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Aula 00

SEDUC-GO - Realidade Étnica, Social,


Histórica, Geografia, Cultural, Política e
Econômica de Goiás e Brasil - 2022
(Pré-Edital)

Autor:
Leandro Signori

26 de Abril de 2022
Leandro Signori
Aula 00

Sumário
Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a agropecuária nos séculos XIX e XX, a estrada
de ferro e a modernização da economia goiana, as transformações econômicas com a construção de Goiânia
e Brasília, Industrialização, infraestrutura e planejamento. ............................................................................ 4
1 - Goiás antes da mineração ...................................................................................................................... 4
1.1 As Bandeiras do Anhanguera Pai e Anhanguera Filho ....................................................................... 5
2 - A exploração do ouro ............................................................................................................................. 7
3 - A criação da estrutura administrativa .................................................................................................... 9
3.1 Os impostos..................................................................................................................................... 10
3.2 O controle das minas....................................................................................................................... 11
4 - A crise no setor minerador ................................................................................................................... 11
5 - A transição da economia mineradora para a agropecuária .................................................................. 12
6 - A estrada de ferro e a modernização da economia goiana .................................................................. 13
7 - As transformações econômicas com a construção de Goiânia e Brasília ............................................. 14
7.1 RIDE do Distrito Federal e Entorno .................................................................................................. 16
8 - Industrialização, infraestrutura e planejamento .................................................................................. 18
Questões Comentadas .................................................................................................................................. 20
Lista de Questões .......................................................................................................................................... 29
Gabarito ........................................................................................................................................................ 34

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APRESENTAÇÃO DO CURSO
Caros alunos,
É com imenso prazer que nos encontramos no ESTRATÉGIA CONCURSOS para esta jornada em busca de um
excelente resultado na disciplina de REALIDADE ÉTNICA, SOCIAL, GEOGRÁFICA, CULTURAL, POLÍTICA E
ECONÔMICA DO ESTADO DE GOIÁS no próximo concurso da SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE
GOIÁS.
Sou o Professor Leandro Signori, gaúcho de Lajeado. Ingressei no serviço público com 21 anos e já trabalhei
nas três esferas da administração pública – municipal, estadual e federal - o que tem sido de grande valia
para a minha formação profissional – servidor e docente. Nas Prefeituras de Porto Alegre e São Leopoldo,
desenvolvi minhas atividades nas respectivas secretarias municipais de meio ambiente; na administração
estadual, fui servidor da Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), estatal do governo do Rio
Grande do Sul.
Durante muitos anos, fui também servidor público federal, atuando como geógrafo no Ministério da
Integração Nacional, onde trabalhei com planejamento e desenvolvimento territorial e regional.
Graduei-me em Geografia – Licenciatura - pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e –
Bacharel - pelo UNICEUB em Brasília. A oportunidade de exercer a docência e poder alcançar o conhecimento
necessário para a aprovação dos meus alunos me inspira diariamente e me traz grande satisfação. Como
professor em cursos preparatórios on line e presencial, ministro as disciplinas de Atualidades,
Conhecimentos Gerais, Realidade Brasileira e do Distrito Federal, Geografia e Conhecimentos Específicos.
Feita a minha apresentação, agora vamos falar do curso, que será de teoria e exercícios, no qual vamos
contemplar os seguintes conteúdos listados no edital do concurso anterior:

Realidade étnica, social, histórica, Geográfica, Cultural, Política e Econômica do Estado de Goiás: 1
Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a agropecuária nos séculos XIX e XX, a estrada
de ferro e a modernização da economia goiana, as transformações econômicas com a construção de Goiânia
e Brasília, industrialização, infraestrutura e planejamento. 2 Modernização da agricultura e urbanização do
território goiano. 3 A população goiana: povoamento, movimentos migratórios e densidade demográfica. 4
Economia goiana: industrialização e infraestrutura de transportes e comunicação. 5 As regiões goianas e as
desigualdades regionais. 6 Aspectos físicos do território goiano: vegetação, hidrografia, clima e relevo. 7
Aspectos da história política de Goiás: a independência em Goiás, o Coronelismo na República Velha, as
oligarquias, a Revolução de 1930, a administração política de 1930 até os dias atuais. 8 Aspectos da História
Social de Goiás: o povoamento branco, os grupos indígenas, a escravidão e cultura negra, os movimentos
sociais no campo e a cultura popular. 9 Atualidades econômicas, políticas e sociais do Brasil, especialmente
do Estado de Goiás.

Vejamos o nosso cronograma:

Aula Conteúdo Programático

1. Formação econômica de Goiás: a mineração no século XVIII, a agropecuária


nos séculos XIX e XX, a estrada de ferro e a modernização da economia goiana,
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as transformações econômicas com a construção de Goiânia, industrialização,
infraestrutura e planejamento.

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7 Aspectos da história política de Goiás: a independência em Goiás, o


01 Coronelismo na República Velha, as oligarquias, a Revolução de 1930, a
administração política de 1930 até os dias atuais.

8 Aspectos da História Social de Goiás: o povoamento branco, os grupos


02 indígenas, a escravidão e cultura negra, os movimentos sociais no campo e a
cultura popular.

03 6 Aspectos físicos do território goiano: vegetação, hidrografia, clima e relevo.

2 Modernização da agricultura e urbanização do território goiano. 3 A população


goiana: povoamento, movimentos migratórios e densidade demográfica. 4
04 Economia goiana: industrialização e infraestrutura de transportes e
comunicação. 5 As regiões goianas e as desigualdades regionais. 9 Atualidades
econômicas, políticas e sociais do Brasil, especialmente do Estado de Goiás.

05 Resumo Geral e Bateria de Questões Comentadas

Na parte teórica seremos objetivos, todavia, sem deixar de fora nenhum conteúdo e sem nos esquecermos
dos detalhes cobrado pela banca. Vamos ver as pegadinhas e as cascas de banana que são colocadas para
escorregarmos na questão. Também vou usar figuras, tabelas, gráficos e mapas de forma a sintetizar e
esquematizar o conteúdo.
Estou aqui neste curso, muito motivado, caminhando junto com você, procurando passar o melhor
conhecimento para a sua aprendizagem e sempre à disposição no Fórum de Dúvidas.
Quem quiser também pode me seguir nas minhas redes sociais: Instagram: profleandrosignori, Facebook:
Leandro Signori Atualidades e YouTube: Leandro Signori. Nelas, divulgo gabaritos extraoficiais de provas,
publico artigos, compartilho notícias e informações importantes do mundo atual.
Ótimos estudos e fiquem com Deus!
Forte Abraço,
Professor Leandro Signori
“Tudo posso naquele que me fortalece.”
(Filipenses 4:13)

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FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS: A MINERAÇÃO NO


SÉCULO XVIII, A AGROPECUÁRIA NOS SÉCULOS XIX E XX, A
ESTRADA DE FERRO E A MODERNIZAÇÃO DA ECONOMIA
GOIANA, AS TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS COM A
CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA E BRASÍLIA, INDUSTRIALIZAÇÃO,
INFRAESTRUTURA E PLANEJAMENTO.

1 - Goiás antes da mineração

Desde o primeiro século de colonização do Brasil, o Estado de Goiás foi percorrido pelas Bandeiras e pelas
Descidas. Porém, foi só no século XVIII, com a mineração, que se iniciou a ocupação efetiva do território
goiano pelos portugueses. Foi uma ocupação irregular e instável, característica do povoamento provocado
pela mineração.

A primeira Bandeira de que se tem notícia em terras goianas data de 1590-93, sob a direção de Domingos
Luís Grau e Antônio Macedo. Depois desta, várias outras estiveram em Goiás.

Além dos bandeirantes, os jesuítas e capuchinhos viajaram pelas terras goianas. Eram as Descidas, que
vinham do Norte do País para capturar índios para suas aldeias na Amazônia. A primeira foi coordenada pelo
padre Cristóvão de Lisboa, em 1625.

Entradas, Bandeiras e Descidas


As Entradas eram organizadas pelo governo, com financiamento público. Geralmente
procuravam respeitar os limites de Tordesilhas. A maioria das expedições realizadas
partiam da capital do Brasil na época, Salvador, na Bahia ou até mesmo de Pernambuco.
Visavam primeiramente à prospecção do território e de metais preciosos.
As Bandeiras eram expedições particulares e não respeitavam os limites de Tordesilhas.
Em geral, começavam a partir da Vila de São Paulo de Piratininga, na Capitania de São
Vicente (hoje São Paulo). Também visavam primeiramente à prospecção do território e de
metais preciosos. Também se dedicavam também ao apresamento de índios para
escravização.

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As Descidas eram expedições realizadas pelos jesuítas ao interior do Brasil. Tinham como
objetivo convencer os indígenas dessa região a migrarem para regiões próximas das suas
missões ou reduções visando facilitar o trabalho de catequização. As principais missões
jesuíticas ficavam no norte e no sul do país.

Apesar dessas duas investidas, nem bandeirantes, nem jesuítas vinham para se fixar na terra. Dessa forma,
Goiás não possuía uma população branca; era habitado apenas pelos povos indígenas, pelo menos até a
descoberta dos primeiros veios auríferos no Rio Vermelho no século XVIII, onde está situada a hoje Cidade
de Goiás.

1.1 As Bandeiras do Anhanguera Pai e Anhanguera Filho

Em 1682, Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera Pai, esteve em território do sul de Goiás, onde encontrou
vestígios de ouro na região do Rio Vermelho, aos pés da Serra Dourada, onde hoje está situada a cidade de
Goiás.

A região era habitada pelos índios da etnia Goya ou Goyazes. Na ocasião o experiente bandeirante,
percebendo que os índios estavam usando adornos que possuíam pequenos pedaços de ouro, teria ateado
fogo a uma bateia cheia de aguardente para forçar os índios a lhe mostrar onde eles haviam encontrado o
precioso mineral. Diante da cena inusitada e com medo de terem os seus rios incendiados, os índios teriam
começado a gritar: Anhanguera! Anhanguera!, que no idioma tupi significa “diabo que põe fogo na água”,
dando origem ao apelido do Bandeirante.

Na ocasião ele estava acompanhado de seu filho de 14 anos, Bartolomeu Bueno da Silva Filho, que além de
possuir o seu nome também herdaria, mais tarde, o seu apelido.

Anhanguera Pai voltou a São Paulo com planos de formar uma nova bandeira e retornar à região onde tinha
encontrado vestígios de ouro para melhor investigá-la, mas morreu antes de conseguir seu intento. A partir
da morte do pai, Anhanguera Filho assumiu consigo mesmo a promessa um dia voltar à terra do Goyazes,
isso só iria acontecer em 1722, quando já tinha 54 anos de idade.

A bandeira comandada por Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho do primeiro Anhanguera) saiu de São Paulo
em 3 de julho de 1722, seguindo a rota que já era conhecida até o Rio Grande. As dificuldades climáticas e
vegetacionais do cerrado fizeram muitos dos bandeirantes morrerem de fome, além de obrigar os
sobreviventes a comerem macacos, cachorros e até alguns dos próprios cavalos. Após várias mortes, seja
por causa da fome, doenças ou ataques de índios hostis, finalmente Anhanguera encontrou ouro nas
margens do rio Vermelho, na região da atual cidade de Goiás. Estavam descobertas as Minas dos Goyazes.

Veja a seguir, o mapa das principais bandeiras dos séculos XVII e XVIII do Brasil colonial, onde podemos ver
a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Ananguera pai (número 9). Podemos ver também a linha
(meridiano) do Tratado de Tordesilhas. Verificamos que por esse Tratado, parte do território atual do estado
de Goiás pertencia a coroa espanhola, inclusive a cidade de Goiás, onde foi descoberto o ouro.

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Ocorre que, entre 1580 a 1640, Portugal esteve sob domínio espanhol, período conhecido como a União
Ibérica. O rei Felipe II da Espanha, foi coroado rei de Portugal, passando a ser o rei tanto de Portugal, quanto
da Espanha. Durante a União Ibérica, a linha de Tordesilhas perdeu o seu sentido, embora o tratado não
tenha sido revogado. Os bandeirantes avançaram para muito além da linha, e o Brasil triplicou de tamanho.
A expansão da pecuária e as missões jesuíticas foram fatores que contribuíram para essa expansão.

O contínuo avanço português para além da linha de Tordesilhas fez com que Portugal e Espanha assinassem
um novo tratado de fronteiras, o Tratado de Madri, em 1750. Os dois países aceitaram o princípio do uti
possidetis, segundo o qual cada nação conservaria as terras que já tivessem efetivamente ocupado. Foi
somente com esse Tratado, que a totalidade do atual território do estado de Goiás passou a pertencer a
colônia portuguesa na América do Sul, o Brasil. O mapa a seguir mostra os limites dos tratados de Tordesilhas
e de Madri.

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O Tratado de Madri foi anulado pelo Tratado de El Pardo, em 1761. Foi reestabelecido em sua quase
totalidade pelo Tratado de Santo Ildefonso em 1777, com o território de Goiás voltando a pertencer a
Portugal. o Tratado de Badajós, de 1801, finalizou a discussão de limites entre Portugal e Espanha,
reestabelecendo os termos do Tratado de Madri.

2 - A exploração do ouro

O contexto histórico do século XVIII destinava a Goiás o papel de região exportadora de minério de ouro. A
agricultura e a pecuária não eram prioridade. Toda a força de trabalho deveria ser destinada à mineração,
única atividade valorizada e compensatória, atraindo para Goiás trabalhadores das regiões mais distantes do
país. “Os territórios de mineração deveriam dedicar-se quase exclusivamente a produção de ouro, não
desviando esforços na produção de outros bens das demais capitanias”. (CHAIM, 1987).

“O ouro extraído das minas goianas foi exportado, não acumulando capital em Goiás, o que dificultava a
estruturação de uma economia própria que pudesse dar maior estabilidade à sociedade em formação. Por
isso, com a crise do ouro, a população da província chega a decrescer”. (POLONIAL, 2001)

Além da evasão do ouro produzido na capitania, vários outros fatores impediram a estruturação de uma
economia mais dinâmica em Goiás: o rápido esgotamento das minas; a carência de mão-de-obra; a má
administração local e as técnicas rudimentares de mineração.

“A extração do ouro em Goiás serviu apenas como estímulo inicial para o povoamento da região e para dar
início à produção agropastoril, que posteriormente se tornaria a base econômica da população”. (TIBALLI,
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1991). “Essa situação subjugava sobremaneira, os colonos que exploravam o ouro, mas não ficavam com o
minério. Além disso, um rígido controle do governo de Portugal sobre os mineradores impedia que eles
desenvolvessem um comércio mais lucrativo”. (POLONIAL, 2001)

Para fugir desse controle metropolitano, o contrabando foi utilizado em larga escala. Os impostos, como o
quinto e a capitação, não eram aceitos pelos mineradores, que buscavam por todos os meios burlar a
vigilância oficial. Até membros do clero participavam do contrabando. Nada conseguia conter essa ação ilegal
dos mineradores.

A grande dificuldade do governo é que estes mineradores tinham uma vida aventureira e sem muitas regras,
muito próximos do estado natural. O contrabando e a violência eram a tônica da região.

A euforia foi efêmera. A exploração do ouro em Goiás durou pouco tempo. Já na década de 1770 do século
XVIII, a decadência era visível. Esse rápido período aurífero, entendido como Ciclo do Ouro, foi assim descrito
por Palacin (1994):

"Suas fases são quase fatais: descobrimento, um período de expansão febril – caracterizado pela pressa e
semianarquia – depois, um breve mas brilhante período de apogeu e, imediatamente, quase sem transição,
a súbita decadência prolongada às vezes com uma lenta agonia."

Mesmo assim, esse período provocou algumas mudanças importantes na região, por exemplo: aumento
territorial e populacional, concentração do poder e da riqueza nas mãos de uma minoria branca,
aniquilamento físico e cultural da população indígena. Foi criada a Capitania de Goiás, separando-se da
Capitania de São Paulo. O primeiro governador foi Dom Marcos José de Noronha e Brito, o Conde dos Arcos,
que tomou posse em 8 de novembro de 1749.

A produção de ouro em Goiás foi maior que a de Mato Grosso, porém muito menor que em Minas Gerais. O
declínio da produção foi rápido. Veja abaixo:

Produção de ouro ao longo dos anos

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O pico foi em 1753, mas 50 anos depois a produção já era insignificante. Conforme o historiador Luís Palacin
esses são os dados oficiais disponíveis, porém, o volume de ouro extraído deve ter sido muito maior. A maior
parte do ouro retirada era sonegada para fugir dos pesados impostos e, portanto, não se sabe ao certo
quanto ouro foi retirado de fato das terras goianas.

3 - A criação da estrutura administrativa

Com a criação da capitania de Goiás estabelece-se uma nova relação de poder entre o povo e o setor público.
No contexto da epopeia do ouro, os interesses dos mineradores e da Coroa sobre o metal eram díspares.
Com a crise no setor minerador, a construção do aparelho burocrático, da força repressiva e do aparelho
fiscal, seria uma alternativa para os próprios colonos enfrentarem com a ajuda oficial os graves problemas
de Goiás. Tudo concorria para que o Estado centralizasse e normalizasse as ações na capitania,
principalmente com o início do declínio no setor de mineração.

As autoridades administrativas, demonstradas no quadro abaixo, rivalizavam-se entre si, gerando graves
conflitos no alto escalão da administração goiana. Fundamentalmente, o conflito tinha por base a
intromissão de um na função do outro. “O conflito entre as autoridades administrativas revelava um caráter
classista, pois os governadores eram da alta nobreza, enquanto a outra parte do corpo administrativo era de
burocratas, criados com o estado moderno”. (POLONIAL, 2001)

Várias outras dificuldades, como os excessos dos contratadores e dos dizimeiros na cobrança de impostos, a
corrupção dos costumes, a luta do povo contra as autoridades e o pequeno rendimento do ouro concorriam
para prejudicar a administração.

Organograma do poder em uma capitania independente

Governador ou
Capitão-General

Capitão-mor
Ouvidor-Mor Provedor-mor
ou Guarda-mor
(Justiça) (Finanças)
(Defesa)

Essa situação revelava a crise no setor administrativo em Goiás, que dependia, principalmente, da
arrecadação dos impostos do ouro.

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3.1 Os impostos

A Real Fazenda preocupava-se enormemente com a tributação, os impostos eram arrecadados através da
cobrança do quinto. Para aprimorar a arrecadação e evitar a sonegação, em 1720 foram instituídas as casas
de fundição juntamente com uma lei que proibia a circulação de ouro em pó, além da delação premiada.
Essa medida gerou descontentamento entre os mineradores que se rebelaram, em Vila Rica (MG), sob a
liderança de Filipe dos Santos. O desfecho foi sangrento. Filipe dos Santos foi enforcado e esquartejado.

À medida que a arrecadação caía, devido ao esgotamento das jazidas, a fiscalização arrochava sobre os
mineradores e então foi criada a “capitação”. Um imposto que era cobrado por cabeça de escravo que o
minerador possuísse. A Real Fazenda não admitia que o ciclo do ouro estivesse se esgotando. Quando a
arrecadação caía alegava que era sonegação e implementava novas medidas fiscais.

O quinto nada mais era do que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e correspondia a 20% ou 1/5 de
todo ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição, para onde todo o ouro
extraído deveria ser levado, derretido e colocado em formas denominadas quinteiros. No fundo da forma
havia uma espécie de brasão real que ficava impresso na barrinha de ouro depois de solidificada. O ouro
quintado era devolvido depois de descontada a parte devida à Real Fazenda. Nas minas de Goiás, variou ao
longo do tempo o seu sistema de cobrança.

Entre 1726-1736, o quinto era cobrado na Casa de Fundição, instalada em São Paulo, o que facilitava a prática
da sonegação e reduzia os ganhos da Fazenda Real. Era quase impossível fiscalizar devido às grandes
distâncias.

Para combater a sonegação e partindo da ideia que era mais difícil ao minerador esconder o escravo que o
ouro extraído, de 1736 até 1751 partiu-se para o sistema de capitação. Nesse, era a quantidade de escravos
matriculados que determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro para a Coroa. A injustiça dessa forma
de cobrança reside no fato de o imposto desconsiderar as diferenças de rendimento de cada escravo, em
função da maior ou menor riqueza das várias minas e datas.

Além do quinto e da capitação, outros impostos eram cobrados:

- Entradas - sobre a circulação de mercadorias;

- Dízimos – sobre a décima parte da produção agropecuária;

- Passagens – sobre o trânsito dos rios;

- Ofícios – sobre a lotação de cargos públicos;

- Sizas – sobre o comércio de escravos.

Apesar de tantos tributos, a crise de arrecadação era constante, principalmente após a década de 1770, com
a decadência da mineração. O último grande achado minerário em Goiás deu-se na cidade de Anicuns, em
1809, no sul da capitania.

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3.2 O controle das minas

Desde quando ficou conhecida a riqueza aurífera das Minas de Goyazes, o governo português tomou uma
série de medidas para garantir para si o maior proveito da exploração das lavras. Foi proibida a abertura de
novas estradas em direção às minas. Os rios foram trancados à navegação. As indústrias proibidas ou
limitadas. A lavoura e a criação inviabilizadas por pesados tributos: braços não podiam ser desviados da
mineração. O comércio foi fiscalizado. E o fisco, insaciável na arrecadação.

À época do descobrimento das Minas dos Goyazes vigorava o método de quintamento nas casas de fundição.
O das minas de Goiás era em São Paulo. Para lá que deveriam ir os mineiros para quintar seu ouro. Recebiam
de volta, depois de descontado o quinto, o ouro fundido e selado com selo real.

O ouro em pó podia ser usado como moeda no território das minas, mas se saísse da capitania, tinha que ser
declarado ao passar pelo registro e depois quintado, o que praticamente ficava como obrigação dos
comerciantes. Estes, vendendo todas as coisas a crédito, prazo e preços altíssimos acabavam ficando com o
ouro dos mineiros e eram os que, na realidade, canalizavam o ouro das minas para o exterior e deviam, por
conseguinte, pagar o quinto correspondente.

O método da casa de fundição para a cobrança do quinto seria ideal se não fosse um problema que tomava
de sobressalto o governo português: o contrabando do ouro, que oferecia alta rentabilidade: “os vinte por
cento do imposto mais dez por cento de ágio”. Das minas para a costa ou para o exterior era sempre um
negócio lucrativo, que “nem o cipoal de leis, alvarás, cartas régias e provisões, nem os sequestros, devassas
de registros, prêmios prometidos aos delatores e comissões aos soldados puderam por freio.” (PALACIN,
1979)

O grande contrabando era dos comerciantes que controlavam o comércio desde os portos, praticado “por
meio da conivência dos guardas dos registros, ou de subornos de soldados, que custodiavam o comboio dos
quintos reais. Contra si o governo tinha as dilatadas fronteiras, o escasso policiamento, o costume inveterado
e a inflexibilidade das leis econômicas”. (PALACIN, 1979) A seu favor tinha o poder político, jurídico e
econômico sobre toda a colônia. Assim, decreta como primeira medida, em se tratando das minas, o
isolamento destas.

A partir de 1730 foram proibidas todas as outras vias de acesso a Goiás ficando um único caminho, o iniciado
pelas bandeiras paulistas que ligavam as minas com as regiões do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso,
ficava interditado o acesso pelas picadas vindas do Nordeste - Bahia e Piauí. Foi proibida a navegação fluvial
pelo Tocantins, afastando o norte goiano de outras capitanias - Grão-Pará e Maranhão.

4 - A crise no setor minerador

Como o quinto representava o principal imposto cobrado na capitania, podemos ter uma dimensão da crise
na região, com a queda deste imposto. Na década de 1770, apesar da crise já evidente, o quinto do ouro
ainda rendia à Coroa portuguesa até 15 arrobas. Mas na década de 1820 essa arrecadação não passava de
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uma arroba. Vários fatores contribuíram para a decadência do ouro, como a falta de capital, falta de braços,
técnicas rudimentares de exploração de jazidas e falta de uma ação governamental mais eficiente, não
preocupada apenas em arrecadar impostos.

A avidez pelo lucro fácil, tanto das autoridades administrativas metropolitanas quanto dos mineiros e
comerciantes, não admitiu perseveranças. O local onde não se encontrava mais ouro era abandonado. Os
arraiais de ouro, que surgiam e desapareciam em Goiás, contribuíram apenas para o expansionismo
geográfico. Cada vez se adentrava mais o interior em busca do ouro de aluvião, mas em vão.

Várias foram as consequências para Goiás com a crise do setor minerador, assim relatadas por Palacin (1979):

● Diminuição da importação e do comércio externo;


● Menor arrecadação de impostos;
● Diminuição da mão-de-obra pelo estancamento na importação de escravos;
● Estreitamento do comércio interno, com tendência à formação de zonas de economia fechada e um
consumo dirigido à pura subsistência;
● Esvaziamento dos centros urbanos;
● Ruralização, empobrecimento e isolamento cultural.

Inviabilizadas as alternativas de desenvolvimento econômico devido à falta de acumulação de capital e ao


atrofiamento do mercado interno após o fim do ciclo da mineração, a população se volta para a economia
de subsistência.

Nas últimas décadas do século XVIII e início do século XIX, toda a capitania estava mergulhada numa situação
de crise, o que levou os governantes goianos a voltarem suas atenções para as atividades econômicas que
antes sofreram proibições, objetivando soerguer a região da crise em que mergulhara.

5 - A transição da economia mineradora para a agropecuária

É um período de transição, tanto do ponto de vista econômico - da mineração para a agropecuária - quanto
do ponto de vista político – passagem do sistema colonial para o sistema imperial. Contudo, mantêm-se as
estruturas da sociedade goiana. Esse momento de transição, com todas as suas incertezas, relatadas pelos
viajantes, deixa algumas impressões comuns sobre Goiás nas primeiras décadas do século XIX, como:

● Precárias condições das vias de comunicação e infraestrutura para os viajantes;


● Longas distâncias;
● Crise no abastecimento de víveres;
● Despovoamento da região, com um processo de ruralização;
● Escassez de mão-de-obra;
● Comércio de pequeno porte e estagnado;

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● Pecuária como principal atividade de exportação.

Isto posto, podemos concluir que “... Goiás, na primeira metade do século XIX, é terra em que vivem
populações abandonadas, isoladas e iletradas, mantidas à margem da civilização capitalista”. A crise do ouro
fez com que Goiás regredisse a uma economia de subsistência, com a agricultura e a pecuária.

A estrutura social goiana dessa época apresentava-se bem definida: a elite, formada por grandes fazendeiros,
altos funcionários da Coroa e alguns ricos comerciantes; os homens livres, como pequenos proprietários e
pequenos comerciantes, vaqueiros, sapateiros, entre outros; e os pobres – mulatos, negros livres,
aventureiros, fugitivos, mendigos –, estes sim, a maioria da população.

O número de escravos era muito maior do que o número de pobres, porém eles eram considerados
mercadorias, e não como pessoa (na época da Lei Áurea, em 1888, a quantidade de escravos era muito
pequena e ela quase não afetou a sociedade goiana).

Nessa sociedade, segundo documentos da época, as pessoas que tinham algum estudo eram uma minoria
insignificante (mas as que eram estudadas tinham um certo privilégio e eram chamadas de “doutores”). A
situação era tão crítica que em 1810, por exemplo, existiam apenas 14 professores em toda a Capitania de
Goiás, sendo que três em Vila Boa, dois em Meia Ponte e os demais dispersos pelas vilas goianas. Havia uma
única livraria em toda a Capitania, instalada em Meia Ponte.

O papel das mulheres nessa sociedade era de ser sempre dominadas pelos homens. Viviam praticamente
confinadas às suas casas e durante o dia só se viam homens nas ruas. Como as mulheres não recebiam
educação, sua conversa era desprovida de encanto. Eram inibidas e estúpidas, e se achavam praticamente
reduzidas ao papel de fêmeas para os homens.

Geralmente os casamentos eram arranjados, e as mulheres eram sempre mais jovens do que os homens, ou
seja, ainda crianças. Era frequente que, além da própria esposa, os homens da época tivessem amantes e
filhos com elas. Estes filhos eram os “bastardos”, e ficavam à margem da sociedade, e quase sempre, não
eram reconhecidos pelos pais.

6 - A estrada de ferro e a modernização da economia goiana

As três primeiras décadas do século XX não modificam substancialmente a situação a que Goiás regredira
como consequência de decadência da mineração no fim do século XVIII. Continuava sendo um Estado
isolado, pouco povoado, quase integralmente rural.

Com o propósito de dotar o estado de Goiás de reais condições de transporte ferroviário, visando integrá-lo
ao resto do Brasil, surge em 1873 um decreto do governo Imperial para que tal situação fosse concretizada.
Dessa maneira, o então presidente da província goiana Antero Cícero de Assis foi autorizado a contratar a
construção de uma estrada de ferro para ligar a cidade de Goiás, ora capital de Goiás, à margem do rio
Vermelho, partindo da estrada de ferro Mogiana, em Minas Gerais.

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A construção da Estrada de Ferro foi o primeiro passo na urbanização e na expansão do capitalismo em Goiás
no início do século XX. Em 1886 a Estrada de Ferro Mogiana chegou até Araguari (MG).

Os trabalhos da construção da Estrada de Ferro de Goiás tiveram início no começo do século XX. Já em 1912
chegavam à cidade goiana de Goiandira (onde foi inaugurada em 1913).

Até o ano de 1952, a ferrovia percorria com seus trilhos, aproximadamente, 480 quilômetros, chegando ao
seu ponto mais distante em Goiânia. No total, 30 estações à estrada, onde se destacavam as de: Araguari,
Amanhece, Ararapira, Anhanguera, Goiandira (ponto de ligação com a rede mineira), Ipameri, Roncador,
Pires do Rio, Engenho Balduíno, Vianópolis, Leopoldo de Bulhões e Goiânia.

7 - As transformações econômicas com a construção de Goiânia


e Brasília

A cidade de Goiânia foi planejada e construída na década de 1930 e início da década de 1940. A pedra
fundamental da nova capital foi lançada em 24 de outubro de 1933. A data escolhida foi uma homenagem
aos 3 anos da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder no Brasil. O Decreto estadual 327, de
2 de agosto de 1935, criou o município da nova capital, o qual recebeu o topônimo de Goiânia. A cidade foi
inaugurada em 5 de julho de 1942.

Pelo planejamento inicial, esperava-se que a cidade atingisse a casa dos 60 mil habitantes, no ano 2000. Mas,
ao transpor o século, ultrapassa um milhão de pessoas.

A presença de Goiânia no território goiano transformou radicalmente a história do Estado. Pois a mudança
da capital do Estado da cidade de Goiás para Goiânia, deslocou o eixo político-econômico, ao longo dos anos,
e acabou por criar condições para que ocorressem transformações significativas em Goiás.

No discurso dos "mudancistas" (grupo político que apoiou a mudança), a transferência da capital para um
local mais estratégico, do ponto de vista econômico e administrativo, não representava apenas uma velha
aspiração da comunidade goiana, era também uma necessidade que vinha sendo adiada. Apesar de sua
grandeza física, a cidade de Goiás era, então, uma das partes do território brasileiro mais pobre e atrasada e
seus contingentes populacionais viviam, praticamente, isolados do resto do país. Isto acarretava em sua
gente forte sentimento de frustração e a conduzia, consequentemente, à apatia. Esses eram argumentos
utilizados pelo grupo que defendia a mudança da capital. Já os antimudancistas combatiam esse discurso e
afirmavam ser possível o progresso na própria cidade de Goiás, desde que houvesse investimento financeiro
por parte do governo federal.

Vencidos, de forma parcial, os mais sérios obstáculos, principalmente os problemas de ordem política e
financeira, no discurso dos mudancistas, a construção da nova capital confirmou o acerto da resolução do
governo estadual de então, do governador Pedro Ludovico Teixeira (1930-1945). Abriram-se as fronteiras de
Goiás, alargando as suas áreas, com a elevação dos índices demográficos e do progresso econômico do
estado.

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Segundo alguns habitantes pioneiros da cidade de Goiânia, o progresso não acompanhou o mesmo ritmo
dos planejamentos. A cidade não oferecia infraestrutura para o contingente de migrantes que chegava. Entre
os mais frequentes e citados, estava o problema da falta de energia elétrica, este serviço, desde 1936, era
fornecido pela Usina do Jaó, no rio Meia Ponte. Outro impasse era a falta de saneamento básico que
dificultava a vida das pessoas, principalmente, de quem chegava dos grandes centros. Muitas vezes tinham
que adotar os hábitos dos sertanejos, sendo comum o uso de tirar água das cisternas para os diversos
afazeres. O que era considerado, para os moradores do antigo município de Campinas e para as pessoas
vindas do interior, atividades costumeiras, como usar lamparinas para a iluminação, tomar banho nos poços,
causava estranheza aos migrantes vindos de outras cidades maiores.

Os relatos dos problemas de falta de água e de luz são marcantes e se fazem presentes na literatura
brasileira. A cidade de Goiânia tem uma formação populacional híbrida, no qual constantemente se
entrecruzam os valores da sociedade tradicional e moderna. Goiânia representava a fusão do urbano com o
rural, e expressava a modernidade e o progresso. Fazendeiros e profissionais liberais circulavam pelas suas
ruas realizando negócios. Como afirma CHAUL (1997), tratava-se da mentalidade urbana com os pés
plantados em solo rural.

Hoje, Goiânia é uma das capitais mais modernas do país, mas como acontece em outras cidades, sofre com
problemas sociais, como a criminalidade, habitação e saneamento básico.

A população de Goiânia aumentou sensivelmente e esse crescimento tão acelerado do número de habitantes
se deve a vários fatores, sendo um deles a migração de pessoas que se deslocaram de todas as regiões do
Brasil, principalmente do Nordeste, rumo a Goiânia. Por meio do estudo das "memórias urbanas dos
migrantes” analisou-se a participação dos mesmos na construção da nova capital de Goiás.

A construção de Goiânia foi um acontecimento peculiar por ser a primeira cidade planejada do século XX.
Considerando o território escolhido, áreas rurais, despovoadas, viu-se a necessidade de atrair migrantes para
executar o projeto idealizado.

De acordo com o decreto nº 3.359, de 18 de maio de 1933, as fazendas Criméia, Vaca Brava e Botafogo, no
município de Campinas seriam destinadas à edificação da nova capital do estado de Goiás (MONTEIRO,
1938). Parte dessa mesma área transformou-se, em pouco tempo, numa “oficina de obras”. A partir daí o
número de migrantes que chegavam era cada vez maior. Portanto é possível afirmar que Goiânia teve uma
formação populacional, inicialmente, 100% migrante.

A cidade de Brasília foi construída estrategicamente no Planalto Central, uma vasta região sem grandes
acidentes geográficos no interior do Brasil. Algumas razões para sua construção são o deslocamento do
centro político do país para fora do eixo Rio-São Paulo, incentivo ao povoamento do interior quase vazio do
país e melhor posição estratégica e militar da capital.

A cidade cresceu muito desde que foi construída. A nova capital foi projetada para comportar no máximo
500.000 habitantes, sendo que hoje o Distrito Federal, quadrilátero em meio ao planalto determinado para
abrigar a cidade, já possui quase 3 milhões de habitantes. A maior razão para seu superpovoamento é o fato
de sua economia estar intimamente ligada ao poder público.

Brasília é a cidade com uma das maiores rendas per capita do Brasil. Um dos problemas crônicos causados
por tudo isso é que o número de carros em Brasília tende a aumentar a níveis para os quais a cidade não foi
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projetada; começaram a surgir inúmeros engarrafamentos na cidade e alguns lugares se tornam


intransitáveis na hora do rush. Para tentar amenizar esse quadro, está sendo implantado o sistema
metroviário, mas devido à sua extensão limitada e ao próprio crescimento da cidade, não proporcionou
alterações significativas em relação aos problemas de trânsito na cidade.

7.1 RIDE do Distrito Federal e Entorno


A construção de Brasília atraiu grande contingente de trabalhadores que, nos primeiros anos, ocupavam
acampamentos distribuídos pelo território do Distrito Federal.
Com a finalização de grande parte das obras, e a valorização das terras na capital, parte do contingente inicial
de trabalhadores deslocou-se para os municípios de Goiás e Minas Gerais, que continuaram atraindo grande
número de pessoas, oriundas, em sua maioria, de regiões mais carentes de todo o País, para trabalhar na
capital federal.
Os problemas decorrentes desta pressão crescente exercida por essa população, desde as primeiras décadas
após a inauguração de Brasília, levaram as entidades públicas (estados de Goiás e Minas Gerais, Distrito
Federal e governo Federal) a se unirem, objetivando propor, criar e coordenar políticas públicas que
levassem, juntamente com o Distrito Federal, a ações comuns para toda a região, visando minimizar a
pressão exercida pelos habitantes desta periferia, que contorna o Distrito Federal.
Desta forma, foi criada, por meio da Lei Complementar n.º 94, de 19 de fevereiro de 1998, para efeitos de
articulação da ação administrativa da União, dos estados de Goiás, Minas Gerais e do Distrito Federal, a
Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno - RIDE. O Decreto nº 7.469, de 4 de maio
de 2011, regulamentou a LC nº 94, de 19 de fevereiro de 1998.

Região Integrada de Desenvolvimento (ou RIDE) são grandes aglomerações urbanas que se situam em mais
de uma unidade federativa. Elas são criadas por legislação federal específica, que delimita os municípios que
a integram e fixa as competências assumidas pelo colegiado das mesmas.

A RIDE do Distrito Federal e Entorno é constituída pelo Distrito Federal, e por 33 municípios, sendo 29 de
Goiás e quatro de Minas Gerais. Os municípios de Goiás são: Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de
Goiás, Alexânia, Alto Paraíso de Goiás, Alvorada do Norte, Barro Alto, Cabeceiras, Cavalcante, Cidade
Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina, Flores de Goiás, Formosa, Goianésia, Luziânia,
Mimoso de Goiás, Niquelândia, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio do
Descoberto, São João d’Aliança, Simolândia, Valparaíso de Goiás, Vila Boa e Vila Propício. Os municípios de
Minas Gerais são: Arinos, Buritis, Cabeceira Grande e Unaí.
A RIDE ocupa uma região de 94.551,17 km2 e sua população é de aproximadamente 4.608.863 habitantes
(IBGE/2020 - estimativa populacional). Mais da metade dessa população está no Distrito Federal (3.055.149
habitantes).

Principais problemas da RIDE

✔ Elevada violência e criminalidade;


✔ Saúde; educação; transporte; emprego;

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✔ Grilagem de terras;
✔ especulação imobiliária;
✔ Presença de favelas e invasões;
✔ Falta de moradias;
✔ Problemas de infraestrutura básica e saneamento; problema do lixo urbano;
✔ Destruição da biodiversidade e do bioma do Cerrado;
✔ Poluição dos rios e do Lago Paranoá;
✔ Desmatamento do cerrado.

Mapa da RIDE

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8 - Industrialização, infraestrutura e planejamento

As dimensões continentais do Brasil redundavam sempre em impasses para a sua integração econômica e
geográfica, visto que as grandes distâncias entre os centros regionais dificultavam a expansão do capital pelo
país, e, como salienta Cunha (2002), a incorporação do interior à economia nacional estava calcada num
mercado interno inexpressivo e na precariedade das estruturas de transporte, de energia e de comunicações.
Tendo em vista esses aspectos, é importante mostrar o papel que os meios de transportes e comunicações
tiveram frente à integração nacional.

A ferrovia foi o meio de transporte que iniciou a integração nacional, pois ela contribuiu para estender a
fronteira agrícola, criando e ligando os pontos de produção agropecuária.

A construção de ferrovias faz parte da própria gênese do processo de constituição do mercado nacional,
permitindo a absorção das mercadorias mais elaboradas que vinham dos núcleos urbanos mais avançados e
viabilizando o escoamento dos bens agropecuários as outras regiões. A melhoria das condições do translado
das mercadorias induz à maior especialização produtiva de diversas áreas geográficas, possibilitando uma
crescente complementaridade entre suas estruturas produtivas. Assim, o papel do aperfeiçoamento das
comunicações entre diferentes áreas vai desenhando uma divisão inter-regional do trabalho (BRANDÃO,
1999).

Dessa forma, como em diversas outras regiões do país, o estado de Goiás possuía as características
necessárias para ser considerado uma nova fronteira agrícola, porém existiam algumas barreiras que inibiam
a sua inserção no novo processo de acumulação capitalista. Essas barreiras eram as péssimas condições de
transportes e comunicação. Devido à localização do estado, o alto custo dos transportes elevava o valor final
dos bens e, ao mesmo tempo, reduzia a competitividade do produto goiano na região Sudeste. Para a
consolidação do estado como fornecedor de bens primários, seriam necessários meios de transportes mais
rápidos e eficientes, a fim de obter custos mais baixos e melhores condições de comercialização na região
Sudeste.

A Estrada de Ferro Goiás teve suas obras iniciadas na primeira metade do século XX, sendo o primeiro meio
de transporte que propiciou ao estado de Goiás condições reais de escoamento da sua produção para a
região Sudeste. Além de fazer todo o transporte de produtos destinados à exportação, levava, também, os
produtos manufaturados do Sudeste para Goiás. Assim, a estrada de ferro, mais especificamente os
terminais ferroviários, desempenharam a função de transformar a vida econômica e social das populações
que viviam naqueles locais, pois, aos redores dos terminais ferroviários, desenvolveram-se vilas e vilarejos,
acompanhados de um dinâmico comércio.

A Estrada de Ferro de Goiás foi importante para a inserção do Goiás no processo de acumulação de capital
industrial que estava ocorrendo no país. Porém os problemas financeiros e técnicos, em conjunto com a
chegada da rede rodoviária federal na região Centro-Oeste, levaram a Estrada de Ferro de Goiás a assumir
um papel secundário como um meio de transporte. Em última análise, a ferrovia, além de ter constituído
uma via de transporte estratégica na ocupação do Centro-Oeste, foi um elemento fundamental na
reorganização do espaço agrário regional e na estruturação da economia goiana.

Nesse contexto, a malha rodoviária viria complementar a infraestrutura de transportes, necessária à plena
inserção do estado de Goiás ao mercado nacional. Até a década de 1950, o desenvolvimento das rodovias

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no estado ficava a cargo da iniciativa privada, dos governos estadual e municipal, não apresentando grande
desenvolvimento, em razão da escassez de recursos para aplicar nessa área. A escolha pela expansão da rede
rodoviária e não pela expansão e melhorias da rede ferroviária teve como pano de fundo o interesse político,
pois os governos estaduais distribuíam subsídios ao capital privado.

Com a construção de Brasília, o contexto foi alterado, passando a ser de interesse federal o desenvolvimento
da estrutura rodoviária do Centro-Oeste. Com esse objetivo, foram feitos grandes investimentos em
melhorias e na construção de novas rodovias, visando atender às necessidades da nova capital do país e,
com isto, consolidar a posição da região como fronteira agrícola e grande exportadora de bens primários
para a região Sudeste do país.

A rodovia Belém-Brasília teve, também, papel relevante ao beneficiar as regiões localizadas mais ao norte
do estado, proporcionando a essas áreas maior integração aos mercados das regiões Norte e Sul do país.
Mais uma vez, o interesse político foi responsável pela maior vontade governamental em levar o projeto ao
fim, visto que a emergente indústria automobilística multinacional, que estava sendo implantada no país,
==0==

necessitava de novos mercados consumidores, e a expansão da malha rodoviária era o caminho para esse
mercado.

Castro (2014) categoriza a industrialização de Goiás em três fases distintas. A primeira fase surge depois da
entrada da estrada de ferro – por volta de 1912 – em terras goianas e de sua chegada em Anápolis (1935),
começo da construção de Goiânia (1933) e vai até meados do Século XX (aproximadamente de 1930 até
1960). Ao final deste período, o parque industrial instalado tinha uma característica agroindustrial.

A segunda fase, que vai da década de 1960 a 1980, foi marcada pela expansão da fronteira agrícola que
atingia o cerrado na época e pelo advento das ações para o desenvolvimento regional no Brasil, que
resultaram na criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e Superintendência
de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). Tais ações visavam promover a modernização da produção
agropecuária e ampliação da infraestrutura (principalmente a de transporte), o que propiciou a instalação
de novos empreendimentos agroindustriais de porte maior e tecnologias mais modernas. Em contrapartida,
o governo do Estado, implantou o Plano de Desenvolvimento de Goiás (em 1961), ampliou os mecanismos
de atração industrial, atualizando o incentivo fiscal, e ainda, criando a Secretaria da Indústria e Comércio (em
1961) e o Goiásindustrial (em 1973), com a finalidade de dinamizar e consolidar o crescente processo de
industrialização.

A terceira fase vem na esteira da desconcentração da indústria da região Sudeste, secundada pelas políticas
industriais de atração de empresas, baseadas em incentivos fiscais e ampliação de infraestrutura, o que tem
provocado a diversificação do parque produtivo do Estado. Distritos industriais e agroindustriais foram
implantados em cidades-polo.

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QUESTÕES COMENTADAS

1. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “Aqui nos desconfiamos de todo, persuadidos


que o Anhanguera nos queria acabar no meio daqueles matos.”

BRAGA, J. P. Memórias goianas - a bandeira do Anhanguera a Goyaz, em 1722. Goiânia: Editora da UCG,
1982. p. 13.
O texto citado refere-se ao conflito entre o português alferes Silva e Braga e o paulista Bartolomeu Bueno
da Silva, durante a Bandeira que foi o prenúncio da exploração sistemática da mineração aurífera da
chamada Minas do Goyazes. Esse conflito expressava uma desconfiança mútua que fora alimentada
a) pelas escaramuças entre paulistas e portugueses pela posse das minas na Guerra dos Emboabas.
b) pela recusa dos portugueses em permitir que os bandeirantes paulistas escravizassem indígenas.
c) pela vontade dos portugueses de retirar as minas descobertas da tutela administrativa dos paulistas.
d) pelas disputas religiosas entre paulistas e jesuítas referentes ao concubinato com mulheres indígenas.
COMENTÁRIOS:
O conflito citado expressava uma desconfiança mútua que fora alimentada pelas escaramuças entre
paulistas e portugueses pela posse das minas de ouro na Guerra dos Emboabas.
Esse conflito armado ocorreu entre os anos de 1707 e 1709. Teve como causa principal a disputa pela
exploração das minas de ouro recém descobertas na região das Minas Gerais. Os paulistas queriam
exclusividade na exploração da região, pois afirmavam que tinham descoberto as minas.
Os paulistas foram derrotados e a Coroa Portuguesa criou a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro. Expulsos
da região das Minas Gerais, os bandeirantes paulistas foram procurar ouro nas regiões de Goiás e Mato
Grosso.
Gabarito: A

2. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “No quadro de dificuldades econômicas,


característico do século XIX em Goiás, a pecuária destacou-se como única atividade de caráter
eminentemente comercial, sendo a lavoura voltada para a subsistência dos próprios plantadores, sendo o
pouco excedente comercializado nos arraiais locais.” ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás.
Goiânia: Editora Vieira, 2005, p. 67.

O caráter comercial da pecuária, explicitado na citação, no contexto da economia goiana da primeira metade
do século XIX, deveu-se fundamentalmente à
a) industrialização do charque que disputou mercados com a produção sulista.

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b) excelente qualidade do gado zebu, que substituiu o improdutivo gado curraleiro.


c) exportação de queijo por meio de tropeiros para Rio de Janeiro e São Paulo.
d) possibilidade de o gado se autotransportar, alcançando, assim, lugares distantes.
COMENTÁRIOS:
O caráter comercial da pecuária, no contexto da economia goiana da primeira metade do século XIX, deveu-
se fundamentalmente à possibilidade de o gado se autotransportar, o que favorecia o seu deslocamento
para os distantes mercados consumidores.
Gabarito: D

3. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “Com a decadência ou desaparecimento do ouro,


o governo português, que antes procurava canalizar toda a mão-de-obra da capitania para as minas,
passou, através das autoridades, a incentivar e promover a agricultura em Goiás.”

PALACIN, Luís; MORAES, Maria Augusta S. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG, 1994. p. 41.
No contexto mencionado no texto citado, o príncipe regente D. João, no início do século XIX, adotou algumas
medidas de incentivo à agricultura que afetaram Goiás. Uma dessas medidas foi a
a) construção da estrada de ferro, ligando Goiás a Minas Gerais, para viabilizar a exportação de produtos
agrícolas.
b) isenção da cobrança do dízimo por dez anos aos agricultores que se estabelecessem às margens dos rios
Tocantins e Araguaia.
c) permissão aos particulares para utilização de mão de obra compulsória dos indígenas na produção
agrícola.
d) proibição da navegação nos rios Araguaia e Tocantins para evitar a concorrência dos produtos agrícolas
vindos do Pará.
COMENTÁRIOS:
A partir de 1775, com a mineração em franco declínio, o Primeiro Ministro de Portugal, Sebastião de Carvalho
e Melo, Marquês de Pombal, toma diversas medidas para diversificar a economia no Brasil, sendo que várias
delas vão afetar diretamente a capitania de Goiás.
A primeira, como tentativa de estimular a produção, foi isentar de impostos por um período de 10 anos os
lavradores que fundassem estabelecimentos agrícolas às margens dos rios. Dentre os produtos beneficiados
estavam o algodão, a cana-de-açúcar e o gado.
A segunda medida foi a criação, em 1775 da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão, para
explorar a navegação e o comércio nos rios amazônicos, incluindo os rios Araguaia e Tocantins.
O Marquês de Pombal também ordenou a criação dos chamados aldeamentos indígenas. Todas essas
medidas fracassaram.
Gabarito: B

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4. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) “Nas últimas décadas do século XVIII e princípio do
século XIX, a situação econômica da capitania era crítica. A palavra decadência é a que mais se encontra
entre os vários apelos e lamentos daqueles que a habitam, sejam provenientes das autoridades
governamentais, sejam de elementos do povo”.
FUNES, E. A. Goiás 1800 – 1850: um período de transição da mineração à agropecuária. Goiânia: Editora da
UFG, 1986. p. 32.
O texto citado aborda a crise da produção aurífera em Goiás. A consequência dessa crise foi o
a) incremento da arrecadação tributária como consequência de o controle do contrabando ser mais eficaz
na atividade agropecuária.
b) aumento da ruralização pelo fato de parte da população abandonar as vilas e arraiais e mudar-se para o
campo.
c) crescimento da importação de escravos para viabilizar a exploração de minas auríferas de maior
profundidade.
d) acréscimo da atividade comercial em virtude do aproveitamento de capitais antes empregados na
mineração.
COMENTÁRIOS:
A crise do ouro fez com que Goiás regredisse a uma economia de subsistência baseada na agricultura e na
pecuária. Houve um aumento da ruralização pelo fato de parte da população abandonar as vilas e arraiais e
mudar-se para o campo.
Gabarito: B

5. (FUNCAB/SEMARH) A descoberta do ouro, no Brasil, no século XVII, ativou a cobiça das autoridades
que identificavam a riqueza com a posse dos metais preciosos. Por ordem real, na época, todos os braços
disponíveis deveriam ser empregados na extração do ouro, o que explica:

A) os baixos impostos cobrados para a produção de produtos agrícolas.


B) os inúmeros tipos de jazidas que foram exploradas em consequência da abundância do ouro.
C) o grande número de entradas e bandeiras vindas de todo o país para Goiás.
D) a grande riqueza da cidade de Goiás ocasionada pela grande produção de ouro.
E) o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária em Goiás.
COMENTÁRIOS:
Por ordem da Coroa portuguesa, os territórios das minas deveriam dedicar-se exclusivamente à produção
de ouro, sem desviar esforços na produção de outros bens, que poderiam ser importados. Os alimentos e
todas as outras coisas necessárias para a vida vinham das capitanias da costa. As minas eram assim, uma
espécie de colônia dentro da colônia, no dizer do historiador Luís Palacin.
Essa determinação real explica o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária em Goiás no período da
mineração.

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Gabarito: E

6. (SOUZÂNDRADE/AGEHAB – ANALISTA TÉCNICO) Com o processo de Independência do Brasil em


1822, a estrutura política não sofre mudanças marcantes em Goiás. Essas mudanças ocorrem de maneira
gradual e com disputas internas pelo poder entre os grupos locais. Nesse contexto destaca-se:

a) o atrito dos grandes proprietários de terra com o governo central, pois eles eram totalmente contra a
separação de Portugal.
b) o movimento separatista do norte de Goiás, provocado por interesses econômicos e políticos dos grandes
proprietários de terra descontentes com a falta de benefícios do governo.
c) o elevado índice de imigrantes estrangeiros, que se tornaram responsáveis pelo desenvolvimento da
pecuária no Estado.
d) a recuperação da economia mineradora com a descoberta de novas jazidas na região norte do Estado.
e) a consolidação da separação do norte, aprovada em 1823 pelo governo imperial.
COMENTÁRIOS:
a) Incorreta. Os grandes proprietários de terra eram em sua maioria favoráveis a independência do Brasil.
b) Correta. O movimento separatista do norte de Goiás, em 1821, foi a primeira tentativa oficial de criação
do que hoje é o Estado do Tocantins. O movimento foi provocado por interesses econômicos e políticos dos
grandes proprietários de terra descontentes com a falta de benefícios do governo.
c) Incorreta. Era baixo o índice de imigrantes estrangeiros.
d) Incorreta. Em 1822 a economia mineradora estava na fase final do seu declínio. A produção de ouro era
muito pequena. A última grande descoberta de ouro foi em Anicuns, na região central de Goiás, em 1809.
e) Incorreta. O governo imperial foi contrário à separação do Norte de Goiás e recomendou o
restabelecimento da unidade provincial, em 1823, no que foi atendido.
Gabarito: B

7. (SOUZÂNDRADE/CBMGO – CADETE) Com a decadência da mineração, nas últimas décadas do


século XVIII e princípio do século XIX, a economia goiana entra em profunda crise. Nesse período, a
pecuária torna-se, lentamente, o setor mais dinâmico da economia, tendo como característica essencial

a) a forma extensiva e a capacidade de deslocamento dos animais para os mercados consumidores.


b) a forma intensiva possibilitando a formação de um grande rebanho, que logo de início transformou Goiás
no principal criador do Brasil.
c) o grande estímulo e investimento oferecidos pela administração da Província na época.
d) a grande importância social do fazendeiro, muito conceituado mesmo na época do ouro.
e) a produção voltada para o mercado consumidor interno, capaz de absorver a produção devido ao
enriquecimento alcançado no período da mineração.
COMENTÁRIOS:
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A criação de gado era extensiva. Os animais eram autotransportáveis, o que favorecia o seu deslocamento
para os mercados consumidores.
Gabarito: A

8. (SOUZÂNDRADE/AGEHAB – ANALISTA TÉCNICO) O século XVII representou a etapa de investigação


das possibilidades econômicas das regiões goianas, durante a qual o seu território tornou-se conhecido.
No século seguinte, em função da expansão da marcha do ouro, ele foi devassado em todos os sentidos,
estabelecendo-se a sua efetiva ocupação através da mineração. Nesse sentido, pode-se afirmar que a
economia goiana no final do século XVIII se caracteriza:

a) Pelo aumento da arrecadação fiscal e da imigração para a região.


b) Como um período de desenvolvimento através do processo de industrialização urbana.
c) Pelo declínio da mineração e empobrecimento da capitania que se volta para as atividades agropecuárias.
d) Como o período áureo, grande circulação de riqueza, intenso povoamento, apogeu da mineração.
e) Pelo crescimento comercial e desenvolvimento urbano.
COMENTÁRIOS:
O ciclo da mineração do ouro em Goiás foi breve. Nas últimas décadas do século XVIII e princípio do século
XIX a situação econômica da capitania era crítica, o que leva o goiano a se voltar para as atividades
agropecuárias.
Gabarito: C

9. (SOUSAÂNDRADE/SSP-GO) Definir uma região significa, sobretudo, ordenar, classificar,


hierarquizar. A exploração do ouro alargou o território colonial. Goiás, como região, é fruto desse
processo, pois a (as):

a) exploração do ouro exigia um investimento de vulto em homens e maquinários destinados a retirar o


metal das profundezas da terra. A posse de escravos definia o sucesso da empresa mineradora.
b) descobertas seguiam o impulso incontrolável da cobiça. A criação das vilas reafirmou o livre domínio dos
mineiros em confronto direto com as autoridades metropolitanas.
c) riqueza do ouro propiciou o entrelaçamento de interesses econômicos entre mineiros e roceiros,
valorizando assim as atividades agrícolas e pastoris que assumiram importância vital para a economia goiana
nos séculos XVIII e XIX.
d) riqueza do ouro era apropriada por aqueles que se aventurassem pelo sertão goiano. Escravos fugidos se
transformaram em ricos proprietários de datas de terra, demarcando um tempo de mobilidade social.
e) descobertas de ouro anunciavam novos territórios a explorar, anunciavam também desordens e disputas.
Vila Boa de Goiás foi criada para assegurar o domínio das autoridades portuguesas sobre a região.
COMENTÁRIOS:
No Brasil e em Goiás, o ouro encontrava-se depositado na superfície ou em pequenas profundidades:
inicialmente exploravam-se os veios (nos leitos dos rios), que eram superficiais; em seguida, os tabuleiros
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(nas margens), que eram pouco profundos; e, finalmente, as grupiaras (nas encostas), que eram mais
profundas. Dizemos, por isso, que predominou o ouro de aluvião, que era depositado no fundo dos rios e de
fácil extração.
A extração do ouro de aluvião era simples. Na organização das lavras, as empresas eram concebidas de modo
a poderem se mobilizar constantemente, conferindo à atividade mineradora um caráter nômade. Por
conseguinte, o investimento em termos de equipamento não podia ser de grande vulto. Seguindo as
características de toda a economia colonial, a mineração era igualmente extensiva e utilizava o trabalho
escravo.
A técnica de extração era rudimentar e número de escravos para cada lavra era reduzido. A manutenção de
uma empresa com elevado e permanente número de escravos era incompatível com a natureza incerta das
descobertas e da produtividade das minas.
As descobertas de ouro em Goiás anunciavam novos territórios a explorar, anunciavam também desordens
e disputas. Vila Boa de Goiás foi criada para assegurar o domínio das autoridades portuguesas sobre a região.
Gabarito: E

10. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO) Leia o quadro a seguir.

Produção de ouro anual em Goiás em 1753 e 2005

Ano: 1753 2005

Produção anual (kg) 3.060 9.449


PALACIN, L.; MORAES, M. A. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG, 1994.
<www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/serieEB/Port/Rev27/04-tab01.htm>. Acesso em: 13 out. 2008.
Os dados do quadro permitem comparar a produção aurífera goiana do século XVIII e a produção
contemporânea. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar:
a) apesar da produção menor, o ouro goiano possuía um peso maior na economia portuguesa, no século
XVIII, do que possui atualmente na economia brasileira, em virtude da política mercantilista de acumulação
de ouro e prata, naquela época.
b) a maior produção aurífera de 2005 pode ser explicada pela utilização de recursos tecnológicos que
permitem a exploração de jazidas profundas, enquanto, em 1753, explorava basicamente o chamado ouro
de aluvião.
c) a disparidade entre a produção aurífera de 2005 e a de 1753 precisa ser relativizada, pois a evasão fiscal
do minério era muito maior no século XVIII do que no século XXI.
d) o peso proporcional da produção aurífera do ano de 2005 na arrecadação tributária total de Goiás é três
vezes maior do que o da produção aurífera do ano de 1753.
COMENTÁRIOS:
Questão muito fácil. A base da economia goiana atual é a agropecuária, com um setor industrial em expansão
e um setor de serviços bastante desenvolvido. Além da mineração de vários recursos minerais.

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Em 1753, a produção aurífera correspondia a grande parte da arrecadação tributária de Goiás. No período
atual, século XXI, a arrecadação tributária derivada da produção de ouro não é significativa no total das
receitas estaduais.
Gabarito: D

11. (CORPO DE BOMBEIROS TO – CHC - adaptada) No final do século XVII descobriu-se ouro em Minas
Gerais e no início do século XVIII, estava no auge dos descobrimentos de áreas auríferas. Eram através de
expedições, um sistema denominado de Entradas e Bandeiras. Este último chegou à Goiás descobrindo
grandes jazidas auríferas, o chefe do grupo era conhecido como

a) Raposo Tavares
b) Bartolomeu Bueno da Silva
c) Fernão Dias Paes
d) Amaro Leite
e) Pascoal Moreira Cabral
COMENTÁRIOS:
O bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva (filho do primeiro Anhanguera) chegou em Goiás início do século
XVIII, descobrindo ouro nas cabeceiras do rio Vermelho, na região da atual cidade de Goiás.
Gabarito: B

12. (CORPO DE BOMBEIROS TO - CHC) – Em toda a região aurífera do Brasil, a metrópole portuguesa
implantou um sistema de cobrança de impostos. No norte de Goiás foi implantando um imposto muito
mais elevado em relação ao sul de Goiás, causando assim, revolta e descontentamento pelos nortistas,
esse imposto denomina-se:

a) Entradas
b) Passagem
c) Sizas
d) Derrama
e) Captação
COMENTÁRIOS:
Em toda a região aurífera do Brasil, a metrópole portuguesa implantou o quintamento ou o quinto, que
consistia no pagamento de 20% do ouro extraído pelos mineiros. No norte de Goiás foi implantada a
capitação ou captação no lugar do quinto. Neste, era a quantidade de escravos matriculados que
determinava o quanto o mineiro iria pagar em ouro para a Coroa.
As entradas eram impostos obrigatórios sobre todas as coisas comerciáveis. A passagem era um imposto
sobre o trânsito nos rios e a siza sobre o comércio de escravos.
Gabarito: E
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13. (CORPO DE BOMBEIROS TO – CHC - adaptada) A produção de ouro em Goiás, foi a segunda maior
do Brasil, perdendo apenas para Minas Gerais. Essa atividade foi responsável pelo surgimento de vários
aglomerados urbanos. Alguns não resistiram à crise econômica causada pela escassez do produto e
desapareceram. Foram vários fatores que deram causa ao fim da era aurífera. Dentre eles podemos
mencionar:

a) A carência de mão-de-obra e a disputa entre mineração e pecuária


b) A má administração federal e o contrabando por parte dos índios
c) As técnicas rudimentares e a concorrência da agricultura
d) O esgotamento das minas em virtude das técnicas rudimentares
e) Os interesses escusos do governo central e a interferência da indústria
COMENTÁRIOS:
Entre os fatores que deram causa ao fim da era aurífera, destaca-se o esgotamento das minas em virtude de
ter sido explorado somente o ouro de aluvião, isto é, das margens dos rios, com o emprego de técnica
rudimentar de extração do metal.
Gabarito: D

14. (CHCPM TO - adaptada) Sobre o movimento dos bandeirantes que ocorreu durante o século XVIII,
é correto afirmar que o primeiro a descobrir ouro nos sertões do antigo Norte de Goiás foi:

a) Manuel Campos da Silva.


b) Bartolomeu Bueno da Silva – O Anhanguera.
c) Domingos Rodrigues.
d) Antônio Pedroso Alvarenga.
COMENTÁRIOS:
O primeiro bandeirante a descobrir ouro nos sertões de Goiás foi Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhanguera).
Gabarito: B

15. (UFG GO) A expansão da colonização portuguesa na América, a partir da segunda metade do século
XVII, foi marcada por um conjunto de medidas, dentre as quais podemos citar:

A) o esforço para ampliar o comércio colonial, suprimindo-se as práticas mercantilistas.


B) a instalação de missões indígenas nas fronteiras sul e oeste, para garantir a posse dos territórios por
Portugal.
C) o bandeirismo paulista, que destruiu parte das missões jesuíticas e descobriu as áreas mineradoras do
planalto central.
D) a expansão da lavoura da cana para o interior, incentivada pela alta dos preços no mercado internacional.

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E) as alianças políticas e a abertura do comércio colonial aos ingleses, para conter o expansionismo espanhol.
COMENTÁRIOS:
Uma das medidas relacionadas à expansão da colonização portuguesa na América, a partir da segunda
metade do século XVII, foi o bandeirismo paulista, que destruiu parte das missões jesuíticas e descobriu as
áreas mineradoras do planalto central.
Gabarito: C

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LISTA DE QUESTÕES
1. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “Aqui nos desconfiamos de todo, persuadidos que o
Anhanguera nos queria acabar no meio daqueles matos.”

BRAGA, J. P. Memórias goianas - a bandeira do Anhanguera a Goyaz, em 1722. Goiânia: Editora da UCG,
1982. p. 13.
O texto citado refere-se ao conflito entre o português alferes Silva e Braga e o paulista Bartolomeu Bueno
da Silva, durante a Bandeira que foi o prenúncio da exploração sistemática da mineração aurífera da
chamada Minas do Goyazes. Esse conflito expressava uma desconfiança mútua que fora alimentada
a) pelas escaramuças entre paulistas e portugueses pela posse das minas na Guerra dos Emboabas.
b) pela recusa dos portugueses em permitir que os bandeirantes paulistas escravizassem indígenas.
c) pela vontade dos portugueses de retirar as minas descobertas da tutela administrativa dos paulistas.
d) pelas disputas religiosas entre paulistas e jesuítas referentes ao concubinato com mulheres indígenas.

2. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “No quadro de dificuldades econômicas,


característico do século XIX em Goiás, a pecuária destacou-se como única atividade de caráter
eminentemente comercial, sendo a lavoura voltada para a subsistência dos próprios plantadores, sendo o
pouco excedente comercializado nos arraiais locais.” ASSIS, Wilson Rocha. Estudos de História de Goiás.
Goiânia: Editora Vieira, 2005, p. 67.

O caráter comercial da pecuária, explicitado na citação, no contexto da economia goiana da primeira metade
do século XIX, deveu-se fundamentalmente à
a) industrialização do charque que disputou mercados com a produção sulista.
b) excelente qualidade do gado zebu, que substituiu o improdutivo gado curraleiro.
c) exportação de queijo por meio de tropeiros para Rio de Janeiro e São Paulo.
d) possibilidade de o gado se autotransportar, alcançando, assim, lugares distantes.

3. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – DELEGADO DE POLÍCIA) “Com a decadência ou desaparecimento do ouro,


o governo português, que antes procurava canalizar toda a mão-de-obra da capitania para as minas,
passou, através das autoridades, a incentivar e promover a agricultura em Goiás.”

PALACIN, Luís; MORAES, Maria Augusta S. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG, 1994. p. 41.
No contexto mencionado no texto citado, o príncipe regente D. João, no início do século XIX, adotou algumas
medidas de incentivo à agricultura que afetaram Goiás. Uma dessas medidas foi a
a) construção da estrada de ferro, ligando Goiás a Minas Gerais, para viabilizar a exportação de produtos
agrícolas.
b) isenção da cobrança do dízimo por dez anos aos agricultores que se estabelecessem às margens dos rios
Tocantins e Araguaia.
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c) permissão aos particulares para utilização de mão de obra compulsória dos indígenas na produção
agrícola.
d) proibição da navegação nos rios Araguaia e Tocantins para evitar a concorrência dos produtos agrícolas
vindos do Pará.
4. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO – ESCRIVÃO DE POLÍCIA) “Nas últimas décadas do século XVIII e princípio do
século XIX, a situação econômica da capitania era crítica. A palavra decadência é a que mais se encontra
entre os vários apelos e lamentos daqueles que a habitam, sejam provenientes das autoridades
governamentais, sejam de elementos do povo”.
FUNES, E. A. Goiás 1800 – 1850: um período de transição da mineração à agropecuária. Goiânia: Editora da
UFG, 1986. p. 32.
O texto citado aborda a crise da produção aurífera em Goiás. A consequência dessa crise foi o
a) incremento da arrecadação tributária como consequência de o controle do contrabando ser mais eficaz
na atividade agropecuária.
b) aumento da ruralização pelo fato de parte da população abandonar as vilas e arraiais e mudar-se para o
campo.
c) crescimento da importação de escravos para viabilizar a exploração de minas auríferas de maior
profundidade.
d) acréscimo da atividade comercial em virtude do aproveitamento de capitais antes empregados na
mineração.

5. (FUNCAB/SEMARH) A descoberta do ouro, no Brasil, no século XVII, ativou a cobiça das autoridades
que identificavam a riqueza com a posse dos metais preciosos. Por ordem real, na época, todos os braços
disponíveis deveriam ser empregados na extração do ouro, o que explica:

A) os baixos impostos cobrados para a produção de produtos agrícolas.


B) os inúmeros tipos de jazidas que foram exploradas em consequência da abundância do ouro.
C) o grande número de entradas e bandeiras vindas de todo o país para Goiás.
D) a grande riqueza da cidade de Goiás ocasionada pela grande produção de ouro.
E) o pouco desenvolvimento da lavoura e da pecuária em Goiás.

6. (SOUZÂNDRADE/AGEHAB – ANALISTA TÉCNICO) Com o processo de Independência do Brasil em


1822, a estrutura política não sofre mudanças marcantes em Goiás. Essas mudanças ocorrem de maneira
gradual e com disputas internas pelo poder entre os grupos locais. Nesse contexto destaca-se:

a) o atrito dos grandes proprietários de terra com o governo central, pois eles eram totalmente contra a
separação de Portugal.
b) o movimento separatista do norte de Goiás, provocado por interesses econômicos e políticos dos grandes
proprietários de terra descontentes com a falta de benefícios do governo.

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c) o elevado índice de imigrantes estrangeiros, que se tornaram responsáveis pelo desenvolvimento da


pecuária no Estado.
d) a recuperação da economia mineradora com a descoberta de novas jazidas na região norte do Estado.
e) a consolidação da separação do norte, aprovada em 1823 pelo governo imperial.

7. (SOUZÂNDRADE/CBMGO – CADETE) Com a decadência da mineração, nas últimas décadas do


século XVIII e princípio do século XIX, a economia goiana entra em profunda crise. Nesse período, a
pecuária torna-se, lentamente, o setor mais dinâmico da economia, tendo como característica essencial

a) a forma extensiva e a capacidade de deslocamento dos animais para os mercados consumidores.


b) a forma intensiva possibilitando a formação de um grande rebanho, que logo de início transformou Goiás
no principal criador do Brasil.
c) o grande estímulo e investimento oferecidos pela administração da Província na época.
d) a grande importância social do fazendeiro, muito conceituado mesmo na época do ouro.
e) a produção voltada para o mercado consumidor interno, capaz de absorver a produção devido ao
enriquecimento alcançado no período da mineração.

8. (SOUZÂNDRADE/AGEHAB – ANALISTA TÉCNICO) O século XVII representou a etapa de investigação


das possibilidades econômicas das regiões goianas, durante a qual o seu território tornou-se conhecido.
No século seguinte, em função da expansão da marcha do ouro, ele foi devassado em todos os sentidos,
estabelecendo-se a sua efetiva ocupação através da mineração. Nesse sentido, pode-se afirmar que a
economia goiana no final do século XVIII se caracteriza:

a) Pelo aumento da arrecadação fiscal e da imigração para a região.


b) Como um período de desenvolvimento através do processo de industrialização urbana.
c) Pelo declínio da mineração e empobrecimento da capitania que se volta para as atividades agropecuárias.
d) Como o período áureo, grande circulação de riqueza, intenso povoamento, apogeu da mineração.
e) Pelo crescimento comercial e desenvolvimento urbano.

9. (SOUSAÂNDRADE/SSP-GO) Definir uma região significa, sobretudo, ordenar, classificar,


hierarquizar. A exploração do ouro alargou o território colonial. Goiás, como região, é fruto desse
processo, pois a (as):

a) exploração do ouro exigia um investimento de vulto em homens e maquinários destinados a retirar o


metal das profundezas da terra. A posse de escravos definia o sucesso da empresa mineradora.
b) descobertas seguiam o impulso incontrolável da cobiça. A criação das vilas reafirmou o livre domínio dos
mineiros em confronto direto com as autoridades metropolitanas.
c) riqueza do ouro propiciou o entrelaçamento de interesses econômicos entre mineiros e roceiros,
valorizando assim as atividades agrícolas e pastoris que assumiram importância vital para a economia goiana
nos séculos XVIII e XIX.

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d) riqueza do ouro era apropriada por aqueles que se aventurassem pelo sertão goiano. Escravos fugidos se
transformaram em ricos proprietários de datas de terra, demarcando um tempo de mobilidade social.
e) descobertas de ouro anunciavam novos territórios a explorar, anunciavam também desordens e disputas.
Vila Boa de Goiás foi criada para assegurar o domínio das autoridades portuguesas sobre a região.

10. (UEG/POLÍCIA CIVIL GO) Leia o quadro a seguir.

Produção de ouro anual em Goiás em 1753 e 2005

Ano: 1753 2005

Produção anual (kg) 3.060 9.449


PALACIN, L.; MORAES, M. A. História de Goiás. Goiânia: Editora da UCG, 1994.
<www.seplan.go.gov.br/sepin/pub/serieEB/Port/Rev27/04-tab01.htm>. Acesso em: 13 out. 2008.
Os dados do quadro permitem comparar a produção aurífera goiana do século XVIII e a produção
contemporânea. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar:
a) apesar da produção menor, o ouro goiano possuía um peso maior na economia portuguesa, no século
XVIII, do que possui atualmente na economia brasileira, em virtude da política mercantilista de acumulação
de ouro e prata, naquela época.
b) a maior produção aurífera de 2005 pode ser explicada pela utilização de recursos tecnológicos que
permitem a exploração de jazidas profundas, enquanto, em 1753, explorava basicamente o chamado ouro
de aluvião.
c) a disparidade entre a produção aurífera de 2005 e a de 1753 precisa ser relativizada, pois a evasão fiscal
do minério era muito maior no século XVIII do que no século XXI.
d) o peso proporcional da produção aurífera do ano de 2005 na arrecadação tributária total de Goiás é três
vezes maior do que o da produção aurífera do ano de 1753.

11. (CORPO DE BOMBEIROS TO – CHC - adaptada) No final do século XVII descobriu-se ouro em Minas
Gerais e no início do século XVIII, estava no auge dos descobrimentos de áreas auríferas. Eram através de
expedições, um sistema denominado de Entradas e Bandeiras. Este último chegou à Goiás descobrindo
grandes jazidas auríferas, o chefe do grupo era conhecido como

a) Raposo Tavares
b) Bartolomeu Bueno da Silva
c) Fernão Dias Paes
d) Amaro Leite
e) Pascoal Moreira Cabral

12. (CORPO DE BOMBEIROS TO - CHC) – Em toda a região aurífera do Brasil, a metrópole portuguesa
implantou um sistema de cobrança de impostos. No norte de Goiás foi implantando um imposto muito

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mais elevado em relação ao sul de Goiás, causando assim, revolta e descontentamento pelos nortistas,
esse imposto denomina-se:

a) Entradas
b) Passagem
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d) Derrama
e) Captação

13. (CORPO DE BOMBEIROS TO – CHC - adaptada) A produção de ouro em Goiás, foi a segunda maior
do Brasil, perdendo apenas para Minas Gerais. Essa atividade foi responsável pelo surgimento de vários
aglomerados urbanos. Alguns não resistiram à crise econômica causada pela escassez do produto e
desapareceram. Foram vários fatores que deram causa ao fim da era aurífera. Dentre eles podemos
mencionar:

a) A carência de mão-de-obra e a disputa entre mineração e pecuária


b) A má administração federal e o contrabando por parte dos índios
c) As técnicas rudimentares e a concorrência da agricultura
d) O esgotamento das minas em virtude das técnicas rudimentares
e) Os interesses escusos do governo central e a interferência da indústria

14. (CHCPM TO - adaptada) Sobre o movimento dos bandeirantes que ocorreu durante o século XVIII,
é correto afirmar que o primeiro a descobrir ouro nos sertões do antigo Norte de Goiás foi:

a) Manuel Campos da Silva.


b) Bartolomeu Bueno da Silva – O Anhanguera.
c) Domingos Rodrigues.
d) Antônio Pedroso Alvarenga.

15. (UFG GO) A expansão da colonização portuguesa na América, a partir da segunda metade do século
XVII, foi marcada por um conjunto de medidas, dentre as quais podemos citar:

A) o esforço para ampliar o comércio colonial, suprimindo-se as práticas mercantilistas.


B) a instalação de missões indígenas nas fronteiras sul e oeste, para garantir a posse dos territórios por
Portugal.
C) o bandeirismo paulista, que destruiu parte das missões jesuíticas e descobriu as áreas mineradoras do
planalto central.
D) a expansão da lavoura da cana para o interior, incentivada pela alta dos preços no mercado internacional.
E) as alianças políticas e a abertura do comércio colonial aos ingleses, para conter o expansionismo espanhol.
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GABARITO

1. A 6. B 11. B
2. D 7. A 12. E
3. B 8. C 13. D
4. B 9. E 14. B
5. E 10. D 15. C

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