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INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA

CAMPUS FLORIANÓPOLIS - CONTINENTE


TÉCNICO EM COZINHA - B1
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA GASTRONOMIA
MARCELA LUIZA BARREIROS BATISTA
MARY LIZETH GUERRERO M.

ALIMENTOS AMERICANOS

A gastronomia do continente americano é sinônimo de diversidade e milhares de anos de tradição. Deste lado do mundo, a
cultura culinária tem 3 grandes influências: os povos originários da América, os colonizadores europeus e as migrações africanas.
As culturas pré-colombianas foram aquelas que habitaram o continente americano até a invasão européia com a chegada
de Cristóvão Colombo em 12 de outubro de 1492, que estabeleceu a primeira colônia espanhola na América. Mas a verdade é
que, academicamente, falamos de América pré-colombiana para nos referirmos ao continente americano antes do
estabelecimento do domínio político e cultural dos europeus sobre os povos indígenas americanos, fato ocorrido a partir do
século XV. Portanto, mais do que se referir às culturas que ali viveram pouco antes de sua chegada, essa época compreende
milhares de anos e eventos muito relevantes, desde as primeiras migrações humanas da Ásia até o Estreito de Bering e até a
revolução neolítica.
Foram várias as culturas que habitaram a América pré-colombiana e as que mais se destacaram foram aquelas que
conseguiram se tornar civilizações, ou o que também podemos chamar de alta cultura 1.
As civilizações pré-colombianas se destacaram por seu nível de evolução em sociedades organizadas sob o domínio de
impérios, com grandes monumentos, templos e casas. Caracterizavam-se por utilizar um sistema político, econômico, religioso e
social, além de possuir conhecimentos sofisticados em astronomia, arquitetura, matemática e agricultura.
A região andina foi sede de uma das três chamadas "altas culturas" da América pré-colombiana: maia e asteca na
Mesoamérica; Inca, na América do Sul.

“AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA”
(Seminário História da Gastronomia, prof. Luciano)

➔ ASTECAS
• México Central: capital Tenochtitlán
• agricultura:
milho, pimenta, pimentão, cacau, feijão, abacate, abóbora
• artesanato: tecelagem • ourivesaria • escultura
• arquitetura: astronomia • matemática • códices
• politeísmo: sacrifícios humano - civilizações agrárias • comunidades primitivas
• Modo de Produção Asiático ou Regime de Servidão Coletiva

➔ MAIAS
• sul da América Central: Península do Iucatã
• agricultura irrigada:
milho, cacau, cassava, batata doce, tabaco, mamão, caju
• artesanato: tecelagem • ourivesaria
• cidades-estado: Palenque • Tikal
• arquitetura • astronomia • matemática • hieróglifos
• politeísmo: sacrifícios humanos

➔ INCAS
• Andes Centrais: Machu Picchu • Cusco
• agricultura irrigada:
aquedutos • represas • terraços • guano
batata, milho, quinoa, chia, tomate, amendoim, abacaxi, peru
• pecuária: alpacas,vicunhas, guanacos
• artesanato: tecelagem • ourivesaria
• arquitetura • astronomia • matemática • quipos
• politeísmo: Deus sol

A região mesoamericana abrangia os territórios dos atuais México, Guatemala, El Salvador e Belice. Lá, o clima ameno e as terras
férteis foram fundamentais para o desenvolvimento inicial da atividade agrícola pelas culturas mesoamericanas pré-históricas.
1 Uma alta cultura é o resultado histórico do acúmulo de conhecimentos, experiências, hábitos e costumes, desenvolvimento tecnológico e muitos outros
fatores ao longo de milênios.
Por outro lado, as culturas sul-americanas se espalharam pela Cordilheira dos Andes, no atual território da Argentina, Chile,
Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e, em menor escala, na região oeste da Venezuela.
Eram culturas essencialmente agrícolas, com uma alimentação bastante variada. Em que domesticaram diferentes
variedades de milho2, batata3, mandioca, amaranto4, feijão, cacau5, tomate6, pimentão, chili, coca, algodão e abóbora, abacate,
principalmente; a dieta foi completada com uma variedade de grãos e frutas (abacaxi e goiaba), o pastoreio de camelídeos
(alpacas) e a pesca em lagos e especialmente na costa do Pacífico também eram comuns.
Sua dieta era fundamentalmente vegetariana, pois a domesticação dos animais não era muito desenvolvida pelas culturas
pré-colombianas, o único alimento de origem animal era o porco indiano e o pato, não havia gordura ou óleo para fritar, por isso
a forma de cozinhar os alimentos era assada, fervidos na grelha, chapas e espetos. Para conservar, utilizavam o vapor, a
desidratação e a defumação.
O desenvolvimento do comércio colonial que se seguiu às expedições européias para a América, África e Ásia reforçou o
fluxo de alimentos e condimentos exóticos para o Velho Mundo, já que no início do século XVI a culinária européia teve grande
influência africana até a chegada de muitos plantas importadas do continente americano. A conquista produziu uma massiva
transmigração de espécies alimentícias; de tal forma que a dieta mudou profundamente e continuou a se transformar à medida
que os espaços conquistados aumentavam e as comunicações entre as colônias e as metrópoles eram asseguradas e melhoradas.
Após o encontro inesperado das duas refeições, veio a troca transoceânica. A América ofereceu ao mundo europeu uma
variedade de produtos até então desconhecidos, mas, por sua vez, recebeu espécies que não existiam no novo mundo. As
espécies de plantas domesticadas que a América ofereceu à Europa constituem 17% de todas as cultivadas no mundo. Na Europa,
muitos deles passariam a fazer parte da alimentação diária de seus habitantes.
Os espanhóis nos ofereceram seus cereais e nós lhes oferecemos nosso milho. Trouxeram-nos alguns legumes e oferecemos
os nossos feijões; A batata foi aceita mais lentamente do que outros produtos tropicais mas, mesmo assim, estava chegando aos
países do norte da Europa no final do século XVI. Logo se tornou o principal componente da dieta dos pobres e, no século XVII, as
fomes podiam ser superadas graças a ele; seguido pelo tomate e outros alimentos, embora não precisamente andinos, como o
amendoim e o cacau com os quais os maias e os mexicas faziam o precioso chocolate, sendo rapidamente aceitos junto com o
uso da baunilha. Na proximidade do mar e dos rios costeiros, a dieta era complementada com peixes e mariscos. Na serra era
essencialmente vegetariano, mas em ambos os casos tornou-se uma dieta rica e equilibrada.
Dentre as plantas medicinais, foram adotadas quinua, salsaparrilha e outras. O tabaco não teve uma recepção rápida, no
século XVI afirmava-se que tinha virtudes curativas contra várias doenças; mas finalmente tornou-se um importante consumo
social e cuja origem deve ser buscada entre os índios americanos. Desde o início do século XVII, o uso do tabaco se espalhou, via
marinheiros, para todas as cidades portuárias da Europa, onde os homens mais jovens adotaram a moda.
Embora essas contribuições tenham influência em praticamente todos os territórios, elementos diferentes e marcantes se
consolidaram em cada nação. Em resumo, os povos originários pré-colombianos (os maias, os astecas, os incas e outras culturas)
contam como uma de suas grandes contribuições o uso do milho, da batata, da mandioca, o cacau e do tomate, como
ingredientes essenciais em muitas receitas. Por seu lado, os europeus enriqueceram a nossa gastronomia com a presença de

2 Por volta do ano 5000 a. C. o cultivo doméstico de milho começou no Vale de Tehuacán (localizado no que hoje é Puebla, México). O milho era um alimento
fundamental na dieta não só dessa cultura, mas de toda a América, cuja presença se fazia sentir do Canadá ao Chile. A chamada "cultura do milho" foi
desenvolvida. Seu cultivo era difundido, na época da conquista espanhola, nas três Américas e no Caribe. Na língua quíchua é chamado (sara). O milho é um dos
alimentos mais versáteis: pode ser usado desde quando o grão está macio, simplesmente cozido ou assado, até quando está maduro e seco, e é usado para
preparar inúmeros pratos e sanduíches, incluindo tortilhas, acepas e pães.Inúmeras variedades foram domesticadas e selecionadas, desde as de grão macio até as
de grão duro como o mármore e que no Equador se chama "morocho" e é muito rica em cálcio. Existem desde variedades que são torradas sem estourar, até
aquela que estoura e vira “pipoca” ou pipoca; do branco ao preto. Cada variedade tem suas virtudes e seus usos nutricionais específicos.
3 Algo semelhante aconteceu com a batata. Quantos pratos e ensopados não foram preparados e ainda estão sendo preparados com este tubérculo? Porque a
região andina é o centro de origem e difusão da batata e devido ao seu uso variado e amplo, podemos falar também da "cultura da batata" para esta região
geográfica. A origem da planta da batata e do seu tubérculo comestível é estabelecida, segundo as evidências científicas atuais, ao ano 8000 aC. no altiplano
andino, aproximadamente no sul do atual Peru. Antes da chegada dos espanhóis, já existiam mais de 200 tipos diferentes de batatas. Era um produto de fácil
armazenamento devido à sua durabilidade, conveniente para alimentar a população em épocas de escassez de lavouras devido ao inverno.
4 Havia outra planta sagrada chamada huauhtli, que hoje conhecemos como amaranto; Os astecas preparavam uma massa de amaranto e farinha de milho,
misturada com mel de manguey (uma planta semelhante a um cacto), com a qual se obtém a bebida benta da tequila.
5 Uma bebida colonial da América Central era o chocolate, os maias só comiam a polpa, pois o grão era muito amargo, faziam uma pasta cremosa com os grãos
moendo-os com pedras; Mais tarde, inventaram o moedor* para triturar e bater as sementes, tornando-se uma moeda de troca. Ao contrário dos astecas que
davam importância ao cacau para cerimônias religiosas, chamando-o de xocotlatl, que é a preparação feita com grãos torrados, moídos, amassados e diluídos em
água quente, temperados com pimenta, mel, flores secas e baunilha (planta aromática de origem mexicana ). A baunilha foi extraída através de um delicado
processo de cultivo e fermentação que permite a obtenção do extrato. Em 1519 chegou à Europa, iniciando a saga pelo mundo.
*O molinillo, batedor ou escumadeira são instrumentos semelhantes utilizados pelos povos indígenas desde antes da Conquista do México, tais como o "chicoli"
ou o aneloloni, um termo nahuatl que Alonso de Molina definiu em 1571 como: "um instrumento para mexer o cacau quando o fazem". O que é um facto é que
veio do México para a Europa e para o resto do mundo.
6 O tomate (Lycopersicon esculentum), conhecido como tomalt, era outro que fazia parte dos costumes e hábitos alimentares das culturas pré-colombianas. Na
Itália do século XVI ganhou fama, tornando-se o símbolo cultural da gastronomia local, sendo usado em molhos e sucos para bolonhesa e outros pratos italianos.
presuntos, mariscos, queijos, azeitonas, frutos secos e outros elementos nas preparações. Entretanto, devemos agradecer às
migrações africanas pelo costume de temperar pratos com múltiplas especiarias e pela descoberta de novas frutas e legumes.
Por fim, ao falar sobre o que é a gastronomia hoje em nosso continente, devemos nos aprofundar nas características e
traços da cultura culinária dos próprios países. Como já conhecemos os principais aspectos da cultura culinária em geral, vamos
nos concentrar em falar sobre as receitas e preparações típicas de várias regiões:
● América do Norte
Para conhecer a gastronomia norte-americana, precisamos entender o cenário em que ela está inserida. Para isso, separamos
alguns tópicos que podem ser essenciais para o contexto:
Os índios: Antes da colonização inglesa a região pertencia aos índios norte-americanos, que deixaram como herança um dos
principais ingredientes utilizados até hoje no país: o milho. A influência é clara em pratos tradicionais como o creme de milho, as
corn dogs (espetinhos de salsichas cobertas com uma massa feita de milho), os corn flakes (cereal) e até mesmo a cerveja
americana feita com o grão.
A ausência da realeza: No início, a culinária dos Estados Unidos adquiriu uma matriz inglesa devido a sua colonização.
Entretanto, como o país não possuía reis e rainhas, a ausência de uma corte real não ajudou no desenvolvimento da gastronomia
local. Tradicionalmente os castelos europeus contavam com cozinheiros experientes, contratados apenas para criar novos pratos
para que a realeza pudesse comer.
A sobrevivência: Quando os europeus chegaram pela primeira vez na América do Norte, existia uma preocupação de
“comer para sobreviver”. Assim, surgiu o conceito da culinária prática, que tinha como função apenas a sobrevivência do
habitante. Com o passar do tempo, a sobrevivência foi substituída pela falta de tempo dos grandes pólos industriais, dando
espaço para os fast foods e alimentos pré-preparados que são até hoje uma das marcas registradas do país.
Os escravos: Assim como no Brasil, a chegada dos escravos trouxe muita diversidade cultural e gastronômica para o país. Os
africanos trouxeram ingredientes como o quiabo, o inhame e o amendoim. Já as pessoas que vinham do Caribe apresentaram
diversos condimentos tradicionais de seu país para que o sabor se tornasse ainda mais apurado por lá. Além disso, eram os
escravos os responsáveis pelo manejo das churrasqueiras em todo o sul do país, desenvolvendo o tradicional churrasco
americano que todos tanto amam hoje.
Os imigrantes: Os chineses e os italianos foram os primeiros imigrantes a contribuir com sua culinária nos EUA. Mais tarde,
devido ao american dream7, pessoas de todos os locais do mundo trouxeram consigo um pouco de seus pratos típicos. Irlandeses,
mexicanos, franceses, japoneses e tailandeses são exemplos de imigrantes que ajudaram na incorporação e na adaptação de
pratos trazidos no decorrer das décadas, o que resultou em uma comida rica e diversificada nas mesas e nos restaurantes dos
Estados Unidos.
Alguns pratos típicos: Frango frito, Baby back ribs, Torta de maçã, Molho barbecue, Onion rings, Donuts.
● México
Cidade do México: Além de ser uma das cidades mais populosas do mundo, é uma das capitais gastronômicas do continente
americano. O bolo de pamonha, o caldo de migas, as torresmos de farinha com cueritos e carne de porco, e as clássicas
quesadillas de pancita são algumas das preparações típicas da Cidade do México. Claro, não podemos esquecer as famosas
barracas de lanches, onde você pode encontrar sopas, tacos, flautas, elotes e muitas outras iguarias. Como complemento a estes
pratos, a michelada parece ser uma bebida ideal. Nas padarias e confeitarias da cidade vendem-se as mais deliciosas e típicas
sobremesas mexicanas, como a goiabada e o maçapão.
Jalisco: A birria, as enchiladas de mole e o pozole vermelho, a menudo e a barriga de boi são alguns dos pratos mais
populares e procurados. Entre as bebidas mais famosas do estado estão ponche de frutas, tuba (especialmente em Autlán de
Navarro) e, claro, mezcal e tequila. Os doces de leite de Chapala, a jericalla, as cocadas do litoral, os rolinhos de goiaba de
Atenguillo e os pés-de-cabra de nozes de Ciudad Guzmán são alguns de seus doces mais ilustres.
Querétaro: Nesta cidade você encontrará muitos pratos deliciosos que você não pode perder, entre eles: enchilada, tapas
de Chivito, Nopal en penca, churrasco de cordeiro. No que diz respeito às bebidas típicas, destacam-se o atole de aguamiel, a
prodigiosa e o mejengue. Querétaro também é conhecida por suas deliciosas iguarias doces. Algumas de suas sobremesas típicas
são as trompaditas e o achicalado.
Chihuahua: Esta cidade guarda uma requintada variedade de pratos, entre os quais se destacam os preparados com carne,
por exemplo, pimentão com asadero, pimentão vermelho com carne seca e machaca à mexicana. Também em Chihuahua você

7 Sonho americano: Tudo isso começou lá atrás, quando os Estados Unidos ainda eram colônia da Inglaterra. Quando eles declararam sua independência, os
fundadores colocaram na Declaração do país a seguinte frase: “We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by
their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness.” (na tradução fica: Consideramos estas verdades
como auto-evidentes, que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes são vida, liberdade e
busca da felicidade).
pode comer cortes requintados de carne no estilo americano. Quanto aos doces e salgadinhos, o estado tem várias alternativas.
Alguns deles são os damascos de abobrinha com queijo, as maçãs chapeadas, o doce de leite e os pés de cabra.
A grande maioria dos pratos desta região são à base de tortilhas de milho, acompanhadas de pimentões e abacate.
● Colômbia
A gastronomia deste país também pode ser considerada como cozinha de fusão, ou seja, uma mistura de comidas, práticas,
ingredientes e tradições de diferentes culturas, principalmente europeias e africanas, além da nativa americana. A cultura
culinária colombiana tem uma forte semelhança com a de seu país vizinho, a Venezuela. Mesmo essas nações compartilham
comidas típicas, como o sancocho e a popular arepa. Quanto aos pratos ou preparações que diferenciam a Colômbia de qualquer
outra nação, destacam-se a tradicional bandeja paisa da região de Antioquia e o ajiaco de Santa Fé.
Bandeja Paisa: É a receita mais representativa de Antioquia, um dos 32 departamentos que compõem a Colômbia e cuja
capital é Medellín. Os estrangeiros costumam ter uma grande surpresa quando são servidos a bandeja paisa, pois o prato parece
estar quase transbordando devido à quantidade e variedade de alimentos. É uma espécie de composto culinário rico em
carboidratos que combina ingredientes como: Arroz branco, Abacate, Feijão 8, Arepa, Ovo frito, Torresmo, Fatias de banana
madura, Chouriço com limão, Carne bovina (moída e assada); Além disso, este prato é complementado com mingau com leite ou
rapadura moída.
Ajiaco: Embora esse nome seja usado em outros países (como Cuba e Chile) para se referir a certos tipos de sopas, na
Colômbia o ajiaco é preparado de uma maneira diferente. Em Santa Fé, esta receita é preparada com uma longa lista de
ingredientes como frango, batatas (comuns, sabaneras e crioulas), espigas de milho, alho, manteiga, alcaparras, creme e coentro.
Em termos de preparação, não é muito diferente de outras sopas, pelo que o seu baixo grau de dificuldade permite que seja
preparada tanto em casa como em restaurantes.
● Brasil
A cultura culinária brasileira foi enriquecida tanto pelos colonizadores europeus quanto pelos escravos trazidos da África. Sem
dúvida, o prato mais tradicional do país é a feijoada, que é comumente preparada em casa como refeição diária, mas também
em restaurantes e estabelecimentos de alimentação popular. A história conta-nos que este prato foi trazido pelos portugueses
para o Brasil, onde o tornaram uma receita típica e diária de grande popularidade em cada uma das suas regiões. Logicamente,
seu ingrediente básico é o feijão. No Brasil, geralmente são usados os pretos, ao contrário de Portugal, onde há preferência pelos
brancos ou vermelhos. A carne de porco salgada, assim como a farinha de mandioca9, são outros ingredientes que não costumam
faltar na feijoada.
Outra das preparações tradicionais do gigante país sul-americano é a picanha: é um delicioso corte de carne, que é
grelhado depois de temperado com azeite, sal, pimenta e qualquer outro ingrediente. Entre os acompanhamentos clássicos da
picanha estão as batatas, geralmente cozidas no vapor.
Vatapá, sarapatel, acarajé e moqueca de peixe são outros pratos imperdíveis, sem olvidar seu tradicional brigadeiro em
pratos doces.
● Peru
Este país é outra das potências gastronômicas do continente americano, com uma posição muito boa a nível mundial. Além de
ser influenciada pelas culturas ibérica, africana e indígena, a culinária asiática também deu grandes contribuições aos sabores do
Peru. Isso faz com que seja uma cultura gastronômica muito diversificada que combina vários sabores e estilos de preparo. Os
pratos típicos incluem:
Ceviche peruano: Se nos dermos a tarefa de escolher um prato de assinatura do Peru, é este. A grande diferença do ceviche
peruano em relação ao preparado em outros países é que combina com maestria ingredientes do mar e da montanha. Embora
logicamente cada Chef tenha uma receita especial, basicamente é carne de peixe marinada com muito limão, cebola roxa,
pimenta, coentro e sal. Entre os peixes mais utilizados para esta receita estão a garoupa, o robalo e a tilápia. Para dar um toque
andino e ancestral, este prato incorpora também batata-doce e milho descascado e torrado.
Cuy: Este é um dos pratos que mais surpreende os estrangeiros que visitam o Peru, já que em muitos países este roedor é
valorizado como animal de estimação ou, simplesmente, não é considerado uma iguaria gastronômica. devido ao seu valor
nutricional, pois é uma carne rica em ferro e proteínas e pobre em gordura. Com o desenvolvimento da alta gastronomia
peruana, a cobaia tornou-se um prato comum nos restaurantes, principalmente os gourmet.

8 O feijão comum ou Phaseolus vulgaris L., também conhecido como habichuela, poroto, alubia e caraota, entre outros nomes, foi domesticado de forma
independente em duas regiões: nos Andes, onde hoje é Peru e Equador, e no México e América Central. . Essas variedades têm um ancestral comum na
Mesoamérica, segundo os cientistas.
9 Outro dos alimentos predominantes da América pré-colombiana era a mandioca. Se quisermos voltar à sua origem, devemos voltar no tempo, cerca de 8.000
anos antes de nossa era, e nos mudar fisicamente para onde está agora Ayacucho, a cidade das igrejas . Bem, aqui estão as primeiras amostras deste tubérculo.
Sua segunda presença é em Huarmey, na região de Ancash. A mandioca foi desenvolvida por indígenas sul-americanos e se tornou um alimento de enorme
importância em todo o mundo, base da dieta de mais de um bilhão de pessoas em mais de 100 países, onde essa raiz é fonte de até um terço das calorias diárias.
Só na África, a mandioca é o alimento básico para quase 80% da população.
Ají de gallina: Este prato mostra o lado crioulo da culinária peruana. Além do chili, este ensopado peculiar usa pão fatiado,
leite e nozes (geralmente da América do Norte). Geralmente é acompanhado com azeitonas e fatias de ovo cozido.
Sem dúvida, essa variedade e riqueza cultural fazem do Peru um destino favorito tanto para os turistas quanto para os amantes
da gastronomia que desejam expandir seus conhecimentos.
● Argentina
A contribuição europeia para a culinária argentina deriva, principalmente, da Itália e da Espanha, como consequência das
migrações em massa no final do século XIX e início do século XX. No caso da Espanha, suas contribuições também remontam à
época da colonização. Estas culturas gastronómicas juntaram-se à dos escravos africanos há séculos e às técnicas e preparações
tradicionais dos nativos, a maior parte delas feitas com milho, porotos (como são chamados os feijões), batata ou mandioca.
Claro que isso é complementado pela já histórica paixão dos argentinos pelos preparados grelhados, popularmente conhecidos
como assados. Esta mistura de ingredientes, sabores e tradições resultou em pratos típicos suculentos e variados, tais como:
Bife de chorizo: Este é o corte nobre de carne mais popular na Argentina e se destaca por sua maciez e sabor. Geralmente,
esta carne é cozida em um grau muito alto, embora haja pessoas que a prefiram cozida a meio mal passada. Esta preparação
pode ser complementada com tomate, alface ou qualquer outro vegetal leve, já que o próprio bife é um corte bastante robusto.
Locro: Este prato tem muitas variantes, de acordo com a zona do país onde é preparado. É uma espécie de guisado que
remonta aos tempos pré-hispânicos. Tem ingredientes como milho branco (geralmente), feijão e batata. Também é altamente
treinado nas áreas da Cordilheira dos Andes da Bolívia, Peru, Paraguai, Equador e Colômbia.
Sorrentinos: Esta massa é semelhante ao ravioli, mas é maior e de forma circular. É feito com farinha e pode ter uma grande
variedade de recheios que combinam nozes, legumes, presunto e queijo. Este prato costuma ser preparado em casas para
ocasiões especiais e também é muito comum vê-lo na oferta gastronômica dos principais restaurantes do país, especialmente em
Buenos Aires.

REFERÊNCIAS

FLANDRIN, J.L. MONTANARI, M. A história da alimentação. Paris: Ed. Fayard, 1996.

FREIXA, Dolores; CHAVES, Guta. Gastronomia no Brasil e no Mundo. Rio de Janeiro: Editora Senac Nacional, 2008.

LONG, Janet, Coordenação. CONQUISTA Y COMIDA: CONSECUENCIAS DEL ENCUENTRO DE DOS MUNDOS. DR© 2019. Universidad Nacional
Autónoma de México, Instituto de Investigaciones Históricas.

BARBARA, DANUSIA. Aromas e Sabores da Boa Lembrança - BATATA. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2004.

http://www.historicas.unam.mx/publicaciones/publicadigital/libros/323/conquista_comida.html

https://ruralpecuaria.com.br/tecnologia-e-manejo/fruticultura/curiosidades-sobre-tomate-origem-do-alimento-e-vitaminas.html

https://tvbrasil.ebc.com.br/lendas-animadas/2018/06/mani-lenda-da-mandioca#:~:text=O%20paj%C3%A9%20de%20uma%20aldeia,quanto
%20a%20pele%20da%20menina.

https://g1.globo.com/natureza/noticia/2013/09/pesquisa-diz-que-cacau-e-originario-da-amazonia-nao-da-america-central.html

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