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Cap 4 Eichengreen - Lições da Experiência Recente

❖ A Dificuldade de obter consolidação Fiscal (junto com a expansão econômica)


- Tanto a Argentina quanto a Turquia são exemplos de disciplinas fiscais inadequadas
que geram crise; Era necessário reforçar o equilíbrio fiscal e com esses esforços o
país como a Turquia sai de um déficit primário de 2,5% (2000) de seu PIB para um
superávit de 6,5% (2002), na Argentina os esforços não foram tão notórios isso
devido a condições cíclicas que faziam com que o déficit só aumentasse, isso
porque grandes cortes nos gastos públicos reduzem a demanda agregada o que
leva a um menor crescimento, o que reduz a base tributária frente aos crescentes
juros além de diminuir no passar do tempo o apoio político a medidas austeras que
não mais mostram resultado.
- É necessário uma política de consolidação fiscal que estimule a demanda de
consumo e investimento permitindo a retomada do crescimento econômico, como
ocorrido na Irlanda e na Dinamarca nos anos 80.
- O caso da Irlanda e Dinamarca: primeiramente ambos os países estavam com as
suas finanças em rumos insustentáveis o que faz com que fortes ajustamentos
fiscais por si só já aumentassem a confiança de consumidores e investidores, um
segundo ponto era que ambos os países possuíam orçamentos excessivamente
grandes para os seus governos e foram realizados cortes nos gastos públicos como
medida ao invés de aumentar os impostos, o que teria levado a impactos negativos
na confiança. Um terceiro ponto foi a força dos governos desses países que
possuíam apoio político para sustentar as medidas de ajuste fiscal adotadas. O
quarto e último ponto diz respeito ao impulso inicial necessário dado às exportações
pela desvalorização da moeda nacional, o que dá a moeda nacional tempo para se
recuperar, essa desvalorização foi feita com tamanha credibilidade que não se
perdeu o controle da moeda.
- Visto o exemplo Irlandes e Dinamarques se entende porque o ajuste fiscal foi tão
difícil na Argentina e Turquia, tendo a sua vantagem somente que ambos esses
países se baseiam nos cortes das despesas públicas para equilibrar seu orçamento,
sendo essa uma medida de sucesso para ambos os países.
- A turquia também realizou desvalorizações de sua moeda em 2001 mas para além
disso pouco se segue do exemplo de sucesso citado anteriormente e mais
desvalorizações não foram feitas em virtude da lei de conversibilidade, sendo a
política econômica do país (Turquia) construída ao entorno da manutenção da
âncora cambial, temia se que o abandono da âncora cambial significasse
descredibilizar a competência das políticas públicas. Após o abandono da banda
cambial em 2001 o controle da expectativa sobre a taxa de câmbio se tornou não tão
óbvia. Sendo a recomendação nesses casos a continuidade da reforma por meio do
fortalecimento das instituições fiscais, reduzindo percepções distorcidas de que as
políticas irão fracassar, esse aumento de poder viria com a concessão de maior
poder aos ministros das finanças e primeiro-ministros e também por meio da
eliminação de grandes desequilíbrios fiscais verticais, ou seja entre o governo
federal e suas províncias além de se ter um limite rígido à soma total do déficit.
- Caminhando nesse sentido a Argentina impõe a lei de déficit zero para o governo
federal e a Turquia ampliou sua base tributária e tenta eliminar o uso de fundos
extra-orçamentários, além de tentar suprimir as atividades quase-fiscais dos bancos
estatais e enfrentar os déficits de suas estatais, tendo a privatização como última
opção. Porém, nem a Argentina nem a Turquia foram capazes de inspirar confiança
no mercado, sendo muito otimista pensar que a consolidação fiscal teria efeitos de
expansão econômica.

❖ O Viés da Tolerância Excessiva


- O autor começa por explicar o risco extra que o oferecimento pelo FMI de “pacotes
de salvamento” aos países endividados, que pelo lado dos investidores criava um
risco moral em que esses concediam crédito sem a devida consideração dos riscos
e os países tomadores desses empréstimos passam a tomar medidas mais
arriscadas, tendo os governos uma espécie de seguro parcial contra riscos
financeiros.
- Autoridades recomendaram ao FMI a adoção de medidas mais duras, que a
assistência da instituição fosse concedida somente a países que haviam
previamente tomado providências para fortalecer seus sistemas financeiros,
eliminando desequilíbrios fiscais e abandonando âncoras cambiais, ou que pelo
menos não estivessem sofrendo com os resultados de seus próprios atos. Também
se foi proposto um teto rígido para o tamanho do programa do FMI. De forma geral,
o que se observa é uma administração mais criteriosa do FMI a partir dos meados
dos anos 2000, principalmente para assuntos de assistência multilateral.
- Seguindo essa agenda mais criteriosa, nem a Argentina nem a Turquia seriam
elegíveis para receber auxílio, a Argentina deveria primeiro desvalorizar o peso e
reestruturar a sua dívida e a Turquia não deveria ser ajudada porque não teria feito o
suficiente para sanar o setor bancário e o orçamento. Porém a instituição em muitos
momentos se encontra em situações em que não pode dizer não, isso porque em
parte se temiam o contágio financeiro dessas crises e a Argentina é mais uma vez
ajudada em agosto de 2001.
- Porém apesar do auxílio prestado em agosto o desembolso previsto para dezembro
do mesmo ano foi considerado um desperdício por todos depois de anos de tentativa
se concordava de forma unânime de que o programa do FMI não funcionaria. O fim
do auxílio do FMI a Argentina só chega depois do país por anos utilizar do programa
como uma “bengala” financeira, esgotando suas reservas, além de permitir ao
declínio drástico da sua liquidez bancária e investindo continuamente capital político
em um fracassado esforço de se manter status. Nesses casos como o da Argentina
o programa geraria crise moral tanto para os investidores como para os governos.

❖ Limitações da abordagem catalítica


- Temos a atração de empréstimos privados como uma forma de aliviar a crise de falta
de liquidez de um país, sendo uma abordagem "catalítica" adequada para países
com problemas temporários de liquidez.
- No caso da Argentina e da Turquia se acreditou que se resolvidos os problemas
temporários de falta de liquidez estes estariam comprometidos a realizar os
pagamentos de suas obrigações externas e por isso os organismos financeiros
multilaterais assumiram uma abordagem catalítica e muitos foram os esforços
realizados para catalisar empréstimos privados;
- Porém o que podemos tirar do caso desses dois países é que os mercados
costumam não atingir as expectativas dadas e os investidores costumam esperar
para ver se o compromisso do país com a reforma se mantém antes de investir
dinheiro novo, que tem um grande potencial em uma economia de aumentar a
probabilidade de sucesso. No caso da Turquia, o FMI chegou a expressar seu
descontentamento com o mercado no oferecimento de crédito.

❖ As limitações das linhas de crédito contingente


- Algo que vem da experiência Argentina tem a ver com as linhas privadas de crédito
contingente recomendadas aos países emergentes como uma forma de seguro
contra crises de liquidez. Em um cenário em que nenhum investidor quer ser o
primeiro a emprestar dinheiro novo a solução seria a contratação desse dinheiro de
uma forma antecipada, porém em um cenário de crise as contrapartes do governo
não querem emprestar. No caso da Argentina, bancos que haviam concedido
empréstimos nessa linha de crédito desfizeram os seus acordos nos menores sinais
de deterioração, momento em que essas linhas de crédito eram mais essenciais.
- No auge da crise argentina em 2001 o governo recorre às suas linhas de crédito de
forma que os bancos compravam títulos da dívida argentina abrindo linhas de crédito
correspondentes, esses títulos seriam comprados pelo governo posteriormente.
Porém muitos desses títulos haviam sido retirados do mercado por conta da troca da
dívida efetuada anteriormente em 2001, acreditasse que o governo na época achou
pouco provável o uso dessas linhas de crédito.

SLIDES

❖ O Viés da Tolerância Excessiva


- Crítica ao oferecimento de “pacotes de salvamento” aos países endividados de
forma que eram criados para ambos os lados riscos morais; do lado dos investidores
esses passam a conceder crédito sem realmente analisar os riscos e pelo lado dos
tomadores desses empréstimos passam a tomar medidas mais arriscadas
- Apoio do FMI como uma espécie de seguro parcial contra riscos financeiros
- Nessa época foi recomendado ao FMI a adoção de medidas mais duras, em que
deveriam ser apoiados somente os países que estivessem demonstrando empenho
em mudar a sua situação; foi se falado também a respeito de um teto rígido para o
tamanho do programa do FMI.
- Apesar da administração mais rígida do FMI a partir dos anos 2000 o que se
observa é que a instituição por vezes fica sem escapatória pq segundo essa lógica
nem a Argentina nem a Turquia teriam conseguido continuar com o seu auxílio
porém o medo do contágio financeiro fez com que em agosto de 2001 a Argentina
fosse mais uma vez ajudada mas a próxima remessa de dezembro já foi
descontinuada sendo considerada por todos um desperdício, se concordava de
forma unânime de que o programa do FMI não funcionaria.

❖ Limitações da abordagem catalítica


- Nesta secção de seu texto o autor faz um apontamento a respeito de como em
situações de temporária iliquidez uma abordagem catalítica de abertura de linhas de
crédito por bancos privados seria ideal, e no momento acreditava se que se
resolvidos os problemas supostamente temporários de liquidez da Argentina e da
Turquia que estes teriam o compromisso de realizar os pagamentos de suas
obrigações externas
- Porém o que podemos tirar do caso desses dois países é que os mercados
costumam não atingir as expectativas dadas e os investidores costumam esperar
para ver se o compromisso do país com a reforma se mantém antes de investir
dinheiro novo, que tem um grande potencial em uma economia de aumentar a
probabilidade de sucesso. No caso da Turquia, o FMI chegou a expressar seu
descontentamento com o mercado no oferecimento de crédito.

❖ As limitações das linhas de crédito contingente


- A respeito das linhas de crédito contingentes esta era uma medida recomendada
aos países emergentes como uma forma de seguro contra crises de liquidez e seria
uma alternativa para situações em que ninguém quer ser o primeiro a emprestar
podendo essas linhas de crédito ser contratadas com antecedência porém o cenário
de crise ninguém quer emprestar mesmo. Na Argentina bancos que haviam
concedido empréstimos nessa linha de crédito desfizeram os seus acordos nos
menores sinais de deterioração, momento em que essas linhas de crédito eram mais
essenciais. A Argentina no auge da crise chegou a recorrer às suas linhas de
crédito de forma que os bancos compravam títulos da dívida argentina abrindo linhas
de crédito correspondentes, esses títulos seriam comprados pelo governo
posteriormente. Porém muitos desses títulos haviam sido retirados do mercado por
conta da troca da dívida efetuada anteriormente em 2001, acreditasse que o
governo na época achou pouco provável o uso dessas linhas de crédito.

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