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Sérgio Felisberto Jorge Beira

A diversidade cultural
Os universais da cultura
O dinamismo e a mudança cultural
Cultura e educação: Saberes e Contexto de Aprendizagem em Moçambique

Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário

Universidade Púnguè
Extensão de Tete
2022
Sérgio Felisberto Jorge Beira

A diversidade cultural
Os universais da cultura
O dinamismo e a mudança cultural
Cultura e educação: Saberes e Contexto de Aprendizagem em Moçambique

Trabalho de pesquisa em grupo, a ser


apresentado e entregue ao Departamento de
Geociências e Ambiente, como requisito
parcial de Avaliação na disciplina de
Antropologia Cultural de Moçambique.

Docente: Dr. Victor Braga

Universidade Púnguè

Extensão de Tete

2022
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Índice
1.Introdução ................................................................................................................................ 2

1.1. Objectivos ............................................................................................................................ 2

1.1.1. Geral ................................................................................................................................. 2

1.1.2. Específicos ........................................................................................................................ 2

1.2. Metodologias ....................................................................................................................... 2

2.DIVERSIDADE CULTURAL ................................................................................................ 3

2.1. Noção de diversidade cultural ............................................................................................. 3

2.3. Áreas de estudo da diversidade cultural .............................................................................. 3

3.OS UNIVERSAIS DA CULTURA......................................................................................... 5

3.1. Críticas ao relativismo cultural ............................................................................................ 5

3.2. Os tipos de universais .......................................................................................................... 5

3.2.1. Universais absolutos ......................................................................................................... 6

3.2.2. Universais aparentes ......................................................................................................... 6

3.2.3. Universais condicionais .................................................................................................... 6

3.2.5. Grupos universais ............................................................................................................. 7

4.Conclusão ................................................................................................................................ 8

5.Referências .............................................................................................................................. 9
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1.Introdução
O presente trabalho pretende-se abordar aspectos relacionados a Diversidade Cultural, onde
iremos perceber os universais da cultura tanto como o dinamismo e a mudança cultural.
Portanto, é preciso compreender que a diversidade cultural se refere aos diferentes costumes e
tradições de um povo, que pode ser representado por sua língua, crenças, comportamentos,
valores, culinária, política, arte, música e vários outros elementos.

A diversidade é um elemento presente em todo grupo social e representa a pluralidade e o


respeito a tudo o que é diferente aos olhos da sociedade.

Como se não bastasse, iremos falar da cultura e educação, onde iremos conhecer os saberes e
contexto de aprendizagem em Moçambique. Portanto, a diversidade cultural preocupa os
educadores moçambicanos visto que na mesma sala temos alunos de gêneros diferentes que
pertencem a grupos linguísticos, étnicos e religiosos diferentes, com concepções, saberes,
temporalidades e espacialidades diferenciadas.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
➢ Conhecer a Diversidade Cultural Moçambicana
1.1.2. Específicos
➢ Conceituar Diversidade Cultural
➢ Descrever o Dinamismo e a Mudança Cultural
➢ Ser capaz de relacionar a Cultura e a Educação no contexto Moçambicano

1.2. Metodologias
No que diz respeito na elaboração do presente trabalho fez-se primeiro a recolha do material
bibliográfico, sua crítica externa e finalmente fez se uma leitura analítica. Tratando-se de um
trabalho académico, para a sua melhor compressão usou-se o método de consulta Bibliográfica
e alguns documentos extraído na internet com uma linguagem afirmativa clara e precisa,
documentos esses que constam na bibliografia final de forma a elucidar a fonte.
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2.Diversidade cultural
2.1. Noção de diversidade cultural
A diversidade, conforme Takahashi (2006, p.3), é a característica básica de formas de vida e
das manifestações de cultura na terra. Ela pode ser biológica ou cultural. De acordo com o autor
citado, há três tipos de diversidade cultural: genética, linguística e cultural propriamente dita.
A diversidade cultural genética refere-se, de acordo com o mesmo autor, “às variações e
similaridades genéticas entre as pessoas” (TAKAHASHI, 2006). A diversidade cultural
linguística aponta para a existência de “diferentes linguagens e sua distribuição em regiões”
(TAKAHASHI, 2006); a diversidade de culturas é o “complexo de indivíduos e
comportamentos dentro de um contexto histórico comum” (TAKAHASHI, 2006).

2.3. Áreas de estudo da diversidade cultural


Os estudos sobre a diversidade cultural podem ser enquadrados no âmbito dos estudos culturais
e pós-coloniais. No entanto, autores como Costa (2006, p. 1-3) consideram que os estudos pós-
coloniais e os estudos culturais, nos quais se integram os relacionados com a diversidade
cultural, multiculturalismo, interculturalidade e a transculturalidade, não podem ser
considerados uma matriz teórica, mas apenas uma variedade de contribuições que aparecem
como “uma referência epistemológica crítica às concepções dominantes da modernidade”.
(COSTA, 2006, p. 1).

Os estudos culturais e pós-coloniais começaram a ser feitos na vertente da crítica literária, a


partir dos anos 80 e os seus maiores representantes são Homi Bhabha, Edward Said, Gayatri,
Chakravorty, Spivak, ou Stuart Hall e Paul Gilroy. Tais estudos têm relações com o
pósestruturalismo [Derrida e Foucault], ao se referirem ao carácter discursivo do social; com a
corrente pós-moderna [Lyotard], ao tratarem do descentramento das narrativas e dos sujeitos
contemporâneos e também com os estudos culturais [desenvolvidos na Universidade de
Birmingham], ao focalizarem a sua atenção às questões do racismo, gênero e identidades
culturais. É nesta última vertente que acontece a convergência entre os estudos pós-coloniais e
os estudos culturais. (COSTA, 2006, p. 3).

De acordo com Costa (2006, p.3), os estudos pós-coloniais centram as suas atenções nos
seguintes aspectos:

1. crítica à Ciências Sociais por meio da desconstrução de binarismo como entre o ocidente e o
oriente [Said -1978]; entre o ocidente e o resto do mundo [Hall, 1996ª];
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2. alternativas epistemológicas, nomeadamente, crítica ao modernismo [Chakrabarty – 2000],


elogio do híbrido [Bhabha – 1994] e crítica da concepção do sujeito das ciências sociais
[Bhabha, Hall, Gilroy]. Os estudos pós-coloniais refletem bastante sobre o conceito de
diferença e das identidades dos sujeitos.

Diversidade cultural em Moçambique Um dos aspectos considerados de maior relevância no


novo currículo do Ensino Básico relaciona-se com a questão da diversidade cultural. O
Ministério da Educação no seu Plano Curricular - MINED/ PCEB (1999, p. 8) refere que “a
educação tem de ter em conta a diversidade dos indivíduos e dos grupos sociais, para que se
torne num fator, por excelência, de coesão social e não de exclusão”.

Uma das característica mais preciosas de Moçambique é a sua diversidade cultural que, por
coincidência, acompanha também a sua diversidade biológica. Takahashi (2006, p. 3) afirma
que há uma significativa correlação entre as diversidades biológica e cultural, i.e., as áreas que
têm grande diversidade biológica também reúnem grande diversidade cultural, por exemplo, a
Índia tem 309 línguas e possui 15.000 tipos de flores nativas; a China tem 77 línguas e 30.000
tipos de flores nativas.

A sociedade moçambicana é multilingue, pluri-étnica, multi-racial e socialmente estratificada.


Existem em Moçambique várias formas de organização social, cultural, política e religiosa; há
várias crenças, línguas, costumes, tradições e várias formas de educação1 . A principal
característica do patrimônio cultural moçambicano é a sua diversidade. As manifestações e
expressões culturais são ricas e plurais, sobretudo as ligadas às camadas “populares”.

A língua oficial em Moçambique é a língua portuguesa, mas ela é uma língua minoritária que
foi escolhida para oficial por razões políticas relacionadas com a unidade nacional e com o fato
de não haver à altura da Independência nenhuma língua que estivesse suficientemente
“modernizada” para ser capaz de veicular a Ciência, a Tecnologia e ser capaz de servir de língua
franca em todo o território nacional.

De acordo com dados do INE/ NELIMO (2000, p. 108) estão presentes no país 30 agrupamentos
linguísticos. A maior parte das línguas são de origem bantu [24], mas também se fala, para além
do Português, línguas européias [Inglês, Francês, Espanhol, Italiano, Russo, Alemão], outras
línguas africanas [Árabe, Sutho] e línguas asiáticas [Hindi, Gujurati e Chinês]. O Português é
falado, como língua materna, por 6% da população2 , enquanto as línguas bantu são faladas por
93%. Da população que reside das zonas urbanas, 55% conhece o Português, contra 45% nas
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zonas rurais. Dos falantes do Português, 61% são homens (a maior parte). As línguas bantu são
as que são faladas com mais frequência [90%] relativamente ao Português.

3.OS UNIVERSAIS DA CULTURA


Os universais culturais são os elementos da cultura, sociedade, linguagem, comportamento e
mente. que, de acordo com estudos antropológicos realizados até agora, compartilhamos
praticamente todas as sociedades humanas.

O antropólogo americano Donald E. Brown é talvez o autor mais reconhecido no


desenvolvimento da teoria dos universais culturais. Sua proposta surge como uma importante
crítica à maneira como a antropologia entendia a cultura e a natureza humana, e desenvolve um
modelo explicativo que recupera a continuidade entre as duas.

A seguir, explicamos como surge a teoria dos universais culturais e quais são os seis tipos
propostos por Brown.

3.1. Críticas ao relativismo cultural


Brown propôs o conceito de universais culturais com a intenção de analisar as relações entre
a natureza humana e a cultura humana e como eles foram abordados a partir da antropologia
tradicional.

Entre outras coisas, ele permaneceu cético quanto à tendência de dividir o mundo entre uma
dimensão chamada "cultura", e outra oposta a outra que chamamos de "natureza" · Nesta
oposição, a antropologia tendeu a colocar suas análises do lado da cultura, fortemente
associado à variabilidade, indeterminação, arbitrariedade (que são os elementos contrários aos
da natureza), e que são o que nos determina como seres humanos.

Brown está mais posicionado no sentido de entender a cultura como um continuum com a
natureza, e busca conciliar a ideia da variabilidade das culturas e dos comportamentos, com as
constantes de natureza biológica que também nos constituem como seres humanos. Para Brown,
sociedades e culturas são o produto de interações entre indivíduos e indivíduos e seu ambiente.

3.2. Os tipos de universais


Em sua teoria, Brown desenvolve diferentes propostas teóricas e metodológicas para integrar
os universais como modelos teóricos explicativos sobre os seres humanos. Esses modelos
permitem fazer conexões entre biologia, natureza humana e cultura.
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3.2.1. Universais absolutos


Esses universais são aqueles que a antropologia encontrou em todas as pessoas,
independentemente de sua cultura específica. Para Brown, muitos dos universais não existem
separadamente dos outros universais, mas são expressões de diferentes áreas ao mesmo tempo,
por exemplo, o conceito de "propriedade" que expressa ao mesmo tempo uma forma de
organização social e cultural, e também um comportamento.

Alguns exemplos que o mesmo autor coloca na área cultural são mitos, lendas, rotinas
diárias, os conceitos de "sorte", os adornos corporais, a produção de ferramentas.

Na área da linguagem, alguns universais absolutos são gramática, fonemas, metonímia,


antônimos. Na área social, divisão do trabalho, grupos sociais, jogos, etnocentrismo.

Comportamentalmente, agressão, gestos faciais, rumores; e na área mental emoções,


pensamento dualístico, medos, empatia, mecanismos de defesa psicológicos.

3.2.2. Universais aparentes


Esses universais são aqueles para os quais houve apenas algumas exceções. Por exemplo, a
prática de fazer fogo é parcialmente universal, pois existem diferentes evidências de que muito
poucos povos a usavam, porém não sabiam fazê-lo. Outro exemplo é a proibição do incesto,
regra presente em diferentes culturas, com algumas exceções.

3.2.3. Universais condicionais


O universal condicional também é chamado de universal implicacional e se refere a uma relação
de causa-efeito entre o elemento cultural e sua universalidade. Em outras palavras, uma
determinada condição precisa ser atendida para que o elemento seja considerado universal.

O que está em segundo plano nos universais condicionais é um mecanismo causal que se
torna uma norma. Um exemplo cultural pode ser a preferência pelo uso de uma das duas mãos
(a direita, no Ocidente).

3.2.4. Universais estatísticos


Os universais estatísticos são aqueles que ocorrem constantemente em sociedades
aparentemente não relacionadas, mas eles não são universais absolutos porque parecem
ocorrer aleatoriamente. Por exemplo, os diferentes nomes pelos quais o "aluno" é chamado
em diferentes culturas, já que todos se referem a uma pessoa pequena.
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3.2.5. Grupos universais


Os universais de grupo são aqueles elementos ou situações em que um conjunto limitado de
opções explica as possibilidades de variação entre as culturas. Por exemplo, o alfabeto fonético
internacional, que representa uma possibilidade finita de comunicação por meio de sinais e sons
comuns, e que encontrado de maneiras diferentes em todas as culturas.

Neste caso, existem duas grandes categorias para analisar os universais: êmico e ético
(derivados dos termos ingleses "fonêmico" e "fonético") que servem para distinguir os
elementos que estão expressamente representados nas concepções culturais das pessoas, e os
elementos que estão presentes, mas não explicitamente.

Por exemplo, todos nós falamos com base em algumas regras gramaticais que adquirimos.
No entanto, nem todas as pessoas têm uma representação clara ou explícita do que são as "regras
gramaticais".
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4.Conclusão
Uma sociedade como a moçambicana, apesar de possuir várias etnias e línguas, já sofreu muitos
processos de contaminação cultural e existem inevitavelmente aspectos convergentes entre as
várias culturas. É necessário verificar o que é comum entre elas e efetuar conjuntos de
conteúdos transculturais que seriam incorporados no currículo.

Apesar de reconhecermos que a solução para o ensino na diversidade cultural passa pela criação
de um currículo comum, em Moçambique ainda estamos longe de alcançar esse ideal educativo.
Por essa razão, sugerimos que o primeiro passo a ser dado devia ser a formação de professores
capazes de trabalhar na e com a diversidade cultural.

É necessário realçar que o currículo comum não significa homogeneizar a cultura, nem sequer
criar um currículo monocultural. Os aspectos comuns devem significar a inclusão de aspectos
que sejam válidos para toda a sociedade em que haja uma pluralidade interna, em que se tolera
a diversidade “sem renunciar a uma plataforma cultural compartilhada
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5.Referências
CANDAU, Vera Maria. Interculturalidade e educação escolar. Disponível em: . Acesso em: jul.
2006.

COSTA, Sérgio. Muito além da diferença: (im)possibilidades de uma teoria social póscolonial.
Disponível em: . Acesso em: jun. 2006.

DIAS, Hildizina. As desigualdades sociolinguísticas e o fracasso escolar: em direcção a uma


prática linguístico-escolar libertadora. Maputo: Promédia, 2002.

DUSSEL, Inês. “O currículo híbrido: domesticação ou pluralização das diferenças?”. In:


LOPES, A. C.; MACEDO, E. (org.). Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez
Editora, 2002, p. 55-77.

FLEURI, Reinaldo Matia. Multiculturalismo e interculturalismo nos processos educacionais.


Disponível em: . Acesso em: jun. 2006.

GADOTTI, Moacir. Notas sobre a educação multicultural. Encontro de educadores negros do


MNU. Câmara Municipal de São Paulo, 16-19 de Julho de 1992. Disponível em: . Acesso em:
jun. 2006.

SACRISTÁN, J. Gimeno. Educar e conviver na cultura global: as exigências da cidadania.


Porto Alegre: Artmed, 2002.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª Ed. Rio de Janeiro: DP&a, 2006.

INE/ NELIMO. Situação linguística de Moçambique. Dados do II Recenseamento Geral da


População e Habitação de 1997. FIRMINO, Gregório (org.). Maputo, INE, 2000.

MACEDO, Roberto S. “A aula como actos de sujeitos do currículo e acontecimento


multirreferencial”. In: SILVA, Aida et al. Novas subjectividades, currículo, docência e questões
pedagógicas na perspectiva da inclusão social. Recife: ENDIPE, 2006. p.59-68.

MINED (Ministério da Educação). Sistema Nacional de Educação. Maputo: MINED, 1985.

MINED (Ministério da Educação). Plano curricular do Ensino Básico (PCEB). Maputo: 199

TAKAHASHI, Tadao. Diversidade cultural e direito à comunição. Disponível em: . Acesso em:
jul. 2006.

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