1) O documento discute as lições da experiência recente de consolidação fiscal em países como Argentina e Turquia, destacando a dificuldade em obter equilíbrio fiscal e crescimento econômico simultâneos.
2) Analisa o viés de tolerância excessiva do FMI em continuar apoiando países sem as reformas necessárias, gerando riscos morais.
3) Aponta limitações da abordagem de atrair empréstimos privados e das linhas de crédito contingente em situações de crise, quando os investidores não querem
1) O documento discute as lições da experiência recente de consolidação fiscal em países como Argentina e Turquia, destacando a dificuldade em obter equilíbrio fiscal e crescimento econômico simultâneos.
2) Analisa o viés de tolerância excessiva do FMI em continuar apoiando países sem as reformas necessárias, gerando riscos morais.
3) Aponta limitações da abordagem de atrair empréstimos privados e das linhas de crédito contingente em situações de crise, quando os investidores não querem
1) O documento discute as lições da experiência recente de consolidação fiscal em países como Argentina e Turquia, destacando a dificuldade em obter equilíbrio fiscal e crescimento econômico simultâneos.
2) Analisa o viés de tolerância excessiva do FMI em continuar apoiando países sem as reformas necessárias, gerando riscos morais.
3) Aponta limitações da abordagem de atrair empréstimos privados e das linhas de crédito contingente em situações de crise, quando os investidores não querem
❖ A Dificuldade de obter consolidação Fiscal (junto com a expansão econômica)
- Tanto a Argentina quanto a Turquia são exemplos de disciplinas fiscais inadequadas que geram crise; Era necessário reforçar o equilíbrio fiscal e com esses esforços o país como a Turquia sai de um déficit primário de 2,5% (2000) de seu PIB para um superávit de 6,5% (2002), na Argentina os esforços não foram tão notórios isso devido a condições cíclicas que faziam com que o déficit só aumentasse, isso porque grandes cortes nos gastos públicos reduzem a demanda agregada o que leva a um menor crescimento, o que reduz a base tributária frente aos crescentes juros além de diminuir no passar do tempo o apoio político a medidas austeras que não mais mostram resultado. - É necessário uma política de consolidação fiscal que estimule a demanda de consumo e investimento permitindo a retomada do crescimento econômico, como ocorrido na Irlanda e na Dinamarca nos anos 80. - O caso da Irlanda e Dinamarca: primeiramente ambos os países estavam com as suas finanças em rumos insustentáveis o que faz com que fortes ajustamentos fiscais por si só já aumentassem a confiança de consumidores e investidores, um segundo ponto era que ambos os países possuíam orçamentos excessivamente grandes para os seus governos e foram realizados cortes nos gastos públicos como medida ao invés de aumentar os impostos, o que teria levado a impactos negativos na confiança. Um terceiro ponto foi a força dos governos desses países que possuíam apoio político para sustentar as medidas de ajuste fiscal adotadas. O quarto e último ponto diz respeito ao impulso inicial necessário dado às exportações pela desvalorização da moeda nacional, o que dá a moeda nacional tempo para se recuperar, essa desvalorização foi feita com tamanha credibilidade que não se perdeu o controle da moeda. - Visto o exemplo Irlandes e Dinamarques se entende porque o ajuste fiscal foi tão difícil na Argentina e Turquia, tendo a sua vantagem somente que ambos esses países se baseiam nos cortes das despesas públicas para equilibrar seu orçamento, sendo essa uma medida de sucesso para ambos os países. - A turquia também realizou desvalorizações de sua moeda em 2001 mas para além disso pouco se segue do exemplo de sucesso citado anteriormente e mais desvalorizações não foram feitas em virtude da lei de conversibilidade, sendo a política econômica do país (Turquia) construída ao entorno da manutenção da âncora cambial, temia se que o abandono da âncora cambial significasse descredibilizar a competência das políticas públicas. Após o abandono da banda cambial em 2001 o controle da expectativa sobre a taxa de câmbio se tornou não tão óbvia. Sendo a recomendação nesses casos a continuidade da reforma por meio do fortalecimento das instituições fiscais, reduzindo percepções distorcidas de que as políticas irão fracassar, esse aumento de poder viria com a concessão de maior poder aos ministros das finanças e primeiro-ministros e também por meio da eliminação de grandes desequilíbrios fiscais verticais, ou seja entre o governo federal e suas províncias além de se ter um limite rígido à soma total do déficit. - Caminhando nesse sentido a Argentina impõe a lei de déficit zero para o governo federal e a Turquia ampliou sua base tributária e tenta eliminar o uso de fundos extra-orçamentários, além de tentar suprimir as atividades quase-fiscais dos bancos estatais e enfrentar os déficits de suas estatais, tendo a privatização como última opção. Porém, nem a Argentina nem a Turquia foram capazes de inspirar confiança no mercado, sendo muito otimista pensar que a consolidação fiscal teria efeitos de expansão econômica.
❖ O Viés da Tolerância Excessiva
- O autor começa por explicar o risco extra que o oferecimento pelo FMI de “pacotes de salvamento” aos países endividados, que pelo lado dos investidores criava um risco moral em que esses concediam crédito sem a devida consideração dos riscos e os países tomadores desses empréstimos passam a tomar medidas mais arriscadas, tendo os governos uma espécie de seguro parcial contra riscos financeiros. - Autoridades recomendaram ao FMI a adoção de medidas mais duras, que a assistência da instituição fosse concedida somente a países que haviam previamente tomado providências para fortalecer seus sistemas financeiros, eliminando desequilíbrios fiscais e abandonando âncoras cambiais, ou que pelo menos não estivessem sofrendo com os resultados de seus próprios atos. Também se foi proposto um teto rígido para o tamanho do programa do FMI. De forma geral, o que se observa é uma administração mais criteriosa do FMI a partir dos meados dos anos 2000, principalmente para assuntos de assistência multilateral. - Seguindo essa agenda mais criteriosa, nem a Argentina nem a Turquia seriam elegíveis para receber auxílio, a Argentina deveria primeiro desvalorizar o peso e reestruturar a sua dívida e a Turquia não deveria ser ajudada porque não teria feito o suficiente para sanar o setor bancário e o orçamento. Porém a instituição em muitos momentos se encontra em situações em que não pode dizer não, isso porque em parte se temiam o contágio financeiro dessas crises e a Argentina é mais uma vez ajudada em agosto de 2001. - Porém apesar do auxílio prestado em agosto o desembolso previsto para dezembro do mesmo ano foi considerado um desperdício por todos depois de anos de tentativa se concordava de forma unânime de que o programa do FMI não funcionaria. O fim do auxílio do FMI a Argentina só chega depois do país por anos utilizar do programa como uma “bengala” financeira, esgotando suas reservas, além de permitir ao declínio drástico da sua liquidez bancária e investindo continuamente capital político em um fracassado esforço de se manter status. Nesses casos como o da Argentina o programa geraria crise moral tanto para os investidores como para os governos.
❖ Limitações da abordagem catalítica
- Temos a atração de empréstimos privados como uma forma de aliviar a crise de falta de liquidez de um país, sendo uma abordagem "catalítica" adequada para países com problemas temporários de liquidez. - No caso da Argentina e da Turquia se acreditou que se resolvidos os problemas temporários de falta de liquidez estes estariam comprometidos a realizar os pagamentos de suas obrigações externas e por isso os organismos financeiros multilaterais assumiram uma abordagem catalítica e muitos foram os esforços realizados para catalisar empréstimos privados; - Porém o que podemos tirar do caso desses dois países é que os mercados costumam não atingir as expectativas dadas e os investidores costumam esperar para ver se o compromisso do país com a reforma se mantém antes de investir dinheiro novo, que tem um grande potencial em uma economia de aumentar a probabilidade de sucesso. No caso da Turquia, o FMI chegou a expressar seu descontentamento com o mercado no oferecimento de crédito.
❖ As limitações das linhas de crédito contingente
- Algo que vem da experiência Argentina tem a ver com as linhas privadas de crédito contingente recomendadas aos países emergentes como uma forma de seguro contra crises de liquidez. Em um cenário em que nenhum investidor quer ser o primeiro a emprestar dinheiro novo a solução seria a contratação desse dinheiro de uma forma antecipada, porém em um cenário de crise as contrapartes do governo não querem emprestar. No caso da Argentina, bancos que haviam concedido empréstimos nessa linha de crédito desfizeram os seus acordos nos menores sinais de deterioração, momento em que essas linhas de crédito eram mais essenciais. - No auge da crise argentina em 2001 o governo recorre às suas linhas de crédito de forma que os bancos compravam títulos da dívida argentina abrindo linhas de crédito correspondentes, esses títulos seriam comprados pelo governo posteriormente. Porém muitos desses títulos haviam sido retirados do mercado por conta da troca da dívida efetuada anteriormente em 2001, acreditasse que o governo na época achou pouco provável o uso dessas linhas de crédito.
SLIDES
❖ O Viés da Tolerância Excessiva
- Crítica ao oferecimento de “pacotes de salvamento” aos países endividados de forma que eram criados para ambos os lados riscos morais; do lado dos investidores esses passam a conceder crédito sem realmente analisar os riscos e pelo lado dos tomadores desses empréstimos passam a tomar medidas mais arriscadas - Apoio do FMI como uma espécie de seguro parcial contra riscos financeiros - Nessa época foi recomendado ao FMI a adoção de medidas mais duras, em que deveriam ser apoiados somente os países que estivessem demonstrando empenho em mudar a sua situação; foi se falado também a respeito de um teto rígido para o tamanho do programa do FMI. - Apesar da administração mais rígida do FMI a partir dos anos 2000 o que se observa é que a instituição por vezes fica sem escapatória pq segundo essa lógica nem a Argentina nem a Turquia teriam conseguido continuar com o seu auxílio porém o medo do contágio financeiro fez com que em agosto de 2001 a Argentina fosse mais uma vez ajudada mas a próxima remessa de dezembro já foi descontinuada sendo considerada por todos um desperdício, se concordava de forma unânime de que o programa do FMI não funcionaria.
❖ Limitações da abordagem catalítica
- Nesta secção de seu texto o autor faz um apontamento a respeito de como em situações de temporária iliquidez uma abordagem catalítica de abertura de linhas de crédito por bancos privados seria ideal, e no momento acreditava se que se resolvidos os problemas supostamente temporários de liquidez da Argentina e da Turquia que estes teriam o compromisso de realizar os pagamentos de suas obrigações externas - Porém o que podemos tirar do caso desses dois países é que os mercados costumam não atingir as expectativas dadas e os investidores costumam esperar para ver se o compromisso do país com a reforma se mantém antes de investir dinheiro novo, que tem um grande potencial em uma economia de aumentar a probabilidade de sucesso. No caso da Turquia, o FMI chegou a expressar seu descontentamento com o mercado no oferecimento de crédito.
❖ As limitações das linhas de crédito contingente
- A respeito das linhas de crédito contingentes esta era uma medida recomendada aos países emergentes como uma forma de seguro contra crises de liquidez e seria uma alternativa para situações em que ninguém quer ser o primeiro a emprestar podendo essas linhas de crédito ser contratadas com antecedência porém o cenário de crise ninguém quer emprestar mesmo. Na Argentina bancos que haviam concedido empréstimos nessa linha de crédito desfizeram os seus acordos nos menores sinais de deterioração, momento em que essas linhas de crédito eram mais essenciais. A Argentina no auge da crise chegou a recorrer às suas linhas de crédito de forma que os bancos compravam títulos da dívida argentina abrindo linhas de crédito correspondentes, esses títulos seriam comprados pelo governo posteriormente. Porém muitos desses títulos haviam sido retirados do mercado por conta da troca da dívida efetuada anteriormente em 2001, acreditasse que o governo na época achou pouco provável o uso dessas linhas de crédito.