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Presidência da República

Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.

Define os crimes de tortura e dá


outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Constitui crime de tortura:

I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,


causando-lhe sofrimento físico ou mental:

a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de


terceira pessoa;

b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;

c) em razão de discriminação racial ou religiosa;

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de


violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma
de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida


de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de


evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de


reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis
anos.

Se houver o dolo de matar, mesmo que eventual, o agente responde por


homicídio qualificado pela tortura - art. 121, § 2º, III, do CP.

Nesse sentido:
39º CONCURSO - 85ª QUESTÃO:

( V ) Conforme doutrina majoritária, a tortura qualificada pelo resultado morte,


prevista no artigo 1º, § 3º, da Lei n. 9.455/97, é classificada como de resultado
preterdoloso.
Entretanto, se o agressor, em sua ação, deseja ou assume o risco de produzir o
resultado morte, não responde pelo tipo acima, mas por homicídio qualificado.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:

I - se o crime é cometido por agente público;

II - se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente e adolescente;

II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência,


adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741,
de 2003)

III - se o crime é cometido mediante seqüestro.

Atenção para essas causas de aumento

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e


a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

38º CONCURSO - 90ª QUESTÃO:

( V ) Para fins da Lei n. 9.455/97, a perda do cargo público, função ou emprego


público é efeito extrapenal da sentença condenatória; e em se tratando de
condenação de oficial da Polícia Militar pela prática do crime de tortura, a
competência para decretar a perda do oficialato, como efeito da condenação, é da
Justiça Comum.
____________________________________

OBS 1: a assertiva, na época da sua edição, em que a Tortura, nesse caso,


era considerada uma infração penal comum (não militar), está correta. Porém, era
necessário que a perda do oficialato fosse decretada, como efeito da condenação
criminal, pelo Tribunal de Justiça (como órgão de segundo grau da justiça
comum). Nesse sentido:
Constituição SC - art. 31 (redação EC 33) (...) § 9º — O oficial só perderá o
posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível por
decisão do Tribunal de Justiça, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em
tempo de guerra. § 10 — O oficial condenado na justiça comum ou militar, a pena
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado,
será submetido ao julgamento previsto no parágrafo anterior.

OBS 2: O 38º Concurso ocorreu no ano de 2013. Dessa maneira, a questão


acima foi formulada antes da vigência da Lei 13.491/17, que, alterando a redação
do art. 9º, II, do CPM, estabeleceu, a partir da sua vigência, que crimes previstos
em legislação especial (como a tortura), se praticados nas condições das alíneas
desse inciso (por militar atuando em razão da função, p. ex.), são considerados
crimes militares.
Assim, a perda do oficialato, atualmente, como efeito extrapenal da sentença
condenatória, tem que ser decretada pelo Tribunal de Justiça (nesse caso tido
como segundo grau da justiça militar no Estado de Santa Catarina).
Nesse sentido: Constituição SC - Art. 90 (...) § 1º — Como órgão de
segundo grau funcionará o Tribunal de Justiça, cabendo-lhe decidir sobre a
perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.

§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º,


iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido
cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o
agente em local sob jurisdição brasileira.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto


da Criança e do Adolescente.

Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e 109º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Nelson A. Jobim

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 8.4.1997

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