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Mariana Margarido

Beatriz Grama

Mutilação Genital Feminina


MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA
DEFINIÇÃO
Define-se MGF como qualquer procedimento que envolva a remoção parcial ou
total dos órgãos genitais externos da mulher ou que provoque lesões nos
mesmos por razões não medicas.

(Declaração Conjunta da OMS /UNICEF /UNFPA)

SÃO VARIAS AS RAZÕES PARA A PERSISTÊNCIA DA MGF, AS MAIS


COMUNS REFEREM-SE A:

• Cultura e tradição;
• Requisito da religião;
• Preservação da virgindade / castidade;
• Controlo da sexualidade feminina;
• Aceitação social;
• Requisito para o casamento;
• Ritual de passagem;
• Preservação da honra da família;
• Identidade de género;
• Sentido de pertença e identidade a um determinado grupo.

TERMINOLOGIAS

▪ Circuncisão Feminina;
▪ Mutilação Genital Feminina;

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▪ “Fanado”;
▪ Corte Genital Feminino;
▪ Excisão;
▪ Sunna;
▪ Operação;
▪ Cirurgia Tradicional Feminina;
▪ Clitoridectomia;
▪ Prática Tradicional;
▪ Modificações Genitais.

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PAÍSES ONDE SE PRATICA

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QUANDO É REALIZADA
• O tipo de corte e a idade em que é praticado pode variar consoante o país
de origem, grupo étnico ou comunidade;
• Considerado um ritual de passagem e integração das meninas no mundo
das mulheres;
• Entre os 4 e os 12/14 anos;
• Pode ser realizada poucos dias após o nascimento, antes da rapariga
casar e/ou após a 1ª gravidez e após a morte (Nigéria).

CONSEQUÊNCIAS DA NÃO MUTILAÇÃO


❖ Mulheres consideradas impuras para casar e vistas como promíscuas;
❖ Proibição de entrada na mesquita e em lugares sagrados;
❖ Proibição de cozinhar durante o Ramadão;
❖ Não aceites na comunidade

RITUAL
➢ Fanado Pequeno
Consiste no corte dos genitais femininos. É o ritual associado, e o ato de levar a
criança/mulher para o local, onde se procede à mutilação.

➢ Fanado Grande
É a fase na qual as meninas passam por um processo de aprendizagem, uma
espécie de emancipação. Estas aprendem lidas domésticas, a comportarem-se
como pessoas maduras, a servirem os homens, sendo humilhadas e agredidas
fisicamente.

INSTRUMENTOS UTILIZADOS

• Facas
• Tesouras
• Lâminas
• Vidro
• Pedras afiadas

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• Unhas
• Espinhos de Arbustos
• Cauterização

➢ SÃO REUTILIZADOS, SEM DESINFEÇÃO

COMPLICAÇÕES AGUDAS
• Dor
• Hemorragia
• Infeções Urinárias

COMPLICAÇÕES URO-GINECOLÓGICAS
• Fibrose e/ou Estenose Vaginal
• DIP/ Abcesso vulvar
• Infertilidade
• Incontinência urinária
• Cálculos/Lesão renal
• Úlceras por traumatismo durante RS
• Fístulas
• Quistos Dermoides

COMPLICAÇÕES SEXUAIS
• Dispareunia/Vaginismo
• Disfunção Sexual

COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS
• Distocia Mecânica
• Lacerações do Períneo grau III e IV

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• Hemorragia pós-parto
• Fístulas

COMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS
• Comparáveis á experiência de violação;
• Perda de confiança nos familiares e comunidade;
• Alteração nas relações futuras, nomeadamente com os filhos;
• Sentimento de traição, terror e humilhação;
• Vivência da gravidez com medo e ansiedade
COMPLICAÇÕES PSICOSSOMÁTICAS
• Ansiedade;
• Fobia;
• Depressão;
• Medo de ter relações sexuais;
• Sintomas de stress pós traumático
• Perda de memória;
• Insónias;
• Perda de apetite;
• Dificuldade de concentração e aprendizagem;

Planeamento Familiar
• Se não constituir impedimento para a observação ginecológica, e permitir a
realização da citologia cervical, a mulher não necessita de cuidados especiais
• Avaliação Psico-social

Período Pré-Concepcional
• Se a MGF for do tipo III deve ser proposta a defibulação

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Gravidez
• Se a MGF é do tipo I, II e IV e não se associar a cicatrizes/fibrose que possam
ser um impedimento à observação ginecológica e ao parto, a vigilância pré-natal
é semelhante ao acompanhamento de qualquer grávida
• Se a MGF é do tipo III, deve ser proposta a defibulação
• A defibulação reduz a incidência de infeções vaginais, lacerações grau III e IV
e asfixia intra-parto.
Parto
• A existência de MGF não implica por si só a realização de uma cesariana.
• Nas mulheres com MGF tipo III, e que não tenham sido defibuladas
previamente, recomenda-se a defibulação
• Nas mulheres que tenham sido defibuladas previamente aconselha-se a
realização de episiotomia para prevenir lacerações do períneo.
Puerpério
• Identificação e intervenção perante complicações maternas
• Informação da não reinfibulação após o parto, explicando as vantagens e
abordando os aspetos médico-legais;
• Referenciação
Defibulação – Indicações
• Retenção urinária
• ITU´ s repetição
• DIP
• Dispareunia
• Gravidez

PAPEL DA EQUIPA MULTIDISCIPLINAR:


➢ Promoção da Saúde;
➢ Diagnóstico;
➢ Prevenção de complicações;
➢ Tratamento;
➢ Reabilitação;
➢ Readaptação.
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Os profissionais de saúde devem estar atentos às mulheres oriundas dos


países onde a prática de MGF é habitual.
➢ Não esquecer que a empatia, a confiança, a garantia de privacidade,
de confidencialidade, de respeito e tolerância, são a base de qualquer
abordagem e devem merecer particular atenção nesta situação.
➢ É necessário perguntar, de uma forma culturalmente sensível, se a
mulher foi sujeita à prática de MGF, utilizando expressões como:
“cortada”, “submetida à tradição”, ou “fanado” e não usar a palavra
“mutilada”.
➢ Disponibilidade
➢ Estar sensibilizado para a realidade da MGF
➢ Identificar sinais visíveis ou não
➢ Nunca julgar (algumas mulheres aceitam a prática e transmitem às suas
filhas)
➢ Ter atenção á linguagem não-verbal
➢ Esclarecer sobre as consequências
➢ Elucidar sobre possíveis penalizações
➢ Dar a conhecer o Código Penal Português

CONSIDERAÇÕES FINAIS
➢ Aspetos culturais não se sobrepõem aos direitos individuais
➢ O fenómeno da criança maltratada corresponde, em sentido lato, a um
problema de saúde pública, que consubstancia, regra geral, uma forma
de hereditariedade social
➢ Se nada se fizer para evitar, o fenómeno da violência tende a repercutir-
se numa mesma fratria e a reproduzir-se de geração em geração

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