Você está na página 1de 5

Arthur Gonçalves Spada – RA n.

º 0023202 - FESPSP

Relatório do VIII Seminário de Pesquisa da FESPSP

GT Escolhido: GT5 – Inovação e Mercado de Trabalho em Gestão da Informação –


Mesa 02 – 29/10 – Terça Feira – Noite.

Trabalhos apresentados:

1 - “Serviço de referência e informação nas bibliotecas universitárias em saúde:


uma análise das instituições paulistanas.” Ana Carolina Souto Maior Bernini

2 - “O papel da biblioteca no desenvolvimento local: uma perspectiva envolvendo


a região do Distrito Jardim Helena em São Paulo.” Débora Vieira Rodrigues

3 - "Leitura Liberta: análise exploratória de um projeto de promoção à leitura na


Penitenciária Feminina do Butantã." Nicole Raissa Costa Oliveira

4 - “O bibliotecário clínico na gestão da informação na área da saúde.” Leonardo


Adriano Ragacini

Trabalhos apresentados: Síntese, objetivos e críticas.

O trabalho 1 partiu do pressuposto de que o universitário é sobrecarregado de


informações, o que pode contribuir para diminuir seu poder de decisão, sua performance
acadêmica e aumentar o seu stress e ansiedade. A vista disso, buscou analisar quem seria o
responsável por minorar os problemas relacionados a sobrecarga de informações, tendo
encontrado na biblioteca universitária esse papel e, mais ainda, avistando no serviço de
referência a espinha dorsal daquela.

Por meio de um questionário semiestruturado, a pesquisa pretendia identificar se os


bibliotecários tinham noção do papel que deveriam desempenhar e se davam suporte ao público
alvo da biblioteca. As hipóteses levantadas no trabalho eram de que a biblioteca universitária
na área de saúde tem noção desse papel e estrutura para isso, bem como que contribuiriam para
minorar as dificuldades enfrentadas pelos estudantes.

As conclusões foram afetadas pelo baixo retorno de resposta dos questionários, isso
porque, de 20 enviados por e-mail para bibliotecas universitárias na área da saúde, apenas 2
foram respondidos, não obstante, manteve-se a pesquisa, uma vez que teriam servido para
Arthur Gonçalves Spada – RA n.º 0023202 - FESPSP

mostrar que os bibliotecários tem noção de seu papel e que eles compreendem ser necessários
para gerir o excesso de informações, mas que há necessidade de melhora dos espaços e de
comunicação. Os resultados foram parciais, pois serviram para analisar a percepção do
bibliotecário, mas não para compreender o nível de preparo.

As únicas manifestações feitas acerca deste trabalho foram dirigidas pelas


coordenadoras do GT, que ressaltaram que poderia ter se pensado em alternativas para o baixo
índice de retorno dos questionários, como o acesso a entidades associativas de bibliotecários,
que tivessem contribuído para assegurar o retorno das respostas. Além disso, sobretudo em
função do trabalho 4, que tratou do bibliotecário clínico, cuja profissão é nova no Brasil, houve
a comparação de como esse trabalho se foca num perfil de um bibliotecário em extinção.

O trabalho 2 analisou a biblioteca do instituto Alana, localizada na periferia da região


leste de São Paulo, numa área de habitação precária. A pesquisadora buscava compreender o
que seria desenvolvimento local e melhora da qualidade de vida, e qual seria o papel da
biblioteca para isso. Além disso, buscou analisar a transformação da biblioteca ao longo do
tempo e o empoderamento das pessoas da região em função de sua existência.

Este trabalho, por falta de tempo de pesquisa, não se constituiu de um estudo de caso,
mas de um relato de experiência, que mostrou como a biblioteca mudou ao longo do tempo,
passando de um espaço de apenas empréstimo de livros, para um centro de sociabilidade,
através também da promoção de mostras culturais e artísticas, sobretudo motivada pela
mudança de postura do Instituto Alana. O trabalho constatou, ainda, a mudança do público
atendido, que não somente aqueles mais próximos, mas passou a ser frequentado por pessoas
de outras regiões.

Esse trabalho, fruto de iniciação cientifica, foi elogiado pelas coordenadoras do GT, que
evidenciaram a importância da biblioteconomia social, e o potencial de transformação que o
profissional pode levar para a sociedade na qual se insere. Foram feitas algumas sugestões em
razão da pouca literatura sobre biblioteconomia social, sendo recomendado a utilização de
autores que falam da “nova biblioteconomia”, defendendo que a biblioteca faz parte da
infraestrutura social, além de ser sugerido adensar o trabalho a partir da agenda 20/30 da ONU
sobre cidades sustentáveis e o papel da biblioteca para tanto.

O trabalho 3 tinha como objetivo compreender o papel da biblioteca dentro do cárcere,


sobretudo em função do que dispõe o código de ética da profissão acerca do desenvolvimento
social e humano. Pretendia-se conhecer a biblioteca e o seu papel no projeto “Leitura Liberta”,
Arthur Gonçalves Spada – RA n.º 0023202 - FESPSP

desenvolvido na penitenciária feminina do Butantã, e a opinião das detentas sobre ele. Buscou-
se especialmente um presidio feminino em razão da condição da mulher, posto além de esta
estar submetida a uma lógica patriarcal, assim como a mulher em liberdade, também está
inserida num sistema punitivo criado por homens e para homens.

Esse trabalho identificou que os livros não podem sair da biblioteca e que não há um
profissional especializado para sua manutenção, mas o trabalho é exercido por uma detenta.
Além disso, o projeto somente é possível em função de se tratar de um presídio de regime
semiaberto, uma vez que o controle e restrições no regime fechado são muito maiores. Não se
permitiu que as presas fossem entrevistadas ou respondessem a questionários.

O trabalho concluiu pela importância de ações de responsabilidade social e de cunho


cultural que podem ser desenvolvidas pelos bibliotecários, mas ao mesmo tempo percebeu-se a
dificuldade de acessar certos ambientes onde essas ações seriam de extrema importância.

Este trabalho, que também é fruto de iniciação científica, recebeu os mesmos


comentários que o trabalho 2 quanto a utilização da agenda 20/30 da ONU, sendo para esse
destacado que a dificuldade de inserção para a pesquisa poderia comprometer os resultados do
trabalho, o que deve ser levado em conta pelo pesquisador antes de iniciar sua pesquisa. Além
disso, em função de a pesquisadora ter dito durante a apresentação de que não gostaria de partir
para uma análise à luz da sociologia, foi criticada em função de esse trabalho ser uma expressão
da ciência social aplicada, sendo impossível o tema não ser relacionado com a sociologia.

O trabalho 4 tratou do bibliotecário clínico, que é aquele profissional que atua na área
da saúde e não é responsável pelas funções técnicas do bibliotecário, mas atua como uma
espécie de parecerista, ao sistematizar informações, estudos e análises, para contribuir na
definição da estratégia médica a ser adotada. O trabalho mostra que essa área da
biblioteconomia ainda não se desenvolveu a contento no Brasil, sendo trazidos profissionais de
outros países para atender a demanda interna, ao contrário de capacitar aqueles que já trabalham
na área, mas têm se tornado obsoletos (durante as críticas, foi feito uma retomada do trabalho
1, visto que aquele tratava de bibliotecas universitárias na área de saúde).

Esse trabalho, mostrou como a atuação desse profissional pode modificar a situação de
uma localidade ao mostrar a diminuição nas taxas de aborto espontâneo no interior do nordeste
do Brasil, após a atuação de uma equipe de bibliotecários clínicos, que estudaram o problema
da região de definiram as estratégias a serem adotadas pelos médicos da região.
Arthur Gonçalves Spada – RA n.º 0023202 - FESPSP

O trabalho mostrou como esse profissional consegue visualizar o resultado de sua ação
e como se trata de área de alta especialização e carente de profissionais.

Durante os comentários, este foi bastante elogiado por trazer tema inovador e ainda
pouco estudado no Brasil, sendo sugerido ao pesquisador que fizesse contato com o Conselho
Regional de Biblioteconomia para buscar a criação de um grupo de discussão de profissionais
dessa área, já que existira apenas o grupo dos bibliotecários jurídicos.

Impressões Gerais dos Trabalhos.

A escolha por acompanhar um GT não relacionado a área mais próxima ao curso de


ciência política decorreu por questão de agenda de horário, em que pese tenha servido como
desafio para compreender debates nas ciências humanas que por vezes são ignorados enquanto
discente de área afastada.

Nesse sentido, chamou atenção a informação de existir pouca literatura acerca da


biblioteconomia social, o que impactou os trabalhos 2 e 3, em que pese a importância do tema
e a sua pertinência para desenvolvimento de uma sociedade mais igualitária e que permita a
emancipação social. Esses trabalhos despertaram meu interesse em função da necessidade de
um compromisso do bibliotecário com o desenvolvimento social, para além de uma atividade
meramente técnica e mecânica, somada a inserção das pesquisadoras em ambientes profícuos
para estudo e análise acadêmica, ainda durante a graduação (biblioteca em área carente e no
cárcere).

Por outro lado, o trabalho 4, em que pese tenha sido bastante elogiado pelas
coordenadoras do GT, não permitiu a identificação de uma pergunta de pesquisa clara, mas
pareceu aproximar-se de uma apresentação de uma área profissional, o que se coaduna com o
comentário feito acerca da possibilidade de criação de um grupo no conselho profissional da
categoria. A existência desse profissional, todavia, despertou meu interesse dado o
desconhecimento de sua existência.

Com relação ao trabalho 1, chamou a atenção a insistência da pesquisadora na


metodologia, a despeito do pouco retorno dos questionários enviados, sem tenha se pretendido
buscar outras alternativas que garantissem o melhor desenvolvimento da pesquisa. O tema em
si, pouco interesse despertou.
Arthur Gonçalves Spada – RA n.º 0023202 - FESPSP

Impressões gerais acerca de assistir um GT.

Chamou atenção a pluralidade da trajetória acadêmica dos pesquisadores, pois não só


haviam aquelas em fase de graduação (2 e 3) como especialista (4) e uma pesquisadora com
maior titulação (1). Por outro lado, não houve debates no GT escolhido, uma vez que os
trabalhos foram apenas comentados pelas coordenadoras, sem que fossem feitas objeções,
contraposições ou quaisquer comentários contundentes que conduzissem a um debate
consistente. Como exemplo, as críticas ao trabalho 1, quanto ao baixo retorno dos questionários,
teve apenas uma concordância da pesquisadora, e não uma defesa maior acerca da manutenção
dessa metodologia. Os pesquisadores não conversaram entre si e tampouco as pessoas presentes
– que não passaram de três, além daqueles que apresentaram. Destaca-se, que para esse
momento a sala foi organizada em roda, onde todos estiveram em condições de igualdade, mas
ninguém optou por comentar, o que frustrou o objetivo maior ao acompanhar um GT. Esse fato
parece ter sido agravado em função de ter sido apresentado um trabalho a mais do que o previsto
inicial, o que motivou o término do GT pelas coordenadoras pouco após os seus comentários
finais. Houve um clima de companheirismo no GT que não me era esperado, já que achei que
encontraria um ambiente mais hostil.

Por outro lado, foi interessante ver sugestões para além da mera utilização da pesquisa,
mas relacionadas a eventual troca de contatos, sugestões de trabalho profissional e outras
interações as quais eu presumia não existir, por fugirem do trato meramente acadêmico.

Você também pode gostar