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Palavras-chave: Modelos de negócios; jogos digitais; Nesta seção será apresentado um breve resumo de
monetização. obras contemporâneas relevantes sobre modelos de
negócios voltados ao mercado de jogos digitais
Contato: frmiyazaki@gmail.com potencialmente viáveis para o segmento de
desenvolvedores brasileiros independentes, ou seja,
empresas de recursos financeiros e técnicos limitados,
1. Introdução sem vínculos com grandes estúdios internacionais.
No cenário acima descrito não há possibilidade de
A indústria de jogos digitais está mudando. O
concorrência direta no modelo tradicional de vendas,
surgimento dos smartphones e tablets, com elevado
com a distribuição de jogos em mídias físicas para
poder de processamento em relação a modelos mais
consumo em computadores e consoles. Desta forma, o
antigos e dotados de lojas de aplicativos, como novas
foco será restrito a plataformas e modelos de negócios
plataformas para jogos, forneceu novas oportunidades
mais tangíveis para o incipiente mercado brasileiro.
a produtores e distribuidores de jogos eletrônicos, em
Pujol [2010] não apenas documentou a existência do
especial – mas não apenas – os profissionais
modelo freemium de negócios, como também o
independentes atuantes na indústria de jogos digitais,
identificou como um modelo com duas transações:
entendidos desta forma como o conjunto de
funcionalidades básicas oferecidas gratuitamente (free)
profissionais não vinculados diretamente a grandes
em troca de divulgação do produto, e funcionalidades
estúdios de jogos.
avançadas (premium) fornecidas ao usuário mediante
Estas novas oportunidades aos desenvolvedores de
pagamento, cuja aplicação dentro do jogo serve de
jogos independentes ocorrem não apenas no mercado
estímulo para migrar seus usuários da experiência
de smartphones, mas também nos mercados de
gratuita para a experiência paga.
consoles e computadores. Há de se ressaltar neste
sentido a importância das distribuidoras digitais de
Niculescu e Wu [2011] descrevem o funcionamento do usuário das funcionalidades pagas gera o retorno
modelo de negócios freemium, com fórmulas para financeiro necessário à sustentabilidade do produto.
cálculo do ponto de equilíbrio e comparação da A utilização de um modelo freemium, conforme
viabilidade em relação a outros modelos de negócios matéria de Davis [2013] para o IGN (portal
como, por exemplo, a venda do produto como um todo especializado na análise e cobertura da indústria de
(prática realizada na venda de jogos em mídia física). jogos eletrônicos), deve ser feita sem desequilibrar a
Schultz [2014] apresentou segmentos de mercado jogabilidade enquanto a mantém elevada o bastante
conforme o tipo de software empregado e fez uma para justificar o tempo empreendido pelos usuários.
ligação entre estes segmentos e modelos de negócio O modelo freemium se tornou tão difundido e bem-
apropriados através de exemplos vistos na indústria de sucedido nas plataformas móveis que se tornou
jogos digitais. paradigma em relação ao modelo premium, de venda
Fleury, Nakano e Cordeiro [2014] destacam a indústria do produto como um todo. Segundo Schoger [2013], o
brasileira se voltar atualmente a projetos de baixa modelo freemium, quando comparado com aplicativos
complexidade e sofrer com a falta de mão-de-obra premium (com ou sem compras intra-aplicativo) já
altamente qualificada, que procura ofertas em estúdios supera 90% de participação nos lucros nas duas
de jogos internacionais, enquanto há um excesso de principais lojas de aplicativos: Apple App Store (92%)
profissionais recém-formados. Este desequilíbrio na e Google Play (98%). Diante de tais dados, não há
oferta de mão-de-obra pode indicar uma tendência como negar a viabilidade do modelo, e considerar
natural para o desenvolvimento de jogos independentes. seriamente sua adoção por parte de desenvolvedores
independentes brasileiros, por se tratar do modelo
2.1. Publicidade interna atualmente dominante para plataformas móveis.