Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas do Século 20, as igrejas evangélicas foram tomadas por uma
teologia que acabou por substituir a verdadeira adoração a Deus por um espírito meramente
comercial. Referimo-nos à pervertida e ímpia Teologia da Prosperidade.
Esse arremedo de doutrina levou os fiéis a inverterem os mais caros valores de sua fé:
o mais importante, agora, para milhões de filhos de Deus não é o ser; e, sim: o ter. Dessa forma,
as pessoas, em nossas igrejas, começaram a ser julgadas não pelo que eram, mas pelo que
tinham. Desse modo foi o patriarca Jó avaliado por seu amigo Bildade que, nesta lição, representa
a Teologia da Prosperidade.
Se Bildade viveu num período anterior ao patriarca Abraão, como acreditamos, que
exemplo poderia ele apresentar dos antigos, para que a sua doutrina fosse devidamente
justificada?
1. A prosperidade material. De acordo com a História Sagrada, os ímpios vêm
prosperando materialmente muito mais do que os justos (Sl 73.1-10). O que dizer da civilização
inaugurada pelo homicida Caim? A cidade por ele fundada era, tecnologicamente, avançadíssima
(Gn 4.17-22). Enquanto isso, nem notícia temos do progresso alcançado pelos filhos do piedoso
Sete. Que riquezas lograra Enoque? Ou Noé? Ou ainda Sem? Enquanto isso, iam os
descendentes do indecoroso e irreverente Cão fundando grandes impérios: Líbia, Egito, Etiópia e
os domínios de Canaã (Gn 10.1-20).
2. As provações dos justos. A História Sagrada, no registro dos fatos que ocorreram
após a era de Bildade, fala de alguns homens que, apesar de sua comprovada e singular piedade,
foram submetidos às piores agruras. Se Abraão, Isaque e Jacó foram abençoados com grandes
riquezas, José foi vendido como escravo, e como escravo viu-se constrangido às mais inumanas
humilhações (Gn 37.26-36). Elias, Amós e Lázaro vivenciaram necessidades básicas. O primeiro
viu-se na contingência de nutrir-se do que lhe traziam os corvos (1 Rs 17.5-7). O segundo, como
boieiro, alimentava-se de sicômoros (Am 7.14). E o terceiro, além da extrema pobreza, fora coberto
por uma terrível chaga; e, assim, abandonado por todos, comia das migalhas que caíam da mesa
do rico (Lc 16.20-25).
3. A evidência de uma vida piedosa. Não quero, com isso, ressaltar a pobreza como
evidência de uma vida plena de Deus, como não o é também a riqueza. Pois, se nas Sagradas
Escrituras há ricos piedosos, há também pobres incrédulos e nada tementes a Deus.
Temos de agir com equilíbrio e discernimento, pois os extremismos teológicos, quer à
esquerda, quer à direita da Bíblia, são nocivos. Logo: que ninguém seja julgado pelo que tem, mas
pelo que é (Mt 5.16; 1 Tm 5.25; Tg 1.26,27). Quer Deus nos conceda riquezas, quer nos deixe
experimentar necessidades, tenhamos sempre em mente que Ele é soberano e, como tal, sabe
tratar com seus filhos (Jr 18.1-6). Habacuque e Paulo sabiam viver na abundância, e não se
perturbavam na privação (Hc 3.17-19; Fp 4.10-13).
1. A teologia da miséria. Não queremos urdir uma teologia da miséria, como se esta
fosse suficiente para conduzir-nos aos céus. Se o fizermos, cairemos nas mesmas heresias
daqueles monges que, com os seus votos de pobreza, supunham ter já conseguido a riqueza
celeste. Assim como há ricos piedosos, e Jó, entre todos os ricos, pontificava por sua singular
integridade, há também pobres ímpios e inimigos de Deus - e não são poucos!
CONCLUSÃO