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A luz da lei do símbolo da representação da lei moral e a lei politica e a lei da linguagem à
situar a moral, ao constrangimento dos conhecimentos actuais em ciências humanas e por
tudo aquilo que implicam, sobre um fundo de história que relativiza os absolutos e seculariza
os valores. Remonta a crítica do artigo definido singular aqui utilizado, este “a” que se refere
“à moral” (critica que Michel Foucault desenvolveu na perfeição a propósito “da” psiquiatria
ou de qualquer outra ciência, cuja historia é” feita, se não de “roturas”, pelo menos de
descontinuidades), mas a antropologia esclarece fenómenos culturais objectivos que são da
ordem do inconsciente colectivo: não poderia, portanto, identificar-se com “a moral”?.
Fixemos, contudo, este campo de reflexão que situamos fora de todos os campos e que,
embora pareça entregue à liberdade de cada um, esta, de facto, na sua diversidade limitada,
dependente de toda a constelação dos dados socias e culturais que não os seus, e nos quais
vivem tanto os homens de hoje como os de outrora.
A lei, no que respeita ao sujeito nela baseado, é sempre a mesma: mas precisamente simples
“forma” de lei, uma forma vazia ou plena, em todo o caso sempre uma forma de
constrangimento sem a qual o sujeito não pode ser reconhecido como reconhecendo-se a si
mesmo, - constrangimento que, perante um Ele reconhecido, se converte em obrigação de se
identificar com esse Ele, ou seja, com o sujeito, E isto a pedido do outro, que para ele é a lei, e
que lhe coloca o dilema: ou o que eu peço / ou o que tu pedes. Ora, é o Outro que assim
metaforiza a interdição enquanto fruição, mas fruição interdita. E nisto que o outro é o
significante, ou o símbolo da lei que é a lei do símbolo, sempre negado, interditando,
intrinsecamente semelhante ao tabu. Uma negação que legisla aquilo que nega.
Na logica, da exclusão da lei gera, pois, a exclusão do sujeito que a pronúncia e que, então, se
vê constrangido a construir-se no espaço livre deixado pelo simbólico e no imaginário, por
princípio incapaz de lhe conferir a sua qualidade de sujeito da lei. Não beneficiando da Lei, é
“louco”, tendo renunciado à lei do reconhecimento de si mesmo.
Podemos agora avaliar o lugar e a função da liberdade reconhecendo-a no local próprio da lei.
E Lacan exprimiu esta possibilidade da liberdade evocando o seu termo na loucura: “e o ser
do homem, não só não pode ser do homem se não trouxesse em si a loucura como limite da
sua liberdade”. Do mesmo modo, descartes afirmava, no sentido desse caracter ilimitado da
liberdade, que o erro era sanção desta liberdade: o mau uso do livre arbítrio vem de mim e
traduz a minha liberdade. Mas, como especifica Descartes, este mau uso não decorre do poder
divino nem da operação efectuada dependente da razão: o que se compreende, já que
Descartes o Outros é Deus, garante de verdade.
O estudo da liberdade começa, portanto, pela constatação dos limites e das condições desta
liberdade no seio do universo. Sendo que a liberdade como conceito proveniente do princípio
que possuímos da lei moral é uma forma do tempo, e causa em nós.
O tempo sagrado ou simbólico, diz-nos que é um tempo que faz a lei; mas seria igualmente
correcto dizer que cada vez há uma lei que faz com que haja tempo. O domínio da moral é
este domínio de um tempo imposto pela lei: na própria raiz de toda a temporização inerente à
actividade cientifica devemos reconhecer deste modo uma temporização que lhe é
ontologicamente anterior, e que da apreensão da Lei em nós.
Para o sujeito que se constitui, o Outro é o significante, isto é, o que tem sentido, sem o qual o
sujeito não seria. Sendo que termo “sujeito” não perturba-nos a polissemia da sua
constituição, pós, que ainda não é nada, só é potencial no reconhecimento da lei, pois vimos
que o sujeito da lei, por um lado, é estar “sujeito “à lei, e por outro, é “n feito sujeito”, mesmo
pela passagem da lei (na verdade, o sujeito nunca deixa de tornar sujeito, assim como a lei não
deixa de atravessar a tópica do sujeito). Os dois movimentos de obrigação é a interiorização
da lei, seja ela qual for, a que chamamos de Lei, com L grande, na medida em que nos
interessa apenas a forma.
A posição do sujeito no cerne da tópica é o efeito do confronto com a Lei. Que do nada, um
domínio de não-ser fora do qual nasce o sujeito, é a tópica que, pela Lei que o provoca, dará
claramente lugar a um efeito de sociedade e também de linguagem, e muito especial da
palavra. Que, depois do nada, ascende ao ser-pouca-coisa, um mínimo variável, a função do
predicado, tal como o sujeito na sua proposição logica: “como uma variável x cujo predicado
é uma função”. E esta variável x não é senão aquilo que o predicado a faz ser. Do mesmo
modo, constitui-se o sujeito real como ser individual cujo sujeito depende de uma função a ele
estranha, isto é, que é o Outro, como O grande, assim como é o Senhor ou a Lei e, instituindo-
o, confere-lhe um estatuto. Assim, moralmente e politicamente, nasce sujeito que se revela
responsável como sujeito do poder - na verdade, na medida em que se refente é moral e na
medida em que se manifesta é social e politico.
E o superego, não é mais do que a “consciência moral”, do conflito com o eu, o equivalente
do aidos e o seu papel é essencialmente agressivo em relação ao eu. O sentido da falta como
divida o sentido da honra, o escrúpulo, o remorso decorrem do superego, tal como o
sentimento do tabu ou da obrigação de uma maneira. É deste Outro que procede o sujeito da
Lei como susceptível de sentir responsável. Como vimos, a moral no seu todo depende de
uma de uma elaboração anterior, situando-se para la as fase preliminares da fase do espelho e
da castração simbólica, para la mesmo do reconhecimento da Lei que o Pai encarna.
Para o sujeito que se constitui, o Outro é o significante, isto é, o que tem sentido da honra, o
escrúpulo, o remorso decorrem do superego, tal como o sentimento do tabu ou da obrigação
de uma maneira geral, sem a qual o sujeito não seria, pós é deste Outro que procede o sujeito
da lei como susceptível de se sentir responsável. O sujeito, assim moral e politicamente
nascido- na verdade, na medida em que se reflecte é moral e na medida em que se manifesta é
social e politico – é um sujeito que se revela responsável como sujeito do poder.
Do poder fundamenta-se o castigo, seja qual for a origem, ou qual for o objectivo, a condição
sine qua non do castigo é o poder. O castigo implica em si mesmo um poder, seja ele detenção
ou impedimento de causar danos, manu militari u não: no mínimo, trata-se de uma força e de
um constrangimento superior.
o dilema de valores gerado da critica da razão pratica, da existência de “um valor da verdade”
ou “a verdade não tem valor em sim”. A hierarquia a priori formal ou quer material pressupõe
a hierarquia de valores à moral e logica quer da verdadeira hierarquia ou hierarquia em geral
de verdade. Ao mesmo que acontece com a filosofia dos valores. Nos dois casos é verdade
que esta em causa, mas diferentemente. Ao que nos remete a reflexão da sobre o valor
podendo modificar a noção de verdade clássica: definida à concordância entre o pensamento e
o objecto; posta em causa por Dilthey e por Nietzsche, e também por Scheler. No que respeita
aos próprios valores, podemos, pois, afirmar que os valores não decorrem de um valor que os
subordine e que seria o valor de verdade. A verdade considerada em si mesma como valor não
comporta verdade no seu valor. De facto como escreve Ramond Polin, “a verdade não é um
valor e, decididamente, não há verdade dos valores “. Mas, adiante, acrescenta: “há uma
verdade da acção”, “a verdade é o produto da acção”.
Assim, se abordamos esse campo de reflexão, é em primeiro lugar nos perguntarmos em que
consiste este domínio, o que pode querer significar como seria possível explica-lo sem o fazer
desaparecer da nossa vista, pois se sempre e em toda parte houver “moral”, esta nem sempre é
praticada aberta e directamente, como se se tratasse do domínio universal “da moral”.
Ao interesse de exame do sagrado, o ponto de vista dos valores torna-se clara e evidente a
necessidade de uma análise histórica e da procura dos fundamentos históricos dos valores. Se
os valores, sejam eles quais forem, visam um ser-outro, o seu fundamento não poderá ser
senão uma realidade tópica: se esta realidade não fosse apenas um elemento formal, haveria
nesse objecto matéria suficiente para que a razão encontrasse enfim o seu “objecto”, como
deseja Kant, e isto através das exigências da razão pratica que é a mesma “razão pura” que a
razão teórica. As vicissitudes e variações não o atingem de modo algum, mesmo sendo
precário, isto é, possível apenas por efeito de um sujeito que o faz “objecto “reconhecendo-o
como outro.