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Pré-Projeto de pesquisa
Agosto, 2022
1. Introdução
Ao se tratar da pólis, não se pode deixar de lado o melhor começo de sua percepção quando,
na República1, Platão expõe poética e logicamente a estreita relação que a alma do indivíduo
reflexa (conservando algumas vezes direta participação da vontade)2 no meio em que opera,
se move, cresce e estrutura-se a si e aos seus próximos, a partir de sua compleição, desejos e
tomadas de decisão, etc.
Nessa busca da “boa estrutura” da alma, reconhecida pela eudaimonia, Platão não deixa de
lado a ideia do Bem, que não somente está presente como teoria de composição, mas que
propõe e possibilita a autotranscendência do homem, transformando então, sua ação própria,
na pólis.
Tal tema, iniciado como conteúdo de necessária compreensão para o estudo porvir, tenderia a
desenvolver-se, ainda no uso de elaboração platônica, em algo que não somente se detenha à
obra dialógica platônica, mas que pudesse ser extraído da própria filosofia tomando-o por
base, sendo demonstrado como possível por alguns autores contemporâneos, onde seriam
trabalhadas as obras “Ethos y Polis: Bases para la reconstrucción de la filosofía política” -
Alfredo Cruz Prados, “Uma Investigação Sobre o Estado” - Edith Stein, “Dependent Rational
Animals: Why Human Beings Need the Virtues” - Alasdair MacIntyre.
Esta seria então a parte mais dificultosa e que definiria o cunho da questão principal da
idealização do artigo exposto no título: como aquela pólis vista por Platão poderia hoje chegar
a ser entendida compreendendo também as patologias da sociedade atual e o seu prognóstico,
tendo como objeto de estudo e meio de ação regeneradora a própria possibilidade humana?
Visto que em seu primeiro tratamento a contemplação (theoria) não foi deixada de lado (onde
se chegou a ideia do Bem), e também não o poderia agora, não somente pela sua observação
estrutural mas também pela sua possibilidade de regular o indivíduo em vista de um bem,
fazendo-o também perceber sua própria dificuldade e as dificuldades apresentadas pela falta
de argumentos vitais, necessidades e inclinações da sua natureza, e como isso condicionou o
que vivemos hoje3. Qual seria então o caminho da recuperação do eu4, que visaria também a
recuperação de uma sociedade saudável? O que o indivíduo deveria buscar e o que isso
acarretaria à pólis? Como articular a ética filosófica, a pólis, as neuroses modernas e como um
1
Além da própria República, outros demais livros entram também na bibliografia como comentários: “Para ler
Platão, Tomo I” - José Trindade Santos, “Uma introdução à República de Platão” - Giovanni Casertano, e como
diálogos “A apologia de Sócrates | Críton”.
2
A participação da vontade e modo também será um grave tema exposto.
3
Uma possível bibliografia seria “O saber dos antigos” - Giovanni Reale, tanto pela compreensão da condição
problemática atual, como um convite à terapia pelo saber antigo.
4
“Consciência do eu”, tratada aí também como tema clínico-psicológico.
necessário modelo de transfiguração pode ser concebido, tendo em vista o entendimento da
estrutura psicofísica do homem, de sua alma e suas possibilidades?
4. O papel da filosofia
Não se pode negar que a filosofia estabeleça papel vital tanto na busca quanto na
compreensão desse Bem, e como ele pode trazer o indivíduo e a sociedade de volta à sua
finalidade inicial, a qual deveria ser imperiosa.
A responsabilidade advém desta característica do homem de, uma vez tendo tomado ciência
de sua operação e reflexo no meio, dever agir como indivíduo disposto a cada vez mais apurar
sua capacidade de decidir conforme aquilo que, lhe sendo próprio, pode ser almejado em grau
mais elevado do que hoje se faz, que em consequência do desenvolvimento das patologias que
na presente pesquisa serão discutidas, foi obscurecido. A filosofia aí se apresenta como o
método do eu responsável que não somente quer conhecer sua fragilidade humana atual, mas
aplicar os métodos - concebidos e assimilados pela contemplação - para melhorar a si e, por
conseguinte, influenciar o bem-estar daqueles ao seu redor.
Outro tema a ser abordado é o do caráter (que é de maior determinação psicofísica), onde se
observa em conjunto à estrutura do funcionamento humano básica (a apreensão pelos
sentidos, processamento, armazenamento, consolidação ou conceitualização) e entender onde
se localiza a personalidade em meio a toda esta questão pesquisada. Incluindo, como módulo
de pesquisa de aprofundamento e fundamentação, os modelos (agostiniano e tomista)
apresentados na disciplina de Antropologia Filosófica da presente Graduação.
6. Justificativa e objetivos
7. Conclusão
Dito isto, o projeto, em seu término previsto, seria de oportuna fonte de reflexão a todos os
que desempenham ou não papel social e se estende sobre todos os que queiram tomar
aprendizado sobre sua própria inclinação, possibilidade e necessidade, e usá-lo a fim de
realizar a finalidade própria de sua circunstância.