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Introdução
Apesar de o sistema imune ser importante para defender o hospedeiro contra infecções, a
própria resposta imune pode causar lesão tecidual e doença, sendo prejudicial para o indivíduo.
Essas reações imunes prejudiciais são chamadas de reações de hipersensibilidade, que
podem ocorrer em duas situações:
De acordo com o principal mecanismo imunológico responsável pela lesão tecidual e pela
doença, as reações de hipersensibilidade podem ser classificadas em:
Produzir uma resposta Th2 significa se ligar a um linfócito B, produzir citocinas específicas no
perfil Th2 (IL-4, IL-12) e o linfócito B será ativado e irá se transformar em um plasmócito, que
produz imunoglobulinas IgE.
Mastócitos são células ricas em receptores Fc de IgE, e sendo assim, a maioria das
imunoglobulinas IgE produzidas irão se ligar a mastócitos. Esse primeiro contato com o
antígeno se chama sensibilização, ou seja, houve apenas a produção de IgE e, por isso, não
há sintomas. No entanto, quando ocorre uma segunda exposição ao antígeno, os mastócitos
sensibilizados por IgE irão agir liberando os anticorpos e, assim, desencadeiam os sintomas
imediatos, como: prurido, urticária, angioedema, broncoespasmo, síncope, hipotensão, entre
outros.
Além disso, os mastócitos também são capazes de produzir citocinas que recrutam neutrófilos
e eosinófilos para o local da reação durante horas. Esse componente inflamatório da
hipersensibilidade imediata é chamado de reação de fase tardia (reação do tipo IV – celular),
que é responsável pela lesão tecidual devido às reações repetidas de hipersensibilidade
imediata (Figura 01).
Figura 02: doenças mediadas por anticorpo humano (hipersensibilidade tipo II).
Fonte: Abbas A.K., Lichtman A.H.& POBER, J.S. – Imunologia Básica. 5ª ed. 2005.
O baço e o fígado são órgãos que têm a função de retirar esses complexos da corrente
sanguínea, mas quando há a formação de muitos complexos, esses órgãos não conseguem
realizar sua função com eficácia. Assim, os complexos passam a se depositar em locais de
maior pressão, como rins (causando glomerulonefrite), articulações (causando artrite), vasos
menores (causando arterite), entre outros (Figura 03).
Quando há esse depósito, a IgG irá se ligar ao macrófago e neutrófilo, ativando-os, e irá ativar
o complemento que vai estimular a fagocitose ou fazer a lise da célula.
Como exemplos de doenças mediadas por linfócitos T podemos citar: esclerose múltipla, artrite
reumatoide, diabetes melito tipo 1, doença de Crohn, sensibilidade de contato, infecções
crônicas, hepatite viral, doenças mediadas por superantígenos, entre outros (Figura 04).
Figura 04: doenças mediadas por células T (hipersensibilidade tipo IV).
Fonte: Abbas A.K., Lichtman A.H.& POBER, J.S. – Imunologia Básica. 5ª ed. 2005.
Considerações Importantes
Fo
nte: ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ᵃ
Edição. Elsevier, 2015 (livro-texto)
Imagem 2: Visualização dos imunocomplexos na luz de um vaso sanguíneo, sua
deposição pode causar danos no endotélio.
Alguns exemplos de síndromes clínicas relacionadas com hipersensibilidade
tipo III
Lúpus eritematoso sistêmico: têm-se anticorpos contra DNA e nucleoproteínas. Esses
complexos se depositam em vasos, nos rins, articulações, causando complicações
graves, como nefrite, artrite e vasculite.
Glomerulonefrite pós-estreptocócica: antígenos da parede celular de Streptococcus
podem promover a formação de imunocomplexos na parede dos glomérulos, levando à
glomerulonefrite. Em resumo, a reação de hipersensibilidade de tipo III promove a
formação de imunocomplexos, que se depositam e predispõem reações inflamatórias.
Tipo IV
É também chamada de tardia. Mediada por linfócitos T, envolvendo mecanismos
efetores de células TCD4 e células TCD8. Mediada tanto por células TCD8 quanto
células TCD4, podendo levar a uma inflamação mediada por ativação de macrófagos e
citocinas.
A reação de hipersensibilidade do tipo IV é mediada por linfócitos T (CD4 ou CD8).
Pode ser dividida em dois estágios: o de sensibilização e o de produção.
Estágio de sensibilização: o antígeno injetado subcutaneamente é processado por
células apresentadoras de antígenos locais, como as células de Langerhans na pele.
Após essa fase, as células T reconhecem o complexo peptídeo-MHC em APCs e se
diferenciam em células TH1.
Estágio de produção: as APCs também ativam as células TH1, que liberam citocinas,
responsáveis por recrutar e ativar macrófagos e outras células inflamatórias. O
infiltrado de células inflamatórias resulta no acúmulo de plasma e dano tecidual local. O
estágio de produção não é tão rápido, podendo demorar de 48h a 72h.
Fo
nte: ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ᵃ
Edição. Elsevier, 2015 (livro-texto)
Imagem 3: As células T podem causar lesão e doença por meio de dois mecanismos:
reações de hipersensibilidade tardia, que podem ser desencadenadas por células T
CD4+ e TCD8+ e nas quais a lesão tecidual é causada por macrófagos ativados e
células inflamatórias, e por destruição direta de células alvo, que é mediada por células
TCD8+.