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RESUMO ABSTRACT
Relato de experiência de ensino clínico no Report of clinical teaching experience in the
contexto de neonatologia. A observação context of neonatology. The observed rela-
da relação entre pai e recém-nascido pro- tionship between father and newborn provi-
porcionou a reflexão fundamentada numa ded substantiated reflection for learning and
óptica de aprendizagem e construção de building skills. The nursing staff must identify
competências. A actuação da equipe de en- and value the father and its active role in the
fermagem deve passar pela identificação e care of newborn implementing interventions
valorização do pai e do seu papel activo nos aimed at the establishment of a parent-child
cuidados ao recém-nascido implementando relationship that promotes the integrating of
intervenções que visem o estabelecimento the baby in the family.
de uma relação pai-filho fomentadora da in- Key words: neonatology; father-child relations;
tegração do bebé na família. infant, premature.
Descritores: neonatologia; relações pai-filho;
prematuro.
CIÊNCIA & TÉCNICA
namento, pois frequentemente são os pais ela que o recém-nascido criou laços in-útero.
que acompanham os recém-nascidos desde Como tal, pode-se averiguar que a mãe tem
a sala de partos até às unidades de neona- uma relação estabelecida mais favoravel-
tologia, e acabam por assistir a procedimen- mente com o recém-nascido, do que o pai.
tos invasivos realizados ao recém-nascido, Cuidados de enfermagem centrados na tría-
assim como, os momentos mais vulneráveis de
e instáveis (CARDOSO, OLIVEIRA e SOUTO,
Contudo, o papel do pai é essencial, e o
2006; HOLLYWOOD E HLLYWOOD, 2011).
incentivo deste ao contacto com o recém-
Neste momento os pais experienciam sen-
nascido é a prática correcta (CARDOSO, OLI-
timentos de ansiedade, medo do desconhe-
VEIRA e SOUTO, 2006) e que deve ser fo-
cido e de impotência. Enquanto, as mães só
mentada. No entanto, os pais relatam que os
têm encontro com o recém-nascido já numa
profissionais se concentram mais nas mães
fase mais calma. Este primeiro impacto faz
e no bebé do que no pai (HOLLYWOOD E
com que os pais no restante internamento
HLLYWOOD, 2011). Deste modo, é da com-
tenham um comportamento mais cauteloso
petência da equipa de enfermagem dos ser-
MARÇO 2015
mostram desejo em participar nos cuidados, ção prática. Da experiência vivenciada salien-
e querem estar implicados o mais possível tam-se como estratégias úteis: a consulta de
nos cuidados do seu filho questionando com literatura da área, a observação da prestação
mais frequência a equipe de enfermagem. de cuidados pelos enfermeiros mais expe-
Da literatura destaca-se os conflitos emocio- rientes, o investimento na colheita de dados
nais no momento de cuidar dos filhos pois e planeamento dos cuidados e a reflexão so-
por um lado sentem-se assustados e inca- bre as vivências quer escrita quer debatida
pazes mas, ao mesmo tempo desejam este com docente e orientador. Sendo, que foi
momento e criam expectativas (BARRADAS, nesta fase que, o papel da enfermeira orien-
2008; CAMARNEIRO, 2009). Salientam-se tadora é crucial, uma vez que enquanto alu-
ainda dois momentos relatados pelos pais: na, ainda existe muita insegurança e receio
o momento inicial de desesperança, tristeza no estabelecimento da relação com pais, as-
e medo relacionado com a instabilidade do sim como na adoção das técnicas de modo a
bebé e, um segundo momento que decorre integrar mesmo nos cuidados. Foi nesse con-
do contacto com a unidade e habitualmente texto, que a enfermeira orientadora, teve um
melhoria clínica da criança onde se relatam papel fulcral ao longo do ensino clinico, pois
sentimentos de fé e esperança (CARDOSO, devido a sua experiência demonstrou as va-
OLIVEIRA e SOUTO, 2006). riadas abordagens que se devem realizar aos
Enquanto aluna, a procura de novas oportu- pais consoante o estado de ansiedade, assim
nidades de aprendizagem é uma constante e como a sua capacidade de assimilação de
face a situações de maior instabilidade pro- informação que estes demostravam perante 37
cura-se assimilar os procedimentos técnicos situação do seu recém-nascido. Bem como,
e actuação da equipe não sendo, nesta fase aquando do planeamento dos cuidados,
inicial, a atenção focada nos aspectos rela- contou-se sempre com o suporte e apoio da
cionais. Contudo, procurou-se integrar os enfermeira orientadora, pois no sentido que
pais nos cuidados incentivando a sua presen- me aconselhava qual a melhor abordagem a
ça, explicando os procedimentos e pedindo seguir de acordo com o tipo de pai e a situa-
colaboração sempre que possível, reforçan- ção clinica do recém-nascido.
do as competências parentais elogiando aos
cuidados prestados pelos pais, esclarecendo CONCLUSÃO
dúvidas e reforçando a informação acerca da
Em síntese, esta análise foi bastante impor-
criança, sendo este último cuidado apontado
tante para o percurso como aluna e futura
como um aspecto importante e significativo
enfermeira, pois em situações futuras, haverá
para os pais especificamente (HOLLYWOOD
mais capacitação para actuar perante os pais
E HLLYWOOD, 2011). Estes cuidados, realiza-
mais renitentes à prestação de cuidados de
dos de forma natural pela equipa de enfer-
modo a favorecer a vinculação deste com o
magem do serviço, são para um aluno fonte
bebé. Transpõe-se também para outra rea-
de stress não só porque exigem uma prepa-
lidade, nomeadamente em adultos, estando
ração teórica extensa mas sobretudo porque
mais atenta aos comportamentos da família
é preciso segurança e destreza na sua aplica-
do doente, nomeadamente da pessoa sig-
CIÊNCIA & TÉCNICA
nificativa, de modo a perceber até onde ela [Em linha]. Vol. 32, n.º 2 (2011), p. 248-255.
está disponível para colaborar nos cuidados, Disponível na internet: <URL: http://www.
e caso se não esteja utilizar as estratégias scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
identificadas de modo a interliga-la nos cui- =S1983-14472011000200006>. ISSN 1983-
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