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Instituto Superior de Relações Internacionais

Licenciatura em Relações Internacionais e Diplomacia

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE LICENCIATURA

Tema: DESAFIOS DA UNIÃO AFRICANA NO COMBATE AO TERRORISMO NA


SOMÁLIA (2007-2017)

Cadidato: Gentil Orlando Ndavezita Supervisor: Dr. Carmona Bila

Maputo, Março de 2019


Declaração de Autoria

Eu Gentil Orlando Ndavezita, declaro, por minha honra, que o presente trabalho é da minha
autoria e que nunca foi anteriormente apresentado para avaliação em alguma Instituição de
Ensino Superior, Nacional ou de outro País.

________________________________________

Gentil Orlando Ndavezita


Termo de responsabilização do candidato e do supervisor

Trabalho a ser submetido ao Instituto Superior de Relações Internacionais como cumprimento


parcial dos requesitos necessários para a conclusão do grau de licenciatura em Relações
Internacionais e Diplomacia.

O Candidato O Supervisor

________________________________ ______________________________
Gentil Orlando Ndavezita Dr. Carmona Bila
Índice
Agradecimentos .......................................................................................................................... i

Dedicatória .................................................................................................................................ii

Lista de Siglas e Abreviaturas.................................................................................................. iii

Lista de Figuras e Tabelas.......................................................................................................... v

Introdução .................................................................................................................................. 1

Delimitação espaço – Temporal................................................................................................. 1

Contextualização ........................................................................................................................ 1

Justificativa ................................................................................................................................ 3

Problematização ......................................................................................................................... 3

Objectivos .................................................................................................................................. 4

Geral ........................................................................................................................................... 4

Específicos ................................................................................................................................. 4

Questões de Pesquisa ................................................................................................................. 5

Hipóteses .................................................................................................................................... 5

Metodologia ............................................................................................................................... 5

Métodos...................................................................................................................................... 5

Técnicas ..................................................................................................................................... 6

Estrutura do Trabalho ................................................................................................................ 6

CAPÍTULO 1: MARCO TEÓRICO E CONCEPTUAL ........................................................... 8

1.1. Marco Teórico ..................................................................................................................... 8

Teoria Pluralista ......................................................................................................................... 8

Teoria Neo-Realista ou Realismo Estrutural ........................... Error! Bookmark not defined.

Complementaridade ................................................................. Error! Bookmark not defined.

1.2. Marco Conceptual ............................................................................................................. 12

1.2.1. Terrorismo...................................................................................................................... 12

1.2.2. Combate ao Terrorismo ................................................................................................. 13


1.2.3. Segurança ....................................................................................................................... 15

CAPÍTULO 2: CAUSAS DO SURGIMENTO DO TERRORISMO NA SOMÁLIA ........... 17

2.1. Localização Geográfica da Somália.................................................................................. 17

2.2. Causa do Surgimento do Terrorismo na Somália ............................................................. 18

2.2.1. Idiossincrasias do Presidente Mohamad Siad Barre ...................................................... 19

2.2.2. Última Unidade Decisória como Influência na Política Somali .................................... 20

2.2.3. Ligação do Presidente Siad Barre com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 20

2.2.4. Ligação de Barre com os Estados Unidos de América .................................................. 21

2.2.5. Guerra Civil entre Clãs .................................................................................................. 22

2.3. Envolvimento de Actores Externos nos Assuntos Somalis: Factor de Radicalização do Al


Shabaab .................................................................................................................................... 24

2.3.1. Envolvimento dos EUA ................................................................................................. 24

2.3.2. Envolvimento das Nações Unidas ................................................................................. 25

2.3.3. Envolvimento da Etiópia................................................................................................ 26

2. 4. Entendimento sobre o Grupo Al Shabaab ........................................................................ 26

2.4.2. Surgimento do Grupo Al Shabaab ................................................................................. 26

CAPÍTULO 3: IMPACTO DOS ATAQUES TERRORISTAS NA SOMÁLIA .................... 28

3.1. Incursões do Grupo Al Shabaab ....................................................................................... 28

3.1.1. Radicalização do Grupo Al Shabaab ............................................................................. 28

3.1.2. Ligações do Al Shabaab com Actores Externos ............................................................ 28

3.1.3. Método de Actuação do Grupo Al Shabaab .................................................................. 29

3.1.4. Forma de Recrutamento do Grupo Al Shabaab ............................................................. 29

3.1.5. Financiamento ao Grupo Al Shabaab ............................................................................ 30

3.2. Impactos dos ataques terroristas do grupo Al Shabaab na Somália .................................. 31

3.2.1. Impactos Sociais ............................................................................................................ 31

3.2.2. Impactos Económicos .................................................................................................... 32

3.2.3. Impactos Políticos .......................................................................................................... 33


CAPÍTULO 4: DESAFIOS DA UNIÃO AFRICANA NO COMBATE AO TERRORISMO
NA SOMÁLIA......................................................................................................................... 35

4.1. União Africana no Combate ao Terrorismo...................................................................... 35

4.2. Ameaça Terrorista na Somália e Contexto da Actuação da União Africana .................... 36

4.2.1. Conquistas da União Africana na Somália ................................................................... 37

4.3. Desafios da União Africana no Combate ao Terrorismo na Somália ............................... 39

4.3.1. Dependência Política e Problemas Económicos da UA no Âmbito da Missão ............. 39

4.3.2. Problemas na Actuação das Forças da União Africana ................................................. 40

4.3.3. Efectivo e Recursos Funcionais da UA ......................................................................... 42

4.3.4. Fragilidade das Forças da UA nas Patrulhas Nocturnas, na Detecção de Homens Bombas
.................................................................................................................................................. 43

4.3.5. Instrumentalização dos Clãs pelo Grupo Al Shabaab .................................................... 44

4.3.6. Instrumentalização da População pelo Al Shabaab no Sector de Justiça ...................... 44

Conclusão................................................................................................................................. 46

Referência Bibliográfica .......................................................................................................... 48


Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela vida, sabedoria, protecção e longanimidade nesta
trajectória académica. Em segundo lugar, agradeço ao corpo docente do ISRI que subsidiou-
me pelo conhecimento que hoje disponho, especialmente ao meu supervisor Dr. Carmona Bila
que orientou-me carinhosamente na elaboração da presente monografia.

Os agradecimentos estendem-se também, para a minha família em especial, aos meus parentes:
Orlando Albino Ndavezita e Aventina Eugénio Ngovene pelo apoio imensurável na
concretização deste grande sonho, gostaria de destacar, os meus irmãos Maria Helena
Ndavezita, João Ndavezita, Zanela Ndavezita, Madalena Ndavezita, Albino Nadavezita e
Aventina Ndavezita, pelas energias positivas que proporcionaram-me. A lista de
agradecimentos seria injusta sem mencionar os meus tios, que deram-me a força e o apoio
pecuniário, neste rol podemos citar: Eugídio Ngovene, Marieta Ngovene, Regina Ngovene,
Afonso Ndimande, Amélia Ndavezita, Palmira Ndavezita, Lúcia Ndavezita, Marciana
Ndavezita e também, aos meus primos, Eleutério Ndimande, Ayando Ndimande, Afonso
Ndimande (in memria), Eliote Moiane, Ivone Moiane (in memoria), Olívia Moiane, Luís
Moiane, Erasmo Malhaieie, Carlota Mandlaze a quem vai o meu profundo reconhecimento e
gratidão, por todos os préstimos dispensados.

Não me esqueço também de agradecer os meus colegas de turma especialmente ao meu grupo,
Alcídio Ngoenha, Alda Yolanda Mondlane, Ernesto Chirindza, Messias Matsinhe e Stélio
Guambe que do primeiro ao quarto ano foi indissociável, o que permitiu-nos colher
conhecimentos e experiências acadêmicas. Ademais, não podia encerrar estas menções
honrosas, de forma directa ou indirecta sem antes prestar uma singela homengem, a todos, que
se dignaram a dar apoio à minha pessoa para que fosse possível concretizar este sonho e, aqui
refiro com destaque aos meus amigos: Ilídio Henriques Chilengue, José Jõao e Filomena
Manguele, Geremias Mathe pela intensa amizade, particularmente, o inestimavel contributo,
para ingressar no ensino superiror.

Muito Obrigado!

i
Dedicatória

Dedico a presente Monografia ao meu pai Orlando Albino Ndavezita, a minha mãe Aventina
Eugénio Ngovene e aos meus irmãos, Maria Helena Ndavezita, João Ndavezita, Zanela
Ndavezita, Madalena Ndavezita, Albino Nadavezita e Aventina Ndavezita.

ii
Lista de Siglas e Abreviaturas

ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados

ACSRT - Centro Africano de Estudo e Pesquisa sobre Terrorismo

AMISOM – African Mission in Somalia (Missão de Paz da União Africana na Somália)

ARS - Aliance for the Re-liberation of Somália (Aliança para a Re-liberação da Somália)

CAEPT – Centro Africano de Estudo e Pesquisa sobre Terrorismo

CCT – Comité Contra o Terrorismo

CPSUA – Conselho de Paz e Segurança da União Africana

CSNU – Conselho de Segurança das Nações Unidas

CSR – Conselho Supremo Revolucionário

DUDH – Declaração Universal dos Direitos Humanos

EUA – Estados Unidos de América

FBI – Federal Bereau of Investigation (Depatamento Federal de Investigação)

GTF – Governo de Transição Federal

IGAD - Intergovernmental Authority on Development (Autoridade Intergovernamental para o


Desenvolvimento)

NU – Nações Unidas

OI – Organização Internacional

ONG – Organização Não – Governamental

OUA – Organização da Unidade Africana

PAPCTUA - Plano de Acção de Prevenção e Combate ao Terrorismo da União Africano

PIB – Peso Intero Bruto

PSC – Political and Security Committee (Comité de Segurança e Política)

SADC – Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral

iii
SI – Sistema Internacional

UA – União Africana

UCI - União das Cortes Islâmicas

UNISOM – United Nation in Somália (Missão das Nações Unidas para Somália)

URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

WFP – World Food Programme (Programa Mundial para Alimentação)

iv
Lista de Figuras e Tabelas

Figuras

Figura 1: Mapa de localização geográfica da Somália…………...………...……………. …...19

Figura 2: Mapa que indica a distribuição territorial de


clãs...…………………………………………………………………………………….……25
Figura 3: Mapa que indica os Sectores de Operações da UA………........................................39
Figura 4: Imagem de um soldado da UA a vigiar o porto da capital
somali………………………………………………………………………………………...40
Figura 5: Mapa sobre Áreas de ifluência controladas pelo grupo Al Shabaab na
Somália…………………………………………….…………………………………………43

Tabelas

Gráfico Circular 1: Principais Clãs e Subclãs Somalis………………………………………..24

v
Sumário Executivo

Este trabalho visa compreender os desafios enfrentados pela União Africana no combate ao
terrorismo, tendo como estudo de caso a Somália, no período compreendido entre 2007 e
2017. O trabalho apresenta o objectivo geral que é compreender os desafios da União Africana
no combate ao terrorismo na Somália; por sua vez, os objectivos específicos apresentados são:
explicar as causas do surgimento do terrorismo na Somália, discutir o impacto dos ataques
terroristas na Somália, e analisar os desafios da UA no combate ao terrorismo. Ainda o trabalho
é desenvolvido à luz da teoria pluralista tida como uma das imagens alternativas na política
mundial, desta forma, aparece como a não teoria realista. Uma das inclinações da teoria
pluralista é a que os actores não estatais são entidades importantes na política mundial. No
sistema internacional, outros actores como organizações internacionais, corporações
internacionais, grupos terroristas são basilares. Portanto, a União Africana sendo uma OI que
luta contra o terrorismo na Somália, Al Shabaab como um grupo terrorista, enquadra-se nos
moldes da teoria.

A ideia principal do trabalho tal como foi referenciado anterirormente, é analisar os desafios
que a missão enfrenta na Somália, sem no entanto, esquecer-se de salientar que as referências
bibliográficas foram obtidas a partir da revisão da literatura. São usados o método de
abordagem mista que engloba a quantitativa e qualitativa, o método histórico, o método
indutivo. As técnicas aplicadas foram: a bibliográfica e a entrevista. Desse modo, concluiu-se
que a dependência política e económica da União Africana, a fragilidade das forças da UA nas
patrulhas nocturnas e detecção de homens bombas, a instrumentalização dos clãs e da
população no sector da dustiça, pelo Al Shabaab, impões desafios para que a União Africana
possa ser capaz de eliminar o Al Shabaab como grupo terrorista na Somália e sujeita-a traçar
políticas que possam torná-la eficaz nas suas missões.

Conceito – chave: Terrorismo.

vi
Introdução

O presente trabalho tem como tema: “Desafios da União Africana no Combate ao Terrorismo
na Somália”.

Delimitação/espaço – Temporal

O tema tem como horizonte espacial a Somália por se tratar do palco no qual tem ocorrido
actos terroristas e que a União Africana tem se posicionado para combater os mesmos actos,
terroristas. E o horizonte temporal corresponde ao período compreendido entre 2007 e 2017.
O ano de 2007 foi escolhido por ter sido o período em que a União Africana estabeleceu uma
missão de paz (AMISOM1) sob aprovação das Nações Unidas (Hull et al, 2008:19). E o ano
de 2017 por se tratar do período em que a Somália registou o maior ataque terrorista do século
reivindicado pelo grupo Al Shabaab que matou cerca de 300 civis, estando presente as forças
da UA.2

Contextualização

A actuação da União Africana na Somália, enquadra-se no contexto da Autoridade


Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD sigla inglesa ou conhecido por IGASOM),
ter defrontado desafios na resolução do conflito entre os grupos de clãs, Darood, que queriam
ascender ao poder político, depois da deposição do presidente Siad Barre pelos memsos grupo
de clãs. A Al Ijtihad, Al Islamic são facções que instabilizaram o país, influenciaram os clãs a
se unirem das divisões interclãs e seguirem os seus ideias, de adotar o islão como o seu
objectivo político. Também devido à disputas fronteiriças entre os Estados membros da IGAD,
tal é o caso da Etiópia que apoiava o grupo terrorista contra o governo somali através de prox
wars3, reivindicando Ogaden, uma parte do território ora supostamente anexada por Somália
(Abdi, 2017:60-61).

1
AMISOMA – Sigla inglesa que significa African Union Mission in Somalia/Missão da União Africana para
Somália.
2.
https://pucminasconjuntura.worldpress.com/2017/11/28/silencio-diante-do-maior-atentado-terrorista-da-
ultima-decada-um-retrato-do-descanso-do-sistema-internacional-para-com-estados-falidos-como-a-somalia -
Consultado em 20 de Junho de 2018.
3
Prox Wars – significa guerra por procuração em dois países ao em vez de se combaterem directamente, recorrem
a terceiros como intermediários. Como exemplo pode-se recorrer a guerra civil na Síria que se revela pela
existência de inúmeros grupos insurgentes e dos seus patrocinadores. A Síria e o Iraque tornaram-se os bastiões
dos jihadistas que combatem em nome de uma causa que não é exclusiva dos revoltosos mas, também, dos Estados
que financiam estas organizações não estatais.

1
O insucesso da IGAD devido a instabilidade que transcendeu da guerra civil para o terrorismo
coagiu a União Africana, atavés do seu órgão de paz, o Conselho de Segurança de Paz da União
Africana (CSPUA), criado para promover a paz pela coordenação de esforços continentais para
o combater ao terrorismo, a implantar em 2007, a AMISOM, de modo a ajudar e proteger o
governo somali e a população que sofriam ataques do grupo Al Shabaab, que se contraria aos
senhores de guerra ou dos warlords4 (Sabia et al 2011:50-52). O grupo Al-Shabaab que põe
em causa a paz e segurança da Somália devido às capacidades limitadas do governo para
combater o mesmo grupo (Carvalho et al 2014:69), que perpetrou no país cerca de quinhentos
e sessenta e seis ataques terroristas que deixaram um total de mil quatrocentos e trinta e sete
mortos, entre os anos 2009 e 2010.5

As incursões terroristas não só são sentidas na Somália, como também são a nível regional. O
Al Shabaab é considerado como ameaça às nações vizinhas, a começar pelo Quénia, palco que
os ataques e atentados fizeram centenas de mortos.6 Em Setembro de 2013, o grupo atacou um
shopping – center Westgate em Nairóbi, em abril de 2015, invadiu o campus de Garissa do
Moi University College , no nordeste do Quênia, matando pelo menos 148 pessoas e ferindo
outras 79, principalmente estudantes (Silva et al 2016:6). Em Uganda, por seu turno ocorreram
os ataques por alegadamente este Estado estar a apoiar as operações dos EUA no combate ao
terrorismo na Somália.7

O grupo Al Shabaab faz incursões inclusive a nível internacional recorrendo a utilização do


terror, com ataques pontuais, através de bombas suicidas ou assassinatos (na Somália, Quênia,
Uganda). As actuações do Al Shabaab são similares às do grupo Al Qaeda, de tal forma que
possibilitaram uma cooperação nas áreas de treinamentos e ideologia aliciando o Al Shabaab a
virar as suas atenções contra o ocidente, visto que este é considerado como maior inimigo do
Al Qaeda (Carvalho et al 2014:192). Foi ampliado o objectivo do Al Shabaab para conduzir a
guerra santa-jihad-contra o mundo ocidental e combater os inimigos do Islã (Silva et al
2016:6). No entanto, a elaboração do trabalho insere-se no âmbito da presença da UA na

4
Warlords – grupos que se dividem em três principais facções: Movimento Nacional Somali (SNM), Movimento
Patriótico Somali (SPM) e Congresso Somali Unido (USC). Cada um destes grupos reivindica o poder para si –
https://m.guerras.brasilescola.uol.com.br/seculo-xx/guerra-civil-na-somalia.htm - Ascesso no dia 21 de Agosto
5
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/11/somalia-o-pais-com-mais-riscos-de-atentados-terroristas.html -
Acessado no dia 15 de Agosto de 2018.
6
https://www.publico.pt/2016/01/15/mundo/noticia/alsahbaab-atacam-base-da-uniao-africana-no-sul-da-
somalia-1720309 - Acessado em 04 de Agosto de 2018.
7
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2017/10/16com-governo-enfraquecido-somalia-tem -
terrorismo-local-que-proecupa-atetrump.htm – Consultado no dia 4 de Agosto de 2018.

2
Somália cujo enfoque é de empreender esforços de combater o terrorismo, sendo uma das
células neste país que alimenta outros grupos noutros pontos do mundo, tal é o caso da Al
Qaeda. Poderá se aferir por encalço também a genuidade dos desafios da UA naquele território
pelos dados a serem levantados e avaliados.

Justificativa

A pesquisa é relevante porque para além de permitir o candidato a obter o grau de licenciatura
em Relações Internacinais e Diplomacia, ela confere-o ferramentas sobre o comportamento do
grupo terrorista, Al Shabaab, no corno de África e medidas a serem tomadas pela União
Africana para conté-lo por forma a não se repercurtir em outras partes do continente. No que
tange a área científica, o trabalho possui relevância dado que produzirá novos conhecimentos
sobre as proporções do Al Shabaab e sua influência na Somália, região e no mundo, sendo que
o terrorismo desafia o compromisso com objectividade os estudiosos . Por fim, na área social
permitirá que a mesma sociedade tenha consciência da existência dos novos actores que
ocupam a agenda das relações internacionais tal é o caso do Al Shabaab combatido pela UA
por forma a tornar o continente pacífico e sobre como a sociedade deve se comportar perante
estes actos.

Problematização

A multiplicidade e a competição dos grupos de clãs pelo poder político na Somália, culminaram
com a emergência do Al Shabaab, considerado grupo terrorista. O Al Shabaab tornou ameaça
ao adoptar táticas de guerrilha e ataques surpresas conquistando as zonas estratégicas no país
(centro urbano de Mogadíscio, porto), matando civis. Impediu a ajuda humanitária para os
cidadãos somalis que passavam fome, que não cultivavam devido ao pânico de extremínio.
Extendem-se também as incursões para os países vizinhos, tornando o Corno de África uma
região complexa (Pedra, 2013:23-24).

A Carta da UA no seu Artigo 5º sustenta que os Estados membros da União se comprometem


a intensificar a sua colaboração e cooperação em todos os aspectos relacionados com o combate
ao terrorismo internacional e qualquer outra forma de criminalidade transnacional organizada
ou de desestabilização de qualquer Estado membro. Em conformidade com o artigo acima

3
mencionado, CPSUA8 estabeleceu em 2007, a missão de paz (AMISOM) com a aprovação das
NU para proteger e ajudar o GTF da Somália (governo interino da Somália9) a combater o
grupo terrorista Al Shabaab (Pedra, 2013:24).

Na sequência existência da missão, as forças da União Africana conseguiram expulsar em


2011, o grupo da capital somali, Mogadíscio (Cardoso, 2012:78). Os soldados e polícias da
Somália receberam treinos, houve os primeiros socorros aos civis feridos e aos combatentes
(Kidist, 2008:40). A presença da UA na Somália foi visto com grandes expectactivas no que
se refere ao combate ao terrorismo, todavia, não conseguiu deter o Al Shabaab, nem cumprir
com os pontos previstos na agenda da missão de paz. Em 2016, a missão da UA contava com
um total de vinte e dois mil militares no país, mas as milícias Al Shabaab atacaram a sua base
(EL-Ade) situada no sul do país, 55 km a Oeste da capital, Mogadício. 10 Em 2017, a Somália
sofreu cerca de mais de cinquenta ataques terroristas; alguns dos países integrantes da missão
estão em fricção com a Somália, como a Etiópia que lutam devido a região de Ogaden.
Outrossim, a UA apresenta os meios materiais escassos como helicópteros e o fraco
11
treinamento das forças para corresponder a missão. Diante da situação acima apresentada,
pode-se questionar: Quais são os Desafios da União Africana no combate ao terrorismo na
Somália?

Objectivos

Geral: Compreender os desafios da União Africana no combate ao terrorismo na Somália.

Específicos:

 Explicar as causas do surgimento do terrorismo na Somália;


 Discutir o impacto dos ataques terroristas na Somália;
 Analisar os desafios da União Africana no combate ao terrorismo na Somália.

8
CPSUA – Criado no dia 26 de Dezembro de 2003 com o intuito de manter a paz/paecekeeping e intervenção
rápida em casos de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade por forma a promover a paz, a
segurança e a estabilidade na África e luta contra o terrorismo.
9
Governo interino da somália por não existir uma estrutura política ou governo central capaz de manter a ordem.
10
https://exame.abril.combr/mundo/o-que-sabe-sobre-atentado-terrorista-na-somalia/ - Consultado em 20 de
Junho de 2018.
11
https://exame.abril.combr/mundo/o-que-sabe-sobre-atentado-terrorista-na-somalia/ - Consultado em 20 de
Junho de 2018.

4
Questões de Pesquisa

 Quais são as causas do surgimento do terrorismo na Somália?


 Que impacto os ataques terroristas têm na Somália?
 Quais são os desafios da União Africana no combate ao terrorismo na Somália?

Hipóteses

 A luta pelo poder entre os clãs, as decisões autoritárias e o egocentrismo do presidente


Siad Barre podem ser as causas do surgimento do terrorismo na Somália;
 A fragilidade do Estado e das instituições podem ser os impactos dos ataques terroristas
na Somália; e
 O problema do efectivo militar, a instrumentalização dos clãs pelo grupo Al Shabaab e
os ataques às bases das forças militares da UA podem ser os desafios que a UA enfrenta
no combate ao terrorismo na Somália.

Metodologia

O método é essencial para análise de quaisquer problemas que molestam o investigador. sendo
conjunto de etapas, ordenamente dispostas, a serem usadas na investigação para atingir certo
objectivo.12 Para a elaboração da pesquisa recorreu-se aos seguintes métodos: histórico,
indutivo e método de abordagem mista. O método foi coadjuvado as seguintes técnicas:
bibliográfica, documental e de entrevista:

Métodos

O Método de abordagem Mista engloba a quantitativa, traduzida em números as opiniões e


informações para serem classificadas e analisadas e a qualitativa, que descreve os dados obtidos
e os analisa indutivamente, interpreta os fenómenos e atribui os significados (Rodrigues,
2007:5). Foi relevante para esta pesquisa pois permitiu que se traduzisse em número alguns
dados inerentes à mortes causadas pelos terroristas e de seguida a sua análise para se aferir as
causas ou solução;

12
www.ppgia.pucpr.br/.../MCIC_01_v3. – Consultado em 26 de Julho de 2018.

5
O método histórico pesquisa os acontecimentos, os processos e as instituições do passado para
verificar a sua influência no mundo social do presente (Marconi e Lakatos, 2003:106). O
método permitiu recolher informações inerentes às causas e evolução do terrorismo na Somália
por forma a correlacionar com os factos actuais e operacionalizar com a missão da União
Africana; e
O método indutivo parte do princípio de que se dá o início de dados particulares e se infere
uma verdade geral (Lakatos e Marconi, 2003:86). Com este método, parte-se da observação
dos factos ou dos fenómenos cujas causas se deseja conhecer. A seguir, procura-se comparar
os mesmos factos com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim,
procede-se à generalização, com base na relação verificada entre os factos ou fenómenos (Gil,
2008:11). O método foi útil para a compreensão das causas e da evolução dos actos terroristas
e do desdobrar das forças da União Africana na Somália.

Técnicas

A técnics bibliográfica visa recolher informações das obras, trabalhos elaborados por outros
autores que podem estar publicado, ou não, em livros, jornais ou revistas científicas, (Lundin,
2016:148). Foi validada pois irá permitir a colecção de informações de vários autores para o
garante da elaboração do trabalho; Os autores como (Marconi e Lakatos, 1979:29) defendem
que a Técnica documental consiste em recolher as fontes primárias (arquivos públicos e
particulares, estatísticas oficiais, censos); e fontes secundárias (obras e trabalhos elaborados,
jornais, revistas). Esta, permitiu a recolha de informações para consulta sobre o tema;
A técnica de entrevista sustentada por Gil (2008:145), é aquela em que o investigador se
apresenta a frente ao investigado e lhe formula questões a fim de obter do mesmo, informações
que interessem-no”. Foi relevante na presente pesquisa na medida em que contribuiu na
obtenção de informações adicionais relacionadas à questão de partida do trabalho, com vista a
melhor compreensão do problema acima levantado.

Estrutura do Trabalho

O presente trabalho é composto por quatro capítulos, onde o primeiro apresenta o marco teórico
e os conceitos principais, o segundo explica as causas dos ataques terroristas na Somália, o
terceiro discute os impactos que os ataques terroristas criam na Somália e o quarto e último
capítulo analisa os desafios da União Africana no combate ao terrorismo na Somália. A teoria

6
usada no primeiro capítulo é pluralista que enquadra a UA, organização internacional, e o grupo
terrorista como actores que dinamizam a política internacional. No segundo capítulo explica-
se as causas do surgimento do terrorismo pela combinação do processo histórico da Somália,
mas destaca-se as idiossincrasias do Siad Barre, as decisões do líder, as ligações do presidente
com as grande potências, no terceiro capítulo, os impactos que vão desde vão desde
económicos, sociais e políticos. No quarto e último capítulo sobre análise dos desafios das da
UA, destaca-se a UA no combate ao terrorismo, a missão da UA na Somália e seus desafios
desafios.

7
CAPÍTULO 1: MARCO TEÓRICO E CONCEPTUAL

O presente capítulo tem como abordagem o enquadramento teórico e debate conceptual de


conceitos chaves empregues operacionalmente ao longo do desenvolvimento do trabalho. O
enquadramento teórico é associado à União Africana na sua missão de estabelecer a paz na
Somália com vista a combater o terrorismo perpetrado pelo Al Shabaab. Nesta senda, busca
operacionalizar o tema da pesquisa à luz dos pressupostos da teoria pluralista. Na apresentação
da teoria, descreve-se o contexto do seu surgimento, seguindo-se os precursores, os
pressupostos, a aplicabilidade da teoria ao tema através dos pressupostos e por fim a crítica.

1.1. Marco Teórico

A teoria é vista como um simples caminho para fazer o mundo ou a sua parte muito inteligível
e melhor entendido através dos fenómenos observados (Viotti e Kauppi, 2010:4). É ainda
entendida como aquilo que torna o mundo mais inteligível por explicar, antecipar e prever os
fenómenos observados (Viotti e Kauppi, 2013:25). Para este trabalho, optou-se pela teoria
pluralista pois ela enquadra as organizações internacionais na operação do sistema
internacional e, a União Africana é uma das organizações continental que constitui uma peça
fundamental na resposta em tempo útil ao surgimento de conflitos violentos.

Teoria Pluralista

Uma das imagens alternativas à política mundial é o que é chamado pluralismo (alguns
escritores referem-se a esta imagem como liberalismo – uma alusão ao pensamento liberal
clássico). A teoria pluralista aparece como a não teoria Realista (Zeca, 2013:85).

Contexto de surgimento
Em relação ao contexto de surgimento da teoria, as origens do Pluralismo podem ser buscadas
no pensamento político da Antiga Grécia, dos liberais dos séculos XVIII e XIX e, mais
recentemente, nos escritos académicos sobre o comportamento de grupos de interesse e
organizações. Tal como o termo sugere, os pluralistas vêm as relações internacionais em termos
da multiplicidade dos actores desafiando assim a posição privilegiada em que os realistas
colocam o Estado (Zeca, 2013:85).

8
Importa referenciar nos moldes de Sousa (2005:142), que a nova abordagem teórica das
Relações Internacionais nasce no século XX, em 1960, em função da necessidade de responder
aos novos desafios colocados pela complexidade crescente das questões internacionais, dando
origem, então, à perpectiva pluralista das Relações Internacionais (Sousa, 2001:142-143).
Surge numa altura em que o Realismo era criticado por não dar importância suficiente às
questões económicas, não aceitar a interação entre o ambiente doméstico e internacional e por
negar também outros actores não etatais, (Viotti e Kauppi, 2010:118) que desempenham um
papel determinante no Sistema Internacional.

Precursores

Os precursores do pluralismo são uma partilha das áreas de ciências de investigação devido ao
facto de muitos dos seus escritores não terem sido observadores das relações internacionais
como tal, mas sim como: economistas, cientistas sociais, teólogos ou cientistas políticos
interessados em políticas domésticas, todavia, importa levantar os seguintes (Zeca, 2013:85):

Immanuel Kant que escreve a obra A Paz Perpétua (1975), Richard Gobden e Jeremy Bentham
cuja sua obra ostenta o título Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação (1789).
Os seres humanos podiam viver no mundo em uma paz perpétua, livremente sem guerra, nas
ideias de Immanuel Kant. O capitalismo ilimitado levaria a uma possibilidade de harmonia
internacional (Viotti e Kauppi, 2010:118). Propôs a ideia de uma federação das nações
constituída por uma República onde as soberanias dos Estados ficariam intactas (Vioti e
Kauppi, 2010:122)
Richard Gobden na percepção de (Viotti e Kauppi, 1993:123) é adicionado na lista dos
precursores e foi um dos expoentes do liberalismo comercial. Outros proeminentes nos séculos
XVII e XIX, associados às ideias de Godben foram: Adam Smith, Jeremy Bentham, Jean –
Jacques Rousseau, Montesquieu e John Stuart Mill. Gobden defendeu que muitas das guerras
eram protagonizadas pelos Estados para alcançarem os seus interesses comerciais. O livre
comércio como parte do sistema capitalista podia tornar os líderes muito mais efectivos e
pacíficos; e
Também Jeremy Bentham foi uma das principais figuras da escola filosófica conhecida por
utilitarismo. Os utilitaristas defendem que devemos basear os nossos juízos políticos a partir
de algo que pode-se medir. Alguns dos argumentos de Bentham afirmam que enquanto as
nações eram de vital importância, o projecto de construção do direito internacional devia

9
sacrificar o ideal do auto-interesse nacional ao ideal universal da maior felicidade de todas as
nações em conjunto (Pacequilo, 2004:153).

Pressupostos

Identificam os seguintes pressupostos básicos para o pluralismo (Viotti e Kauppi, 1993:229):

1. Os actores não estatais são entidades importantes na política mundial. Portanto, no


sistema internacional outros actores tais como, as organizações internacionais, as
corporações multinacionais, os grupos terroristas, os comerciantes de armas e os
movimentos de guerrilha têm um papel de destaque na dinâmica das relações
internacionais;
2. Os Estados não são actores unitários. Eles são compostos por indivíduos que estão em
competição. O Estado é algo abstracto e não pode ser tratado como se fosse um ser
físico que age sempre de maneira coerente. É composto por burocracias, grupos de
interesses e indivíduos que tentam formular ou influenciar a política externa. A
competição, construção de coligações, conflito e compromisso entre estes actores são
os ingredientes da política. A decisão não é feita por uma entidade abstracta (Estado
unitário), mas sim pela combinação de actores no âmbito do estabelecimento da política
externa;
3. Os pluralistas questionam a concepção realista segundo a qual o Estado é um actor
racional. Pela sua visão fragmentada sobre o Estado, assume-se que o choque de
interesses, a negociação e a necessidade de compromisso fazem com que, por vezes, o
processo de tomada de decisão não seja racional;
4. Para os pluralistas, a agenda das relações internacionais é extensiva, apesar de a
segurança nacional ser importante. Para estes teóricos, a agenda tem que abranger
questões que têm a ver com a economia, com a sociedade, e com questões ecológicas
que emergem da crescente interdependência entre os Estados e sociedades.

Os pluralistas rejeitam a dicotomia highpolitcs versus lowpolitics aceite pela maioria dos
realistas, pelo que as questões sócio-económicas por vezes são tão importantes quanto as
militares.

10
Críticas

Critica-se o pluralismo com o facto de diluir o papel do Estado no sistema político internacional
(Lundin, 2016:193).

Aplicabilidade

A teoria apresentada foi aplicada na base dos pressupostos número um e número dois e quatro.
O pressuposto número um será aplicado tendo em conta que a União Africana é uma
organização Internacional de carâcter continental, que busca promover a paz, a segurança e a
estabilidade no continente, lutando contra o terrorismo prepetrado pelo grupo Al Shabaab na
Somália, que se considera também um dos novos actores que influencia negativamente as
relações internacionais devido as suas acçõe. Assim, o envolvimento da UA na promoção da
paz somali eleva-a como um dos actores fundamentais na arena internacional, e que estará a
dinamizar a política internacional num espaço que apenas devia ser ocupado pelos Estados na
concepção da teoria Realista.

Enquadra-se o segundo pressuposto também na medida em que os descontentamentos


apresentados pelos grupos como os warlords, clãs, Al Shabaab, na razão de competição por
meio conflitual. Os grupos de clãs, Darood, Majertain, Ogadeni, criaram coligações políticas,
concorrendo o poder político para estabelecimento de um governo não ditatorial. A influência
do Al Shabaab sobre a população somali com o objectivo de construir um Estado regido pela
le Sharia, razão que move a UA a lutar contra o grupo ilustra que Estado não é um actor unitário
para conduzir só a política. O quarto pressuposto permite-nos erguer a ideia da segurança
nacional como assunto basilar para os Estados, ONG’s e as próprias OI. Assim, para a UA a
questão da segurança nacional a nível dos seus Estados membros é inquestionável na medida
em que criou sector de paz, o Conselho de Paz e Segurança, que vise lutar contra os conflitos
nacionais e combater o terrorismo. Na Somália, estabeleceu-se a UA através da AMISOM para
combater o terrorismo do grupo Al Shabaab e manter a segurança nacional daquele país.

11
1.2. Marco Conceptual

No presente subcapítulo faz-se o levantamento dos conceitos chaves que interligam as variáveis
do tema. Dentre os conceitos importa explanarmos os seguintes: terrorismo

1.2.1. Terrorismo

O termo terrorismo é um conceito ambíguo, localizado na interface das Ciências Sociais e da


Política. Devido a esse carâcter, torna-se praticamente difícil chegar a uma definição pertinente
e operacional, universalmente aceite, que não esteja automaticamente ligada a conotações
negativas, com interpretações subjectivas e carregada de valores, uma vez que um actor pode
ser terrorista para uns e um herói ou resistente para outros (Sousa, 2005:190). Tanto a Doutrina
quanto a Jurisprudência nacional e Internacional encontram grandes dificuldades em alcançar
consenso sobre a sua definição (Mandra, 2011:7, citando Wilesnsky e Januário13).

Todavia, alguns Pactos, Acordos, Bilaterais e Convenções celebrados, tem desencadeado


esforço para a elaboração de um documento quadro que seja além da definição axaustiva de
actos terroristas. E que consagrasse a definição universal do terrorismo. A apesar de ainda não
se ter conseguido uma definição satisfatória e consesual do conceito terrorismo (Verbo, 200314
e Silva, 200315, citados por Mandra, 2011: 8), as organizações internacionais, regionais,
nacionais, entre outras intituições, apresentam, sob o seu ponto de vista, a definição do
terrorismo, como vem abaixo:

As Nações Unidas na sua Convenção sobre o Financiamento do Terrorismo, definem o


terrorismo como sendo o acto destinado a causar a morte ou danos corporais graves a toda
pessoa civil, ou a toda outra pessoa que não participa directamente nas hostilidades, na situação
de conflito armado, quando por sua natureza ou seu contexto, este acto seja destinado a
intimidar a determinada população ou constranger um governo ou uma organização,
internacional para cumprir ou abster-se de cumprir um qualquer acto (ibd citado por Mandra,
2011:8);

13
Wilensky, Alfredo Héctor, e Januário, Rui (2003): Direito Internacional Público Contemporâneo –
Responsabilidade Internacional do Estado, TerrorismoInternacional, Direito Internacional do Ambiente,
Processo de Integração Europeia, e os Parlamentos Nacionais, Áreas Editoriais, Lisboa.
14
Verbo, Editorial: Polis Enciclopédia Verbos da Sociedade e do Estado, Número 5.
15
Silva, Manuel da (2005), Terrorismo e Guerrilha – Das Origens à Al-Quaeda, 1ª Edição, Edições Sílabo.

12
Para a União Africana, na sua Convenção sobre a Prevenção e a Luta Contra o Terrorismo de
1999, define o acto terrorista como qualquer acto ou ameaça de acto que viole as leis penais do
Estado parte, suceptível de pôr a vida, a integridade física, as liberdades de uma pessoa ou de
um grupo de pessoas, que cause ou possa causar danos aos bens privados ou públicos, aos
recursos naturais, ao ambiente ou ao património cultural (OU, 1999:3);

O FBI, define o terrorismo, como utilização ilícita da força e da violência contra as pessoas e
ou os seus bens, com o objectivo de intimidar, ou obrigar o seu governo, a população civil ou
parte desta, na prossecução dos objectivos da organização (Wilensky e Januário 200316, citado
por Mandra, 2011:8).
Entretanto, para este trabalho recorreu-se a definição do FBI por proporcionar elementos com
narração que auxiliam a compreender o conceito de Terrorismo. O Al Shabaab mata os civis,
destroe os seus bens e do Estado, coagindo assim o governo a ceder para implantar a lei Sharia
na Somália.

1.2.2. Combate ao Terrorismo

A definição deste conceito é uma adaptação pois não foi encontrada a definição exacta. Os
meios de combate ao terrorismo adoptados amplamente no Sistema Internacional tendem a
focar em acções responsivas ou reativas, depois que um ataque já tenha ocorrido. O combate
ao terrorismo não se dá de forma homogênea, de modo que diversos factores influem na escolha
da conduta a ser tomada para lutar contra o terrorismo. Ele pode ser entendido como resposta
aos actos terroristas, envolvendo um trabalho conjunto de instituições governamentais
(independentemente de correntes políticas ou níveis de governo), mídia, grupos de interesse e
elite, a população (Teodorio e Ramalho, 2017:81, citando Filho, 201617 e Crenshaw, 198118).
Na percepção de Teodorio e Ramalho (2017:277, citando Wilkinson, 200619 e Pedahzur e
Ranstorp, 200120) não é uma medida universal. O tipo de acção é decidido levando-se em

16
Wilensky, Alfredo Héctor, e Januário, Rui (2003), (2003): Direito Internacional Público Contemporâneo–
Responsabilidade Internacional do Estado, TerrorismoInternacional, Direito Internacional do Ambiente,
Processo de Integração Europeia, e os Parlamentos Nacionais, Áreas Editoriais, Lisboa.
17
Filho, Onofre dos Santos (2016) Interview: Onofre dos Santos Filho. [S.I.]: O Tempo, Aug. 2016. Interview
granted to Raquel Sodré. Disponível em: http://www. otempo.com.br/capa/mundo/guerra-ao-terror-falha-ao-
ignorar-natureza-pol%C3%ADtica-do-tema-1.1351037 - Consultado em 21 de Novembro de 2018.
18
Crenshaw, Martha (1981), The Causes of Terrorism. Comparitive Politics.
19
Wilkinson, Paul (2006), Terrorism Versus Democracy: The Liberal State Response, Routledge, New York.
20
Pedahzur, Ranstorp, Magnus (2001), A tertiary model for countering terrorism in liberal democracies: the
case of Israel. Terrorism and political violence, 3a Edição, London.

13
consideração cada conflito ou ataque específico num determinado ponto. No entanto, nas
democracias, os direitos humanos e a liberdade devem ser preservados..

O conceito ainda pode ser entendido de acordo com os modelos de combate ao terrorismo. Os
modelos de guerra e de justiça criminal. Onde o primeiro trata o terrorismo como um acto de
guerra, concentrando os esforços nas respostas militares e colocando a força armada a cargo da
operação. Por outro lado, o modelo de justiça criminal coloca o princípio da lei e os princípios
da democracia liberal acima de tudo, condenando os atentados que actuam contra os direitos
humanos, deslegitimar e punir os terroristas, não lhes dar nenhum tratamento especial. Mas
muitas vezes há um funcionamento híbrido dos modelos devido à forma como os terroristas
actuam (Erbaye, 201221 e Rinehert, 201022, citados por Teodorio e Ramalho, 2017:277).

O combate ao terrorismo também pode-se tratar de estratégias de intercepção de bombas;


evolução de tecnologias de detenção, como máquinas de raios-X nos aeroportos;
implementação de monitores de ar para a detenção de armas biológicas; expansão de circuitos
de câmeras em locais públicos; aprimoramento de tecnologias de biometria; bem como
ampliação do controlo de actividades pela internet ( Simon, 201323, citado por Teodorio e
Ramalho, 2017:280). O contraterrorismo também é associado à segurança nacional. Por
exemplo, depois dos ataques de 11 de Setembro de 2001, nos EUA, a administração de George
Bush, como forma de combater o terrorismo, adoptou estratégia de defesa nacional chamada
Doutrina Bush, dando o início de guerra contra o terror. Trata-se de uma estratégia baseada no
contraterrorismo e na defesa com o perfil preventivo onde quer que os grupos terroristas
estejam a ctuar, dentro ou fora dos EUA (Bush, 200224 citado por Torres, 2015:2-3)25.

Para o presente trabalho foi extraída a definição de Erbaye e Rinehert, concretamente o modelo
de guerra, que concentra os esforços que são empreendidos para dar respostas aos actos
terroristas. O grupo Al Shabaab na Somália, tem criado terror à população civil, às forças do
governo e dessa forma, como foi declarado grupo terrorista, as forças da UA buscam combater

21
Erbay, Tayfun (2012), The role of the military in counterterrorism: unintended consequences. (Thesis master):
Naval Postgraduate School, Monterey, California.
22
Rineheart, Jason (2010), Conterterrorism and Counterinsurgency. Perspectives on Terrorism.
23
SIMON, Jeffrey D. (2013), Lone Wolf Terrorism: understanding the growing threat. Amherst. (Mimeo).
24
Bush, George W. (2002), President Delivers State of the Union Adress. The united State Capitol. Washington.
25
https://www.ufrgs.br>uploads>2015/09 - Consultado no dia 21 de Novembro de 2018.

14
o grupo por forma a parar com os atentados terroristas, inclusive possuem o controlo de
algumas zonas da capital do país, Mogadíscio, onde o Al Shabaab tinha ocupado

1.2.3. Segurança

O estudo de segurança é objecto de constantes reavaliações e adaptações. A sociedade


trasnacional, o espaço político estatal e não estatal, as dimensões étnicas, cibernéticas ou
regionais dos conflitos, a influência individual, colectiva ou internacional representam alguns
dos factores que hoje redefinem o campo e as concepções de segurança e implicam uma
necessidade de novas estratégias. Também pode ser a ausência da guerra, a procura de
interesses nacionais, a protecção de valores fundamentais, a capacidade de sobrevivência, a
resistência à agressão, a melhoria de vida, o afastamento das ameaças. Contudo, a maioria dos
especialistas das lidam com a segurança está de acordo quanto à necessidade de um mínimo de
três parâmetros em toda a tentativa séria de definição da segurança: esta implica para toda a
comunidade, a preservação dos seus valores centrais, ausência de ameaças contra ela e a
formulação por ela de objectivos políticos (David, 200126, citado por Mandra, 2011:10).

A segurança é concebida para esses autores por um grupo, uma etnia, um Estado ou uma
organização internacional, porque é raro que um indivíduo possa agir sozinho sobre a
segurança. Decorrente desta orientação, a segurança pode assim compreender como:

 Ausência de ameaças militares e não militares que pudessem pôr em causa os valores
centrais que uma pessoa ou uma comunidade querem promover, e que implicassem um
risco de utilização da força.
 A segurança pode significar um estado subjectivo, em que um indivíduo ou
colectividade se sente livre de ameaças, ansiedade ou perigo (Miller, 200527, citado por
Mandra, 2011:11).

Outrossim em ciências sociais refere a vontade de reduzir uma ameaça, isto é, reduzir uma
intensão hostil vinda de um actor exterior, ela é o prolongamento de qualquer construção da
alteridade, quer dizer, do jogo social em um Estado natural. Em termos clássicos, para Hobbes

26
David, Charles – Philippe (2001): A Guerra e a Paz – Abordagens Contemporâneas da Segurança e da
Estratégia, 2ª Edição, Instituto Piaget Editorial, Lisboa.
27
Miller, Christopher (2005), A Glossary of Terms and Concepts – in Peace and Conflict Studies, 2nd Edition,
University for Peace (Université pour la Paix).

15
é tido como base do contrato social, abdicando o indivíduo de parte da sua liberdade para
confiar ao seu soberano que assim lhe assegura a sua segurança. Assimilada desta forma à
invenção da cidade, a construçào subjectiva da segurança conduz portanto à redução do Estado
natural e à criação de instituições. As relações internacionais alude-nos à ideia de que os
Estados são os actores que lutam no cenário internacional pelo jogo de poder em um ambiente
de instituições fragilizadas. No plano nacional a segurança é criada por cada Estado para se
proteger das ameaças que impedem sobre os que encontram sob a sua alçada, os seus bens
colectivos e as suas escolhas políticas (Hermet, 2014:276).

A definiçao de David citada pela Mandra é mais abrangente e compatível para este trabalho
pois ela traz-nos a ideia do comprometimento quer a nível do próprio Estado, quer da
organização, UA, na busca da segurança da Somália. Assim, desde o governo de transição da
Somália até ao governo actual, em conjunto com a UA procuram criar a estabilidade e a
segurança para a população indefesa e criar um Estado sólido e forte sobre os ataques
terroristas.

16
CAPÍTULO 2: CAUSAS DO SURGIMENTO DO TERRORISMO NA SOMÁLIA

No presente capítulo são explicadas as causas do surgimento do terrorismo na Somália.


Relativamente às causas do surgimento do terrorismo se destacam as idiossincrasias do
presidente Mohamad Siad barre, a última unidade decisória como influência na política somali,
a ligação de Barre com a URSS, a ligação de Barre com os EUA, a guerra civil entre os clãs e
o envolvimento dos actores externos nos asssuntos somalis: foctor de radicalização do Al
Shabaab. Explica-se de igual modo o entendimento sobre o grupo Al Shabaab, seguindo o seu
surgimento. Importa referir que primeiro é apresentada a localização geográfica do país.

2.1. Localização Geográfica da Somália

A Somália é um país localizado no leste africano, mais conhecido como Chifre ou Corno de
África, a sua capital é Mogadício. No Norte faz fronteira com o Djibuti, no sudoeste limita-se
com o Quênia e no Oeste com Etiópia e Ogaden28 (Avanci, 2015: citando Visentini et al
201329). No leste é banhada pelo Oceano Índico, e no Norte pelo mar Arábico e pelo Golfo de
Aden. Tem cerca de 637.657 km2 de extensão territorial (Hesse, 2010:247-259). A nível interno
a Somália está divida devido a infortunidades. Importa referirmos que a nível interno encontra-
se a Somalilândia e a Putlândia no nordeste. A República da Somalilândia é uma região
localizada na parte noroeste da Somália e faz fronteira com a Etiópia, Djibouti e com o Golfo
de Aden. Declarou a sua independência unilteralmente em 1991, mas não é reconhecida pela
comunidade internacional como Estado independente. Apresenta uma relativa estabilidade e
instituições governamentais rudimentares (UNHCR, 2009:5 e Ecosteguy, 2011:40-41).

Por sua vez, a Putlândia localiza-se no nordeste da Somália e se autonomou em 1998. É


literalmente conturbada porque luta pela posse de uma das partes da terra com a Somalilândia
mas não comparativamente com a região Centro-Sul que tem sido marcada por constantes
conflitos contra o grupo islâmico, Al Shabaab. Na Putlândia é onde ocorrem com mais
incidência as actividades da pirataria marítima (UNHCR, 2009:5 e Ecosteguy, 2011:40-41).

28
Ogaden – Região disputada entre Somália e Etiópia.
29
Visentini, Paulo Fagundes, Ribeiro, Luiz Dario Teixeira et al. (2013), História da África e dos Africanos. Rio
de Janeiro.

17
Figura 1: Mapa de Localização Geográfica da Somália.

Fonte: Visentini et al (2013), História da África e dos Africanos. Rio de Janeiro.

2.2. Causa do Surgimento do Terrorismo na Somália

As causas do surgimento do terrorismo na Somália podem ser entendidas pela combinação do


processo histórico, importa dizer também que o grupo que faz incursões na Somália, Al
Shabaab, já existia depois da queda do presidente Siad Barre. Abdirashid Ali Shermake,
presidente eleito por meio de um referendo popular que favorecia os clãs, mas sobretudo dava
privilégio ao seu clã Darood e sub clã Mijerten e manipulava as eleições e por conta disso,
sofeu o golpe militar liderado por Siad Barre, este, se tornou presidente da república, e ao longo
da sua governação impunha as suas idiossincrasias como última unidade decisória na política
somali, manteve ligações com a URSS e depois com os EUA, contribuindo assim para uma
guerra civil entre clãs. Essas, são consideradas como causas do surgimento do terrorismo na

18
Somália. Outrossim, o envolvimento de actores externos na Somália que radicalizou o grupo
Al Shabaab.

2.2.1. Idiossincrasias do Presidente Mohamad Siad Barre

As idiosiossincrasias são entendidas como conjunto de características, valores, crenças, visões,


ideologias defendidas por um determinado indivíduo. Sustentabilidade demostrada por cada
indivídiou relativamente a determinados factores físicios que o fazem reagir de forma
específica ou pessoal (Dicionário da Língua Portuguesa, 2011:394). Mohamed Siad Barre, foi
filho de pais nómadas, membro de clã Darood, frequentou os estudos básicos na actual cidade
Mogadício, posteriormente frequentou a academia militar na Itália e na Somália, frequentou a
Escola de Admistração: Trabalhou como inspector da polícia da Somália na região de Alta
Djubbada.30

Siad Barre de igual modo foi militar e político, tornou presidente da república depois de
protagonizar o golpe de Estado, em 1969, contra Abdirashid Ali Shermaker chefe de Estado na
altura e instituiu as novas ideias de políticas interna e externa. A dptou a orientação socialista
e o role31 aliado natural32 a URSS, proclamando desta forma Estado socialista; Exerceu um
governo dictatorial; com ideias expansionistas, de 1972 à 1988, realizou confrontos armados
com a Etiópia com o objectivo de controlar a região de Ogaden; Mudou de role de
desenvolvimento para o de defensor da fé democrática nos moldes dos interesses dos EUA e
orintação capitalista. Entretanto, aliado ao egoísmo e com a nova aliança, Barre rompeu as
relações com a maioria do clãs em detrimento do clã que fazia parte, o Darood. Na sequência
das decisões duras que o presidente impunha, os clã derrubaram-no, e mais tarde devido ao
vácuo no poder, os clãs lutaram entre si na busca do poder político e da posse das terras.
Salientar que a última unidade decisória concentrada na pessoa do lider de Barre teve muito
impacto no surgimento de facções que culminaram nos grupos terroristas.33

30
www.humanas.ufpr.br>files>mariana – Consultado no dia 14 de Outubro de 2018
31
Role – expressão inglesa que significa papel por desempenhar.
32
Aliado Natural – amigos que se auxiliam mutuamente de forma incondicional.
33
www.humanas.ufpr.br>files>mariana – Consultado no dia 14 de Outubro de 2018

19
2.2.2. Última Unidade Decisória como Influência na Política Somali

A decisão de um presidente determina o rumo do país, dependendo da interação que este tem
com os seus subordinados. Na tomada de decisão o líder predominante tem o poder de fazer as
escolhas em nome do governo e sufocar a oposição em relação as suas escolhas (Hermann e
Hermann, 1989:365-368). Este tipo de tomada de decisão caracterizou a liderança de Muhamed
Siad Barre, nos anos de 1960 a 1970. Said Barre foi um líder predominante insensível34, as
suas decisões chocavam com os interesses dos seus subordinados também com os interesses
dos clãs. Siad Barre dissolveu a assembleia nacional, suspendeu a constituição, extinguiu todos
os partidos políticos criados na governação do antigo governo de Ali Shermake e prendeu os
seus líderes, eliminando assim o poder institucional. Ademais, diminuiu as influências dos clãs
na sociedade e na política (Silva et al 2016:1).

Os oficiais Muhammad Shykuh Usmaan e Abdullahi Yusuf Ahmed por exemplo, contextaram
o erro de cálculos do presidente que antes alertaram-no a concentrar-se nos problemas internos.
Barre ignorou os conselhos e avançou com o plano de Grande-Somália, querendo expandir o
país no corno de África (Cardoso, 2012:40). Essa situação contribuiu mais tarde nas incursões
do grupo Al Shabaab. Ainda se destaca que a tendência da guerra fria moveu o líder mudar de
orientações a favor da URSS e depois a dos EUA, criando choque entre as grandes potências
face à Somália. Tal comportamento exacerbou o desentendimento entre os somalis, tendo
culminado com a guerra civil, a consequente deposição de Barre e a instalação do caos na
Somália. O subcapítulo seguinte explica com minucidade.

2.2.3. Ligação do Presidente Siad Barre com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

Após o golpe contra Abdirashid Ali Shermake, o país passou a ser governado pelo Conselho
Supremo Revolucionário (CSR). O parlamento foi dissolvido, a constituição foi suspensa e os
partidos foram banidos. Barre declarou a Somália um Estado Socialista, anunciando a sua
intenção de combater e abolir o tribalismo e o nepotismo (Cardoso, 2012:33). Nessas relações
bilaterais entre Somália e URSS, assinou-se um tratado de cooperação e amizade em 1974,
onde os soviéticos ofereceram materiais militares, assistência técnica e treinamento para o
exército somali, quantidades de armas sofisticadas, incluindo caças MiG-21, TanquesT-54,

34
Líder predominante insensível – o indivíduo que possui o poder para as escolhas de todo o governo e para
repelir oposições exteriores às suas decisões (Herman et al 1989:365).

20
Sistema de defesa anti-mísseis SAM-2; e em troca, a Somália cedeu a parte do seu território
para as instalações de bases de apoio naval Soviético. A URSS isntalou uma base no porto de
Berbera, perto do Mar Vermelho, porque se tratava da ápoca da guerra fria, a base fornecia a
URSS a localização estratégica para conter o movimento militar dos EUA no Médio Oriente e
no Norte de África e, o controlo das rotas comérciais (Mohamed, 2009:35).
A proibição das identidades de clãs aliados ao supramencionado, constituiu um ataque crucial
e revés à cultura somali. Os somalis envolvidos em actividades tradicionais de clãs foram
sujeitos a multas e/ou a prisão (Brown, 1993:14). Os clãs foram instruídos a se considerar entre
si de joale35. Nacionalizou os sectores da economia: os bancos, as Companhias de Seguros,
Empresas Distribuidoras de petróleo, as refinarias de açucar. Actuação limitada do sector
privado (Lewis, 2008:26). A imposição de Barre sobre os clãs tornou-os radicais e dissidentes
contra o seu regime, propiciando assim, a criação de coligações que mais tarde tornaram a
Somália num palco de ataques terroristas.

2.2.4. Ligação de Barre com os Estados Unidos de América

Nas vésperas do final da Guerra Fria era normal um país que receibia apoio da URSS passasse
a receber dos EUA ou dos EUA para URSS vice-versa. A região de Ogaden, sob soberania
etíope foi o principal motivo de luta entre a Etópia e a Somália e, no contexto da Guerra Fria,
os dois países vizinhos eram relevantes em termos geográficos e estratégicos para as grandes
potências (EUA e URSS), sobretudo para a Somália que fornecia a passagem para o oceano
índico através do Golfo de Aden36 (Cardoso, 2012:34).

Siad Barre intererssou-se em expandir as fronteiras da Somália, ignorando os problemas


internos que mais tarde foram o motivo para o seu derruir. Barre aproveitando-se dos problemas
internos da Etiópia, apoiou significativamente aos grupos guerrilheiros nacionalista, os
Weatern Somali Liberation Front (WSLF) que lutavam pela autonomia da região de Ogaden.
Em Julho de 1977, a Somália com o apoio dos EUA e seus parceiros, a Arábia Saudita, o Egípto
e Sudão invadiu a Etiópia em apoio ao WSLF.37 O conflito foi convencional e a URSS por
meio de Fidel Castro (cubano) conduziu a mediação e Barre ignorou as propostas, tendo

35
Joale – significa “Camarada” ou “amigo” - Harper, Mary (2012), Getting Somalia Wrong? Faith, War and
Hope in a Shattered State, Zeed Book, London.
36
Ver no mapa 1 sobre a localização geográfica da Somália (página 18).
37
A Etiópia não teria condições de se defender devido à instabilidade política interna, e seria oportuno criar uma
grande Somália, através da conquista do deserto de Ogaden. Visentini, Paulo, F (2012), A Revoluções
Africanas:Angola, Moçambique e Etiópia, Unsep, São Paulo.

21
expulsado os assessores Soviéticos da Somália. E a URSS apoiou a Etiópia com cerca de 16000
soldados cubanos com ajuda da Alemanha Oriental, Líbia, do Iémen do Sul e a Etiópia venceu.
Barre perdeu apoio armamentício da URSS e, procurando novo apoio militar aproximou-se em
1978 aos EUA (Mohamed, 2009:15):

“Fica claro que a Somália não estava condenada a flutuar no mar. Num mundo
polarizado um inimigo Soviético era automaticamente amigo dos EUA. Desta forma,
Washington havia encontrado uma oportunidade de normalizar as relações com
Mogadíscio. Os EUA apoiaram a Somália militarmente, com objectivo de
contrabalançar o apoio Soviético e cubano à Etiópia, em relações internacionais afirma-
se que “não há amigos e nem inimigos eternos.”

A nova aliança ao ocidente e a derrota face à Etiópia, ligados à crise irrecuperável enfraqueceu
o regime de presidente Barre e o apoio da população declinou marcando assim o início da
desintegração da Somália (ibd:65). Surgem grupos como Somali Salvation Front, passado o
nome para Somali Salvation Democratic Front (SSDF), sub-clã Majerteen (Darod) para depor
o líder. A deposição de Barre ocorreu em 1991, situação que criou um vácuo e interesses dos
grupos pelo poder após a queda de Barre. O novo cenário político fez surgir o Al Shabaab com
os ataques terroristas que mais a frente teremos informações detalhadas.

2.2.5. Guerra Civil entre Clãs

As raízes do conflito assentam-se numa complexidade crescente de múltiplos factores


intimamente interligados, destacando a frustração de clãs devido a ditadura mantida por Siad
Barre no seu mandato. Após a queda de Siad Barré em 1991, surge uma fissura no poder central
que levou os grupos de clãs a disputarem entre si pelo poder, factor que tem impedido a
existência de um governo estável.38 É apontada como causa da guerra, a derrrota político-
militar somali na guerra contra a Etiópia, pela região Ogaden, tendo fracassado o projecto Pan-
Somali/Grande Somália do então presidente Siad barre.39

O desentendimento compreendiam inicialmente uma série de confrontos entre diversas facções


tribais, mas no período depois foi se destacando o grupo Al Shabaab. Os warlords fundaram o

38
<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6248>. Acesso
em 17 de Outubro de 2018.
39
Pan-Somali – foi um projecto do president Mohamed Siad Barre cujo intuito foi de expandir a Somália através
da conquista da região de Ogaden, fronteira com a Etiópia.

22
Congresso Somali Unido (CSU) que operou no sul, reivindicando cada um o poder para si,
mergulhando a Somália numa profunda crise. Os clãs do Norte também se uniram, formando
a independência da República Somalilândia sem reconhecimento internacional. O clã Hawiye
operou no norte do país.40 Atendendo as abordagens dos autores acima referenciados,
Kutchendje41 afirma que os interesses particulares dos clãs apontam-se como uma das causas
da guerra civil.

A seguir encontra-se o gráfico circular 1 e o mapa 2. O gráfico mostra os principais clãs, sendo
que o clã Hawiye tem a maior número de subclãs, seguida de Issaq/Ishaak e Darod. O mapa
mostra a sua distribuição. Cada um destes grupos de oposição buscava ocupar terras de outros
clãs, acção que criou a escalada do conflito. O clã Hawiye por exemplo é do centro somali e o
Reewin é do sul. O Darood, achando-se superior por instrumentalização de Barre, aspirou
ocupar o sul da Somália, capital Mogadíscio, mais tarde ocupada por Al Shabaab (Mukhatar,
2003:5-6).

Gráfico Circular 1: Principais Clãs e Subclãs somalis

Fonte:.https://minionu15anoscsnucpsua.wordpress.com/a-somalia/a-estrutura-social-somali-o-sistema-de-clas/>
Acesso em: 14 de Outubro de 2018.

40
https://m.guerras.brasilescola.uol.com.br/seculo-xx/guerra-civil-na-somalia.htm - Consultado no dia 5 de
Dezembro de 2018.
41
Kutchendje, Bermo, entrevistado no dia 25 de Fevereiro de 2019.

23
Figura 2: Mapa que indica a Distribuição Territorial de Clãs

Fonte: (Mukhatar, 2003:20).

2.3. Envolvimento de Actores Externos nos Assuntos Somalis: Factor de Radicalização


do Al Shabaab

Neste subcapítulo são explicados os actores externos que se envolveram para arbitrar o
problema da Somália, dentre eles aponta-se o envolvimento dos países como os EUA, as NU
e a Etiópia. Atendendo a existência do terrorismo como ameaça na Somália e não só, atraiu
esses actores de modo a prestarem apoio para o seu combate, todavia, a sua presença tornou o
grupo Al Shabaab mais resistente e perigoso pois estes sobretudo os EUA segundo
Kutchendje42 traziam hábito ocidental numa Nação/Estado de clãs diversos.

2.3.1. Envolvimento dos EUA

Os ataques de 11 de Setembro nos EUA que se traduziram no contexto da luta contra o


terrorismo despertaram o interesse dos americanos na Somália. Em 2002, os EUA
estabeleceram no país a Combined Joint Task Force-Horn of Africa (CJTF-HOA) cuja base se
localiza no Djibouti com o objectivo de controlar o terrorismo na Somália (apesar de possuir
interesses de controlar o Golfo de Ogaden, canal estratégico para ter acesso aos mercados do

42
Kutchendje, Berno, entrevistado no dia 25 de Fvereiro de 2019.

24
interland) e por esta iniciativa, os EUA tem coordenado diversas ofensivas. No seguimento da
morte de Aden Ayro, o líder do Al Shabaab por conta dos ataques aéreos dos drones, marcou
a viragem do grupo para objectivos relacionados com jihad global (Pereira, 2013:63-65).

Nota-se também o amparo dos EUA à invasão étiope na Somália em 2006. Apoiaram
tacticamente, através de informações, de material, do apoio aéreo, de bombardeios aos supostos
jihadistas em fuga vitimando os civis, criando desta feita o ódio não só do Al Shabaab, como
também da população, exasperando o sentimento anti-americano no país. Em 2009 por
exemplo, os ataques a uma aldeia custaram cerca de setenta vidas civis. Contudo, a prioridade
dos interesses de segurança internacionail, e mais concretamente dos americanos, pressupõe a
existência de um governo pró-ocidental em Mogadíscio, que aprove as actividades dos EUA
no que concerne a luta contra o terrorismo e contra a pirataria nas águas do país (Ibd). As
políticas antiterroristas deste país ocidental a serem desenvolvidas tem contribuído para de tal
maneira um maior sentimento anti-americano na Somália e consequentemente uma maior
radicalização do grupo.

2.3.2. Envolvimento das Nações Unidas

As NU considera-se que esteveram por um período longo na Somália através da UNOSON I e


UNOSON II missões que envolveram muitos meios e pessoas com o objectivos de ajudar a
humanidade e mitigar o sofrimento humano, porém (Pereira, 2013:66), é vista de forma
negativa por parte dos somalis (sobretudo pelo grupo Al Shabaab), dado que como
representante do ocidente, apoiando e financiando o GFT, cuja legitimidade junto à população
sempre esteve muito comprometida, porque para eles, trazia a democracia aumentando a
corrupção (Nyambura, 2011: 191). Era vista como favorecedor ao GFT, alienando as outras
facções (Menkhaus, 2008,43 citado por Pereira, 2013:66). Entretanto, as alianças feitas pelas
NU com os EUA no combate ao terrorismo na Somália trouxeram desconforto ao grupo Al
Shabaab, que foi visto a aumentar as incursões, trouxeram desconforto também à população
que esperava um apoio que pudesse trazer a paz efectiva.

43
Menkhaus, Ken (2008) ―Somalia: A Country in Peril, a Policy Nightmare‖ [Em linha]. Consultado em fevereiro
de 2012. Disponível em: http://www.enoughproject.org/publications/somalia-country-peril-policy-nightmare.

25
2.3.3. Envolvimento da Etiópia

A Etiópia é um dos países africanos com cerca de 1.500 Km de fronteira partilhada com a
Somália, conflituam constantemente pela região de Ogaden, a Etiópia não ficar indiferente
relativamente aos problemas internos da Somália (Marchal, 2007,44 citado por Pereira,
2013:68). Em 2006, invadiu o país alegadamente temer que se instale também a lei sharia no
seu país, esta acção foi determinante para a evolução do grupo Al Shabaab, radicalizou-se e
aumentou a sua base de recrutamento e financiamento invocando assim, o argumento
nacionalista de luta contra os invasores (Pereira, 2013:68-69).

2. 4. Entendimento sobre o Grupo Al Shabaab

O Al Shabaab ou Harakati al-Shabaab al-Mujahedeen, Mujahedeen Youth Moviment ou ainda


em português “A Juventude”, é um movimento que emergiu no meio da proliferação do
islamismo e das milícias baseadas no clã. Foi denominado terrorista pelos EUA e é tanto um
grupo insurgente islamita focalizado localmente quanto um filiado terrorista transnacional do
Al Qaeda (Blanchart, 2013:2). O grupo Al Shabaab foi designado como uma organização
terrorista estrangeira, no dia 29 de Fevereiro de 2008, pela sua ligação com Al-Qaeda (United
Stands Department of State, 2009:287).

2.4.2. Surgimento do Grupo Al Shabaab

O grupo Al Shabaab remonta o seu surgimento desde o ano de 1970. Na altura, o grupo tinha
como nome al Salafiya al jadiid, e o objectivo da sua criação foi de opor o regime autoritário
de Siad Barre, manifestado em clãs. No início do ano de 1980, com a crescente ditadura de
Barre, foi criado o outro grupo islâmico, para derrubar a ditadura e instalar o islamismo, o Al
Itihaad al-Islamiya, ou União Islâmica (UI)-composto pelos jovens estudados no Médio
Oriente. O grupo não alcançou os objectivos desejados, porém resistiu até os anos 2000
(Harnisch, 2010:10).

Igualmente menciona-se que surgiu como um braço miliciano dos tribunais ialâmicos entre
2003 e 2004 liderados pelos antigos Al Itihaad al Islamiya, organização islâmica somali criada
na década de 80, para lutar contra a ditadura de Siad Barre. Após a criação sólida do grupo,

44
MarchaL, Roland (2007b) ―Somalie: un nouveau front antiterrorist?‖ [Em linha]. Consultado em junho de
2012. Disponível em: http://www.ceeri-sciencespo.com/publica/etude/etude135.pdf

26
conseguiu unir as áreas inabitadas no território somali num único califado islâmico (Sitoe,
2014:31). Portanto, o surgimento do grupo Al Shabaab é justificado pelas idiosincrasias de
Barre e, depois, pela ausência de um governo central que pudesse impor a ordem num cenário
de caos e anarquia vivida após a queda do presidente Barre, em 1991. Importa salientarmos
que não há um marco definido sobre a sua criação devido a natureza dos eventos.

27
CAPÍTULO 3: IMPACTO DOS ATAQUES TERRORISTAS NA SOMÁLIA

O presente capítulo discute as incursões do grupo Al Shabaab e os impactos dos ataques


terroristas na Somália cujos são: sociais, económicos e políticos.

3.1. Incursões do Grupo Al Shabaab

Neste subcapítulo é discutida a forma de actuação do Al Shabaab desde aos níveis interno,
regional e internacional, onde se destaca a radicalização do grupo, a sua ligação com actores
externos, os método de actuação do Al Shabaab, a forma de recrutamento, os financiamento.

3.1.1. Radicalização do Grupo Al Shabaab

O carâcter jihad ou a radicalização do grupo Al Shabaab é justificado pela invasão da Etiópia


à Somália nos anos 2006-2009, porque aquele país vizinho temia ver a Somália governada por
um regime islâmico radical com pretensões nacionalistas que punham em causa parte do
território etíope, região de Ogaden (Sitoe, 2014:31-32). Com a invasão etíope, o Al Shabaab
predispôs-se como símbolo nacionalista para fazer face à invasão estrangeira contribribuindo
para fazer incursões em outros países que interferissem nos assuntos internos da Somália, tal é
o caso do Quênia (Healy e Hill, 2010-5-6).

3.1.2. Ligações do Al Shabaab com Actores Externos

O Al Shabaab tem relações com o grupo Al-Qaeda desde 2008, factor que ampliou a sua visão
de actuação, ao em vez de se concentrar a nível interno da Somália. As relações inserem-se no
contexto da publicação de alguns comunicados nos portais de internet do grupo Al Shabaab,
mostrando o apoio a Jihad levado a cabo pelo Al-Qaeda contra o ocidente em especial os EUA,
conferindo assim, o reconhecimento mútuo. O grupo Al Shabaab assimilando as tácticas da Al-
Qaeda, iniciou o emprego de ataques-suicida, uso ideológico com slogan nacionalistas, passou
a usar a bandeira de cor preta com letras Shahaada cuja cor é branca (Sitoe, 2014:33).

O grupo Al Shabaab também tem ligações com grupo da juventude muçulmana do Quênia; o
Centro Juvenil Muçulmano de Ansar em Tanzania e também com o Boko Haram da Nigéria
(Navanti Group, 2013:9). Entretanto, essas novas relações internacionalizaram o grupo devido

28
à sua nova forma de actuação, integrando mais alvos na sua lista. Também a forma de actuação
teve os novos contornos, conforme é explicado no subcapítulo 3.1.3.

3.1.3. Método de Actuação do Grupo Al Shabaab

O grupo Al Shabaab tem várias estratégias operacionais para lograr os seus fins. Faz raptos,
assassinatos de políticos, trabalhadores humanitários e a jornalistas45. O grupo também adoptou
outros métodos de actuação que são as tácticas de guerrilhas como forma de resistência ao
GFT, a missão de AMISOM, as forças dos EUA, forças das Nações Unidas. Ataques suicidas
contra civis, acção adoptada em 2008, depois de se aliar ao grupo Al-Qaeda que começaram a
combater contra todo o ocidente (Silva et al 2012:5-6). Para além de usar as estratégias
supracitadas o objectivo actual do grupo é extender o seu domínio por toda a região do corno
de África, razão que leva outros países a se juntarem a AMISOM para combater o grupo.46

3.1.4. Forma de Recrutamento do Grupo Al Shabaab

Os grupos terroristas pressupões a renovação das suas fileiras através de processos de


recrutamento, para manter as suas possibilidades de sucesso (Martins, 2010:62). No caso do Al
Shabaab, tem focado os seus esforços de recrutamento tanto a nível local ou nacional, quanto
a nível internacional. Principalmente no que diz respeito à diáspora, o processo que tem vindo
a ser facilitado pelos avanços nas tecnologias de informação, a internet, canal de angariação de
fundos usado por outros grupos terroristas internacionais como Al-Qaeda (Wise, 2011:5-9).

O Al Shabaab recruta compulsivamente as crianças, através de sequetros nas escolas e nas


mesquitas, onde tais crianças nas fileiras são obrigadas a servir na linha da frente do campo de
batalha sob ameaças de punição e morte (Human Right Watch, 2012). O recrutamento
compreende a juventude e crianças de dez anos de idade, só em 2010 o relatório da NU estima
que foram raptadas duas mil crianças para o treinamento jihadista.47 A condição de extrema
pobreza ou de crise humanitária em que a Somália se encontra, torna a geração atraída aos

45
https://m.dw.com/pt-002/ex-membro-da-al-shabaab-explica-como-funcionam-grupos-terroristas/a-18137898 -
Consultado no dia 20 de Outubro.
46
<http:// www.counterextremism.com/threat/al-shabab>. Acesso no dia 20 de Outubro de 2018.
47
htpps://www.trackingterrorism.org > chatter – Consultado no dia 19 de 2018.

29
celulares, ao salário mensal de trinta dólares48, à aventuras, à exuberantes operações do grupo.49
Silva et al (2012:5), afirma-se que em 2015, cerca de cinquenta norte-americanos se juntaram
ao grupo. O grupo usa igualmente a mídia para difundir as suas informações desde a televisão,
a rádio50, Twitter, facebook.51

3.1.5. Financiamento ao Grupo Al Shabaab

O grupo Alshabaab tanto quanto os outros grupos terroristas, não perpetram operações
espontâneas. São naecessários fundos para o pagamento dos soldados, para a aquisição do
material bélico, de munições, da alimentação, de transporte, de meios para efectuar ataques,
para a manutenção de uma rede logística. O exemplo da Al-Qaeda, nos ataques de 11 de
Setembro teve cerca de quinhentos mil dólares em despesas e as fontes de financiamento de
um tradicional grupo terrorista podiam passar por Estados, diásporas, refugiados, organizações
religiosas, ONG’s, crimes organizados tal é o caso de raptos em troca de resgates ou ligações
com redes de tráfico de drogas, o Al Shabaab usa os mesmos padrões (Garcia, 2010 52, citada
por Pereira, 2013:29). O Al Shabaab ao seu favor usa os impostos de proteção, isto é, controla
determinados territórios, no sul da Somália, cobrando imposto e taxas de passagem a
comerciantes empresários, mesmo agentes humanitários desviando inclusive parte da
assistência humanitária53 (Kambere, 2012), No East Leigh, zona localizada no Nairobi, no
Centro de refugiados de Dadaab (Sitoe, 2014:34). Destaca-se também a ligação deste com os
piratas para ter acesso aos financiamnetos.

A diáspora54 também financia através do envio de remessas para familiares na Somália que,
por sua vez apoiam o terrorismo, ou mesmo directamente através do envio de fundos para Al
Shabaab, designadamente através do sistema de transferência de dinheiro hawala55 (Moller,

48
htpp://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/africaandindianocean/somalia/9185534/Teenage-girl-suicide-
bomber-blows-up-Somalia-theatre.html. – Consultado em 19 de Outubro de 2018.
49
htpps://www.trackingterrorism.org > chatter – Consultado no dia 19 de 2018.
50
O programa da rádio é Investigative Dossier e Inside Al Shabaab, fundado e co-fundado por Harun Maruf.
51
https://www..sbs.com.au/news/terrorist-group-al-shabaab-bans-single-use-plastic-bags-in-somalia - Consultado
no dia 26 de Novembro de 2018.
52
Garcia, Francisco Proença (2010), Da Guerra e da Estratégia: A Nova Polemologia, Prefácio, Lisboa.
53
No verão de 2011, no pico da seca e da crise humanitária que atingiu a região, os EUA chegaram a bloquear a
ajuda humanitária ao país, por acreditar que a ajuda estaria a ser desviada pelo grupo, de igual modo os
trabalhadores humanitários eram cada vez mais alvos de extorsões, ataques e raptos por parte da Al Shabaab
evitando que esta assistência chegasse às populações mais necessitadas.
54
Diáspora – refere-se a população que vive fora do país, mas que continua mantendo ligações com a origem.
55
Trata-se de um sistema informal de transferência de dinheiro muito utilizado na diáspora nos países islâmicos,
ou em Estados sem um sistema bancário formal de qualidade.

30
2007:15-16), também recebe apoio financeiro das organizações Wahabi sediadas na Arábia
Saudita (Harnisch, 2010:10). Apesar do desmantelamento pelas autoridades quenianas, o grupo
usa o porto Kismayo por onde passava grande parte de produtos importados (camelos, ovelhas,
cabras, carvão). Usa igualmente redes de tráfico de armas provenientes do Iémen com
passagem em Puntland (Stratfor, 2012).

3.2. Impactos dos ataques terroristas do grupo Al Shabaab na Somália

Os ataques terroristas tem causado muitos impactos na Somália. A organização extremista Al-
Shabab é apontada como responsável desses ataques que criam problemas sociais, económicas
e políticas conforme é explicado nos subcapítulos seguintes. Para Dra. Hetalben Patel,56 no que
se insere aos impactos dos ataques do Al Shabaab, argumenta que a Somália é tida como um
Estado fracassado onde passou a ser governado pelas agências da ONU e ONG bem como
outros actores. A sua historia de desenvolvimento político e económico e a sua localização não
favorece a sua estabilidade. A pobreza aliada ao analfabetismo e interesses externos levam a
que o pais se mantenha nesta situação precária. Os ataques terroristas influenciam
negativamente em todos aspectos, criando instabilidade nacional, regional e internacional.
Kutchendje57 sustenta que apesar actualmente a Somália estar na fase da recuperação devido a
presença da UA, o grupo tem trazido problemas psicológicos, o medo aos somalianos. A seguir
são discutidos os impactos dos ataques terroristas.

3.2.1. Impactos Sociais

Os ataques terroristas na Somália criam problemas sociais. De 2007 a 2008, na posição do


governo central que colapsou com Siad Barre em 1991, o Al Shabaab começou a prestar
serviços do Estado à comunidade. A ocupação deste espaço conferiu ao grupo um alto grau de
legitimidade popular até para recrutar membros para as suas fileiras (Wise, 2011:4). Em outras
regiões intactas às suas influências usam ataques terroristas que contribuem para o aumento
das estatíticas de refugiados no mundo, apátridas e deslocados. Padilla e Goldberg (2017:14-
15), afirmam que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR)
defendeu que a Somália está na lista dos países que mais refugiados gera onde a Síria, o
Afeganistão lideram a lista. Nos finais de 2016, a Somália contribuiu com cerca de 1.1 milhão

56
Patel, Hetalben, entrevistada no dia 21 de Novembro de 2018.
57
Kutchendje, Berno, entrevistado no dia 25 de fevereiro de 2019.

31
de refugiados no mundo e os principais destinos foram os países vizinhos o Quênia, a Etiópia
e também a Europa58.

Esta situação reflecte-se, segundo Dagne (2011:14), que mais de 3.7 milhões de pessoas em
necessidades imediatas de assistência (só em Maio e Agosto de 2011, cerca de trezentos mil
crianças morreram) e mais de setecentos e noventa e dois mil quinhentos e quarenta e quatro
refugiados somalis, parraram no Quênia. Em Outubro de 2017, um atentado terrorista em
Mogadíscio, capital da Somália, deixou mais de trezentos mortos. No corno de África foi o
ataque mais violento já registado e considera-se o mais letal atentado do mundo desde o ataque
de 11 de Setembro de 2001, nos EUA.59 Os ataques terroristas tem também causado não só os
problemas dos refugiados como também a fome e problemas humanitários decorrentes da falta
de autoridade central que possa estabelecer programas de ajuda e permitir a entrada de apoios
suficientes para melhorar a condição de vida dos somalis. No Centro e Sul da Somália, as
populações vivem em constante estado de pânico, de incerteza decorrente da presença de várias
tropas que lutam incessantemente em centro de batalhas urbanos para conquistar espaço e
promover os seus interesses políticos (Wise, 2011:6).

O grupo tem sido entrave para o desenvolvimento do país sobretudo nas zonas onde ocupa
(depois da sua ligação com Al-Qaeda), proibe aos cidadãos de ouvir música ocidentais, de ir
ao cinema (excepto músicas e vídeos que tem a ver com o alcorão), proibe também as antenas
parabólicas e organizações humanitárias. Acrescentou mais um ícone nas acções de proibição,
o plástico, mas não por respeitar o meio ambiente segundo as políticas do ocidente, é
alegadamente estarem a representar uma série ameaça ao bem-estar de humanos e animais.60

3.2.2. Impactos Económicos

A Somália é um dos países mais pobre de África, enfrenta uma insegurança alimentar e depende
de doadores estrangeiros para prover as suas instituições e serviços básicos.61 A sua economia
é extremamente agrícola e pouco industrializada, o PIB de 2016 proveio da gricultura com

58
https://m.dw.com >pt-br > destino-de-350mil-refugiados-somalis-no-quenia-e-incerto-DW. Consultado em 20
de Outubro de 2018.
59
https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/por-que-ninguem-liga-para-o-maior-atentado-terrorista-desde-o-11-
de-setembro-5dd5ds50ma9z8fq6i3acrpjww3/ - Acesso em 20 de Outubro de 2018.
60
https://www..sbs.com.au/news/terrorist-group-al-shabaab-bans-single-use-plastic-bags-in-somalia -
Consultado no dia 26 de Novembro de 2018.
61
https://noticias.r7.com/internacional/somalia-pede-ajuda--internacional-apos-ataque-terrorista-1910201 -
Consultado em 20 de Outubro de 2018.

32
cerca de 65%, de serviços cerca de 25%, da indústria cerca de 10%.62 A estrutura económica
somali é deficitária e há oscilações do mercado devido aos ataques terroristas. O Al Shabaab
tem impedido a construção de uma economia formal que possa reger o Estado, pelos ataques
contra o estabelecimento de uma autoridade governamental e pela colecta de impostos, que em
condições normais, depositariam nos cofres do Estado. Adicionalmente, a instabilidade limita
as possibilidades de a Somália sair da condição de miséria, que seria pelos investimentos que
operariam numa base formal (Departiment for International Development, 2012).

Desde 2007, o país contribuiu com o investimento de mais de meio mil milhão de dólares para
o treinamento e equipamento das forças da União Africana que lutam contra o Al Shabaab. O
contributo financeiro poderia ajudar a população que enfrenta problemas de seca prolongada e
escassez de alimentação. A Somália enfrenta o risco de uma catástrofe humanitária devido à
seca que se instalou na região.63 Em 2011, a crise matou cerca de duzentas e cinquenta mil
pessoas, a outra população carenciou de ajuda humanitária para sobreviver, por esta ter sido
impedida pelo grupo Al Shabaab. A escassez de alimentação também era e ainda é
protagonizada pelo mesmo grupo terrorista, pois este ataca onde a população produz, sobretudo
nas zonas rurais, na região sul da Somália onde tem actuado com maior inscidência.64

3.2.3. Impactos Políticos

A nível político, os ataques do Al Shabaab implicam a perpetuação da ausência de uma


autoridade central para impor a ordem na Somália, criando dessa forma, o Estado Falhado65.
Assim, permanece o caos e anarquia que abrem mais espaço dos clã apresentarem a autoridade
regida por leis próprias. Este cenário favorece ao Al Shabaab e outras facções criminosas,
warlords, que tiram proveito da existência da anarquia. Situação que conturba os países
vizinhos que tem que lidar com os recorrentes refugiados somalis que depois se misturam nos
seus territórios e desenvolvem actos criminosas como por exemplo os negócios ilegais que às
vezes financiam os movimentos terroristas e condicionam o desenvolvimento desses países
(Sitoe, 2014:53).

62
http://economiacamente12.blogstpot.com/2016/01/economia-da-somalia.htmlm=1 – Consultado no dia 20 de
Outubro de 2018.
63
http://www.bbc.com/news/world-africa-39600419 - Acessado no dia 26 de Novembro de 2018.
64
http://www.newsweek.com/somalia-drought-al-shabaab-famine-573856 - Consultado no dia 26 de Novemro de
2018.
65
Estado Falhado-país sem governo funcional e as suas instituições incapazes de garantir a ordem e segurança.

33
O grupo Al Shabaab luta para unir a Somália e formar um Estado islâmico regido pela lei
Sharia e a sua ligação com Al-Qaeda. Tal situação tornou preocupação para os países vizinhos
e internacionais como a Etiópia, Quênia e Uganda, os EUA e a própria União Africana
respectivamente que dão apoio ao Governo Federal de Transição (GFT), cujo presidente
interino Mohamed Abdullahi Farmajo (cessante Hassan Sheik Mohamud). O Al Shabaab não
só ameaça a Somália como também o mundo inteiro, e alguns dos integrantes do grupo se
desloca pela costa oriental africana criando grupos terroristas onde há existência dos recursos
(Navanti group, 2013:5, citando Monteiro, 201266 e Silva et al 2012:5).

Face aos impactos levantados acima, remete-nos a um entendimento de maior trabalho por ter
que se desencadear pela União Africana na Somália. A situação social apresentado por Dagne,
mostra que a Somália tem contribuido de sobre maneira nas migrações observadas no mundo,
devido aos ataques que sofrem, só em 2017, foram cerca de trezentas, situação que nos remete
a violação dos direitos humanos, associado a privavação de alimentação porque o Al Shabaab
considera a ajuda humanitária de ingerência dos EUA, que impugna a aculturação sobre a sua.

66
Monteiro, Ana (2012), Dinâmicas da Al Shabaab. Nação e Defesa, Lisboa.

34
CAPÍTULO 4: DESAFIOS DA UNIÃO AFRICANA NO COMBATE AO
TERRORISMO NA SOMÁLIA

O presente capítulo que é o último do trabalho, visa analisar primeiro a UA no combate ao


terrorismo, o contexto da actuação da UA, algumas conquistas e seus desafios. Gostaríamos
dizer que a teoria apresentada no capítulo primeiro deste trabalho, insere as OI’s como basilares
na agenda das relações internacionais. E UA é considerada como preponderante nas RI, uma
vez que se concentra no combate ao terrorismo na Somália.

4.1. União Africana no Combate ao Terrorismo

Na sequência de ameaças do grupo Al Shabaab na Somália, inclusive fora das suas fronteiras,
a UA se responsabilizou a solucionar o problema. As CSNU, como resposta rápida, aos ataques
terroristas perpetrados no dia 11 de Setembro de 2001, nos EUA, aprovou em 28 de Setembro
do mesmo ano a Resolução 1373 (2001) e, nos termos do Capítulo VII da Carta das Nações
Unidas, criou o Comité Contra o Terrorismo (CCT) que, obriga todos os Estados membros a
adoptarem medidas concretas para combater o terrorismo, medidas vinculativas, não contra um
Estado, sob a forma de sanções, mas a todos os Estados, tendo em vista evitar actos de
terrorismo a nível mundial, desde a cooperação regional e interviu na Somália.67

A UA baseando-se nos princípios criados pelas NU, o Comité Contra o Terrorismo, criou uma
estrutura na qual desenvolveu-se o Plano de Acção de Prevenção e Combate ao Terrorismo
(PAPCTUA), em 2002. O Plano adota medidas que os seus actos passam pela aprovação do
CPSUA contraterrorismo em áreas como: policiamento e controle de fronteiras; medidas
legislativas e judiciárias; controle do financiamento do terrorismo e troca de informação. Do
plano resultou também a instalação do Centro Africano de Estudo e Pesquisa sobre Terrorismo
(CAEPT), estabelecido na Algéria em 2004, com a função de: centralizar e compartilhar
informações sobre grupos terroristas; e Colaborar com parceiros regionais e internacionais para
a coordenação de esforços de combater o terrorismo no continente.68

O CPSUA criado em 2003, composto por 15 membros, 10 dos quais eleitos por mandatos de
dois anos e cinco por três anos, é o órgão mãe nos trâmites de erradicar o terrorismo. Sem o

67
www.onuportugal.pt – Acesso no dia 05 de Outubro de 2018.
68
http://www.peaceau.org/en/page/64-counter-terrorismct - Consultado no dia 25 de Outubro de 2018.

35
direito de veto tem como objectivos: promover a paz, segurança e etabilidade na África;
prevenir conflitos, promover a democracia, promover a boa governação e o império pela lei,
direitos humanos e liberdades fundamentais; resolver conflitos, mediante acções de peace-
making, peacekeeping, peacebuilding.69

4.2. Ameaça Terrorista na Somália e Contexto da Actuação da União Africana

A Somália encontra-se numa situação complexa pelo facto de o terrorismo ter as suas raízes a
nível interno. Em 2008, o Al Shabaab foi considerado um dos grupo terrorista que mais ameaça
apresenta pelos EUA, pela Inglaterra e ganhou força popular ao prometer a segurança às zonas
por si ocupadas, e ao mesmo tempo perdeu-a em outras regiões por interditar e pilhar a ajuda
humanitária vinda do ocidente num momento em que o país passava por uma crise alimentar
(Silva et al 2016:6, citando Ali, 200870).

A aliança entre os grupos Al Shabaab e Al-Qaeda em 2008, trouxe benefícios para ambos e
riscos para a Somália e o mundo. O Al Shabaab obteve maior força, recursos e influência do
Al-Qaeda porque passou a ter estratégia operacional que consistia em ataques suicidas contra
civis, estabelecimento de campos de treinamentos por todo o país (Silva et al 2016:5-6).
Passaram ainda a utilizar intimidações e violência para desestabilizar o Governo da Somália e
matar activistas que trabalhavam para trazer a paz e reconciliação por meio do diálogo político
(US Departiment of State, 2010). Ainda em 2008, com a Saída das tropas etíopes da Somália,
ficou um défice de segurança que permitiu que em algumas zonas da Somália central e sul
surgíssem facções contra o Al Shabaab e a sua ideologia extremista. No entanto, os
guerrilheiros do Al Shabaab ordenaram os seus combatentes para atacar as tropas de
manutenção de paz da UA em Mogadíscio onde um suicida explodiu o carro perto de uma base
da AMISOM, no dia 24 de Janeito de 2008, matando cerca de treze pessoas (Unites State
Department of State, 2009:287). Assim, o apoio que o grupo ganhava conferia-o mais forças
para actuar dentro e fora do país, razão que mobilizou a UA a criar esforços para o seu combate.

Em relação ao contexto da actuação da União Africana na Somália, foi por necessidade de


responder a acção terrorista como um dos problemas do continente africano também como

69
http://www.peaceau.org/en/page/64-counter-terrorismct - Consultado no dia 25 de Outubro de 2018.
70
Ali, Abdisaid M. (2008), The Al-Shabaab Al-Mujahidiin: A Profile of the First Somali Terrorist Organisation.
Berlin: Institute for Strategic, Political, Security and Economic Consultancy.

36
continuação da compromisso ora determinado pela OUA de resolver problemas internos dos
Estados membros.71, outrossim foi pelo insucesso da IGAD em manter a paz no conflito entre
os warlords e clãs (que buscavam ascender ao poder) que se trascendeu ao terrorismo. A IGAD
promoveu o processo de paz, em 2004, e como resultado foi formado o GTF, que ganhou
reconhecimento internacional, mas não logrou estabelecer controle sobre a área significativa
do país, tendo a sua área de actuação sido restringida, em larga medida, à cidade de Baidoa
(Escosteguy, 2011:29-141). Face a crescentes ataques terroristas do grupo Al Shabaab, a UA
pelo órgão CPSUA autorizou, em 19 de Janeiro de 2007, a instalação da AMISOM sob
auspícios das NU cuja resolução foi 1744. A AMISOM é uma missão destinada a manter a paz
na Somália com objectivos de (Pedra, 2013:24-142):

 Apoiar o TFG;
 Facilitar a provisão de assistência humanitária, como repatriamento dos refugiados,
prestar auxílio nos hospitais (Abdi, 2017:40);
 Apoiar o TFG e estabelecer condições conducentes à estabilização, reconstrução e
desenvolvimento da Somália;
 Auxiliar na implementação da segurança nacional e um plano de estabilização da
Somália, em particular o restabelecimento dos efectivo militar e da formação das forças
de segurança somalis;
 Apoiar no diálogo e reconsciliação, trabalhar com todas as partes interessadas; Proteger
o pessoal, instalações e equipamentos da AMISOM, incluindo a auto-defesa (Cardoso,
2012:78).

4.2.1. Conquistas da União Africana na Somália

O contexto da actuação da UA descrito anteriormente é sucedido pelas conquistas, embora


tenha enfrentado desafios que são analisados no ponto 4.3. Conseguiu fornecer treinamentos
as tropas e a polícia somali, forneceu serviços de primeiros socorros aos civis feridos e cerca
de dezassete combatentes, em 2008 (Kidst, 2008,72 citado por Abdi, 2017:40). A UA com o
apoio das NU, também vem mantendo na Somália o GTF e tentando criar as instituições
necessárias para criar as bases para a construção de um governo central forte. Em Setembro
2012 pela presença das forças da UA, decorreu o processo democrático de eleição do governo

71
http://www.peaceau.org/en/page/64-counter-terrorismct - Consultado no dia 25 de Outubro de 2018.
72
Kidst, M. (2009), Probable Scenarios for Somalia, Peper Presented at the 5th Cairo Expert Group Meeting
Cairo, Egipt.

37
central e primero ministro no país desde 1991. Hassan Sheik Mohamad eleito pelo parlamento
como o primeiro presidente efectivo da Somália desde o colapso do presidente Mohamed Siad
Barre e este nomeiou Abdi Farah Shirdon como primeiro-ministro (Cardoso, 2012:79 e CPS,
2013:1). Todavia, a participação política dos somalianos continua a reduzir de forma
considerável devido às incursões terroristas, onde cada um procura pelo refúgio, citou
Kutchendje73.

A UA libertou partes do território ou sectores controlados pelo Al Shabaab. No Sector 1


(Banadir, Baixo e Médio Shabelle), garantiu a segurança da cidade de Jowhar, a 90 quilómetros
do noroeste de Mogadíscio, em 2012. Registaram-se igualmente progressos no Sector 2 (Baixo
e Médio Juba), dentro e ao redor de Kismayo, onde as forças da UA privaram o Al Shabaab de
arrecadar receitas provenientes do imposto do porto marítimo, direitos aduaneiros e
contrabando (importação e exportação de carvão e açúcar). Ainda no mesmo ano, conquistaram
a cidade de Bulo Xaji. Também conquistou nos sectores 3: Gedo, Bay e Bakool e 4: Galgadud
e Hiraan (CPS, 2013:3).74 Apesar dos esforços feitos por esta organização através da missão,
incluindo a conquista de Mogadíscio, ainda prevalecem desafios que são analisados no
subcapítulo 4.2. A seguir foi ilustrado o mapa de sectores de operações da UA.

Figura 3: Mapa que indica os Sectores de Operações da União Africana

Fonte: https://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=896 – Consultado no dia 01 de Novembro de 2018.

73
Kutchendje, Berno, entrevistado no dia 25 de Fevereiro de 2019.
74
https://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=896 – Consultado no dia 01 de Novembro de 2018.

38
A imagem ilustrada a seguir mostra o soldado da UA a vigiar o porto de Mogadíscio, capital
da Somália. O porto foi recuperado em 2016, das mãos do grupo Al Shabaaab, onde
actualmente protagoniza ataques supresas por intermédio de homens-bombas.

Figura 4: Imagem de um Soldado da UA a vigiar o Porto da Capital somali.

Fonte: https://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=896 - Consultado em: 01 de Novembro de 2018.

4.3. Desafios da União Africana no Combate ao Terrorismo na Somália

Neste subcapítulo, analisar-se os desafios que a UA enfrenta no território somali ao combater


o grupo Al Shabaab, mesmo que se tenha notado algumas operações que culminaram com o
controlo de algumas áreas como foi desenvolvido no subcapítulo 4.2.1 .

Os desafios podem ser constatados desde a dependência política e económica da AMISOM,


ineficácia no funcionamento da AMISOM, efectivos e recursos funcionais para a missão,
fragilidade da AMISOM nas Patrulhas Nocturnas e Detecção de Homens Bombas,
instrumentalização dos Clãs pelo Al Shabaab e instrumentalização da população no sector de
justiça pelo Al Shabaab que resulta na sua legitimação.

39
4.3.1. Dependência Política e Problemas Económicos da UA no Âmbito da Missão

Conceba-se que a UA guia-se pelos princípios que não podem se desvincular das normas
emanadas na Carta das NU e na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Por
exemplo, as NU declararam guerra contra o terrorismo, onde as normas estabelecidas pela
resolução 1371 (2001) devem ser observadas por qualquer organização. A DUDH prevé
disputas e conflitos, bem como identifica políticas que possam levar a genocídios e crimes
contra a humanidade, ambos devem ser observados. Os simpatizantes do grupo Al Shabaab
dificultam de algum modo que seja decifrado o grupo na sua plenitude (Pedra, 2013:17). Outro
problema da UA é concernemente ao financiamento e logística. O orçamento anual foi
estimado em 622 milhões de dólares norte americanos, destinado à missão para combater o
terrorismo na Somália, em 2008, apenas 32 milhões foi recebido. Os países membros da
organização e da missão em perticular são fracos economicamento razão que força a UA a
recorrer em organizações como NU, União Europeia, EUA para um apoio financeiro (Conselho
de Paz e Segurança da UA, 2009) e (cardoso, 2012:78).

4.3.2. Problemas na Actuação das Forças da União Africana

As forças da UA apresentam problemas nas suas operações contra o grupo Al Shabaab. Num
período de um ano previsto para operar, em 2007, foram extendidas mais missões, não obstante
as vicissitudes das tácticas do Al Shabaab no terreno. Por exemplo, o CPSUA previu que a
força total da AMISOM chegaria a nove unidades de 850 soldados. Cerca de dois anos e meio
depois, em Agosto de 2009, seria concluída a missão (Escosterguy, 2011:142), todavia até hoje
não conseguiu combater e recuperar na totalidade as zonas ocupadas pelo grupo Al Shabaab.

A missão carece de uma estrutura forte para depor o terrorismo. Ela funciona de forma ad hoc75
sujeita a constantes renovações de mandatos, aumentando assim a incerteza dos somalis sobre
uma possível reconciliação efectiva (Pedra, 2013:26, citando Hussein, 201276). Por exemplo,
em 2007 foi implantada a primeira missão que renovada em 2009 e, por sua vez o CSNU
adoptou em Novembro de 2012 a resolução 2073 (2012) para manter o desdobramento da
missão até Março de 2013, no intuito de alargar o pacote de apoio logístico para o pessoal civil

75
Feito exclusivamente para explicar o fenómeno que descreve e que não serve para outros casos, não dando
margem a qualquer generalização. Dicionario electrónico Houassi da Língua Portuguesa.
76
Hussein, Mahmud A. (2013), From AMIB to AMISOM: the need for institutional and mandate clarity in APSA.
ISS - Institute for Security Studies, South Africa.

40
da AMISOM e dar apoio à reconciliação local, promover os direitos humanos e apoiar as
medidas iniciais relativas a reforma do sector de segurança (CPS, 2013:5-6).

Desde que a missão foi aprovada, o Al Shabaab inviabiliza a circulaçao de pessoas, de ajuda
humanitária, até que em 6 de Março até 2 de Fevereiro de 2016, o Political and Security
Committee (PSC) da UA, durante o 356º encontros, emitiu uma resolução consensual (que
havia já sido adotada, em 27 de fevereiro de 2013, mas nunca posta em prática) e veio assim
reiterar o reforço do empenhamento internacional à missão, assumindo-se um maior
compromisso na melhoria das condições de segurança (e um reforço nas estruturas de defesa)
do país e na região. Adicionalmente, o registo alguns prox wars protagonizados pela Etiópia,
devido a região de Ogaden que disputa com a Somália retrocede a missão.77

Assim, a presença da UA está assente nos quatro sectores operacionais definidos para a
Somália: apoiar o diálogo e a reconciliação através da livre circulação de pessoas e bens;
providenciar, como julgado conveniente, proteção ao Governo da Somália, de modo a permitir
o seu normal funcionamento como governo; apoiar, dentro das suas capacidades e em
coordenação com outros parceiros, a implementação dos “Planos de Segurança Nacionais da
Somália”; contribuir para criação das condições de segurança necessárias para garantir
assistência humanitária às populações.78 O mapa abaixo foi actualizado em 2016 pela BBC e
mostra os desafios que a UA ainda tem para poder alcançar os objectivos da missão. Muitas
zonas ainda ocupadas pelo Al Shabaab.

77
https://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=896 – Consultado no dia 01 de Novembro de 2018.
78
https://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=896 – Consultado no dia 01 de Novembro de 2018.

41
Figura 5: Mapa sobre Áreas de ifluência controladas pelo grupo Al Shabaab na Somália

Fonte: https://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=896 – Consultado no dia 01 de Novembro de 2018.

Interpretação do mapa acima indicado, segundo as regiões pintadas: lilás : Pro-


govermment supported Ethiopia/Pro-governo apoiado na Etiópia; Azul : Al Shabaab
Presence/presence do grupo Al Shabaab; verde : Pro-govt administrations/Administração
pro-governo; roxo : African Union/govt controlled/União Africana/governo controlado.

4.3.3. Efectivo e Recursos Funcionais da UA

A UA enfrenta o défice do efectivo (tropas) e de recursos funcionais para as operações da sua


missão. Em relação ao efectivo, em 2007, vários países se comprometeram a contribuir com
tropas para a missão de paz da Somália e entre os anos 2007, 2008, 2009, o CPSUA autorizou
8 mil soldados para lutar contra o Al Shabaab e fazer a manutenção da paz, mas apenas cinco
mil e duzentos e dezasssete soldados integrados na AMISOM (Mulugueta, 200979, citado por
Cardoso, 2012:78), vieram de Uganda, do Burundi, do Quênia e da Etiópia. A maioria dos
países como Nigéria, Gana, Malawi se recusou a integrar as suas forças na missão alegando a
situação precária de segurança na Somália, os custos financeiros e logísticos relacionados ao
exercício. Também os Estados que contribuíram com as suas tropas não tinham o total

79
Hussein, Mahmud A. (2013), From AMIB to AMISOM: the need for institutional and mandate clarity in APSA.
ISS - Institute for Security Studies, South Africa.

42
comprometimento com o processo de paz, devido aos problemas internos desses países (Kidst,
200880, citado por Abdi, 2017:40).

A situação da falta do efectivo militar da organização para combater o Al Shabaab levou o


CSNU a renovar o mandato de 2009 e rubricar a resolução 2124 de 12 de Novembro de 2013,
requerendo a UA a reforçar o efectivo dos soldados na AMISOM, de modo a aumentar de
17,731 para 22,126. Tendo também prometido buscar ampliar o apoio logístico oferecido à
missão (Pedra, 2013:25). Contudo, torna a UA dependente da visão de outro actores como NU
para operacionalizar a sua missão. Também na visão de Mulugeta (200981, citado por Abdi,
2017:40), outros desafios apontados são: a falta do apoio popular. Esta, foi considerada neutra
no início, mas após algumas operações e exercícios para lidar com o Al Shabaab, eles foram
acusados de assassinatos indiscriminados de não-combatentes, daí a crise de credibilidade; a
falta de helicópteros, tanques e espaço para manobras de operações.

4.3.4. Fragilidade das Forças da UA nas Patrulhas Nocturnas, na Detecção de Homens


Bombas

Nas noites em locais onde há presença das forças da UA surgem desafios porque o grupo Al
Shabaab pode-se infiltrar e circular nas forças da organização, colhendo desta forma,
informações estratégicas de combate contra o seu grupo (Home Office, 2017:26). Em
Mogadíscio, local actualmente ocupado pelas forças da AMISOM, mas não na totalidade
conforme as ilustrações da figura 4, o Al Shabaab em 2016 e 2017 intensificou o uso de carros-
bombas com a intenção de criar medo para a população. Por exemplo, em Setembro de 2016,
um homem-bomba levou o seu veículo a um comboio de forças somalis sem ser notado, onde
matou um comandante sênior e sete soldados (Home Office, 2017:29). Em Novembro do
mesmo ano os homem-bombas camuflados explodiram no comboio da AMISOM, matando
quatro soldados e ferindo nove, e aposteriror o Al Shabaab reivindicou os ataques. Em Janeiro
de 2017, dois carros carregados de explosivos detonaram perto do Aeroporto internacional de
Mogadício, matando 16 pessoas (Home Office, 2017:29). Entretanto, são algumas cautelas
que a missão deve observar desde o uso da inteligência, equipamento moderno por forma a
detectar os ataques ofensivos dos terroristas.

80
Kidst, M. (2009), Probable Scenarios for Somalia, Peper Presented at the 5th Cairo Expert Group Meeting
Cairo, Egipt.
81
Mulugeta, K. (2009), The Role of Regional and International Organization in Resolving the Somali Conflict,
the Case of IGAD. Adis-Abeba. Disponivel em: www.fes.ethiopia-org.

43
4.3.5. Instrumentalização dos Clãs pelo Grupo Al Shabaab

A fragilidade de a UA controlar algumas regiões ocupadas pelo Al Shabaab, facilitou que os


clãs e warlords fossem influenciados pelo grupo que supostamente surgiu para resolver os
problemas do povo. O exemplo é ilucidado no desenrolar do subcapítulo 4.3.6., onde o Al
Shabaab explora esses grupos para ganhar a sua legitimadade, assim que o sector de justiça
ficou corrompida pelas autoridades somalis devido a anarquia. Aliado à constante tensão e
confitos na região de Kismayo, ocorre a formação de milícias, na sua maioria baseadas nos clãs
que pretendem retomar o poder.82

4.3.6. Instrumentalização da População pelo Al Shabaab no Sector de Justiça

O grupo Al Shabaab recebe apoio (legitimação) de uma das partes da população. A legitimação
é garantida porquanto que o grupo manipula as disputas entre clãs e tribos rivais, face à
desconfiança das autoridades judiciais do Estado, no sistema de justiça, facto que dificulta as
autoridades somalis e a missão da UA a eliminar o mesmo grupo. Num caso ocorrido em Maio
de 2017, relatado pelo Jornal, dois “homens grandes” da região de Beledweyne, na província
de Hiran, recorreram à justiça do Al Shabaab para julgar um caso de violação. Considerado
culpado, o reu foi apedrejado até à morte. Um dos familiares da vítima de violação contactado
pelo telefone pelo The Guardian afirmou:83

“Decidimos recorrer ao tribunal do Al Shabaab porque julga com base na Lei Islâmica
e não há nepotismo nem corrupção. Se recorréssemos ao tribunal oficial, o violador
suborná-lo-ia e saía em liberdade”.

Outros exemplos avançados indicam que outro defensor do Al Shabaab, Mohamed Hussein,
agricultor residente numa pequena localidade 65km a Sul de Mogadíscio, abandonou quando
se registaram fortes ataques entre as tropas da governamentais (e da AMISOM) e o grupo
extremista do Al Shabaab, e ele regressou ao local depois de o grupo extremista tomar o
controlo da área, concluiu o agricultor:84

82
https://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=896 – Consultado no dia 01 de Novembro de 2018.
83
https://www.dn.pt/lusa/interior/al-shabaab-acusado-de-recrutamento-a-forca-de-criancas-e-de-extorsoes-na-
somalia-9134438.html - acessado no dia 26 de Novembro de 2018.
84
https://www.dn.pt/lusa/interior/al-shabaab-acusado-de-recrutamento-a-forca-de-criancas-e-de-extorsoes-na-
somalia-9134438.html - acessado no dia 26 de Novembro de 2018.

44
“Quando os soldados governamentais estavam aqui, havia pilhagens, saques, barreiras
nas estradas ilegais e assassinatos. Mas o Al-Shabaab corta as mãos aos assaltantes e
mata os que estão a pilhar. O tribunal islâmico faz condenações muito duras aos
criminosos, pelo que todos tem medo dele, de modo que estamos em paz sob a liderança
do Al-Shabaab”.

Portanto, considerando os desafios da UA no combate ao terrorismo na Somáila, pode-se inferir


que a fragilidade das forças da UA nas patrulhas nocturnas e na detecção de homens bombas,
a instrumentalização da população pelo Al Shabaab a abrigo do sector da justiça. O grupo
possui instrumentos mais apetrechados do que a própria organização que o combate,
constrangindo desse modo o cumprimento de estabelecer a paz neste país. Possui viaturas,
armas, e o efectivo que recruta no seio popular. A convivência com o inimigo comum é batante
embaraçoso para a sua extinção, esta torna uma ameaça na medida em que colhe informações
para outro grupo combatido, tal é o caso da população que justificando que as instituições de
justiça existentes, adoptaram modus operandos ocidentais que apresentam muita corrupção e
impunidade, dai, recorrem ao grupo que supostamente apresenta segurança.

45
Conclusão

Em jeito de conclusão, importa notar que os desafios enfrentados pela União Africana no
combate ao terrorismo na Somália, foram devido à dependência política e problemas
económicas da missão da UA para combater ao terrorismo. É a obrigação deste observar as
normas emanadas na carta das NU. Ainda, o défice das verbas dos Estados membros da UA,
dificulta a missão desta organização tenha sucesso na sua actuação; Destaca-se ainda os
proiblemas na actuação das forças da União Africana, que por essa deficiência, influencia a
renovação do mandato do seu órgão de paz, o CPSUA; Cita-se ainda o efectivo e recursos
funcionais para a missão. O CPSUA havia autorizado 8 mil soldados para se integrar na
AMISOM e lutarem contra o Al Shabaab e manter a paz entre os anos 2007 e 2009, mas apenas
5.217 soldados integraram a AMISOM. E a falta de meios como helicópteros, tanques para as
operações; Outrossim, a fragilidade das forças da União Africana nas patrulhas nocturnas e
detecção de homens bombas; E a instrumentalização dos clãs pelo grupo Al Shabaab, no âmbito
da justiça. Os desafios arrolados e analisados no último capítulo do trabalho, conduzem-nos à
conclusão de que a hipótese foi validada.

É importante ainda notar que havendo desafios, seria por consequência de uma causa. As
causas que propiciaram os desafios foram levantadas: tal é o caso das idiossincrasias de Siad
Barre, presidente somali, que tomava as decisões de forma unilateral, tornando líder
predominante insensível, prejudicando dessa forma a população e o seu elenco governamental;
levanta-se também a causa do relacionamento ora com a URSS, ora com o ocidente no preíodo
guerra fria e no seu término respectivamente, considerada a causa da guerra civil e a
consequente separação dos clãs na luta pelo poder. Assim, a hipótese do primeiro capítulo
encontra-se validada.

O segundo capítulo discutiu o impacto do terrorismo na Somália e foi desenvolvido com


minuciosidade, tendo sido validadas as hipóteses. Os impactos dos ataques terroristas vão
desde os sociais, económicos e políticos. Devido aos ataques terroristas a Somália contribuiu
com cerca de 1.1 milhão de refugiados no mundo, em 2016, cujos principais destinos são o
Quênia, a Etiópia, a Europa. Os atentados do Al Shabaab custaram de cerca de 300 vidas, em
2017. Existem oscilações do mercado. E só em 2011, a crise matou cerca de duzentas e
cinquenta mil pessoas devido aos ataques terroristas. Outras populações sobretudo nas zonas
rurais onde o Al Shabaab ocupou, necessitam da ajuda humanitária, mas o grupo tem impedido.

46
No tocante aos aspectos políticos, afere-se que o Al Shabaab como grupo islâmico, pretende
que a Somália seja regida pela lei Sharia, respectivamente.

47
Referência Bibliográfica

Fontes Primárias

Kutchendje, Berno – Docente no Instuto Superior de Relações Internacionais (ISRI) e chefe


de Departamento do Registo Acadêmico, entrevistado em 25 de Fevereiro de 2019.
Patel, Hetalben – Docente no ISRI e chefe de Departamento de Relações Internacionais,
entrevistada em 21 de Novembro de 2018.

Fontes Secundárias

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Relações Internacionais de Nairobi.
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Cardoso, Nilton César Fernandes (2012), Conflito Armado na Somália: Análise das causas da
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Carvalho, Ceita Procopio, et al, (2014) Fundação Armando Alvares Penteado: Brasil,
(Mimeo).
Dicionário da Língua Portuguesa (2011), Acordo Ortográfico: O Antes e o Depois, Porto
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da Universidade de Coimbra: Coimbra.
Galtung, Johan (1967), THEORIES OF PEACE: A Synthetic Approach to Peace Thinking,
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