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Capítulo II-B

DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

 CONTRATAÇÃO DIRETA ILEGAL

• Sujeito ativo:

É crime próprio. Apenas o agente público (ou equiparado) designado (também


chamado de agente de contratação), os membros da comissão de contratação,
a autoridade máxima do órgão ou entidade, ou a quem as normas de
organização administrativa indicarem.

• Sujeito passivo:

O Estado, isto é, o ente prejudicado da administração pública direta, autárquica


e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (art.
1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito Federal e os órgãos
do Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho de função
administrativa, bem como os fundos especiais e as demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela Administração Pública (art. 1º, I e
II).Também as empresas públicas, sociedades de economia mista e as suas
subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do art. 185 da Lei n.
14.133/2021, expressamente determinando que a elas são aplicáveis os crimes
dispostos neste Capítulo II-B.

• Tipo subjetivo:

É o dolo (vontade livre e consciente) de admitir, possibilitar ou dar causa,


sabendo o autor que a lei veda a dispensa ou a não exigência de licitação, ou
que as formalidades para tal são de rigor. Não há forma culposa.

• Consumação:

Quanto ao crime do revogado art. 89 da Lei n. 8.666/90, a jurisprudência


encontrava-se dividida entre aqueles que entendiam tratar-se de delito formal e
os que sustentavam ser o crime material (vide jurisprudência abaixo). Em
nosso entendimento, trata-se de crime material, necessitando ter havido algum
prejuízo ou efetivo dano ao erário público para se consumar, decorrente da
ilegal dispensa ou não exigência de licitação.

• Tentativa:

Em tese é possível, se o contrato não vier a ser celebrado por razões alheias à
vontade do agente, apesar de a ilegal dispensa, não exigência ou não
observância das formalidades legais ter ocorrido.

•Núcleo do Tipo:

Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação


direta fora das hipóteses previstas em lei

• Ação penal:

Pública incondicionada.

Jurisprudência do antigo art. 89 da Lei n. 8.666/90 que se aplica em boa parte


ao atual artigo

 FRUSTRAÇÃO DO CARÁTER COMPETITIVO DE LICITAÇÃO

• Sujeito ativo:

Qualquer pessoa, seja agente público (ou equiparado) (intraneus), seja


particular (extraneus). Sobre o conceito de agente público, vide art. 6º, V, da
Lei n. 14.133/2021.

• Sujeito passivo:

Primeiramente o Estado, isto é, o ente prejudicado da Administração Pública


direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios (art. 1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito
Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no
desempenho de função administrativa, bem como os fundos especiais e as
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração
Pública (art. 1º, I e II).Também as empresas públicas, sociedades de economia
mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do
art. 185 da Lei n. 14.133/2021, expressamente determinando que a elas são
aplicáveis os crimes dispostos neste Capítulo II-B. É sujeito passivo, ainda, o
concorrente que restou prejudicado com a frustração ou fraude da licitação.

• Tipo subjetivo:

O dolo, vontade livre e consciente de frustrar ou fraudar, acrescido do especial


fim de agir, ou seja, para obter, para si ou para terceiro, vantagem (econômica)
decorrente da adjudicação (ato de transferência) do objeto da licitação. Para os
tradicionais é o dolo específico. Não há forma culposa.

• Consumação:

Com a efetiva frustração ou fraude do certame, isto é, do caráter competitivo da


licitação, não sendo necessário prejuízo aos cofres públicos. Trata-se de crime
formal.

• Tentativa:

Pode haver quando a conduta puder ser fracionada (plurissubsistente), como


na hipótese de a fraude ser descoberta já na abertura dos envelopes do
certame.

• Núcleo do Tipo

O tipo define como criminosa a conduta de frustrar ou fraudar o caráter


competitivo do processo licitatório, característica que lhe é elementar

• Ação penal:
Pública incondicionada.

 PATROCÍNIO DE CONTRATAÇÃO INDEVIDA

• Sujeito ativo:

Somente o agente público, ou seja, o indivíduo que, em virtude de eleição,


nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, exerce mandato, cargo ou emprego público (art. 6º, V, da Lei n.
14.133/2021). Trata-se, pois, de crime próprio. No entanto, como bem observa
Vicente Greco Filho, “somente haverá o crime se o agente, funcionário,
patrocina interesse privado perante a Administração, valendo-se daquela
qualidade”, o que não ocorrerá se houver atuado “sem qualquer vínculo com
sua função, que pode ser remota e sem vínculo com a pretensão” (Dos Crimes
da Lei de Licitações, 2ª ed., São Paulo, Saraiva, 2007, p. 80). Em sentido
contrário, Guilherme de Souza Nucci (Leis Penais e Processuais Penais
Comentadas, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2006, p. 447).

• Sujeito passivo:

O Estado, isto é, o ente prejudicado da Administração Pública direta,


autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios (art. 1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos dos
Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito Federal e
os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho de
função administrativa, bem como os fundos especiais e as demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela Administração Pública (art. 1º, I e
II).Também as empresas públicas, sociedades de economia mista e as suas
subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do art. 185 da Lei n.
14.133/2021, expressamente determinando que a elas são aplicáveis os crimes
dispostos neste Capítulo II-B.

• Tipo subjetivo:
É o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de patrocinar interesse privado
perante a Administração Pública, acrescido do especial fim de agir: para causar
a instauração de licitação ou a celebração de contrato. Para os tradicionais, é o
dolo específico. Não há forma culposa.

• Consumação:

Embora a conduta do agente seja anterior, o tipo só se perfaz com a


invalidação judicial da licitação ou do contrato, sendo atípica a conduta se a
invalidação for exclusivametne administrativa. Com a mesma opinião,
comentando o idêntico tipo penal da revogada Lei n. 8.666/90, Adel El Tasse,
Legislação Criminal Especial, coordenada por Luiz Flávio Gomes e Rogério
Sanches Cunha, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2009, p. 676.

• Tentativa:

Não nos parece possível, já que a invalidação judicial, com a qual o crime se
consuma, é elementar do tipo. Nesse sentido, Vicente Greco Filho, ob. cit., p.
84.

•Núcleo do Tipo

Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração


Pública,

• Ação penal:

Pública incondicionada.

 MODIFICAÇÃO OU PAGAMENTO IRREGULAR EM CONTRATO


ADMINISTRATIVO

• Sujeito ativo:
Trata-se de crime próprio, sendo sujeito ativo apenas o funcionário público (ou
equiparado) (intraneus), ou seja, o “indivíduo que, em virtude de eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, exerce mandato, cargo, emprego ou função em pessoa jurídica
integrante da Administração Pública” (art. 6º, V, da Lei n. 14.133/2021).

• Sujeito passivo:

Primeiramente, o Estado, isto é, o ente prejudicado da Administração Pública


direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios (art. 1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito
Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no
desempenho de função administrativa, bem como os fundos especiais e as
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração
Pública (art. 1º, I e II).Também as empresas públicas, sociedades de economia
mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do
art. 185 da Lei n. 14.133/21, expressamente determinando que a elas são
aplicáveis os crimes dispostos neste Capítulo II-B. Na segunda parte do artigo,
o terceiro prejudicado com a modificação ou vantagem, ou preterição da ordem
cronológica.

• Consumação:

Com a efetiva modificação ou concessão de vantagem, inclusive prorrogação,


em favor do contratado (na primeira parte do artigo), ou, ainda, com o efetivo
pagamento de fatura fora da ordem cronológica. Cuida-se, assim, de delito
material, que depende de resultado naturalístico. Tratando-se de tipo misto
alternativo, caso o agente, no mesmo contexto fático, pratique mais de uma
conduta, responderá por um único crime. Nesse sentido, Jessé Torres Pereira
Junior, Comentários à Lei das Licitações e Contratações da Administração
Pública, Rio de Janeiro, Renovar, 2007, pp. 911- 912. Para José Geraldo da
Silva, Paulo Rogério Bonini e Wilson Lavorenti, se o agente, além da
prorrogação contratual, também efetuar pagamento de fatura fora da ordem
cronológica, haverá concurso material (ob. cit., p. 379). Com essa última
orientação, igualmente Vicente Greco Filho (ob. cit., p. 93).

• Tentativa:
Não nos parece possível em nenhuma das condutas incriminadas, por serem
todas unissubsistentes, não podendo ser fracionadas.

• Núcleo do Tipo

Admitir, possibilitar

• Ação penal:

Pública incondicionada.

 PERTURBAÇÃO DE PROCESSO LICITATÓRIO

• Sujeito ativo:

Qualquer pessoa.

• Sujeito passivo:

Primeiramente o Estado, isto é, o ente prejudicado da Administração Pública


direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios (art. 1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito
Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no
desempenho de função administrativa, bem como os fundos especiais e as
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração
Pública (art. 1º, I e II).Também as empresas públicas, sociedades de economia
mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do
art. 185 da Lei n. 14.133/2021, expressamente determinando que a elas são
aplicáveis os crimes dispostos neste Capítulo II-B. Quanto aos demais licitantes
prejudicados, para Vicente Greco Filho, “os participantes regulares do
procedimento impedido, perturbado ou fraudado podem ser prejudicados, mas
não ofendidos no sentido jurídico-penal, porque não têm bem jurídico próprio
atingido” (ob. cit., p. 99). A nosso sentir, como licitantes, eles têm direito a que
as regras sejam respeitadas, sendo não só prejudicados, mas também sujeitos
passivos deste crime.

• Tipo subjetivo:

É o dolo, a vontade livre e consciente de praticar as condutas incriminadas,


ciente da ilicitude de seu comportamento. Para os tradicionais, trata-se do dolo
genérico. Não há modalidade culposa.

• Consumação:

Na figura de perturbar, com a ação que efetivamente vier a causar perturbação


no processo licitatório. Na de impedir, com o real impedimento. E, na de
fraudar, quando a fraude produz efeito, enganando terceiro ou terceiros. Na
primeira hipótese, o crime é formal; nas duas últimas, material.

• Tentativa:

Na modalidade de perturbar não é possível, por se cuidar de conduta


unissubsistente, que não pode ser fracionada. Na de impedir é possível, porém,
o agente, ao tentar impedir, já terá provavelmente causado perturbação. Na
conduta de fraudar, a tentativa é possível.

• Núcleo do Tipo

“impedir, perturbar ou
fraudar a realização de qualquer ato de processo licitatório”.

• Ação penal:

Pública incondicionada.

 VIOLAÇÃO DE SIGILO EM LICITAÇÃO


• Sujeito ativo:

Na primeira modalidade (devassar), apenas o funcionário público responsável


pelo sigilo das propostas, tratando-se de crime próprio. Na segunda
modalidade (proporcionar), não só o funcionário, mas também o terceiro para
quem a devassa é proporcionada.

• Sujeito passivo:

Primeiramente, o Estado, isto é, o ente prejudicado da Administração Pública


direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios (art. 1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito
Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no
desempenho de função administrativa, bem como os fundos especiais e as
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração
Pública (art. 1º, I e II).Também as empresas públicas, sociedades de economia
mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do
art. 185 da Lei n. 14.133/2021, expressamente determinando que a elas são
aplicáveis os crimes dispostos neste Capítulo II-B. Secundariamente, os
concorrentes prejudicados.

• Tipo subjetivo:

É o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de devassar ou de proporcionar


a terceiro a oportunidade de fazê-lo. Para os tradicionais, é o dolo genérico.
Não há forma culposa.

• Consumação:

Com o efetivo ato da devassa, por si próprio ou pelo terceiro a quem


proporcionou tal ocasião, quebrando o sigilo do processo licitatório. É crime
formal, não sendo necessário resultado naturalístico para se aperfeiçoar, como
a efetiva contratação da licitação devassada com prejuízo aos cofres públicos.

• Tentativa:
Não nos parece possível na primeira conduta de devassar, por ser ela
unissubsistente, não podendo ser fracionada. Reavaliando a segunda figura,
entendemos que igualmente não será possível a tentativa na hipótese de
proporcionar a outrem a possibilidade de devassar o sigilo, pois mesmo que
recusada pelo terceiro, o simples fato de o funcionário ter proporcionado o
ensejo de o fazer já configura o delito.

• Núcleo do Tipo

“devassar o sigilo de proposta apresentada em


processo licitatório ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo”.

• Ação penal:

Pública incondicionada.

 AFASTAMENTO DE LICITANTE

• Sujeito ativo:

Qualquer pessoa.

• Sujeito passivo:

Primeiramente o Estado, isto é, o ente prejudicado da Administração Pública


direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios (art. 1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito
Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no
desempenho de função administrativa, bem como os fundos especiais e as
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração
Pública (art. 1º, I e II).Também as empresas públicas, sociedades de economia
mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do
art. 185 da Lei n. 14.133/2021, expressamente determinando que a elas são
aplicáveis os crimes dispostos neste Capítulo II-B. Em segundo lugar, o
licitante vítima da violência, ameaça, fraude ou do oferecimento de vantagem
para que viesse a se afastar.

• Tipo subjetivo:

É a vontade livre e consciente (dolo) de praticar violência, grave ameaça ou


fraude, ou de oferecer vantagem, acrescido do especial fim de agir, para
afastar ou tentar afastar licitante. Para os tradicionais, é o dolo específico. Não
há punição a título de culpa.

• Consumação:

Como o tipo emprega a expressão “afastar ou tentar afastar”, o crime é formal,


consumando-se o crime independentemente do terceiro concorrente
efetivamente deixar de participar da licitação da qual desejava e estava apto,
bastando a prática da violência, da ameaça, fraude ou oferecimento de
vantagem.

• Tentativa:

Embora em tese seja possível a tentativa na conduta de afastar, é fato que,


diante do fato do tipo também incriminar o próprio ato de tentar afastar, não há
como ser aplicável o disposto no art. 14 do CP.

• Núcleo do Tipo

“afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência, grave


ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo

• Ação penal:

Pública incondicionada.
 FRAUDE EM LICITAÇÃO OU CONTRATO

• Sujeito ativo:

O licitante ou o contratado em virtude da licitação.

• Sujeito passivo:

O Estado, isto é, o ente prejudicado da Administração Pública direta,


autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios (art. 1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos dos
Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito Federal e
os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no desempenho de
função administrativa, bem como os fundos especiais e as demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela Administração Pública (art. 1º, I e
II).Também as empresas públicas, sociedades de economia mista e as suas
subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do art. 185 da Lei n.
14.133/2021, expressamente determinando que a elas são aplicáveis os crimes
dispostos neste Capítulo II-B.

• Tipo subjetivo:

É o dolo, a vontade livre e consciente de fraudar a licitação ou o contrato e sua


execução. Embora o tipo penal não exija, expressamente, entendemos que,
pela interpretação das condutas dos incisos I a V, deve haver o especial fim de
agir para obter vantagem econômica em prejuízo da Administração Pública.
Para a doutrina tradicional, é o dolo específico. Não há forma culposa.

• Consumação:

É crime material, consumando-se com o efetivo prejuízo econômico da


Administração Pública. Não se trata de crime formal e tampouco de mera
conduta. Nesse sentido, Diogenes Gasparini (ob. cit., p. 151) e Vicente Greco
Filho (ob. cit., p. 118-119).

• Tentativa:
É possível quando, por razões alheias à vontade do agente, o prejuízo estatal
não chega a se concretizar. Com igual posição, Diogenes Gasparini (ob. cit., p.
151) e Vicente Greco Filho (ob. cit., p. 119).

• Núcleo do Tipo

Fraudar, em prejuízo da administração pública, licitação ou contrato dela


decorrente,

• Ação penal:

Pública incondicionada.

 CONTRATAÇÃO INIDÔNEA

• Sujeito ativo:

Apenas o intraneus (agente público ou equiparado) responsável pela admissão


do licitante. Cuida-se de crime próprio. A situação do extraneus (particular) que
participa de licitação é tratada especificamente no § 2º.

• Sujeito passivo:

Primeiramente, o Estado, isto é, o ente prejudicado da Administração Pública


direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios (art. 1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito
Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no
desempenho de função administrativa, bem como os fundos especiais e as
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração
Pública (art. 1º, I e II).Também as empresas públicas, sociedades de economia
mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do
art. 185 da Lei n. 14.133/2021, expressamente determinando que a elas são
aplicáveis os crimes dispostos neste Capítulo II-B. Secundariamente, os
demais licitantes que tenham sido prejudicados.

• Tipo subjetivo:

É o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente do funcionário público (ou


equiparado) admitir à licitação empresa ou profissional, sabendo que ele foi
declarado inidôneo, estando a sua punição em vigor. Como os cadastros são
públicos, é muito difícil haver alegação, por parte do funcionário, de erro ou
ignorância. Vicente Greco Filho ressalta a hipótese de dolo eventual (ob. cit., p.
126), pois ao funcionário público se impõe todo o zelo em fazer as consultas
aos cadastros sobre a idoneidade dos licitantes. Para os tradicionais, é o dolo
genérico. Não há punição a título de culpa.

• Consumação:

Com a mera admissão à licitação, independentemente da pessoa inidônea ter


vencido o certame e assinado o contrato. É crime formal.

• Tentativa:

Não é possível por ser a conduta unissubsistente, não fracionável. O


funcionário público admite ou não.

• Núcleo do Tipo

Admitir à licitação empresa ou profissional declarado inidôneo

• Ação penal:

pública incondicionada.

 IMPEDIMENTO INDEVIDO
• Sujeito ativo:

Só o agente público que tenha acesso aos registros cadastrais de


interessados. No mesmo sentido, Wolgran Junqueira Ferreira, para quem, nas
duas partes do tipo, “a figura criminal tem como agente qualquer servidor que
cuide do registro cadastral (art. 34)” (ob. cit., p. 298). É crime próprio.

• Sujeito passivo:

Primeiramente, o Estado, isto é, o ente prejudicado da Administração Pública


direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios (art. 1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito
Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no
desempenho de função administrativa, bem como os fundos especiais e as
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração
Pública (art. 1º, I e II).Também as empresas públicas, sociedades de economia
mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do
art. 185 da Lei n. 14.133/2021, expressamente determinando que a elas são
aplicáveis os crimes dispostos neste Capítulo II-B. Secundariamente, tratando-
se de impedimento indevido, o interessado (pessoa física ou jurídica)
prejudicado.

• Tipo subjetivo:

É o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de obstar, impedir ou dificultar a


inscrição, tendo o agente ciência da injustiça de sua conduta, ou, então, de
promover alteração, suspensão ou cancelamento do registro, ciente de que sua
ação é indevida. Para os tradicionais, é o dolo genérico. Não há forma culposa.

• Consumação:

Consuma-se quando a inscrição do interessado é obstada, impedida ou


dificultada pelo agente, ou, ainda, quando seu registro é alterado, suspenso ou
cancelado. Trata-se de crime formal. Para a configuração do tipo, não há
“necessidade de demonstração de eventuais vantagens obtidas pelo sujeito
ativo”, como ressalta Adel El Tasse (Legislação Criminal Especial, coordenada
por Luiz Flávio Gomes e Rogério Sanches Cunha, São Paulo, Revista dos
Tribunais, 2009, p. 681).

• Tentativa:

Nas modalidades de obstar, impedir ou dificultar não nos parece possível, pois
ao tentar obstar ou impedir, o agente já terá dificultado, conduta esta que é
unissubsistente, não podendo ser fracionada. Nas modalidades de alterar,
suspender ou cancelar, em tese poderá haver tentativa se o procedimento para
tanto for plurissubsistente (por exemplo, se demandar do funcionário que
pratica a ilicitude, um requerimento a ser convalidado por superior hierárquico
que impede o indevida alteração, suspensão ou cancelamento).

• Núcleo do Tipo

obstar, impedir ou dificultar

• Ação penal:

Pública incondicionada.

 OMISSÃO GRAVE DE DADO OU DE INFORMAÇÃO POR


PROJETISTA

• Sujeito ativo:

É a pessoa física (extraneus) responsável pelo levantamento cadastral ou


condição de contorno (projetista).

• Sujeito passivo:

Primeiramente, o Estado, isto é, o ente prejudicado da Administração Pública


direta, autárquica e fundacional da União, dos Estados, do Distrito Federal ou
dos Municípios (art. 1º, caput, da Lei n. 14.133/2021), abrangendo os órgãos
dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, dos Estados e do Distrito
Federal e os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando no
desempenho de função administrativa, bem como os fundos especiais e as
demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Administração
Pública (art. 1º, I e II).Também as empresas públicas, sociedades de economia
mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei n. 13.303/2016, nos termos do
art. 185 da Lei n. 14.133/2021, expressamente determinando que a elas são
aplicáveis os crimes dispostos neste Capítulo II-B. Secundariamente, o licitante
(pessoa física ou jurídica) prejudicado.

• Tipo subjetivo:

É o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de omitir, modificar ou entregar à


Administração Pública levantamento cadastral ou condição de contorno. Para a
doutrina tradicional, é o dolo genérico. Não há punição a título de culpa.

• Consumação:

Consuma-se com a efetiva omissão, modificação ou entrega de levantamento


cadastral ou condição de contorno, nas condições previstas no tipo penal,
independentemente do resultado naturalístico. Trata-se de crime formal.

• Tentativa:

Na modalidade de omitir, não cabe por se tratar de conduta omissiva e


unissubsistente; na de modificar, igualmente descabe por se tratar de conduta
unissubsistente, que não pode ser fracionada; já na de entregar, em tese é
possível se ela for obstada por circunstância alheia à vontade do agente.

• Núcleo do Tipo

omitir, modificar ou entregar


• Ação penal:

Pública incondicionada.

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