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Para além do contexto de definição de grupo, Pichon-Rivière apresenta uma

interpretação multifacetada do “todo” conhecido por grupo. Ele faz uma referência
ao caráter plural do homem sobre diversos contextos em seu processo histórico; ou
seja, para apresentarmos o contexto de grupo e/ou grupos operativos, é preciso
ainda considerar elementos históricos, culturais, econômicos, sociais e de
linguagem de um povo.
O grupo operativo é um grupo centrado na tarefa que tem por finalidade aprender a
pensar em termos da resolução das dificuldades criadas e manifestadas no campo grupal, e
não no campo de cada um de seus integrantes, o que seria uma psicanálise individual em
grupo. Entretanto, também não esta centrada exclusivamente no grupo, como nas concepções
gestálticas, mas sim em cada aqui-agora-comigo na tarefa que se opera em duas dimensões,
constituindo, de certa forma, uma síntese de todas as correntes (PICHON-RIVIÈRE, 1998,
p.143).
Em um primeiro momento, Pichon-Rivière modifica a interpretação
psicanalítica clássica de sujeito único e/ou particular para uma dualidade de eixos
que caracterizam um grupo:
1) Vertical: diz respeito a cada elemento do grupo, distinto e diferenciado do
conjunto, como, por exemplo, sua história de constituição e seus
processos psíquicos internos;
2) Horizontal: refere-se ao grupo pensado em sua totalidade.

Enquanto alguns tentam definir o caráter de grupos operativos por interação grupal
e comunicação de conhecimentos, Pichon-Rivière aponta a aprendizagem como
parte desse processo de constituição, conhecido pelo modelo espiral de grupos
operativos criado pelo teórico:

Figura 1 — Representação gráfica do Esquema do Cone Invertido – Processo Grupal


(2012, pág. 268)
A complexidade do novo é representada pelo confronto de duas ou mais
ideias, que no estabelecer de tensão e conflitos entre si, criam um novo
conhecimento. É sobre essas características que Pichon-Rivière explana a
aprendizagem (figura 1): o novo e desconhecido retiram o entendimento do sujeito
de sua zona de conforto e o coloca sobre uma tensão externa capaz de gerar
movimento, movimento esse chamado de aprendizagem por Rivière. No esquema,
quanto mais distante da borda do cone, mais próximo o sujeito está da mudança.
Logo:
1) Pertença: consiste na sensação de sentir-se parte de um grupo;
2) Cooperação: As ações com o outro;
3) Pertinência: Eficácia das ações;
4) Comunicação: Processo de intercâmbio das informações;
5) Aprendizagem: Apreensão instrumental da realidade;
6) Telé: Distanciamento afetivo (próximo e/ou distante).
A priori, definimos no presente trabalho que grupos operativos não se limitam
a uma teoria, mas se estendem na compreensão e funcionamento de uma técnica
interventiva da Gestalt, esse tipo de grupo é mais conhecido como “grupo operativo
de aprendizagem”.
Na visão de Pichon – Rivière (2012) os grupos de aprendizagem são regidos
por algumas leis, são elas:
1) Complementariedade e Suplementariedade: se relacionam com
habilidades e potencialidades dos integrantes de um grupo funcionarem de
forma complementar ou suplementar;
2) Horizontalidade e Verticalidade, ou Individualidade e Grupalidade: o
grupo é visto por manifestações individuais que podem ser entendidas como
denunciantes de um funcionamento grupal específico;
3) Heterogeneidade e Homogeneidade, ou Diferenças e Semelhanças:
quanto mais heterogêneo for um grupo, mais homogênea é a aprendizagem.

Resumo feito por Wendel Pereira sobre grupos operativos para o trabalho escrito de
processos grupais.

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