Você está na página 1de 2

Resenha: Psicologia escolar e psicologia social: articulações que encontram o sujeito histórico no

contexto escolar – Cecília Pescatore e Antonio Carlos Barbosa

O artigo parte da problemática de articulação de diversos campos teóricos da psicologia para a


constituição de uma abordagem teórica da psicologia escolar. Os autores reconhecem, logo na
introdução do trabalho, a diversidade de modelos existentes, assim como as complementaridades,
contradições e lacunas.
Essas diferenças teóricas são atribuídas a diferenças filosóficas e metodológicas, portanto,
reconhecem que a psicologia escolar é composta de dimensões individuais e sociais. Sugerem
ainda que respostas satisfatórias devem levar em conta essa multiplicidade de abordagens.
Os autores também pontuam que a busca de metodologias efetivas no ambiente escolar é
dificultada justamente pela negligência de parte dos profissionais em relação a parte dessas
dimensões.
Uma solução seria a utilização, pelo psicólogo escolar, de todo o corpo teórico e metodológico
disponibilizado pela psicologia. O argumento que sustenta essa hipótese é o da escola ser produto
e instância da vida social e portanto deve ter base teórica e metodológica ligada à prática, que
deve estar associada a componentes políticos e históricos.
Essa proposta dos autores seria uma forma da psicologia escolar dialogar com outras áreas do
saber, enquanto contribui com a crítica social e desnaturalização de desigualdades. Logo, um
método comprometido com a realidade social brasileira enquanto fundamentada em uma base
epistêmica da psicologia.
Além disso, os autores debatem a constituição de uma psicologia baseada em uma postura
ética que esteja para além da ética da profissão, mas que tenha como objetivo uma sociedade
justa e solidária.
Logo, é fundamental que o psicólogo construa sua base metodológica a partir da compreensão
da realidade escolar brasileira. Os autores são otimistas com a aproximação da Psicologia
Escolar e Psicologia Social Crítica.
Essa união permite ao psicólogo compreender o espaço de trabalho a partir de referenciais
teóricos-práticos ampliados e permite ações críticas, éticas e transformadoras, tendo como ponto
de partida a realidade brasileira. Logo, percebe o ser humano em sua subjetividade, ligados a
questões sociais e políticas.
Identifica-se implicações educativas da Psicologia Social Escolar que busca retirar o modo de
pensar da superfície do dado imediato. Ela postula um pensamento dialético que busca ler a
completude do objeto analisado.
O artigo resgata o pensamento de Paulo Freire para advogar por um espaço educativo que,
mesmo contraditório, é reprodutor de conhecimento, informativo e crítico. Capaz de modificar o
modelo histórico e político.
Para a psicologia escolar contribuir com essa perspectiva, deve deixar de conceber a escola
como instituição isolada. Deve, pelo contrário, fazer a mediação entre os indivíduos e a
sociedade. Logo, o psicólogo com preocupação social deve estar atento a aspectos
sócio-históricos.
A articulação da psicologia social com a psicologia escolar, nesse contexto, permitiria a
articulação das realidades objetivas e subjetivas processadas pelos sujeitos e suas relações.
Assim, é uma proposta de atuação nesse ambiente, o inserindo no contexto histórico.

Você também pode gostar