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CÓDIGO DE MANU (CÓDIGO INDIANO) +- 1.000 a.

C
Texto: Frederico Augusto de Carvalho Frange¹

Introdução

A Índia era uma região isolada entre o Himalaia (a mais alta cadeia de montanhas do
mundo) e O Oceano Índico ao sul, o que dificultava a comunicação com outros povos, isto é,
sem influência externa.

A Sociedade Hindu

A sociedade Hindu era dividida em castas e as regiões onde o hinduísmo permanece está
inalterado até hoje. O sistema de castas não admite mudanças (ao menos em vida), portanto,
nascer numa casta significa crescer nela, casar, ter filhos e morrer nela. A mistura de castas é
considerada algo repulsivo, horroroso, hediondo, pois esta divisão foi feita na criação do
mundo pelo deus BRAHMA.

O Código de Manu se refere as castas superior dos BRAHMANES

Brâmanes – era a casta superior, considerada a mais pura fisicamente e principalmente


espiritualmente. Na criação do mundo é representada pela cabeça do deus Brahma. Ex de
Brâmanes: médicos, líderes espirituais e administradores;

Ksatryas (Xátrias) – era a casta dos guerreiros, na criação do mundo era representada pelo
braço do deus Brahma, representavam a força, os reis saíram desta casta.

Vaysyas (Vaixás) – era a casta dos comerciantes, muito ricos e poderosos como os brâmanes,
na criação do mundo saíram da perna do deus Brahma.

Sudras – era a casta inferior, sendo considerados uma praga, na criação do mundo saíram do
pé do deus Brahma, quem eram: os pedreiros, os agricultores, cozinheiros, aqueles que
trabalhavam para os outros.

¹ Texto produzido pelo professor a partir de compilados bibliográficos com finalidade precípua de
instrução pedagógica a respeito do tema proposto a ser aplicado aos alunos do curso de Direito, no
componente de História dos Sistemas Jurídicos.
Fora da Pirâmide – 0 – Fora das castas nós temos as pessoas consideradas o RESTO, nada, que
eram os parias, não eram considerados casta, ex. sapateiros, lixeiros, coveiro, limpa-fossa e
os curtidores. Na criação do mundo eram representados pela poeira debaixo do pé do deus
Brahma. 0 –Dalyts. (Dálit)

Em 1950 baniu o sistema de castas, que dificilmente corroborou para esquecer.

Alguns artigos do Código de Manu:

Testemunhas

Uma testemunha não pode de maneira alguma ficar calada, pois isto é considerado o
equivalente a um falso testemunho (silêncio = mentira);

Art. 13 do CM – “É preciso ou não vir ao Tribunal ou falar segundo a verdade: o


homem que nada diz, ou profere uma mentira, é igualmente culpado”. O testemunho de
uma mulher não era bem visto, só era aceito em último caso, vejamos a regra:

Art. 54 do CM – Mulher só podia prestar testemunho para mulheres, eram


considerados inconveniente, por causa da inconstância na fala.
A pena para o falso testemunho era a precipitação no abismo –

Art. 79 do CM – “Com a cabeça para baixo será precipitado no abismo mais tenebroso do
inferno, a testemunha que, num inquérito judicial der depoimento falso”.

NO BRASIL – Art 342 do CP.

Divórcio

O divórcio na Índia só poderia ocorrer se a deficiência fosse da esposa, ou seja, era só o


marido que decidia a separação.

¹ Texto produzido pelo professor a partir de compilados bibliográficos com finalidade precípua de
instrução pedagógica a respeito do tema proposto a ser aplicado aos alunos do curso de Direito, no
componente de História dos Sistemas Jurídicos.
Causas do divórcio
- embriaguez da esposa;
- desobediência ao marido;
- prodigalidade (a gastona);
- enfermidade incurável;
- tagarelice;
- esterilidade;
- dar a luz somente a filhas,
- mau caráter;

Tais causas beneficiavam somente ao marido, o único possuidor do direito ao repúdio;

Art. 494 do CM – “durante um ano inteiro que o marido suporte a aversão de sua
mulher (indiferença), mas depois de um ano se ela continuar a odiá-lo, que ele tome o que
ela possui em particular (tomar seus bens e riquezas), lhe dê somente o que subsistir e
vestir-se (comida e roupa) e deixe de habitar com ela”.

NO BRASIL – (mudou em 2007) – Inicialmente o casamento era indissolúvel, não existia


a Lei do Divórcio. Em 1977 houve uma emenda constitucional número 9, e o casamento
passou a ser dissolúvel e o legislativo aprovou a Lei 6515 (a LD).

Adultério
A pena era aplicada no caso de adultério da seguinte forma (só da mulher):

- Art. 368 do CM – “Se a mulher, orgulhoso de sua família e de suas qualidades, é infiel
(se trai) ao seu esposo, que o rei faça devorar por cães em um lugar bastante
freqüentado’’.

NO BRASIL foi abolido embora havia o Sid Crime por mais de 60 anos, em 11.106/05 –
Abolitio Criminis – L. 11/06/05.

Defloração (Estupro)

¹ Texto produzido pelo professor a partir de compilados bibliográficos com finalidade precípua de
instrução pedagógica a respeito do tema proposto a ser aplicado aos alunos do curso de Direito, no
componente de História dos Sistemas Jurídicos.
A defloração no CM era definida como sendo feita SEM O USO DO ÓRGÃO GENITAL e era
punido severamente. Além da pena física era necessária uma recompensa financeira e em
dinheiro.

- Art. 364 do CM – “O homem que, por orgulho, que macula violentamente uma
rapariga (mulher virgem) pelo contato do seu dedo, terá dois dedos cortados
imediatamente e merece além disso uma multa de 600 panas”.

NO BRASIL – a defloração era o antigo crime de sedução que também foi banido.

NO BRASIL, (Art. 213 CP trata de estupro), pela Lei 12.015/09 de 07/08/2009 o Art. 213
do CP tem uma nova redação através da Lei supra citada, determinando que o estupro é
a conjugação carnal com violência, e também a prática de qualquer outro ato libidinoso
com violência. É hediondo – Art. 1º L 8072/90. Se no estupro resultar gravidez a mulher
poderá abortar, interromper a gravidez – Art. 128 CP.

Juros

O CM legisla sobre juros inclusive impondo diferença entre as castas, vejamos as regras:

- Art. 140 do CM – “Que ele receba 2% de juro, por mês de um Brahma, 3% de um


Kysatrya, 4% de uma Vaisya e 5% de um Sudra, segundo a ordem direta das castas, isto
é, das classes”.

NO BRASIL – é proibido o empréstimo de dinheiro a juros por pessoa física, com


percentuais superiores a taxa permitida por Lei (Art. 4º - Usura – L. 1.521/51 – Lei de
Crimes Contra a Economia Popular). Uma pessoa física pode emprestar dinheiro para
outra pessoa física, desde que aplique a taxa legal de juro. As pessoas jurídicas podem
emprestar dinheiro desde que tenha autorização do Banco Central.

¹ Texto produzido pelo professor a partir de compilados bibliográficos com finalidade precípua de
instrução pedagógica a respeito do tema proposto a ser aplicado aos alunos do curso de Direito, no
componente de História dos Sistemas Jurídicos.
Roubo e Furto

O CM explica a diferença entre esses dois crimes.

- Art. 329 – “A ação de tirar uma coisa com violência, à vista do proprietário, é um
roubo, em ausência do proprietário é furto”.

NO BRASIL – o furto é subtrair coisa alheia móvel, podendo ser na presença ou não do
proprietário, e o roubo no Brasil é tipificado no Art. 157 – é subtrair coisa alheia móvel,
mediante violência ou falsa ameaça.

Referências Bibliográficas:

FUSTEL DE COULANGES, 1830-1889. A cidade antiga: estudos sobre o culto, o direito e as


instituições da Grécia e de Roma [S.N] São Paulo: R. dos Tribunais, 2003. 363 p.
PINSKY, Jaime. História da cidadania 4. ed. São Paulo: Contexto, 2008. 591 p.
WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamentos de história do direito 8. Ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2014. 560 p
GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito 8. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
2016. 813 p.
PALMA, R. F. História do direito. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019
MACIEL, J. F. R.; AGUIAR, R. Manual de história do direito. São Paulo: Saraiva, 2019

¹ Texto produzido pelo professor a partir de compilados bibliográficos com finalidade precípua de
instrução pedagógica a respeito do tema proposto a ser aplicado aos alunos do curso de Direito, no
componente de História dos Sistemas Jurídicos.

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