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Universidade Rovuma

Faculdade de Ciências Económicas e Empresarias

Curso de Gestão de Empresas com Habilitação em Finanças

A MORAL – MARIETTI, ANGÈLE KREMER, EDIÇÃO 70, PAG.1-106

Marcos Muiambo Valige - 4º ano, Turma “A1”

A luz da lei do símbolo da representação da lei moral e a lei politica e a lei da linguagem à
situar a moral, ao constrangimento dos conhecimentos actuais em ciências humanas e por
tudo aquilo que implicam, sobre um fundo de história que relativiza os absolutos e seculariza
os valores. Remonta a crítica do artigo definido singular aqui utilizado, este “a” que se refere
“à moral” (critica que Michel Foucault desenvolveu na perfeição a propósito “da” psiquiatria
ou de qualquer outra ciência, cuja historia é” feita, se não de “roturas”, pelo menos de
descontinuidades), mas a antropologia esclarece fenómenos culturais objectivos que são da
ordem do inconsciente colectivo: não poderia, portanto, identificar-se com “a moral”?.

O artigo definido, contudo, justificar-se-ia plenamente se designasse uma parte; e seria


possível falar “da moral antiga”, pós essa identifica-se facilmente na leitura dos textos antigos
e, em geral, da história da antiguidade. É legítimo, então distinguir vários textos e varias
historia, isto é, também varias morais. Poderíamos dizer o mesmo em relação a todas as
épocas. E o artigo definido abrange tudo aquilo que se pode definir, como é evidente. A partir
das singularidades históricas e geográficas. Socais e economias, seria certamente possível
descobrir, por aproximações sucessivas, o denominador comum a todas as teorias das práticas
humanas. Como augusto Comte havia previsto, deeria ser “a moral”, com efeito, ou “ a
antropologia “entendida como integral:” simultaneamente voltada para o individuo e dirigida
à humanidade. Na verdade, sempre que se trata “da” moral, está geralmente em causa um
conjunto constituído, um corpo de pensamentos e teorias, de leis e de regras, destinadas a
regular, a legislar o comportamento humano, seja ele individual ou colectivo, privado ou
publico. Mas, nas sociedades dotadas de um tempo mais rápido as mudam, é relativamente a
uma exigência que lhe é exterior e que decorre precisamente “da” moral que constitui o nosso
problema…que nos remete ao sujeito da lei.
Voltado a psicanalise do nível de desenvolvimento do individuo, e sobretudo da sua passagem
do estado lactente ao estão de ser falante, desenvolve-se num lento processo de simbolização
durante o qual começa a ter lugar um fenómeno de identificação dito primário, isto é, de
identificação de si para si com o reconhecimento de outro simplesmente como diferente de si.
É a “fase do espelho’, descrita por Lacan, isto é, a fase do júbilo diante do espelho da criança
que se reconhece a si mesma, no oitavo mês, período também da “crise da angústia” e do jogo
do carrinho de linhas que a criança faz desaparecer e aparecer à sua vontade (forca! Dá).
Segue-se a identificação secundaria que implica a aventura edipiana já iniciada com o
nascimento. Só então se pode construir o sujeito. Na verdade, a criança já era previamente
sujeito no desejo do outro, antes de ter o poder de o ser por si mesma. Durante a identificação
secundaria (que é de resto muitas vezes difícil de separar da identificação primaria na analise
teórica), o sujeito humano constitui-se segundo um processo que implica o reconhecimento do
outro através do qual ele se identifica; ao mesmo tempo aquilo a que Kant Chamava, na
crítica da razão pratica, o factum da lei moral, o seu destino. Assim, no ponto da instituição do
“sujeito moral”, vemos que a lei é o caminho obrigatório, que Lacan descreveu com a
passagem pelo outro- sendo o outro, para o sujeito em formação, o significante para além do
qual lhe é restituído, como aquilo que lhe cabe por direito, o que na verdade nunca obtivera
perante ele: o desejo e o objecto deste desejo. É a relação com o outro que cria o desejo em
tensão. Sem o outro, o sujeito seria nada, precisamente o que Kant chamava um “nihil
negativum”, um nada que é um “objectos vazios em conceito”, segundo a sua definição:
aquilo que distingue portanto este nada de um nada, ser imaginário, como o tempo, ou de uma
nada, ser de razão; ou ainda o que o distingue sobretudo de um nada que seria uma falta. Sem
conceito, este nada não tem poder, é vazio.

Fixemos, contudo, este campo de reflexão que situamos fora de todos os campos e que,
embora pareça entregue à liberdade de cada um, esta, de facto, na sua diversidade limitada,
dependente de toda a constelação dos dados socias e culturais que não os seus, e nos quais
vivem tanto os homens de hoje como os de outrora.

A lei, no que respeita ao sujeito nela baseado, é sempre a mesma: mas precisamente simples
“forma” de lei, uma forma vazia ou plena, em todo o caso sempre uma forma de
constrangimento sem a qual o sujeito não pode ser reconhecido como reconhecendo-se a si
mesmo, - constrangimento que, perante um Ele reconhecido, se converte em obrigação de se
identificar com esse Ele, ou seja, com o sujeito, E isto a pedido do outro, que para ele é a lei, e
que lhe coloca o dilema: ou o que eu peço / ou o que tu pedes. Ora, é o Outro que assim
metaforiza a interdição enquanto fruição, mas fruição interdita. E nisto que o outro é o
significante, ou o símbolo da lei que é a lei do símbolo, sempre negado, interditando,
intrinsecamente semelhante ao tabu. Uma negação que legisla aquilo que nega.

Na logica, da exclusão da lei gera, pois, a exclusão do sujeito que a pronúncia e que, então, se
vê constrangido a construir-se no espaço livre deixado pelo simbólico e no imaginário, por
princípio incapaz de lhe conferir a sua qualidade de sujeito da lei. Não beneficiando da Lei, é
“louco”, tendo renunciado à lei do reconhecimento de si mesmo.

Podemos agora avaliar o lugar e a função da liberdade reconhecendo-a no local próprio da lei.
E Lacan exprimiu esta possibilidade da liberdade evocando o seu termo na loucura: “e o ser
do homem, não só não pode ser do homem se não trouxesse em si a loucura como limite da
sua liberdade”. Do mesmo modo, descartes afirmava, no sentido desse caracter ilimitado da
liberdade, que o erro era sanção desta liberdade: o mau uso do livre arbítrio vem de mim e
traduz a minha liberdade. Mas, como especifica Descartes, este mau uso não decorre do poder
divino nem da operação efectuada dependente da razão: o que se compreende, já que
Descartes o Outros é Deus, garante de verdade.

O estudo da liberdade começa, portanto, pela constatação dos limites e das condições desta
liberdade no seio do universo. Sendo que a liberdade como conceito proveniente do princípio
que possuímos da lei moral é uma forma do tempo, e causa em nós.

Na tradição filosófica o tratamento do tempo é dualista: esta distingue sempre um tempo


sagrado e um tempo humano. Há prerrogativa do tempo sagrado antigo e novo alardo a três
esferas: mítica do tempo antigo, humana do kairos ou tempo da opinião, e a esfera da filosofia
dando ao tempo a imagem móvel da eternidade.

Assim, o factum da Lei em nós implica um tempo simbólico. A referência do simbólico


ultima do tempo sagrado que os homens “imaginam” o seu tempo a partir dos princípios a
priori da sua sensibilidade. Face a imagem e eternidade do tempo, no movimento do desejo
que age por eternidade uma suspeita de instabilidade, uma que infinitamente pequena, que
rompe o equilíbrio da eternidade segundo Plotino. E Kant por sua vez, problematiza o tempo
o fazendo desaparecer, pois ele coloca a finitude no cerne da filosofia, e o ser imaginário do
tempo revela-se o ser mais insubstituível, verdadeiro “presente anterior”, interior ao acto que
constitui o sujeito conhecedor, um imaginário necessário.
Como forma de causa em nós: é em relação à lei o que o tempo é em relação aos princípios a
priori da sensibilidade. Assim, o Kant chama de “liberdade” a simbolicidade suprema, a
condição sine qua non da humanidade na sua acção e no seu pensamento.

Do ponto de vista do processo teórico da simbolização, o que conta, portanto, não é a


utilização constitutiva da razão, mas a sua utilização reguladora: a ideia transcendental da
razão é um focus imagionarius que confere aos conceitos do entendimento a sua maior
extensão. E, um nível, muito inferior da actividade intelectual, poderíamos, todavia, encontrar
esta estacão de focalização ou de simbolização propriamente dita: se, do ponto de vista
simbolização da “causalidade”, o entendimento decide quanto as representações
esquemáticas, do ponto de vista da simbolização da “Liberdade” é, pelo contrário, a razão
pura pratica o único juiz das representações Simbólicas: a razão não tem que dar conta das
suas ideias transcendentais que devem a sua autoridade ao incondicional da lei que as coloca
ao seu serviço; e neste ponto ela é constitutiva.

O tempo sagrado ou simbólico, diz-nos que é um tempo que faz a lei; mas seria igualmente
correcto dizer que cada vez há uma lei que faz com que haja tempo. O domínio da moral é
este domínio de um tempo imposto pela lei: na própria raiz de toda a temporização inerente à
actividade cientifica devemos reconhecer deste modo uma temporização que lhe é
ontologicamente anterior, e que da apreensão da Lei em nós.

O projecto de liberdade ou a lei formulada em direito é a ordem da lei, na actuação do


processo de liberdade a sensibilidade encontrada a priori um tempo simbólico de realização
que se torna necessariamente imaginário, isto é, entra numa forma da lei simbólica da
representação que situara a ordem das realizações fenomenais. Pela lei fartuns, que o
desenvolvimento da ciência positiva ao longo dos seculos teve como reacção um conflito
entre a ciência e moral proveniente de uma interpretação do determinismo entendido em
oposição à liberdade humana. Por um lado, formulamos na linguagem científica todos os
processos a natureza e das leis; por outro, conhecemos imediatamente a lei que nos é imposta
pelo processo da liberdade, cumprindo o mandamento da lei. Os processos naturais são
intimamente determinados segundo a legalidade causal das series nas quais cada facto é
determinado pelo facto precedente; o processo de liberdade vai no sentido contrario, mesmo
se todo o acto livre se insere necessariamente nas series determinadas. Podemos, portanto,
considerar um tempo próprio dos fenómenos, ser imaginário (ou “nada” como ens
imaginarium) da sensibilidade;
O direito resulta dos aspectos do eu assumido nas regras da sociedade que codifica as relações
dos homens entre si: 1) as relações com os vizinhos; 2) as relações com aqueles que precisam
de ajuda; 3) as relações sexuais; 4) as relações entre os membros de uma família, e 5) as
relações entre membros de um estado. Que em principio todos contribuíram para formar mas
ao qual também, na realidade, todos sacrificaram os seus “impulsos instintivos” ao explicito
termo de Freud. As estruturas sociais imprimem-se nos “sujeitos”, moldam-nos ao impregna-
los de “moral”. Os antigos vencidos beneficiarão aos seus próprios olhos desta inversão e
conceber-se-ão por fim como bons, piedosos, amados pelos Deuses, merecendo felicidade e
poder- que a dimensão oculta do Sujeito referencia-se a função do desejo. E, se se torna
impossível abordar a moral sem medir o verdadeiro estatuto do desejo, também se tornou
indispensável tratar a moral na dimensão do desejo.

Para o sujeito que se constitui, o Outro é o significante, isto é, o que tem sentido, sem o qual o
sujeito não seria. Sendo que termo “sujeito” não perturba-nos a polissemia da sua
constituição, pós, que ainda não é nada, só é potencial no reconhecimento da lei, pois vimos
que o sujeito da lei, por um lado, é estar “sujeito “à lei, e por outro, é “n feito sujeito”, mesmo
pela passagem da lei (na verdade, o sujeito nunca deixa de tornar sujeito, assim como a lei não
deixa de atravessar a tópica do sujeito). Os dois movimentos de obrigação é a interiorização
da lei, seja ela qual for, a que chamamos de Lei, com L grande, na medida em que nos
interessa apenas a forma.

A posição do sujeito no cerne da tópica é o efeito do confronto com a Lei. Que do nada, um
domínio de não-ser fora do qual nasce o sujeito, é a tópica que, pela Lei que o provoca, dará
claramente lugar a um efeito de sociedade e também de linguagem, e muito especial da
palavra. Que, depois do nada, ascende ao ser-pouca-coisa, um mínimo variável, a função do
predicado, tal como o sujeito na sua proposição logica: “como uma variável x cujo predicado
é uma função”. E esta variável x não é senão aquilo que o predicado a faz ser. Do mesmo
modo, constitui-se o sujeito real como ser individual cujo sujeito depende de uma função a ele
estranha, isto é, que é o Outro, como O grande, assim como é o Senhor ou a Lei e, instituindo-
o, confere-lhe um estatuto. Assim, moralmente e politicamente, nasce sujeito que se revela
responsável como sujeito do poder - na verdade, na medida em que se refente é moral e na
medida em que se manifesta é social e politico.

E o superego, não é mais do que a “consciência moral”, do conflito com o eu, o equivalente
do aidos e o seu papel é essencialmente agressivo em relação ao eu. O sentido da falta como
divida o sentido da honra, o escrúpulo, o remorso decorrem do superego, tal como o
sentimento do tabu ou da obrigação de uma maneira. É deste Outro que procede o sujeito da
Lei como susceptível de sentir responsável. Como vimos, a moral no seu todo depende de
uma de uma elaboração anterior, situando-se para la as fase preliminares da fase do espelho e
da castração simbólica, para la mesmo do reconhecimento da Lei que o Pai encarna.

Para o sujeito que se constitui, o Outro é o significante, isto é, o que tem sentido da honra, o
escrúpulo, o remorso decorrem do superego, tal como o sentimento do tabu ou da obrigação
de uma maneira geral, sem a qual o sujeito não seria, pós é deste Outro que procede o sujeito
da lei como susceptível de se sentir responsável. O sujeito, assim moral e politicamente
nascido- na verdade, na medida em que se reflecte é moral e na medida em que se manifesta é
social e politico – é um sujeito que se revela responsável como sujeito do poder.

Se compreendermos o poder como a localização da Lei, o sujeito da lei “torna-se” ou


confirma-se de facto como sujeito do poder, desde que a dimensão oculta do sujeito permita
que a função do desejo se referencie.

Do poder fundamenta-se o castigo, seja qual for a origem, ou qual for o objectivo, a condição
sine qua non do castigo é o poder. O castigo implica em si mesmo um poder, seja ele detenção
ou impedimento de causar danos, manu militari u não: no mínimo, trata-se de uma força e de
um constrangimento superior.

o dilema de valores gerado da critica da razão pratica, da existência de “um valor da verdade”
ou “a verdade não tem valor em sim”. A hierarquia a priori formal ou quer material pressupõe
a hierarquia de valores à moral e logica quer da verdadeira hierarquia ou hierarquia em geral
de verdade. Ao mesmo que acontece com a filosofia dos valores. Nos dois casos é verdade
que esta em causa, mas diferentemente. Ao que nos remete a reflexão da sobre o valor
podendo modificar a noção de verdade clássica: definida à concordância entre o pensamento e
o objecto; posta em causa por Dilthey e por Nietzsche, e também por Scheler. No que respeita
aos próprios valores, podemos, pois, afirmar que os valores não decorrem de um valor que os
subordine e que seria o valor de verdade. A verdade considerada em si mesma como valor não
comporta verdade no seu valor. De facto como escreve Ramond Polin, “a verdade não é um
valor e, decididamente, não há verdade dos valores “. Mas, adiante, acrescenta: “há uma
verdade da acção”, “a verdade é o produto da acção”.
Assim, se abordamos esse campo de reflexão, é em primeiro lugar nos perguntarmos em que
consiste este domínio, o que pode querer significar como seria possível explica-lo sem o fazer
desaparecer da nossa vista, pois se sempre e em toda parte houver “moral”, esta nem sempre é
praticada aberta e directamente, como se se tratasse do domínio universal “da moral”.

Pela moral do bem e do sentimentalismo: se um bem é um bem porque o desejamos ou se,


pelo contrário, o desejamos por ser um bem. Espinosa resolve a questão afirmando que é o
desejo que decide: “consideramos uma coisa ser boa porque nos esforçamos por a alcançar,
porque a queremos e desejamos”, porque “o desejo é própria essência do homem”…”o desejo
de viver em beatitude, ou de agir, etc., é a própria essência do homem”. Com efeito, do ponto
de vista do conhecimento empírico, bom ou mau não indica nada de positivo nas coisas: a
música é boa para o melancólico, má para o ansioso, mas para o surdo não é boa nem má.
Bem e mal não são mais, portanto, do que simples prolongamentos do nossos desejos. Sendo
que o bem serve para aumentar o nosso poder de agir, o mal gera a sua diminuição.

Ao interesse de exame do sagrado, o ponto de vista dos valores torna-se clara e evidente a
necessidade de uma análise histórica e da procura dos fundamentos históricos dos valores. Se
os valores, sejam eles quais forem, visam um ser-outro, o seu fundamento não poderá ser
senão uma realidade tópica: se esta realidade não fosse apenas um elemento formal, haveria
nesse objecto matéria suficiente para que a razão encontrasse enfim o seu “objecto”, como
deseja Kant, e isto através das exigências da razão pratica que é a mesma “razão pura” que a
razão teórica. As vicissitudes e variações não o atingem de modo algum, mesmo sendo
precário, isto é, possível apenas por efeito de um sujeito que o faz “objecto “reconhecendo-o
como outro.

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