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Universidade de São Paulo

Escola de Engenharia de São Carlos


Departamento de Engenharia Elétrica

ILUMINAÇÃO

Délio Pereira Guerrini

São Carlos, 1993


APRESENTAÇAO -

A publicação pretende preencher uma lacuna existente nas


obras nacionais atuais, para os cursos de Arquitetura e Engenharia.

Procurou-se sempre a objetividade da aplicação, sem


demonstrações longas, com explicações fisicas quando necessário.

São Carlos, Janeiro de 1993.

Agradecimentos

Edição: Luiz Mario O. Margarido


Zenaide Fernandes Botelho

Desenhos: Odair da Silva


Marcelo Luiz Xaraba

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 01
1.1. Luz visível e espectro eletromagnético 01
1.2. O olho humano 01
1.3. Visão e iluminação 02
1.4. Visão e comprimento de onda 03
1.5. Curva internacional de luminosidade relativa 04
1.6. Espectros luminosos e principais fontes 04
1.7. Estudo da cor 05

2. FÍSICA DA LUZ 09
2.1. Fluxo luminoso 09
2.2. Eficiência luminosa 09
2~3. Definição geral de fluxo e eficiência luminosa 10
2.4. Intensidade luminosa 10
2.5. Iluminamento ou iluminância 11
2.6. Luminância 13
2. 7.- Exemplos 18
2.8. Parâmetros característicos 20
2.9. Temperatura de cor 22

3. FONTES ARTIFICIAIS DE LUZ 24


3.1. Lâmpadas incandescentes 24
3.2.-Lâmpadas de descarga em gases 26
3.3. Características das lâmpadas mais comuns 34

4. DIAGRAMAS FOTOMÉTRICOS 36
4.1. Diagramas polares 36
Tipos de distribuição 37
4.3. Diagramas isocandelas 38
4.4. curvas isolux 39
4.5. curvas de distribuição zonal 41
5. ILUMINAÇÃO DE INTERIORES 46
5.1. Método dos lumens 49
5.2. Expressão geral, tabelas 51
5.3. Método ponto por ponto 55
5.4. Método utilizando as curvas isolux 55
5.5. Iluminação indireta 55

6. ILUMINAÇÃO PÚBLICA 57
6.1. Introdução 57
6.2. Visão e iluminação . . . . . . . . . . . 57
6.3. Disposição usual das luminárias . . . . . . . . . . . . 59
6.4. Classificação das luminárias 60
6.5. Classificação das vias públicas 61
6.6. Cálculo da iluminação pública 64

7. ILUMINAÇÃO POR PROJETORES 77


7.1. Introdução 77
7.2. Classificacão ... 77
7.3. Diâmetro de facho 77
7.4. Iluminação de edifícios, monumentos e obras de arte 81
7.5. Cálculos de iluminância em edifícios e obras de arte 81

8. BIBLIOGRAFIA 96
1. INTRODUÇÃO
1.1. LUZ VISÍVEL E ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

Luz é energia radiante com propriedades ondulatórias e


corpusculares, sendo as primeiras de mais fácil reconhecimento.
Pode-se situar a luz no espectro eletromagnético de acordo com
a figura 1, na qual na parte inferior, a luz foi desdobrada nas
cores espectrais fundamentais.

RAIOS RAIOS
CÓSMICOS GAMA

V lSIVEL

AMA VERMELHO
Ul TRAV lO lETA VERDE LARANJA INFRAVERMELHO

250 300 350 ~00 450 500 550 600 650 700 750 1000 1500 2000 n.m-

Obs.: 1 nm = 10-9 m

Figura 1

A experiência demonstrou que o olho humano percebe radiações


eletromagnéticas situadas de 380 nm a 760 nm. Acima de 780 nm
tem-se o infravermelho e abaixo de 380 nm o ultravioleta.

1.2. O OLHO HUMANO

,
IRIS

RETINA

NERVO ÓPTICO

Figura 2

Todo o estudo da iluminação é desenvolvido com a finalidade


de facilitar ou melhorar as condições de visão. Assim, uma breve

1
recordação de algumas características do olho humano poderá ser
de utilidade. De acordo com a figura 2, a íris é um diafragma
regulável que quantifica a luz que incide na retina, situada no
lado oposto do globo ocular. O cristalino, agindo como lente
ajustável, deforma-se sob a ação de músculos, focalizando imagens
exatamente sobre a retina.
A retina contém terminações ópticas nervosas que transmitem
os estímulos ao cérebro. No centro da retina tem-se a fóvea
centralis 1 ponto de máxima sensibilidade. A retina e a fóvea
centralis são formadas por terminações nervosas celulares
denominadas cones e bastonetes de diferentes sensibilidades à
intensidade da luz e à frequência ou cor.
Os cones estão situados na fóvea, centro da retina e
decrescem nas regiões adjacentes, sendo os detetores da forma e
da cor 1 isto é, são os responsáveis pela Vlsao fotóptica,
deixando praticamente de funcionar a níveis muito baixos de
iluminação.
Os bastonetes permitem a visão em penumbra, escotóptica,
sendo que nesses níveis desaparece a sensação de cor. Esse
deslocamento da sensibilidade é conhecido por efeito Purkinje.

1.3. VISÃO E ILUMINAÇÃO

A principal responsável pela redução da eficiência visual,


a fadiga ocular, pode ser provocada por fatores diretamente
subordinados à iluminação. O esforço visual prolongado parece
produzir uma dilatação residual da pupila, só recuperável pelo
sono diário. Estudos realizados mostraram que uma iluminação
adequada além de melhorar o conforto visual, reduz a tensão
nervosa e casos de fadiga crônica que levaram pacientes a insônia
ou outros efeitos perturbadores do sistema nervoso 1
A iluminação racional depende especialmente do tamanho do
objeto a visualizar 1 nível de iluminação, contraste e do tempo
de observação.
A quantidade de iluminação 1 embora importante 1 não deve ser
o único fator a considerar. A qualidade é muito importante pois
implicará em ausência de ofuscamento, cor, direção e distribuição
da iluminação.

Tabela I
Idade Iluminação Relativa
20 1,00
30 1,08
40 1,22
50 1,43
60 1,74
70 2,16

2
outros fatores devem também ser considerados, como por
exemplo, a variação de visão entre indivíduos e a diminuição da
vlsao com a idade. Estudos realizados conseguiram medir a
variação média dessa diminuição, conforme a tabela 1.

1.4. VISÃO E COMPRIMENTO DE ONDA

A análise dos fatores retro mencionados dá uma noção das


dificuldades para estabelecer relações de medida qualitativa e
quantitativa para a luz.
Uma radiação luminosa, incidindo sobre um objeto, dará além
da informação da cor uma outra sensação, a de luminância. Assim,
§:Jn duas ::;uperfícies absol1.1:tamen:te _Lguais . e_ hompg~neas, p_o.d.e_-=$e
ç:omparar duas __radiaçõe::; incidentes, .ele frequências próx_iTilª_s e
~ação'' despertada_d.izer se_s_ão_~_e_q_1.üYalentes, _p-ela
rum j nâncj_-ª.
Pode-se comprovar que a potência de energia radiante para
produzir uma dada sensação de luminância é função do comprimento
de onda da radiação. Assim, concluiu-se que o olho humano tem
máxima sensibilidade para a radiação amarelo- esverdeada, de
comprimento de onda 555 nm.
É possível medir a densidade de potência de uma radiação de
comprimento de onda de 555 nm f em Watt/ cm2 , incidente em uma
superfície. Se uma outra radiação de comprimento de onda próximo
aos 555 nmf incidir na superfície e sua densidade de potência for
ajustada até que a sensação de luminância seja igual a da
radiação anterior, pode-se determinar que essa densidade de
potência será sempre maior.
Adotando como base a radiação de 555 nm e sendo que para
essa radiação a densidade de potência for de kWattjcm2 f o
comportamento em relação aos outros comprimentos de onda será o
da figura 3.

kW
~m:t
14
12
lO
8
6
4
2

200 400 600 800 nm

Figura 3

3
1.5. CURVA INTERNACIONAL DE LUMINOSIDADE RELATIVA

Mantendo-se fixa a energia incidente, pode-se pensar em


medir a luminosidade relativa, comparando-se as luminâncias das
radiações. Obtem-se assim, a curva internacional de luminosidade
relativa, figura 4. Essa curva mostra o comportamento do olho
humano, médio, nos diferentes comprimentos de onda.

100
h
80
w c
~~
Ü)~
eo I \
o-
~~ 40 I \
:1/e....l
::::>W
....Ja:::
20 / 1\
/ \
380 460 540 620 700 n.m

Figura 4

1.6. ESPECTROS LUMINOSOS E PRINCIPAIS FONTES

E_ar_a__ expJ :i car ai_g_umas___limitaç.ões--das. fontes.~ ..luminosas


artifici_ai.s, çost:um.a::s_e_____dLv.i.d..i.l::__o___ esp~c::::.t:r:_o_._"''[isíxêJ __em......tx'ª-s
..c.la.sses.,__r e s_p_e_c.._t i v a men t.e_,.._e..s_p_e.ct r o c_Qn.t..i.m.l_O_,_d-ª____r.ai..as__.e_d.e
_J_~ixas, de acordo com a figura 5.

nm nm nm
,.
CONTINUO RAIAS FAIXAS

Figura 5

4
o espectro contínuo é produzido por corpos aquecidos, em
geral, como o Sol, lâmpadas incandescentes, etc ..
o espectro de raias é característico da descarga em gases
rarefeitos. Faltam alguns comprimentos de onda em limites bem
definidos e estreitos, lâmpadas fluorescentes, por exemplo.
o espectro de faixas poderá ser obtido na descarga em gases
a altas pressões, como nas lâmpadas de sódio, mercúrio, etc ..

1.7. ESTUDO DA COR

1.7.1. Introdução

Foi visto, no ítem anterior, que a iluminação racional


depende de fatores ligados a quantidade e qualidade da
iluminação.
Q__çg~itQ_d_e_c_ox___es.:tã__intimamente--l~ig.ado--à---eGmposiç~ã~o
~eçj:._r:_al~_da_~~uz~~~-CIUe __ iLumi~:na-~~o~--o-b~-e-to_ ~_a_cix:~
ob~~etos--.ilurninados~á-~a-.i.lunÜJlaçào~s.ob,_a-.Luz .s;i.o~SoJ:, _c_ons i d e.J::ada..
c_omo branc.a.
. . ·- BoC:i~e_d.e.f.ü:t.i:r:...cor.._da_ur!LQ.Qj_e.:t_p__ _ç_Qm.o___a_pr opr: i ed a de q1 1 e este
pos.s_u.i__de absorver uma p_ar:_te dos c_O..rnprÍJILen:to.s_de_onda da lllz
incidente com a reflexão da outra part.e dos out~p.r-imentos
de onda.
A explicação para o funcionamento do olho humano perante as
cores é dada pela teoria de Yong. De acordo com essa teoria, o
olho seria formado, especificamente na retina, por três grupos
de células nervosas excitáveis pelas frequências do verde, azul
e vermelho.
A excitação do olho com diferentes intensidades dessas três
cores fundamentais, produziria a sensação das outras cores, por
composição.
Foi visto também que o olho humano não tem a mesma
sensibilidade para os comprimentos de onda visíveis, conforme a
curva internacional de luminosidade relativa na figura 4. Essa

100

LUMINOSIDADE
ao
RELATIVA %
60
FOTÓPTICA

20 VISÃO ESCOTÓPTICA

380 500 540 700 n.m

Figura 6

5
curva está construida baseada na v1sao fot6ptica, isto é, na
visão diurna. Sabe-se que em baixos niveis de iluminação 1 essa
curva fica deslocada para os comprimentos de onda menores, quando
as células da visão diurna (cones) deixam de funcionar, agindo
somente as células de visão noturna (bastonetes), isto é, visão
escot6ptica.

1.7.2. Qualidade da Cor

Pode ser definida em função de algumas caracteristicas, tais


como, o tom e o valor.
o tom seria a qualidade que distingue uma cor da outra, isto
é, a região espectral dominante.
o valor seria com que intensidade o olho percebe determinada
cor. o olho humano pode distinguir sem fadiga entre o branco e
o preto 1 em nove variações 1 a chamada escala cromática de
valores.

1.7.3. Sistema de Especificação de cores

A enorme variedade de normas para as cores, gerando confusão


inclusive, fez com que a Comissão Internacional de Iluminação
(C.I.E. - Commission Internacionale de Eclariage) por volta de
1930, adotass.e uma definição mais precisa e independente de
interpretações pessoais.
Assim, a composição de cores foi colocada em função de três
componentes chamados valores tristimulos, representados pelas
letras x, y, z, na figura 7.

z
, 1,6
AZUL
ESTIWUlD VERDE
RELATIVO 1,4

4,2

1,0
VERMELHO
0,8

0,6

0,4

0,2

400 450 500 550 600 650 700 n.m

Figura 7

6
A soma desses três valores seria igual a unidade, isto é:

x+y+z 1

Representando esses valores tristímulos em um gráfico


cartesiano, pode-se construir um diagrama que represente as cores
do espectro. Essa representação é incômoda pois deve ser
tridimensional, figura 8.

(X, Y, Z ) COR DEFINIDA POR


TRÊS COORDENADAS

~----~-----/~-----v
I /

_______ I
...} /
/

Figura 8

Para solucionar essa dificuldade preferiu-se fazer:

X y
X = y =
X +y + z x+ y = z

z
z =
X +y + z

Notar que também x + y + z = 1.


Logo, pode-se traçar em duas dimensões, x, y ou x, y, z,
etc., um diagrama que represente as cores do espectro.

7
1.7.4. o Diagrama de cromaticidade

o diagrama de cromaticidade reparte todas as cores no


interior da área limitada pela curva e pela linha das púrpuras,
figura 9.
O branco se situa na região central e tem por coordenadas:

X= 0,3101

y = 0,3163
de acordo com a figura 9. 520 COMPRIMENTOS DE ONDA n.m
0,80
/
0,60
500

0,4

.... 670
.... J

o 0,2 0,4 0,6 OI 8 X

Figura 9

outro exemplo, o amarelo estaria em:

X = 0,8425
y = 0,9154
z 0,0018, ou fazendo a conversão:

X
0,8425 = 0,4788
1,7597

0,9154
y = 117 597
0,5202

z = 0,0018 = 0,0010
1,7597

8
2. FÍSICA DA LUZ
2.1. FLUXO LUMINOSO

Foi visto 1 nos parágrafos anteriores/ que a sensibilidade


do olho humano varia de acordo com o comprimento de onda da
radiação e nessas condições não seria viável a comparação das
radiações pela potência elétrica 1 simplesmente. Mais
especificamente 1 foi visto que "quantidades iguais de fluxo
radiante monocromático, de comprimentos de onda diferentes,
despertam sensações visuais diferentes".
Pode-se definir {_luxo lumino_s_o__Q_~_uma---:f.ont_~"-~C::Q"Il'to ___~~ª-'
qJl-ªn tj__dgQ§_ de~ergi_q,_xag_i_ªJ]j:;ª,.~ _§_lQj_ti_qª_ pQr unidade _de tempo, _e
~a_a_cx2rdo-eam a s_e_n_sação LU1JJ..i_JJ_Qs_a_m;:od_uzida".
A unidade de medida do fluxo é o lúmem 1 representado pelo
simbolo F, e pela abreviatura lm.

2.2. EFICIÊNCIA LUMINOSA

Pode-se definir a eficiência de uma fonte como sendo a


relação entre o fluxo emitido e o fluxo radiante total de origem.
Logo:

Fluxo Luminoso F
Fluxo Radiante p

Em geral, costuma-se extender o conceito de fluxo radiante


para potência elétrica absorvida pela fonte. Nesse caso, pode-se
comparar a eficiência de fontes. Logo:

Fluxo Luminoso Emitido


Potencia Absovida pela Fonte

Por exemplo, se a radiação de 555 nm for emitida na potência


total de 1 Watt, o fluxo luminoso emitido será de 685 lm. Logo,
a eficiência máxima, nessa frequência ou comprimento de onda,
será de 685 lmjW.

2.2.1. Fator de Luminosidade Relativa

Pode-se definir o fator de luminosidade relativa como a


relação entre a eficiência a qualquer comprimento de onda e a
eficiência na radiação 555 nm, isto é:

Eficiencia a determinado comprimento de onda


685

9
2.3. DEFINIÇÃO GERAL DE FLUXO E EFICitNCIA LUMINOSA

Nas fontes luminosas de uso normal, o fluxo é policromático.


O fluxo resultante poderia ser obtido pela integração ao longo
da curva de luminosidàde relativa. Como a eficiência, em dada
radiação, pode ser dada por KÀ 685 lmjW, pode-se escrever para o
fluxo: ·

dF = 685 K>.. dP

Por outro lado, o fluxo radiante é função do comprimento de


onda e deve ser proporcional ao intervalo dÀ, ou:

dP = f(Â) dÂ

Pode-se escrever para a expressão geral do fluxo:

co

F = 6 85 fo K,_ f (À) d/.. lm

A equação acima é encontrada nos manuais como equação de


definição do fluxo luminoso.
Logo a eficiência luminosa será:

'11 =
f o
f(Â) d/..

2.4. INTENSIDADE LUMINOSA

Embora as fontes luminosas tenham dimensões finitas, quando


observadas a distância podem ser consideradas como puntiformes.
Uma fonte puntiforme irradiando em todas as direções é a geradora
de raios luminosos divergentes.
Considerando-se um ângulo solido w, a um fluxo F, e
distância normal d de uma área iluminada s, pela definição de
ângulo sólido, figura 10.

10
s

Figura 10

Define-se a intensidade luminosa como:

I = lim llF dF
~w-o llw dw

À unidade lúmenjesterorradiano*, dá-se o nome de candela,


abreviatura cd.
Se a intensidade luminosa puder ser considerada constante
em todos os pontos:

I = F (cd)
w

* De acordo com a CEI, esteradiano

2.5. ILUMINAMENTO OU ILUMINÂNCIA

Por definição o iluminamento é a densidade de fluxo


incidente em uma superfície, ou:

llF dF (lmjm2)
E = lim "'S =
~s- o t..:. dS

11
A unidade lúmen por metro quadrado é denominada lux (do
latim lux luz) . Se o iluminamento puder ser considerado
constante:

E = ~ (lux)

2.5.1. LEIS DE LAMBERT DA ILUMINÂNCIA

São também conhecidas como leis da incidência e estabelecem


que:

a) a iluminância varia na razão direta da intensidade


luminosa;
b) a iluminância varia na razão inversa do quadrado da
distância.

É possível deduzir uma expressão única para as leis da


incidência. Para isso, considere-se a figura 11, abaixo. Um foco
puntiforme, a ângulo sólido elementar, ilumina uma superfície dS.

Figura 11

Pela definição de ângulo sólido:

dS cos a
dw =
d2

12
-
Pela definição de intensidade luminosa:

dF
I=
dw

Logo:

dF = I dS cos a
d2

Como iluminância é definida por:

E= dF
dS

A expressão acima resume as Leis de Lambert.


É possível calcular o iluminamento, ou melhor, a
iluminância, a partir da altura h da suspensão do foco luminoso.
Pela figura 8, sendo:

h d cos a

substituindo na expressão anterior:

Essa é a conhecida fórmula para cálculo da iluminância


horizontal pelo método ponto por ponto, conforme será visto mais
adiante.

2.6. LUMINÂNCIA

Pode-se definir a luminância de um elemento qualquer de um


objeto como sendo a relação entre a intensidade luminosa nessa
direção e a área aparente do elemento. Por área aparente entenda-
se a área do elemento projetada sobre um plano perpendicular à

13
direção considerada, figura 12, abaixo.

Figura 12

Logo:

lim D.I di
L
t::.s- o t:.s
lim
t::.s- o D.s cose
= dS6

L di cdjm2
dS

A unidade de luminância cdjm2 , tem o nome de nit (do latim


nitor - claridade).
A lurninância é urna grandeza que caracteriza a visibilidade
de superfícies iluminadas. Uma superfície perfeitamente difusora,
dita lamberiana, terá luminância uniforme em todas as direções.
A noção de profundidade na análise de um objeto é devidas
às diferentes luminâncias de suas partes. As regiões de maior ou
menor quantidade de luz refletida, dão a noção de relevo e a
posição relativa das partes do objeto.
Por outro lado, superfícies com luminância uniforme, como
por exemplo, os globos difusores de luz, onde o relevo
desaparece, apresentando-se como um disco iluminado para o
observador.
2.6.1. Luminância e Iluminância
Devido a importância do conceito de luminância, serão
determinadas as relações entre luminância e as outras grandezas

14
luminotécnicas, primeiramente com o iluminamento ou iluminância.
Na figura 13, tem-se uma fonte F, de luminância L, vista de
um ponto O, com superficie aparente s, normal à intensidade
luminosa I.

------~~o~--~---s

~--OLHO

Figura 13

Pela Lei de Lambert

A luminância, será:

I
L=
s

Logo:

15
Por definição:

(a) -

Logo:

E=Lw

Essa relação é válida para superfícies perfeitamente


difusoras, também chamadas lamberianas.

2.6.2. Luminância Uniforme: Intensidade Luminosa e Fluxo.

Tanto uma superfície refletora como uma fonte de luz,


apresentam uma certa luminância. Se a superfície difusora é
lamberiana, a maior intensidade luminosa deve ser perpendicular
à superfície. Se a superfície for observada em um ângulo qualquer
diferente da perpendicular, a intensidade luminosa será
proporcional ao cosseno do ângulo. Assim, pela figura 14 1 o
observador em A, "sentirá 11 a intensidade luminosa I 0 e em B, I 0
cos a. Por outro lado, o observador em B verá a superfície S como
s cos a.

8~
,,
\ .....
\
I
' '
.....
'
I '
\
\
S cosoL
.....

\I '-'s
\

Figura 14

Como por definição, a luminância vista do ponto A é:

16
A luminância vista em B será:

L = I 0 cosa = Lo
S cosa

justificado pela superfície ser perfeitamente difusora.

Suponha agora uma fonte luminosa emitindo em todas direções,


ou seja, uma esfera difusora ~ o ângulo sólido é 47T
esterorradianos. Como F = wi, tem-se para o fluxo:

F=4ni

Sendo r o raio da esfera, sua superfície é 4rrr2 • Por


definição o iluminamento é E = FjS. Logo, pode-se chegar
novamente que E = Ijr 2 , pois

4 1t I I
E= =

Devido a luminância uniforme, pode-se assemelhar a esfera


a um disco iluminado, quando observado de uma direção. A
superfície do disco é rrr 2 , o fluxo luminoso F = ES e pela lei de
Lambert E = Ijr 2 • Logo o fluxo emitido pelo disco será:

F ni pois, F= = ni

2.6.3. Fator de Luminância

É possível definir um fator de luminância, para superfícies


não perfeitamente difusoras, função dos ângulos de visada, como
a relação entre luminância e intensidade luminosa, isto é:

L= qE

17
onde q é o fator de luminância.

O fator de luminância será ultilizado mais à frente, quando


for explicado o cálculo de iluminação exterior pelo método das
luminâncias.

2.6.4. Contraste

O contraste entre dois campos luminosos, ou objetos, de


luminâncias respectivamente, L1 e ~' é definido como:

2.7. EXEMPLOS

Transcreve-es a seguir, alguns exemplos de grandezas


luminotécnica e exercícios propostos.

2.7.1. Exemplos de Fluxos Luminosos

-Lâmpada incandescente 1000 W- 220 V ....... . 18.800 lm


-Lâmpada fluorescente 65 W- BF . . . . . . . . . . . . . . 5.000 lm
-Lâmpada à vapor de mercúrio 1000 W ......... . 57.000 lm

2.7.2. Exemplos de Intensidade Luminosa

- Lâmpada incandescente 100 W (perpendicular


ao eixo da lâmpada) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 cd
- Lâmpada fluorescente 40 W (perpendicular
ao eixo da lâmpada) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 3 O cd
- Projetor de grande alcance (na direção
principal da radiação) . . . . . . . . . . . . . . até 10 6 cdjlOOO lm

2.7.3. Exemplos de Iluminamento

- Luz do Sol no verão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100.000 lux


-Sala bem iluminada por lâmpadas . . . . . . . . . . . 300-500 lux
-Iluminação pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10-20 lux
- Lua cheia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0,5 lux
- Via Anchieta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 lux
2.7.4. Exemplos de Luminâncias

- Sol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165. OüO nit


- Lua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ·. . . . . . . . . . . . . . . O, 2 5 ni t
-Lâmpada de sódio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 nit
- Papel branco com 0,85 de reflexão e
iluminamento de 400 lux ................... 100 nit

18
- Papel preto com 0,04 de reflexão e
iluminamento de 400 lux .................. . 5 nit

2.7.5. Exercícios Propostos

I - Qual é o comprimento de onda de uma radiação


eletromagnética cuja frequência é de 5.10 14 ciclos f
segundo (Hertz) ?
Solução:- Sabe-se que c = fÀ, onde f é a frequência, À o
comprimento de onda e c é a velocidade da luz.

c = 3 . 1 0 5 km/ s = 3 . 10 17 nm/ s

logo:

3. 10 17
À = 600nm
5. 10 14

II - A radiação da questão anterior é visivel ?


Solução:- A radiação é visível pois está compreendida entre 380
nm e 760 nm.

III - A que radiação o olho humano é mais sensivel ?


Solução:- A radiação de comprimento de onda 555 nm, amarela-
esverdeada (mais para o amarelo).

VI - A visibilidade relativa de uma radiação de 680 nm é de


o,20. Comparando com a radiação 555 nm, de
visibilidade relativa 1,00, qual é o significado
fisico em termos de energia ou potência elétrica da
fonte ?
Solução:- Significa que para a radiação de 680 nm produzir a
mesma sensação luminosa que a radiação de 555 nm, será necessário
5 vezes mais potência ou energia da fonte.

V - Sabe-se que 1 Watt de potência elétrica produz cerca


de 685 lúmens na radiação de 555 nm. Considerando a
pergunta anterior, isto é, a radiação de comprimento
de onda 680 nm, qual seria o fluxo luminoso emitido

19
por 6 Watts dessa radiação ?

Solução:- F= 6 X 0,2 X 685 ~ 822 lm.

VI - Uma lâmpada de incandescência produz um fluxo luminoso


de 2950 lm. Essa lâmpada está colocada em um globo
difusor opaco. Nesse difusor 20% do fluxo se perde por
absorção. Considerando o fluxo luminoso distribuído
uniformemente em todas as direções, qual será a
intensidade luminosa do difusor ?

solução:- F = (1 - 0,2) 2950 = 2360 lm.


Sendo o ângulo sólido 4rr sr

F 2360
I = = 187 I 8cd .
w 4n

VII - Uma luminária pública tem 8 m de altura. A 6 m da base


do poste a intensidade luminosa é de 800 cd. Qual é o
iluminamento horizontal desse ponto ?

Solução:- Pela lei de Lambert

I
E= co soe
Rz

8
6m cosa = = 0,8 logo
10

800
E=
100
0,8 = 6,4 lux

2.8. PARÂMETROS CARACTERÍSTICOS

2.8.1. Fator de Reflexão ou Refletência

É a relação entre o fluxo luminoso refletido e o fluxo


luminoso incidente 1 em porcentagem ou fração:

20
O fator de reflexão de alguns materiais, é dado abaixo, como
exemplo.·

Tijolos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 - 25% ou 0,05- 0,25


cimento 45%
Madeira clara . . . . . . . . . . . . . . . 40%
Esmalte branco . . . . . . . . . . . . . . 65~ - 75%
Gesso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80%
Papel branco . . . . . . . . . . . . . . . . 85%

O conhecimento do fator de reflexão é muito importante no


cálculo de iluminação.

2.8.2. Fator de Absorção

Pode ser definido como a relação entre o fluxo absorvido e


o fluxo incidente, ou:

a =

2.8.3. Fator de Transmissão

É definido como a relação entre o fluxo luminoso que


atravessa uma superfície de um corpo e o fluxo incidente.

2.8.4. Relação Entre os Parâmetros

Somando-se membro a membro as expressõe de definição dos


parâmetros e observando que:

pode-se determinar que:

21
r+a+t=1

Exemplo:- Deseja-se a luminância de uma superfície de 1 m2 , com


fator de reflexão 0,85 e iluminada com um fluxo
incidente de 1.000 lm. Sendo o ângulo sólido w = rr,
pela expressão E = Lw e considerando a reflexão

L= E r
1t

Como:

F
E lOOOlux
s

Vem:

L = 1 OOO X O , 9 5 = 2 7 1 ni t
1t

2.9. TEMPERATURA DE COR

É comum os manuais de iluminação citarem, além das


características mais específicas de uma fonte luminosa, a
temperatura de cor.
Sabe-se da Física que segundo a lei de Stefan-Boltzmann, o
fluxo radiante de um corpo negro pode ser dado por:

onde:
- F é o fluxo radiante em Watts,
- a constante,
- s é a superfície do corpo e
- T é a temperatura absoluta em graus Kelvin.
Por outro lado, o comprimento de onda da radiação de
intensidade máxima emitida é inversamente proporcional à
temperatura absoluta do corpo negro ou ÀT = K, onde K é o fator

22
de proporcionalidade, lei de Wien.
Pode-se pensar então, que a luz procedente de fontes
incandescentes seja comparada com radiações emitidas pelo corpo
negro. Aproximadamente o mesmo poderia ser feito para as fontes
de luz não incandescentes. A temperatura de cor de uma fonte é,
então, aquela na qual o corpo negro emite um fluxo luminoso, de
mesma intensidade que a fonte e comparativamente, com as mesmas
frequências básicas. Embora nas fontes de luz a radiação de
temperatura não seja perfeita, pode-se compará-las com o corpo
negro, que é considerado como padrão.

2.9.1. Padrão de Intensidade Luminosa


No passado o padrão de intensidade luminosa foi a vela
padrão, obtida a partir de velas de espermacete, especiais.
Atualmente, o padrão internacional baseia-se na radiação do
corpo negro (tubo de óxido de tório) à temperatura de
solidificação da platina, 1773°C e sob pressão de 101.325 Njm 2 •

23
3. FONTES ARTIFICIAIS DE LUZ

3.1. LÂMPADAS INCANDESCENTES

A produção da luz é baseada no aquecimento de um filamento


pela corrente elétrica.
As lâmpadas incandescentes têm a maior gama de aplicações,
apesar das inovações técnicas introduzidas nos últimos anos em
outros tipos de fontes de luz. Foram introduzidas no mercado por
volta de 1907. Posteriormente, em 1913, com o desenvolvimento dos
processos de ductilização e trefilação do tungstênio e com a
introdução, nos bulbos, de gases inertes, conseguiu-se aumentar
consideravelmente o rendimento dessas lâmpadas. Dentre os gases
inertes usados estão o nitrogênio 1 argôniO ·e criptônio 1 este
último somepte em lâmpadas especiais, devido ao custo. Os gases
inertes evitam a evaporação do filamento e melhoram as condições
de convecção de calor dentro do bulbo. Assim, foi possivel a
utilização dos filamentos enrolados em simples e dupla helicoide 1
aumentando a e f i ciência luminosa. Os f i lamentos de tungstênio tem
temperatura de cor de 2.400~ a 3.400~. Geralmente as lâmpadas
menores que 40 w são apenas de alto vácuo.
As lâmpadas incandescentes podem ter o bulbo tratado
internamente com pinturas especiais ou ter o bulbo fosco. A
finalidade será ou correção das caracteristicas espectrais ou
aumento da superficie, melhorando as distribuições de lurninância.
Admite-se, para iluminação geral, urna vida média de 1.000
horas e eficiência média de 20 lmjW. As lâmpadas incandescentes
de maior eficiência, da ordem de 36 lmjW, tem uma vida média de
apenas 3 horas.

FLUXO

EFICIÊNCIA
POTENCIA.

90 95 100 105 li O 0/ TENSÃO


0

Figura 15

24
As bases das lâmpadas são designadas por letras de dois
tipos. Tipo E, Edison, são de rosca e B de baioneta. Além disso,
números designam a bitola ou tamanho dessas bases. As mais
conhecidas ssão E-27 e as E-40 são do tipo industrial, para
potências maiores.
As características mais importantes das lâmpadas
incandescentes, tais como vida, rendimento, fluxo e potência,
podem ser observadas pela figura 15. Essas características são
aproximadas, na prática, por exponenciais empíricas. Note-se
também na figura 15 que, uma diminuição na tensão nominal
acarreta um aumento de vida, com diminuição do fluxo.

3.1.2. Formatos Típicos da Lâmpadas Incandescentes

=~--------------------------~~

Figura 16

3.1.3. Lâmpadas Para Uso Geral em Iluminação

São lâmpadas comuns, descritas, praticamente no parágrafo


3 .1. . '
3.1.4. Lâmpadas Refletoras

Possuem um refletor incorporado f espelhado na sua parte


interna. A frente da lâmpada atua como lente e a emissão de luz
pode ser de diferente abertura de facho. Os fachos podem ser
classificados como estreito (spot) f médio (flood) e aberto (wide-
flood). Podem ser fabricadas em cores para iluminação decorativa.
Um tipo, em particular, apresenta o refletor na parte
frontal, interna, devendo ser usada com aparelhos de iluminação
especiais.

25
3.1.5. Lâmpadas Projetoras

Consideradas de precisão, com refletor dicróico incorporado


que, refletindo toda a luz e apenas cerca de 40% do calor 1 evitam
a danificação de películas a projetar.

3.1.6. Lâmpadas Infravermelhas

São lâmpadas de muita aplicação, tanto em medicina como na


indústria. São refletoras, com temperatura de cor média de
filamento de 2.400°K 1 e até 5.000 horas de vida. Também podem ser
apresentadas em tipo tubular.
As potências fabricadas variam de 125 W a 3 kW.
A radiação infravermelha é classificada como curta (780 a
1.400 nm), média (1.400 a 3.000 nm) e longa (3.000 nm a 1 mm).
É necessário muito cuidade para que cada tipo de lâmpada
infravermelha seja utilizada de acordo com a especificação do
fabricante.

3.1.7. Lâmpadas Halógenas ou de Quartzo-Iodo

A alta temperatura dos filamentos das lâmpadas


incandescentes evapora o tungstênio, diminuindo, como
consequência, a eficiência. Evita-se esse fenômeno aumentando a
temperatura de trabalho do próprio bulbo e estabelecendo um ciclo
regenerativo entre o tungstênio evaporado e um elemento halógeno.
Assim, o composto formado no interior do bulbo, aproximando-se
do filamento por convecção, de decompõe, depositando o tungstênio
novamente no filamento, e liberando o halógeno para um novo
ciclo.
Como halogênio utiliza-se principalmente o iodo, podendo-se
também usar o fluor e o bromo, além do gás de enchimento do
bulbo. A equação de composição do tungstênio com o iodo pode ser
dada por W + 0 2 + I 2 -+ W0 2 I 2 ( dioxidiodeto de tungstênio) . A
mistura é gasosa, decompondo-se nas proximidades do filamento.
As lâmpadas halógenas são menores que as convencionais,
sendo utilizadas em farois de veículos aéreos, terrestres e
marítimos e em projetores. Cuidados especiais devem ser
observados na instalação. A ventilação pode ser importante e além
disso o manuseio deve ser cuidadoso evitando deixar traços de
gordura dos dedos. A posição de funcionamento indicada pelo
fabricante deve ser respeitada.
A eficiência luminosa é da ordem de 20lmjW.
Potências fabricadas: 50 1 500, 1000, 1500 e 2000 Watts.
Vida média: 2000 horas.
Utilização: farois e projetores, indústrias texteis,
ginásios esportivos, aeroportos, estaleiros, construção civil,
monumentos.

3.2. LÂMPADAS DE DESCARGA EM GASES

Produzem luz pela excitação de gases no interior da lâmpada.


Todos os tipos necessitam de reatores para o funcionamento

26
correto. Outros dispositivos auxiliares podem ser necessários,
como os ignitores ou dispositivos de partida.
Todos os tipos apresentam o fenômeno do efeito
estroboscópico, que em muitos casos poderá ser prejudicial.
A posição de funcionamento, especificada pelos fabricantes
deve ser respeitada.
Os tipos mais comuns de lâmpadas de descarga são baseados
em propriedades emissi vas do mercur1o e sódio, quando
vaporizados, em combinação com gases nobres e outros elementos
químicos que modificam a cor espectral.

3.2.1. Formas Típicas de Lâmpadas de Descarga

c_______) ~L--------------------J~

qc==================J-b

Figura 17

3.2.2. Lâmpadas de Mercúrio

Grande parte das lâmpadas de mercúrio utilizadas atualmente


são de alta pressão, da ordem de 10 5 a 10 6 N jm2 •

ELETRODO DE PARTIDA
ELETRODOS PRINCIPAIS

REATOR PINTURA DO BULBO


I

I
{;{.
IGI'IITOR
(se necessorio)

TUBO DE IGNIÇÃO

Figura 18

27
De acordo com a figura 18, o tubo de ignição contém em seu
interior, além do mercúrio em estado líquido, um gás inerte, o
argônio. Entre o tubo de descarga e o bulbo externo 1 para
facilitar a convecção de calor, existe o nitrogênio.
Ligada a lâmpada, há uma descarga inicial entre o eletrodo
principal e o eletrodo de partida, pela ionização do argônio, que
provocará o aquecimento interno do bulbo e uma migração de
elétrons, produzindo uma luz amarelada. O aquecimento provocado
pela ionização do argônio vaporiza o mercúrio, tornando o
ambiente do tubo altamente condutor e ionizávél, estabelecendo
colisões entre os elétrons livres e os átomos do mercúrio,
produzindo luz, azulada. A radiação é parte visível, parte
ultravioleta, sendo a cor visível desagradável pois tem o
espectro deslocado para o verde amarelado. A correção desse
espectro pode ser feita pela pintura interna do bulbo 1 por
materiais compostos, excitáveis pelo ultravioleta. Assim,
utiliza-se atualmente o vanadato de ítrio que introduz a cor
vermelha, corrigindo o espectro visível. Além disso, é possível,
com a introdução de outros elementos na forma de iodetos
metálicos ou multivapores metálicos no tubo de descarga, melhorar
consideravelmente a distribuição espectral relativa e a
eficiência dessas lâmpadas. Os elementos utilizados são o índio,
tálio e o sódio.
Potências fabricadas: 80, 125, 250, 400, 700, 1000, 2000
watts.
Vida média: 12000 horas
Eficiência: 40 a 60 lmjW.
Utilização: bastante extensa conforme se poderá notar,
abaixo.
Lâmpada VM, vanadato de ítrio:

Indústrias têxteis, madeiras, elétricas, mecânicas,


químicas, usinas, gráficas. Auditórios, lojas garagens, feiras
de exposição, ginásios de esportes, ruas, túneis, ferrovias,
aeroportos, pátios de estacionamento, estaleiros, TV a cores,
palcos.

Lâmpada VM, multivapores metálicos (iodetos de mercúrio, telúrio


e índio) .

Todos os usos da lâmpada a vanadato de ítrio e mais


siderúrgicas, fundições, pedreiras, minas e refinarias.
Nota: As lâmpadas multivapores necessitam de dispositivos de
partida, sejam ''starters" ou ignitores.

3.2.3. Lâmpadas a Vapor de Mercúrio Ultravioletas

Especialmente produzidas para emitirem radiação


ultravioleta. Podem ser encontradas tanto na forma de bulbo como
tubulares
As radiações ultravioletas podem ser divididas em três

28
faixas, respectivamente:

UV A - 310 a 400 nm
UV B - 280 a 310 nm
UV C - 100 a 280 nm

A radiação A atravessa quase todos os tipos de vidro, não


produzem lesões na pele humana. São utilizadas em processos
industriais produzindo efeito fotoquímico, como por exemplo na
indústria alimentícia para detecção de produtos estragados. Na
geologia são utilizadas para dectetar facilmente a presença de
minerais específicos. Em criminologia 1 para detectar
falsificações e traços de sangue 1 etc. Em teatro, em efeitos
especiais.
A radiação B age sobre a pele humana, podendo causar
queimaduras. Serve, portanto, para bronzear a pele e tem o efeito
de produzir~ ou melhor, de estimular a produção de vitamina D
pelo organismo, notoriamente conhecida na cura do raquitismo.
A radiação C é altamente germicida. Pode produzir
queimaduras graves. Ataca os olhos produz indo conjunti vi te. Pode-
se, com a radiação de comprimento de onda menor que 200 nm, fazer
a transformação de oxigênio em ozone que é germicida e
desodorante de ambientes. As lâmpadas de radiação C são muito
utilizadas em hospitais e para o tratamento de água.

3.2.4. Lâmpadas Fluorescentes

Lâmpadas fluorescentes são lâmpadas a vapor de mercúrio e


baixa pressão, da ordem de 10-5 da pressão atmosférica. A pressão
é importante pois o compromisso assumido entre pressão, densidade
de corrente e tensão, produzem, propositadamente, radiação da
ordem de 254 nm, invisível. Essa radiação é transformada
posteriormente em radiação visível, pela excitação do material
de recobrimento interno do bulbo.
Apenas como exemplo, se o material de recobrimento interno
do bulbo for silicato de zinco e berílio, quando excitado pela
radiação ultravioleta, emitirá radições visíveis na gama de 480
a 750 nm, com emissão máxima de 595 nm, de cor amarelo-branca.
A curva de distribuição espectral será de espectro contínuo
produzido pelo material de recobrimento interno, com algumas
linhas de radiação original, não convertida.
Quanto à constituição interna, as lâmpadas fluorescentes
podem ser a cátodo frio e a cátodo quente e serão descritas a
seguir.
Potências fabricadas: 15, 20, 40, 65, 105, 110, 115, 140,
160 Watts.

Vida média: cátodo quente 7500 horas


cátodo frio 25000 horas
Eficiência: 60 a 70 lmjW
Categorias: Branca 3000~
Branca fria 4500°K
Luz do dia 6500°K

29
Lâmpadas fluorescentes de cátodo quente

São fabricadas em dois tipos, isto é, com pré-aquecimento


ou sem pré-aquecimento, também conhecidas por partida rápida.
A figura 19 mostra a constituiçãi interna de uma lâmpada
fluorescente de partida convencional 1 bem como o esquema de
ligação. Os filementos são fabricados de tungstênio revestidos
com óxido de bário para aumentar a emissão de elétrons.
o funcionamento do. conjunto é baseado no dispositivo de
partida (starter), que poderá ser um simples botão do tipo
campainha, e no reator. Ligado em série com os filamentos, o
dispositivo de partida apresenta inicialmente uma diferença de

DISPOSITIVO DE PARTIDA AMPOLA


( STARTER)
PAR
,__.,_,_- BIMETÁLICO
Hg +ARGÔNIO
NEÔNIO INVÓLUCRO
METÁLICO
FILAMENTOS
PINTURA ......11---r--..... CAPACITOR
ESPECIAL ANTI-RUÍDO

REATOR ,,
BORNES

Figura 19

potencial entre os eletrodos, com descarga por ionização do gás


interno, e consequente aquecimento do par bimetálico, figura 19.
o par bimetálico fecha o contato e os filamentos recebem plena
tensão, aquecendo-se ao rubro. Pelo aquecimento dos filamentos,
o mercúrio será vaporizado. Esfriando-se o par bimetálico do
starter, desfaz-se o contato e por efeito da indutância do reator
com a variação brusca da corrente, um pico de tensão é gerado
entre os filamentos. A migração de elétrons, que também deslocará
outros elétrons das órbitas dos átomos de mercúrio, emitirá a
radiação ultravioleta desejada. O processo deverá estabelecer-se
continuamente, entrando a lâmpada em regime.

Figura 20

30
Nas lâmpadas fluorescentes de partida rápida, o elemento de
partida é o próprio reator, especial, de acordo com a figura 20.
Quando ligado gerará uma alta tensão nos filamentos com um tempo
para início de descarga que poderá levar de 1 a 2 segundos. Com
a passagem da corrente no interior da lâmpada, a tensão cai para
o valor nominal. Tanto no tipo convencional de reator, como no
reator para partida rápida, a estabilização da descarga é feita
graças a queda de tensão introduzida pelos reatores após a
ignição.

Lâmpadas fluorescentes a cátodo frio

São de partida rápida, dispensando dispositivo de partida.


Trabalham a tensões mais altas que as convencionais de cátodo
quente e seu uso é preferível para lugares de difícil acesso,
devido a vida extremamente longa. Os reatores são especiais.
Na figura 21, mostra-se o esquema construtivo de um dos
tipos, bem como as ligações do reator.

DE_ TUBO DE T T Y 'f 'f T


LIGAÇAO FERRO, EMISSOR

Figura 21

Lâmpadas fluorescentes PL

Lâmpadas de descarga de gás de mercúrio, lançadas há poucos


anos no mercado.
Na figura 22, mostra-se um dos tipos fabricados sem o reator
incorporado e base E= 27, para substituir diretamente lãmpadas
incandescentes.
São de pequeno tamanho, variável no comprimento de cerca de
10,5 em até 17,0 em, aproximadamente.
As lâmpadas PL oferecem uma redução de até 80% no consumo
de energia q~ando comparadas com as incandescentes, de fluxo
luminoso aproximadamente igual, com vida de cerca de 5000 horas.
Potências fabricadas: 5, 7, 9, 13 Watts.
Eficiência: 50 a 69 lmjW
Categorias: coordenadas cromáticas próximas às das
lâmpadas incandescentes
Utilização: uso geral, inclusive embarcações, ônibus,
traillers, etc., desde que operadas com
reatores especiais.

31
Figura 22

3.2.5. Lâmpadas a Vapor de Sódio


São lâmpadas de descarga, a alta e baixa pressão, da ordem
de 20 kNjm2 ou 200 Njm2 , respectivamente. Como visto anteriormente
a pressão determina o tipo de radiação emitida.
As lâmpadas de baixa pressão emitem uma radiação
praticamente monocromática.
As lâmpadas de alta pressão, além do sódio, podem conter
xenônio e mercürio, possuind~ faixas de comprimento de onda em
quase todo o espectro visivel.
Na figura 2 3 , tem-se um esquema da lâmpada. A descarga
inicia-se pelo argonlo, até a vaporização do sódio. A luz
produzida é, preferencialmente, amarelo-ouro.

ELETRODOS

...
NITROGENIO
TUBO DE
DESCARGA BUBO

Figura 23

32
Potências fabricadas: alta pressão: 70, 250, 400, 1000 W
Eficiência: alta pressão: 100 lmjW
Vida média: 15000 a 24000 horas
Utilização: Baixa pressão: siderúrgicas, fundições,
pedreiras, avenidas de tráfego rápido,
túneis, passagens de nível, cruzamentos,
pátios, minas, parques e jardins;
Alta pressão: todas da baixa pressão mais
ferrovias, estaleiros, aeroportos, cons-
trução civil.
Temperatura de cor: 2100~

As lâmpadas a vapor de sódio, além do reator, necessitam de


ignitores para partida.
As lâmpadas de alta pressão tem geralmente o bulbo difusor
leitoso, isto é, com revestimento interno.

3.2.6. Lâmpadas de Luz Mista

Possuem as vantagens das lâmpadas a vapor de mercúrio e das


incandescentes. Constam, conforme a figura 24, de um tubo de
descarga semelhante ao das lâmpadas de mercúrio com um filamento
externo. O funcionamento é baseado, inicialmente, no filamento
e na descarga interna do eletrodo auxiliar pelo argônio, que
provocará o aquecimento do mercúrio. Aquecido o mercúrio, haverá
a ionização completa do bulbo, completando-se a descarga. A luz
emitida é agradável pois além dos espectros do filamento e do
mercúrio se complementarem, o bulbo recebe pintura corretora.

Potências fabricadas: 160, 250, 1000 W


Eficiência: 25 lmjW
Vida média: 6000 horas
Tensão de trabalho: 220 Volts

Figura 24

Como não necessitam reatores para o funcionamento,

33
substituem com muita vantagem as lâmpadas incandescentes comuns
pois as mistas de 160 e 250 W possuem base E= 27, idênticas as
convencionais, sendo de uso geral.

3.3. CARACTERÍSTICAS DAS LÂMPADAS MAIS COMUNS

INCANDESCENTES
Potência Fluxo Luminoso
w 120 v (1m) 220 v
40 465 400
60 780 670
75 1020 890
100 1460 1280
150 2380 2100
200 3300 2950
300 5150 4750
500 9400 8400
1000 20200 18800
1500 31500 30000

FLUORESCENTES
Potência Tipo Fluxo Luminoso
w (1m)

15/33 900
15/54 800
20/33 BF 1120
20/54 LD 1000
40/33 BF 3000
40/54 LD 2550
65/33 BF 5000
65/54 LD 4000
110/33 BF 8700
110/54 LD 7600

34
MISTAS HALÓGENAS
Potências Fluxo Luminoso Potências Fluxo Luminoso
160 3000 500 9500
250 5500 1000 22000
500 12500 1500 33000
2000 44000
VAPOR DE MERCÚRIO SÓDIO ALTA PRESSÃO
125 6300 250 23000
250 13500 400 43000
400 23000 1000 93000
700 40000
1000 55000
MULTIVAPORES METÁLICOS FLUORESCENTES PL
250 20000 5 250
400 28000 7 400
1000 80000 9 600
2000 190000 13 900

35
Consiãerando as intensidades luminosas de um conjur:xo
:~2pada L ia, no espaço, essas intensidades serão
~e:p~esentaãas por Uina superfície complexa. Em outras palavras"
a supe~fície complexa serã o lugar geométrico das intensidades
"' Seccionando a superfície complexa e projetando as
secções em planos obtêm-se as representações planares das
versas grandezas fotomêtricas.

POLJI..RES

DTr'a font:e luminosa pode apresentar uma ou ma:::..s


.:ep~ese::Ycações em um plano 1 dependendo dos cortes que se exec1.:.te
~--é. s·:cperf icie cmnplexa representativa das intensidades luminosas.
Seocionando um aparelho de iluminação por um plano
ve~~ica:, por exemplo, pode-se representar os vetores
-~~·:::.ei-"sidades lul':cinosas nesse plano, tomando a fonte como cen-'cro
::.e ~,-r::. diagrama polar, de acordo com a figura 25. Cada vetor
-/·es.:::~-:.t:a~ia a in'censidade luminosa,. máxima, na direção

Figura 25

?ara faoili·ta~ a representação ê costume descrever a


~:::..st~ibu~ção 1 no plano, pela curva que liga as extremidades dos
re_ores. ~ ~a 26. A simetr da curva permite a representação
ansnas meio d~agrama.

36
180"'

Figura 26

É claro que em muitos casos os diagramas são assimétricos.


Por exemplo, o diagrama polar de uma luminária fluorescente
apresenta dois eixos de simetria e a distribuição das
intensidades luminosas é dada por duas curvas segundo os eixos
notáveis, figura 27.

/X'
/

_1./
I
/x

Figura 27

Os diagramas polares são sempre referidos a um fluxo


luminoso de 1000 lúmens. A relação entre a intensidade luminosa
lida no diagrama polar e a intensidade luminosa real é dada por:,

Ir= IL. (Fluxo nominal da lâmpada)/1000,

onde:

Ir é a intensidade luminosa real,

IL é intensidade luminosa lida no diagrama.

4.2. TIPOS DE DISTRIBUIÇÃO

O fluxo emitido por uma lâmpada é modificado pelas


características das luminárias. Pode-se definir, a partir dos
diagramas polares, todos os tipos básicos de distribuição, de
acordo com a figura 28.

37
I
I

TDireto Indireto Maior parte


direto
Direto-
indireto

Figura 28
Muitos fabricantes incluem nesses diagramas as porcentagens
de luz direta e indireta.

4.3. DIAGRAMAS ISOCANDELAS

De acordo com a NBR 5101-Iluminação Pública, pode-se definir


como base que: 11 Linha isocandela é a linha traçada em uma esfera
imaginária com a fonte ocupando seu centro. Esta linha liga todos
os pontos correspondentes àquelas direções nas quais as
intensidades luminosas são iguais. Usualmente a representação é
feita num plano".
Pela definição acima, diagramas isocandelas são diagramas
resultantes da projeção de uma distribuição espacial de linhas
de mesma intensidade luminosa sobre um plano. Por vezes esses
diagramas são de difícil interpretação pois dependem do tipo de
projeção adotada, isto é , se ortogonal 1 cilíndrica, cônica,
azimutal, etc.
Um dos métodos mais utilizados é o de Benford no qual os
paralelos são linhas retas e os meridianos são curvas com
amplitudes variáveis. De acordo com a figura 29 é possível
considerar uma esfera, com centro na fonte de luz, dividida em
seus paralelos e meridianos. Sobre essa esfera são traçadas as
linhas isocandelas.

500 cd

Figura 29

38
A projeção sobre um plano das linhas isocandelas, segundo
o método de Benford é a figura 30. Esse diagrama também pode ser
chamado de projeção senoidal.

ISOO

800 cd

~H-+-I+Inf-t--f'<...t"";'l-1 000 cd
~~çj~~~~~~l500cd

Figura 30

4.4. CURVAS ISOLUX

Por definição rvLugar geométrico dos pontos de uma


superfície onde a iluminância tem o mesmo valoruv.
o conjunto de curvas isolux de uma luminária é de muita
importância prática para o cálculo de iluminação pública.

4.4.1. Obtenção das Isolux

A construção, a partir da curva polar de uma luminária, de


uma distríbuição cartesiana de iluminamentos, em função da
distância da fonte e de sua altura em relação ao plano a ser
iluminado é feita a partir da lei de Lambert. Calcula-se o
iluminamento em di versos pontos, a diferentes distâncias da
fonte. Unindo-se os pontos de iluminamentos determinados obtém-se
a distribuição cartesiana.
Por exemplo, de acordo com a figura 31 tem-se uma curva
polar, com altura h e a distância d, a partir da luminária, onde
se pode calcular o iluminamento para todos os pontos desde
aperpendicular até d. Para um ponto qualquer d' em relação a
origem, tem-se o valor da intensidade luminosa, pelo diagrama
polar, Se I 1 é o valor lido, convertendo-se esse valor pela
relação dada qtrás, aplicando-se a lei de Lambert tem-se:

Procedendo-se analogamente para todos os pontos pode-se


obter a curva cartesiana da distribuição, figura 32.

39
R
h

Figura 31

LUX

m
d

Figura 32

Considerando-se duas fontes luminosas a distância x, pode-


se obter a curva cartesiana resultante, por superposição e soma,
de acordo com a figura 33.

wx LUX

I. X

Figura 33

4.4.2. Traçado das Isolux

Supondo-se uma distribuição polar simétrica, por exemplo,


é possível traçar as isolux em um plano, por composição
ortogonal, figura 34.

40
itolux
1\0
plano

Figura 34

Oportunamente serão vistas as diferentes formas de


representação das isolux e sua utilização no cálculo de
iluminação.

4.5. CURVAS DE DISTRIBUIÇÃO ZONAL

Seja uma esfera de raio r, com a fonte de luz no centro,


figura 35.

Figura 35

Tem-se:

E= dF lux
dS

Como a intensidade luminosa é perpendicular a dS:,

I =
E ou dF I dS
y2 r2

41
Da figura 35,
dS = 21l rl

dS = 2nr sen e dl

dl = rd e

dS 21l r2 sen ede

Substituindo,
dF = 21l I sen ede

Em um intervalo el, ~:

Tomando a intensidade média:

e1
F e e
( I' 1)
= 2n Imê.( sen 8cJ.8 = 2n Im (c os 8 1-cos 8 2 )
2

ou

Considerando a esfera, no espaço, pode-se fazer os

intervalos, e 11 ~, por exemplo, de 10°.

Nessas condições os valores de k seriam os da tabela II:

42
Tabela II

eI 6z K
oo 10° 0,0954
10° 20° 0,2835
20° 30° 0,4629
30° 40° 0,6282
40° 50° 0,7744
50° 60° 0,8472
60° 70° 0,9926
70° 80° 1,0579
80° 90° 1,0911

Nota: Os ângulos resultantes da rotação em torno do eixo


vertical teriam os mesmos valores. Por exemplo:

K - 100° - 90° = 1, 0911

é igual a:

K - 270°- 260° = 1,0911

Para facilitar o entendimento considere-se a figura 36, onde


a fonte luminosa pode-se considerar no centro do diagrama onde
as intensidades luminosas são concêntricas.

43
O ângulo sólido entre 5° e 355° equivalente a uma rotação do
eixo vertical de 10°, contém menos fluxo luminoso que.· o ângulo
sólido compreendido entre 90° e 100°, equivalente a rotação
abrangendo ângulos 260° e 270°, também, pois:

Para o ângulo de 0° a 10°; K = 0,0954,

F= 0 1 0954 x 200 ~ 19 lux

Para ângulo de 90° a 100°; k = 1, 0911

Logo F= 1,0911 x 50 = 54,6 lux.

É possível traçar um diagrama de porcentagens de fluxo em


relação aos ângulos sólidos, em graus, obtendo o diagrama ou
curva zonal, conforme figura 38, a partir da curva de
distribuição, figura 37 e da tabela I I anterior de ângulos.

F oo - 10° = 0/0954 X 625 = 59,625

F 10° - 20° = 0 1 2835 X 510 = 144,585

F 20°- 30° = 0,4629 X 330 = 152,757

F 30°- 40° = 150 X 0,6282 = 94,23

F 40°- 50° = 90 X 0,7744 = 69,69

Considerando-se a porcentagem de fluxo para 1000 lúmens:

F 0°-10° = 5,96%

F 10o- 20° = 14,46%

44
F 2ao- 3ao = 15,27%

F 3 ao - 4 ao = 9, 4 2%

F 4ao- 5ao = 6,97%

Somando:

F total = 152%

A curva zonal é a da figura 38, a seguir,

1009'olm.

80

60

40
1/
j
20
v
v o
0° 2CP 4d' 6CP 80° loCP 12!)0 140° 160° 18CP

Figura 38

45
5. ILUMlNAÇÃO DE INTERIORES

INTRODUÇÃO

o iluminamento ou iluminância de interiores é objeto da NBR


- 5413 - Iluminância de Interiores. outras normas relativas ao
assunto são a NBR-5361 - Iluminação Terminologia e NBR-5302 -
Verificação de iluminância de interiores - Método de ensaio.

De uma maneira geral pela NBR-5413 se a altura do plano de


trabalho não é definida deve-se adota-la como de 0,75m do piso.
Além disso considera-se válida uma iluminação suplementar do
campo de trabalho, quando for necessária uma elevada iluminância,
com o cuidado de que a iluminância no restante do ambiente não
seja inferior a 1/10 do valor adotado no campo de trabalho.

A NBR 5413 define também iluminâncias para cada grupo de


tarefas visuais. Para isso define três faixas de iluminâncias.
Dentro dessas faixas estão três sub-faixas com iluminâncias
relativas aos tipos de atividade visual, conforme resumo abaixo
tabela III.

46
Tabela III.

Faixa I Iluminância (lux) I Atividade


20 Áreas públicas
A 30 com arredores
50 escuros.
Iluminação geral
para áreas usadas 50 Orientação simples
ininterruptamente 75 com permanência
ou com tarefas 100 curta.
visuais simples
100 Recintos não uti-
150 lizados para tra-
200 balho contínuo.
Depósitos.
Tarefas com requi-
B 200 sitos especiais
300 limitados, traba-
500 lho bruto de magui
naria, auditórios.
Iluminação geral 500 Requisitos visuais
para áreas de 750 normais, trabalho
trabalho 1000 médio em maquina-
ria, escritórios.
Tarefas com requi-
1000 sitos especiais
1500 gravação manual,
2000 inspeção de indús-
tria de roupas.
2000 Tarefas visuais e
c 3000 prolongadas, ele-
5000 trônica de pegue-
no tamanho.
Iluminação adicio- 5000 Tarefas visuais
nal para tarefas 7500 muito exatas,
difíceis 10000 montagem de mi-
croeletrônica.
10000 Tarefas visuais
15000 muito especiais,
20000 cirugia

Note-se que a norma descreve três valores de iluminância


para cada grupo de tarefas. A existência desses valores deve-se
às inter-relações existentes entre idade do usuário, velocidade
e precisão com que a tarefa deva ser realizada e a refletância

47
do fundo da tarefa, conforme tabela IV abaixo.

Tabela IV.

caracterís-
tica da ta- PESO
refa e do
observador
-1 o +1
idade < 40 anos 40 a 55 anos > 55 anos
velocidade sem importante crítica
e precisão importância
refletância
do fundo da > 70 ~
o 30 a 70 ~
o < 30 %
tarefa

O procedimento adotado pela norma para uso da tabela é o


seguinte:

a) Cada característica deve ser analisada e então


determinar seu peso;
b) Somar os valores (três) encontrados algebricamente;
c) Os valores de iluminância a utilizar (superior, média
ou baixa) serão usados de acordo com o resultado da
soma algébrica abaixo, tabela V.

Tabela V.

Soma Iluminância a utilizar


-2 ou -3 valor mais baixo do grupo
+2 ou +3 valor superior
outros casos valor médio

Exemplo:, Deseja-se iluminar um escritório onde a idade média


dos usuários é menor que 4 O anos, velocidade da tarefa sem
importância e fundo com refletância de 30 a 70%.

Solução: de acordo com a tabela de pêsos, a seguir 1

48
I Tarefa I Peso I
< 40 anos -1
'
Velocidade -1
Refletância o
Total -2

Pode-se adotar para o iluminamento o mais baixo do grupo de


requisitos visuais normais, isto é , 500 lux da faixa B.
A NBR 5413 especifica os iluminamentos para cerca de 78
atividades principais, com sub-atividades. é necessário a
consulta às normas para aplicações em projetos. Entretanto deve-
se observar que a NBR 5413 é NBR 3 isto é norma voluntária.

5.1. MÉTODO DOS LÚMENS (OU DOS RENDIMENTOS) BASEADO NA EXPRESSÃO


CONHECIDA

F = ES

onde: F é o fluxo luminoso total,


E é o iluminamento desejado e
S é a área a iluminar

Para uma relativa precisão do cálculo de iluminação, muitos


fatores devem ser considerados na fórmula teórica:

a) Tipo de iluminação, isto é , incandescente,


fluorescente e além disso se direta, indireta, etc.
b) Reflexões as paredes e do teto.
c) Depreciação do fluxo luminoso com o tempo.
d) Dimensões relativas entre o comprimento, largura e
altura do ambiente.
e) Limpeza do ambiente e como consequência dos aparelhos
de iluminação.
Muitos métodos foram desenvolvidos nos laboratórios de
universidades, e indústrias para o cálculo de iluminação interior,
todos com base no método dos lúmens, isto é , na expressão
teórica básica. Um dos mais recentes é º método das cavidades
zonais. Entretanto, devido a natureza da publicação será
1descrito e aplicado o mais simples, que utiliza tabelas de uso
facilmente absorvido, por serem gerais.

5.1.1. Coeficiente de Utilização ou Índice de Forma

Para compensação, na fórmula teórica, define-se o

49
coeficiente de utilização como função dos parâmetros notáveis:

~u= f(dimensões, reflexões, depreciação de fluxo luminoso com o


tempo).

As dimensões do local e sua relação com a altura do plano


de trabalho podem ser definidas por parâmetro próprio do local,
denominado indice do local ou indice de forma.

As reflexões de teto e paredes também podem ser fixados


conhecendo-se o tipo de pintura ou o material de revestimento,
posição e número de janelas, portas, etc.

Logo:

~u = f (K, parâmetros conhecidos)

onde k é indice do local, sendo por sua vez função das dimensões,
ou seja:

k = g (comprimento, largura, altura e altura do plano


de trabalho) .

As expressões utilizadas para a estimativa do indice do


local são:

c.l
k
h ( C+l)

para qualquer tipo de luminária, ou

3c.l
k =
2n(c+l)

apenas para iluminação tipo sanca onde:

c - comprimento do ambiente (maior dimensão)


l - largura do ambiente (menor dimensão)
h- distância das luminárias ao plano de trabalho, vertical,
h'- altura do teto ao plano de trabalho, vertical

50
5.2. EXPRESSÃO GERAL, TABELAS

De uma maneira geral pode-se dizer que o fluxo será dado


por:

F= E.S.d
Tfu

5.2.1. Depreciação

A depreciação d, devida a limpeza do ambiente pode ser


estimada de acordo com o tempo de manutenção segundo a tabela VI,
abaixo.

Tabela VI.

Periodo de manutenção (horas)

Tipo de ambiente 2500 5000 7500


Limpo 1,05 1,10 1,15
Normal 1,10 1,20 1,25
Sujo 1,25 1,50 1,75

5.2.2. Rendimento Luminoso ou Coeficiente de Utilização

Como visto anteriormente pode-se considerar em função do


ambiente e do tipo de luminária, o rendimento global, que geraria
um coeficiente de utilização.

Não é intuito desta publicação a apresentação de todos os


tipos de luminárias e lâmpadas existentes. Apresenta-se a seguir,
as tabelas VII e VIII, para lâmpadas mistas e fluorescentes em
tipos comuns de luminárias. Para aplicações mais precisas o
leitor deverá, solicitar tabelas completas, dos fabricantes.

51
Tabela VII.

Luminária Industrial - Lâmpada mista


(valores médios)
Índice Fatores de Reflexão
do
local 751 731 711 551 531 511 331 311 000
0,60 0128 0,23 0,29 0,27 0,22 0,19 0,22 0,19 0118
0180 0135 0,29 0,26 0,34 0,29 0,26 0,29 0,25 0,24
1,00 0,40 0,35 0,31 0,39 0,34 0,31 0,34 0,31 0,29
1,25 0,45 0,40 0,37 0,44 0,40 0,37 0,39 0,36 0,35
1,50 0,49 0,44 0,41 0,47 0,44 0,41 0,43 0,40 0,39
2,00 0,54 0,50 0,47 0,53 0,49 0,47 0,49 0,46 0,45
2,50 0,57 0,54 0,52 0,56 0,53 0,51 0,52 0,50 0,49
3,00 0,59 0,57 0,54 0,58 0,56 0,54 0,56 0,53 0,51
4,00 0,62 0,60 0,58 0,61 0,59 0,57 0158 0,56 0,55
5,00 0,64 0,62 0,60 0,62 0,61 0,59 0,60 0,58 0,57

Tabela VIII.

Luminária Fluorescente Aberta


(Duas lâmpadas ou quatro lâmpadas)
(valores médios)
Índice Fatores de Reflexão
do
local 751 731 711 551 531 511 331 311 000
0,60 0,30 0,24 0,21 0,29 0,29 0,20 0,24 0,20 0,19
0,80 0,37 0,31 0,27 0,35 0,30 0,26 0,30 0,26 0,25
1,00 0,42 0,36 0,36 0,41 0,36 0,32 0,35 0,32 0,30
1,25 0,47 0,42 0,37 0,46 0,41 0,37 0,40 0,37 0,35
1,50 0,51 0,46 0,42 0 1 49 0,45 0,41 0,44 0,41 0,39
2,00 0/56 0,52 0,49 0,55 0,51 0,49 0,55 0,47 0,46
2,50 0,60 0,56 0,53 0,59 0,55 0,52 0,54 0,52 0,50
3,00 0,63 0,59 0,57 0,61 0,58 0,56 0,57 0,55 0,53
4,00 0,66 0,63 0,61 0,64 0,62 0,60 0,61 0,59 0,57
5,00 0,68 0,66 0,64 0,66 0,64 0,63 0,63 0,62 0,60

52
Nota: Os números 751, 731 .. , etc representam os índices de
reflexão de tetos, paredes e pisos, nessa ordem.

Logo, 7, 5, 1 seriam na realidade: 70% reflexão de teto,


50% reflexão de parede,
10% reflexão de piso.

5.2.3. Exemplo

Deseja-se iluminar um escritório de 20 m de comprimento por


10m de largura e 3 m de pé direito. Sabe-se que o teto é branco
e as paredes são em sua maior parte de vidro, com piso escuro.
A altura do plano de trabalho é de 0,80 m. Deve-se utilizar
lâmpadas fluorescentes, luminárias abertas. Ambientes normal com
manutenção cada 2500 h (aproximadamente um ano) .

Solução: Baseado no exemplo anterior pode-se adotar para


a iluminância do local 500 lux. O indice do local será:

K = c.l 20.10 a 31 O
h ( c+l) 2,25(20+10)

Pela tabela VI a depreciação para 2500 h e ambiente normal


será:

d = 1,10

Pela tabela VIII, considerando teto 70%, parede 10% e piso


10% obtém-se:

1Ju = 0,57

Logo o fluxo total:

F = 5 OO • 2 O • 1 O . 1, 1 a 18 6 4 4 O lm
0,57

Utilizando lâmpadas fluorescentes de 65 W L.D. com fluxo


unitário de 4000 lúmens (tabela item 3.3):

Número de lâmpadas:

N = 186440 a 47 lâmpadas
4000

Este é o número mínimo de lâmpadas a utilizar. Os critérios


a seguir definirão a posição e número de lâmpadas por luminária.

53
5.2.4. critérios de Espaçamento Minimo

Para que a área a ser iluminada tenha distribuição uniforme


do fluxo total calculado deve-se respeitar uma distância máxima
entre luminárias dada pela expressão:

onde:

eL é a distância entre luminárias e,


h é a altura da luminária ao plano de trabalho.

A distância máxima entre luminárias e paredes será dado por:

onde:

eLP é a distância entre luminárias e as paredes.

5.2.5. Exemplo

Distribuir as lâmpadas do exemplo anterior respeitando


espaçamentos máximos.

Logo:

eL ~ 1,5 . 2,20 3,3 m

e~~ 0,75 . 2,20 = 1,65 m

A distribuição da figura, respeitando os espaçamentos, dará


aproximadamente 2 O% a mais de lâmpadas que as calculadas,
considerando-se duas lâmpadas por luminária.
l25 2.50 2.50 2..50 2..50 2..50 2..50 2..50 1.25

54
Observação: É importante, por vezes, considerar o comprimento
físico das luminárias em relação ao espaçamento. No exemplo, cada
luminária tem 1,60 m de comprimento.

5.3. MÉTODO DO PONTO POR PONTO

Baseado na expressão geral da lei de Lambert. Sabe-se que


o iluminamento horizontal é dado por:

Conhecendo-se as características dos aparelhos de


iluminação, isto é , seus diagramas polares, é possível calcular
com precisão os iluminamentos em um dado ponto de uma instalação,
pela contribuição de todas as luminárias nesse ponto.
O método é árduo e utilizado em verificações,
principalmente em iluminação por projetores em grandes ambientes.
Deve-se lembrar também que na aplicação da lei de Lambert não
é feita nenhuma correção dos lúmens iniciais por depreciação,
reflexões, etc. Daí a conclusão de que a verificação é feita
apenas para a instalação nova, sendo por vezes, imprecisa. Por
esse motivo alguns autores inserem na fúrmula de Lambert um
coeficiente de correção variando entre 0,60 e 0,75, sendo o menor
valor destinado
ambientes sujos e o maior a ambientes limpos.

5.4. MÉTODO UTILIZANDO AS CURVAS ISOLUX

É possível utilizar as curvas isolux para a verificação de


instalações de iluminação interior. Entretanto, pelos mesmos
motivos apontados no item anterior é preferível a utilização do
método das isolux em grandes ambientes ou instalações a céu
aberto, como iluminação pública.

5.5. ILUMINAÇÃO INDIRETA

É uma iluminação de grande efeito decorativo porém de


rendimento mu~to baixo. Geralmente realizada por meio de sancas,
com lâmpadas incandescentes comuns, espelhadas ou fluorescentes
de acordo com a figura 39.

55
SANCA

Figura 39

A altura da sanca ou luminárias tipo arandela, se for o


caso, pode ser variável. Pela própria colocação física os fatores
de, depreciação são altos, iguais ou maiores que 1,4.
Por outro lado, as potências das lámpadas empregadas não
devem ser altas pois existirá lum contraste muito grande entre
a região da sanca e a região circunjacente.
As tabelas para os cálculos de iluminação por sancas são
especialmente contruidas para essa finalidade.

56
6. ILUl\fiNAÇÃO PÚBLICA
6.1. INTRODUÇÃO

Em princípio uma iluminação pública deve ser prevista para


atender à segurança do tráfego e à segurança do pedestre. Ao
considerar apenas esses dois fatores, não se deve esquecer, por
exemplo, dos critérios econômicos de fundamental importância em
engenharia.
Um bom projeto de iluminação pública deve atender segurança,
conforto, economia, estética e continuidade. Por continuidade
entende-se a transição brusca de regiões muito iluminadaspara
regiões escuras.

6.2. VISÃO E ILUMINAÇÃO

A visão depende de grandezas relacionadas entre si: ângulo


visual, luminância, contraste e tempo de observação.
Considerando a figura 40 abaixo, o observador vê o objeto
a um certo ângulo visual f que depende das dimensões e da
distância deste ao observador. é óbvio que para um ângulo
visual muito pequeno o observador não distingue o objeto.

iõC
]

Figura 40

Em capítulo anterior viu-se que a luminância depende da


refletância e da iluminância e que o contraste seria a relação
entre as diferenças de luminâncias. Em iluminação pública o
contraste seria a diferença entre as luminâncias do objeto e do
fundo.
Deve-se considerar f ainda, que o tempo disponível para
observação é muito pequeno, por vezes, dependendo das condições
do tráfego. Pode-se concluir, portanto, que a iluminação deve
aumentar com o aumento de tráfego. Entretanto, a percepção de
obstáculos pela iluminação pública é feita por discernimento ou
visão de silhueta. Esse tipo de visão exigiria uma luminância
uniforme para o pavimento das ruas, o que não é real. As
propriedades difusoras de um pavimento molhado são prejudicadas
pela refletância especular, causadora de deslumbramento.
A definição de deslumbramento é : "efeito de adaptação que
se manifesta em caso de excesso de contraste ou excesso de
iluminamento no espaço e no tempo ... ".
Além do deslumbramento pode-se considerar também que um

57
pedestre poderá ter, em determinadas circunstâncias, luminância
igual a do pavimento, ficando praticamente invisível.
o desconforto visual resultante de grandes diferenças de
luminância entre a fonte e o campo circunjacente, pode ser tão
grande a ponto de causar cegueira momentânea.
Os sistemas de iluminação pública atuais são projetados de
maneira a reduzirem a um mínimo o deslumbramento com luminárias
de grande superfície aparente, emissão de luz em ângulos sempre
inferiores a 80°, a partir da vertical (facho concentrado) e
maior altura de suspensão. A luminância uniforme do pavim~nto
reforça o efeito de silhueta e diminue o desconforto visual, em
velocidade, conforme a figura 41.
,..
LUMINANCIA
ELEVADA
BAiXA
LUMINÂNCIA

AREAS COM ALTA E BAIXA LUMINÂNctA

NENHUMA ÁREA COM BAIXA LUMINÂNCIA

Figura 41

Os faróis de automóvel são de efeito pronunciadamente


deslumbrante. A diferença na percepção de obstáculos iluminados
pelos faróis e pela iluminação pública está exatamente na visão
de silhueta, conforme a figura 42.

Figura 42

58
Outro exemplo de adaptação do olho às diferentes
luminâncias do ambiente, juntamente com os efeitos de
deslumbramento, pode ser notada na entrada e saída de túneis
longos, em dias claros. Na entrada de um túnel, se incorretamente
iluminado, a adaptação do olho da região de alta luminosidade do
dia, para uma região de baixíssima luminância no interior do
tunel pode levar um tempo durante o qual o motorista estarã
praticamente cego. Na saída do túnel, o mesmo fenômeno ocorrerã,
em sentido inverso.

6.3. DISPOSIÇÃO USUAL DE LUMINÁRIAS

6.3.1. Locação em Relação ás Vias

As vias públicas podem ter as luminãrias em diversas


disposições, conforme a figura 43.

-·-·-0-· -·-·-o-·-· -·-·o-·-


Axial - Largura das vias até 12 metros, ou vias arborisadas.

o o o
-·-·-·-·-----------·-·-·-
Unilateral - Vias de até 9 metros.
o
o o
Zigue-zague ou altérnaaa - vias de até 20 metros.
o o o
o o o
Oposição - Vias com mais de 20 metros.

Figura 43

Em alguns locais é necessãrio observar, com o devido


cuidado a disposição das ãrvores, curvas, ladeiras, intersecção
com outras vi~s ou estradas de ferro, pontes, túneis, viadutos
etc, bem como as curvas de nível ou topografia do terreno para
conseguir o efeito desejãvel.
Em curvas é desejãvel, por exemplo, que a iluminação seja
mais concentrada na parte externa das mesmas, independentemente
da colocação normal das luminãrias, antes e depois das mesmas.
Em ladeiras a inclinação das luminãrias segundo seus eixos
horizontais, distribuirã 1º fluxo uniformemente.
Na intersecção com outras vias o iluminamento deverã ser
aumentado, chamando a atenção sobre uma anormalidade, com
antecedência.

59
6.3.2. Espaçamento Entre Luminárias

Define-se a altura de montagem como a distância do centro


da luminária, perpendicularmente ao plano da rua, figura 44.

Figura 44

Quando as luminárias são do tipo de facho concentrado, a


relação de distâncias entre luminárias, d, e a altura de
montagem, h, será:

12,5 h ::; d ::; 4 h

Para luminárias abertas incandescentes (antigas),

d ::; 5 h

6.4. CLASSIFICAÇÃO DAS LUMINÁRIAS

Atualmente as luminárias são classificadas segundo a


distribuição de luz emitida, devido a enorme variedade de modelos
existentes no mercado. Essa classificação é da Comissão
Internacional de Iluminação (CIE), tabela IX, a seguir.

Tabela IX

Tipo de luminária Direção de Valor máximo per-


Facho intensidade mitido no ângulo
máxima de (por 1000 lm)
goo 80°
Concentrado oo - 650 10 cd 30 cd
Difuso oo - 75° 50 cd 100 cd
Aberto - - -

60
A IES (EUA) classifica as luminárias segundo a tabela 10,

Tabela X

Tipo de luminária Valor máxlma admissivel da


Facho intensidade luminosa emi-
tida em: (por 1000 lm)

Concentrado 25 cd 100 cd
Difuso 50 cd 200 cd
Aberto

Observação: Alguns autores utilizam a nomenclatura


inglesa: cut-off, semi cut-off e non cut-off
correspondendo respectivamente a concentrado,
difuso e aberto.

6.5. CLASSIFICAÇÃO DAS VIAS PÚBLICAS

Segundo a NBR 5101 - Iluminação Pública, as vias podem ser


classificadas em:

Classe Tipo de via

A Vias Rurais

B Vias de ligação entre centros urbanos,

c Vias urbana

Por outro lado, considerando-se o tipo de tráfego


pedestres-veículos motorizados tem-se a classificação das
tabelas XI e XII a seguir. A tabela XII é uma aproximação.

Tabela XI

Tráfego motorizado (lux)


Tráfego de
pedestres Leve Médio Intenso Sem
Leve 2 ( 4) 8 10 -
Médio 8 10 15 -
Intenso 10 15 20 -
Sem - - - 20

61
Leve: ruas residênciais médias,

Médio: ruas comerciais secundárias,

Intenso: ruas comerciais principais


Sem: vias arteriais, exclusivas para tráfego
motorizado.

Tabela XII

Tipo Número de veículos máximo


Horário Noturno
Tráfego leve até 500/h
Tráfego médio 500 - 1200/h
Tráfego intenso > 1200/h

Define-se também como fator de uniformidade de um projeto


de iluminação a relação entre iluminamento mínimo e máximo, isto
é,

Tipo de tráfego Relação Emin I Emax


Tráfego moderado 0,50
Tráfego intenso 0,70

Atualmente o fator de uniformidade é dado em valores de


luminância, isto é , pela relação Gi = ~in/Lumx, medidos no eixo da
via pública.
O deslumbramento e portanto o esforço de acomodação visual
será tanto menor quanto menor for a relação entre as luminâncias.
A tabela XIII, abaixo, da CIE ,inter-relaciona os fatores
mais importantes. ·

62
Tabela XIII

Pista seca Ofusca- Tipo de lumi-


Tipo de via mente nária
lm Gi Exigido Tole-
cdjm2 r a do
Auto estrada 2 muito total- blinda- parcial
bom mente do mente
isento blinda-
de do
ofusca-
mente
Vias Trân-
em sito
pesado
zonas Trân- 1 bom
sito
médio
de ser- trân- sem ilumina ção
tas sito
leve
Vias vias 2 muito redu- blin- parcial
em trans- bom zido dado mente
zonas versais blin-
cons- e de dado
truí- conter-
das nos
vias 1 bom blinda sem
urbanas do ou blinda
princi- parcial gem
pais mente
regular blin-
dado
vias 0,5 acei-
urbanas tável
secundá
rias

Os valores iniciais para o cálculo devem ser aumentados de


25% para as luminâncias. Para obter os valores de luminância em
função dos iluminamentos e vice-versa, pode-se utilizar a tabela
XIV.

63
Tabela XIV

Tipo de luminária pista seca


escuro claro ajh
Blindada Facho con 24 12 2,5
centrado
-
Facho 16 8 3,0
difuso
Parcial Facho con 18 9 3,0
mente centrado
blindada
Facho 12 6 3,5
difuso
Sem blindagem 12 6 4 ... 5

Obs.: pista seca E/L; escuro-claroluxjcdjm2 ; a = distância


entre postes; h = altura de montagem.

Não é intenção desta publicação o detalhamento de norma .


O leitor deve adquiri-la quando em projetos definitivos.

6.4.1. Exemplo

Suponha-se uma instalação na qual a distância entre postes


é de 3, 5 m, com luminária de facho difuso. Pela tabela IX a
luminância indicada, para pista seca e considerando trânsito
médio, é de 1 nit. Pela tabela XIV:

1 nit x 12 luxjnit = 12 lux, valor do iluminamento.

6.6. CÁLCULO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA

6.6.1. Método das Isolu:x

É possível 1 como visto anteriormente, utilizar a compos1çao


de curvas isolux para a determinação de iluminamentos em uma
instalação. As curvas isolux podem ser apresentadas de três
maneiras pelos fabricantes.
A figura 45 dá um exemplo, da primeira maneira, isto é 1 da
mais comum. Em eixos ortogonais são colocadas as distâncias em
metros, função da altura da luminária. As isolux são referidas
a 1000 lúmens. Em tabela separada são dados coeficientes de
correção das isolux em função da altura da luminária.

64
CORREÇÃO
.Altura de Fator de
montagem (m) correção
9,0 0,61
8,5 0,68
8,0 0,76
7,5 0,87
7,0 1,00
6,5 1,16
6,0 1,36
5,5 1,62
5,0 1,86

IH 3H 4H

Figura 45

Com esse tipo de curva pode-se trabalhar diretamente


conforme o procedimento abaixo:

a) Escolhe-se a altura de montagem da luminária.

b) Coloc~-se as isolux em função dessa altura corrigindo-as,


se necessário.

c) Na mesma escala desenha-se a via a ser iluminada e o


afastamento do meio fio das luminárias.

d) Como as isolux são fornecidas para 1000 lúmens, todos os


valores devem ser referidos ao fluxo nominal da luminária, isto
é:

65
e) Escolhendo-se os afastamentos entre postes, é possível
compor as isolux determinando as curvas resultantes. As curvas
resultantes dariam uma visão total dos iluminamentos da via.

O raciocínio acima pode ser modificado 1 é lógico 1 de acordo


com a necessidade. A utilização de curvas (ou da via) em papel
transparente facilitará a composição.

6.6.2. Exemplo

Calcular o iluminamento do ponto P da figura 45. Altura da


luminária 9,0 m, lâmpada vapor de mercúrio 400 W.

Solução: O ponto P está entre as isolux 0,41 e O1 21 da


figura 46, aproximadamente a 0,36.

Logo:

23000
E 5,06lux
1000

outra apresentação é vinculada ao tipo de luminária e


lâmpada. As isolux são referidas aos lúmens totais, e devem ser
corrigidas em função da altura de montagem.
Outra apresentação é feita em valores relativos, segundo a
figura 46 para cada tipo de luminária.

Pode-se escrever para um ponto

onde: EP é o iluminamento no ponto P.


Erel é o iluminamento percentual dado pela isolux por P.
Em~ é o iluminamento máximo produzido pela luminária.

Figura 46

66
Considerando-se que:

e,

= ( I )
hunitaria

Tem-se:

Como o iluminamento relativo é referido sempre a 1 000


lúmens, levando-se em conta o fluxo total emitido pela lâmpada
e um fator de correção da luminária em particular, dada pelo
fabricante:

. a

6.6.3. Exemplo

Determinar o nível de iluminamento no ponto P da figura 47


no solo. Fluxo total da lâmpada 25 000 lúmens e altura de
montagem 10 m~tros. Os postes estão a 50 metros um do outro. Como
o ponto P está na isolux 20% e a = 0,128:

EP=0,2. 0,128. 25000/100 =6,4lux

67
1H 2H 3H 4H 5H

Figura 47

6.6.4. Método Ponto por Ponto

Como visto anteriormente deste método é que foi originado


o método das isolux. Já foi visto também que aplicando-se a lei
cle Lambert e os diagramas polares, está se aplicando diretamente
o método ponto por ponto.
Uma outra maneira de aplicar o método ponto por ponto é
utilizando os diagramas isocandelas de uma luminária. Considere-
se a figura 4 8 . Pode-se escrever, pela lei de Lambert, expressões
para os iluminamentos nos planos horizontal e vertical no ponto
P.

Figura 48

Assim: No ponto P, sobre o pavimento:

68
Considerando-se a figura 49, o iluminamento vertical, no
ponto P, sobre um plano normal ao plano Zh seria:

Figura 49

O iluminamento do ponto P em relação a um plano vertical e


perpendicular ao eixo da via será:

Evx =

Das figuras anteriores pode-se deduzir que:

z X
cosa: = cosp = ----

6.6.5. Exemplo

Dado o diagrama isocandelas por 1000 lm da figura 50


determinar o iluminamento horizontal em um ponto da via, definido
por x = 5 metros; y = 12 metros. A altura de montagem da
luminária é de 8 metros. Lâmpada de 6300 lm (VM 125W).

69
C[

Figura 50
Solução - Os ângulos são:

8
cosa = : o 1524

logo:

tanp = 12
5

logo:

Pelo diagrama da figura 50, para a= 58,4° e~= 67,4°,

I - 1000 cd
logo:

6300
I = 1000 .
1000
= 6300cd

70
Daí:

1
E= 6300 . cos 2 58 3 "" 14 31 ux
I I
82

6.6.6. Método do fator de utilização ou do fluxo luminoso

Sabe-se que somente uma parte do fluxo luminoso emitido por


uma luminária atinge o pavimento. A relação Fútil/F emitido' em uma
dada faixa do solo, com largura determinada determina o fator de
utilização da luminária e depende da mesma e das dimensões
relativas da via e altura de montagem.

F.U
x.l

u - fator de utilização

x - distância entre luminárias

1 - largura da via

· O coeficiente de utilização da figura 52, por exemplo,


indica a porcentagem de fluxo que a luminária envia a uma faixa
do solo de largura conhecida.
Quando a luminária considerada é assimétrica será necessário
definir dois fatores de utilização, um para a calçada e outro
para a rua. As curvas do fator de utilização são fornecidas
pelos fabricantes e geralmente levantadas a partir dos diagramas
isocandelas ou diretamente, em laboratórios.
Podem ser dadas de três maneiras diferentes, a partir das
dimensões da figura 51 abaixo, figuras 52, 53, 54.

Figura 51

71
/ ~ FlUA

COEF.
DE
I
/
UTIUZACÃQ
Iv
Iv
j
......- --
LAD<
CALC ADA

v AELACÃO L- o ou o
h h
Figura 52

0,5 0,5

0,4 ,/
/
/ /
LAD i'II.IA
VLA 00 I'I'A

0,2 / ~ J
I
O,!
~
CALCAI

H
"\ O
Figura 53
I
H 2H
O,I

~
LAOO
CALC M

5O"
"" '\V
30"
Figura 54
O" 30" 'l!t:P 9 O"

Embora as curvas das figuras anteriores sejam basicamente


semelhantes 1 deve-se observar algumas diferenças na aplicação.

6.6.7. Exemplo

Utilizando as curvas do fator de utilização da figura 53,


verificar a iluminância da rua, lado das luminárias, isto é, com
disposição unilateral das luminárias. Considerar a rua com 10 m
de largura e a calçada com 3 m. Altura eficaz da luminária 10 m,
com lâmpada a vapor de mercúrio de 400 W1 fluxo de 23000 lm.
Espaçamento entre postes 50 m. Supor a luminária no limite da
calçada.

Solução: 1 = 10 = 1 H. Logo o meio fio esta a 0,5 H e a


calçada a 3/10 H= 0,3 H.

Logo:

para o lado rua

lado calçada uc. = 10, 10

72
Uc""0,10
UR "" 0, 36

Logo:

E = _o_.:.,_3_6_ _2_3_o_o_o =20,7lux


m 8 50

Verificar a iluminância lado oposto às luminárias, na rua.

Solução: A largura a considerar será 13 m, isto é, 1,3 H


(considerar a calçada também).

Logo:

0,36- 0,10 = 0,26

0,26 . 230000 "" 15 lux


8 . 50

Supondo as luminárias de ambos os lados da rua.

A iluminância do lado direito produzida pela luminária do


mesmo lado seria a calculada no exemplo 1. Devida a luminária do
outro lado seria a do exemplo anterior.

Logo: 28,7 15 = 31,2 lux

6.6.8. Método das luminâncias

Em capitulo anterior foi visto o conceito de fator de


luminância, isto é , foi definido como o fator de
proporcionalidade entre o iluminamento e a luminância L = qE. o
fator de luminância (ou coeficiente de luminância) é função das
caracteristicas refletivas dos pavimentos das vias e depende da

73
posição do observador, em relação a um ponto x, visando,
conforme a figura 55.

Figura 55 Figura 56
Recomendações da CIE referente ao nível e a distribuição de
luminâncias, segundo a tabela 13, são o resultado da necessidade
de métodos mais precisos para o cálculo de iluminação pública.
O principal problema com o método das isolux é que a medida
ou o cálculo do iluminamento horizontal é artificioso, isto é ,
não corresponde a realidade em relação ao olho humano por não
considerar as reflexões das vias em relação ao ângulos de visada.
Supondo um observador em uma via, visando um ângulo variável
de 60 a 160 metros e considerando a altura do olho a 1,5 metros
do piso (por ser a altura média de um motorista sentado), de
acordo com a figura 56, o ângulo de visada é da ordem de 1°' no
sentido longitudinal. Em sentido transversal o observador, em
relação a luminária, terá a possibilidade de ampla variação na
percepção das luminâncias, especialmente em curvas.
Pode-se medir as luminâncias, em relação ao observador,
entre 60 e 160 metros, para um dado tipo de luminária e
pavimento, obtendo-se um diagrama de isoluminâncias segundo a
figura 57.

·-·-·-~

f6o m

Figura 57

74
É evidente que dependendo do tipo de luminária e do
revestimento da via será obtido um diagrama de isoluminâncias.
A padronização dos tipos de revestimento das vias associada aos
tipos de luminária dariam um resultado com excelente aproximação.
Por proposta da CIE 1 os pavimentos podem ser classificados
como Ru Rn 1 Rrn e RN. A classe Rn é a de reflexão aproximadamente
difusa, válida para asfalto e concreto.
Note-se também que a parte do diagrama da figura 57,
realmente importante está a direi ta da luminária pois é que
"refletirá 11 para o observador. O plano vertical que passa pelo
observador e pela luminária, paralelo ao eixo da via é chamado
de plano referência.
Um dos métodos de cálculo de iluminação por luminância
propõe para expressão da luminância média a expressão:

F
TlL lx

onde ~L é o rendimento de luminância.


O rendimento de luminância depende da luminária e das
relações entre altura da luminária e dimensões da rua. Depende
também das reflexões da via em relação a posição do observador.
Os fabricantes fornecem curvas de rendimento de luminância,
semelhantes às do coeficiente de utilização, segundo a figura 58.

0,4r------+------+-----~------~

o H 2H 3H

Figura 58

As curvas A, B e C são respectivamente para o observador


situado no lado rua a uma distância h da fila de luminárias,
observador situado no prolongamento da fila de luminárias e
observador a uma distância h da fila de luminárias no lado
calçada.
Outros autores subdividem o rendimento de luminância num
fator de luminância qo conforme o tipo de revestimento da via,
normalizado, e em um fator que representa o efeito da combinação
entre o rendimento da iluminação, reflexões e posição do

75
observador 1 ou seja:

sendo fd.o fator de depreciação.

76
7. ILUMINAÇÃO POR PROJETORES

7.1. INTRODUÇÃO

A iluminação por projetores pode ser feita de


diversas maneiras e com conceitos um pouco diferentes
em relação à aplicação. Essa iluminação pode ser feita em
grandes áreas ao ar livre, pátio de manobras de aeroportos;
edifícios e monumentos; jardins 'P parques; campos desportivos.
De acordo com a definição projetor é um aparelho
destinado a produzir um feixe de luz em uma direção determinada.
A definição pode será válida tanto para o conjunto lâmpada/
projetor corno para lâmpadas projetoras, construídas para
funcionarem sem nenhum outro dispositivo óptico complementar.

7.2. CLASSIFICAÇÃO

7.2.1. Conforme a Abertura do Facho

Os projetores podem ser de facho largo (e ~ 70°) ; facho


médio (e ~ 35°) e facho estreito (a ~ 25°). Atualmente o ângulo
e é definido com o ângulo que considera sementes as
intensidades luminosas, na curva polar, que sejam superiores a
50% do valor máximo.

7.2.2. Segundo a Construção

Os projetores podem ser abertos ou fechados. Isto é, com


ou sem dispositivos ópticos frontais.

7.3. Diâmetro do Facho

O diâmetro do facho da luz projetada pode ser calculada por:

e = D 2tan ~

sendo de acordo com a figura 59.

onde: D - Distância ao anteparo;


e - ângulo de acordo com o item 7.2.1;
e - diâmetro de projeção.

77
Figura 59

Note-se entretanto que essa projeção dependerâ do tipo do


projetor.
De acordo com a I.E.S. (Illuminating Engineering Society) os
projetores podem ser de três tipos.
1. Com simetria rotacional, refletor parabólico, de acordo
com a figura 60.

Figura 60
Esse projetor atende à definição dada anteriormente para
ângulo, diâmetro de facho, etc.

2. Com dois planos de simetria, lâmpada geralmente linear,


refletor cilindrico parabólico, figura 61.

Figura 61
3. Com um plano axial de simetria e assimétrico no plano
vertical, figura 62.

Figura 62

7.3.1. Diâmetro de Facho Elíptico

Projetor simétrico, montagem obliqua. o facho pode ser


determinado considerando-se o diâmetro maior da elipse e o
diâmetro menor, de acordo com a figura 63.

h.

I1 ,.,... ..... --rI --~~---L--,_


-- . . . . . . . . . .
t~ I ',
r,~ - - - r - - - -} 2b
I ' .... _ I ,. ""I
-- --~-- ~-~----1--...!11-

~ za ~

Figura 63

79
a h sen 2 8
2 cos 2 8 - sen 2 ~

D área seria dada por A = rr a b

7.3.2. Método Gráfico Para Determinar a Elipse

Suponha-se um projetor simétrico em P da figura 64 com um


ângulo de facho APB. A intensidade máxima, centro do facho atinge
a superfície no ângulo PAZ, menor que 90°. O eixo maior de área
elíptica é A, B.
Metade do comprimento do eixo menor é representado pela
linha XY que passa pela bissetriz de AB; em c e é perpendicular
a extensão de PZ.

Ãngul o de facho ~

1
12 angulo de
facho~
2

A
B

Figura 64

7.3.3. Determinação de Assimetria Para Projetores

Os fabricantes em geral não fornecem os ângulo de


assimetria de seus projetores. É possível determiná-los,
aproximadamente, pela definição de ângulo feita em 7.2.1. ou a
partir das curvas candelas x ângulo em coordenadas retangulares
fornecidas pelos fabricantes, valores superiores a 50% do valor
máximo, conforme visto anteriormente.

80
7.4. ILUMINAçÃO DE EDIFÍCOS, MONUMENTOS E OBRAS DE ARTE

Essa iluminação tem um grande efeito decorativo. Deve-se


lembrar que dependendo da cor o objeto a iluminar há grande
influência da cor da luz.
Por outro lado a distância entre projetores e ao objeto deve
ser cuidadosamente escolhida, tanto em relação ao efeito desejado
quanto a possibilidade de molestar transeuntes ou o tráfego de
veículos.
A tabela XV indica valores recomendados para a iluminância
em função da refletância de edifícios e de suas vizinhanças.

Tabela XV

Refletância da Iluminância em lux do edifício ou


superfície do monumento em função dos arredores
Edifício
Porcentagem ~
o arredores
claros escuros
70 a 85 80 20
45 a 70 100 25
20 a 45 200 50
10 a 20 400 100

7.5. CÁLCULOS DE ILUMINÂNCIA EM EDIFÍCIOS E OBRAS DE ARTE

7.5.1. Métodos dos Lúmens:

o fluxo luminoso dirigido ao objeto será:

F= A.E
11

onde: F - fluxo luminoso em lúmens, total


E - iluminância desejada lux
A - área m2
rJ - fator de utilização que já leva em conta o
rendimento do projetor e as perdas da luz e a
dispersão do fluxo.

o fator de utilização varia de 0,25 a 0,35. o número de


projetores será:

F
n =
F por projetor

81
7.5.2. Método da Intensidade Luminosa

Sabe-se que,

I ou

onde D é a distância perpendicular ao objeto.


De acordo com a figura 65 1 pode-se escrever:

COS OC
H
=
Eh
D Ea

I
Eoc =

Porém:

Eh = Ea cosoc
Ev = Ea sena

Eh

v
h

Figura 65

I
Eh = cos 3 a
Hz
I
Ev = cos 2 oc sena
Hz

82
7.5.3. Exemplo

Deseja-se iluminar uma estátua colocada a uma a altura de


20 m. A estátua tem 5 m de tamanho. Para isso colocou-se no
telhado de um prédio, a 10 m de distância, um projetor cuja curva
característica é dada abaixo. O prédio tem 8 m de altura, figura
66.

5m~I~~ ~----_

8m

10m

Figura 66

Apontando o projetor para meio da estatua: e calculando um


facho aproximado por uma circunfêrencia (Na realidade é uma
elipse), figura 67.
Pela curva fotométrica 8j2 = 20°. Logo o semi diâmetro
do facho será:

d = 1 O . tan 2 Oo = 1 O . O, 3 6 4
2

logo: e = 7, 28m (recobre a estátua)

então:

tan a 14,5 1,45 donde a = 55,408°


10

logo:

cos 55,40° = 0,568

83
adotando:

11 = 0,35; E= = 71,4 lux

portanto:

I
7 1 ' 4 (1 0 ) 2 " 2 213 1 cd
(0,568) 2

Pelo diagrama fotométrico a intensidade máxima é de 800


cd/1000 lm. Logo para 22131 cd deve-se ter 27670 m.Dai
escolher-se lâmpada HPLN - 700 W (35000 lm) ou 2 projetores de
HPLN 400 W (25200 lm).

1.5.4. Observação

É interessante que haja recobrimento dos fachos dos


projetores em relação a área que se pretende iluminar. A figura
abaixo, vista de frente ilustra o procedimento.

lOI V
9 o•
8 oo , . . . . . ...... -...... > -...
7 00 / /v' /'-' / ' '' ''\
I 1 \I , 1 \I \
f \ \f
60C'
5()0
'\
--~---~-
I
t- -~--r----+-
Ij \

40" \ \ ;\ 1\ ,\ J

30
t::.V
"r---..
- ....... .......
....,_ r-. I-.
'
'.....
, / , / , 1 ,
~.-..~>:::::....:::''-1-~:;......:::,....._--::/:...."'..:::...+-...:.>~-..~--
/;

e
-- /
I

lv ...... .......
v
o 100 200 300 400 500 800 700 800

Figura 67

7.5.5. Iluminação de Áreas Específicas

Devido a problemas de custo 1 distância econômica ou


possibilidade de colocação de postes 1 prefere-se em mui tos casos,
fazer a iluminação de áreas por projetores. Por exemplo, em
pátios ferroviários, cais de porto, construção civil etc.
A tabela XVI, abaixo, fornece valores aproximados para
locais diversos e a tabela XVII para atividades esportivas.

84
Tabela XVI

I Local I Lux I
Parques de estacionamento 50
Postos de gasolina 100
Postos de lubrificação 200
Cais de portos 90
Construção civil 100
Depósitos 100

Tabela XVII

I Esporte I Lux I
Basquetebol 100 a 500
Futebol 100 a 500
Tenis 100 a soo
Box 1000 a 5000
Piscinas 100
Pistas de corrida 100 a 200
Voleibol 100 a 200

7.5.6. Método do Fluxo Luminoso:

ou dos lúmens considerando depreciação e utilização


semelhante ao utilizado para cálculo de iluminação interior.
Baseado na expressão:

F= ESd
11u

onde: d - coeficiente de depreciação


~u - coeficiente de utilização

o conceito do coe f i ciente de depreciação é semelhante ao


utilizado anteriormente e pode ser definido aproximadamente de
acordo com o projetor. Se o projetor é aberto f isto é f sem
proteção para lâmpada, como aproximadamente 1,55. Se fechado,
admite-se da ordem de 1,35.
o coeficiente de utilização vai depender da- área que deve
iluminar. Será necessário uma estimativa inicial, utilizando-se
da expressão geral acima, onde inicialmente será tomado como
unitário.

85
Da estimativa inicial calcula-se o número de projetores.

n = F I F por projetores

Após ter calculado o número aproximado de projetores,


determina-se o coeficiente de utilização pelas regras abaixo:
a) Se 50% dos projetores 1 ou mais, tem o seu facho dentro da
área a iluminar 1 ~u = 0 1 75;

b) Se de 20% a 50% dos fachos estão dentro da área, ~u = 0 1 60;

c) Se menos de 20% dos fachos estão na área a iluminar, ~u =


0,40.

Para a determinação das áreas iluminadas pode-se utilizar


as relações de parágrafos 7.3.1, 7.3.2 ou 7.3.3. Desenhando-se
em planta, em escala, os diversos diâmetros aproximados, pode-se
chegar a conclusões sobre a escolha do coeficiente de utilização
adequado.

7.5.7. Exemplos

7.5.7.1. Iluminar a fachada de um prédio histórico

Iluminar a fachada de um prédio histórico medindo 50m x 30m


conforme a figura 68.
Iluminância requerida 50 lux. Adotando solução com
projetores à frente da fachada de 10 a 15 m de distância.

F = 50 · 3 0 · 50 Slri 214 2 8 5 lm
0,35

Figura 68

86
Adotando projetores com lâmpadas HPL N 400 w,
23. 000/projeto;ç,

214285 " 10 projetores


23000

Adotando 400 W sódio (amarela),

214285
" 5 projetores
43000

Será necessar1o verificar se os projetores recobrirão toda


a fachada do edifício.

7.5.7.2. Exemplo
Deseja-se calcular a iluminância em um quadro a óleo a
partir de lâmpada quartzo-halógena colocada no teto conforme a
figura 69 abaixo.
A lâmpada halógena, com refletor dicróico, tem 50 W de
potência, facho aberto 40°, intensidade luminosa no centro do
feixe 1500 cd, de acordo com a curva abaixo.

1,3m
cd
uoo

1,5m

000

30 20 &O O iO to 30
QUADRO i,5x1,5m
ANGULO(g~)

Figura 69

Pela formulação do item 7.3.1, os eixos maior e menor da


elípse projetada podem ser dados por:

a = h a= 1,42 m; 2a = 2,84 m
2

87
b a b o 1 998 i 2b

Logo o facho projetado recobre o quadro. O iluminamento no


centro do quadro será:

Na margem inferior do quadro:

Ea
1500 cos 2 45,7° = 182 lux
22

Pode-se: sobre esses valores, considerar depreciação.

Resolução usando construção geométrica. De acordo com a


figura 70 1 abaixo:

Figura 70

88
7.5.7.3. Exemplo

Verificar o iluminamento médio da quadra de tenis abaixo.


Projetores assimétricos, dois por poste. Altura dos postes 12 m.
As curvas dos projetores estão na figura 71. Lâmpadas vapor
metálico HPI 400 W, fluxo nominal 28000 lm.

-r--

()
12. m

o
6,40m

E
N
I

....E
-

- f--
E
N

u u
12. m

24m
J
cd/ 1000 m

~.e!
r\ ..... l;e
""' ~
\
r\
' '(
t
\

' ....... '


to o

I\
'' I
..... r-- ~ l

Figura 71

89
lOm.

5,5

Figura 72

Tomando um projetor apontando para o meio da quadra e


calculando os ângulos de abertura horizontal e vertical, figura
71. Horizontal (CD) - 40°, Vertical (AB) - 15°·

Eixo menor da elipse:

tana =

Logo:

90
15 + 11,3 = 26,3°

Então:

tan 26 3I
= 41 5 0,45
10

Logo:

10
d = 10,96 m
COS 24122°

y = d tan 15 = 10,96 x z 2, 9 m

Logo o eixo menor aproximado 2 . 29 = 5,8 m e cobre meia


quadra.

Eixo maior da elipse

Figura 73

91
e = 10,96. tan 40° = o, 196 - 9, 2
2e = 18,4 m

Cobre mais que meia quadra, no comprimento. Logo, pode-se


afirmar que cada dois projetores podem cobrir integralmente mais
que meia quadra.

Estando 50% de recobrimento devido as sobras laterais.

7Ju = O I 6 d = 1,35 (projetores fechados)

Tomando área iluminada com margens laterais de 2 m e 6 m nas


extremidades.

Área total 36 x 15 m.

E= 8. 28000.0,6 '~~ 184 lux


36 . 15 . 1,35

Considerando só a área da quadra:

ES!370lux

Projetor na vertical apontado para baixo é mui to usado,


figura 74. As seguintes relações podem ser tiradas da figura:

92
o
A

tan a = z
h

X
tan AB
h

tan CD = y
h.

Figura 74

7.5.7.4. Exemplo

Calcular, utilizando as curvas abaixo, o iluminamento do


ponto P, de coordenadas x = 5 m ey = 8 m. O projetor está a 12
m de altura, apontando para baixo. Lâmpada a vapor metálico 400
w.
93
CURVA ISOCANDELA/1.000 lm CURVA DE DISTRIBUIÇÂ0/1.000 lm
COM LÂMPADA HPIIT 400W COM LÂMPADA HPI/T 400W

' ! I 11 j
2CP
I
'
'
,
! • \ ~ I I ; I :X I jl I f I

j,
60 90 120 150 18C 2!C 240 cd

Figura 75

z 9,43 m

A
5
tan AB = = 0,417
12

Logo:

/\.
8
tan CD = o167
12

Logo:

A
CD 33,7°

94
Â
Para AB = 22,6° da curva polar, I= 25 cd/1000 lm.
Para êo = 33,7° da curva polar, I = 180 cd/1000 lm.
Logo a média no ponto P será 202 cdf1000lm

Da curva de distribuição para


A
AB = 2 2, 6° e CD = 3 3, 7°

pode-se tirar que o ponto está sobre a isocandela de 200 cd. Logo
considerando como média 200 cd/1000 lm tem-se:

IP = 200 .
28000 = 5600cd
1000

tan a = 9,43 =
12

Logo:

Então:

E = 5600cos 3 38,16 18,9 lux


pH 122

Notar que na vertical, ponto Q, pode-se ter com facilidade


cerca de 225 cd/1000 lm, pela curva de distribuição. Logo no
ponto Q:

28000
I 0 = 225 .
1000
= 6300 cd

6300 = 43,75 lux


12 2

95
8. BffiLIOGRAFIA

01. Associação Br~sileira de Normas Técnicas Rio de Janeiro


NBR 5101 - Iluminação Pública - Especificação, 19 pg. 1985.
NBR 5332 - Verificação de Iluminação de Interiores, 6 pg.
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NBR 5461 - Iluminação Terminologia, 78 pg. 1980.
NBR 8184 - Lâmpadas Fluorescentes e Luminárias - Medição de
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IluminaÇão Interior
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Iluminação Elétrica
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02, General Elêctric do Brasil Ltda., Rio de Janeiro
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