Pedro Lucas Cariri Moura – 3º Período

FMIT – Faculdade de Medicina de Itajubá, 2020/2

Sistemas Orgânicos Integrados III – SOI III, APG.

Problema 32 – Lá vem o sol

Relembrar a formação de melanina;
Listar os tipos de câncer de pele;
Estudar a etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas e diagnóstico do câncer de pele;
Entender as diferenças entre uma lesão hipercrômicas benigna e maligna;
Relacionar o uso do protetor solar com a prevenção do câncer de pele.

HISTOFISIOLOGIA DA MELANINA Melanócitos

O Melanina é o pigmento marrom que produz as
São células da epiderme que sintetizam tirosina e
diversas tonalidades e cores da pele, cabelo e
produz a melanina. Elas se encontram espalhadas
olhos. A coloração (pigmentação) é determinada
entre as demais células na camada mais profunda
pela quantidade de melanina na pele. Sem a mela-
(chamada camada basal, que fica na epiderme).
nina, a pele teria uma cor branco-pálida, com tons
Depois de a melanina ser produzida, difunde-se
de rosa, devido ao sangue que flui sob a pele.
para outras células cutâneas próximas.
As pessoas de cor clara produzem muito pouca me-
lanina, já as de cor escura, possuem uma maior Prevenção do Câncer de Pele
quantidade deste pigmento. Pessoas com albinismo
têm pouca ou nenhuma melanina e, portanto, sua Como diversos cânceres da pele são relacionados
pele tem o aspecto branco ou rosa pálido. Geral- com exposição aos raios UV, medidas são recomen-
mente, a melanina é distribuída de forma bem uni- dáveis para limitar a exposição, como evitar o sol,
forme na pele, mas às vezes as pessoas têm man- usar roupas protetoras e fotoprotetores.
chas ou placas de pele com mais melanina. Os
exemplos dessas manchas incluem sardas, manchas CÂNCER DE PELE
senis (lentiginas) e melasma.

Definição

O câncer de pele (carcinoma) é o tipo mais comum

de câncer, surge em áreas em que a pele é exposta
ao sol e os indivíduos de pele clara são os mais
suscetíveis.

No início, os cânceres de pele são geralmente as-

sintomáticos. A principal manifestação é uma lesão
irregular vermelha/pigmentada que não desapa-
rece.

Qualquer lesão que esteja aumentando em re-

lação às estruturas vizinhas deve ser submetida
a biopsia.

A doença é provocada pelo crescimento anormal

e descontrolado das células que compõem a pele.
Essas células se dispõem formando camadas e, de
acordo com as que forem afetadas, são definidos
os diferentes tipos de câncer. As formas mais comuns
do câncer de pele são:
CARCINOMA BASOCELULAR (BASOLIOMA)
Cerca de 80%. Esse câncer de pele começa nas
células basais, responsáveis por produzir novas cé-
lulas da pele conforme as antigas morrem. Geral-
mente aparece como um nódulo de cera branco ou
uma mancha escamosa marrom em áreas expostas
ao sol, como rosto e pescoço.
CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS
Cerca de 16%. Esse câncer de pele é causado por
um crescimento descontrolado de células escamo-
sas anormais.
MELANOMA
Cerca de 4%. O tipo mais grave de câncer de pele
e ocorre quando as células produtoras dos pigmen-
tos que dão cor à pele tornam-se cancerígenas. Os
sintomas podem incluir um novo nódulo anormal ou
uma mudança em uma pinta existente. Os melano-
mas podem ocorrer em qualquer parte do corpo.
Diagnóstico
O diagnóstico dos 3 tipos de câncer de pele
ocorre através da biópsia. Além disso, deve-se con-
siderar avaliação histológica. No melanoma existem
determinadas características preocupantes conhe-
cidas como o ABCDE do melanoma:
Diferença de Câncer Maligno e Be-
nigno
A diferença entre benigno e maligno é definida pela
aparência e estrutura das células atacadas. Os tu-
mores benignos são constituídos por células bem
semelhantes às que os originaram e não possuem a
capacidade de provocar metástases. Já os malig-
nos (considerados Câncer) são agressivos e pos-
suem a capacidade de infiltrar outros órgãos.
A multiplicação celular é “controlada” pelos chama-
dos oncôgenes ativadores, que regulam o cresci-
mento e a morte da célula. No tumor benigno há
uma mutação na estrutura genética dos oncôgenes,
mas nada capaz de “descontrolá-la”. O mesmo não
ocorre com os tumores malignos, que crescem sem
controle por conta da alteração genética.
TUMOR BENIGNO
Tem células que crescem lentamente e semelhante
às do tecido normal. Na maioria dos casos pode
ser totalmente removido (cura) por meio de cirurgia.
TUMOR MALIGNO
As células multiplicam-se rapidamente e têm a ca-
pacidade de “invadir” estruturas próximas ao local
de origem. A cura neste tipo de tumor depende do
diagnóstico precoce e do tratamento adotado.
CARCINOMA BASOCELULAR
É uma pápula ou nódulo superficial de crescimento
lento, derivado de determinadas células epidérmi-
cas. Esse câncer surge dos ceratinócitos localiza-
dos próximos à camada basal, que às vezes são
chamados ceratinócitos basais. As metástases são
raras, mas o crescimento local pode ser muito des-
trutivo.
Carcinoma basocelular é o tipo de câncer de pele
mais frequente, e é mais comum em pessoas de pele
clara com história de exposição solar e é raro em
pessoas com pigmentação escura de pele. Os car-
cinomas basocelulares também estão associados a
síndromes genéticas e podem surgir em um nevo se-
báceo.
Manifestações Clínicas
Geralmente, o carcinoma inicia-se como uma pá-
pula brilhante, aumenta lentamente e, após meses,
apresenta uma borda perlácea brilhante, com te-
langiectasias na superfície e na região central da
úlcera.
Sangramento ou crostas recorrentes são frequentes
e as lesões continuam a crescer lentamente. O car-
cinoma também pode formar crostas e regredir. As
manifestações são muito variáveis e os tipos mais
comuns são:
NODULAR
Cerca de 60% dos carcinomas basocelulares. São
pequenos, brilhantes, firmes, quase translúcidos a
rosa com telangiectasias (vasos sanguíneos dilata-
dos), normalmente na face. Ulceração e crostas são
comuns.
SUPERFICIAL
Cerca de 30%. São pápulas ou placas delgadas e
marginadas, vermelhas ou rosas, que ocorrem no
tronco.
MORFEIFORME
Cerca de 5% a 10%. São placas planas, parecidas
com cicatriz e endurecidas que podem ter eritema
intenso ou claro e bordas indefinidas.
CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMO-
SAS
É um tumor maligno dos queratinócitos epidérmicos
que invadem a derme, ocorrendo geralmente em
áreas expostas ao sol. A destruição local pode ser
extensa e as metástases são observadas nos está-
gios avançados.
Carcinoma de células escamosas é o 2º tipo de
câncer de pele mais comum depois do câncer ba-
socelular. Ele pode se desenvolver em tecidos nor-
mais, em queratoses actínicas preexistentes, em pla-
cas de leucoplasia oral ou em cicatrizes de quei-
madura.
Manifestações Clínicas
É muito variável, mas deve-se suspeitar de qualquer
lesão que não cicatriza em áreas expostas ao sol.
O tumor pode se iniciar como uma pápula ou placa
eritematosa, com superfície escamosa ou crostosa,
e se tornar nodular ou hiperceratosa, às vezes com
superfície verrucosa.
Em alguns pacientes, a parte principal da lesão
pode se localizar abaixo do nível da pele circunja-
cente. Eventualmente, o tumor ulcera-se e invade os
tecidos sob a epiderme e derme.
MELANOMA
O melanoma maligno é proveniente dos melanócitos
em áreas pigmentadas. Melanoma é responsável
por menos de 5% do total de cânceres de pele di-
agnosticados, mas é a causa da maioria das mortes
por câncer de pele.
Os melanomas ocorrem principalmente na pele e
mucosas, mas também podem se desenvolver na ca-
mada coroide do olho, nas leptomeninges (arac-
noide-máter ou pia-máter) e nos leitos ungueais.
Os melanomas variam de tamanho, dimensão, cor
(em geral, são pigmentados) e a tendência é inva-
direm e causarem metástase (que ocorrem por via
linfática ou sanguínea).
As metástases locais resultam em formação de pá-
pulas ou nódulos que podem ou não ser pigmenta-
dos perto da lesão principal. Metástases na pele
ou órgãos internos às vezes ocorrem e estão relaci-
onados com a profundidade da invasão dérmica.
Fatores de Risco
Exposição solar e queimaduras solares bolhosas
repetidas;
Bronzeamento ou tratamentos com raios ultravi-
oletas A (UVA);
Câncer de pele não melanoma;
História familiar e pessoal;
Imunossupressão, pele clara, sardas;
Nevos atípicos e grande número de nevos me-
lanocíticos (nevos são manchas);
Ocorrência de lentigo maligno;
Nervo melanocítico congênito maiores de 20
cm;
Síndrome do nevo atípico (ou nevo displásico);
Síndrome hereditária de nevo atípico-mela-
noma.
O melanoma é menos comum em pessoas com pig-
mentação mais escura e cerca de 30% dos melano-
mas se desenvolvem a partir de nevos pigmentados
(cerca da metade de nevos típicos e atípicos) e os
outros surgem de melanócitos na pele normal.
Manifestações Clínicas
Há 4 tipos de melanoma e outros secundários.
MELANOMA EXTENSIVO SUPERFICIAL
Em 70% dos melanomas. Assintomático, ocorre mais
nas pernas das mulheres e no tronco dos homens. A
lesão é uma placa irregularmente elevada, com
áreas rígidas de cor marrom, que geralmente apre-
sentam pontos/nódulos avermelhados, esbranquiça-
dos, negros e azuis. Pequenas chanfraduras nas
margens são observadas que aumentam ou alteram
de cor. Os melanócitos atípicos invadem a epi-
derme e derme. Esse tipo de melanoma tem muta-
ções ativadoras no gene BRAF em V600.
MELANOMA NODULAR
De 15 a 30% dos melanomas. Ocorre em qualquer
local do corpo como uma pápula ou placa protu-
berante de cor negra. A lesão contém pouco pig-
mento ou se assemelha a um tumor vascular. Exceto
ao ulcerar, o melanoma nodular é assintomático,
mas têm rápido crescimento.

LENTIGO MALIGNO MELANOMA

5% dos melanomas. Aparece mais em idosos. Surge
de um lentigo maligno (mácula bege ou marrom pa-
recida a uma mancha).

Aparece em áreas de exposição solar crônica como

uma mácula ou mancha assintomática, plana, mar-
rom ou negra, com margens irregulares e pontos ne-
gros dispersos em sua superfície.

No lentigo maligno, os melanócitos normais e malig-

nos estão situados na epiderme. Quando os mela-
nócitos malignos invadem a derme, a lesão é deno-
minada lentigo maligno-melanoma, com possibili-
dade de causar metástases. Esse tipo de melanoma
tem mutações no gene C-kit.

MELANOMA LENTIGINOSO-ACRAL
De 2 a 10% dos melanomas. Como pessoas com pele
negra raramente desenvolvem outras formas de me-
lanoma, esse tipo de melanoma é o mais comum en-
tre eles. Surge na pele das regiões plantar, palmar
e subungueal. Suas características são semelhantes
ao lentigo maligno-melanoma.

MELANOMA AMELANÓTICO
Tipo de melanoma que não produz pigmento. Pode
ser qualquer um dos 4 tipos principais. Ocorre em
<10% dos melanomas. Pode ser rosa, vermelhos ou
levemente acastanhados e podem ter bordas bem
definidas. Sua aparência pode sugerir lesões be-
nignas, ou uma forma de câncer de pele não mela-
noma e, assim, levar ao diagnóstico tardio.

REFERÊNCIAS
1. Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan

2. LONG, Dan L. et al. Medicina Interna de Harrison.

18 ed. Porto Alegre, RS: AMGH Ed., 2013. 2v.