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15/06/2022 13:24 Mecanismos de Agressão e Defesa

MECANISMOS DE AGRESSÃO E DEFESA


UNIDADE 4 - HIPERSENSIBILIDADE

Mauricio Peixoto

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Introdução
Nesta unidade, você irá conhecer aspectos relacionados às reações de hipersensibilidade, às doenças
parasitárias humanas e à resposta imunológica frente aos parasitas. Quando escutamos a palavra “parasita”,
não imaginamos quantos deles (protozoários e helmintos) podem causar danos à nossa saúde, não é mesmo?
Você verá, contudo, que existe uma variedade de parasitas que podem ser classificados quanto à sua relação
com o hospedeiro e seu ciclo biológico.
Em relação às inúmeras doenças parasitárias de que temos conhecimento, veremos, também, que existem
vários meios de transmissão. Os insetos são os vetores bem “adaptados”, que transmitem, por meio da picada,
o protozoário causador de uma doença. Assim, é possível citar alguns exemplos de doenças transmitidas por
insetos, como a malária, a leishmaniose e a doença de Chagas. Mas como podemos evitar essa transmissão?
Você descobrirá isso ao longo desta unidade.
Além disso, você sabia que muitos desses causadores de doenças, como os vermes, são bem maiores que
nossos macrófagos? Mas se eles são tão grandes, a ponto de o macrófago não conseguir fagocitá-los, como o
sistema imunológico atua? Para isso, você verá que nossa resposta imunológica utiliza de outra célula de
defesa para combater o inimigo. E o que tudo isso tem a ver com as alergias? Você consegue imaginar qual a
relação que uma infecção por helmintos possui com as alergias? Para responder a essas e outras perguntas,
acompanhe esta unidade com atenção!
Vem com a gente e bons estudos!

4.1 Reações de hipersensibilidade


No decorrer da resposta imune, ocorre a liberação de mediadores inflamatórios que aumentam a
permeabilidade vascular e o recrutamento de leucócitos, causando o infiltrado leucocitário (inflamação no
tecido local). A hipersensibilidade causa um dano no tecido em resposta inflamatória exagerada. A
hipersensibilidade se refere, então, às reações exageradas e indesejáveis que o sistema imune produz.

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VOCÊ O CONHECE?
Robin Coombs (1921-2006) foi um imunologista britânico responsável por classificar,
juntamente com o imunologista Philip Gell, as reações de hipersensibilidade em quatro
tipos (I, II, III e IV), em 1963. Os pesquisadores se basearam nos mecanismos efetores
responsáveis pela lesão e no tipo de resposta imunológica. A classificação proposta por
eles ainda na década de 1960 é utilizada até os dias atuais.

As reações de hipersensibilidade podem ser classificadas em quatro tipos. São eles: tipo I, tipo II, tipo III e
tipo IV (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2017).

4.1.1 Tipos de reações de hipersensibilidade


A seguir, você conhecerá os quatro tipos de reações de hipersensibilidade, compreendendo como eles
ocorrem e conhecendo os seus mecanismos efetores. Clique nas abas para aprender mais sobre o tema.

Trata-se de uma reação de hipersensibilidade mediada pela ige, na


qual as células que possuem maior participação são os mastócitos.
Sua participação tem início com a sensibilização, que ocorre quando
Tipo I (imediata)

há a ligação dos receptores de fcεri expressos na sua superfície aos


anticorpos ige. A produção de anticorpos ige acontece em resposta
imunológica de padrão TH2 contra antígenos que, teoricamente,
não oferecem risco ao hospedeiro. Um exemplo são as pessoas que
possuem alergia à proteína do leite de vaca: para os indivíduos que
não possuem essa alergia, essa proteína não causa nenhum
problema. As reações alérgicas com ação de ige e mastócitos são,
portanto, chamadas de reações de hipersensibilidade do tipo I. 

Conhecida como hipersensibilidade citotóxica, pode atingir vários


órgãos e tecidos. A reação do tipo II pode ser “disparada”, na
Tipo II (citotóxico)
maioria das vezes, pelos antígenos endógenos, porém, alguns
agentes químicos exógenos (haptenos) podem se ligar à membrana

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celular e iniciar a reação de hipersensibilidade. Essa reação


inicialmente é mediada pelos anticorpos igg e igm. As células
fagocíticas e as NK também participam desse tipo de reação.

É também chamada de hipersensibilidade mediada por


Tipo III (imunocomplexos)
imunocomplexo. Nesse tipo de reação, os anticorpos igg e igm
podem formar imunocomplexos que se depositam nos tecidos e,
assim, ativam o sistema complemento.

Os imunocomplexos possuem concentrações semelhantes de


alérgenos e anticorpos, o que ocasiona uma reação inflamatória
cutânea e subcutânea (reação de arthus).

Tipo IV (tardia)

Conhecida como reação de hipersensibilidade tardia mediada por


células T. Aqui, o alérgeno causa uma reação inflamatória na derme
por contato direto.

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Quadro 1 - As reações de hipersensibilidade são geradas por respostas imunológicas contra antígenos não
associados a patógenos, causando uma reação/doença séria. Essas reações são mediadas por mecanismos
do sistema imune que causam lesão ao tecido.
Fonte: ABBAS, LICHTMAN, PILAI, 2015; ABBAS, LICHTMAN, PILAI, 2017; MURPHY, 2014.

No quadro anterior, é possível verificar exemplos de reações de sensibilização para cada tipo de reação de
hipersensibilidade. Mas como tratar essas reações? A seguir, você descobrirá como isso acontece, por meio
das terapias de dessensibilização.

4.1.2 Terapia de dessensibilização


A dessensibilização é o tratamento para as reações de hipersensibilidade. Nessa terapia, o indivíduo recebe
repetidamente injeções do agente alérgeno, começando o tratamento com doses pequenas, e aumentando
com o passar do tempo. 

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VAMOS PRATICAR?
O sistema imunológico é composto por diversas células e é responsáv
identificação e eliminação de substâncias potencialmente prejudici
organismos. O indivíduo pode desenvolver reações alérgicas caso o sistem
se torne hipersensível. As imunoglobulinas – ou anticorpos – são responsáv
desencadeamento das reações alérgicas, e nesse processo, a IgE, em espec
se aos alergênicos e ativa os mastócitos. Uma vez ativados, eles liberam his
que causam os sintomas clássicos das alergias, como espirros, tosse, verme
falta de ar.
Nesta atividade, você irá exercitar sua capacidade de pensar sobre uma
relacionada às alergias.
Situação-problema:

Várias pessoas possuem alergias a alérgenos ditos normais, como poeira, c


frutos do mar, proteína do leite e picadas de insetos. Mas você já imagi
alérgico à água? Essa alergia foi descrita em 1964 e causa lesões na pel
tempo após o contato com a água, que dura entre dez a quinze minutos
com as lesões, tem-se uma grande coceira, inchaço e vermelhidão da pele.
fosse um médico e recebesse um paciente com os sintomas de alergia à águ
medidas profiláticas e para tratamento você indicaria?

Esse tratamento de dessensibilização altera o isotipo do anticorpo de IgE para IgG. Sem a presença de IgE,
não ocorre a sensibilização dos mastócitos e, como resultado, não ocorrem os efeitos prejudiciais que são
observados com a ativação exagerada dos mastócitos.

4.2 Parasitas
Por definição, o parasitismo é qualquer relação ecológica que ocorre entre indivíduos de espécies diferentes,
em que se observa uma dependência metabólica de grau variável, além de uma associação íntima e
duradoura entre eles (REY, 2009). Os parasitas, quando analisamos sua relação com o hospedeiro, podem ser
classificados em estenoxenos ou eurixenos. Os estenoxenos são aqueles que parasitam apenas uma ou
poucas espécies muito próximas de hospedeiros, como o Ascaris lumbricoides. Já os eurixenos parasitam uma
enorme variedade de hospedeiros, como é o caso do Toxoplasma gondii.

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Figura 1 - Um representante dos parasitas eurixenos é o Toxoplasma gondii, que durante seu ciclo de vida
possui uma variedade de espécies que servem como hospedeiros. A transmissão para humanos e outros
mamíferos ocorre por meio da ingestão de oocistos de fontes contaminadas.
Fonte: Blamb, Shutterstock, 2019.

As doenças causadas por protozoários têm como característica importante sua disseminação por longas
distâncias. Uma vez que várias dessas doenças são transmitidas por insetos, conhecidos como vetores, os
protozoários atingem várias regiões, podendo infectar os humanos. 

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VAMOS PRATICAR?
Inúmeras parasitoses são transmitidas por insetos vetores, dentre elas a m
doença de Chagas e a leishmaniose. Outras são transmitidas pela f
saneamento básico e pela ingestão de água contaminada. Temos, como exe
giardíase, causada pela Giardia lamblia, a esquistossomose, entre outras do
Nesta atividade, você vai exercitar sua capacidade de pensar sobre uma
relacionada às doenças parasitárias.
Situação-problema:

A Organização Mundial da Saúde apresenta inúmeras medidas para a pr


das doenças parasitárias. Para preveni-las, é necessário, então, con
transmissor e o ciclo das doenças. Suponha que você seja um agente de sa
está visitando áreas endêmicas para várias doenças parasitárias causa
protozoários ou helmintos. Conforme o histórico local, quais as m
preventivas que você irá indicar para os moradores daquele ambiente?

Durante seu ciclo de vida, em determinada fase, os protozoários sobrevivem no interior da célula hospedeira
(REY, 2009).

4.2.1 Ciclo biológico


Existe uma variedade muito grande de parasitas que podem desenvolver seu ciclo biológico de duas maneiras
possíveis. Assim, quanto ao seu ciclo biológico, os parasitas podem ser monóxenos ou heteróxenos (REY,
2009).

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Figura 2 - O verme Ascaris lumbricoides, um exemplo de parasita monóxeno, causa a ascaridíase, uma
doença que é transmitida aos seres humanos pela ingestão de ovos. O Ascaris cresce e se reproduz no corpo
humano, e a produção de ovos ou larvas é passada pelas fezes para o meio ambiente.
Fonte: Designua, Shutterstock, 2019.

Os parasitas monóxenos necessitam somente de um hospedeiro para completar seu ciclo de vida. São
exemplos de parasitas monóxenos os Ascaris, os Enterobius e os Strongyloides.

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Figura 3 - O Plasmodium (parasita heteróxeno) é o causador da malária, doença parasitária que é


transmitida aos seres humanos pela picada de um mosquito Anopheles infectado.
Fonte: solar22, Shutterstock, 2019.

Diferentemente dos parasitas monóxenos, os heteróxenos necessitam de dois ou mais hospedeiros para
completar seu ciclo de vida. Dentre os representantes desse grupo, temos a Taenia, o Plasmodium, o
Trypanosoma e a Leishmania.

4.2.2 Formas de prevenção


Muitas doenças parasitárias são transmitidas por insetos, que chamamos de vetores. Temos como exemplo
dessas doenças a malária, que é causada pelo protozoário Plasmodium spp., transmitido pelo inseto
Anopheles. Podemos citar também a leishmaniose, doença causada por protozoários do gênero Leishmania,
que são transmitidos pelo flebótomo, inseto da subfamília dos flebotomíneos. 

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VAMOS PRATICAR?
Como vimos, o Toxoplasma gondii, um parasita eurixeno, pode parasit
enorme variedade de hospedeiros, ocasionando, por exemplo, a toxopl
Essa doença pode ser transmitida de diversas formas, dentre elas, pela inge
água ou alimentos contaminados. A fase aguda da doença tem cura, p
parasita pode ficar sem manifestar nenhum sintoma por vários anos.
Nesta atividade, você vai exercitar sua capacidade de pensar sobre uma
relacionada aos efeitos dessa doença em uma gestante.
Situação-problema:

Quando uma gestante descobre que está grávida, dentre os inúmeros exam
são solicitados, está o exame de toxoplasmose. A toxoplasmose po
transmitida pela ingestão de água e alimentos contaminados, mas també
fezes de gatos e outros felinos. Qual a atitude que você, na posição de um
obstetra que acompanha uma gestante que possui gatos em casa, mas q
resultado negativo em seu exame para os anticorpos da toxoplasmose,
para evitar a contaminação pelo Toxoplasma gondii?

A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, tem como via de transmissão principal o
inseto triatomíneo, popularmente conhecido como barbeiro. Porém, sabe-se que esse protozoário também
pode ser transmitido por via oral, como observado em vários casos no Norte do país, por meio do consumo
de açaí.

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Figura 4 - Várias doenças parasitárias têm como vetor os insetos. Na figura, podemos ver um triatomíneo,
popularmente conhecido como barbeiro, transmissor da doença de Chagas.
Fonte: schlyx, Shutterstock, 2019.

Para as doenças em que o modo de transmissão é a picada de um inseto, as medidas de prevenção são:
utilização de mosquiteiros e telas de proteção em portas e janelas; uso de repelentes; medidas que
interrompam o ciclo de reprodução e desenvolvimento do inseto (REY, 2009). 

VOCÊ O CONHECE?
O biólogo, médico sanitarista e cientista Carlos Chagas descobriu e descreveu pela
primeira vez, em 1909, um ciclo completo de uma doença infecciosa. Sua descoberta
passou pelo patógeno (Trypanossoma cruzi), seu inseto vetor (barbeiro), os
hospedeiros, epidemiologia e as manifestações clínicas até a doença, que recebeu seu
nome: doença de Chagas.

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Contudo, existem mais vias de infecção pelos protozoários, como aquelas que são causadas pela falta de
saneamento básico e pela ingestão de água contaminada. Temos como exemplo disso a giardíase, causada
pela Giardia lamblia, que é transmitida pela ingestão de água contaminada com os ovos da giárdia.

Figura 5 - Uma das causas que contribuem para o aumento das doenças parasitárias no Brasil e no mundo é
a falta de saneamento básico.
Fonte: Phatranist Kerddaeng, Shutterstock, 2019.

Assim como a giardíase, outras parasitoses podem ser transmitidas pela ingestão de água contaminada. Para
esses casos, a prevenção se dá por meio de medidas como as elencadas a seguir. Clique e confira!

Acesso à água potável e ao saneamento básico.

Lavar bem os alimentos antes de consumi-los.

Beber somente água filtrada ou fervida.

Ter hábitos de higiene pessoal.

Mantenha-se concentrado e aprenda mais sobre as doenças parasitárias humanas e à resposta imunológica
frente aos parasitas

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4.3 Doenças parasitárias e resposta imunológica frente a


parasitas
As doenças parasitárias são iniciadas quando um fungo, helminto, ectoparasita ou um protozoário consegue
ultrapassar as barreiras imunológicas do nosso corpo. Esses parasitas podem causar diversos danos, diretos
ou indiretos, aos tecidos do hospedeiro. Os danos causados nos tecidos de forma direta são aqueles cujos
mecanismos são mediados pela produção de exotoxinas ou endotoxinas que causam danos citopáticos diretos
às células hospedeiras. Já os danos causados de forma indireta ocorrem com a formação de imunocomplexos,
imunidade celular e a produção de anticorpos contra o próprio hospedeiro.

VOCÊ QUER LER?


Flávio Chame Barreto apresenta, em seu livro “Os parasitas mais importantes do Brasil:
das amebas aos governantes”, as principais parasitoses de interesse médico no país.
Para isso, ele faz uso de várias ilustrações, mostrando, de forma didática e bem-
humorada, como se desenvolvem essas parasitoses, e apresenta, ainda, de modo crítico,
como a população e os governantes devem agir para controlar e prevenir tais doenças
(BARRETO, 2017).

Em virtude das diferentes características dos parasitas, as infecções podem se desenvolver no espaço
extracelular (no caso de protozoários, fungos, algumas bactérias e helmintos) ou intracelular (no caso de
vírus, alguns protozoários e microbactérias).

4.3.1 Infecções no espaço extracelular e intracelular


Os parasitas que têm preferência pelo espaço extracelular precisam inicialmente vencer as barreiras
imunológicas. A primeira barreira a ser vencida é o epitélio, que elimina os parasitas por meio de peptídeos
antimicrobianos, um importante mecanismo do sistema inato. Os anticorpos IgA também podem neutralizar
os parasitas que conseguem passar pelo epitélio. Caso o parasita tenha ultrapassado a barreira imunológica,
os fagócitos residentes, neutrófilos, proteínas do complemento e várias classes de anticorpos entram em ação
para eliminar o patógeno e, assim, proteger o interstício, o sangue e a linfa (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015).
Alguns exemplos de parasitas que têm preferência pelo espaço extracelular são:

• vermes intestinais – Ancylostoma, Necator;

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• vermes na linfa – Filária;


• vermes no sangue – Schistosoma;
• protozoários gênito-urinários – Trichomonas;
• protozoários intestinais – Giárdia.

VOCÊ QUER VER?


O documentário Esquistossomose: quebrando o ciclo,  produzido pela Fundação Oswaldo
Cruz em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde
(SVS/MS), mostra a situação da esquistossomose no Brasil. Essa doença é
predominante em regiões onde não existe saneamento básico disponível para a
população. Diante disso, o documentário mostra a importância de se conhecer o ciclo, o
agente etiológico e as formas de transmissão da doença para que, assim, possamos
tomar as medidas preventivas cabíveis para o seu combate. Confira o documentário em:
<https://www.youtube.com/watch?v=w7RXt8d1u6g
(https://www.youtube.com/watch?v=w7RXt8d1u6g)>

Diferentemente dos parasitas que vivem no meio extracelular, há os que necessitam sobreviver no espaço
intracelular, seja no citoplasma (como os vírus) ou dentro de vesículas no interior das células (por exemplo,
Mycobacterium spp. e Leishmania spp.). Caso o patógeno desenvolva a infecção no citoplasma, a eliminação se
dá via atividade citotóxica. Agora, se o parasita causa a infecção no interior de vesículas, a eliminação ocorre
via ativação dos macrófagos com a ajuda das células T e NK. 

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Figura 6 - Invasão e disseminação do Toxoplasma gondii na célula do hospedeiro. O Toxoplasma gondii é um


protozoário parasita intracelular obrigatório que causa a toxoplasmose.
Fonte: Designua, Shutterstock, 2019.

São exemplos de parasitas que têm preferência pelo espaço intracelular:

• Toxoplasma gondii (toxoplasmose);


• Plasmodium sp. (malária);
• Trypanosoma cruzi (doença de Chagas);
• Leishmania sp. (leishmanioses).

4.3.2 Infecções causadas por helmintos

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Popularmente chamados de vermes, os helmintos são organismos multicelulares e maiores que os


macrófagos (célula fagocítica importante na ação do sistema imune). Eles podem parasitar o corpo humano e,
assim, desenvolver uma doença.

VOCÊ QUER LER?


O livro “Medicina no Brasil Imperial: clima, parasitas e patologia tropical”, de Flávio
Coelho Edler, mostra a origem dos estudos na área de medicina tropical enfocando, em
especial, as doenças causadas por helmintos e toda a trajetória do pensamento médico
do século XIX (EDLER, 2011).

Clique nas setas e conheça mais sobre o tema.

Por terem um tamanho bem grande, impossibilitando os macrófagos de realizarem a fagocitose,


o sistema imune utiliza outra estratégia para eliminar esses vermes. A principal célula que
combate os helmintos são os eosinófilos, que ao serem recrutados para os locais de infecção,
eliminam seus grânulos. Inúmeras moléculas tóxicas para o parasita são liberadas, dentre elas as
enzimas, as proteínas toxicas, as citocinas, os mediadores lipídicos, as quimiocinas e a MBP
(proteína básica principal). 

A MBP é altamente tóxica para os vermes, e sua ação estimula a desgranulação dos basófilos e
mastócitos. Além das células já mencionadas, os linfócitos T CD4+ e B também combatem a
infecção causada pelo helminto (COURA, 2013).

O linfócito T CD4+, ao se diferenciar em linfócito TH2, aumenta a resposta de combate ao verme. Os linfócitos
TH2 liberam as citocinas IL-4 e IL-5. A IL-4 é responsável pela troca da classe do anticorpo por células B
ativadas, induzindo à secreção de IgE, que é responsável, por sua vez, por intermediar o processo de ativação
dos eosinófilos. Já a IL-5, juntamente com o GM-CSF (fator de estimulação de macrófagos e granulócitos),
estimula a produção de eosinófilos na medula óssea. O aumento de eosinófilos circulantes leva ao quadro de
eosinofilia (ABBAS; LICHTMAN; PILAI, 2015). 

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Figura 7 - A degranulação (ou desgranulação) é um processo inflamatório nos mastócitos. A interação


antigênica com moléculas de IgE na membrana celular faz com que as células liberem os grânulos.
Fonte: Soleil Nordic, Shutterstock, 2019.

Os anticorpos IgE vão se ligar à superfície do helminto e estimular a ativação de mastócitos, basófilos e
eosinófilos, que possuem expressos na sua superfície o receptor FcεR. No momento que os parasitas
estiverem cobertos com os anticorpos à sua superfície viram alvo das células que tenham receptores da
porção Fc dos anticorpos em questão. Com a ligação, ocorre a liberação do conteúdo de seus grânulos
diretamente no local da ligação com o parasita (FERREIRA, 2012).

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CASO
Como vimos, os linfócitos TH2 liberam várias citocinas que são responsáveis pela
troca da classe do anticorpo para a IgE. Os anticorpos IgE secretados podem ter dois
destinos: ligar-se à superfície do verme que deve ser combatido ou, em vez de se ligar
ao helminto, o anticorpo IgE pode também se ligar ao receptor FcεRI expresso na
superfície dos mastócitos. Aqui, vemos uma ligação entre as alergias e as respostas
contra os helmintos. Isso mesmo que você leu! Nas alergias, os mastócitos ficam
sensibilizados por meio da ligação dos FcεRI que estão presentes na superfície dos
mastócitos com a porção Fc da IgE. A IgE mantém o sítio de ligação dos antígenos livre,
enquanto estão ligados ao receptor do mastócito. Nas pessoas alérgicas, os sintomas
comuns no quadro alérgico se dão quando ocorre a ligação de duas moléculas de IgE
que estão ancoradas no receptor FcεRI, disparando a desgranulação dos mastócitos.

Os linfócitos TH2 também impedem que os helmintos se infiltrem nos tecidos dos hospedeiros.  Isso porque
as citocinas liberadas têm a capacidade de elevar a produção de muco, aumentar as contrações das células
musculares lisas e estimular a troca das células epiteliais, maneiras de o epitélio expulsar o invasor (ABBAS;
LICHTMAN; PILAI, 2015). 

4.3.3 Infecções causadas por protozoários 


Os protozoários possuem algumas características que permitem uma evasão imunológica, dificultando a ação
do sistema imune.

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VOCÊ SABIA?
A variedade antigênica que os protozoários possuem ajuda no escape do nosso
sistema imunológico. Um exemplo disso são os tripanossomas africanos, que
possuem somente uma glicoproteína revestindo sua superfície e que podem ser
alvos dos anticorpos do hospedeiro. Entretanto, um enorme número de genes pode
codificar as proteínas que revestem esses tripanossomas, resultando em uma
enorme variedade de proteínas com propriedades antigênicas distintas.

Clique nas abas e amplie seus conhecimentos sobre o assunto.

Para combater as infecções causadas pelos protozoários, o sistema imunológico


Protozoári
inicia sua ação via linfócitos T CD4+, em especial pela resposta padrão TH1, visando
os
aumentar a ação dos macrófagos.

Os macrófagos e as células T podem produzir uma quantidade muito grande de


Macrófago
citocinas IFN-γ e TNF-α em resposta às infecções causadas por esses protozoários, e
s e as
essa produção exagerada pode agravar os sintomas dessas enfermidades (COURA,
células T

2013). 

Sabe-se, ainda, que o anticorpo IgG também auxilia no combate às infecções


Anticorpo
causadas por protozoários, porém, os mecanismos envolvidos nesse combate ainda
IgG

não são conhecidos (FERREIRA, 2012). 

Dentre as doenças causadas por protozoários que causam inúmeras mortes no mundo, estão a malária e a
doença de Chagas, ambas consideradas doenças negligenciadas. As doenças negligenciadas são aquelas que
atingem, especialmente, as populações que vivem na pobreza e, por isso, não despertam tanto interesse do
poder público, recebem pouco investimento em pesquisa para novos medicamentos e para atividades de
prevenção.
Agora, clique nas setas abaixo e confira mais sobre essas doenças.

A malária, causada pelo Plasmodium, é transmitida pelo mosquito do gênero Anopheles,


responsável por “injetar” durante a picada o protozoário na sua forma esporozoito. Esses
esporozoitos invadem os hepatócitos, onde se reproduzem até o momento em que se rompem e
liberam na corrente sanguínea os merozoitos. 

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Os merozoitos, por sua vez, infectam os eritrócitos, e no seu interior, multiplicam-se até provocar
seu rompimento. Tanto os esporozoitos como os merozoitos, quando se encontram no meio
extracelular, viram alvos dos macrófagos. A ação citotóxica das células T CD8+ é especialmente
importante no ataque a hepatócitos infectados. 

Os eritrócitos, por serem alvos dos merozoitos, tornam o baço um local importante para a
ativação das células do sistema imune. Macrófagos e células dendríticas produzem grande
quantidade de TNF-α e IL12, levando ao aumento da produção de IFN-γ por células NK e
potencializando a ativação de células T CD4+. 

Ocorre também a ativação das células B em plasmócitos e, consequentemente, produção e


secreção de anticorpos contra os antígenos dos plasmódios. A forma grave da doença é
decorrente da resposta exagerada dos mecanismos efetores do sistema imune.

A outra doença de relevância causada por um protozoário é a doença de Chagas. Essa doença é
causada pelo Trypanosoma cruzi e é transmitida pelos triatomíneos, insetos hematófagos. Após
se alimentarem com o sangue do hospedeiro, eles defecam e, junto, eliminam a forma infectante
do Trypanosoma, os epimastigotas. 

As células-alvo das formas infectantes são os macrófagos, os fibroblastos, as células musculares


lisas e estriadas, as células de Schwann e as células da micróglia.   Uma vez que uma célula é
parasitada pelo Trypanosoma, os parasitas se multiplicam até causar o seu rompimento,
liberando, assim, a forma tripomastigota. 

No momento do rompimento, também são liberados fragmentos da própria célula no meio extracelular, o que
desencadeia uma resposta inflamatória local. A ativação contínua do sistema imune é a responsável pelos
danos causados nos tecidos, principalmente nos casos crônicos da doença.

Síntese
Chegamos ao final desta unidade, que abordou as reações de hipersensibilidade, doenças parasitárias e a
resposta imunológica frente aos parasitas.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• identificar os diferentes tipos de hipersensibilidade;


• conhecer os mecanismos de danos mediados pelo sistema imune;

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15/06/2022 13:24 Mecanismos de Agressão e Defesa

• compreender o conceito de parasitismo;


• explorar os principais tipos de parasitas e seus diferentes tipos de
ciclos biológicos;
• conhecer as formas de prevenção aos parasitas;
• inteirar-se sobre as infecções no espaço extracelular e
intracelular;
• aprender sobre as infecções causadas por helmintos e
protozoários.

Bibliografia
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