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Câncer de Pele – Aula 5  O diagnostico diferencial é feito em função do tipo clínico

→ CBC nódulo ulcerativo X Carcinoma espinocelular


Carcinoma Basocelular (CBC)
TRATAMENTO:
 Também chamado de epitelioma basocelular ou basalioma.
 Tratamento depende da localização, do tamanho e da profundidade do tumor.
 É a neoplasia cutânea mais comum (65%) e de melhor prognóstico.
→ Curetagem e eletrocoagulação: tamanho até 1,5 cm. O material retirado pela
 Origina-se de células semelhantes às células da camada basal da epiderme e de
curta e enviado ao patologista não mostra margem de segurança, porque não foi
diferentes partes do folículo piloso. São células epiteliais imaturas, pluripotenciais,
retirado com margem de segurança.
que perderam sua capacidade de diferenciação normal.
→ Excisão e sutura: > 1,5 cm – margem de segurança: 0,5 cm em borda e
 Cresce lentamente e praticamente não produz metástases. Possui, entretanto,
profundidade.
malignidade local, podendo invadir e destruir tecidos adjacentes.
→ Criocirurgia (nitrogênio líquido): congelamento da lesão → resposta
 Ocorre geralmente em indivíduos acima de 40 anos que receberam durante a vida os
danos cumulativos do sol. inflamatória → destruição tecidual. Usado em CBC superficial ou CBC nódulo-
 Fatores de risco: ulcerativo – deverá ser feita a curetagem prévia.
→ Exposição à luz solar → Imiquimode (creme a 5%): CBC superficial; tem atividade antitumoral por
→ Pele clara (I e II) produção de IFNa e citocinas antitumorais. Aplicado 5 dias/semana, até 6
semanas.
→ Irradiação radioterápica – falta da
 Existem CBC com maior chance de recidivar:
proteção adequada.
→ Tumores localizados nas fendas naturais da pele (sulco nasogeniano, prega pré-
→ Absorção de compostos de arsênico –
auricular e regiões oculares – H da face) e os esclerodermiformes;
indústrias que contaminaram a água.
→ Nesse caso, o tratamento é feito com cirurgia micrográfica (Mohs). Essa
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: técnica permite controle microscópico completo do tecido removido. O exame
 Localização preferencial: 2/3 superiores da face (acima dos lóbulos das orelhas e microscópico é feito por biópsia de congelação, conferindo a máxima segurança
comissuras labiais) quanto à sua retirada completa e a preservação de tecido normal.
 Nódulo Ulcerativo: é o mais comum. Se inicia como uma pápula rósea, perolada, → CBC metastático ou recidivante localmente: após a cirurgia e fora do alcance
que cresce progressivamente até se transformar em um nódulo. Posteriormente, ocorre terapêutico cirúrgico ou por radioterapia, recomenda-se VISMODEGIBE, de
ulceração central devido suprimento sanguíneo inadequado da lesão, recoberta por uso oral → inativa os fatores de transcrição impedindo a expressão dos genes
crosta, que retirada determina sangramento. Pode apresentar finas telangiectasias na favorecedores do tumor.
sua superfície.  O prognóstico do CBC é excelente com os vários tipos de tratamento. Geralmente não
 Plano cicatricial: lesão plana que se estende em superfície, com cicatrização central. dá metástase e a recidiva quando ocorre é local.
 Terebrante: invasão em profundidade, lesão ulcerada destrutiva;  CBC de longa duração não tratados ou incorretamente tratados, pode ocorrer invasão
 Vegetante: proliferação central e é exofítico. local → prognóstico reservado.
 Esclerosante/esclerodermiforme: placa branco-amarelada, escleroatrófica, dura, lisa,
de bordas mal definidas. Esse tipo pode invadir planos profundos e se tratado Carcinoma espinocelular (CEC) ou Carcinoma Epidermoide
inadequadamente pode apresentar recidivas frequentes  Surge a partir de uma proliferação atípica de células da camada espinhosa
 Superficial: placas eritêmato-escamosas, lembra psoríase, dermatite seborreica (biópsia (Malpighiana) da epiderme.
cutânea):  Tumor maligno de caráter invasor, podendo gerar metástases.
 Pigmentado: forma nódulo ulcerativo com pigmentação melânica, deve ser  Representa 15% das neoplasias epiteliais malignas.
diferenciado do melanoma pelo seu aspecto clínico.  Ocorre geralmente > 50 anos.
 É mais comum no sexo masculino – maior exposição a agentes cancerígenos: sol e
DIAGNÓSTICO: fumo.
 Diagnóstico é clínico, mas exige confirmação histopatológica com biópsia de pele.  Indivíduos de pele clara são mais predispostos.
 Fatores desencadeantes: → Quimioterapia: CEC avançados, não passiveis de tratamento cirúrgico ou
→ Irradiação solar, fumo, arsênico; radioterápico – cisplatina, metotrexato, ciclofosfamida, 5-fluoracil e bleomicina.
→ Fatores imunológicos: ocorrência maior em imunodeprimidos (ex.  Prognóstico: é favorável em casos recentes e adequadamente tratados. Reservado em
transplantados renais); casos de longa duração ou metástases.
→ Infecções virais HPV 6, 11 e 16 associadas a depressões imunológicas.
Melanoma
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
 Neoplasia decorrente da transformação atípica de melanócitos, localizados na
 Inicialmente surge na pele uma área queratósica infiltrada e dura → nódulo. A
camada basal da epiderme.
lesão aumenta e ulcera-se. Evolui com ulceração com infiltração na borda, torna-se
 Representa 3-4% dos tumores malignos de pele.
vegetante ou queratósica.
 É a forma mais grave de câncer de pele – alta mortalidade.
 Localizações mais comuns: lábio inferior, mucosa bucal, face e orelhas, dorso das
 Faixa etária: adultos jovens de 20-50 anos;
mãos, genitália externa.
 Nevos melanocíticos: são lesões benignas e ocorre por proliferação de células névicas
 Pode ocorrer em pele normal, mas frequentemente tem origem em lesões precursoras:
(derivadas dos melanócitos), dispostas em agregados ou ninhos em diversos níveis da
→ Queratose actínica, radiodermite crônica, úlceras crônicas, cicatrizes de
pele.
queimadura, xeroderma pigmentoso (doença hereditária com sensibilidade
→ Quanto a época de surgimento: podem ser adquiridos ou congênitos;
anormal a luz solar).
→ Quanto ao aspecto clínico, podem ser comuns (homogêneo, bordas regulares, 1
 No lábio inferior e na mucosa oral, o CEC pode originar-se de:
cor) ou atípicos (displásicos – assimétricos, mais de duas cores, bordas
→ Queilite actínica (perde o contorno nítido, atrofia da mucosa, erosões -
denteadas);
↑exposições ao sol)
 Fatores de risco:
→ Area de leucoplasia, irritações crônicas pelo fumo, dentes defeituosos e próteses
→ Radiações UV: exposição solar cumulativa e frequência de queimaduras solares;
dentárias (feridas na cavidade oral).
→ Fenótipo: caucasianos = pele clara, louros ou ruivos, olhos azuis ou efélides.
 Genitália externa:
→ Lesões precursoras: a maioria dos melanomas surge em pele normal (de
→ CEC in situ: carcinoma intraepidérmico, sem invasão da derme→ eritroplasia de
novo), mas ocasionalmente podem se desenvolver a partir de nervos atípicos e
Queyrate: placa eritematosa infiltrada na glande → se não tratado pode evoluir
nervos congênitos.
para CEC propriamente dito, com lesões tumorais e vegetantes.
→ História familiar de melanoma e história pessoal de melanoma;
 Úlceras de Marjolin: CEC em cicatriz de queimadura ou sobre úlcera – lesões
vegetantes e as vezes sangrentas. → Imunossupressão.
 As metástases podem ocorrer após meses ou anos após o surgimento da lesão
primária. São mais frequentes e precoces nos: CEC das mucosas, CEC do dorso das FORMAS CLÍNICO PATOLÓGICAS:
mãos, CEC em cicatriz de queimaduras.  De acordo com suas características clínicas e histológicas e modo de progressão
tumoral, os melanomas são classificados em três tipos: extensivo superficial, nodular,
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO: lentiginoso acral.
 O diagnóstico deve ser sempre confirmado com biópsia cutânea e exame  Extensivo superficial: é o tipo mais comum (70%). É a forma que mais
histopatológico. frequentemente se associa a lesões névicas pré-existentes. As localizações mais
 Faz diagnóstico diferencial com queratoses actínicas e carcinoma basocelular. comuns são: o tronco nos homens e os MMII nas mulheres.
 Tratamento → Tem uma fase de crescimento horizontal, que se estende na epiderme formando
→ < 1cm: curetagem e eletrocoagulação na base da lesão. manchas. Essa fase é longa e, tardiamente, pode ocorrer o crescimento vertical
→ Criocirurgia para menores de 1 cm com curetagem prévia. para a derme, em que podem surgir pápulas.
→ Excisão e sutura: > de 1 cm com margem de segurança de 0,5 cm. → Aparece uma mácula ou maculo-pápula com mistura de cores (preto,
→ Exérese ampla: lesões extensas ou de longa duração e para metástase sem castanho, áreas azuladas, esbranquiçadas, acinzentadas, até vermelha) com
invasão ganglionar. Quando há invasão ganglionar é necessária linfadenectomia bordas irregulares denteadas.
e radioterapia complementar.  Melanoma nodular: representa 15% dos melanomas.
→ Tem crescimento rápido, no sentido vertical (derme) desde o início → tem pior → RX de tórax;
prognostico em relação ao melanoma extensivo superficial. → Ultrassom abdominal;
→ Consiste em nódulo de cor negro-azulada ou com manchas acastanhadas. → TC, RM e PET scan.
→ As localizações mais frequentes são tronco, cabeça e pescoço.
 Melanoma lentiginoso acral: incidência relativa entre os melanomas de 10%. EVOLUÇÃO:
→ É a forma de melanoma mais comum em negros e asiáticos, sendo raro em  O melanoma é uma neoplasia com elevada capacidade de gerar metástases
precocemente.
indivíduos brancos.
 As metástases podem ser:
→ Localizado em regiões palmo plantares, falanges terminais (periungueais e
→ Locais (satelitose): surgem até 2cm do tumor local.
subungueais).
→ Regionais: acometem os linfonodos.
→ Apresenta uma fase de crescimento horizontal, seguida de fase de crescimento
→ Sistêmicas: acomete outros órgãos através da disseminação hematogênica.
vertical com grande potencial de metastização.
 Metástases sistêmicas atingem: a própria pele e o subcutâneo a distância ou vísceras
DIAGNÓSTICO: (pulmão, cérebro, fígado, ossos, TGI).
 EXAME FÍSICO  Estadiamento:
→ Em relação aos nevos que se alteram ou a pele normal, deve-se considerar sinais, → I e II – Doença localizada apenas na pele; a diferença de I para II é
que indicam provável transformação maligna: ABCDE histopatológica.
o A: assimetria; → III – Metástase em linfonodos regionais;
o B: bordas irregulares; → IV – Metástase a distância.
o C: coloração variável;
o D: diâmetro maior que 6 mm; TRATAMENTO:
o E: evolução da lesão.  TRATAMENTO DO TUMOR PRIMÁRIO:
→ Prurido e sangramento nas lesões são manifestações precoces que apontam para → Após biópsia, fazer excisão cirúrgica com margem de segurança adequada.
degeneração maligna. Deve ser feita também na profundidade, com a exérese incluindo toda a
→ Dermatocospia: lente de aumento (10x), observação de padrões de pigmentação hipoderme;
e morfologia → Aumenta a acurácia diagnóstica. o Melanoma in situ: MS de 0,5 cm.
Porém, a diagnose de certeza é feita pelo exame histopatológico. o Menor ou igual a 1 mm: MS 1 cm.
 O exame histopatológico deve ser realizado em toda lesão suspeita de melanoma o Entre 1,01 e 2 mm: MS 1 - 2 cm.
para confirmação do diagnóstico → melanócitos atípicos dispostos isoladamente ou o > 2 mm: 2 cm
agrupados na camada basal e camadas superiores da epiderme, invasão da derme. → As margens de segurança são estabelecidas de acordo com a espessura do tumor.
 BIÓPSIA EXCISIONAL: É o procedimento preferencial. A lesão suspeita deve ser → Melanoma primário – estádios I e II: ressecção com ampliação de margens;
excisada por completo, com margem de 2mm. o Estádio II: terapia adjuvante com interferon alfa 2b
 BIOPSIA INCISIONAL: feita nos casos em que a excisão completa da lesão é  Melanoma com metástase os linfonodos (estádio III):
inexequível devido ao tamanho ou localização. Se o diagnóstico de melanoma for → Macrometástases: clinicamente aparentes – linfadenectomia regional eletiva;
confirmado, o médico deve proceder a retirada completa do tumor. → Micrometástases: clinicamente indetectáveis – pesquisa do linfonodo
 Índice de Breslow: mede a espessura do tumor no EHP. A distância em mm vai da sentinela;
camada granulosa da epiderme até a porção mais profunda do tumor. Fator mais → Pesquisa e remoção do linfonodo sentinela:
importante para classificação do melanoma → a conduta terapêutica, o risco de o O linfonodo sentinela é o primeiro a fazer a drenagem do tumor.
recidiva e a prognose. O melanoma in situ é aquele intraepidérmico – sem invasão. o A técnica consiste na identificação de um ou mais linfonodos
 Exames clínicos e complementares: comprometidos, pela injeção de um corante vital e o tecnécio radioativo no
→ Cuidadosa avaliação de cadeias linfonodais; local da lesão cutânea primária. Por incisão são identificados os linfonodos
→ Ultrassom de áreas linfonodais superficiais;
corados em conjunto com a detecção de radiação por contador manual de
raios gama. São retirados para o exame histopatológico.
o É indicada para melanoma primário de espessura > 0,76 mm. Abaixo desse
limite, somente se houver associação com ulceração e/ou regressão.
 Linfonodo sentinela positivo: estádio III → linfadenectomia regional
→ Terapias adjuvantes: interferon alfa 2b e radioterapia;
 Melanoma metastático à distância (estádio IV):
→ Dacarbazina e IL-2 em altas does – pouco eficazes e muitos efeitos colaterais.
→ Terapia atual depende da genotipagem e da resposta a tratamentos prévios.
→ Inicialmente, deve ser realizada a genotipagem para o gene BRAF.
→ Terapia alvo molecular: VEMURAFENIBE (inibidor do gene BRAF,
responsável por mutações no melanoma). Indicado para pacientes portadores
dessa mutação.
→ Imunoterapia: IPILIMUMABE (ac humano monoclonal – estimula a resposta
imune mediada por linfócitos T, que atua contra as células neoplásicas). Indicado
para pacientes sem mutações detectáveis ou para aqueles que não respondem ao
Vemurafenibe.
 Seguimento: o fato desses pacientes apresentarem um risco elevado de
desenvolvimento de um segundo melanoma justifica um seguimento periódico. Deve-
se esclarecer o paciente da necessidade de retorno imediato caso observe alguma lesão
suspeita ou tumefação de linfonodos regionais.
→ Avaliação clínica: a cada 4 meses nos dois primeiros anos. Depois, a cada 6
meses nos três anos seguintes. E anualmente por tempo indefinido.
→ RX de tórax, USG abdominal, dosagem de DHL e FA: a cada 6 meses nos
primeiros 2 anos. Após esse período, anualmente.
→ PET é o exame mais sensível na detecção de doença metastática nos pacientes
com melanoma de alto risco

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