, 2015). Do conjunto de obstáculos ao aumento da produção e produtividade agrícolas
destacam-se a «falta de acesso» a (e uso de) insumos e tecnologias mais avançadas, mercados,
financiamento, infra-estruturas, entre outros. Neste contexto, a melhoria das condições de
produção e, por conseguinte, o aumento da produção e produtividade agrícolas do «sector
familiar» só podem ser possíveis, segundo a análise oficial, promovendo e facilitando o
acesso a estes factores e transformando a agricultura familiar de subsistência numa agricultura
comercial.
Atualmente em Moçambique, é possível ouvir pronomes pessoas do tipo, esse lugar é meu, é
nosso, é daquele(s) e/ou é dele(s), etc. Neste processo, as grandes corporações agrícolas,
sobretudo, do ramo do agronegócio, é que têm sido os principais protagonistas, embora
consuetudinariamente, a terra pertença às comunidades locais, o camponês, conforme a Lei de
Terras 19/97. Os proprietários destas empresas e/ou iniciativas, muitas vezes não são do lugar.
Isto apenas revela uma contradição entre os interesses dos “do lugar” que são, portanto, de
produção de alimentos para a sua sobrevivência, com os dos de fora, que são praticamente de
produção de com modities para exportação. Este cenário é mais notável no Corredor de
Nacala, onde as disputas territoriais e os conflitos pelo uso e aproveitamentos dos recursos
naturais, sobretudo, a terra (e de outros contidos neste território) são cada vez mais intensos,
envolvendo as grandes corporações agrícolas e as comunidades locais. Por exemplo, a
Matharia Empreendimentos, uma das empresas vocacionada na produção da soja, que opera
no Corredor de Nacala, encontra-se em conflito com as comunidades locais, sobretudo, no
distrito de Ribaué, província de Nampula. Esta empresa é proprietária de uma machamba
(campo agrícola), que também é reivindicada pelas comunidades locais.

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A disputa que se verifica neste território, não é apenas pela terra, mas também é pelos
modelos de produção, neste caso, relações não-capitalistas de produção campesinato e
capitalistas agronegócio. O ProSAVANA, tem agudizado estas disuputas territoriais com as
comunidades locais ao longo do Corredor de Nacala.
Oliveira (1996a) assinala que enquanto o agronegócio é pautado no lucro, o principal
objetivo da produção camponesa é a sobrevivência dos membros da família. Sendo assim, a
produção camponesa, primeiro, atende ao consumo direto familiar, como forma de
subsistência imediata. O restante da produção, ou seja, o excedente, é comercializado sob a
forma de mercadoria.
As lutas e resistências travadas pelos camponeses, sobretudo, quando os seus territórios são
invadidos pelo capital, fazem no sentido de salvaguardar, não apenas as suas terras enquanto a
base material e simbólica de existência enquanto povos, mas também todos os saberes e
valores, enfim, o seu “modo de vida” secular acumulado e transmitido de geração em geração.
Neste contexto, o entendimento da questão agrária no Corredor de Nacala, passa
necessariamente por compreender as formas de acesso e controle da terra por parte dos
camponeses como também as relações sociais que aí se estabelecem. A não compreensão dos
aspectos acima arrolados, corre-se o risco de fazer uma interpretação e/ou análise simplista
sobre os camponeses.
Metodologicamente, a pesquisa é de caráter qualitativa, pois visa trazer a história oral de lutas
e resistências travadas pelos camponeses no campo contra a expansão do capital em seus
territórios.
Preconiza também trazer as historicidades produzidas em diferentes temporalidades. Por ser
um estudo de caráter qualitativo, pressupõe um trabalho de campo intenso junto ao chão (o
território) onde vivem e trabalham os sujeitos estudados.
Significa que o pesquisador além de fazer observações in loco dos fenómenos em análise,
participa, interage e vivencia alguns momentos marcantes junto dos sujeitos enfocados.

4.1.O agronegócio e o campesinato


Possuem lógicas de produção e organização distintas. Tal situação gera disputas pelo
território. Destarte, o próximo item será dedicado à análise das disputas territoriais entre o
agronegócio e o campesinato.

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Ao mesmo tempo em que o agronegócio expandiu-se pelo campo Moçambicano, também
houve aumento significativo dos movimentos sociais rurais, em luta pela terra ou por
melhores condições de trabalho.
A ocupação de terras em locais estratégicos, permitiria, por um lado, a especulação em casos
de venda e/ou de arrendamento para quem delas precisa usar, e do outro, alianças com o
capital multinacionais, sobretudo, em casos de haver minerais preciosos de maior valor de
troca no mercado internacional. Estes locais os primeiros palcos de disputas de
terras/territórios entre as famílias camponesas e a classe composta pelas elites frelimistas e os
burocratas da administração pública que autodeclaravam-se dona de terras. Como
consequência direta, surgiram os primeiros focos de conflitos sociais, pois as famílias
camponesas que regressavam para os seus lugares depois do fim da guerra civil, queriam
recuperar as suas terras para delas fazerem usos diversificados, como, por exemplo, a
produção de alimentos para a sua sobrevivência como também para a construção das suas
palhotinhas, mas já teriam sido açambarcadas pelas elites e os burocratas.
A nova classe de capitalistas nacionais que estava na fase embrionária, mostrava-se cada vez
mais poderosa e, em consequência do açambarcamento de terras comunitárias, muitas famílias
camponesas tiveram que migrar forçosamente para outras áreas onde pelo menos haviam
materiais condições (como, por exemplo, caso de existência de terras) para a sua reprodução
social, nalguns casos, em terras marginais. O açambarcamento de terras envolvendo grupos
poderosos da sociedade moçambicana e antigos funcionários do Estado e das empresas
estatais, não ocorreu apenas no regadio de Chókwè. Pelo contrário, em lugares onde famílias
camponesas teriam saído por conta da guerra civil, as terras foram açambarcadas por estes
grupos, registrando-as como suas. É preciso considerar que estes grupos poderosos ligados,
estavam distribuídos em quase todo o território moçambicano, ocupando cargos relevantes
(e/ou de chefia) na administração pública e isto lhes davam o poder de autodeclararem-se
“donos” de enormes parcelas de terras e, esse modus operandi, continua até os dias atuais.
Não foram apenas terras rurais que foram açambarcadas, muito pelo contrário, nas cidades e
vilas, por exemplo, o açambarcamento de terras que pertenciam os camponeses e
comunidades locais, era uma realidade durante as reformas.
Durante as reformas económicas, o açambarcamento de terras tinha como protagonistas do
escândalo, as novas elites frelimistas urbanas e também alguns funcionários e/ou burocratas
do aparelho do Estado que ocupavam cargos de relevo, permitindo-lhes assim, assinar títulos
a seu favor e nalguns casos, de seus familiares e outras pessoas mais próximas. Estes grupos

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poderosos, ocupavam terras em locais estratégicos onde permitiria mais tarde, uma maior
especulação em casos de venda e nalguns casos, próximos das praias.
Como forma de defender os interesses da classe capitalista que estava em formação, criou-se
um mecanismo de controlo político-ideológico dos sujeitos, tanto nas universidades como
fora deste espaço social. Nota-se também a consolidação da milícia digital constituída pelo
G40, um grupo de choque do partido FRELIMO, cuja função é de deturpar as informações e
fomentar ódio, numa altura em que utopicamente se luta pelo alcance da “unidade nacional”.
É importante realçar que os defensores do projecto de formação de um Capitalismo Nacional
dentro da FRELIMO, representavam um grupo de pessoas que não via nenhum problema um
gestor público nomeado por confiança política ser ao mesmo tempo empresário, ou seja,
defensor de interesses próprios. Catsossa (2016).

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5.Conclusão
Chegado ao fim do presente trabalho o grupo concluiu que. Os conflitos e tensões existem à
volta das condições de produção e reprodução agrícola em Moçambique a natureza destes
conflitos e tensões e como se manifestam dentro das variadas formas de produção agrícola
camponesa de pequena (e média) escala é que a análise destes conflitos e tensões é importante
Mais do que oferecer respostas definitivas a estas questões, este artigo foi uma tentativa de
fornecer alguns elementos analíticos que permitissem identificar e compreender a natureza
dos conflitos à volta das condições de produção e reprodução agrícola e a sua manifestação no
contexto da economia de Moçambique.
A posição defendida neste artigo é a de que a natureza dos conflitos e tensões à volta das
condições de produção e reprodução agrícola é parte orgânica dos padrões de acumulação
económica e social e das suas dinâmicas dominantes ao longo da história.
A análise destas dinâmicas, que são determinadas pela natureza das relações entre a pequena e
média produção agrícola camponesa e as várias formas de capital (incluindo agrário) e o
Estado, é central para a sua compreensão. Por sua vez, a sua compreensão permite reflectir
sobre a forma como estas dinâmicas dominantes da economia, nas condições históricas e
sociais de Moçambique, ao afectarem as bases material, técnica e social da produção e
reprodução da pequena agricultura camponesa, estabelecem e/ou consolidam as bases da sua
própria reprodução, expansão e rentabilidade. Estes elementos analíticos, embora não sejam
novos no contexto da economia moçambicana, têm merecido pouca atenção na formulação
de planos e programas de desenvolvimento agrário, em especial para o aumento da produção e
produtividade da pequena produção familiar de subsistência.

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6.Referencia
FINGERMANN, Natália N. Os mitos por trás do ProSAVANA. Informações o
Desenvolvimento, Instituições e Análise Social (IDeIAS), IESE, Maputo, 2013.
SANTOS, Milton. Território e dinheiro. SANTOS, Milton; BECKER, Berta, K. Território,
territórios: ensaios sobre o ordenamento territorial, 3ª ed., 1ª reimp, lamparina, p. 13-21, 2011.
ADECRU & PLASS. Sistemas agro-alimentares em Mutação: os impactos das grandes agro-
investidores sobre o direito à alimentação (estudos de caso em Moçambique), cidade de Cabo,
Harare, Maputo e Lusaka, 2016.
GIRARDI, E. P.; FERNANDES, B. M. Geografia das conflitualidades no campo brasileiro.
In: FERNANDES, B. M.; MEDEIROS, L. S.; PAULILO, M. I. (Orgs.). Lutas camponesas
contemporâneas: condições, dilemas e conquistas. Vol. 2. São Paulo: editora UNESP;
Brasília,DF: Núcleo de estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, 2009, p.339-366.

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