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Tutela de Urgência
Prioridade de tramitação
1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
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Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.
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Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.
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Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):
I - a execução de ações:
[...]
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
A autora é estudante e a sua situação econômica bem como a de sua família
não lhe permitem arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem
que isso implique em prejuízo ao seu sustento e de seus familiares (conforme
declaração em anexo e documentos que comprovam sua ausência de renda e a
renda dos seus pais), razão pela qual, requer-se a este Juízo que seja deferido o
benefício da gratuidade da justiça, nos termos do artigo 5º, inciso LXXIV da
CF/885, bem como com fulcro no art. 986 e seguintes do CPC/15 e ainda o disposto
na Lei 1.060/50.
2 - TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA
3 - DOS FATOS
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
[...]
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
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Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
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Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de
doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro
de 1988 ;
§ 1º A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade
judiciária competente para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo as providências a serem cumpridas.
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Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
[...]
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou interessada, em todos os
atos e diligências.
A autora, uma jovem de apenas 21 (vinte e um) anos, relata que
subitamente, em meados de agosto de 2020 começou a ter dificuldades para
engolir e para respirar.
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Uma doença autoimune surge quando o nosso sistema imunológico começa a produzir anticorpos de forma
inapropriada, ou seja, são anticorpos que vão atacar e destruir elementos e estruturas saudáveis do nosso próprio
organismo.
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Fonte: https://www.mdsaude.com/neurologia/miastenia-gravis/
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É uma desordem que afeta os músculos dos membros (braços e pernas) causando fraqueza anormal dos mesmos.
o qual foi essencial para manter a sua vida e que propiciou que alguns dias depois
fosse possível lhe dar alta hospitalar.
Após o controle dessa crise que quase ceifou a vida da autora, passou-se a
fase de estabilização da doença, a qual envolveu uma combinação de diferentes
fármacos que atuam no organismo de forma distinta visando evitar novos crises.
Neste sentido, e conforme relatório médico (em anexo), a autora já fez uso
de inúmeras substâncias, tais como:
Prednisona;
Piridostigmina;
Azatioprina; e
Ciclofosfamida.
Ocorre que nenhum desses fármacos manteve estável a saúde da autora, que
já há quase 1 ano se mantém entre idas e vindas ao hospital, com sua saúde se
deteriorando a cada dia e sem conseguir estudar, trabalhar ou auxiliar sua família.
A angústia causada por essa dúvida inclusive é fator que pode desencadear
novas crises conforme consta no próprio Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas da doença, logo em sua introdução: “A miastenia gravis (MG) é uma
doença autoimune da porção pós-sináptica da junção neuromuscular caracterizada
por fraqueza flutuante que melhora com o repouso e piora com o exercício,
infecções, menstruação, ansiedade, estresse emocional e gravidez (1).
A fraqueza pode ser limitada a grupos musculares específicos (músculos
oculares, faciais, bulbares) ou ser generalizada (2 3). A crise miastênica é definida
por insuficiência respiratória associada a fraqueza muscular grave(1)”.
A médica deixa bem claro que, apesar de ser uma medicação de uso off
label, o fármaco em tópico é muito utilizado e eficaz como opção terapêutica
em diversos países, sendo que as opções mais convencionais em uso no Brasil já
foram utilizadas sem sucesso e a autora teve melhora terapêutica significativa
apenas após iniciar o uso do medicamento aqui pleiteado. A eficácia inclusive
pode ser comprovada nos próprios exames laboratoriais da autora.
Como bem destacado, a autora tem apenas 21 (vinte e um) anos, iniciando
sua vida e já encontra-se com comprometimento da capacidade de locomoção,
sendo que, a ausência da medicação na forma prescrita poderá colocar em risco
também funções vitais.
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Produzida pelo Hospital Israelita Albert Einstein.
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Disponível em: https://www.cnj.jus.br/e-natjus/pesquisaPublica.php <digitar miastenia>
“Em diversos centros é encarado como terapia de primeira
linha por especialistas. Estudos observacionais sugerem
benefício do micofenolato em longo prazo. Um estudo
retrospectivo de dois centros incluiu 102 pacientes com
miastenia gravis anticorpo anti receptor de acetilcolina
positivos que foram tratados com micofenolato sozinho ou
micofenolato e prednisona. Oitenta por cento dos pacientes
em seguimento por mais de 24 meses tiveram um desfecho
favorável com mínimas manifestações clínicas e a dose de
prednisona foi baixada após 12 meses. Após 24 meses, 55
por cento dos pacientes deixaram de usar prednisona (Heir
MK, 2010)”.
5 - DO MÉDICO PARTICULAR
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Meriggioli MN, Ciafaloni E, Al-Hayk KA, Rowin J, Tucker-Lipscomb B, Massey JM, Sanders DB. Mycophenolate
mofetil for myasthenia gravis: an analysis of efficacy, safety, and tolerability. Neurology. 2003 Nov 25;61(10):1438-
40. doi: 10.1212/01.wnl.0000094122.88929.0b. PMID: 14638974.
da demora no seu diagnóstico e consequente demora para início do seu tratamento
pois seus sintomas por meses apenas foram piorando.
6 - DA MEDIDA LIMINAR
Com fundamento no que dispõe o artigo 300, do CPC, caput e § 2º, requer-
se, liminarmente, a antecipação dos efeitos da sentença, no sentido de determinar
que o Réu forneça à Autora, no prazo máximo de 10 (dez) dias, o medicamento
Micofenolato de Mofetila nos seguintes termos prescritos pelo médico assistente:
1,5 g por dia (correspondente à 3 comprimidos por dia), totalizando 2 caixas com
90 comprimidos / mês, por período indeterminado.
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(TJSP; Remessa Necessária Cível 1026864-40.2016.8.26.0053; Relator (a): Antonio Celso Faria; Órgão Julgador: 8ª
Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 7ª Vara de Fazenda Pública; Data do
Julgamento: 25/04/2019; Data de Registro: 25/04/2019)
Nacional de Medicamentos – RENAME/2020 do Componente Especializado da
Assistência Farmacêutica.
Nesse sentido, de maneira mais contundente dispõe o art. 196, da CF, que:
Dessa forma depreende-se que é dever do Estado garantir aos seus cidadãos
o direito à saúde, sendo inconcebível a recusa ao fornecimento do medicamento
MICOFENOLATO DE MOFETILA, pois comprovadamente necessário para
evitar a piora das incapacidades da autora, acometida de grave doença.
O medicamento postulado pela parte autora é devidamente
padronizado/incorporado pelo SUS e consta na Relação Nacional de
Medicamentos Essenciais – RENAME/2020
(https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_medicamentos_rename_2020
.pdf). Sendo assim, deve ser respeitado o princípio da integralidade garantido
constitucionalmente no que tange ao direito à saúde. A Relação Nacional de
Medicamentos Essenciais – RENAME “compreende a seleção e padronização de
medicamentos indicados para atendimento de doenças ou de agravos no âmbito do
SUS”.
A negativa da medicação se deu sob a justificativa de que o medicamento
MICOFENOLATO DE MOFETILA não está contemplado no Protocolo
Clínico e Diretrizes Terapêuticas para o tratamento da patologia da autora.
Sobre o uso do medicamento não constar em bula (uso off label) para
a patologia da autora citamos a NT 26913/2021 emitida pelo próprio Conselho
Nacional de Justiça através do Núcleo de Avaliação de Tecnologia e Saúde
(projeto do CNJ em conjunto com o Ministério da Saúde em parceria com o
Hospital Sírio Libanês (e-NatJus CNJ) e disponível em: https://www.cnj.jus.br/e-
natjus/pesquisaPublica.php <digitar miastenia> a qual num caso idêntico ao da
autora concluiu que:
“ [...]
Conclusão Justificada: Favorável
Conclusão: CONSIDERANDO que o paciente é acometido
por doença crônica, chamada miastenia gravis, que demanda
tratamento com imunossupressão crônica;
CONSIDERANDO que o paciente já fez uso dos três
medicamentos de primeira linha para a imunossupressão na
doença (prednisona, azatioprina e ciclosporina) e apresenta
intolerância Página 4 de 5 por efeitos colaterais a eles;
CONSIDERANDO que o micofenolato de mofetila é opção
imunossupressora para miastenia gravis aceita em diversos
consensos internacionais e com estudos que sustentam
possível eficácia;
CONCLUI-SE que há elementos técnicos que permitem a
prescrição e o uso da droga no caso em tela;
Há evidências científicas? Sim
Justifica-se a alegação de urgência, conforme definição
de Urgência e Emergência do CFM? Sim
Justificativa: Com risco potencial de vida
[...].”
10 – DAS PROVAS
11 - DOS PEDIDOS
Ex positis, a autora requer:
a) Seja concedida, inaudita altera pars, medida liminar para que seja
determinado ao Réu que forneça à autora, no prazo máximo de 10
(dez) dias, o medicamento Micofenolato de Mofetila nos
seguintes termos prescritos pelo médico assistente: 1,5 g por dia
(correspondente à 3 comprimidos por dia), totalizando 2 caixas
com 90 comprimidos / mês, por período indeterminado;
10 – DO VALOR DA CAUSA