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Unidade III
7 INTERAÇÃO FISIOTERAPEUTA-CLIENTE
Figura 39
Psicologia social é o ramo da psicologia que estuda, basicamente, o comportamento dos indivíduos
quando estão interagindo. Essa área da psicologia surgiu recentemente, no século XX, como campo de
interação da psicologia com as ciências sociais – sociologia, antropologia, geografia, história, ciência
política. Por exemplo, da interação da psicologia com a etnologia (ramo da antropologia) resultou a
etnopsicologia, que considera aspectos sociais, históricos e culturais dos fenômenos psicológicos.
Ao realizar um balanço do estado atual da psicologia social, nos âmbitos nacional e internacional,
Maria Cristina Ferreira (2010) registra sua evolução na América do Norte, na Europa e na América Latina,
aqui particularizando a recente produção brasileira.
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Unidade III
A psicologia social sociológica, por sua vez, privilegia a experiência social adquirida pelo indivíduo
ao longo de suas diversas participações em diferentes grupos sociais. Em outras palavras, a psicologia
social sociológica enfatiza os fenômenos observáveis em grupos e coletividades.
Entre os principais temas de estudo da psicologia social, estão incluídos os seguintes: atitudes,
relações entre funções cerebrais e cognição social (neurociência social), processos coletivos que ocorrem
em grupos de todos os portes, desde os processos próprios da relação interpessoal, que envolve somente
dois participantes, passando por processos próprios dos grupos, instituições e comunidades, até atingir
os processos próprios das redes sociais, sejam elas presenciais ou virtuais.
O que o campo da psicologia social pode oferecer de melhor aos fisioterapeutas? Parece-nos
que, dessa área da psicologia, o mais útil para você, aluno de Fisioterapia, é a aquisição de alguns
conhecimentos sobre estrutura e dinâmica de grupos. O estudo de grupos é indispensável a profissionais
que integram ou muito possivelmente virão a integrar equipes multi e interdisciplinares de trabalho.
Para darmos andamento à abordagem desse tema, vamos recorrer mais uma vez ao já mencionado
Enade Psicologia: material instrucional específico, produzido pela UNIP. Nesse material, vemos que
sociólogos e psicólogos elaboraram muitas definições de grupo, uma das quais de uso frequente:
basicamente, grupo é um conjunto de pessoas que desempenham distintos papéis para que possam
atingir, juntas, um ou mais objetivos em comum.
Cada grupo é um todo dinâmico, é como um organismo coletivo, de modo que qualquer alteração
em algum de seus elementos repercute nos demais elementos e no sistema como um todo. Além disso,
num grupo bem conduzido, a produção coletiva é sempre maior e melhor que a soma das produções
individuais de seus membros.
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Figura 40
Há diversas modalidades de grupo. Entre elas, é de nosso particular interesse nesse contexto o grupo
operativo, proposto por Enrique Pichon-Rivière (1977).
Pichon-Rivière (1977, p. 42) define grupo como um “conjunto de pessoas reunidas por constantes
de tempo e espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe, implícita ou
explicitamente, uma tarefa, que constitui a finalidade do grupo”. Os grupos operativos têm por objetivo
a realização de uma tarefa.
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Unidade III
Eduardo Frias (2020) nos lembra que Pichon-Rivière descreve o sujeito como emergente de uma
trama complexa de relações sociais em que ocorrem internalizações recíprocas (vínculos) e relações
sociais (nexos). Este autor também descreve o indivíduo como um ser que se movimenta num drama
interno enquanto participa de vários dramas externos. E, baseado em seus conhecimentos de psicanálise,
explica que as pessoas com quem um indivíduo se relaciona se inscrevem em sua interioridade por
meio de um progressivo processo de internalização das múltiplas e sucessivas experiências vividas
nessas interações. Múltiplas imagens, originadas de múltiplos objetos internalizados, se articulam
na subjetividade do indivíduo, sistema interno que compreende hábitat e grupo interno, isto é,
compreende um cenário e, nele, personagens em relação, segundo um script ou argumento, como
numa obra teatral.
Composto
Como antropófago
Faço de pedaços das pessoas que amo e odeio
Partes de mim mesmo.
€_FR!@s
Foi possível entender esse conceito de Pichon-Rivière? Para tornar mais inteligível sua maneira
de compreender o indivíduo colocado em relação social, basta considerarmos que cada um de nós
representa vários papéis sociais ao interagir com outras pessoas: cada um de nós é filho; pai ou mãe;
trabalhador em determinado lugar, exercendo determinadas funções; amigo; comprador; vendedor, e
assim por diante. Essas interações podem ser entendidas como se cada um de nós, sem perda da própria
unidade identitária, estivesse representando diversos papéis em palcos de teatro.
Pichon-Rivière (1977) vai além, ao propor que nossa interioridade é habitada por personagens em
interação, havendo contínua comunicação entre os dramas vividos por essas personagens internas e os
dramas vividos por nós em nossas interações sociais.
Figura 41
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Estando em grupo, as pessoas compartilham tempo, lugar e campo psicológico. Formam vínculos,
manifestam emoções, têm vivências, expressam ideias e ideais. Os integrantes de um grupo interagem
por meio de um complexo mecanismo de atribuição e assunção de papéis. A mútua representação
interna (internalização recíproca) é o processo por meio do qual cada integrante de um grupo reconstrói
em sua interioridade a trama de relações de que participa.
Para lidar com obstáculos e dificuldades próprias de nossa vida cotidiana, é preciso, entre outras
coisas, superar obstáculos e dificuldades nas relações que nossas personagens internas estabelecem entre
si. Esse trabalho a ser realizado na esfera subjetiva de cada um de nós é pré-requisito para podermos
lidar de modo eficiente e eficaz com o que ocorre externamente, em nossas relações sociais.
Assim, para lidar com obstáculos e dificuldades próprias de nosso fazer profissional, é preciso que,
além dos recursos teórico-técnicos propostos por Pichon-Rivière e outros pensadores da psicologia,
possamos superar nossa dificuldade para lidar com determinadas questões. Pode ocorrer, por exemplo,
que a educação que recebemos nos tenha levado a sentir antipatia, medo ou aversão por pessoas
diferentes de nós. Diferentes por pertencerem a outra classe social, ou a outro segmento étnico-racial,
ou por terem orientação de gênero distinta daquela que consideramos a única correta ou, ainda, por
serem pessoas velhas, gordas, portadoras de algum tipo de deficiência, por estarem morrendo, e assim
por diante.
Lembrete
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Unidade III
• formação;
• conflito;
• normatização;
• desempenho;
• desintegração.
Figura 42
As etapas do processo grupal nem sempre obedecem exatamente a essa sequência, porque podem
ocorrer retornos a etapas anteriores antes do avanço para etapas seguintes. O conhecimento das etapas
dos processos grupais nos dá a conhecer que os períodos de turbulência fazem parte desses processos.
Durante a etapa de conflito, nitidamente marcada pela incerteza, os membros do grupo já estão
identificados. Tem início então o processo de ajustes relativos às tarefas que serão realizadas, à decisão
de quem fará o que e de que maneira. Durante essas negociações, os integrantes do grupo podem
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
redefinir regras. As lideranças começam a emergir, o que poderá determinar a ocorrência de disputa
pelo poder de condução do grupo e pequenos poderes começam a ser divididos e disputados entre os
membros. Isso não implica, necessariamente, litígios, pois, apesar de serem esperadas discordâncias, as
negociações podem ocorrer sem hostilidades.
A desintegração é a última etapa do processo grupal. Tendo sido atingidos os objetivos do grupo,
sua existência passa a ser desnecessária. É importante assinalar que, nas equipes permanentes de
trabalho, durante essa etapa pode ocorrer a renovação de metas e de recursos, bem como a substituição
de membros.
Damos início a esta seção apresentando o que se entende por qualidade de vida e inclusão dessa
temática no âmbito da atenção básica em saúde, programa integrante do Sistema Único de Saúde (SUS).
No âmbito das ciências humanas e biológicas, há um interesse crescente por questões relacionadas à
qualidade de vida, o que, certamente, não se restringe a um mero controle de sintomas, nem à redução dos
índices de mortalidade, nem ao aumento da expectativa de vida. Há autores que consideram qualidade
de vida apenas um sinônimo de saúde física e mental. Outros autores, no entanto, consideram que boas
condições de saúde física e mental integram, junto com outros fatores, o conjunto de condições da
qualidade de vida.
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Unidade III
Esse conceito varia de uma área para outra, podendo ser compreendido como sinônimo de saúde,
felicidade, satisfação pessoal, condições e estilo de vida. Etimologicamente, a palavra “qualidade” advém
do latim qualis, que significa “modo peculiar de existência de algo ou de alguém”.
Muito frequentemente a qualidade de vida é avaliada com base em indicadores, tais como nível
de escolaridade, ausência de sintomas de doenças, condições de moradia. Os estudos sobre qualidade de vida
são classificados em quatro abordagens: socioeconômica, psicológica, médica e holística.
A abordagem holística considera a qualidade de vida multidimensional, o que inclui o respeito aos
interesses e valores dos beneficiários. Curiosamente, segundo essa perspectiva, não é a qualidade de vida
que depende da boa saúde e sim a saúde é que depende da boa qualidade de vida. É preciso associar
parâmetros subjetivos (bem-estar, felicidade, amor, prazer, realização pessoal) e objetivos (recursos
sociais de atendimento a necessidades individuais e coletivas) para avaliar qualidade de vida.
Observação
O Sistema Único de Saúde (SUS), que tem por princípios básicos a universalização, a descentralização,
a integralidade e a participação da comunidade, é integrado desde 1994 pelo Programa Saúde da
Família (PSF), cujas equipes são compostas de médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes
comunitários de saúde, que estabelecem vínculos de corresponsabilidade com a população beneficiária
dos serviços para atingirem, juntos, o objetivo de promover a saúde e elevar a qualidade de vida das
pessoas e de sua comunidade de pertença.
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Baseado na abordagem holística, esse programa de assistência à saúde não se limita a intervenções
de cunho epidemiológico e sanitário, por entender que para atingir o objetivo de melhorar a qualidade de
vida das pessoas é preciso definir estratégias de ação com base em fatores físicos, psicológicos, históricos,
geográficos e socioeconômicos, entre outros.
Por considerar oportuno, recorremos a Carvalho e Nogueira (2016), do campo da educação física,
que, buscando refletir criticamente sobre o processo de institucionalização e fortalecimento das
práticas corporais e atividades físicas entre as ações de promoção da saúde na atenção básica do SUS,
realizaram uma análise crítica das interações, interfaces e distanciamentos que se processam entre as
práticas corporais e as atividades físicas.
Ao realizarem a pesquisa aqui referida, havia se passado dez anos da publicação da Política Nacional
de Participação Social (PNPS), ocorrida em 2006. Por meio de resgate histórico e análise crítica das
relações e configurações que permeiam o processo de institucionalização de práticas corporais
e atividades físicas entre as ações de promoção da saúde na assistência básica, esses pesquisadores
identificaram ter havido um expressivo aumento dessa oferta em serviços e programas da assistência
básica, o que favoreceu o acesso da população. Observaram que ainda há um importante desafio a
ser superado: a visão baseada nos saberes da biologia e da epidemiologia, que considera as práticas
corporais e atividades físicas como restritas à prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, ainda
é hegemônica em pesquisas científicas, políticas, programas e práticas de saúde pública.
Essas constatações levaram os autores a considerar que no âmbito da atenção básica é preciso que
as Equipes de Saúde da Família (ESF), em ação conjunta com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(NASF), avancem na oferta de práticas e atividades, ampliando o escopo e as modalidades oferecidas,
estimulando a participação social e o acesso de populações ainda pouco presentes na atenção básica,
como adolescentes e homens, para, progressivamente, contribuírem para expandir a compreensão de
que tais práticas e atividades são ferramentas potentes de promoção da saúde, pois propiciam benefícios
biológicos à saúde individual, fortalecem a equidade, a autonomia, o empoderamento e o protagonismo
dos indivíduos e, simultaneamente, contribuem para a integralidade e sustentabilidade do cuidado no
sistema de saúde.
Carvalho e Nogueira (2016) chamam atenção ao fato de que, embora tenhamos avançado em
publicações e experiências que levam ao entendimento de que práticas corporais e atividades físicas
são recursos do cuidado ampliado, grande parte dos conteúdos de formação profissional, de artigos
científicos, das políticas e das normativas e práticas em saúde pública compartilham a compreensão
de que tais ações promovem benefícios biológicos à saúde individual, em geral expressos por alguma
medida de aptidão física. É preciso que tais achados das ciências naturais sejam expandidos por meio
de uma profícua interlocução com as ciências sociais e humanas para ampliação dessa perspectiva de
compreensão dos fenômenos.
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Esse ato foi bastante divulgado desde então. Um exemplo disso é a matéria veiculada em 2 de
março de 2017 pelo Diário da Manhã, intitulada “Fisioterapia na saúde coletiva”, de autoria de Glenia
Feitosa dos Santos Barbosa, fisioterapeuta especialista em saúde pública e analista de saúde da
Secretaria Estadual de Saúde de Goiás. Em poucas palavras, Barbosa (2017) descreveu a fisioterapia
como ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinético-funcionais intercorrentes
em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, por traumas e por doenças
adquiridas; e o fisioterapeuta, como profissional de saúde habilitado em curso superior para realizar
diagnóstico de distúrbios cinético-funcionais, prescrever condutas fisioterapêuticas e acompanhar a
evolução do quadro clínico funcional e as condições para alta do serviço.
Chamando atenção ao fato de o fisioterapeuta ser visto exclusivamente como um profissional cuja
ação se efetiva no nível de atenção terciário (atividades de cura e reabilitação), reconhece que, diante
das mudanças na organização social e na organização dos sistemas de saúde, passou a ser exigida a
expansão de suas atividades para o nível da atenção básica em saúde, ou seja, para o campo da promoção
da saúde e prevenção de doenças, conforme a Resolução n. 10, de 3 de julho de 1978, do Conselho
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO, 1978), que estabelece como responsabilidade
fundamental do fisioterapeuta prestar assistência ao homem, participando da promoção, tratamento
e recuperação de sua saúde e, como membro de uma equipe de saúde, participar de programas de
assistência à comunidade, em âmbito nacional e internacional. A atuação profissional do fisioterapeuta,
nesse nível, acha-se afinada com o novo paradigma de saúde, que privilegia ações de cunho social,
realizadas por equipes multi e interdisciplinares.
Saiba mais
https://world.physio/
https://www.wfot.org/
Bispo Jr. (2010), do Instituto Multidisciplinar de Saúde da Universidade Federal da Bahia (IMS/UFBA),
publicou o artigo “Fisioterapia e saúde coletiva: desafios e novas responsabilidades profissionais”, no
qual chama atenção ao fato de o fisioterapeuta estar se dedicando quase exclusivamente à cura de
doentes e reabilitação de sequelados. Tal restrição não condiz com o novo perfil epidemiológico e a
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
nova lógica de organização do sistema de saúde, voltados para o propósito de reestruturar práticas
profissionais e redefinir o campo de atuação desse profissional.
• Articular suas ações com a ação promovida por diversos setores da sociedade e dos governos,
considerando a necessidade de estar sempre atento aos determinantes e condicionantes sociais
da saúde.
O autor volta seu olhar também para a formação profissional dos fisioterapeutas, que, diante do
gradual deslocamento da ênfase curativo-reabilitadora para a ênfase promocional-preventiva, deve
incluir e valorizar, tanto na formação básica quanto na educação continuada, conhecimentos inerentes
às ciências sociais, à saúde coletiva e ao SUS.
Observação
Desde sua criação pelo Ministério da Saúde em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) foi implantada no SUS com o objetivo de implementar tratamentos alternativos
à medicina baseada em evidências na rede de saúde pública do Brasil, através do SUS.
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Unidade III
• arte terapia;
• biodança;
• dança circular;
• dança sênior;
• homeopatia;
• hortas comunitárias;
• medicina tradicional chinesa (que inclui acupuntura, meditação e práticas corporais, como o tai
chi chuan);
• musicoterapia;
• naturopatia;
• oficina de memória;
• osteopatia;
• quiropraxia;
• reiki;
• relaxamento;
• shantala;
• teatro do oprimido;
• terapia comunitária;
• terapia de florais;
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
• termalismo;
• ioga.
Essa publicação não poderia ser mais importante do que está sendo, neste momento em que o
tema saúde e espiritualidade ocupa tantos e diversificados palcos de debate. Para nós, autores deste
livro‑texto, por exemplo, que estamos entabulando um diálogo com você, aluno de Fisioterapia da UNIP,
essa publicação caiu como uma luva, chegou na hora certa.
Esses dados de alta religiosidade e espiritualidade da população mundial são relevantes para
todos os profissionais da saúde. O conhecimento sobre as inter-relações entre saúde e religiosidade e
espiritualidade vem sendo disseminado entre nós nas últimas décadas, mas permanece a necessidade
apontada por Resende et al. (2018), de preparar profissionais da saúde para que esse conhecimento
seja integrado nas práticas de saúde.
O preparo desse volume especial da HU Revista (2018) teve por objetivo colaborar para que
profissionais da saúde possam incluir a abordagem da religiosidade e espiritualidade em sua prática
cotidiana, de modo ético e baseado em evidências, sem desrespeito aos princípios de laicidade do Estado
brasileiro. A seguir, reunimos particularidades de alguns artigos dessa revista.
Santiago e Pinheiro (2018) enfatizam que encontrar um sentido de vida também pode ser considerado
como um recurso de promoção de saúde via espiritualidade. Diante da indagação “como a espiritualidade
pode atuar na promoção da saúde?”, esses autores procuraram por respostas realizando uma revisão
de achados referentes às associações entre, de um lado, espiritualidade e religiosidade, o que incluiu
aspectos de intervenção com uso de prece intercessória, e, de outro lado, atividade imunológica, saúde
mental, neoplasias, doenças cardiovasculares e mortalidade.
Os autores puderam constatar que a literatura especializada vem identificando influências positivas e
negativas de crenças religiosas e espirituais no enfrentamento de enfermidades: o envolvimento
religioso está relacionado a melhores resultados tanto na preservação de doenças físicas e mentais
quanto em sua recuperação. No entanto, por outro lado, esse envolvimento também pode estar
associado a resultados negativos, devidos ao fanatismo, às mortificações e ao tradicionalismo
opressivo de algumas religiões.
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Unidade III
O cuidado espiritual frequentemente colide com o cuidado de saúde a ser oferecido durante o
exercício de papéis profissionais. Ou seja, o profissional de saúde receia associar essas duas modalidades
de cuidado. No entanto, a análise qualitativa dos dados de pesquisa possibilitou identificar benefícios do
cuidado espiritual oferecido por profissionais da saúde a seus clientes.
Foi constatado, por exemplo, que o cuidado espiritual coloca tanto o paciente com câncer quanto a
enfermeira oncológica no caminho do crescimento espiritual. Ao promover conforto e sensação de paz
no paciente, a enfermeira obtém, eventualmente, satisfação interior.
Santiago e Pinheiro (2018) concluem seu relato propondo que seja elaborado um plano sistemático
de sensibilização de enfermeiros oncológicos para que fiquem incentivados a incluir o cuidado espiritual
em seus planos de intervenção.
Com o objetivo de revisar pesquisas sobre intervenção espiritual/religiosa (IER) em saúde física,
Gonçalves e Vallada (2018) realizaram a triagem de mais de 4 mil artigos científicos, dos quais selecionaram
30 que abordaram, de modo criterioso, a IER em desfechos físicos/clínicos. Identificaram que as IERs
descritas apresentam foco espiritual ou religioso, sendo variadas as técnicas de abordagem utilizadas.
Os desfechos incluíram diversas variáveis, entre as quais qualidade de vida, perda de peso e atividade
física, dor e promoção de comportamento saudável. Relativamente aos resultados clínicos, alguns foram
considerados insignificantes, outros considerados relevantes, mas nenhum estudo apresentou desfecho
negativo que contraindicasse a IER.
Saad, Medeiros e Peres (2018) voltaram sua atenção à relação entre religiosidade/espiritualidade e
saúde física e mental quando se trata de pacientes internados em hospital. A assistência religiosa‑espiritual
hospitalar (AREH), referente à atenção profissional oferecida aos mundos espirituais e religiosos
subjetivos dos pacientes, se volta para mundos compostos de percepções, suposições, sentimentos e
crenças que os pacientes têm sobre a relação do sagrado com sua doença, sua hospitalização, sua
recuperação ou possível morte.
Baseados em sua experiência profissional, esses autores identificam que há pelo menos cinco razões
para que uma instituição invista em um programa de AREH:
As AREHs podem ser oferecidas de modo individual ou coletivo. Podem se restringir a alguma
denominação religiosa específica ou podem ser multifé. Em um nível básico, essa modalidade de apoio
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
pode ser da alçada dos profissionais de saúde e, em um nível crescente de especialização, pode ser
oferecida por um voluntário treinado, por um ministro religioso da comunidade ou por um capelão hospitalar.
O público-alvo da AREH inclui, além do paciente internado, seus familiares, seus cuidadores e os
profissionais de saúde. Apesar de haver leis que garantem o acesso do interno ao apoio religioso, no
Brasil não há regulamentação para a profissionalização dessa atividade. Os autores concluem seu artigo
sugerindo aos serviços de internação hospitalar que realizem investimento em ações de apoio a recursos
religiosos-espirituais e que busquem formas de atendimento.
Importante destacar que a literatura científica brasileira e mundial avança cada vez mais em direção
a uma prática de saúde mais humanizada, que procura integrar as necessidades biológicas, psicológicas,
sociais e espirituais dos pacientes. Há um movimento internacional de entidades no sentido de estimular
a introdução dessa temática nos currículos das universidades.
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Unidade III
Estudos sobre a relação corpo-mente são realizados há muito tempo. Em muitas crenças religiosas
e populares, o corpo é entendido como instrumento da alma. Descartes não falará nunca em alma.
A ótica proposta por ele trata da relação corpo-mente como uma relação entre duas substâncias
distintas e independentes, que interagem.
Segundo observaram essas pesquisadoras, o atendimento fisioterapêutico, muitas vezes, faz parte
de um atendimento multi ou interdisciplinar, e a preocupação do fisioterapeuta fica restrita à intenção de
lidar com a específica queixa física trazida à sessão. As expectativas e emoções vividas pelo cliente
que sofre algum tipo de limitação física, bem como as emoções mobilizadas pelo próprio tratamento,
geralmente não são consideradas relevantes para o sucesso do tratamento.
Não podemos minimizar a importância do fato de que profissionais do cuidado estão continuamente
expostos ao sofrimento de outras pessoas. A vivência cotidiana de estar próximo a pessoas em estado de
sofrimento tende a (in)sensibilizar esses profissionais, que desenvolvem uma relativa indiferença à dor
alheia e preferem desconhecer as circunstâncias existenciais do cliente para pouparem a si mesmos do
confronto com os próprios sentimentos.
Além disso, é pressuposto por profissionais, clientes e seus familiares que, para haver objetividade
por parte do profissional, é indispensável que ele isole as próprias emoções. Com base nessa crença
compartilhada, a objetividade é incluída entre as qualidades de um bom fisioterapeuta. E é isso o
que presenciamos frequentemente nos locais de atendimento clínico e psicológico: profissionais
da saúde substituindo pessoas por casos clínicos e reduzindo a relação terapeuta-cliente a seus
aspectos técnicos.
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Outro dado importante da pesquisa de Canto e Simão (2009) é o relativo à tensão produzida pelo
fato de serem continuamente confrontados distintos valores e distintas concepções durante a interação
fisioterapeuta-cliente.
Quanto aos valores e concepções relativos à relação corpo-mente, que também são colocados em
confronto durante o atendimento, as pesquisadoras verificaram que esse confronto produz tensões no
diálogo estabelecido entre fisioterapeuta e cliente. Expliquemos melhor: durante esse diálogo, pode
ficar evidente que fisioterapeuta e cliente entendem de modo diferente a relação corpo-mente.
Enquanto o profissional da saúde está preocupado com o caso clínico, o cliente está preocupado
com as transformações impostas pela doença à sua rotina de vida. Esse desencontro nos focos de
preocupação pode promover desequilíbrio cognitivo e afetivo na interação de ambos.
As autoras continuam discorrendo sobre suas conclusões, salientando outros detalhes importantes
dessa relação: durante o processo de atendimento fisioterapêutico, é preciso avançar com exercícios
cada vez mais exigentes, e normalmente o cliente rejeita novos exercícios. Agarrado ao que já é capaz
de realizar, se recusa a enfrentar novos desafios, receoso de fracassar. No entanto, ele sabe que deve
avançar e isso o mobiliza a buscar recursos subjetivos para superar sua dificuldade.
Canto e Simão (2009) apontam para o ganho adicional obtido pelo cliente quando ele supera a
ambiguidade entre avançar no tratamento ou permanecer empacado: essa superação contribui para
o desenvolvimento do processo fisioterapêutico, proporcionando melhora física e, ao mesmo tempo,
aumento de sua capacidade pessoal de solucionar conflitos.
Segundo essas autoras, a empatia é um fator fundamental: havendo empatia entre ambos, fisioterapeuta
e cliente se tornam capazes de “ler” as intenções um do outro, capazes de discernir sentimentos, decodificar
gestos e alcançar significados manifestos e latentes da comunicação estabelecida entre ambos.
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Unidade III
Quando um fisioterapeuta entra em contato com sentimentos experimentados por seu cliente
e, de outro lado, quando um cliente entra em contato com sentimentos experimentados por seu
fisioterapeuta, ambos vivenciam o aumento de possibilidades pessoais. Cada um dos dois reconhece em
si mesmo sentimentos experimentados pelo outro.
E é a isso que se dá o nome de empatia, que, etimologicamente, resulta da fusão de duas palavras
gregas: in, “para dentro”, e pathos, “qualquer sentimento que uma pessoa experimente”. Ou seja,
empatia é a capacidade de “trazer para dentro de si sentimentos experimentados por outra pessoa”.
Lembrando que as palavras empatia e compaixão têm significados próximos: compassĭo, ōnis, palavra
latina, significa “sofrimento comum”, “comunidade de sentimentos”. Com-paixão é “sentir com”. O ponto
comum entre essas palavras – empatia, de origem grega, e compaixão, de origem latina – é que ambas
se referem à capacidade humana de sintonizar profundamente com outra pessoa e experimentar em si
mesmo sentimentos alheios.
No contexto da psicologia, a noção de que ao tocarmos um corpo tocamos mais do que somente
essa dimensão física do ser deu lugar a algumas propostas de intervenção psicoterapêutica, entre as
quais particularizamos, nesse contexto, a análise bioenergética, criada em 1955 pelos estadunidenses
Alexander Lowen e John Pierrakos. Esses autores e outros, entre os quais Keleman, tomando por base as
teorias de Wilhelm Reich, desenvolveram propostas de intervenção psicoterapêutica.
Wilhelm Reich (1897-1957), psiquiatra e psicanalista, discípulo de Freud, dele se afastou para construir
uma nova teoria. Considerando que as energias vitais são de natureza essencialmente sexual, postulou a
existência de uma energia, por ele denominada orgone, cuja liberação considerava fundamental para
a obtenção, preservação ou recuperação de equilíbrio mental.
Partindo do conteúdo verbal levado pelo cliente à sessão de psicoterapia, e entendendo que o
movimento e os padrões de tensão corporal narram uma história, o psicoterapeuta realiza intervenções
corporais e verbais para promover o reencontro do indivíduo com o próprio corpo e com a própria história.
Para conquistar integração pessoal e crescimento com prazer e satisfação, essa psicoterapia propõe
a realização de uma viagem ao inconsciente, que, segundo entendem esses teóricos, acha-se ancorado
no corpo.
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PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Em artigo publicado em 1994, Ricardo Amaral Rego discorre sobre a questão do corpo na psicoterapia,
privilegiando aspectos práticos. Ele pergunta: como compreender e influenciar o impalpável a partir do
palpável, o invisível a partir do visível? Ao tocar o palpável – o corpo –, como influenciar dimensões
do ser responsáveis pela capacidade humana de ter consciência de si e do mundo, de sentir e pensar, de
imaginar, planejar e criar? Como tocar essa dimensão que tem recebido diversas denominações – mente,
espírito, psiquismo, alma?
Ao formular essas questões, Rego (1994) está situado nos domínios de um campo de trabalho muitas
vezes chamado de psicoterapia de abordagem corporal, psicoterapia somática ou psicoterapia corporal.
E, estando nesses domínios, à pergunta se é possível haver alguma abordagem em psicoterapia que
possibilite trabalhar apenas sobre o mental, sem “abordar de algum modo o corpo”, Rego (1994) responde:
não, de maneira alguma!
E, para a abordagem desse tema, lembra que a interação entre as pessoas não se restringe à
linguagem verbal, por haver um contínuo intercâmbio de informações em nível não verbal – forma,
gestos, expressões, ruídos, tom de voz, odores...
Não podemos encerrar esta seção sem nos determos mais demoradamente em aspectos da
psicossomática. Constatado o fato de as condições de saúde física poderem ser afetadas por sofrimentos
psíquicos, a psicossomática, ramo da psicologia, estuda a dinâmica por meio da qual emoções humanas
são convertidas em distúrbios orgânicos, configurados como sinais de alerta para a necessidade de
cuidado psicológico e/ou psiquiátrico.
Segundo Lipowski (1988 apud COELHO; ÁVILA, 2007, p. 279), a somatização pode ser definida como
“uma tendência que o indivíduo tem de vivenciar e comunicar suas angústias de forma somática, isto
é, através de sintomas físicos que não têm uma evidência patológica”, esses sintomas geralmente
levam os pacientes a procurarem ajuda médica. Já Ramos (1994 apud CASTRO; ANDRADE; MULLER,
2006) alerta para o fato de o termo “psicossomática” resultar da junção de “psique” e “soma” (mente
e corpo), indicando não haver separação entre o organismo biológico e o psiquismo – elementos
inconscientes, emoções e funções cognitivas, sendo impossível dissociar essas duas instâncias do ser,
dada a sua interdependência.
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Unidade III
Figura 43
Saiba mais
• características físicas;
• características psíquicas;
• caráter.
Tomando por base a concepção de Reich, segundo a qual as vicissitudes e fixações ocorridas ao longo
das fases de desenvolvimento da libido (oral, anal, fálica, genital) gerariam um tipo específico de caráter,
Lowen afirma que, segundo a bioenergética, os diversos tipos de estrutura de caráter são classificados
em cinco tipos básicos, cada qual com um padrão peculiar de defesas tanto em nível psicológico quanto
muscular. Estabelece que os cinco tipos são: “esquizoide, oral, psicopático, masoquista e rígido” (LOWEN,
1982, p. 131-132) e a cada tipo desses corresponde um biotipo específico.
Como vemos pelos designativos dos tipos, a teoria de Lowen tem por base a psicanálise e a
psicopatologia e, segundo essa concepção, os seres humanos nascem mais ou menos indiferenciados
quanto à sua anatomia e disposições psíquicas. Tanto sua estrutura física quanto a caracterológica são
moldadas pelas experiências, conflitos e traumas ocorridos durante a infância.
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Unidade III
• características físicas;
• características psíquicas;
• estrutura.
Keleman considera que há interação entre características constitucionais herdadas e condições ambientais.
Rego (1994) é de opinião de que ainda precisamos de pesquisa científica que possibilite conhecer
de modo rigoroso a correlação entre características psíquicas, tônus muscular e estilos de respiração;
questiona o porquê de os nomes utilizados nas tipologias neorreichianas terem quase todos uma
conotação fortemente patológica e alerta para o risco do uso de tipologias biopsicológicas que tentam
reduzir a complexidade humana a algumas poucas categorias: ao utilizarmos uma classificação
biopsicotipológica, não podemos perder de vista que toda regra tem exceção e eis que a pessoa a quem
estamos atendendo talvez seja uma exceção à regra.
Observação
134
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Saiba mais
Para conhecer melhor a prática dessa modalidade de terapia, sugerimos
a você que visite o site do Centro Reichiano & Volpi:
CENTRO REICHIANO & VOLPI PSICOLOGIA CORPORAL. Psicologia corporal –
análise bioenergética. [s.d.]. Disponível em: http://centroreichiano.com.br/
psicologia-corporal-analise-bioenergetica/. Acesso em: 28 dez. 2020.
Além disso, acesse, no YouTube, gravações de sessões de terapia e vídeos
de entrevistas realizadas com Lowen.
Outras abordagens do corpo em psicoterapia foram propostas por outros autores, entre as
quais mencionamos os métodos de relaxamento propostos por Johannes Heinrich Schultz e
Pethö Sándor.
Criado originalmente para ser usado como método preventivo, foi incluído no conjunto de
psicoterapias não verbais. Os psiquiatras de orientação pavloviana têm nesse método uma ferramenta
terapêutica importante. O relaxamento global proporcionado por esse treinamento ilustra o que foi
afirmado por teóricos que, apoiados nos trabalhos de Wallon, defendem a tese de que há uma relação
muito estreita entre a vida tônica e a vida emocional.
A calatonia, realizada por meio de toques suaves em pontos específicos do corpo do cliente,
proporciona um relaxamento do tônus muscular, atuando em vários níveis da complexa estrutura
psicofísica do indivíduo. Os toques trazem à tona lembranças de fatos vividos e de outras vivências, que
são elaboradas posteriormente, durante a sessão de psicoterapia verbal. A calatonia é, pois, uma técnica
de relaxamento que favorece o processo de individuação.
Esse recurso psicoterapêutico tem por base a convicção de que toques realizados em determinadas
partes do corpo ativam memórias adormecidas, que, ao serem despertadas, se fazem acompanhar de
emoções, por vezes muito intensas, que frequentemente conduzem a crises de choro. A terapia verbal
que sucede à sessão de calatonia deverá garantir ao cliente os recursos necessários para a elaboração de
sentimentos e emoções dinamizados pelo toque corporal.
Fica como alerta aos fisioterapeutas este fato: toques corporais despertam lembranças, imagens,
sentimentos, emoções, que demandam acolhida, compreensão e aceitação. Não havendo preparo
profissional para lidar com esses emergentes emocionais, o que se espera de fisioterapeutas e
outros profissionais da saúde é o compromisso ético de trabalharem em parceria com profissionais
da psicologia.
Indispensável dizer que a interação do fisioterapeuta com seu(s) cliente(s) não exige apenas
conhecimentos teóricos e domínio de técnicas. Também exige condições pessoais para estabelecer
vínculos e para dialogar. Fatores pessoais do fisioterapeuta favorecem, dificultam ou impossibilitam a
formação de vínculos, e, havendo dificuldade ou impossibilidade de estabelecer vínculos, a ocorrência
de diálogo fica dificultada ou impedida.
De modo geral, em todos os coletivos há indivíduos incapazes de dialogar, seja por algum tipo
de impedimento físico ou psicológico, seja por impossibilidade de estabelecer relações dialéticas e
dialógicas. Indivíduos incapazes de estabelecer vínculos, impedidos de estabelecer relações dialéticas
ou dialógicas, tendem a estabelecer relações dilemáticas. Todos necessitamos escapar de angústias
inerentes à solidão e, como diz Enrique Pichon-Rivière, alguns de nós buscam alívio para o temor da
solidão estabelecendo relações dialógicas ou dialéticas: buscam “estar com” para não estar sós. Os incapazes
disso estabelecem relações dilemáticas: buscam “estar contra” para não estar sós.
Para realizarmos intervenções eficientes e eficazes, seja na área da educação, seja na área da saúde, é
preciso antes de mais nada superarmos desconfortos íntimos, limitações e restrições. Não nos iludamos:
há um imaginário coletivo, compartilhado por todos nós.
136
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Constante
Em uma parte
Do inconsciente
Ficava tudo
Acontecendo
Sempre.
€_FR!@s
Fonte: Frias, E. R. (2015).
Diante dos desafios próprios das relações interpessoais, indivíduos preconceituosos tendem a ser
“naturalmente” excluídos de equipes de trabalho e, caso isso não ocorra, sua permanência poderá
vir a comprometer a coesão grupal, o que aumentará as chances de haver “trincas e rachaduras”
em equipes de trabalho, estremecimento ou ruptura de vínculos, enfraquecimento de ânimos e, no
limite, falência do grupo.
Ribeiro (2018b) considera que, dada a relevância do fator individual na composição dos
coletivos, podemos concluir que o cultivo do diálogo nos grupos depende em boa parte da condição
psicológica de seus componentes, o que inclui o reconhecimento das próprias fraquezas. Depende
também da disposição de cada integrante para dialogar e para construir em bloco, solidariamente.
Uma pessoa que tenha, por exemplo, dupla ou múltipla pertença religiosa, o que não é raro no
Brasil, precisará que esses distintos corpos de crença que convivem em sua interioridade dialoguem
satisfatoriamente entre si. Essa necessidade é óbvia. Ao considerarmos que os fatores da dinâmica
psicológica intrassubjetiva interagem continuamente com fatores de ordem sociocultural, temos a
dimensão do que sejam os desafios para o diálogo autêntico.
137
Unidade III
Embora a disposição para a acolhida, o dom e a dádiva sejam requisitos básicos para a realização
de autênticos diálogos intrassubjetivo e interpessoal, é preciso considerar outros componentes
que interferem nas relações em grupo: os de atribuição de sentido existencial e outros, de ordem
psicossocial, econômica, política e religiosa.
Nas sociedades ocidentais, os homens são, sobretudo, autocentrados: agem de acordo com
os próprios interesses, raramente movidos pela gratuidade, e sim pelo desejo de posse, domínio e
prestígio. Nessas sociedades, o componente econômico favorece o desenvolvimento de atitudes
egoístas, que, transbordando a esfera do econômico, impregnam as demais esferas. O sistema
capitalista, que opera segundo a lógica do lucro, exige otimização de resultados, eficácia e
produtividade, em conformidade com uma lógica que deixa pouca margem a valores como verdade,
justiça, igualdade e solidariedade.
Nesse complexo conjunto de componentes do diálogo, não pode ficar à margem o sentido
existencial da adesão a coletivos. Por exemplo, no caso da adesão a coletivos religiosos,
ocorre o seguinte: como a experiência religiosa é dotada de forte potencial de transformação
individual, ela oferece recursos simbólicos para a ressignificação de cenários, seres e cenas da
própria trajetória biográfica, e possibilita, com base nisso, mudanças de atitudes e de condutas.
Rabelo et al. (2002 apud BIZERRIL; NEUBERN, 2012) se referem ao potencial de ressignificação e
reorientação existencial das terapêuticas religiosas, atualizado por meio da reinterpretação dos
próprios dramas existenciais à luz de cosmologias religiosas e sob o impacto de ritos.
Observação
Buscando uma boa metáfora para a dinâmica interpessoal própria dos verdadeiros diálogos, Ribeiro
(2018b) encontrou em Teixeira (2003) um versículo bíblico que poeticamente sintetiza as principais
condições para o estabelecimento de um diálogo verdadeiro. Discorrendo sobre o diálogo no âmbito
de reflexões sobre o diálogo inter-religioso, Teixeira (2003) recorre ao profeta Isaías (Is 54,2), que diz:
“Alarga o espaço da tua tenda, estende as cortinas das tuas moradas (...), alonga as cordas, reforça
as estacas”.
Recorrendo mais uma vez a Pichon-Rivière, podemos dizer que o diálogo exige conhecimento do
próprio ECRO e disponibilidade para conhecer – sem juízo de valor – o ECRO de nosso interlocutor.
Entendamos o que significa a expressão Esquema Conceitual, Referencial e Operativo (ECRO) de
Pichon-Rivière (1977). Essa expressão designa um conjunto articulado de conhecimentos, ou seja,
um sistema de ideias (esquema conceitual) que serve de referencial para que possamos operar
adequadamente sobre determinada situação concreta que pretendamos pesquisar ou resolver. Significa,
pois, um esquema de conceitos sobre si e sobre o entorno, que servem de referência para a adoção de
posicionamentos e para as ações.
Assim descrita, a situação de diálogo parece fácil, mas sua realização nem sempre é fácil, podendo
ser difícil, muito difícil, ou mesmo impossível. Não é à toa que, ao escrever seu artigo sobre a temática
específica do diálogo inter-religioso, o já referido Teixeira (2003) o intitulou “Diálogo inter-religioso: o
desafio da acolhida da diferença”. Sim. Dispor-se a dialogar é dispor-se a enfrentar desafios, dos quais os
mais difíceis sejam talvez o de acolher o diferente e o de se deixar transformar.
Como cada interlocutor possui ECRO próprio, durante o confronto interpessoal é estabelecido
um jogo entre ECROs distintos, ainda que não necessariamente contraditórios. Durante a relação de
alteridade podem ocorrer mudanças nos ECROs dos envolvidos e também em suas identidades.
139
Unidade III
Para estabelecer um bom diálogo, é indispensável “pôr para conversar” os eus, as personagens
que compõem o coletivo que nos constitui como indivíduos (aparentemente únicos) e, nesse coletivo
intrapessoal, a convivência entre partes nem sempre é saudável. Dispor-se a dialogar não é simples,
porque o pluralismo de ideias provoca dissonância cognitiva, desconforto psíquico e sentimento de
insegurança. O pluralismo desestabiliza e ameaça romper o esquema cognitivo já instalado. Dispor-se ao
diálogo implica conviver com o diverso. Teixeira (2003) oferece algumas pistas para a realização de um
bom diálogo:
• humildade;
• abertura ao valor da alteridade;
• fidelidade à própria tradição;
• disposição para a busca compartilhada da verdade.
Interessante é o modo como o escritor africano Mia Couto aborda essa questão: “A vida tem fome
de fronteiras”, diz. Recorrendo a metáforas proporcionadas pela natureza, lembra que as membranas
orgânicas, entidades vivas e permeáveis, delimitam e negociam, possibilitando trocas entre o de dentro
e o de fora, e propõe que essa imagem inspire a criação de fronteiras permeáveis, que sejam varandas
propiciadoras de vizinhanças. Outro aspecto assinalado por esse escritor é o da felicidade advinda da
constatação de ser possível colocar em diálogo as múltiplas identidades que constituem nossa unidade
identitária. Mia Couto propõe a construção de pontes em vez de fortalezas e de fronteiras permeáveis
que, como varandas, convidem à vizinhança. Propõe que ultrapassemos fronteiras interiores: viajemos,
nos percamos de nós mesmos para nos encontrarmos em outros.
Havendo forte interação entre os âmbitos intra e intersubjetivo, cada conquista em um desses
âmbitos aumenta as chances de sucesso nos demais. O que significa isso? Significa que a possibilidade
de estabelecermos relações dialógicas e dialéticas com pessoas que pensam de modo radicalmente
diferente do nosso depende em grande parte da possibilidade pessoal de colocar em diálogo “as pessoas
de nossa pessoa”. Consistência e congruência pessoais favorecem, e muito, o diálogo que se pretende
estabelecer. Na contramão, boas experiências de diálogo favorecem diálogos intrassubjetivos.
Durante sua prolongada permanência na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP),
Marília Ancona-Lopez orientou muitas dissertações de mestrado e teses de doutorado que contribuem
para dar consistência e legitimidade à adoção de práticas advindas de distintas racionalidades de
140
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
prevenção e cura. A título de exemplo, fazemos referência a uma das dissertações de mestrado orientadas
por ela: o trabalho de Rosmaninho (2010), intitulado Tornar-se terapeuta: a contribuição da prática
da meditação na formação do psicólogo clínico de orientação fenomenológica. Embora esse trabalho
tenha privilegiado o processo de tornar-se psicoterapeuta, sem dúvida suas conclusões transbordam o
campo da psicologia para se estender a outros campos de cuidados da saúde.
Trabalhos como esse são úteis também a fisioterapeutas. Rosmaninho (2010) constatou que é
indispensável a um terapeuta desenvolver sua capacidade de escuta e sua capacidade de estar
inteiramente presente durante os atendimentos, uma vez que sua pessoa é o principal instrumento
para a compreensão do cliente. A autora considera que o acolhimento a ser oferecido ao cliente depende
fundamentalmente da capacidade do terapeuta de fazer-se inteiramente presente para bem escutar.
Mas como conseguir isso em meio a tantas demandas simultâneas do cotidiano? Como conseguir
“isolar” todo tipo de preocupação? Como desenvolver a capacidade de colocar entre parênteses os
próprios pensamentos, sentimentos, sofrimentos e inquietações e ficar inteiramente disponível para
ouvir o outro e acolhê-lo em seus sentimentos, sofrimentos e inquietações? Como criar uma condição
de silêncio interior, de quietude interior?
Rosmaninho (2010) assinala que a condição ideal de escuta do outro demanda mudanças de atitude
para tornar possível o desenvolvimento da capacidade de estar presente.
Para realizar um bom atendimento, é preciso que o fisioterapeuta seja capaz de estar inteiramente
presente, seja capaz de silenciar a si mesmo para ouvir seu cliente. Ou, pelo menos, que esteja preocupado
em desenvolver essa condição pessoal. É preciso também que o fisioterapeuta tenha uma boa percepção
de si mesmo e a capacidade de não confundir seus sentimentos com os sentimentos de seu cliente.
A gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite
melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração, e
precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que nos
parece muito melhor.
E a autora conclui sugerindo a prática de meditação, por ela considerada um bom recurso de ação
terapêutica, por favorecer o autoconhecimento e o desenvolvimento de uma escuta ativa e empática.
141
Unidade III
Figura 44
Solicitado a nos oferecer uma descrição sucinta da meditação, Hernan Maximilian Rolim de Vilar,
psicólogo clínico, mestre em Ciência da Religião e monge budista, em informação verbal fornecida em
30 de maio de 2020, contribuiu com as informações apresentadas a seguir.
Segundo Goleman e Davidson (2017, p. 14), “meditação é uma palavra abrangente para uma
miríade de variedades da prática contemplativa, assim como esporte se refere a uma ampla gama de
atividades atléticas”. Cebolla, Campayo e Demarzo (2016, p. 19) correlacionam meditação com o termo
inglês mindfulness, comumente traduzido por “atenção plena”, e apresentam a seguinte definição:
“Mindfulness é o traço ou estado mental de estar intencionalmente atento à experiência presente”. Uma
condição para sua prática é aceitar os acontecimentos sem julgamento de valor sobre o que ocorre.
No budismo encontramos métodos práticos para “realizar uma transformação gradual das emoções,
do temperamento e dos traços de personalidade”: a mente devidamente treinada é capaz de fazer
emergir o que há de melhor no potencial humano – “capacidades humanas inatas permanecem em
estado latente a menos que façamos alguma coisa para levá-las ao ponto de funcionamento ótimo”
(RICARD; SINGER, 2018, p. 13-14).
Segundo Campayo e Demarzo (2015, p. 20), mindfulness é um exercício da atenção que pode ser
aprendido e praticado por meio de técnicas que nos possibilitem:
• assumir uma atitude ativa de curiosidade perante a experiência vivida no agora, em detrimento
de uma atitude passiva ou resignada;
• manter essa qualidade de atenção por período de tempo suficiente para que ela se transforme
em concentração;
• perceber fenômenos por meio das emoções e de outros recursos mentais, além do meio utilizado
usualmente: o da percepção sensorial;
Essas informações fornecidas por Vilar nos levam a concluir que mindfulness é recurso de grande
utilidade para os fisioterapeutas. Além da inclusão desse recurso entre as práticas integrativas
e complementares, também vêm sendo incluídas algumas atividades realizadas em grupo para
acompanhamento complementar à saúde: grupos de bordadeiras; de caminhadas; de cuidadores de
pessoas com alzheimer; de idosos; de prosa com mulheres; de terapia e arte; de contação de histórias;
de suporte mútuo. Oração a Deus e busca de benzedeiras também são apontadas como estratégias
popularmente utilizadas para o autocuidado.
Todo profissional da saúde pode trabalhar com práticas integrativas e complementares no SUS e
basta percorrer essa lista para facilmente identificar práticas que podem ser conduzidas ou orientadas
por fisioterapeutas, integrados ou não a equipes interdisciplinares. Inserir-se nesse âmbito de ação é
participar de um projeto coletivo que visa atender às seguintes necessidades:
Saiba mais
https://scholar.google.com.br/?hl=pt
A título de exemplo, apresentamos uma prática grupal incluída entre as práticas integrativas e
complementares: a euritmia, modalidade de dança que vem sendo desenvolvida desde 1912, com base
na antroposofia. Seus movimentos são coreografias realizadas individualmente ou em grupo, para
expressar música instrumental tocada ao vivo e/ou linguagem poética. A palavra “euritmia” vem do
grego eurythmia, que significa “equilíbrio de forças”. Utilizada em processos educacionais e terapêuticos,
visa dinamizar forças atuantes no corpo humano (FROBÖSE, 2016; KIRCHNER-BOCKHOLT, 2016).
Saiba mais
144
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
Um autor preocupado com a questão da escuta terapêutica (ativa e empática) é Coelho (2007), que
associou conhecimentos de psicanálise e de terapias comportamentais e cognitivistas para sistematizar
um corpo teórico e metodológico denominado terapia da excelência ou maiêutica especular.
Considerando que nossa principal criação é nossa própria vida, Coelho (2007) convida terapeutas e
clientes a expandirem seu potencial criativo para melhor e a, mais conscientemente, tomarem as rédeas
da própria vida.
Figura 46
Interessante é o fato de Coelho (2007) incluir o desenvolvimento de virtudes para que uma
pessoa possa ser bom terapeuta. Ele está, como vemos, transitando em espaços da psicoterapia. Mas,
certamente, suas ponderações podem ser transferidas para outros espaços de cuidado de pessoas. Esse
autor considera que um bom terapeuta deve ser pessoa confiável e sensível, de caráter impecável,
que paute seus comportamentos por nobres princípios. Por isso, sugere aos terapeutas que trabalhem
continuamente sobre si mesmos, façam de sua prática profissional um recurso de crescimento pessoal e
busquem realizar a própria viagem interior.
Sugere, como Rosmaninho (2010) e outros autores, que o terapeuta saiba isolar seus valores e crenças
pessoais dos valores e crenças de seus clientes, para não impor a eles sua própria filosofia de vida.
É de opinião que a mais grave infração ética que pode ser cometida durante qualquer atendimento
é a de seduzir ou manipular clientes. Recomenda a prática da paciência e da compaixão no atendimento de
pessoas que buscam ajuda, por entender que somente a técnica, sem o amor pela cura, é estéril.
145
Unidade III
Resumo
Exercícios
A) Durante a etapa de formação dos grupos ocorrem ajustes e negociações, o que favorece a
ocorrência de disputa pelo poder.
B) Quando um grupo constituído para realizar tarefas com prazos definidos atinge seus objetivos,
tem início a etapa de desintegração.
C) Durante a etapa de conflito o objetivo do grupo e as regras do jogo são melhor definidos.
D) Durante a etapa de normatização toda a energia da equipe se volta para a consecução dos objetivos.
E) Durante a etapa de desempenho as relações entre os membros da equipe se tornam mais próximas
e ocorre maior compartilhamento de percepções e sentimentos.
147
Unidade III
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: é durante a etapa de ajustes e negociações, denominada etapa de conflito, que pode
haver disputa pelo poder no interior do grupo. Durante a etapa de formação, o que ocorre é o mútuo
reconhecimento dos integrantes do grupo e a definição de objetivos e regras grupais.
B) Alternativa correta.
Justificativa: de fato, a etapa de desintegração é a última do processo grupal, pois a coesão do grupo
vai se tornando desnecessária pelo fato de os objetivos já terem sidos atingidos. A desintegração ocorre
sobretudo em grupos criados para realizar tarefas com prazos definidos.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: é incorreto afirmar que durante a etapa de conflito são mais bem definidos o objetivo
da equipe e as regras do jogo. Tais definições ocorrem durante a etapa de formação do grupo.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: durante a etapa de desempenho, a energia do grupo se volta para a realização das
tarefas. Trata-se, pois, de uma etapa de produtividade grupal. A etapa durante a qual as relações entre
os membros da equipe se tornam mais próximas é denominada etapa de normatização.
Questão 2. (Enade 2006, adaptada) As estratégias grupais têm sido amplamente utilizadas na prática
de profissionais das mais diversas áreas e contextos de atuação. No entanto, nem sempre as intervenções
em grupo são realizadas sobre bases teóricas seguras.
148
PSICOLOGIA APLICADA À FISIOTERAPIA
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: embora seja correto considerar a importância de avaliar a compatibilidade entre metas
estabelecidas e estratégias, mais uma vez é omitido o contexto, como se fosse possível pensar o grupo
isolado de suas condições histórico-culturais.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: nesta alternativa, está presente a falsa noção de que o trabalho grupal deva ser
conduzido em função das necessidades de seus coordenadores.
D) Alternativa correta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: as necessidades dos coordenadores do grupo não podem ser incluídas no conjunto de
condições indispensáveis para o desenvolvimento de um bom trabalho grupal.
149
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
WEITEN, W. Introdução à psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. Adaptada.
Figura 8
150
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
Figura 18
Figura 20
151
Figura 21
Figura 22
Figura 23
PORTINARI, C. Retirantes. 1944. Óleo sobre tela. 190 cm × 180 cm. In: FLAMINGO, J. A melhor coleção
da metrópole. Veja São Paulo, 1º jun. 2017. Disponível em: https://vejasp.abril.com.br/cultura-lazer/
vejinha-30-roteiro-arte/. Acesso em: 18 mar. 2020.
Figura 24
Figura 25
Figura 26
FISIOTERAPIA respiratoria. O recuncho dos soños, 17 fev. 2013. Disponível em: http://ceeabarcia.
blogspot.com/2013/02/fisioterapia-respiratoria.html. Acesso em: 18 mar. 2020.
Figura 27
Figura 28
Figura 29
152
Figura 30
PEXELS-PHOTO-1151418.JPEG?AUTO=COMPRESS&CS=TINYSRGB&DPR=3&H=750&W=1260.
Disponível em: https://images.pexels.com/photos/1151418/pexels-photo-1151418.jpeg?auto=compress
&cs=tinysrgb&dpr=3&h=750&w=1260. Acesso em: 11 jun. 2020.
Figura 31
Figura 32
PEXELS-PHOTO-566496.JPEG?AUTO=COMPRESS&CS=TINYSRGB&DPR=2&H=750&W=1260.
Disponível em: https://images.pexels.com/photos/566496/pexels-photo-566496.jpeg?auto=compress&
cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260. Acesso em: 8 jan. 2021.
Figura 33
Figura 34
FROUD, B.; LEE, A. Faeries. Nova Iorque: Peacock; Bantam Books, 1978. p. 95.
Figura 35
Figura 36
Figura 37
Figura 38
Figura 40
Figura 41
BERRIOLO, A. Dialogo tra due colleghi di lavoro cercando di utilizzare verbi pronominali. Scriviamo in
Italiano, 22 jan. 2015. Disponível em: https://scriviamoinitaliano.wordpress.com/2015/01/22/dialogo-
tra-due-colleghi-di-lavoro-cercando-di-utilizzare-verbi-pronominali/. Acesso em: 18 mar. 2020.
Figura 42
Figura 43
ARAÚJO, O. Octávio Araújo: 10 anos de pintura. São Paulo: Notícia Biográfica, 1979. p. 93.
Figura 44
Figura 45
Figura 46
CHAVES, A. L. Mais sobre criatividade. Leitura e Contexto, 21 abr. 2018. Disponível em: https://
leituraecontexto.blogspot.com/2018/04/mais-sobre-criatividade.html. Acesso em: 18 mar. 2020.
154
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155
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https://scholar.google.com.br/?hl=pt
https://world.physio/
https://www.taoismo.com.br
https://www.wfot.org/
interpsi.org
Exercícios
Unidade I – Questão 1: INEP. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2015:
Psicologia. Questão 25. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/
provas/2015/09_psicologia.pdf. Acesso em: 19 mar. 2020.
Unidade I – Questão 2: INEP. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2015:
Psicologia. Questão 26. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/
provas/2015/09_psicologia.pdf. Acesso em: 19 mar. 2020.
Unidade II – Questão 1: INEP. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2012:
Psicologia. Questão 22. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/
provas/2012/08_PSICOLOGIA.pdf. Acesso em: 19 mar. 2020.
Unidade II – Questão 2: INEP. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2006:
Psicologia. Questão 31. Disponível em: http://download.inep.gov.br/download/enade/2006/Provas/
PROVA_DE_PSICOLOGIA.pdf. Acesso em: 19 mar. 2020.
Unidade III – Questão 1: INEP. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2015:
Psicologia. Questão 22. Disponível em: http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/
provas/2015/09_psicologia.pdf. Acesso em: 19 mar. 2020.
Unidade III – Questão 2: INEP. Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2006:
Psicologia. Questão 36. Disponível em: http://download.inep.gov.br/download/enade/2006/
Provas/PROVA_DE_PSICOLOGIA.pdf. Acesso em: 19 mar. 2020.
164
ANEXO
Orientações:
Estamos interessados nas suas opiniões e sentimentos. Neste questionário estão incluídas questões
a respeito de sua qualidade de vida. Ao responder às questões indique a resposta que melhor reflete
sua opinião.
Você é a pessoa que melhor pode responder a essas questões. Se você quiser que outra pessoa o
ajude a responder este questionário, por favor mencione ao entrevistador ou a alguém da equipe de
profissionais que cuidam de você.
Se este questionário foi respondido por outra pessoa que lhe ajudou, por favor indique o nome dela
aqui: _________________________________________________________________________
Dados pessoais
165
5. Quantas uniões você teve? ______________
8. Nas últimas quatro semanas você morou: (Marque todas que se aplicam.)
10. Nas últimas quatro semanas você morou principalmente: (Marque apenas uma.)
Em apartamento/casa Escola/universidade
Em pensão Em instituição (hospital ou casa de repouso)
Em república Na prisão
Em moradia supervisionada Desabrigado(a)
Em quarto alugado Outros (favor especificar): _______________
166
Nível de satisfação
Nem
Muito Moderadamente Um pouco satisfeito, Um pouco Moderadamente Muito
12. Como você se
insatisfeito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito satisfeito
sente em relação:
insatisfeito
a) À maneira com
que você utiliza o seu
tempo?
b) Sente-se confortável
quando está sozinho?
c) A sua moradia?
d) À vizinhança do lugar
onde você mora?
e) À comida que você
come?
f) À roupa que você
veste?
g) Ao serviço de saúde
mental que você usa?
h) Ao acesso ao
transporte?
i) A sua vida sexual?
j) A sua segurança
pessoal?
167
Atividades ocupacionais
Estudou/trabalhou ou ocupou-se com afazeres domésticos com menos frequência do que de costume
Parou de estudar/trabalhar
Parou de ocupar-se com afazeres domésticos comparado com o que você fazia antes
Não se aplica
15a. Quantas horas por semana você vai à escola ou ao trabalho? |__|__| h/ semana
15b. Quantas horas por semana você se ocupa com afazeres domésticos? |__|__| h/semana
17. O quanto satisfeito ou insatisfeito você está com sua atividade principal?
Um pouco satisfeito
18. Você sente que está empenhado na sua atividade: (Assinale apenas uma, baseado na resposta
para questão.)
168
19. O que você gostaria de fazer como atividade principal?
Bem-estar psicológico
20. Agora nós gostaríamos de saber como você se sente em relação às coisas da sua vida.
Para cada questão marque a coluna que melhor reflete a maneira que você se sentiu nas
últimas quatro semanas.
SIM NÃO
a) Contente por ter conseguido realizar algo.
b) Muito sozinho ou distante das outras pessoas.
c) Entediado.
d) As coisas saíram do jeito que você queria.
e) Tão inquieto que não conseguia ficar muito tempo sentado.
f) Orgulhoso porque alguém o cumprimentou por algo que você fez.
g) Chateado porque alguém o criticou.
h) Particularmente animado ou interessado em algo.
i) Deprimido ou muito triste.
j) Tudo está “mil maravilhas”.
21. Nas últimas quatro semanas você diria que seu estado emocional esteve:
Sintomas/atitudes
169
23. Existem vários aspectos de incômodo emocional, por exemplo sentimentos de depressão,
ansiedade, ouvir vozes etc. Indique quanto esses sintomas o incomodaram nas últimas
quatro semanas.
Maior parte
Nunca Ocasionalmente Frequentemente Constantemente
do tempo
Saúde física
25a. Como você descreveria sua saúde física nas últimas quatro semanas?
170
27. O quanto sua saúde física é importante para você?
29. Se você está tomando medicação psiquiátrica no momento, você segue as prescrições?
30. Se você está tomando medicação psiquiátrica no momento, você sente algum efeito colateral?
31. Se você toma medicação por problemas de saúde mental (problemas de cabeça), você
sente que os medicamentos ajudam a controlar seus sintomas?
Não ajudam nada Ajudam um pouco Ajudam Ajudam bem Eliminam todos
os sintomas
33. Nas últimas quatro semanas você consumiu alguma bebida alcoólica?
Se sim, quantos dias você bebeu alguma bebida alcoólica? ___________ (n. de dias)
171
34. O que você acha do seu consumo de bebida alcoólica de maneira geral? (Marque
apenas uma.)
35. Nas últimas quatro semanas, você usou alguma droga ilegal (cocaína, maconha, heroína,
ácido, crack, benzina etc.)?
Se a resposta é sim, quantas vezes você fez uso de drogas ilegais? __________ (n. de dias)
36. O que você acha do seu consumo de drogas ilegais de maneira geral? (Assinale apenas uma.)
Relações sociais/apoio
172
Nível de importância
Teve bom relacionamento com as pessoas e recebeu apoio da família e dos amigos
Recebeu moderado apoio da família e dos amigos
Teve apoio inconstante da família e dos amigos ou apenas quando absolutamente necessário
Dinheiro
Sim Não
173
47. Como você se sente em relação:
Nem
Um
Muito Moderadamente Um pouco satisfeito, Moderadamente Muito
pouco
insatisfeito insatisfeito insatisfeito nem satisfeito satisfeito
satisfeito
insatisfeito
a) À quantidade de
dinheiro que você
tem?
b) Ao controle que
você tem sobre o
seu dinheiro?
48. A falta de dinheiro, na maioria das vezes, impede-o de realizar aquilo que você gostaria?
49. Abaixo estão algumas atividades das quais você pode ter participado recentemente. Por
favor, marque SIM ou NÃO para indicar se você realizou essas atividades nas últimas 4 semanas.
SIM NÃO
a) Fazer compras.
b) Ir a um restaurante ou café.
c) Preparar sua comida.
d) Passear de carro ou de ônibus.
e) Lavar a roupa.
f) Limpar o quarto/apartamento/casa.
51. Nas últimas quatro semanas, com que frequência você teve dificuldade em realizar sua
higiene pessoal (por exemplo: tomar banho, escovar os dentes etc.)?
174
Objetivos
52. O que você espera obter como resultado do seu tratamento em saúde mental?
(Por favor, indique até três objetivos.)
a) Objetivo 1: ___________________________________________________
(i) Qual a importância desse objetivo para você?
Nada Extremamente
importante 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 importante
Não Atingiu
atingiu 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 completamente
b) Objetivo 2: ___________________________________________________
Nada Extremamente
importante 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 importante
Não Atingiu
atingiu 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 completamente
c) Objetivo 3: ___________________________________________________
Nada Extremamente
importante 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 importante
Não Atingiu
atingiu 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 completamente
175
53. Abaixo estão algumas atividades que você possa ter participado recentemente. Por favor,
marque SIM ou NÃO para indicar se você realizou estas atividades nas últimas quatro semanas.
SIM NÃO
a) Passear.
b) Participou de grupo com amigos.
c) Foi ao cinema ou a um jogo.
d) Leu jornal ou revista.
e) Assistiu à TV.
f) Foi à igreja.
g) Jogou cartas.
h) Ouviu rádio.
i) Fez esporte.
j) Foi à biblioteca.
54. Por favor, marque abaixo o que melhor indica como você se sentiu a respeito da sua
qualidade de vida nas últimas quatro semanas. A mais baixa qualidade significa que as coisas
foram muito ruins. Alta qualidade significa que as coisas foram as melhores possíveis.
Baixa Alta
qualidade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 qualidade
55. Se sua qualidade de vida é menor do que você esperava, qual a expectativa que você tem
em atingir a qualidade de vida que deseja?
56. Que controle você acha que tem sobre as áreas mais importantes da sua vida?
176
57. Na sua opinião, qual é a importância dos seguintes fatores na determinação da sua
qualidade de vida?
58. Há mais alguma coisa que você gostaria que nós soubéssemos?
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________
Fonte: BECKER, M.; DIAMOND, R.; SAINFORT, F.; UNIVERSIDADE DE WISCONSIN. Wisconsin Quality of Life Associate. Wisconsin Quality
of Life. Traduzido e culturalmente adaptado com a permissão dos autores por: A. M. F. Pitta, P. G. Galeano, M. Luchesi, S. Barros e
equipe do Laboratório de Investigações em Saúde Mental da Universidade de São Paulo. Madison; São Paulo, 1995.
177
178
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180
Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000