Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
► Hipersensibilidades
Hipersensibilidade é uma resposta imune exacerbada, suas consequências vão desde leves desconfortos
até a morte. A resposta anormal se dá contra um antígeno qualquer (próprio ou exógeno, e não
necessariamente patológico).Reações de hipersensibilidade podem ser divididas em 4 tipos, com base nos
mecanismos envolvidos e tempo de reação. Doenças em particular normalmente envolvem um plural de
tipos de hipersensibilidade ocorrendo ao mesmo tempo.
-> Doenças auto-imunes cujo mecanismo subjacente inclui uma reação de hipersensibilidade de tipo IV:
- Na diabetes mellitus tipo I ocorre um ataque autoimune às células β do pâncreas, havendo uma
diminuição da produção de insulina. Inicialmente, células T citotóxicas ativadas migram para as ilhotas de
Langerhans e atacam as células β, havendo também uma ativação de macrófagos. Esta reação é seguida
pela libertação de citocinas e presença de autoanticorpos, que levam a uma resposta celular de
hipersensibilidade tardia. A destruição das células β é então mediada pela libertação de citocinas durante
a reação de hipersensibilidade tardia e pelas enzimas líticas macrofágicas. O papel dos autoanticorpos
consiste em facilitar a lise por anticorpos mediada pelo complemento ou a citotoxicidade celular
dependente de anticorpos.
- Na esclerose múltipla ocorrem lesões inflamatórias na bainha de mielina das fibras nervosas que levam a
debilitação neurológica. Encontram-se envolvidas células T reativas contra a ‘Myelin Basic Protein’ e
autoanticorpos reativos contra a ‘Myelin Oligodendrocyte Glycoprotein’. Células TH libertam citocinas pró-
inflamatórias que participam na ativação e manutenção da reação autoimune e Células T atuam por
citotoxicidade direta.
►Autoimunidade
- Reconhecimento de ag’s próprios e respostas contra os mesmos; falha nos mecanismos de tolerância a
antígenos próprios, resultando em respostas imunes contra as células/moléculas do próprio organismo.
- É mais frequente
em mulheres do
que em homens
(5:1), mas há
fatores genéticos e
hormonais
envolvidos, além
de hábitos (ex:
tabagismo
aumenta as
probabilidades).
- Tanto células T
como Ig podem
estar envolvidos
em autoimunidade.
- Causas podem
ser genéticas e
baseiam-se na
ausência de
expressão de um
ou mais genes que
codificam proteínas
necessárias para
estabelecimento de
tolerância.
- EX: problema em
Fox-P3 causará
disfunção na
diferenciação de T
em TREG.
- EX 2: problema em gene AIRE levará a patologias autoimunes sistêmicas.
- Infecções virais ou bacterianas podem contribuir para o desenvolvimento ou agravamento de doenças
autoimunes, devido ao quadro inflamatório associado.
- Autoimunidade pode ser causada por mimetismo molecular: microrganismo produz moléculas ou afins
semelhantes estruturalmente às do hospedeiro com o objetivo de evadir o sistema imune, entretanto, caso
o sistema imune consiga reconhecer e atacar o microrganismo, também haverá ataque autoimune devido
à semelhança entre o a.g. do microrganismo e os auto-a.g.
► Imunodeficiências
- Imunodeficiência é a falha do sistema imune em proteger contra doença ou malignidade.
Imunodeficiência primária (congênita / hereditária) é causada por defeitos no desenvolvimento ou
genéticos no sistema imune. Esses defeitos estão presentes no nascimento mas devem aparecer mais
tarde na vida. Imunodeficiência secundária (ou adquirida) é a perda da função do sistema imune como
resultado da exposição a agentes de doenças, fatores ambientais, desnutrição, imunossupressão (vítimas
de câncer) ou envelhecimento.
- Chama-se a pessoa que apresenta imunodeficiência de imunocomprometida. Qualquer parte do
sistema imunológico pode ser afetada. A imunodeficiência resulta numa crescente suscetibilidade
a infecções oportunistas e certos tipos de câncer. Pode surgir como resultado de uma doença, como a
infecção pelo HIV e a AIDS, ou pode ser induzida por administração de drogas (imunossupressão), como
no tratamento de doenças autoimunes ou na prevenção contra a rejeição de um transplante de órgãos.
- Mediado por células T, que infiltram o alo-enxerto, sofrem expansão clonal e causam destruição de
tecidos; CD8 lisa direta e especificamente as células do enxerto e CD4 secretam citocinas que induzem
hipersensibilidade tardia (Tipo 4), ou DTH (delayed type hypersensitivity);
- Parênquima e endotélio sofrem lesões;
- Inicia-se após aproximadamente 1 semana depois do transplante, ou no máximo 6 meses;
- Rins e fígado são susceptíveis a este tipo de rejeição;
- Uso de imunossupressores é eficaz;
- Pode haver participação adjuvante de anticorpos também, que ativam o sistema complemento no
endotélio, gerando necrose transmural e inflamação.
C) Rejeição crônica:
-> OBS: Doença do Enxerto contra o Hospedeiro (Graft Versus Host Disease; GVH):
A doença pode ser definida como uma rejeição do receptor de um transplante por esse tecido ou órgão
transplantado. O principal problema do transplante de órgãos e tecidos está no não reconhecimento
destes por parte do receptor como próprios, desencadeando uma resposta imune. No caso de se
transplantarem células imunogênicas juntamente com o transplante, estas irão atacar o hospedeiro
resultando na doença GVH. Os únicos tecidos transplantados contendo células imunes em número
suficiente para causar GVH são o sangue e a medula óssea.
Base imunológica: Se estiver associada a transfusões (TA-GVH), ocorre quando linfócitos T
imunocomponentes sofrem uma transfusão para um hospedeiro incapaz de os eliminar. A incapacidade do
hospedeiro em eliminar os linfócitos do doador poderá dever-se a uma imunoincompetência ou a uma
incapacidade de reconhecer as células que sofreram a transfusão como não-próprias. No primeiro caso,
temos o exemplo de um receptor de um transplante de medula óssea, cujo sistema imunitário está
extremamente debilitado devido a um regime de quimioterapia. O segundo caso poderá ser exemplificado
pelos vários casos conhecidos da doença em pacientes imunocompetentes. Estudos de HLA confirmam
que nestes casos, TA-GVH ocorre como resultado de uma homozigotia do doador para um haplótipo de
HLA no receptor (ex. A19, B7, B57). Portanto, os linfócitos T do doador reconhecem os antigénios do
receptor como não-próprios (A19, B57) mas o receptor não reconhece os linfócitos T do doador como non-
self (A2 e B7 são antigénios “self”).
Causas e Sintomas: GVH poderá ocorrer mesmo perante dois indivíduos aparentemente compatíveis.
São inúmeros os fatores que estão envolvidos na resposta imune e, mesmo quando os doadores revelam
uma compatibilidade nos factores principais (ex. ABO, Rh), existem muitos outros de importância menor
que poderão causar a doença.
GVH associada a transfusões de sangue (TA-GVH), como o nome indica, afeta principalmente o sangue.
As células sanguíneas desempenham três funções principais: transporte de oxigênio, defesa contra
infecções e coagulação. Todas estas funções ficam comprometidas durante uma reação TA-GVH, levando
a anemia, uma diminuição na resistência a infecções e um aumento na perda de sangue. Normalmente,
esta reação ocorre entre 4 a 30 dias após a transfusão.
Outros tecidos afectados por uma reacção GVH derivado de um transplante de medula óssea são a pele,
o fígado e os intestinos. Uma reacção deste tipo tende a ocorrer em cerca de 50% dos casos de
transplantes de medula.
GVH da medula óssea poderá ocorrer de forma aguda ou crônica. A forma aguda costuma surgir até dois
meses após o transplante e resulta em irritação da pele, anomalias hepáticas e diarreia que poderá
apresentar sangue. A forma crônica costuma surgir até 3 meses depois do transplante, podendo resultar
numa irritação e inflamação da pele, semelhante à forma aguda, lesões na boca, secura na boca e nos
olhos, perda de cabelo, danos hepáticos e pulmonares e indigestão. Estes sintomas assemelham-se muito
aos da doença autoimune escleroderma.
Ambas as formas de GVH resultam obrigatoriamente num aumento do risco de infecção, quer seja pela
própria reacção ou pelo seu tratamento com drogas derivadas da cortizona e imunossupressores.
Tratamento: Tanto a doença crõnica como a aguda são tratadas com fármacos semelhantes a cortisona,
agentes imunossupressores como a ciclosporina ou com g-globulina. Infecções com um vírus em
particular, o citomegalovirus (CMV), são tão comuns que alguns especialistas defendem que devem ser
tratadas antes mesmo de ocorrerem.
Prevenção: A doença GVH pode ser evitada se os linfócitos T do doador forem removidos do transplante
de medula, mas a eliminação das células T aumenta o risco de ocorrer uma recaída da leucemia, devido
ao efeito antitumor benéfico concedido por estas células (graft vs. leucemia). A doença graft vs. host
associada à transfusão (TAGVH) pode ser prevenida pela radiação gama dos componentes celulares do
sangue (glóbulos vermelhos, plaquetas, granulócitos).
► Imunohistoquímica (Henry)
- Imuno-histoquímica ou IHQ se refere ao processo de localizar antígenos (EX: proteínas) em tecidos,
explorando o princípio da ligação específica de anticorpos a antígenos no tecido biológico.
- A coloração imuno histoquímica é amplamente utilizada no diagnóstico de células anormais, tais como
aquelas encontradas em neoplasias. Marcadores moleculares específicos são característicos de eventos
celulares particulares, tais como proliferação ou morte celular (apoptose). IHQ é também amplamente
utilizada na pesquisa básica para compreender a distribuição e localização de biomarcadores e proteínas
diferentemente expressas em diferentes partes de um tecido biológico. A visualização de uma interação
antígeno anticorpo pode ser obtida de diversas formas. Na situação mais comum, um anticorpo é
conjugado a uma enzima, como uma peroxidase, que pode catalisar uma reação que produzirá coloração.
Alternativamente, o anticorpo pode também ser marcado com um fluoróforo,
como fluoresceína, rodamina, Flúor DyLight ou Flúor Alexa.
-- Há duas estratégias usadas para a detecção imuno-histoquímica de antígenos nos tecidos, o
método direto e o método indireto. Em ambos os casos, muitos antígenos também necessitam de passos
adicionais de desmascaramento, o que frequentemente faz a diferença entre coloração e não-coloração.
Ao contrário da imunocitoquímica, o tecido não precisa ser permeabilizado, pois isso já foi feito pela lâmina
do micrótomo durante a preparação da amostra. Detergentes como Triton X-100 são geralmente usados
na imuno-histoquímica para reduzir a tensão superficial, permitindo que menos reagente seja usado para
atingir melhor e maior cobertura da amostra.
A) Direto: O método direto é um método de coloração de um passo (one-step), e envolve um anticorpo
marcado (e.g. Isotiocianato de Fluoresceína - FITC) conjugado reagindo diretamente com o antígeno na
amostra de tecido. Essa técnica utiliza apenas um anticorpo e o procedimento é, portanto, simples e
rápido. Entretanto, pode sofrer problemas com sensibilidade devido à pequena amplificação de sinal e é
menos comumente utilizado do que os métodos indiretos.
B) Indireto: O método indireto envolve um anticorpo primário não-marcado (primeira camada) que reagem
com o antígeno do tecido, e um anticorpo secundário marcado (segunda camada) que reagem com o
anticorpo primário. (O anticorpo secundário deve se produzido contra a IgG da espécie animal em qual o
anticorpo primário foi produzido.) Esse método é mais sensível devido à amplificação de sinal através de
diversas reações de anticorpos secundários com diferentes sítios antigênicos do anticorpo primário. A
segunda camada de anticorpos pode ser marcada com corante fluorescente ou uma enzima.
O método indireto, além de sua grande sensibilidade, também tem a vantagem de que apenas um
número relativamente pequeno de anticorpos secundários conjugados (marcados) precisa ser gerado. Por
exemplo, um anticorpo secundário marcado produzido contra IgG de coelho, que pode ser comprado
diretamente sem encomenda, é útil com qualquer anticorpo primário produzido em coelhos. Com o método
direto, seria necessário produzir anticorpos marcados customizados contra cada antígeno de interesse.
► Imunoensaios (Elizabeth)
- Testes sorológicos ou imunoensaios são técnicas para a detecção e/ou quantificação de antígenos e
anticorpos, ou outras substâncias que desempenhem o papel de antígeno no ensaio, tais como drogas,
hormônios, DNA, RNA, citocinas.
- A importância da sorologia reside na possibilidade de pesquisar de Ac ou Ag específicos por testes
rigorosamente padronizados é de grande valia na definição da suspeita clínica, na identificação da fase da
infecção (p. ex: IgM: processos agudos e IgG: processos crônicos - imunoglobulina de memória), no
diagnóstico de doenças congênitas, na seleção de doadores/receptores de sangue e de órgãos, na
avaliação do prognóstico da doença, na avaliação da eficácia terapêutica, na avaliação da imunidade
adquirida ou induzida e na verificação do agravamento do processo patológico (presença de
imunocomplexos depositados em nível de glomérulos, identificados pela imunoflorescência indireta
anticomplemento, indicativa de piora da patologia). Apresenta, ainda, importância epidemiológica
estabelecendo a prevalência da doença, verificando a erradicação ou a reintrodução de uma doença em
uma área/população.
--- Radioimunoensaio
-O radioimunoensaio é um dos métodos mais sensíveis para a análise quantitativa das reações antígeno-
anticorpo, permitindo medidas rápidas e precisas; mesmo em preparações não purificadas, apresenta
limiar de detecção da ordem de nanogramas ou picogramas. Com limitações destacam-se o custo do
teste, a vida média dos reagentes e o risco operacional.
- O radioimunoensaio pode ser utilizado para quantificar hormônios, drogas, marcadores tumorais,
alérgenos e anticorpos e antígenos em doenças parasitárias. Há muitas variações, mas o princípio é o
mesmo: a quantidade de reagente marcado (antígeno ou anticorpo) quantifica o antígeno ou anticorpo
não-marcado na amostra.
--- Citometria de fluxo
- Citometria de fluxo é uma técnica utilizada para contar, examinar e classificar partículas microscópicas
suspensas em meio líquido em fluxo. Permite a análise de vários parâmetros simultaneamente, sendo
conhecida também por citometria de fluxo multiparamétrica. Através de um aparelho de detecção óptico-
eletrônico são possíveis análises de características físicas e/ou químicas de uma simples célula.
- Princípio: Um feixe de luz (normalmente laser) de um único comprimento de onda (cor) é direccionado a
um meio líquido em fluxo. Um número de dectores são apontados ao local onde o fluxo passa através do
feixe de luz; um na linha do feixe de luz (Forward Scatter ou FSC) e vários perpendiculares a este (Side
Scatter ou SSC) além de um ou mais detectores fluorescentes. Cada partícula suspensa passando através
do feixe dispersa a luz de uma forma, e os corantes químicos fluorescentes encontrados na partícula ou
juntos a partícula podem ser excitados emitindo luz de menor frequência do que o da fonte de luz. Esta
combinação de luz dispersa e fluorescente é melhorada pelos detectores, e analisando as flutuações de
brilho de cada detector (uma para cada pico de emissão fluorescente) é possível explorar vários tipos de
informação sobre a estrutura física e química de cada partícula individual. FSC correlaciona-se com o
volume celular e SSC depende da complexidade interna da partícula (por exemplo: forma do núcleo,
quantidade e tipo dos grânulos citoplasmáticos e rugosidade da membrana). Alguns citômetros de fluxo do
mercado tem eliminado a necessidade da fluorescência e usado somente dispersão de luz para sua
medição. Outros citômetros de fluxo formam imagens de cada fluorescência da célula, dispersão de luz e
transmissão de luz.
- Os parâmetros possíveis de medir são: volume e complexidade morfológica das células, pigmentos
celulares como clorofila, ADN (análise de tipo de células, cinética celular, proliferação, etc.), RNA, análise
e classificação de cromossomas, proteínas, antigénios à superfície celular (marcadores CD), antigénios
intracelulares (várias citosinas, mediadores secundários, etc.), antigénios nucleares, atividade
enzimática, pH, cálcio ionizado intracelular, magnésio, potencial membranar, fluidez membranar, apoptose
(quantificação, medidas da degradação do DNA, potencial da membrana mitocondrial, alterações na
permeabilidade, actividade da caspase), viabilidade celular, monitorização da electropermeabilização das
células, caracterização da multi resistência a fármacos em células tumorais, glutationa, várias
combinações (ADN/antigénios de superfície, etc.). Esta lista é muito longa e está em constante expansão.
Extra: Processo que pode levar as células B a se tornarem tolerantes: exaustão clonal. Neste caso o
imunógeno é capaz de ativar todos os clones de linfócitos B existentes para ele. Isto leva a maturação dos
linfócitos B e a produção de anticorpos para o antígeno em questão, o que acaba levando, depois de um
determinado tempo, a exaustão das células B, o que enfraquece a resposta imune para este antígeno.