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ZUM~I ESTÁ VIVO O OUIL"OMBO DOS PALMARES

. (Música de Tadeu de Obatalã) _

'I
A EPOPÉIA
' •!
Toda Nação Nagô vai festejar DOS GUERREIROS.
A idéia de Libertação · OlJE CONSTRUÍRAM .
Levada pelos ares A LIBERDADE .
Zumbi não morreu
E nem acabou o Quilombo dos (NAVERSÃO DOS
Palmares DESCENDENTES·
DE ZUMBI)
Xangôl
Obatalá abençoou todo filho de
Nagô .
(luebraremos chicote, apartheid
e pelourinho ENTRO DE CULTURA NEGRA
Que s~ atravessar em nosso ·caminho no MARANHÃO
Zumbi está yivo! ,, PELA NOSSA ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
E o quilombo é aqui ... 1-

· 199~
,' .TRICENTENÁRIO DE ZUMBI DOS-PALMARES·-
.. (ANO NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA)
DEÓICAMO.S NOSSO TRABAL.Ho'
. '. '

'/

,:
"' .
., Quando crianças, 'aprendemos nasescolas que nossas., ,
* A~ -mai~~es üderanças políticas deste· país' - - ,,,

referências -históricas são a "bondosa" princesa Isabel, o_'!


Be.nêdita.da Silva·e Luís Inácio Lula da Silva ·pac~cador',' ..Duque de-Caxias, o "descobridor'tCabral. ..
. ' ' •i
Fomos e. somos vítimas de uma "educação" voltada
. ' * À Memória·da Ouilornbola'Guerrelra . ,:·. '/'·
1 ' ,' - ' ' .'· para nos tomar-passivos diante a História; como se a Hittória
, · ~élia \Gc,nza.lez \'
fosse resultante dos conchavos, dos esquemas tramados nos
• bastidores do poder, nos gabinetes da burguesia. · .
~ A_euta e Organização_dás ,400 ·comunld~de,~egra~ '1
; · Fomos e somos "educados'valiãs, deseducados-para à
Remanescentes de Quilombos no Maranhão, e, em
~ ' ~ 1
X submissão, para acreditar que só os poderosos têm capacidad€
especial/aos ecompetência para resolver os ~ossos problemas, Isso-explica,-.
• •• ' ' ,· 1
.,; mais não justifica aornissão-ou parcíaliadade cínica e-racista,
Moradores 'do Quilombo Frechai }J . · sobre a epopéia dos palmarinos durante· -o século XVII, na
, maioria dos livros de História do Brasil; ·· · .
· · A História "tc:~m que ser fiel verdade dos fatos: mas a
AGRADECEMOS o APOIO
ã
\'

.}\ p.ovo interpretação dos falos -é ideológica: ou serve para tornar o


· -.SMDDH (Projeto Vida.de Negro), FASE, CÁRITAS, ~ ( submisso, passivo, individualista; ou vem no sentido de
' tomá-lo crítico, solidário, libertário. ·
CURSO APROVAÇÃO,-ASS'. A~ROECOLÓGICA ' . ' Nosso compromisso, quanto militantes do Movimen-
TIJU PÁ,.Sl~DICATO DOS BANCÁRIOS,SINDICATO:
1 to · Negro, é com a História, libertadora - que está sendo
construída-não só com o resgate do nosso passado sem visão
DOS \ COMERCIÁRIOS, SINDICATO
. DOS '. '
embranquecida do colonizador, mas com nossa efetiva parti-
URBANITÁRIO~. DEPUTADO DOMINGOS'.·. cípaçâo nas lutas presentes que buscam uma transformação
DUTRA(PT). radical deste país. · ·. ·
- Esta é a nossa modesta homenagem à memória de
'" ZUMBI. · · . . - : - · _ . ,
. Axél-:
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'
I } Sílvia Cantanhede
. ' FICHA DE EDITORÀÇÃO . ,; · . • / . · , ) Vice Presidente do CCN
TEXTO EM úTERÀTURA'DE COROE,L: MAGt~Ó CFtUZ . . T r
. P!.ANEJAMENTO.GRAF.ICO E EDlTÓRAÇÃO: VICENTE MESQU1TA ~. . 1
DESENHOS;·G~JILHERME FERREIRA E'CARlOS NERY , . )
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. -- -~o-Q(JJLOMBó nos PAl.MAREs-;A.EPOPÉJA D9S · -O Quilombo dos Palmares.


· · -~UERREIROS QlJECONSTRÇÍRAMA µBERDADE Vivia eq.t '.P-lena e~pansão
· Pois "a idéia de li6eriação
( NA VERSÃQ DOS PF.sCENDENTF.S DE ZUMBI). Foi levado pelos ares" (2)'
.. . - Mas, logo a repressão
-O~nizou exp~dições .
" Spm.os·gu~~irôs da l:Iistória;;.<Ú Pra destruir sonhos, lares ...
Descendentes do grande Zumbi. ·
Por isso estamos aqui . Palmares não fugiu do taco
Pra contar hitas ~ glórias . Sua organização anmentou
Oue haverei:nos d~ prosse~r Guen:_eirosçapacitou
Pra nao abrir do pedaço
CoJil Palmares s~mp~. a l~r U~ Es~do Negrôcriou
· ~te nossa grande vitona! ~ · E a cae1tal denominou
Cerca Real do Macaco
.f~ino ~écul~- de~~s~ete /~,
Q.ue a-ne~a.coraJosa o trabalho era um direito
Decidiu: chegou a 'fiora . De todos lá do Quilombo
De fazer-o que compete. . tF.bGCl1:5ã.~ A terra não·tinha dono.
. E os brancos em polvorosa Plantavam tudo perfeito
Viram fugas audaciosas ' Tinha negroz índio, branco
Lado a lado batalhando
· Dos escravos do Nordeste Na crença do sonho refeito
.. .
. .Para Serrada Barriga As mulheres palmarinas
·e Na região das-Alagoas} Belas, inteligentes, raras
ToP.aram o desafio de cara
~~ram ffi\tÍ~ pes_s!)as .
Em busca de mitra vida De lutar e ser femininas
Sem ter que apanhar· à-toa . ' ., ' Corno o.exemplo de Dandara
'Do patrão ou da patroa Que sempre parncspara
Fizeram da luta uma sma · ·
- No sistema escravista · ·
• 1
Na capela dos Oujl~mhól~ ~
... 'lá vinha de.muító longe >' Se cultivavaos Onxas
- l;ss.as fugas e- esperteza
. Mas a invasão holandesa· . Do a~or, da guerra, da p~
E a criançada em boa hora·
Tomou maiores as chances " Ensinada pelos seus pais
... Com a elite portuguesa Oue P.ra crescer bem e ~az
Qirecia honrar sua Históna
Preocl;ipaqa nadefesa . · , . '
. De seus ouros e seu bronzes
3
2
-
Zumbi em Palmares nasceu
Mas ainda bebê, raptado Para.crescer a ~çio
N egros iam às das ·
. Com padre Melo foi deixado Travando duras contendas
E, cheio de estudos, cresceu Até. libertar seus irmãos
Como Francisco, batizado . Cabé aqui uma emenda
Aos quinze anos revoltado Não era sequestro a cena
Fugiu pra junto dos seus r'
Mas resgate da escravidão
· Palmares toca zabumba -
· Para o jovem Zumbi saudar A rebeldia do:J:lnuuinos
Mais um sobrinho a chegar - Ousados el:; antes
Irritou os. omínantes
{unto com rei Ganga~Zumba
umbi 11º se tomará
~nernl ras Armas a lutar
..
Assim, como cobras no ninho
Aumentaram seus atacantes
· · E os perversos comandantes
E sua valentia retumba
Partiam ferozes tinindo
Ganga ferido em guerra (; Derrotados e muito mai
E de tanta luta cánsado
Os
chefes das ex~ições
Aceita Ulll acordo assinado Com suas caras e babões
Garantindo saírem da Serra · Depois de .levarem um pau
Para um torrão distanciado ,1~ DiziaQi às populações: ·
1'ódos negros aquílombados , -Acabamos.tõdos negões
Que viviam naquelas terras . ·
Zumbi Radicalizou
. E Zumbi virou mingau .
' '
,
Não.demorasa muito tempo
Conse~do muita~ Pra Zwnbi descer da Serra
Dízen o ao.acordoe NAOJ Provando quem ele era -
A resistência liderou Não um espírito ao vento
Fincando os sonhos nochâo
. Não uma lenda, rera.
Er~endo o rifle e o facão Mas, sim, o üder guerras
A talharecomeçou - Convicto dos seus intentos
Nasifuromessas d.;_ opressão O rei ~ em Portugual
O ••. udido" que acreditou
se
Logo decepcionou · Puxaw as suas~rucas
Quase fundili. o a cuca
_ Ao ver o ~µgo patrão . . Exipndo. uma solução real:
· Levar seu parceíro.de cor · - Nao quero· mais desculpa
( Que revolta, ódio, dorí) Armem grande arapuca
De novo para a ~saavidão
4 'De Zumbi quero o firial ?
5
Foi Domingos forge Velho . Surgem outros inimigos
Assassmo de aíuguel Gerando luta, confusão ·
Besta-fera, vil, c.ruel · Partem em apoio ao irmão
· Chamado a dar conselho Os·quilombolàs escondidos.
Bandido-vivendo ao léu Zumbi com determinação
Tendo no' coração um fel Luta até cair ao chão .
Que aceitou tacar o relho junto com outros amigos
Mas na primeira parelha. Sucumbe
11
o grande guerreiro
Domingos. Velhe quebra a cara Mas sua alma nos favorece" {3)
Não satisfazendo sua tara· Através de um samba, de um rap·
· De colecionador de orelhas · "Dando esperança ao Hovo· negro"
~n4à assim ~umbi não pára Ou~ lúte "pra ·que se liberte" .
D1sc1phna,.exjge, téP.ara F:'d1~ num boíou nu\11 re~:-
Sente a coisa ficar feia ... . Zumbi o Het:ói" Brasileuo!!r .
Na favela ólho pro céu ...'
Domingos volta à ação . E parece gue tudo revivo
No ano de noventa e quatro . Oüando fúi um negro cativo
Palmares sucumbe ao assalto · E"fugi,parajunto dos meus
De mil tropas e até canhão· Olórurnf Por isso, hoje. grito
E no final ao triste áto · Zumbi! "Zumbi está.vivo,{4)
Q povo luta e grita alto · Em quem luta corno eu" . _
- Um sonho nao morre não!
"Que.bandeira é aquela" (S)
Zumbi consegue escapar , Esquecida pela História
Com·os outros companheiros Mas quenão sal da memória?
Resistem os guerrilheiros · · · "Qmfbandeira é.aquela" . ·· ·
Sonhando a "Palmares voltar · . · Sêm as cores de tantas J1;l6nas ;
Inteligentes, audazes, matreiros Qie ontem ,hoje são·'1"l6rias?
. Atacam fazendas, vilarejos 'J; ~uth~r: King, Zumbi, Mandela"
Buscandq se organrzar
. Narramos nossa versão.
No dia VINTE DE NOVEMBRO · Com estudo é poesia·
. Lo~ no seguinte ano · ., . .. ~ise ainda· não sabia
Zumbi ouve alguém chamando • ·M<lS ficou sabendo então
E __sai do esconderijo atento Conte noutro freguesia '
Ve Soares lhe -acenando Com orgulho e alegria -
Oue rindo e lhe abraçando · Entre pra lu~. irmão ·
C'ravã-lhe uma faca adentro '/

-6 ·7
'i,
i'

ENTIDADES DO MOVIMENTO NEGRO


-"I
DO MARANHÃO
.. · · . ·SÃO LUÍS: · . ,. .
. O que palmares ensinou '! .•
,.,,
Não foi quimera, foi verdade
,,
·,/
Centro de Cultura· Negra do· Maranhão
..
~. Agentes de Pa~torat Negros · · ·
Outro Brasil com igualdade , Grúpo.de União e Consciência Negra
Construiu e nos mostrou Movimento de'Uriiver$itários Negros
E a verdadeira liberdade · · Associação Cultural Akomabu ..
, . . Quilombo Urbano.(Hip Hop) ·.-
É uma ch~a que arde .. . Grupo de. Estudo~e Divulga~o. -R~s'ta Reggae
Pois A LUTA NÃO °TERMINOU ... , . · · ·. . . GruQO Culturaf Abib1ma
- · . . Grupo Kizomba ·
Instituto Nacional de Tradiçãcre Cultura Afro-B~asileira. ·
· Grupp de Dan~ Afro "Malungotil' .
NOTAS.DO AUTOR: · Banaa Guetos .
* Trechos de músicas inseridas neste trabalho: ' . BACABAL: ·.. .
O·) 'História de Résistência"- lúcià Outra e Gerson Grupo Negro palmàres.Renascendo .
Conceição • . . . .• .
·: 'CURÜRUPU
(2) "Zumbi Está Vivo" - Tadeu de Obatalá • .. - · . J . ·Grupo de Conscíentização Neg~~ de Cururupu
·· (3} "l.lberdade Acorrentadà" - Grupo Navalhas Negras
(Rap)- . .. GUIMARÃES: ,
Grito de Libertação da Negritude Vimarense
(4)."Pai Quilombo" - Paulinho Akomabu ..
(5) 'Bandeira de liberdade" - Escrete e·Joãozinhó MIRINZAL:
. : Ribeiro . . Movimento de Consciência Negra de Mirinzal
·. ·,. PEDREIRAS:
GruJ>o Negro São Benedito·
*· Antonío Soares· Integrava o· grupo.'de Zumbi ·após a . / SÃO LUÍS GONZAGA:
, desttuiçãà dé Palmarés. Soares foi aprisionado pela tropa · ·Grupo Oyá lansã .
• ', L '

inimiga, toríurado e obrigado a trair o grande líder. · · , · . , · . · CAXIAS: , . ·


., : ',. · , . Movfmento Negro de :Caxias
.'./~, ', , .· ':, ·, .:'A(.CÃ~TA~~ .' .'
, . -._(Grupo em form,açâo)
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