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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Itelma Mirian Alves de Medeiros

Isael Simão

Leonice Clemente de Arruda

Maria do Carmo da Silva Benedetti

Rubiane Polycarpo de Gouveia

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jandaia do Sul

RESUMO

Este trabalho tem como intenção apresentar o caminho percorrido por um


pequeno grupo de pesquisadores que inicialmente objetivava verificar se os novos
paradigmas educacionais referentes a avaliação estavam sendo incorporados na
prática escolar. Com auxílio de uma pesquisa de campo aplicada a professores
regentes de sala de aula de (1ª a 8ª série) do Ensino Fundamental da rede pública
de ensino, detectamos uma grande distância entre a concepção de avaliação dos
professores e suas práticas na sala de aula, portanto fomos levados a organizar um
projeto de extensão universitária através do Centro de Apoio Pedagógico e Pesquisa
em Línguas e Literaturas – CAPPLLI, com a proposta intervir nessa problemática.
Fomos até a escola e aplicamos para os professores da Escola Municipal Machado
de Assis – Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série da Cidade de Sarandi, um minicurso
com cargo horária de vinte horas. Nossa intenção foi oportunizar momentos para
que os professores refletissem sobre as suas concepções e suas práticas
avaliativas. Para isso abordamos os seguintes conteúdos: histórico da avaliação; as
novas concepções de avaliação da aprendizagem; as bases legais que amparam
novas concepções da avaliação educacional e análise de instrumentos que avaliam
a aprendizagem. Acreditamos que esse é um dos caminhos que podem contribuir
para a transformação da prática dos docentes. Após o trabalho constatamos que
não é oportunizado os professores momentos para refletirem sobre o que fazem em
sala de aula. A falta de espaço para as reflexões coletivas se apresenta como um

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dos entraves para que possam ocorrer as necessárias mudanças na educação
brasileira

Palavras-chave: Avaliação de Aprendizagem; Concepções de Avaliação; Ação


Docente

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como intenção apresentar o caminho percorrido por um


pequeno grupo de pesquisadores acadêmicos que inicialmente objetivava verificar
se os novos paradigmas educacionais referentes a avaliação estavam sendo
incorporados na prática escolar. Detectando uma grande distância, fomos levados a
organizar um projeto de extensão universitária através do Centro de Apoio
Pedagógico e Pesquisa em Línguas e Literaturas – CAPPLLI, com a proposta de
averiguar o porque da existência desta dicotomia e ao mesmo tempo a possibilidade
de contribuir para a resolução dessa problemática na educação.
Diante desta questão aplicamos para os professores da Escola Municipal
Machado de Assis – Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série da Cidade de Sarandi, um
minicurso com cargo horária de vinte horas, abordando os conteúdos: histórico da
avaliação; as novas concepções de avaliação; as bases legais que amparam novas
concepções da avaliação educacional e análise de avaliações aplicadas nas
escolas, a fim de contribuir para a transformação da prática dos docentes.
Pois avaliar transcende a aplicação de provas, testes e observações, é
preciso olhar para o sistema avaliativo com lentes especiais e desenvolver a prática
paralelamente com conceitos inovadores objetivando a transformação da
problemática avaliativa no ensino brasileiro. Uma vez que avaliação é sinônimo de
evolução, e para melhor entendermos o processo da evolução do sistema avaliativo
apresentaremos inicialmente uma breve verificação histórica desde a Antigüidade,
em seguida veremos algumas concepções atuais de avaliação; as bases legais que
vem amparar estas concepções; a pesquisa de campo e finalizando analisaremos a
possível contribuição do curso de extensão para os professores.

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2. HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO

Avaliação, s. f. Ato de avaliar: apreciação; estimativa. Esta é uma definição


do dicionário da língua portuguesa do professor Francisco da Silveira Bueno.
Trazendo o sentido desta palavra para o interior do sistema de ensino escolar
poderíamos sugerir que a avaliação escolar nos leva a computar o desempenho,
através do juízo de valor, considerando as três dimensões (física, psicológica e
espiritual) de um ser humano, que permaneceu do primeiro instante até o último
momento dentro de uma escola, capacitando-o a ser cidadão e a formar a cidadania,
como podemos perceber na fala do autor J. Gimeno Sacristán:

O conceito de avaliação tem uma amplitude variável de significados possíveis.


Impõem-se ou não na prática segundo as necessidades às quais a avaliação
serve a e em função das diferentes formas de concebê-la. Dizem o que é avaliar
não é algo simples de definir, além do mais, segundo o que acabamos de
apontar, não é o mesmo avaliar rendimentos em alunos comportamento nos
professores, qualidade dos materiais didáticos ou bom funcionamento das
escolas, etc. Frente à possibilidade de submeter à avaliação aspectos ou
elementos tão diversos que intervêm no processo educativo ou que são efeitos da
educação convém destacar uma precaução: tudo no âmbito educativo pode ser
potencialmente avaliado de alguma forma, o que não significa que tenha de sê-lo
à força em muitos casos, não será fácil faze-lo, nem está ao alcance das
possibilidades do professor. Na linguagem cotidiana se atribui ao verbo avaliar o
significado de estimar, calcular taxar, valorizar, apreciar ou apontar o valor, atribuir
o valor a alguma coisa. A operação de avaliar algo ou alguém consiste em estimar
seu valor não material. Na prática cotidiana dominante, o significado de avaliar é
menos polissêmico: consiste em classificar os alunos e aplicar provas para obter
informação a partir das quais se atribuirão essas classificações.

Atualmente a avaliação escolar é uma questão refletida e estudada por


muitos pesquisadores do campo de ensino e aprendizagem, a fim de direcionar
melhor e/ou renovar pensamentos quanto a prática avaliativa escolar. Pois as formas
de conceber e praticar a avaliação tem a ver com a evolução histórica e todavia é
possível constatar focos de uma prática avaliativa imposta pelo autoritarismo.
A avaliação não surgiu no século passado. Já no século II (a.C.) a
avaliação era uma prática habitual para os chineses ao selecionar seus funcionários.
Mas com o intuito de verificarmos melhor esta questão faremos uma breve retomada
histórica a fim de entendermos a evolução da questão avaliativa.
Na antigüidade o trabalho é visto como algo racional, ou seja, é cabível
somente para classe inferiores, escravos e artesãos. A sociedade era organizada de
forma hierárquica, o indivíduo que nascia com a predestinação de ser escravo ou

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artesão não poderia passar disso, já quem nascerá como cidadão, classe
privilegiada, desfrutaria do direito absoluto ao ócio. Assim, o escravo era avaliado
pela correção das atividades físicas, pela qualidade dos produtos que servia à mesa
do senhor. O artesão pela qualidade de serviços que oferecia ao cidadão. E o
cidadão, pela qualidade da arte de falar e pensar. Sob esta forma de ver o mundo,
os gregos faziam suas avaliações. A avaliação só servia para manter esta sociedade
como modelo ideal.
Na idade média a igreja por meio do teocentrismo exige que todo empenho
educativo seja dirigido ao aprimoramento espiritual e religioso. Desta forma, a
preocupação com o conhecimento religioso, e a ordem social, fez com que a igreja
adotasse a inquisição religiosa como mecanismo de correção e avaliação, do
comportamento do homem, na sociedade, que pudesse arruinar a estrutura social já
definida por leis divinas.
Na idade moderna o trabalho é visto como fonte de riqueza para melhorar
as condições de vida de todos os homens, proporcionando a todos a liberdade de
trabalhar e buscar a igualdade. Assim, a “ordem” e a “hierarquia” absolutista do lugar
às monarquias institucionais, ao parlamentarismo e à representação de todos os
cidadãos, através da democracia. Diante desta evolução é banido o método antigo
de avaliação. Os domínios das ciências naturais, da física, da química são
imprescindíveis para as mudanças sociais. Desta forma a avaliação e voltada para a
valorização do estudo e ao ensinamento das coisas da natureza e da possibilidade
de suas transformações.
Na idade contemporânea o mesmo homem presente em outras épocas
conseguiu dominar a natureza, criando fábricas, e energia das forças da natureza
(ar, água, minérios, etc.), máquinas e toda técnica para estas desenvolver os
trabalhos pesados e leves. Mas esse homem não conseguiu realizar a prometida
igualdade entre os homens, a qual é impossibilitada de acontecer pelas diferenças
como raça, cultura, subdesenvolvimento, etc.
Diante desta evolução industrial a sociedade percebe que não há mão de
obra qualificada para a produção. Surge então a escola publica, a qual é abarrotada
por aqueles que querem qualificar-se para continuar sendo útil nas produções
industriais, juntamente com o ensino nasce a avaliação, é preciso avaliar o
conhecimento do indivíduo, como já foi dito no inicio a avaliação apresentava

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características primitivas. Mas o nascimento das diferentes ciências (psicologia,
filosofia, sociologia, etc.) dão fundamentos as novas teorias educacionais que
enfatizam o empírico: observável e mensurável. A partir da época contemporânea a
educação começa a passar por diferentes tendências pedagógicas (tradicional,
escola nova, tecnicista e atual). Diante da mudança de uma tendência para outra as
escolas e educadores deparam-se com o drama de ter que escolher novos
propósitos, novos currículos, novos conteúdos e novas formas de avaliar. E com o
desenvolvimento da ciência educacional, gradativamente a avaliação quantitativa dá
lugar a avaliação qualitativa.
No contexto avaliativo histórico destacamos duas vertentes, uma que
impede de aflorar a liberdade cognitiva através da disciplina imposta e coação
durante o processo de aprendizagem do educando, por meio de métodos
autoritários e mecânicos por parte do educador e do próprio sistema educacional e
avaliativo. Onde a avaliação se dá por verificações de curto prazo com
interrogatórios orais e exercícios de casa, e de prazo mais longo, através de provas
escritas elaboradas com o intuito de reprovar ou humilhar o educando pelas notas
baixas conquistadas. Desta forma ao educando não resta nenhuma escolha senão a
de ser persistente para conseguir permanecer na escola.
A outra vertente é a que defende a liberdade cognitiva, a qual procura
expirar aos poucos as marcas negativas deixada pelas falhas pedagógicas no
decurso histórico da educação no Brasil. O sistema avaliativo dentro do ensino-
aprendizagem atualmente é visto como um fator polêmico, pois algumas instituições
e educadores ainda trabalham com a questão avaliação como se fosse uma arma
disciplinar, outros já vê a avaliação como um fator totalmente desnecessário para a
formação do educando, outros apresentam concepção de avaliação inovadora, e
procuram praticar, caminhando paralelamente com teorias de profissionais da
educação, autores reconhecidos como Luckesi, Libâneo, Rabelo, etc., os quais
buscam mostrar a possibilidade de uma avaliação com resultados qualitativos e não
quantitativos.
Frente ao sistema de ensino-aprendizagem brasileiro veremos então a
seguir o conceito de alguns autores reconhecidos quanto a um processo avaliativo
inovador.

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3. NOVAS CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO ESCOLAR

Cabe neste momento apresentar algumas teorias que vem revelar uma
nova visão sobre avaliação, uma vez que ela é uma tarefa didática, fundamental e
permanente no trabalho docente, que segue passo a passo o processo de ensino-
aprendizagem. A qual objetiva atribuir valores ou notas aos resultados obtidos na
verificação da aprendizagem.

Para que a avaliação educacional escolar assuma o seu verdadeiro papel de


instrumento dialético de diagnostico para o crescimento, terá de situar e estar a
serviço de uma pedagogia que esteja preocupada com a transformação social e
não com a sua conservação. A Avaliação deixará de ser autoritária se o modelo
social e a concepção teórico e prática da educação também não forem
autoritários... E a avaliação diagnóstica será, com certeza um instrumento
fundamental para auxiliar cada educando no seu processo de competência e
crescimento para autonomia, situação que garantirá sempre relações de
reciprocidade. Uma sociedade democrática funda-se em relações de
reciprocidade e não de subalternidade, e para que isso ocorra é preciso um
conjunto de competências e a escola tem o dever de auxiliar a formação dessas
competências, sob pena de estar sendo conivente com a domesticação e a
opressão, características de uma sociedade conservadora. (Luckesi, 1998, p. 42,
44 ).

Luckesi fala que a avaliação diagnostica será com certeza um instrumento


fundamental para auxiliar cada aluno no seu processo de competência e
crescimento, só que essa avaliação diagnostica tem que ser continua. É importante
ressaltar que a avaliação diagnóstica não é só para coletar dados do aluno no inicio
do ano letivo e registrar em uma ficha descritiva e só, ou para verificar se o aluno
sabe ou não sabe. Mas sim para identificar o porque da dificuldade do aluno, porque
ele consegue ser, mas não consegue escrever? Porque tem as idéias, mas não
consegue expressa-las? Porque ele sabe o conteúdo e o educador percebe isso,
porque nos trabalhos em sala de aula o aluno demonstra que sabe, e no dia da
prova escrita ele não consegue registrar suas idéias.
O educador através do diagnostico poderá ver onde esta a falha no
processo de ensino ou avaliativo e traçar novas medidas para proporcionar a
aprendizagem, é preciso estar atento, pois nem sempre é o aluno que tem
dificuldade de aprender, pode ser que o educador é que tem dificuldade de
encontrar a forma do aluno aprender.
De acordo com Luckesi, “A avaliação visa provocar um impacto, procura
despertar interesses, tenta gerar atitudes positivas, a avaliação, em síntese,

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colabora para a promoção da qualidade de vida.” (Luckesi, 1997, p. 118). Para o
autor a avaliação possui dois objetivos norteadores da educação um deles é orientar
o aluno no seu processo de ensino-aprendizagem, e o outro consiste em revelar a
qualidade do processo educativo a sociedade.
A avaliação da aprendizagem permite que o aluno venha a conhecer seu
rendimento escolar. É por intermédio da avaliação que ele poderá verificar seu
progresso, conhecer quais são os conteúdos que domina, a contribuição que deram
ao seu desenvolvimento pessoal e ainda estabelecer prioridades de estudo. Quanto
ao segundo objetivo da avaliação, Luckesi afirma: “O histórico escolar de cada
educando é o testemunho social que a escola dá ao coletivo sobre a qualidade do
desenvolvimento do educando”. (Luckesi, 1997, p. 174). Nesse sentido, a avaliação
revela-se como um meio de fornecer dados que demonstrem à sociedade a
qualidade do processo ensino a aprendizagem realizada pela escola. A escola é a
instituição social que cumpre a função de educar o homem e, devido a isso, torna-se
necessário que coleta de dados é realizada por intermédio da avaliação da
aprendizagem.
O autor fala ainda da avaliação da aprendizagem escolar como um ato
amoroso

O ato amoroso é aquele que acolhe a situação, na sua verdade... O mandamento


“ama o teu próximo como a ti mesmo” implica o ato amoroso que, em primeiro
lugar, inclui a si mesmo e, nessa medida, pode incluir os outros. O ato amoroso é
um ato que acolhe atos, ações, alegrias e dores como eles são ... Por acolher a
situação como ela é, o ato amoroso tem a característica de não julgar. (Luckesi,
1998, p. 171).

Ensinar e/ou avaliar através do ato amoroso não significa permitir aos
educandos a liberdade para fazer o que querem em uma sala de aula. Mas o
educador deve perceber o educando como um ser formado de três importantes
dimensões. Pois como é possível um educador dar 2,0 (dois pontos) em uma prova
escrita valendo 7,0 (sete pontos), para um aluno que apresenta características
exemplares de disciplina, interesse e que domina o conteúdo trabalhado durante no
bimestre, sem considerar que este aluno quinze dias atras perdeu um ente querido, -
depois da prova o aluno vem e diz professor não estou conseguindo me concentrar
e o educador diz problema teu e ponto, ou seja, o educador não se abre a uma
possível ajuda quanto ao problema do aluno.

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Podemos nos deparar ainda a situações de educadores que rejeita
rispidamente a uma cartinha redigida pelo seu aluno - que derrepente chegou a levar
bronca de seus pais por passar do horário de dormir para escrever a carta, mas a
criança com muito carinho escreve e leva ao professor. E o educando ao recebe-la
do aluno age com indiferença pois este educador veste uma postura de quem esta
ali para lançar o conhecimento, e pega quem quer.
Praticar o ato amoroso é acolher num todo é proporcionar a integração e a
inclusão.
O autor José Carlos Libâneo, numa mesma perspectiva de Luckesi,
considera que avaliação cumpre as seguintes funções: a pedagógico-didática, a de
diagnóstico e também a de controle.
A função pedagógico-didática, de acordo com Libâneo, refere-se “ao papel
da avaliação no cumprimento dos objetivos gerais e específicos da educação
escolar”. (Libâneo, 1992, p.196).
Realizando a função pedagógica, a avaliação sistematiza resultados do
processo ensino-aprendizagem, demonstrando se houver, ou não, o atendimento
das finalidades sociais da educação. Libâneo compreende ainda que a avaliação,
em sua função pedagógica propicia ao aluno uma postura mais responsável frente
ao estudo. A avaliação favorece ao educador e ao educando uma autocompreensão,
que é o suporte para o desenvolvimento. Em sua função didática, a avaliação
escolar serve como um instrumento de assimilação e fixação dos conteúdos, isto
porque, para Libâneo, e a correção dos erros que favorece o aperfeiçoamento do
processo educacional. Libâneo acredita que a função de diagnóstico da avaliação é
a que cumpre o papel mais importante, pois é ela que permite a efetivação da
função pedagógica-didática e que dá sentido à função de controle.
A função de diagnóstico certifica os avanços e as dificuldades dos
educandos, além de averiguar o encaminhamento do trabalho docente, visando
cumprir os objetivos estabelecidos. Libâneo, em seu estudo sobre a avaliação,
estabelece que a função de diagnóstico deve ocorrer em três momentos, no início,
durante e no fim de um processo de aprendizagem. Na etapa inicial da
aprendizagem faz-se um diagnóstico dos conhecimentos e experiências prévias dos
alunos. É uma etapa de sondagem das condições disponíveis para a aprendizagem,
bem como de estabelecimento de pré-requisitos. Durante o processo de

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aprendizagem deve ser realizado um acompanhamento do desenvolvimento dos
alunos, ponderando os resultados, eliminando dificuldades, explicando o que não foi
compreendido, estimulando-os em sua jornada de estudo até que alcancem
resultados satisfatórios. E na etapa final, faz-se o que Libâneo denomina de
avaliação global. Esta avaliação abrange todo o processo de trabalho e avaliam os
seus resultados, cumprindo a função de realimentação do processo de ensino.
Quanto a função de controle, Libâneo estabelece que ela “refere-se aos
meios e à freqüência das verificações e de qualificação dos resultados escolares
possibilitando diagnóstico das situações didáticas.” (Libâneo, 1992, p. 197).
Dessa maneira, a função de controle, por intermédio de uma diversidade
de atividades, permite que o educador tome conhecimento de como os alunos estão
se conduzindo na assimilação de conteúdos e no desenvolvimento cognitivo.
Para Libâneo, as funções da avaliação não podem ocorrer isoladas uma da
outra pelo contrário, elas devem atuar de maneira interdependente. A função
pedagógica-didática, como já foi relatado, refere-se aos objetivos da educação e
incide sobre as funções de diagnóstico e de controle. A função de diagnóstico só se
efetiva eficazmente se ligada à função pedagógica-didática e respaldada nos dados
obtidos pela função de controle. A função de controle assume caráter de
quantificadora de notas e resultados se desligada da função pedagógica-didática e
da diagnótica.
Já para Thereza Penna Firme a avaliação passa por três etapas:
diagnóstica, formativa e somativa. Cada uma busca integrar o conjunto para
avaliar melhor; a diagnóstica é orientada para a identificação de como as formativas
destinadas a melhorar o objetivo alvo, enquanto ela está em processo de
desenvolvimento e aquelas somativas destinadas a apresentar conclusões sobre o
valor ou mérito do objeto e prever recomendações sobre sua manutenção,
modificação ou eliminação. Estas concepções vêm somar para que vejamos o
quanto a avaliação é de extrema importância para a educação.
Jussara Hoffamann, relata em seu livro Avaliação, como uma educadora
definiu avaliação, como “ conjunto de sentenças irrevogáveis de juizes inflexíveis
sobre réus , em sua grande maioria culpados .” (Hoffmann, 1996, p.15)
Percebe-se que pôr trás deste conceito existe um mecanismo de pressão
sobre a avaliação não pode ser encarada como um julgamento de resultados.

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Deveria ser sim um instrumento a serviço do crescimento do indivíduo e do
processo ensino aprendizagem. A educação escolar deve ser vista como uma
proposta de humanização crescente, pela qual o homem se constrói como pessoa. A
avaliação não pode ser uma ação mecânica: é acompanhamento atento, sistemático
e interativo em que aprendem aluno e professor. A avaliação é reflexão
transformada em ação. Ação essa que nos impulsiona a novas reflexões. Reflexão
permanente sobre a realizada, e acompanhamento, passo a passo, do educando.
Na sua trajetória de construção do conhecimento (Hoffmann, 1996, p.18).
Avaliar, pois não é a aplicação pura simples de questões geralmente
denominada prova, em determinados momentos isolados. É, sobretudo o
acompanhamento atento, sistemático e interativo, em que aluno e professor
aprendem e se encaminham para as modificações, sem descontinuidades e sem
fugirem da realidade. A avaliação, entretanto pressupõe bons instrumentos. Estes
devem estar adequados aos fins a que se destinam, isto é avaliar o planejado em
cada caso. É indispensável que se mostrem, fornecendo informações merecedoras
de confiança.
O ensino encara a avaliação através de provas os testes, conforme cita
Jussara Hoffmann:

Percebo em contato com os professores que o fenômeno avaliação é hoje um


fenômeno indefinido...Atribuem diferentes significados, relacionados
principalmente aos elementos constituintes da prática avaliativa tradicional, prova,
nota, conceito, boletim, recuperação, reprovação. (Hoffmann, 1996, p. 14).

O que deve ser avaliado é o processo de ensino e aprendizagem, com o


intuito de repensar ou ratificar a prática docente. Devido a estrutura e a
complexidade de uma sala de aula a avaliação é isolada do todo, pois cada
avaliando é um ser único e assim deve ser tratado, só que isto é impossível. Quando
o professor tem a oportunidade de avaliar individualmente um aluno, esta
contribuindo para conscientizá-lo da necessidade de ele buscar pôr si próprio
alternativas para vencer suas dificuldades, e perceberá que o professor não é o
único responsável em seus problema deverá encontrar maneiras de sanar suas
dificuldades.
O processo de educação pode ser grandemente melhorado na medida em
que entendemos e utilizarmos com inteligência a avaliação, com a avaliação o
educador faz um diagnostico, buscando os dados que ajudam a repensar ou

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ratificar sua prática docente, ao mesmo tempo auxiliam na orientação de seus
alunos. “A avaliação é inerente e imprescindível, durante todo processo educativo,
que se realize em um constante trabalho de ação reflexão-ação” (Rabelo, 1998,
p.11).
Avaliar é muito mais do que aplicar um teste, uma prova ou fazer uma
observação, o essencial não é saber se um aluno merece esta ou aquela nota, este
ou aquele conceito, mas fazer da avaliação um instrumento auxiliar da
aprendizagem, examinando o grau de adequação entre um conjunto de informação
ao conjunto de critérios adequados ao objetivo fixado, com o fim de tomar uma
decisão mais adequada.
Rabelo defende a avaliação mediante ao processo ensino-aprendizagem
completo unindo o ensinar sistemático composto de atividades e instrução para
ajudar os alunos a se apropriarem dos conhecimentos, enquanto instrumento
intelectual privilegiado, “Assim ensinar é promover e facilitar o aprendizado
aprendendo a construir modelos de comportamento e de competência técnico-
científicas (Rabelo, 1998, p.76)”.
Já de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNS, a
avaliação é uma prática educacional que exerce a função de direcionar e firmar a
atuação do educador e da instituição de ensino. É a avaliação que fornecerá dados
ao professor quanto ao avanço, bem como, verificar se seus objetivos, referentes a
determinado conteúdo, foram, ou não, alcançados. A avaliação tal como é
compreendida nos Parâmetros, só se justifica se estiver compatível com as
oportunidades de aprendizagem oferecidas aos alunos. Nesse contexto, a avaliação
é um instrumento que fornece ao professor subsídios para uma freqüente reflexão
sobre sua prática de ensino, viabilizando a construção de novas práticas, além de
possibilitar o ajustamento do trabalho docente às necessidades individuais e
coletivas dos alunos.
A escola passa dar maior ênfase ao processo de aprendizado do educando
quando considera que o mesmo tem capacidade de construir progressivamente
novos conhecimentos e novas formas de pensar. Não é desejável que o educando
simplesmente saiba coisas, mas sim e, sobretudo que pense competentemente
sobre as mesmas. O importante não é fornecer verdades prontas acabadas, mas
sim capacitar o educando a elaborar o conhecimento que se espera ser alcançado.

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É necessário que em primeiro lugar o educador conheça seu educando de
forma individual e obtenha dele, todas as informações necessárias de suas
experiências vividas fora de sala. Além disso, é necessário que o educador crie na
sala, um ambiente amigável, formando grupos de trabalhos para que o educando
interage e tenha a oportunidade de expor suas idéias de forma crítica e eficaz, na
busca de um objetivo comum. Desta forma o educador precisa estar atento a todos
os acontecimentos da sala, para assim usar da sua avaliação, não como uma arma
destruidora de idéias, conhecimentos e auto-estima, e sim, como ponto de partida
para a valorização pessoal e uma “ponte” que liga esta valorização na construção do
conhecimento, levando em conta as necessidades do educando, ou seja, aquilo que
o faz agir em cada momento.
O educador consciente e competente faz um uso adequado do “erro” do
educando. Encarando-o como sinal de uma estruturação em construção e, a partir
dele, direciona a sua atuação, criando situações que levem o educando a reelaborar
o problema.
Diante da constante necessidade inovadora social, a avaliação precisa
estar presente em questão, pois faz parte da construção e transformação da
sociedade através do ser humano.
Visando acontecer essa nova concepção, temos as diretrizes que vão
determinar novas praticas no interior da escola que deve ser assimilada pelo
professor.

4. APLICAÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO E SEUS RESULTADOS

Tendo como intenção verificar se existe ou não um distanciamento entre a


concepção do professor e sua prática avaliativa, realizamos uma pesquisa de campo
em escolas da rede estadual de ensino com docentes da disciplina de língua
portuguesa de 5ª a 8ª série de ensino fundamental.
Para análise coletamos os instrumentos avaliativos aplicadas por estes
professores, juntamente com suas concepções sobre a avaliação.
A pesquisa evidência que a concepção dos professores sobre avaliação
estão fundamentadas em teorias inovadoras uma vez que defendem a avaliação
diagnostica como instrumento norteador da educação, pois a mesma revela os
avanços e as dificuldades dos educandos, além de averiguar o desenvolvimento do

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trabalho docente. A teoria de Libâneo também está presente na fala dos docentes (a
função de diagnóstico deve ocorrer em três momentos no inicio, durante e no fim do
processo de aprendizagem).
Hoje se avalia não somente o conteúdo assimilado e não assimilado como
também todo processo de aprendizagem. Isso fica claro na fala da professora ao
dizer: "Verifico a maneira como os alunos portam-se em atitudes que envolvam uma
discussão considerando respeito a opinião alheia, a aptidão de expor as idéias com
clareza, a pertinência de suas colocações e exemplificações, a capacidade de
relacionar conteúdos a sua realidade."
A histórica dicotomia entre teoria e prática fica evidente uma vez que os
professores possuem uma visão inovadora sobre a avaliação, porém ainda aplicam
avaliações que corresponda a práticas tradicionais, com perguntas mecânicas que
não exige reflexão e raciocínio. Em suas concepções afirmam que: "Avaliação deve
ser realizada a partir de critérios estabelecidos através de objetivos e conteúdos,
cuja relevância é fundamental para a compreensão da prática social".
"Observo o espírito de liderança, a capacidade de organização, o empenho
em formular hipóteses e resolver problemas".
Mas esse "pensar" não está presente em suas avaliações uma vez que
observamos marcas de concepções tradicionais, vejamos a seguir alguns
enunciados de questões de método tradicional aplicados em avaliações escritas:
"Sublinhe as hipérboles"
"Qual é o titulo do texto que você leu"
"Classifique os predicados grifados"
"Que parte da carta mostra a preocupação do destinatário em não se
identificar pessoalmente”
"Quais eram os personagens."
Diante destes resultados nos propomos a trabalhar os conteúdos: histórico
da avaliação, novas concepções de avaliação, bases legais que amparam novas
concepções da avaliação educacional e análise de avaliações, através de um
minicurso preparado para uma equipe docente da Escola Municipal Machado de
Assis – Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série, localizada na Rua Pedro Alvares
Cabral, 511 na cidade de Sarandi-Paraná.

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5. ELABORAÇÃO DO MINICURSO DE CAPACITAÇÃO

Desenvolvemos um minicurso para quatorze educadores na Escola


Municipal Machado de Assis – Ensino fundamental de 1ª a 4ª série, localizada na
rua Pedro Alvares Cabral, 511 na cidade de Sarandi-Paraná, perfazendo uma carga
horária de vinte horas.
Nossa intensão neste trabalho é oportunizar momentos de reflexão da
prática avaliativa através da análise de avaliações utilizadas e até mesmo
elaboradas na sala de aula. Desta forma objetivando aprofundar e/ou esmerar o
conhecimento dos educadores quanto a esta prática avaliativa trabalhamos os
seguintes conteúdos: histórico da avaliação; novas concepções de avaliação; bases
legais que vem amparar as novas concepções; análise de avaliações produzidas
pelos professores e avaliações externa.
Os assuntos foram abordados através de aulas expositivas. E durante o
trabalho não houve evasão dos docentes, somente três professores deixaram de
participar devido incompatibilidade do horário (conforme anexo I).
Desta forma percebemos que os educadores realizam reflexões
consideraveis quando nas trocas de experiências, resultando assim em um
crescimento coletivo (conforme anexo II).

6 CONCLUSÃO

Com a realização deste trabalho percebemos um fator que deve ser


considerado e solucionado pelo sistema educacional, ou seja, constatamos que ao
professor não e dado tempo para repensar a sua ação, verificamos que os
professores ao revisitar as atuais concepções de avaliação e ao confrontar com sua
prática iram tomar conciência da prática pedagógica tradicional utilizada por eles.
Avaliar é um ato inevitável da prática pedagógica, e este ato é apenas um
ponto do que compõe o sistema educacional brasileiro, visto as vezes como uma
questão corrompida, mas este jargão não pode ser esquecido porque “é na sala de
aula que se forma o cidadão”, portanto, a forma como se ensina e como se avalia
implica na formação de um sujeito pensante capaz de participar ativamente na
sociedade ou formar um sujeito passivo, obediente que vai servir de instrumento
para o mercado.

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Consideramos assim necessário que a teoria da avaliação proclamada e a
prática efetivada nas salas de aulas caminhem juntas, para que a prática, auxilie a
teoria, e assim permita avanços tanto no procedimento metodológico da escola,
como em programas educacionais, nesse sentido a avaliação coloca-se como
instrumento capaz de apontar caminhos para toda construção e reconstrução de
novas formas de ensinar, o que implica na mudança de atuação dos professores e
enfim da escola como um todo.

. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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HOFFMANN, Jussara. Pontos e contrapontos – do pensar ao agir em avaliação. Porto


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