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13/04/2022

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Etanol

Este líquido é muito conhecido pois faz parte do dia-a-dia das pessoas de duas maneiras:
como combustível para meios de transporte e, desde a pré-história, como o ingrediente
mais famoso de bebidas alcoólicas, como a cerveja, o vinho e a cachaça. Contudo, ele é
PROCESSOS QUÍMICOS também matéria-prima industrial, sendo largamente utilizado para fazer perfumes,
INDUSTRIAIS materiais de limpeza, tintas, solventes e muitos outros produtos.

PRODUÇÃO DE ETANOL

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Etanol Etanol
Comparado aos combustíveis fósseis, o etanol apresenta as vantagens de ser uma fonte renovável 1ª Geração 2ª Geração
de energia, e de contribuir para a redução das emissões de dióxido de carbono. Etanol lignocelulósico, produzido a
Conversão da sacarose presente
partir da conversão da celulose e
A cana de açúcar para produção de álcool é o insumo que garante a maior produtividade com custo nos produtos agrícolas em etanol
hemicelulose em etanol.
de produção consideravelmente inferior ao etanol produzido nos demais países.
O custo de produção do etanol brasileiro é de US$ 0,22/L contra US$ 0,35/L para esse combustível
produzido pelos Estados Unidos, a partir do milho, por exemplo

Dois terços da cana são constituídos de material lignocelulósico,


indicando seu imenso potencial energético. A estimativa é de que
o aproveitamento do bagaço e parte das palhas e pontas da cana de
açúcar eleve a produção de álcool em 30 a 40%, para uma mesma
área plantada.
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Etanol – 2ª geração Etanol – 2ª geração


Confere à planta resistência a Materiais lignocelulósicos
ataques microbiológicos e
Cana de açúcar
Pentoses, hexoses Cana de açúcar
mecânicos, além de rigidez e e açúcares ácidos
impermeabilidade. unidos entre si O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de cana de açúcar
25%
Produção estimada 2020/2021 em torno de 592,031 milhões toneladas colhidas
(CONAB 2021)

Estima-se que para cada tonelada de cana processada gera-se cerca de 140 Kg
de palha e 140 Kg de bagaço.
25% Subunidades de
D-glicose, unidas 642,1 milhões 89894,00
por ligação toneladas Toneladas de
glicosídica bagaço

https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/cana/boletim-da-safra-de-cana-
50% Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso de-acucar Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso

O QUE É CACHAÇA O QUE É CACHAÇA

CACHAÇA: denominação típica e Aguardente é o destilado


exclusiva da aguardente de cana feito da fermentação do suco
de caldo de cana de açúcar, A cachaça, por outro lado, é o
produzida no Brasil, com graduação
com graduação alcoólica destilado feito do caldo da
38 a 48 % em volume, a vinte
entre 38 e 54%. cana de açúcar, com
graus Celsius, obtida pela destilação
graduação alcoólica entre 38
do mosto fermentado do caldo de
Quando se adiciona açúcar e 48%.
cana-de-açúcar com características
sensoriais peculiares, podendo ser acima de 6 g/litro, adota o
adicionada de açúcares até seis gramas nome de aguardente de cana
por litro (≤ 6g/L de açúcar). adoçada

Sendo assim, toda cachaça é uma aguardente de cana, mas nem toda aguardente de
cana é cachaça.
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-
vegetal/publicacoes/anuario-cachaca.pdf
Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso livro Cachaça: o mais brasileiro dos prazeres Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso
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O QUE É CACHAÇA Barris para Envelhecimento


Além das madeiras comumente utilizadas no armazenamento ou envelhecimento de bebidas, como o carvalho
CACHAÇA ADOÇADA: a cachaça que contiver açúcares em quantidade superior a 6g/L e inferior americano e o carvalho europeu, uma gama de espécies nativas tem sido utilizada para a fabricação de dornas e barris.
a 30 g/L será denominada de cachaça adoçada Há, portanto, uma infinidade de aromas e sabores que vão conferir complexidade à CACHAÇA.

CACHAÇA ENVELHECIDA: será denominada de cachaça envelhecida a bebida que contiver, no  Amburana: Baixa a acidez e o teor alcóolico, deixando a cachaça mais suave;
mínimo, 50% de aguardente de cana envelhecida em recipiente de madeira apropriada com capacidade  Amendoim: perfume e o sabor da cana, são preservados. O amendoim abaixa um pouco
a acidez e o teor alcóolico da cachaça, mantendo o caráter e a integridade da bebida;
máxima de 700L por período não inferior a um ano.
 Bálsamo, pau-de-bálsamo: Amarelece a cachaça dando-lhe gosto forte;
 Castanheira, castanha-do-Pará: Bem utilizada, confere suavidade, leve gosto
adocicado e cor amarelada à bebida.
CACHAÇA PREMIUM: é a CACHAÇA que contém 100% (cem por cento) de Cachaça ou  Ipê-amarelo e Ipê-roxo: Madeira que transforma muito a cachaça, que recebe tom
Aguardente de Cana envelhecidas em recipiente de madeira apropriado, com capacidade máxima de 700 alaranjado e maciez;
(setecentos) litros, por um período não inferior a 1 (um) ano.  Eucalipto: semelhantes ao carvalho, restando ainda o aprofundamento nas análises
químicas e sensoriais
CACHAÇA EXTRA PREMIUM: é a CACHAÇA PREMIUM envelhecida por um período não inferior  Jequitibá: A cachaça fica um pouco menos ácida, mais macia, assentando suas
características organolépticas;
a 3 (três) anos.
 Carvalho: Existem cachaças maravilhosas envelhecidas no carvalho, de cor ouro claro,
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos- macias e levemente adocicadas;
vegetal/publicacoes/anuario-cachaca.pdf https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/publicacoes/anuario-
Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso cachaca.pdf Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso

Economia Economia
Em relação as exportações, no ano de 2018, Cerca de 6,9 litros de
a Cachaça foi exportada para 77 países, com A Cachaça é patrimônio 3º maior mercado no
Cachaça são consumidos
mais de 50 empresas exportadoras, gerando cultural de Minas Gerais mundo em volume total,
no Brasil por cada
receita de US$ 15,61 milhões (8,41 milhões por lei estadual (China e Estados Unidos)
Brasileiro ao ano
de litros).
A Cachaça é o 3º destilado 1,4 bilhão de Cachaça é
Esses números representam um decréscimo 98% dos produtores de produzida anualmente no Brasil,
mais consumido no mundo
de 1,24% em valor e de 3,80% em volume, Cachaça no Brasil, são com 70% da produção de
junto com a bebida coreana
em comparação a 2017. pequenos e médios Cachaça industrial e de coluna e
Soju (destilado de arroz) e a
produtores 30% de Cachaça de alambique
Vodka.
Em 2018, os principais países de destino de cobre
em valor foram: Estados Unidos, Alemanha,
Paraguai, Portugal e Itália. No Brasil temos cerca de Minas Gerais tem 60% da produção de
30.000 produtores
4.000 marcas de Cachaça Cachaça de Alambique do Brasil e 40% dos
no Brasil alambiques registrados no Ministério da
registradas no INPI
Agricultura
http://www.expocachaca.com.br/numeros-da-cachaca/
Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso http://www.expocachaca.com.br/numeros-da-cachaca/ Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso
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Economia Economia – Produtores de Cachaça por UF


2018

https://g1.globo.com/economia/noticia/brasil-e-o-10-maior-mercado- https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtos-
de-vodca-a-bebida-anfitria-da-copa.ghtml Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso vegetal/publicacoes/anuario-cachaca.pdf Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso

Matérias-primas – Água Matérias-primas – Açúcares

Um dos ingredientes básicos de mais importância é a água empregada no processo, O mais importante nesse quesito é o açúcar, que pode ser substituído total ou
esta deve ter as seguintes características: parcialmente por açúcar invertido na quantidade de no máximo (6g/L)

Elemento Quantidade (mg/L)


Teor máximo de ferro 0,3
Teor máximo de 0,1
manganês
Dureza Total 100
Oxigênio 2
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Matérias-primas – Levedura Fatores que afetam a fermentação


As leveduras utilizadas na produção de etanol são as mesmas empregadas na fabricação de Contaminação
pão, cerveja e vinho. Através do processo fermentativo, elas utilizam o açúcar para obtenção
de energia e geram um subproduto, que no processo industrial é o etanol. Predominância de Presença de
Levedura: Saccharomyces cerevisiae leveduras contaminantes
(bactérias)
Cheiro Agradável Desagradável (Vinagre Lactobacillus
(frutado) – acético) e Bacillus
Formação de Leves Persistentes
espumas
Bolhas Pequenas Grandes
Ruptura das bolhas Fácil Não se rompem
Tempo de 12-24 horas maior
fermentação
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Controle de Processo - Temperatura, Tempo e pH Controle de Processo – Nutrição mineral e orgânica

Temperatura ótimas estão na faixa de 26 – 35 ºC.


Nutrição Mineral Concentração em mg/L
Quando a temperatura estiver baixa recomenda o aquecimento do NH4+ 400-5900
mosto. P 62-560
K+ 700-800
Ca++ 120
Tempo de fermentação entre 12-24 horas Mg++ 70-200
Na+ 200
SO42- 7-280
Zn++ 0,5-10
Fe++ 0,2
As fermentações se desenvolvem entre pH 4 e 5 os mostos
industriais geralmente estão na faixa de 4,5-5,5. Cu++ 7

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Controle de Processo - Concentração de açúcares Controle de Processo - Concentração de inóculo

Avaliada através da medida do Brix do mosto


Maiores concentrações de leveduras nas dornas permitem
Esta avaliação ocorre durante toda a fermentação, em intervalos fermentações mais rápidas.
regulares, do inicio ao final do processo,
Porém elevado teor de levedura exige energia de manutenção
Os valores obtidos devem indicar a queda continua dos mesmos maior maior consumo de açúcares para manter as células
vivas.
A paralisação precoce ou queda lenta do Brix pode indicar que esta
acontecendo algum desequilíbrio, favorecendo a ocorrência das
contaminações.
Necessário existir um teor ótimo de
Quanto maior a concentração de açucares maior a velocidade de leveduras na dorna, dependendo das
fermentação condições do processo industrial

*Brix (símbolo °Bx) é uma escala numérica que mede a


quantidade de sólidos solúveis em uma solução de sacarose Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso

Produção de Cachaça Produção de Cachaça


1ª Etapa: Corte da Cana 2ª Etapa: Moagem / Embebição

 Minimizar exposição ao Sol Extrair o caldo para recuperar o


 Cortar a quantidade necessária açúcar
 para o processamento do dia 1 tonelada de cana
 Não armazenar cana por mais de =
 24 horas 600 a 700 L de caldo
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Produção de Cachaça Produção de Cachaça


3ª Etapa: Tratamento do caldo 4ª Etapa: Assepsia do equipamento 5ª Etapa: Preparação do Mosto 6ª Etapa: Inóculo (pé-de-cuba)

 Concentração de sólidos solúveis e de açúcares totais


 Acidez total e pH (4,0 a 5,0) Saccharomyces
 Filtração e limpeza: Retirada de Limpeza de todos os equipamentos  Sais minerais (Difosfato de Amônio, Uréia, Sulfato de
bagacilhos e terra deve ser regular e rigorosa  focos cerevisiae
Amônio, Superfosfato Triplo)
 Diluição do caldo de fermentação  redução do  Nitrogênio (2 a 5 x 106 cel/mL)
 Adequação do pH rendimento  Vitaminas
 Tratamento térmico  Antissépticos (pentaclorofenol)
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Produção de Cachaça Produção de Cachaça


6ª Etapa: Inóculo (pé-de-cuba) 7ª Etapa: Fermentação Características importantes do MOS

Tipos de fermento empregados:  Velocidade de fermentação;


 Fermento Natural ou Selvagem (Caipira)  Tolerância ao álcool;
 Fermento Prensado  Rendimento;
 Fermento Misto  Resistência e estabilidade.
 Fermento Seco (Granulado)

A velocidade de fermentação é determinada


Dentre as características pretendidas, o fermento escolhido deverá apresentar:
pela quantidade de
 velocidade de fermentação;
açúcar fermentado por uma quantidade de
 tolerância ao álcool, (maior teor alcoólico proporciona maior rendimento do processo); Saccharomyces leveduras durante um
 rendimento; cerevisiae certo tempo
 resistência à acidez e temperatura;
 estabilidade genética
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Produção de Cachaça Produção de Cachaça


7ª Etapa: Fermentação FASES DA FERMENTAÇÃO 8ª Etapa: Destilação
Fermentação preliminar ou pré-fermentação
Multiplicação das leveduras

Fermentação principal ou tumultuosa


Intensa produção de álcool e liberação de gás carbônico

Fermentação complementar ou pós-fermentação


Diminuição da atividade de fermentação
Condição geral: Brix zerado em 24 horas de
fermentação
Saccharomyces
cerevisiae Filtração pós fermentação Separação das frações:
Cabeça, coração e Cauda
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Produção de Cachaça Etanol de 1ª e 2ª geração


9ª Etapa: Envelhecimento

Separação das frações:


Cabeça, coração e Cauda Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso Prof. Dra. Fernanda Palladino Pedroso
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Etanol de 2ª geração Etanol de 1ª e 2ª geração

Bioetanol

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Etanol de 3ª geração Etanol de 3ª geração

Nos últimos anos os estudos sobre a produção de biocombustíveis a partir de algas têm
ganhado grande importância e interesse, tendo como objetivo, a substituição de
combustíveis fósseis em motores de combustão interna, como veículos com motores do
ciclo Otto e Diesel.

As algas podem produzir vários tipos de combustíveis, dependendo de características do


processo e da espécie da alga, como etanol, biodiesel, biogás, como também outros
produtos.

O que vai determinar o combustível a ser gerado é principalmente a espécie de alga inserida
ao processo, levando em conta suas características, e os principais compostos gerados no
processo

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Etanol de 3ª geração Etanol de 3ª geração


Muitas espécies de microalgas podem
produzir o etanol, como por exemplo,
Chamydomonas sp., Chlorella sp.,
Oscillatoria sp., Cyanothece sp. e S. platensis

A biomassa é preparada basicamente de duas


formas, através de equipamentos, ou com o
uso de enzimas que tem como função a quebra
das paredes celulares, disponibilizando os
carboidratos ao processo. Após essa etapa, são
adicionadas leveduras ao processo,
responsáveis pela fermentação. Com isso, o
açúcar é transformado em etanol por conta das
leveduras. O etanol é passado por um
processo de purificação através da destilação
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