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ARTIGOS SEPARADOS

- LUIZ FERNANDO : 197, 198

Luiz Fernando Mazoni

RA: 00209777

Email : Luiz.mazoni@edu.unipar.br

- TIAGO EMANUEL: 205, 206

Tiago Emanuel Ferreira

RA: 00209976

E-mail: tiago.ferreira@edu.unipar.br

- LUCAS: 204 e edição do trabalho

Lucas de Souza Rodrigues

lucas.rodrigues.02@edu.unipar.br

00211606

- GUSTAVO: 201,202

Gustavo Refundini

RA: 00211621

E-mail

gustavo.refundini@edu.unipar.br

- AECIO: 199,200

aecio.filho@edu.unipar.br

RA 00212195

Aécio Silveira dos Santos Filho

- IGOR BOBO 207


Igor Silva Gobbo

RA: 00209588

E-mail: Igor.gobbo@edu.unipar.br

- ANDRÉ 203

André Alves de Oliveira

RA: 00211620

andre.oliveira.00@edu.unipar.br

Atentado contra a liberdade de trabalho

Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:

I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não


trabalhar durante certo período ou em determinados dias:

Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência;

II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou


paralisação de atividade econômica:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à


violência.

Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta

Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de
trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou
agrícola:

Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

Atentado contra a liberdade de associação

Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar
de participar de determinado sindicato ou associação profissional:

Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem

Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra
pessoa ou contra coisa:

Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.


Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o
concurso de, pelo menos, três empregados.

Paralisação de trabalho de interesse coletivo

Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de


obra pública ou serviço de interesse coletivo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

A ação típica do crime e seu núcleo é a participação em paralisação de trabalho provocando o


mesmo em serviços coletivos essenciais para a população em geral.

Pouco importa se a greve teve emprego de violência ou pacífica, basta a interrupção dos serviços.

Dessa forma o Bem Jurídico tutelado é o interesse da coletividade em sua normalidade no


funcionamento dos serviços básicos e obras públicas.

O sujeito ativo é comum, podendo ser o empregado ou empregador.

O sujeito passivo é a coletividade.

O elemento subjetivo é o dolo direto ou eventual, no intuito de efetivar a paralisação.

O Elemento objetivo constitui na participação de suspensão ou abandono coletivo de trabalho que


provoque a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo.

Consumação se efetiva com a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo.

A tentativa é admissível uma vez que o iter criminis é passível de fracionamento, a exemplo da
intenção frustrada pela não adesão dos demais trabalhadores ao movimento, ou mesmo que haja a
adesão de todos, o Estado assume a sua execução evitando a paralisação da obra ou serviço.

Classificação - Trata-se de crime comum podendo ser praticado por qualquer pessoa. Crime material,
pois somente se consuma com a produção do resultado. De concurso necessário, pois exige
participação de mais de uma pessoa. Instantâneo, pois se consuma no momento da prática violenta
contra a pessoa ou coisa. E plurissubsistente, pois não se aperfeiçoa com ato único.

Ação penal é pública e incondicionada.

Segundo o magistério de Nelson Hungria e Heleno Cláudio Fragoso, observando a Exposição


de motivos do Código Penal, não foram trazidos para o campo do ilícito penal todos os fatos
contrários à organização do trabalho. São incriminados, em regra, somente aqueles que se
fazem acompanhar de violência ou de fraude. Na ausência desses elementos, o fato não
passará, salvo exceções, de ilícito administrativo.

Contemporaneamente, Cezar Roberto Bitencourt faz coro com Nelson Hungria ao afirmar que,
sob a égide da Constituição Polaca, o legislador de 1940 criminalizou a prática de greve ou do
lockout, pacíficos ou não, de atividades públicas ou de interesse social.

Após a imposição do Código Penal, inúmeras leis disciplinam o direito de greve, ampliando ou
restringindo esse direito, dentre as quais se destacam:
i) a Lei n. 4.330/1964 que, segundo Paulo José da Costa Júnior, teria revogado o crime previsto
no art. 201, admitindo-a apenas em atividades fundamentais;13

ii) a Lei n. 7.789/1989, a atual Lei de Greve, que revogou a Lei n. 4.330, disciplinou a greve,
definiu as atividades essenciais e regulou o atendimento das atividades inadiáveis da
comunidade.

Na doutrina penal, portanto, parece não existir dúvidas de que, após a promulgação da
Constituição de 1988 e da Lei 7.789/1989, o tipo penal está revogado. Prevalece, atualmente, o
entendimento de Alberto Silva Franco de que caso seja usada violência ou grave ameaça para a
interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo, então o delito cometido será aquele
do art. 200 do CP. Em conclusão, a penalização ou tipificação da conduta antes descrita no
revogado art. 201 como crime é que ficará na dependência da lei complementar a que se refere

o art. 37, VII, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, à qual cometeu a
tarefa de estabelecer os limites do direito de greve e as sanções cabíveis.

Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem

Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de
impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

O dispositivo prevê dois crimes, quais sejam Invadir ou ocupar estabelecimento com intuito de
impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho e danificar estabelecimento ou as coisas nele
existentes ou delas dispor com o fim de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho.

No primeiro crime temos o verbo INVADIR, no qual significa ingressar sem autorização e OCUPAR
que envolve tomar posse de algo.

O segundo crime se refere a sabotagem, que ocorre quando se DANIFICA ou dispõem das coisas
existentes no estabelecimento.

O bem jurídico é a organização do trabalho.

O sujeito ativo é o empregado grevista ou 3º para proceder as figuras mencionadas no caput.

O sujeito passivo é o proprietário do estabelecimento invadido.

Elementos objetivos - 1ª ação típica é invadir, ocupar conforme o caput. 2ª ação consiste em danificar
o estabelecimento ou coisas existentes em ato de vandalismo, e a última vender ou doar bens
existentes da empresa.

Elementos subjetivos - Dolo específico com o fim de agir livre e conscientemente de invadir, ocupar e
danificar bens e objetos existentes nos estabelecimentos mencionados.

Consumação - Em 1ª ação é invadir e ocupar. O seguinte núcleo é danificar e por último a


consumação e de apossar de bens da empresa para vender ou doar.

Ação penal - Pública e incondicionada. competência da JF.

CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
● Crimes comuns: podem ser praticados por qualquer pessoa;
● Crime formal (invasão): a consumação independe da ocorrência do resultado
naturalístico, ou material (sabotagem): o resultado naturalístico deve ocorrer
no mundo fático para que o crime seja consumado;
● Crimes dolosos (não há previsão de modalidade culposa);
● Crimes praticados de forma livre: o delito pode ser cometido de qualquer
maneira, porque o tipo penal não prevê uma forma específica para a sua
execução;
● Crimes unissubjetivos: basta uma única pessoa praticar a conduta para a
realização dele;
● Crimes plurissubsistentes: a conduta pode ser fracionada em vários atos e,
portanto, há possibilidade de tentativa;
● Crime instantâneo (sabotagem): há consumação imediata, em único instante,
ou seja, uma vez encerrado está consumado, ou permanente (invasão): a
consumação se prolonga no tempo, enquanto está sendo praticado, está
sendo consumado;
● Crimes de menor potencial ofensivo: conforme o art. 61 da Lei n. 9.099/95, os
crimes de menor potencial ofensivo são crimes em que a pena máxima não é
superior a dois anos. Por isso, eles serão processados e julgados a partir do
rito sumaríssimo previsto nessa lei, e também atraem para si a possibilidade
de aplicação de despenalizadoras, como a transação penal e a suspensão
condicional do processo.

Frustração de direito assegurado por lei trabalhista

Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do
trabalho:

Frustrar (enganar ou iludir), mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho

Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

§ 1º Na mesma pena incorre quem:


I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para
impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida;

II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por


meio da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais.

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos,


idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental.

Sujeito ativo

Qualquer pessoa

Sujeito passivo

É o titular do direito frustrado ou o trabalhador prejudicado ou impedido de deixar o serviço

Objetos jurídicos

São a organização e a liberdade de trabalho

Objetos materiais

São o direito trabalhista e o trabalhador prejudicado

Elementos objetivos do tipo

Frustrar (enganar ou iludir), mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho (caput)
; obrigar ou coagir alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o
desligamento do serviço em virtude de dívida (inciso I, § 1.º); impedir alguém de se desligar de serviços de
qualquer natureza, mediante coação ou por meio de retenção de seus documentos pessoais ou contratuais (inciso
II, § 1.º). A pena é de detenção, de um a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência. É preciso
atentar para o disposto no art. 149 do Código Penal, que definiu a retenção do empregado, de qualquer modo, no
lugar de trabalho como redução à condição análoga à de escravo (mais grave e mais recente); logo, este tipo
penal prevalece sobre o tipo do art. 203, conforme a situação fática apresentada.

Elemento subjetivo do tipo específico

Não há na forma do caput. Quanto aos incisos I e II, é a vontade de impedir o desligamento do

trabalho

Elemento subjetivo do crime

É o dolo
Classificação

Comum; material (caput e inciso II) e formal (inciso I); de forma livre; comissivo; instantâneo ou

permanente, conforme o caso concreto; unissubjetivo; plurissubsistente.

Tentativa

É admissível.

Particularidade

A competência é da Justiça Federal, se envolver interesse coletivo; da Justiça Estadual, se disser

respeito ao interesse individual.

Momento consumativo

Quando ocorrer a frustração do direito ou o impedimento de deixar o serviço (caput e inciso II) ou

quando houver a coação (inciso I).

Causa de aumento de pena

Eleva-se de um sexto a um terço se a vítima é menor de 18 anos, idosa (maior de 60 anos), gestante,

indígena não integrada à civilização ou portadora de deficiência física ou mental.

Para fins de notícia, segue o caso em que o empresário Sidnei Piva de Jesus recebeu uma ordem judicial da juíza
Luciana Menezes Scorzado para entregar senhas bancárias, pois havia suspeita de apropriação indevida de
valores das empresas recuperandas para criar empresas paralelas, o que ocasionou prejuízos milionários aos
passageiros e aos tripulantes que se viram despojados de seus direitos trabalhistas

https://diariodotransporte.com.br/2022/03/16/justica-determina-que-sidnei-piva-entregue-senhas-bancarias-e-qu
e-nao-mantenha-contato-com-qualquer-pessoa-da-itapemirim/

Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho

Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do
trabalho:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

Atentado contra a liberdade de trabalho

Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça:

I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar


ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias:

Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena


correspondente à violência;

II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de


parede ou paralisação de atividade econômica:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena


correspondente à violência.

Núcleo do tipo
É o “constranger”, ou seja obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer algo contra a
sua vontade, valendo-se da violência e grave ameaça.

Objetividade jurídica:

Protege-se a liberdade de trabalho assegurada na Constituição Federal a qualquer


indivíduo.

Objeto material:
É a pessoa que suporta a conduta criminosa.

Sujeitos do delito (passivo - ativo)

Qualquer pessoa ou também pessoa jurídica pode ser sujeito ativo no delito de
atentado à liberdade de trabalho, e no polo passivo a mesma regra do ativo,
entretanto no art. 197, II, 1ª parte, em que a vítima é o proprietário ao invés do
empregado.

Tipicidade objetiva e subjetiva

Há divergência sobre ser o tipo misto alternativo ou cumulativo.

Consumação e tentativa

O artigo 197 se divide em três pólos, um em que o fato consuma-se com o efetivo
exercício ou suspensão do exercício de arte, profissão ou ofício pela violência moral
ou física, em razão da violência, o indivíduo trabalha quando não devia ou é
suspende aquilo que deveria fazer e o último que consuma-se com a participação
de greve ou paralisação. A tentativa é permitida.
1.Exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou
indústria. O verbo “exercer” (desempenhar ou praticar) liga-se à habitualidade em relação à
arte, ofício, profissão ou indústria, abrangendo, destarte, todas as formas de atividade
econômica. Todavia, o Código Penal disciplina somente as atividades exercidas por
particulares, pois há regras específicas para as hipóteses em que são ofendidas funções
públicas (exemplos: art. 197 da Lei 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 17
da Lei 7.170/1983 – Crimes contra a Segurança Nacional etc.). Essas atividades devem ser
lícitas, pois, se ilícitas, não estará caracterizado o crime contra a organização do trabalho. Arte
é qualquer forma de atividade econômica que depende de técnica ou especial. Ofício é
qualquer ocupação remunerada e habitual, consistente na prestação de serviços manuais.
Profissão é toda e qualquer espécie de atividade, material ou intelectual, desempenhada
habitualmente com intuito de lucro. Compreende o comércio e as profissões liberais
(exemplos: advogados, médicos, dentistas etc.). A Indústria, finalmente, é a atividade
econômica destinada à transformação de produtos orgânicos ou inorgânicos, visando
adequá-los às necessidades humanas. Disponível em: (Direito penal 2 - parte especial (ARTS.
121 a 212) Cleber Masson)

Pena e ação penal:

Pública e incondicionada. Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo.

Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta

Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a


celebrar contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem
matéria-prima ou produto industrial ou agrícola:

Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena


correspondente à violência.

O artigo acima regulamenta dois crimes distintos o de atentado contra a liberdade


de trabalho e boicotagem violenta, em ambos a pena é detenção de um mês há um
ano, além da pena correspondente à violência

Objetividade jurídica

É a liberdade de trabalho.

Objeto material

É a pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa.

Sujeitos do delito (passivo - ativo)


Como o artigo 197, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo e passivo.

Elemento subjetivo

É o dolo, sem nenhuma finalidade específica. Desaparece o crime quando há justa


causa na conduta.

Consumação e tentativa

Consuma-se com a celebração do contrato de trabalho. Na boicotagem violenta com


a abstenção do fornecimento ou aquisição de matéria prima. A tentativa é possível,
qualquer que seja o crime.

Ação penal

É pública e incondicionada tanto contra a liberdade de contrato de trabalho como na


boicotagem violenta.

1.Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho: 1.


a parte. Nota-se inicialmente que a lei omitiu as palavras “ou não”, depois do verbo “celebrar”,
em que pese serem de igual gravidade o constrangimento tanto para celebrar como para não
celebrar contrato de trabalho. Como, contudo, não se admite a analogia in malam partem no
Direito Penal, o constrangimento para não celebrar contrato de trabalho somente poderá ser
enquadrado no art. 197, inciso I, ou
no art. 203 (frustração de direito assegurado por lei trabalhista), ou no art. 146
(constrangimento ilegal), todos do Código Penal. O contrato de trabalho pode ser individual
ou coletivo. Trata-se de norma penal em branco homogênea, uma vez que o conceito de
contrato de trabalho, individual e
coletivo, encontra-se na CLT – Consolidação das Leis do Trabalho. Contrato individual de
trabalho é o “acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego” (CLT, art. 442).
De outro lado, contrato coletivo de trabalho é o “acordo de caráter normativo, pelo qual dois
ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam
condições de trabalho aplicáveis, no
âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho” (CLT, art.611).
Qualquer das espécies de contrato de trabalho (individual ou coletivo) pode ensejar
o crime em análise. 2.Boicotagem violenta: 2. a parte.
A palavra “boicotagem” vem do nome de um administrador agrícola, na Irlanda, James
Boycott, com quem os camponeses e fornecedores da região romperam relações
(forçando-o a emigrar para a América), em represália à sua atuação vexatória. Trata-se de uma
espécie de ostracismo econômico: a pessoa atingida pela boicotagem é posta à
margem do círculo econômico a que pertence, vendo-se na contingência de cessar sua
atividade, porque ninguém lhe fornece os elementos indispensáveis a ela, nem lhe
adquire os produtos. O fato é lesivo da normalidade econômica, mas a lei penal somente o
incrimina quando intervém violência, física ou moral, quer contra os possíveis fornecedores
ou adquirentes, quer contra o próprio boicotado. As pessoas forçadas à boicotagem contra
outrem não são agentes, mas instrumentos passivos e
vítimas do crime. O não fornecimento ou não aquisição dizem respeito à matéria-prima ou ao
produto industrial ou agrícola. Fornecer é abastecer ou prover; adquirir equivale à conduta de
comprar, obter ou conseguir.
Matéria-prima é a substância fundamental, orgânica ou inorgânica, da qual se faz
ou se fabrica alguma coisa. Disponível em: (Direito penal 2 - parte especial (ARTS. 121 a 212)
Cleber Masson)

Exercício de atividade com infração de decisão administrativa

Art. 205 - Exercer atividade, de que está impedido por decisão administrativa:

Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.

O delito de exercício de atividade com infração de decisão administrativa não era tratado no
código penal do império, de 1830, nem no código republicano, de 1890, sendo novidade trazida pelo
código penal de 1940.

Núcleo do tipo
O núcleo do tipo é "exercer" que equivale a praticar ou
desempenhar. O verbo empregado pelo legislador
transmite a clara ideia de habitualidade, pois é equivocado
afirmar que alguém exerce determinada atividade uma
única vez. Trata-se, portanto,de crime habitual; é
composto por uma reiteração de atos, os quais
representam um indiferente penal se isoladamente
considerados.
Atividade significa qualquer trabalho, ocupação ou
profissão, desde que de natureza lícita (exemplos:
médicos, dentistas, engenheiros, advogados etc.).
O crime reclama a existência de decisão administrativa
anterior (emanada de qualquer órgão da Administração
Pública, federal, estadual, distrital ou municipal), que
impede o exercício da atividade pelo sujeito. E o caso do
advogado que tem o exercício da sua profissão suspenso
pelo Conselho de Ética da Ordem dos Advogados do
Brasil, na forma prevista nos arts. 70 a 74 da Lei
8.906/1994, e pelos arts. 55 a 69 do Código de Ética e
Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil.
A decisão judicial não é abarcada pelo dispositivo em
análise, pois a desobediència à ordem judicial poderá
configurar o delito previsto no art. 359 do Código Penal
(crime de desobediência à decisão judicial sobre perda ou
suspensão de direito). O exercício ilegal de função
pública, por sua vez, configura o delito previsto no art. 324
do Código Penal.
(Direito penal 2 - parte especial (ARTS. 121 a 212) Cleber
Masson)

objetividade jurídica:

Proteger o interesse do estado no cumprimento de suas decisões administrativas


relacionadas ao exercício de atividades.

objeto material:

É a atividade que foi desempenhada por quem estava impedido de fazê-la por
decisão administrativa.

sujeito ativo:

Crime próprio, só pode ser exercido pela pessoa administrativamente impedida de


exercer determinada atividade.

sujeito passivo:

O estado, eis que suas decisões administrativas devem sem cumpridas por quem a
elas se sujeitam.

Elemento subjetivo:

É o dolo, não exigindo modalidade específica, nem admitindo modalidade culposa.

Consumação e tentativa:

Se dá com o desempenho reiterado e contínuo da atividade o qual estava proibido de fazer. Tratando
de crime de mera conduta

Não é cabível tentativa.

AÇÃO PENAL:

Pública e incondicionada.

COMPETÊNCIA:

Em regra trata-se da Justiça estadual, será da competência Federal quando o crime for praticado em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, nos termos do art. 109, inciso IV,da CF.

CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA. PENAL E
PROCESSUAL PENAL. EXERCÍCIO DA
ADVOCACIA COM A INSCRIÇÃO NA
ORDEM DOS ADVOGADOS DO
BRASIL SUSPENSA. CONFIGURAÇÃO
DO DELITO DO ART. 205 DO CÓDIGO
PENAL. CONFLITO CONHECIDO
PARA DECLARAR COMPETENTE O
JUÍZO FEDERAL SUSCITANTE.

1. Hipótese em que a controvérsia


apresentada cinge-se à definição do
tipo penal a que se amolda a conduta
da Interessada, a qual teria exercido a
advocacia com a inscrição na Ordem
dos Advogados do Brasil suspensa, em
razão de infração reconhecida pelos
órgãos disciplinares competentes. 2. A
questão difere daquela relativa ao
inadimplemento de anuidade, na qual
esta Corte tem entendido que se
configura a contravenção penal do art.
47 do Decreto-Lei n. 3.688/1941,
porque "não representa verdadeira
punição disciplinar, mas apenas mero
ato administrativo de saneamento
cadastral e, por consequência, não se
amolda ao conceito penal de decisão
administrativa proibitiva do exercício
da profissão" (CC n. 164.097/SP, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe
de 11/03/2019). 3. Tendo sido a
suspensão da inscrição determinada
pela autoridade competente, qual seja,
no caso, a OAB, em processo
administrativo, está configurado o
crime do art. 205 do Código Penal,
qual seja, "Exercer atividade, de que
está impedido por decisão
administrativa". 4. Conflito conhecido
para declarar competente o Juízo
Federal, o Suscitante. (STJ; CC
165.781; Proc. 2019/0137012-8; MG;
Terceira Seção; Relª Min. Laurita Vaz;
Julg. 14/10/2020; DJE 21/10/2020)

Aliciamento para o fim de emigração

Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território
estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 8.683, de 1993)

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.683, de
1993)

É aliciamento, seduzir ou angariar trabalhadores mediante fraude para trabalho no exterior com
falsas promessas de condições de trabalho e salário.

Núcleo do tipo:

O núcleo do tipo é "recrutar", ou seja, aliciar, no sentido


de seduzir, atrair interessados.
Mas não basta recrutar trabalhadores e emigrar para outro
país, com o fim de lá trabalhar, a exemplo do que
acontecia antes da alteração do art. 206 do Código Penal
pela Lei 8.683/1993. E imprescindível seja o recrutamento
efetuado mediante fraude, isto é, com emprego de artifício,
ardil ou de qualquer outro meio fraudulento. Exemplo:
falsa promessa de emprego honesto em determinado país,
com altos salários, quando, na realidade, as pessoas irão
trabalhar em condições precárias e com vencimentos
aviltantes.
A lei fala em "trabalhadores". Surge assim uma questão:
qual o número mínimo de trabalhadores que devem ser
recrutados para a configuração do crime em análise?
Entendemos pela necessidade de no mínimo três pessoas.
Com efeito, quando o Código Penal deseja somente duas
pessoas (exemplos: arts. 155, $ 4.°, inc. IV, 157, $ 2.°, inc.
II, 158, $ 1.° etc.) ou então ao menos quatro indivíduos
(exemplo: art. 146, $ 1.0) ele o faz expressamente. Quando
reclama várias pessoas, sem apontar quantas, há
necessidade de no mínimo três indivíduos (exemplos: arts.
137, 141, inc. III etc.).29
(Direito penal 2 - parte especial (ARTS. 121 a 212) Cleber Masson)
Objetividade jurídica:

Tutela o interesse do Brasil em manter seus trabalhadores, a mão de obra, em territorio nacional.

Objeto material:

É a pessoa recrutada mediante fraude para ser levada para o estrangeiro.

Sujeito ativo:

Crime comum, pode ser qualquer pessoa

Sujeito passivo:

É o estado, mediante os trabalhadores recrutados mediante fraude.

Elemento subjetivo:

É o dolo, não admitindo a modalidade culposa.

Consumação e tentativa:

Trata-se de crime formal, dispensa-se a efetiva saída dos trabalhadores do Brasil, consuma-se já
com o recrutamento mediante fraude, sendo um crime de resultado cortado ou de consumação
antecipada.

É possível tentativa.

Ação penal:

Pública incondicionada..

Competência:

É da justiça federal, pois crime diz respeito a interesses coletivos.

PENAL. ESTELIONATO. CP, ART. 170.


ALICIAMENTO PARA O FIM DE
EMIGRAÇÃO. CP, ART. 206.
PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA
REJEITADA. NO MÉRITO. INCIDÊNCIA
DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO.
MATERIALIDADE E AUTORIA DO
CRIME DO ARTIGO 206 DO CÓDIGO
PENAL COMPROVADAS. DOSIMETRIA.
MANTIDA. PARCIAL PROVIMENTO DA
APELAÇÃO.
1. Preliminar de incompetência rejeitada.
2. Deve ser reconhecida a incidência do
princípio da consunção entre os delitos,
tendo em vista que a conduta do crime do
artigo 171 do Código Penal foi praticada
como meio para a prática do delito do
artigo 206 do Código Penal. 3. As provas
testemunhal e documental confirmam que
o réu Edmilson Martins de Oliveira atuava
juntamente com José Carlos de Oliveira
para recrutar trabalhadores, mediante
fraude, com o fim de levá-los para
território estrangeiro. 4. Dosimetria da
pena. A excepcional gravidade das
consequências dos delitos perpetrados
pelo réu justifica a fixação da pena do
artigo 206 do Código Penal acima do
mínimo legal nos termos propugnados
pela sentença. 5. Mantida a fração da
continuidade delitiva do crime do artigo
206 do Código Penal em 1/3 (um terço). 6.
Fixado regime inicial aberto e reconhecida
a substituição da pena privativa de
liberdade por duas restritivas de direitos.
7. Rejeitada a preliminar e, no mérito,
parcialmente provido o recurso. (TRF 3ª
R.; ACr 0003028-23.2001.4.03.6110;
Quinta Turma; Rel. Des. Fed. André
Custódio Nekatschalow; Julg.
12/08/2019; DEJF 18/09/2019)
Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional

Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do
território nacional:

Pena - detenção de um a três anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.777, de
29.12.1998)

§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do


trabalho, dentro do território nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do
trabalhador, ou, ainda, não assegurar condições do seu retorno ao local de origem. (Incluído pela
Lei nº 9.777, de 1998)

§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos,


idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental. (Incluído pela Lei nº 9.777, de
1998)

REFERÊNCIAS:
https://www.peticoesonline.com.br/art-205-cp#:~:text=Art.,a%20dois%20anos%2C%20ou%2
0multa.&text=PENAL.

https://thomsonreuters.jusbrasil.com.br/doutrina/secao/1620615157/331consideracoes-inicia
is-capitulo-33-exercicio-de-atividade-com-infracao-de-decisao-administrativa-art-205-direito-
penal-parte-especial-arts-155-a-234-b

https://www.peticoesonline.com.br/art-206-cp#:~:text=Art.,(tr%C3%AAs)%20anos%20e%20
multa.

Direito penal 2 - parte especial (ARTS. 121 a 212) Cleber Masson

SOUZA, Luciano. art. 197 In: Souza, Luciano. Direito Penal: Parte Especial:
Arts.155 a 234-B. São Paulo (SP): Editora Revista dos tribunais. 2020.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal: 10 ed. rev. atual. e ampl. –
Rio de Janeiro: Forense, 2014.

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