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1 INTRODUÇÃO

O aumento prolongado da glicemia em associação com o mal controle do diabetes

podem ocasionar danos em vários órgãos e sistemas, levando a complicações

crônicas do diabetes mellitus (DM), e como consequência uma diminuição da

qualidade de vida, incapacidades e até mesmo o óbito. (1)

O pé diabético é uma infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos profundos que

são associados com neuropatias e diversos graus de doença vascular periférica no

membro inferior. É caracterizado por complicações que afetam o pé do paciente com

diabetes mellitus, resultando em uma interação de três fatores: neuropatia, isquemia

e infecção (18). O não reconhecimento precoce desse agravo pode ocasionar uma

evolução do quadro para gangrena e até mesmo amputação do membro acometido

(4).

São reconhecidos diversos fatores de risco para o desenvolvimento de pé diabético,

os principais são a ausência da sensibilidade protetora, deformidade e trauma nos

pés, uma idade avançada, diabetes melitos de longa data, mau controle glicêmico e

baixa escolaridade (6)

Uma das complicações crônicas mais comuns do diabetes é o pé diabético,

acometendo cerca de 15% dos pacientes com DM no decorrer de sua vida.

Complicação essa, que é uma das causas de alta taxa de amputação, internação

prolongada e alto custo hospitalar em nosso meio (5)

Amputações de membros normalmente estão relacionadas com diversos problemas,

como alterações vasculares, traumatismos, neuropatias, diabetes, tumores, infecções

e deformidades congênitas. Dessas amputações aproximadamente 85% são membros

inferiores, e cerca de 40 a 60% das amputações não-traumáticas de membros

inferiores (MMII) que se realiza no Brasil estão relacionadas com Diabetes Mellitus

(DM)(7)
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A conduta médica no Brasil relacionada a amputação maior ou menor é comumente

utilizado em tratamento de pacientes com diabetes e analisa-se que fatores como,

condições socioeconômicas, comorbidades, idade, hábitos de vida como etilismo e

tabagismo, duração da diabetes, uso de calçado improprio, grau de escolaridade,

curativo realizados adequadamente interferem significativamente em amputações

maior ou menor do pé diabético (4)

Um paciente quando se submente a um procedimento de amputação passa por

alterações no seu cotidiano e em sua qualidade de vida que são causadas por

mudanças relacionadas a limitações físicas, necessidade de uso de dispositivos ou

próteses que ajudam na mobilidade, sujeito a dependência total ou parcial, além dos

efeitos causados na vida social. (7)

As complicações do diabetes mellitus nos membros inferiores favorece a um

aumento progressivo para a carga de incapacidade em toda a população mundial.

Além das grandes mudanças na vida do paciente a amputação dos membros leva ao

encarecimento nos custos vinculados a enfermidade e também um aumento na

mortalidade pós-operatória de curto e longo prazo. (16)

A mortalidade entre diabéticos é alta, em 2015 foram registrados mundialmente 5

milhões de mortes consequente do diabetes. Além disso, foi constatado que a taxa de

mortalidade de diabéticos com ulceras nos pés é duas vezes quando comparada com

aqueles que não apresentam as ulceras. Identificou-se baixas taxas de sobrevida

naqueles pacientes sujeitos a amputação maior de MMII, onde 10% evoluem ao óbito

no período perioperatório, 30% após o primeiro ano do procedimento, aumentando

para 50% no terceiro ano e 70% no quinto ano. (19)

Em países em desenvolvimento esses dados podem aumentar pela tendência da

busca pelo atendimento médico quando a ulcera está com a infecção em estagio

avançado, elevando os riscos de amputação e óbito. (19)

O presente estudo tem como objetivo apresentar um caso clínico de uma paciente

admitida no do Hospital São Francisco de Canindé, que foi submetida a uma cirurgia
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de amputação suprapatelar do membro inferior direito em consequência de um pé

diabético.

Caso Clínico

Paciente do sexo feminino de 84 anos, branca, casada, aposentada, natural de

Paramoti-CE, sem antecedentes de Diabetes Mellitus foi admitida no Hospital São

Francisco de Canindé-CE, com necrose gangrenosa na perna e pé direito com

aproximadamente 7 dias de evolução, após a admissão foi diagnosticada com DM

tipo II. Foi internada para realização de debridamento, antibioticoterapia com

duração de 8 dias e controle glicêmico, porém sem sucesso. A paciente teve que ser

submetida a cirurgia de amputação suprapatelar do membro inferior direito, com

incisão de “boca de peixe” a nível do terço distal da coxa direita.

Figura 1. Cirurgia de amputação realizada dia 31/08/2022.

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