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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Direito – Fundamentos do Direito Público


São Paulo, 31 de agosto de 2021
Prof.ª Dr.ª Helga Klug Doin Vieira
Beatriz Helena Maguetta Feitosa – DIR – MA1
Ficha de leitura
A HERANÇA DA
GRANDE REVOLUÇÃO
(Norberto Bobbio)

A revolução francesa e a independência do América do norte foram eventos de suma


importância no desenvolvimento na sociedade. Porém, ocorre um erro ao se comparar os
dois momentos, indicando qual é o “melhor” em comparação ao outro. Bobbio afirma que
enquanto um se trata na construção de uma constituição (independência), o outro fala sobre a
derrubada de um regime (revolução francesa). Norberto justifica com Pierre Victor Malouet
que enquanto o povo novo (americanos) almejava sua liberdade, os franceses esperavam do
governo uma maior segurança no trabalho, os deixando independentes.
Bobbio também cita as diferenças nos dois textos, mesmo quando ambas as
declarações se basearam no direito natural, tal distinção se dá declaração francesa possuir a
“vontade geral” como titular no poder legislativo. Ele também cita a revolta causada ao se
afirmar que o homem possuía direitos (tais como a vida), isso porque usado o exemplo da
idade média, é possível notar a relação de desigualdade entre governante e o governado, com
altos impostos e dependências do escalão mais baixo da comunidade. Usando as críticas de
Locke, sobre o poder de governar se derivar diretamente dos antigos patriarcas, e Kant, onde
esse apontava a submissão dos súditos, independente das suas vontades. Entretanto, para
colocar as teorias em práticas, era necessário a quebra da teoria tradicional.
Teoria que fala sobre como o homem nascia pertencente a um grupo, não nasciam
livres, por estarem num grupo social, a família, nem iguais, por se tratar de pai e filho, há
uma hierarquia, e que somente pelas leis naturais, essas que não foram criadas por uma
autoridade, é se poderia se sustentar uma sociedade de homens livres e iguais. Bobbio assim,
aponta que a ideia dos ser vivo ser livre e igual se baseia na razão e não num dado histórico.
Bobbio mostra que numa concepção orgânica da sociedade, a sua organização política é a
conservação do todo e as partes estão em um todo, já na concepção individualista, o todo é o
resultado da livre vontade das partes.
Dessa concepção individualista surge a democracia moderna, baseada não na
soberania do povo, mas sim, dos cidadãos. Bobbio fala como a palavra “povo” perde sua
força ao longo de seu uso e que quem toma as decisões coletivas indireta ou diretamente
sempre será o cidadão capaz de votar. Caso não fosse assim, adiciona Norberto, não faria
sentido leis criadas para a maioria, algo decido por meio de votos.
Durante a declaração foi encontrado duas definições divergentes: uma que defendia
que a liberdade do indivíduo acabava quando se tornava nociva a outro, a segunda se tratava
na liberdade definida pelo poder do Estado. A liberdade pessoal também gerou controversas,
visto que de um lado veio da carta “Bill of rights” e a outra veio a partir da “rule of law”,
sendo a primeira uma liberdade arbitraria e a segunda vinda de um Estado liberal.
Outro assunto falado é o uso de um direito de resistência para anular uma lei natural,
algo duramente condenado pois, se tira algo natural, se torna autoritário. Há também aqueles,
jusnaturalistas, que afirmam que os direitos naturais são imposição do Estado e que dessa
forma eles deixariam de ser naturais. Uma última crítica vinda do positivismo jurídico,
afirma que s direitos naturais são direitos públicos subjetivos e que são uma limitação que o
próprio Estado impõe a si.
Após a segunda guerra mundial, fo9i definido que os direitos naturais estariam acima
dos Estados particulares, para que assim se tenha uma maior igualdade. E embora a
revolução francesa tenha sido violenta, algo criticado pelos historiadores, foi o início da
abertura de discussões sobre os direitos e liberdade do homem.

Conclusão:

1. Embora ambos os eventos tenham marcado no avanço do direito e política, é errado


comparar e até mesmo classificar qual foi o melhor, visto que embora tenham surgido
da mesma base, direito natura, possuem claras diferenças.
2. Para Edmundo Burke, por mais que os indivíduos desapareçam como sombra, a
comunidade continua fixa e estável e ao destruir o individual, estará também
destruindo o poder e a lei. Assim a liberdade do cidadão vem em primeiro lugar para
depois vir a criação das leis.

Bibliografia:
Bobbio, Norberto Bobbio. A Era dos Direitos, capítulo: A herança da grande evolução,
págs. 49-56. 7ª Edição, São Paulo, Elsevier, 2004.

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