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A

importância
Debate

do acervo
imagético
84
de uma
instituição
para
preservação
da sua
memória
Senac.DOC, Rio de Janeiro, v. 3, n. 1, p. 84-97, 2016.
Andréa Cristina Pring Marinho
Responsável técnica da Gerência
de Documentação do Departamento
Nacional. Bibliotecária. Especialista em Ges-
tão da Informação e Inteligência Competitiva e
em Análise, Projeto e Gerência de Sistemas.
E-mail: documentacaotecnica.integracao@senac.br

Jacymara de Assumpção Amorim


Assessora técnica da Gerência de Documentação do De-
partamento Nacional do Senac. Bibliotecária. Especialista em
Gestão da Informação e Inteligência Competitiva.
E-mail: documentacaotecnica.integracao@senac.br

Maria Auxiliadora de Souza Nogueira


Bibliotecária da Gerência de Documentação do Departamento Na-
cional do Senac. Especialista em Gestão da Informação e Inteligência
Competitiva e em Gestão em Educação a Distância.
E-mail: documentacaotecnica.integracao@senac.br

Fabiana Schtspar G. de Carvalho


85
Assessora técnica da Gerência de Documentação do Departamento Na-
cional do Senac. Bibliotecária.
E-mail: documentacaotecnica.integracao@senac.br

RESUMO

Descreve o processo de tratamento técnico e o trabalho de armazena-


mento e preservação do acervo imagético da Gerência de Documen-
tação do Departamento Nacional. Contempla as seguintes etapas
do processo: recebimento do acervo imagético; identificação do
problema e elaboração de projeto; visita a instituições com
acervos imagéticos já organizados; capacitação técnica dos
bibliotecários; criação da base imagética e definição dos
padrões; razões para mudança do software utilizado; re-
cursos materiais necessários para acondicionamento e
preservação do acervo; e por que digitalizar. Finali-
za mostrando a importância da preservação do
acervo imagético como resgate da memória
institucional.

Palavras-chave: Acervo imagético.


Senac.DN. Memória institucional.
Preservação.
Senac.DOC, Rio de Janeiro, v .3, n. 1, p. 84-97, 2016.
1 INTRODUÇÃO O que seria um material “inclas-
sificável”?

Fotografar é parar no tempo E não foi só o Departamento


uma imagem que jamais se Nacional que produziu ou rece-
repetirá (SENAC, 1999, p. 9). beu esse tipo de material. Em
algumas Unidades Informacio-
O que acontece com um biblio- nais do Sistema de Informação
tecário quando recebe várias e Conhecimento do Senac (Sics)
pastas, caixas, envelopes etc. surgiram fotografias, negativos
cheios de fotografias? E imagine etc., ou seja, outras fontes de
que esse profissional, assim informação de igual importância
como seus colegas, nunca tra- aos livros e periódicos, também
balhou com tal tipo de material. conhecido como acervo imagé-
Para completar, as fotos, diapo- tico.
sitivos (slides) e negativos soma-
vam um montante em torno de Neste artigo, iremos comparti-
8 mil imagens. lhar o processo de tratamento
técnico e o trabalho de arma-
Todos podem imaginar nossa zenamento e preservação do
situação. Ao começar a levantar acervo recebido pela então Di-
86 a literatura nos deparamos com retoria de Marketing e Comuni-
a seguinte frase, digamos deses- cação (DMC), atual Gerência de
peradora, Marketing e Comunicação. Esse
tipo de acervo são fontes que,
ao analisar a natureza da segundo Silva (2006, p. 196),
fotografia [...] as divisões às
quais ela é submetida são de podem ser mais reveladoras
fato ou empíricas, ou retóri- que o discurso escrito ou
cas, ou estéticas [...] diríamos oral, graças às significações
que a fotografia é inclassifi- que delas podemos extrair,
cável (GONZALEZ; ARILLO, já que são o locus privilegia-
2003, p. 2). do para que se desenvolva a
observação e a compreensão
da dialética que se manifesta
entre as realidades materiais
e a forma como as olhamos.

E todo esse trabalho vai ser nos-


so referencial para o tema em
debate: a importância do acervo
imagético de uma instituição para
preservação da sua memória.

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2 UM POUCO DA E havia muitas
perguntas a serem
HISTÓRIA DO ACERVO
respondidas:
IMAGÉTICO DO
DEPARTAMENTO a. como catalogar?
NACIONAL b. como indexar?
c. vamos criar uma
base de dados só
O então Centro de Documenta- para este acervo?
ção Técnica (Cedoc, que compõe d. como armazenar?
a atual Gerência de Documenta- e. como preservar?
ção) recebeu um grande acervo f. como restaurar?
de fotos, diapositivos e negativos. g. como e “se podemos”
Todo esse acervo foi produzido disponibilizar ?
ou encomendado pelo Senac.
Também conhecido como icono-
gráfico, o acervo imagético pre-
A primeira ação foi guardar tudo
cisa não só ser armazenado, mas
em um armário. O material estava
também receber um tratamento
em envelopes, porta-slides e cai-
especial para sua conservação.
xas, com uma etiqueta indicando
o conteúdo principal: eventos,
cursos, assuntos ou Departamen- É sabido que as fotografias
são artefatos dotados de 87
to Regional (DR). Havia, também,
envelopes com a identificação características bastantes es-
“Diversos” e “Pessoas ilustres”. O pecíficas, por se constitu-
que era comum a todos os invólu- írem de diversas camadas
cros: nenhuma foto tinha descri- cujo comportamento físico
ção ou identificação. e químico pode ser bastante
diverso, ao interagirem com
Naquele momento, nenhuma de o meio ambiente, além de
nós, bibliotecárias, éramos capa- serem enormemente suscetí-
citadas para trabalhar com esse veis aos ataques biológicos. É
material. Em nossas mentes esta- sabido também que as ima-
va claro o seguinte esquema: gens fotográficas requerem
uma leitura e uma descrição
IMAGEM USUÁRIO de conteúdo que diferem
consideravelmente daquela
que é tradicionalmente uti-
BIBLIOTECÁRIO lizada para a documentação
textual (ABREU, 1999).

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Para responder a todas essas A primeira instituição a ser visita-
questões e elaborar um projeto, da foi o Instituto Moreira Salles,
providenciamos: em agosto de 2006. Fomos re-
cebidas pelo Sr. Sergio Burgi, que
1) levantamento de litera- muito gentilmente nos recebeu,
tura; orientou e repassou muitas di-
2) visita a instituições com cas, principalmente com relação
acervo imagético; à estruturação do nosso acervo e
3) qualificação técnica das à elaboração do projeto.
bibliotecárias, por meio
de cursos e visitas.
Em seguida, visitamos o Arquivo
Fotográfico do Museu do Índio,
2.1 Levantamento de onde foi possível observar a or-
literatura ganização física do acervo. A
orientação da arquivista Roseli
Rondinelli foi de grande valia e,
Existem no mercado várias pu- com sua pontualidade, ajudou-
blicações que possuem como -nos a decidir qual a melhor for-
tema central a “fotografia”, ma de organização e armazena-
porém seu foco é “como foto- mento do nosso acervo.
grafar”. Encontramos, também,
88 história da fotografia, como ela Fizemos outras visitas, entre elas:
surgiu e difundiu-se pelo mun- Arquivo do jornal O Globo e aos
do. Todos esses tópicos são Laboratórios de Preservação e
importantes para o profissional Conservação do Museu Histórico
que quer ou precisa trabalhar Nacional e da Fundação Nacional
com tal acervo. Porém, preci- de Arte (Funarte). Estas últimas
sávamos de mais: precisávamos visitas foram parte da programa-
responder àquelas perguntas. ção de um curso de qualificação.

2.2 Visitas a instituições 2.3 Qualificação


com acervo imagético técnica das
bibliotecárias
Paralelamente ao levantamen-
to, buscamos quais instituições, Importante ressaltar que o
na cidade do Rio de Janeiro, objetivo aqui é relatar nossa
possuíam acervo de fotografia experiência, e não divulgar os
e poderiam nos receber. Procu- cursos disponíveis no mercado.
ramos instituições com objeti- Por esta razão, não será abor-
vos distintos e acervos imagé- dada a sua qualidade, mas sim o
ticos já organizados. que aprendemos com eles.

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2.3.1 Introdução o resumo de uma imagem é a
à Conservação sua descrição objetiva. Descreve
Fotográfica, ministrado o que se vê. Já os descritores de
pela Profa Sandra Baruki uma imagem podem ser deno-
tativos ou conotativos. Tudo que
O primeiro curso realizado, e o está subentendido em uma ima-
mais importante, forneceu a gem aparece nos descritores.
nós conhecimento sobre o ma-
terial imagético, as várias técni-
cas de produção e conservação, 2.3.4 Organização de
como manuseá-lo, armazená-lo Acervos Fotográficos,
e preservá-lo. ministrado pela Profa
Aline Lopes Lacerda

2.3.2 Análise e Indexação Último curso realizado até o


de Documentos momento, apresentou formas
Imagéticos para Unidades de organização de acervos. Foi
de Informação, ministrado possível compartilhar com co-
pela Drª Rosa Ines legas, de diversas instituições,
Cordeiro nossas angústias com relação à
organização e ao espaço físico
Este veio sanar uma das nossas para o acervo imagético. 89
dúvidas, “como indexar”. A par-
tir dele, aprendemos a fazer a
representação temática e des-
critiva da imagem e estabelecer
padrões para seu registro na
nossa base de dados.

2.3.3 Aproximación
metodológica al análisis
de contenido de los
textos y de las imágenes,
ministrado pelo Prof. Dr.
José Antonio Moreiro
González

As aulas reforçaram como o


tratamento de imagem é dis-
tinto do material convencional
de uma biblioteca. Aprendemos
que, no tratamento da imagem,

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3 IDENTIFICAÇÃO DO Cavalcanti (2008, p. 175), a fo-
tografia é uma
ACERVO IMAGÉTICO
DO DEPARTAMENTO
técnica ou arte de produzir
NACIONAL imagens visíveis pela ação da
luz, que fixa essas imagens de
modo direto e durável sobre
Como já mencionado, o acervo
uma superfície sensibilizada.
imagético recebido era com-
posto de fotografias, negativos,
cromos e diapositivos. Vamos
conhecer melhor o que são es- 3.2 Diapositivo
ses materiais.

Também conhecido como slide


ou cromo, é um tipo de filme
3.1 Fotografia cuja imagem só se observa
quando projetada. No Brasil, só
é fabricado diapositivo colorido,
O primeiro processo fotográfico
porém se sabe da existência de
foi desenvolvido por Louis Jac-
slide preto e branco em outros
ques Daguerre, em 19 de agos-
países.
to de 1839. Segundo Cunha e
90

3.3 Negativo

Trata-se da “imagem fotográ-


fica cujos valores tonais (claros
e escuros) são o reverso do ob-
jeto original” (CUNHA; CAVAL-
CANTI, 2008, p. 158).

3.4 Cromo

Parecido com o negativo, é sim


um positivo, como o diapositivo.
Difere no processo (revelação) na
quantidade de banhos químicos.

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3.5 Originais de arte 5 BASE IMAGÉTICA
E O MANUAL DE
São as telas, desenhos em PADRÕES
nanquim, escultura ou, como
define o Código de Cataloga-
[...] as imagens fotográficas
ção Anglo-Americano (2004),
requerem uma leitura e uma
original de arte é “uma obra
descrição de conteúdo que
de arte original, em duas ou
diferem consideravelmente
três dimensões, criada pelo ar-
daquela que é tradicional-
tista (que não seja gravura ou
mente utilizada para a do-
fotografia)”.
cumentação textual (ABREU,
1999, p. 9).

4 ELABORAÇÃO DO A estrutura da base de imagens,


PROJETO denominada Arqfoto, foi criada
no Winisis e era destinada ape-
nas ao tratamento do acervo
Após todas as etapas, desde recebido da DMC, mas, com o
levantamento de literatura até recebimento de outros materiais
conhecimento do tipo de mate- iconográficos, como cartazes e
rial, iniciamos a elaboração de originais de arte, foram criados 91
um projeto para a organização mais campos e alterada a finali-
e recuperação das imagens. dade da base, tornando-a mais
abrangente.
Nosso projeto tinha definido
três objetivos: Decidimos que tanto o vocabu-
- implantar o acervo; lário assim como alguns campos,
- processar tecnicamente, entre eles Autor, Título, Local e
armazenar e preservar as Data, teriam os mesmos padrões
imagens; da então base bibliográfica Bi-
- localizar onde as ima- blio. Pensando nas imagens que
gens foram utilizadas nas seriam digitalizadas, foram cria-
publicações, principal- dos os campos Local de Guarda
mente, no então Correio e Endereço Eletrônico. O primei-
do Senac (atual Revista do ro deveria ser preenchido com
Senac). o local físico onde a imagem fi-
caria armazenada no acervo e o
No projeto, definimos, tam- segundo com o link e um nome
bém, a metodologia de tra- indicado pelo catalogador. Na
balho, os recursos materiais, Figura 1, o nome adotado pelo
financeiros e humanos. catalogador foi “Original”.

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O campo Resumo seria (e é) pre- bibliotecário, foi elaborado um
enchido com um padrão diferente Manual, da série Manual do Sics,
da base bibliográfica. Em um livro com os padrões adotados para
ou periódico, a informação não é cada campo da base. O referido
só clara, mas, também, há divi- Manual está disponível na web.
sões da ideia ou do conhecimento
do autor. Em uma imagem, exis-
tem outros elementos de conteú-
5.1 Mudança de software
do como a pessoa protagonista,
objetos ou animais, cenário (ou
paisagem), ambiente, tempo, en- A Gerência de Documentação
tre outros que precisam ser iden- tomou a decisão de migrar os
tificados e registrados. dados da base ArqFoto para
o BNWeb, motivada pelas no-
Na Figura 1, observamos a plani- vas demandas de atendimento
lha de entrada de dados de ori- oriundas do projeto Senac 70
ginais de arte como exemplo. Es- anos (para comemoração do
ses materiais são telas que estão aniversário da Instituição em
armazenadas tanto física como âmbito nacional, em 2016).
digitalmente na Gerência de Do-
cumentação. A equipe realizou um estudo
92 comparativo das planilhas dis-
Essa Base foi divulgada e dis- poníveis no BNWeb para veri-
ponibilizada para os DRs que ficar a compatibilidade com a
nos solicitaram. Para orientar o planilha da base Arqfoto. Ao

Figura 1 – Planilha de Entrada de Dados no Winisis

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final do estudo, optou-se por pela equipe, foi a criação de
utilizar as seguintes planilhas: uma nova planilha específica
FTS (fotografias), SDE (slides) e para as bibliotecas do Senac,
RPA (reprodução de arte) para em que será possível tratar o
registro do material imagético. acervo imagético, independen-
Outra decisão foi que não se- temente do seu suporte. A pla-
ria realizada uma migração de nilha está em fase de desenvol-
dados, mas sim, que seria gera- vimento por parte da empresa.
do um relatório da antiga base
para alimentação manual dos
dados no BNWeb.
6 RECURSOS
Após essa etapa inicial, e com
MATERIAIS PARA
a continuidade da entrada de ARMAZENAMENTO E
dados diretamente no BNWeb, PRESERVAÇÃO
a equipe sentiu a necessidade
de implementar algumas altera-
ções nas planilhas adotadas vi- Nosso próximo passo seria a
sando uma melhor recuperação compra do material. Mais uma
do acervo imagético. vez, perguntas surgiram antes
de fazermos a “lista de com-
pras”. Como nosso acervo tinha
Realizou-se uma reunião com o 93
imagens de vários tipos e dife-
diretor-técnico da Contempory,
rentes dimensões, a primeira
desenvolvedora do software,
pergunta foi: acondicionamen-
para avaliar a viabilidade dessas
to? Caixas, jaquetas...? Em se-
implementações. A sugestão
guida, quais as espe-
apresentada, e aceita
cificações do papel,
da cola, da luva etc.?

Nossa opção foi comprar pa-


pel neutro de várias gramatu-
ras, e confeccionar os envelo-
pes e caixas de acordo com o
tipo de imagem. Foi uma boa
opção, já que não tínhamos
como estimar a quantidade de
cada tipo de imagem. A relação
desse material, assim como dos
equipamentos, está descrita no
Manual.

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7 DIGITALIZAÇÃO recuperada, a imagem só é exibi-
da para as pessoas autorizadas.

Por que digitalizar? Nosso


objetivo foi (e é) preservar
e disponibilizar as imagens, 8 A IMPORTÂNCIA DO
principalmente aquelas que ACERVO IMAGÉTICO
retratam a história do Senac. A DE UMA INSTITUIÇÃO
pergunta era: como disponibili-
zar e preservar ao mesmo tem-
PARA PRESERVAÇÃO
po? A solução encontrada foi a DA SUA MEMÓRIA
digitalização do acervo, anexan-
do a imagem ao registro, possibi- Toda reflexão sobre um
litando aos pesquisadores a sua meio qualquer de expres-
recuperação. são deve se colocar a ques-
tão fundamental da relação
Ao tomarmos a decisão de dis- específica existente entre o
ponibilizar a imagem junto ao referente externo e a men-
registro, nos preocupamos com sagem produzida por esse
a Lei de Direito Autoral. Por esta meio (DUBOIS, 2006, p. 25).
razão, apesar da informação ser
94
Foto 1 – Indexação de uma imagem

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O compartilhamento da nos- Por fim, uma imagem pode ser
sa experiência com o acervo “como um traço de um real”.
imagético teve como objetivo Para Dubois, a imagem pode
mostrar como a preservação da ser mais do que o real, do que
memória visual pode colaborar é visto. Ela requer análise e pes-
com o fortalecimento da identi- quisa do seu significado, qual a
dade e ampliar o conhecimento realidade ela reflete. Para exem-
a partir do acesso ao “conteúdo plificar essas teorias, observe-
informacional” das imagens. mos a Foto 1:

1. espelho do real: fotogra-


Tanto as fotografias como os fia da construção de uma
diapositivos, negativos e outros
laje;
tipos de imagens são fontes que
2. transformação do real:
nem sempre registram o que o
reforma de uma gara-
olhar observa. Como comenta
gem? Construção de uma
Canclini (1987, p. 16 apud SIL-
marquise?;
VA, 2006, p. 196)
3. traço de um real: após
pesquisas no então Cor-
o sentido das fotos nunca está reio do Senac (atual Re-
completo nelas mesmas, mas vista do Senac), essa
que se constitui e varia no imagem representa a
processo de circulação social. construção da unidade 95
903 Sul do Departamen-
Esta experiência foi vivida na to Regional do Distrito
Gerência de Documentação. Federal, iniciada em 1971.
Muitas imagens pouco nos re-
Como já foi visto, o bibliotecá-
velavam, era apenas uma prova
rio pode interferir na descrição
daquilo que mostravam.
da imagem ao interpretar o que
vê. Por essa razão, é necessária
Como aborda Dubois (2006), uma análise, ou melhor, uma
uma imagem pode ser o “espe- pesquisa que possa fundamen-
lho do real”, ou seja, imitação tar sua interpretação. Silva e Sil-
da realidade, mas, também, a va (2010, p. 200) afirmam
mesma imagem é a “transfor-
mação do real”, quando é fei-
[...] para que o pesquisador
ta uma interpretação do que é
visto. Como tece Haertel (1990) possa alcançar o que não foi
revelado pela imagem, a foto-
grafia deve ser inserida em seu
outras inferências percepti-
contexto social e analisada em
vas, advindas de nossos ou-
um estudo comparativo com
tros sentidos, podem trans-
outros tipos de registro, como
formar a impressão daquilo
o documento escrito.
que vemos.

Senac.DOC, Rio de Janeiro, v .3, n. 1, p. 84-97, 2016.


Se o objetivo principal for resga- REFERÊNCIAS
tar e divulgar a memória da Ins-
tituição, é importante a pesquisa ABREU, Ana Lucia de. Acondicio-
em documentos textuais histó- namento e guarda de acervos
ricos, como livros e periódicos, fotográficos. Rio de Janeiro: Fun-
onde será possível identificar os dação Biblioteca Nacional, Departa-
mento de Processos Técnicos, 1999.
fatos históricos. A imagem é con-
siderada “matéria-prima do co- CUNHA, Murilo Bastos da; CA-
nhecimento” (MARTINS, 2008) VALCANTI, Cordélia Robalinho de
no momento em que a Institui- Oliveira. Dicionário de bibliote-
conomia e arquivologia. Brasília,
ção deseja retratar sua história.
DF: Briquet de Lemos, 2008.

96 DUBOIS, Philippe. O ato fotográ-


Considerando as comemora-
fico e outros ensaios. Campinas:
ções dos 70 anos do Senac,
Papirus, 1993.
nossa proposta é que este tema
seja o referencial para as biblio- HAERTEL, Nilza G. A magia do silên-
tecas do Sics no tratamento do cio nas artes visuais. Revista Porto
acervo imagético e resgate da Alegre, Porto Alegre, n. 1, p. 56-59,
maio 1990.
memória institucional.
MARTINS, José de Souza. Sociolo-
gia da fotografia e da imagem.
São Paulo: Contexto, 2008.

SENAC. DR. PR. Técnicas básicas de


fotografia. Curitiba, 1999.

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA,


Maciel Henrique. Dicionário de
conceitos históricos. 3. ed. São
Paulo: Contexto, 2010.

SILVA, Rubens. Acervos fotográficos


públicos: uma introdução sobre a
digitalização no contexto político da
disseminação de conteúdos. Ciência
da Informação, Brasília, DF, v. 35,
n. 3, p. 194-200, set./dez. 2006.

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