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Diário de Campo 2 – Maria Fernanda Cox Nunes de Melo

Encontro dia 28/3- Entra Apulso

Ao chegar no local fui direto para a sala do NASF (primeiro andar), que tinha um ar
simples, porém reconfortante, e começou o primeiro atendimento com a preceptora.
Nesse encontro a paciente era esquizofrênica e estava em um estado deprimido e de
ansiedade, muito por causa de seu marido que constantemente a agredia moral e
verbalmente. Após a escuta terapêutica, a preceptora renovou a auriculoterapia da
paciente (segunda sessão) e a encorajou a continuar com as atividades que lhe faziam
bem como andar em volta do shopping, ir visitar os irmãos nos finais de semana etc. (a
profissional acompanha essa paciente a 10 anos, por isso tem a liberdade de dar
conselhos e dicas; o que não é comum na prática da escuta terapêutica).
Logo após o término da consulta, a preceptora explicou o funcionamento do sistema
de organização e armazenamento de informação online para agendamento e
atualização do quadro dos pacientes utilizadores da política do sus.
Ficamos esperando enquanto isso a chegada da próxima paciente, mas, infelizmente,
ela não foi. Então nesse tempo ficamos procurando as “contas” de outros pacientes e
os agendando ao longo da semana. Depois chegou uma enfermeira e nos contou de
um caso que seria encaminhado em que uma menina de 8 anos relatou ao primo que o
pai dela havia a levado ao quarto, tirado suas roupas e tentado fazer sexo oral nela; o
primo por sua vez informou a mãe da menina que não acreditou, o que fez a tia
informar sobre essa situação para a diretoria do colégio que a encaminhou para o
posto- vale ressaltar que a menina tinha suspeita de autismo.
Depois de um tempo chegou à última paciente do dia, porém como ela é idosa e tem
dificuldade de andar nos conseguimos utilizar uma sala no térreo que estava vaga. Ela
estava na terceira sessão e relatou seus problemas de relacionamento com os filhos,
dizendo que se sentia desprezada e tratada como criança por eles, principalmente pela
filha que mora com ela. Ela, mesmo tendo mais idade, era muito lucida e tinha
consciência de suas ações e de que ela quando era mais nova não conseguiu dar amor
e carinhos aos seus filhos pois estava sempre trabalhando- 6 da manhã até 10 da noite.
Além de ter sido viúva 2 vezes. Ela informou que se sente mal pois é uma pessoa ativa,
gosta de ajudar, ama cozinhar, mas sua filha a nega qualquer auxílio por medo dela se
machucar.
Só com a escuta, a paciente já informou grandes melhoras em sua alimentação (ela é
diabética e hipertensa) e no diálogo com sua filha.
Esse é o sus que funciona, que conforta e da espaço aos seus pacientes para se
sentirem reconhecidos e entendidos, o que vai além da saúde básica e traz terapias
não convencionais e se importa com a sua saúde como um todo.
O ambiente do posto era bem-organizado comparando com outros do mesmo estilo,
existem salas que suportam na maioria das vezes a demanda de pacientes, e elas
possuem ar-condicionado. Mas dois pontos que me chamaram a atenção foram na sala
da dentista (que está
de licença) um dos lixos estava quebrado, e os vasos sanitários não possuíam acentos.
Outro ponto na questão do posto era sua localização que ao mesmo tempo que estava
no meio da comunidade também estava de frente a um prédio de condições muito
acima das pessoas da comunidade, e os moradores do prédio não utilizavam o posto
por causa do princípio de equidade do sus. De que o sus é para todos, mas nem todas
as políticas do sus são de acesso a todos.

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