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Referência do material estudado:

CAMBI, Franco. A educação na Grécia. In:______. História da Pedagogia. São


Paulo: Ed. UNESP, 1999. p. 75-102.

Visão geral sobre o material:


Na sociedade grega a família é a primeira responsável a repassar
aos indivíduos ensinamentos que influenciaram em sua identidade física,
sociológica e cultural, exercendo sobre ele forte ação ideológica. A família na
antiguidade ora era vista como patriarcal, ora como relação pais e filhos
aplicada sobre um modelo autoritário, onde o pai era considerado um deus,
membro máximo da família, de forma que é da união das famílias que nasce a
comunidade social que ocupam as cidades-Estados.
No seio familiar, a mulher é vista como esposa e mãe, vez que
responsável pelo trabalho doméstico e pela criação dos filhos, de forma que
socialmente ocupa uma posição invisível e subalterna, primeiro é submissa ao
pai e depois ao marido, ao qual tem dever de fidelidade e amor absolutos.
A mulher tinha que se ocupar em casa, pois fora dela era uma figura
tentadora para o homem e poderia o desviar de seus deveres, a feminilidade
era vista como perdição, capaz de trazer o mal e a desordem.
Porém, existiam mulheres que se opunham a esses modelos de
domesticidade e submissão, eram as Amazonas, guerreiras, com
características de coragem e força, as quais eram consideradas masculinas, o
que rompia com a regra moral.
Haviam também na sociedade grega, mulheres consideradas mais
livres, sem tamanha submissão, como a sacerdotisas, anciãs, hetairas ou
prostitutas de luxo, as quais eram cultas e tinham participação ativa na vida
social ao lado de homens. Mas, no geral, era no òikos que se desenvolvia a
vida feminina que era compreendida por casamentos, nascimentos e mortes,
rodeada de filhos, parentes e criadas, a mulher representava uma comunidade
feminina que trabalhava, organizada a vida da casa e rezava, o que acontecia
no òikos estava sob seu controle.
No que tange as crianças, a infância não é valorizada, é considerada
idade de passagem e é ameaçada por doenças, vive sem afetividade e sempre
é colocada à margem da vida social, vivem em família assistidas pelas
mulheres e subordinadas aos pais, controladas pelo “medo do pai”,
atemorizadas por figuras míticas como bruxas e entretidas com brinquedos e
jogos. Existem também aquelas que são brutalmente corrompidas e
submetidas à violência, estupro e trabalho e até sacrifícios rituais.
A sociedade grega apresentou dois modelos políticos, enquanto
Esparta apresentava um modelo de Estado totalitário, Atenas pregava uma
democracia muito avançada, de forma que seus ideais de educação também
eram opostos, Esparta se baseava no conformismo e no estatismo e Atenas na
concepção paidéia, de formação humana livre e nutrida de experiências
culturais e antropológicas diversas.
Esparta uma cidade agrícola, onde crianças do sexo masculino, a
partis dos sete anos, já eram retiradas da família e inseridas em escolas-
ginásios até os dezesseis anos, onde recebiam formação militar com
manuseamento de armas, baseada na força e na coragem, valorizando a
obediência e formando cidadãos guerreiros, de forma que a cultura, baseada
na leitura e escrita, era baseada no estritamente necessário, pouco tinha
espaço na formação espartana.
De modo diverso, as mulheres espartanas deviam robustecer seus
corpos com a educação física para suporta a gravidez, voltando-se a sua
obrigação de mãe.
Após, em conflito com Atenas, ocorreu a guerra de Peloponeso (451
a 404 a.c) em que Esparta se enfraqueceu e entrou em declínio, enquanto
outras cidades adotaram a política de Atenas a partir do século V, Esparta
manteve seus costumes e ideais, que foi sendo superado por uma nova
civilização, mudando-se a cultura e adotando o intercâmbio e a escrita, antes
alheia, virando a formação do guerreiro uma atração turística.
Em ascensão, Atenas se baseava na obra de Sólon adotou uma
constituição democrática, libertou camponeses, instituiu Tribunal do povo, criou
o Conselho dos Quatrocentos (executivo) designando por sorteio pela
Assembleia do povo, ou seja, seu povo deliberava. Na cultura, adotou-se o
alfabeto iônico, totalmente fonético, que se tornou comum na Grécia, teve
ascensão em todos os campos: poesia, teatro, da história à filosofia, exercendo
forte papel político em toda a Grécia.
Atenas apostou em uma burocracia culta, incentivava seu povo a
dedicar-se a oratória, filosofia, literatura, desprezando o trabalho manual e
comercial, todo o povo escrevia, alcançando a cultura também as mulheres. A
educação em Atenas tornou-se debate e tendia a universalizar, superando os
limites da pólis. Assim, a particularidade da educação ateniense inspira o
processo educativo com sua formação harmônica e o lugar que ocupa a cultura
literária e musical, é uma educação ligada à palavra e à escrita para formação
do homem como orador, adquirindo uma excelência pelo estudo e empenho
individual.
O helenismo é um período de desenvolvimento de várias ciências
humanas e exatas, traça uma cultura mais científica, especializada, em formas
diferenciadas entre si tando pelos objetos quanto pelos métodos, além de
adotar um modelo de valorização da humanidade, ou seja, há um crescimento
ao mesmo tempo científico e humanístico.
Na época helenística se organiza mais minuciosamente o sistema de
estudos, do nível elementar ao superior adotando-se o modelo paidéia, em que
a escola elementar iniciada aos sete anos compreende leitura, escrita,
gramática, música e desenho e a escola secundária inicia aos doze anos,
dando-se prioridade à gramática, ensinada por meio de regras e exercícios,
além de princípios de retórica e lógica, aplicados à literatura, e à matemática,
seguindo os elementos de Euclídes.
Após, passava-se por um período de dois ou três anos em que
trabalhava-se a formação do caráter como um intercâmbio cultural. Já a
formação superior-científica era baseada nas escolas filosóficas, sobretudo as
Alexandrias, quando a condição do homem de ciência assumiu uma fisionomia
nova, diferente do período grego, valoriza-se unicamente o trabalho científico, o
objeto da ciência se restringe e se especializa na “observação da natureza” ou
na “ciência dos números”.

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