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Basílio Fernando Aiame

Elcidio B. M De Sousa
Rosalina Adolfo

Iatroquímica
(Licenciatura em ensino de Biologia com habilitações em ensino de Química)

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2021
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Basílio Fernando Aiame

Elcidio B. M De Sousa
Rosalina Adolfo

Iatroquímica

Trabalho de pesquisa da cadeira de História de


Química a ser apresentado ao Departamento de
Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, para
fins avaliativos e supervisionado pelo Msc: Estevão
Clável

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2021
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Índice
pág.

1. Introdução.....................................................................................................................................3

1.1. Objectivos:.............................................................................................................................3

1.1.1. Objectivo geral:...............................................................................................................3

1.1.2. Objectivos específicos:....................................................................................................3

1.2. Metodologia:..........................................................................................................................3

2. A Iatroquímica..............................................................................................................................4

2.1. Caracterização do período iatroquímico................................................................................4

2.2. Percursores do período iatroquímicos....................................................................................6

2.3. Marcos importantes do período iatroquímicos......................................................................6

3. Conclusão.....................................................................................................................................9

4. Referências bibliográficas..........................................................................................................10
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1. Introdução

O presente trabalho da cadeira de História de química debruça acerca da Iatroquímica. A


Iatroquímica é uma fase da história da química que se caracteriza por dois factores: abordagem
das doenças de acordo com o ensinamento de Paracelso, que engloba o tratamento de doenças e a
natureza dos processos fisiológicos. Outro factor se refere ao preparo dos remédios de acordo
com os procedimentos e técnicas alquimistas. A mistura de alquimia e princípios de Paracelso,
fez com que surgisse a iatroquímica (química médica), que pode ser definida como um conjunto
de ideias que tentavam explicar o funcionamento do corpo humano (e de todos os seres vivos), a
acção dos organismos e das doenças segundo os processos químicos.

1.1. Objectivos:
1.1.1. Objectivo geral:

 Estudar a iatroquímica

1.1.2. Objectivos específicos:

 Caracterizar o período iatroquímico


 Analisar os percursores do período iatroquímico
 Descrever os marcos importantes do período iatroquímico

1.2. Metodologia:
Para a elaboração do presente trabalho recorreu-se a consulta bibliográfica, que consistiu na
recolha de vários conteúdos que serviram de base para elaboração trabalho de pesquisa. Os
conteúdos foram recolhidos sem diversas obras, como livros em formato electrónico, e artigos
disponíveis na internet, contendo informações sobre o tema.
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2. A Iatroquímica

2.1. Caracterização do período iatroquímico


Segundo MADEIRA (2013), a iatroquímica ou Quimioterapia é uma doutrina médica que surgiu
por volta de 1525 com Paracelso, e pretendia combater os alquimistas ao afirmar que a verdadeira
finalidade da Química é produzir remédios e não produzir ouro. Dessa forma, surge então a
indústria de medicamentos, a qual baseava-se basicamente em extratos vegetais e minerais, estes
últimos até mesmo derivados de metais pesados. O nitrato de mercúrio (HgNO3), por exemplo,
foi utilizado no combate à sífilis por longa data, doença de grandes proporções no século XVI.
Paracelso utilizou métodos da alquimia para descobrir medicamentos para combater
enfermidades. Ele teve muita reputação como médico e como manufacturador de drogas.
Paracelso (1491-1541), suíço, aprendeu que doses mínimas de substâncias venenosas eram
algumas vezes benéficas para a cura de certas doenças, facto que ainda hoje é aceite. Paracelso
(Phillipus Aurcollus Theopraustus Bombastus Von Hohenhein), nome que significa "melhor que
Celsius", médico romano que escreveu sobre medicamentos e artes médicas morreu em 1541,
provavelmente vítima de envenenamento.
Durante o século XVI e XVII os químicos experimentadores ficaram muito interessados com as
combustões, sobretudo na diferença de peso nas substancias iniciais e finais. Para este facto havia
várias explicações:
 Algo abandona a substancia inicial quando aquecida (geralmente metal calcinado).
 Outros acham que o ar toma parte nas reacções químicas incorporando-se aumentando o
peso dos produtos, saindo diminui o peso das substancias.

Robert Boyles depois de inúmeras experiências com gases descobriu que existe uma relação
simples entre volume de um gás e sua pressão: Que o som não pode ser transmitido no vácuo e o
ar é necessário para a vida animal.
Seu trabalho com diferentes gases e líquidos conduziu a desenvolvimento de muitas técnicas
novas experimentais que estavam ligadas a medida e a maior precisão.
O interesse de Boyle pela teoria química levou-o a escrever e a publicar a teoria de Sceptical
chemist, ele eliminou o prefixo al passando a ser química em vez de alquímica.
ZABOT L. A (2014), a Iatroquímica é uma fase da história da química que se caracteriza por dois
factores: abordagem das doenças de acordo com o ensinamento de Paracelso, que engloba o
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tratamento de doenças e a natureza dos processos fisiológicos. Outro factor se refere ao preparo
dos remédios de acordo com os procedimentos e técnicas alquimistas. O emprego dos
conhecimentos da Iatroquímica era, naquele momento, apenas terapêutico, Paracelso fazia uma
leitura cosmológica dos fenômenos, relacionada com a religião. Entretanto a ciência da época
estava muito atrelada com a religião. Quão irônico o médico Jean Baptist Van Helmont (1579-
1644) nascido em Bruxelas, duvidou que dos três princípios, enxofre, mercúrio e sal fosse o
princípio da matéria. Acreditava fervorosamente que existiam apenas dois elementos
fundamentais, água e ar, e no poder das simpatias com cura de algumas doenças. Para Van
Helmont as doenças estavam associadas à falta ou excesso dos elementos que constituíam a
matéria.
Essa crença fez com que Van Helmont fosse condenado várias vezes pela igreja, acusado de
práticas satânicas. O facto é que a Iatroquímica ficou conhecida como o ramo da química a
serviço da medicina. A Iatroquímica, precursora moderna da Química médica admitia que o
homem é feito de três princípios: sal, enxofre e mercúrio de cuja separação resultariam as
doenças. Substâncias inorgânicas, como mercúrio, ferro, enxofre, arsênico e sulfato de cobre,
devidamente formulada, faziam parte de receituário médico.

JUNIOR & PONTES (2010), a alquimia buscava transformar qualquer metal em ouro e para
procurar o processo que permitiria tal proeza, fez com que muitos alquimistas realizassem
experiências sem critérios bem estabelecidos. Com tantos experimentos, muitas novas
substâncias químicas foram descobertas, e a iatroquímica pregava o uso dessas substâncias no
tratamento de doenças. Paracelso contribuiu de forma significativa para o movimento da química
médica, pois achava que a medicina e a farmácia deveriam se basear em leis físicas e químicas,
os iatroquímicos formulavam muitas de suas ideias baseando nos pensamentos de Paracelso,
porém, rejeitando a filosofia química. A maioria dos iatroquímicos era formada por médicos que
foram severamente criticados por suas ideias, pois eram considerados especuladores e cientistas
que não se preocupavam com a vida de seus pacientes. Apesar de toda a crítica, a iatroquímica
conseguiu ampliar e modificar muitos tratamentos de doenças e fornecer condições para o
desenvolvimento da farmacologia.

2.2. Percursores do período iatroquímicos


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De acordo com (MADEIRA, 2013), os principais percursores do período iatroquímicos são os


seguintes: Franz de Le Boe "Sylvius" (1614-1672), Thomas Willis (1621) Joan Baptista Van
Helmont (1577-1664), Libavius (1540-1616) e Tachenius, Homberg (1652-1715).

2.3. Marcos importantes do período iatroquímicos

 Libavius (1540-1616): prepara o cloreto de estanho (SnCl).


 Tachenius, descobriu que o sal era composto por duas partes uma acida e outra básica.
(1650).
 Homberg (1652-1715): estudou reacções de neutralização pela acção da soda.
 Franz de le Boe foi médico, fisiologista e químico experimentador alemão. Foi professor
da Universidade de Leiden e destacou-se como estudioso dos processos da digestão. Seus
estudos ajudaram a trocar a ênfase médica de especulação mística que reinava até então,
por conceitos racionais, interpretando as doenças como desequilíbrios químicos e físicos.
Elaborou uma fisiologia baseada em processos de fermentação e de reações de ácidos e
bases. A enfermidade era consequência do excesso de acidez ou de alcalinidade.

 Thomas Willis foi anatomista, fisiologista e médico inglês. Foi o co-fundador da Royal
Society em 1662 e foi titular da cátedra de Filosofia Natural em Oxford. Teve sua obra
altamente influenciada pelos trabalhos de Harvey sobre a circulação do sangue, pelos
pensamentos de Bacon sobre o método científico e pelas ideias de Van Helmont e
Paracelso. Willis tentou aproximar a anatomia, fisiologia e química aos achados clínicos
de patologia nervosa da época. Em sua obra Cerebri Anatome, cui accessit Nervorum
descriptio et usus (Anatomia do Cérebro, com uma descrição dos nervos e de suas
funções), o mais completo até então, ele descobre a finalidade das artérias na base do
crânio, que é a de proporcionar o máximo suprimento sanguíneo ao cérebro. Foi um dos
pioneiros das pesquisas neuroanatómicas. Em Pharmaceutice rationalis, ele procura
explicar a acção dos medicamentos no corpo humano. Descreveu também pela primeira
vez a acalasia em 1674, que é a mais clássica das disfunções motoras do esôfago e causa a
dificuldade da passagem de alimento do esôfago para o estômago.

 Van Helmont nasceu em Bruxelas em 1580 e foi um dos principais seguidores de


Paracelso que rompeu com a teoria dos humores. Para ele cada enfermidade tem seu
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próprio agente específico (archaei), e os processos químicos ocorridos nos seres vivos são
controlados por um espírito que ele denominou “blas”, equivalente ao “archeus” de
Paracelso.

Van Helmont detectou o CO2 em 1618, reconhece que no ar existe algo que preenche os vazios
do ar e desaparece sub acção do fogo, preposição com base na qual resultaria na descoberta do
O2 em 1770. O termo ar para designar todos os gases deixa de existir com este trabalho.

A química de Van Helmont está influenciada por conceitos vitalistas, considerando a febre como
uma reacção própria do corpo e não como uma putrefação humoral, ou seja, um desequilíbrio
interno dos humores, segundo Galeno. Para ele a enfermidade é uma espécie de semente
proveniente do meio externo que se introduz no corpo humano, e actua como um “corpo
estranho”. A terapia requer em primeiro lugar um diagnóstico, e para isso é necessário reconhecer
o componente psicossomático, em relação com as emoções reprimidas que originou a
enfermidade. Outra colaboração de Van Helmont foi a criação da palavra gás para nomear um
conceito de fundamental importância para a química. Esse conceito era bastante amplo, não
limitava-se apenas a explicar fenômenos meteorológicos e de transformação da matéria, mas
também uma variedade de fenômenos fisiológicos e patológicos. Alguns médicos helmontianos,
como foi o caso de Thomson, adotaram o conceito de gás, originalmente proposto por Van
Helmont.

Com o grande entusiasmo dos iatroquímicos, devido ao relativo sucesso que a medicina
helmontiana estava obtendo na Inglaterra no século XVII, fez com que os médicos helmontianos
daquela época tentassem fundar uma Sociedade de Médicos Químicos, em oposição ao
tradicional Royal College of Physicians. Os conceitos teóricos de Van Helmont, embora
carregados de manifestações místicas, influíram nas ideias que mais tarde levaram ao
estabelecimento da Bioquímica.

Os iatroquímicos, contudo, influenciaram mais fortemente a terapêutica, introduzindo numerosas


substâncias no tratamento das doenças, sobretudo compostos de mercúrio (Hg), arsênio (As),
antimônio (Sb), bismuto (Bi) e ferro (Fe). Alguns destes compostos tiveram sua utilidade
comprovada no decorrer do tempo, enquanto outros foram abandonados por sua ineficácia ou
toxicidade.
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Destes últimos pode-se citar como exemplo o cloreto mercuroso ou calomelano, usado como
purgativo e anti-séptico intestinal, e que produziu mais vítimas do que a cura das doenças. Na
virada do século XVIII, a medicina buscou organizar a grande quantidade de factos descobertos
nos séculos renascentistas, dando ênfase na descrição minuciosa dos sintomas e da evolução da
doença, desprezando-se a contribuição possível das ciências auxiliares, como a química e a física.

A iatroquímica foi cada vez mais cedendo lugar para outros sistemas terapêuticos e caindo em
desuso. A sistematização do conhecimento homeopático, elaborado pelo médico alemão Samuel
Hahnemann em 1796, foi um dos sistemas de saúde que veio para substituir a Química Médica.
Apesar do pouco conhecimento científico dos iatroquímicos e da grande influência que a
alquimia tinha sobre eles naquela época. Não se pode negar que a iatroquímica contribuiu
diretamente para o desenvolvimento da ciência e da medicina.
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3. Conclusão

A iatroquímica é uma doutrina médica que surgiu por volta de 1525 com Paracelso, e pretendia
combater os alquimistas ao afirmar que a verdadeira finalidade da Química é produzir remédios e
não produzir ouro. Ela surge com o Paracelso quando ele utilizou métodos da alquimia para
descobrir medicamentos para combater enfermidades. Esse período é caracterizado por dois
factores: abordagem das doenças de acordo com o ensinamento de Paracelso, que engloba o
tratamento de doenças e a natureza dos processos fisiológicos. Outro factor se refere ao preparo
dos remédios de acordo com os procedimentos e técnicas alquimistas. Os principais percursores
do período iatroquímicos são os seguintes: Franz de Le Boe (Sylvius), Thomas Willis, Joan
Baptista Van Helmont, Libavius, Tachenius, Homberg. Alguns marcos importantes desse periodo
forao: a descoberta de que o sal era composto por duas partes, onde uma parte era acida e outra
básica; o estudo das reacções de neutralização pela acção da soda; a interpretação das doenças
como sendo desequilíbrios químicos e físicos e a elaboração de uma fisiologia baseada em
processos de fermentação e de reações de ácidos e bases.
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4. Referências bibliográficas

1. MADEIRA, A. C. Pinto, texto de apoio da história de química, Beira, Centro de educação


aberta e a distância, 2013.
2. ZABOT L. Aparecida. Química com arte: uma breve história da ciência química, Paraná,
2014.
3. JUNIOR C. Souza & PONTES João G. M. Do galenismo à iatroquímica, Brasil,
universidade federal de são Carlos-departamento de química, 2010.

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