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de Gênero
Iran Melo
VIII Seminário Corpo, Gênero e
Sexualidade
IV Seminário Internacional Corpo, Gênero
e Sexualidade
IV Luso-Brasileiro Educação em
Sexualidade, Gênero, Saúde e
Sustentabilidade
Linguagem Inclusiva de Gênero
Universidades-sede: Parcerias
- Universidade Federal Rural de Pernambuco - Universidade de São Paulo - USP
(UEADTec, Letras, Progel) - Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
- Universidade Federal de Pernambuco - Columbia University - EUA
(PPGL, NLGBT) - Universidad de Buenos Aires - Argentina
Linguagem Inclusiva de Gênero
- Cataloga grupos e eventos acadêmicos, bem como pesquisas e publicações científicas, no Brasil,
sobre a linguagem inclusiva de gênero.
- Inspeciona práticas de proibicionismo do Estado (projetos de lei, decretos e ações de ordem
jurídica) em relação ao uso e à menção à linguagem não-binária de gênero no Brasil.
- Cataloga obras de arte, artistas e produtos do campo do entretenimento que mobilizam
linguagem inclusiva de gênero no Brasil.
- Constrói uma rede de coletivos a(r)tivistas que articulam linguagem inclusiva de gênero no Brasil.a
PESQUISA - Deixe a minha língua lamber o que quiser: linguagem disruptiva de gênero no Brasil
Portaria – Governo Federal “A linguagem neutra seria uma não-linguagem e estaria destruindo os materiais
Vedação de uso da LNB em em linguísticos necessários para a manutenção e difusão da cultura. O uso de signos
projetos financiados pela lei nº ininteligíveis, cujo objetivo é a mera bandeira ideológica, impede a fruição da cultura
8.313/91(Lei Rouanet). e seus produtos, pois interrompe o processo de comunicação da língua [...]” (fala,
28/10/21 pelo Twitter, de André Porciúncula – Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à
Cultura).
Circular do Ministério da
Educação Nacional, Juventude e “A linguagem inclusiva é contraproducente para a luta por igualdade de gênero, pois
Desportos – Governo Francês apaga as marcas de feminino que dão representação à mulher, assim como
Oposição à linguagem inclusiva atrapalha o aprendizado dos alunos e prejudica as pessoas com deficiência mental.”
em textos acadêmicos e oficiais.
Linguagem Inclusiva de Gênero
HETERONORMATIVIDADE
Sexo Masculino Gênero Masculino Heterossexualidade Atividade sexual
(cromossomo XY) (Homem cisgênero)
HETEROSSEXUALIDADE CISSEXUALIDADE
COMPULSÓRIA
CISNORMATIVIDADE
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DISRUPÇÃO BINÁRIA Início no Brasil – anos 1980 Feminismo CIS Ø Masculino genérico
1. Convencional
“Brasileiros e brasileiras”
TIPO 1:
- DÍADE LEXICAL (Díade):
Bom dia a todos e todas
Bom dia a todas e todos (Tópico Disruptivo)
Onde aparece?
Comum, Educação, Movimentos Sociais, Direitos Humanos. “É redundante”
Como usar?
“Professores e professoras protestam contra precárias condições de escolas” (título de uma notícia).
Correferência:
- “Eles e elas...”
- “o movimento de docentes” (veremos depois que esse modo é não binário também)
- “Iles” (vamos ver depois esse modo)
- Uso pontual no texto (vocativo de um e-mail, fecho de um ofício, cumprimento de uma palestra...)
Linguagem Inclusiva de Gênero
1. Convencional
TIPO 2:
- VISIBILIDADE DA MULHER (Visibilidade): Dilma Rousseff
Palavras que existem ou que criamos no feminino gramatical
Presidenta
Bacharela
Mestra
Onde aparece?
Academia, Movimentos Sociais, Política Cristina Kirchner
Pilar del Río
Como usar?
“Conferimos o título de mestra a Maria José...” (numa ata de defesa de dissertação de mestrado).
- Se você não usar uma palavra reconhecida oficialmente, seu direito de criar (neologismo) é legítimo.
- Informe a criação (nota de rodapé, paráfrase), mas, ao mesmo tempo, não subestime a capacidade
que a outra pessoa tem de inferir seu neologismo.
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Ø Masculino genérico
DISRUPÇÃO NÃO BINÁRIA Início no Brasil – anos 1990 Coletivos trans e nb
Ø Duonormatividade
1. Convencional
TIPO 1: Ainda que os usos já incorporados sejam mais passáveis
- NOMES JÁ INCORPORADOS NA LÍNGUA: linguisticamente, quando usados em textos longos, a
Substantivos uniformes disrupção fica perceptível pela ausência da binariedade de
gênero gramatical.
Estudante (nome comum de dois gêneros)
Criança (nome sobrecomum)
Pessoa (hiperônimo)
Usado comumente para ter maior passabilidade linguística.
Muitos textos oficiais e formais (Direito, Ciência, Academia...) têm usado este tipo.
Como usar?
Este tipo não desafia os padrões linguísticos. Este tipo ocupa a primeira
Ele pode ser usado com grande desenvoltura na fala. camada de possibilidade textual
Note que eu estou usando com frequência aqui e agora. da linguagem não-binária que
mostrarei mais adiante.
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1. Convencional
TIPO 2:
- NÃO MARCAÇÃO DE ARTIGO DEFINIDO ANTES DE SUBSTANTIVOS
Aviso para os estudantes do curso.
Usado comumente para ter maior passabilidade linguística.
Textos acadêmicos têm usado este tipo.
Tony Bezerra (UNB)
TIPO 3:
- REVISÃO DO O tipo 3 é uma disrupção não binária porque não marca a
MASCULINO GENÉRICO binariedade de gênero, designa as pessoas em geral.
Dia do trabalhador
Dia da classe trabalhadora
Como usar?
Seleção de hiperônimos.
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2. Não Convencional
TIPO 1: DISRUPÇÃO ALFABÉTICA:
1f ELIPSE (espécie de morfema zero)
- obrigad
Usado raramente por ativistas nb: Bruno Veloso
Pri Bertucci
Como usar?
Concordância e correferência por meio de elipse.
1g NEOPRONOMES
- Ile
- Elu...
E suas variações (dile, delu)...
Usado por ativistas nb e muito difundido atualmente
Como usar?
Concordâncias variadas. Ophelia Cassiano
Oltiel
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2. Não Convencional
A LIG é capacistista?
TIPO 2: DISRUPÇÃO NÃO ALFABÉTICA:
1a MORFEMA -x - Não há pesquisas sobre o assunto.
Todxs - Argumentos reais: Estudante da UFRJ
1b MORFEMA -@ (como performance nb) num evento – “Eu consigo ler. Sou
Tod@s disléxica, não sou estúpida” (Podcast:
1c MORFEMA -_ Larvas Incendiadas).
Tod_s - Os aparelhos ledores podem ser
Como usar? reprogramados.
Manutenção dos morfemas para concordar. - Podemos criar novas pautas sonoras.
- Dessas formas, o morfema -x ainda resiste e é usado por pessoas binárias e nb, ativistas e não
ativistas e em diferentes registros.
*** A LIG é acusada de classista porque “exige” conhecimento gramatical que somente pessoas com alto
grau de escolaridade teria.
ARGUMENTOS CONTRÁRIOS A ESSA AFIRMAÇÃO:
- Para usar a LIG não é preciso flexionar todo o texto. É possível fazer uso pontual. Algumas pessoas
ativistas, contudo, defendem que usemos toda a flexão possível da LIG.
- Ser classista no uso da língua é legitimar e promover hierarquias de classes sociais. A LIG não
compactua com nenhum tipo de desigualdade e assimetria social.
- O argumento de que a LIG é classista é usado por pessoas que a acusam de ser um discurso que exige
conhecimento linguístico para lidar com modelos textuais emergentes (novos). No entanto, essas
pessoas não questionam a linguagem típica da web (influenciada, inclusive, pelo inglês), a qual
também tem essa característica. O que torna essa acusação exclusiva.
- Não há apenas um tipo de LIG. Você pode usar a melhor para você.
Joá Bitencourt (ativista nb) tem pensado sobre isso - @joabitencourt
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Existem sete mil línguas catalogadas, mas apenas um quarto delas apresenta marcação
de gênero gramatical. Não existe algo intrínseco às línguas que demande a marcação de
gênero, pois, na palavra, ela é uma construção tanto quanto é o gênero de uma pessoa. O
finlandês e um húngaro, por exemplo, não têm marcação de gênero.
Já existem algumas línguas que têm mais marcações do que masculino e feminino, como o
árabe clássico. Essas e outras informações nos levam a perceber que gênero numa língua é
fruto de intervenções históricas e políticas. No Brasil, com a luta de pessoas trans que são
vítimas de uma violência estrutural, é imperativo pensarmos como podemos amenizar essa
violência também por meio de uma intervenção política na língua.
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