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Ana Raquiela

Edson Artur Victor Joé


Frank Richade Nipaco
Nelson João Pihale
Manuel Francisco Marques
Suzete Belito Essá Manuel

1ª Lei da Termodinâmica
(Licenciatura em Ensino de Biologia e Química)

Universidade Rovuma
Lichinga
2022
2

Ana Raquiela

Edson Artur Victor Joé

Frank Richade Nipaco

Nelson João Pihale

Manuel Francisco Marques

Suzete Belito Essá Manuel

(Licenciatura em Ensino de Biologia e Química)

Trabalho de pesquisa da cadeira de Química-Física a


ser apresentado ao Departamento de Ciências,
Universidade Rovuma
Tecnologia, Engenharia e Estatística, para fins
avaliativos. Lichinga
Sob a orientação do docente: MSc. Estêvão Clâvel
2022

Índice
Conteúdo

Pág.
1. Introdução............................................................................................................................4

1.1. Objectivos.....................................................................................................................4

1.1.1. Geral......................................................................................................................4

1.1.2. Específicos............................................................................................................4
3

1.2. Metodologia.................................................................................................................4

2. Termodinâmica....................................................................................................................5

2.1. Primeira lei da termodinâmica.....................................................................................5

2.2. Trabalho e variação de energia.....................................................................................8

2.3. Calor...........................................................................................................................10

2.4. Medidas de calor........................................................................................................12

2.5. Entalpia e capacidade calorífica.................................................................................12

2.5.1. Entalpia...............................................................................................................13

2.5.2. Capacidade calorífica..........................................................................................13

2.6. Aplicação da primeira Lei da Termodinâmica nos gases ideais e reais.....................14

2.7. Termoquímica............................................................................................................17

2.7.1. Conceitos gerais..................................................................................................17

2.7.2. Calorimetria........................................................................................................18

2.7.3. Calorímetros........................................................................................................20

3. Conclusão..........................................................................................................................22

4. Bibliografia........................................................................................................................23

1. Introdução

Termodinâmica, que é o estudo científico da interconversão de calor e outras formas de


energia. Num processo, a energia pode se manifestar de diversas formas. Ela pode ser um
atributo do sistema (energia cinética, potencial e energia interna). Onde, a energia cinética se
refere à mobilidade das moléculas do sistema (velocidade das moléculas). A energia potencial
se refere à posição do sistema em relação a um campo de forças (em geral à gravidade). E a
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energia interna é associada aos movimentos e às forças intermoleculares das moléculas


constituintes do sistema.

A energia pode também se manifestar como resultado do contacto ou da interacção de um


sistema com suas vizinhanças, na forma de calor e trabalho. Trabalho é a manifestação da
acção de uma força através de um deslocamento na direcção desta força ou da transferência de
energia por meios de movimentação mecânica. Calor é a manifestação de uma transferência
de energia resultante de uma diferença de temperatura entre o sistema e a vizinhança. A
potência é a energia fornecida ou recebida em um processo por unidade de tempo; portanto, é
uma medida da taxa de troca de energia entre dois sistemas.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Estudar a primeira Lei da Termodinâmica.
1.1.2. Específicos
 Definir a termodinâmica;
 Enunciar a primeira Lei da Termodinâmica;
 Explicar sobre o trabalho, variação de energia e calor;
 Explicar sobre a entalpia e capacidade calorífica;
 Aplicar a primeira Lei da Termodinâmica nos gases ideais e reais;
 Explicar a termodinâmica.
1.2. Metodologia

Para a materialização deste trabalho baseou-se em consulta de livros de formato electrónico


para compilação de informações para o desenvolvimento do mesmo.

2. Termodinâmica

A energia está na base da civilização. Usamos energia, a cada dia, em suas várias formas para
sustentar a vida, para ficar suficientemente quente ou frio, para nos movermos e para pensar.
Todos esses processos envolvem a liberação, a absorção, a transferência ou a conversão de
energia. Um imenso esforço global está se desenvolvendo para encontrar novas fontes de
energia, para usar a energia disponível de maneira mais eficiente e para conservar seu uso. O
5

acesso à energia é um dos problemas principais que afectam a humanidade, porque muita
coisa depende disso (Atkins & Jones, 2012).

Segundo Atkins e Jones (2012), o estudo das transformações da energia de uma forma para
outra chama-se termodinâmica.

2.1. Primeira lei da termodinâmica

Segundo Chang e Goldsby (2013), a primeira lei da termodinâmica, que se baseia no princípio
da conservação de energia, estabelece que a energia pode ser convertida de uma forma em
outra, mas não pode ser criada ou destruída.

De acordo com o autor acima citado, pode-se testar a validade da primeira lei medindo apenas
a variação da energia interna de um sistema, entre o seu estado inicial e o seu estado final, em
um processo. A variação da energia interna ∆ U é dada por:

∆ U =U f −U i

Onde U f e U i são as energias internas do sistema nos estados inicial e final, respectivamente.

De acordo com Chang e Goldsby (2013), a energia interna do sistema tem dois componentes:
a energia cinética e a energia potencial.

 A energia cinética está associada aos vários tipos de movimento molecular e ao


movimento dos electrões nas moléculas.
 A energia potencial é determinada pelas interacções atractivas entre os electrões e o
núcleo e pelas interacções repulsivas entre electrões e entre núcleos nas moléculas,
bem como pelas interacções entre moléculas.

É impossível fazer uma estimativa rigorosa de todas estas contribuições e, portanto, não
podemos calcular a energia total de um sistema com exactidão. Por outro lado, podemos
determinar experimentalmente as variações de energia. (Raymond & Chang, 2013)

Exemplo: consideremos a reacção entre um mol de enxofre e um mol de oxigénio gasoso para
produzir um mol de dióxido de enxofre:

S(s) +O 2(g ) → SO 2 (g)

Neste caso, o nosso sistema é composto pelas moléculas dos reagentes S e O2 (o estado
inicial) e pelas moléculas do produto SO 2 (o estado final). Não conhecemos os valores da
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energia interna das moléculas dos reagentes nem das moléculas dos produtos, mas podemos
medir com exactidão a variação do conteúdo energético, ∆ U , dado por:

U = U(produto) — U(reagentes)

= Conteúdo energético de 1 mol SO 2(g) - Conteúdo energético de [1 mol S(s) + 1 mol O2( g)

Verifica-se que esta reacção libera calor. Logo, a energia do produto é inferior à dos reagentes
e ∆ U é negativo.

Se interpretarmos a liberação de calor nesta reacção como uma transformação da energia


química contida nos reagentes em energia térmica, concluímos que a transferência de energia
do sistema para a vizinhança não altera a energia total do universo. Isto é, a soma das
variações de energia deve ser zero:

Ao entrar em combustão com o ar o enxofre forma SO 2:

U sist +U viz =0

ou

∆ U sit =∆ U viz

onde os índices “sist” e “viz” indicam sistema e vizinhança, respectivamente. Portanto, se a


energia de um sistema variar de U sist , a variação da energia do resto do Universo, ou seja, da
vizinhança, deve ser igual em valor absoluto mas de sinal contrário (−∆ U viz); a energia ganha
em um local deve ter sido perdida em outro local qualquer. Além disso, em virtude de a
energia poder assumir várias formas, a energia perdida por um sistema pode ser ganha por
outro sistema em uma forma diferente. Por exemplo, a energia liberada na combustão de
petróleo em uma usina de energia pode, em última análise, ser usada nas nossas casas na
forma de energia eléctrica, calor, luz, etc.

Em conformidade com Raymond e Chang (2013), em química, normalmente interessam as


variações associadas ao sistema (que pode ser um balão contendo reagentes e produtos) e não
nas associadas à vizinhança. Portanto, uma forma mais útil da primeira lei é

∆ U =q+ w

(Deixamos de usar o índice “sist” para simplificar.) A equação acima diz que a variação da
energia interna ∆ U de um sistema é a soma do calor q trocado entre o sistema e a vizinhança
7

com o trabalho w realizado sobre o (ou pelo) sistema. As convenções de sinais para q e w são
as seguintes: q é positivo para um processo endotérmico e negativo para um processo
exotérmico, e w é positivo para o trabalho realizado sobre o sistema pela vizinhança e
negativo para o trabalho realizado pelo sistema sobre a vizinhança. Podemos comparar a
primeira lei da termodinâmica a um balancete de energia, por analogia com um balancete
bancário que faça conversão de moedas. Pode-se retirar ou depositar dinheiro em quaisquer
outras moedas (como a variação da energia devido à troca de calor e ao trabalho realizado).
Porém, o valor da conta bancária do cliente só depende do saldo, depois de efectuadas estas
transacções, e não da moeda utilizadas.

A equação pode parecer abstracta, mas na verdade é muito lógica. Se um sistema perde calor
para a vizinhança ou realiza trabalho sobre ele, devemos esperar que a sua energia interna
diminua, dado que ambos os processos são consumidores de energia. Por esta razão, tanto q
como w são negativos. Ao contrário, se houver adição de calor ao sistema ou se for realizado
trabalho sobre ele, a energia interna do sistema deve aumentar. Neste caso, tanto q como w
são positivos. A tabela a seguir resume as convenções de sinais para q e w.

Tabela 1. Convenções de sinais para o calor e o trabalho. Fonte: (Raymond & Chang, 2013)

Processo Sinal
Trabalho realizado pelo sistema sobre a vizinhança -

Trabalho realizado sobre o sistema pela vizinhança +


Calor absorvido pelo sistema a partir da vizinhança (processo endotérmico) +

Calor absorvido pela vizinhança a partir do sistema (processo exotérmico) -

2.2. Trabalho e variação de energia

A propriedade mais fundamental da termodinâmica porque ela fornece a base da definição dos
conceitos principais é o trabalho, isto é, o movimento contra uma força oposta . Todas as
formas de trabalho podem ser consideradas como equivalentes ao trabalho efectuado quando
um peso é levantado contra a força da gravidade. (Atkins & Jones, 2012).

Segundo Silva (2019), um exemplo usual é a quantidade de gás contida num cilindro com um
pistão. A energia pode ser fornecida ao sistema por condução de calor, mas também é possível
8

realizar trabalho mecânico sobre ele, já que o pistão exerce uma força que pode mover o seu
ponto de aplicação.

De acordo com o autor acima citado, outro exemplo disso é o caso da máquina de vapor que
usa o calor de combustão de carvão ou de outro combustível para realizar trabalho mecânico,
a fim de movimentar um gerador eléctrico, um trem ou outra função útil. Pois aí estão as
raízes da termodinâmica, que se iniciou em fins puramente práticos.

Em conformidade com Chang e Goldsby (2013), o trabalho necessário para mover um objeto
até uma certa distância, contra uma força que se opõe, é calculado multiplicando-se a força
pela distância:

Trabalho = força × distância

Em termodinâmica, o trabalho tem um significado mais amplo, que inclui o trabalho


mecânico (por exemplo, um guindaste levantando uma barra de aço), trabalho eléctrico (uma
bateria fornecendo electrões para acender a lâmpada de uma lanterna) e o trabalho de
superfície (soprar uma bola de sabão). (Chang & Goldsby, 2013)

Segundo Chang e Goldsby (2013), uma maneira de ilustrar o trabalho mecânico é por meio do
estudo da expansão ou da compressão de um gás. Muitos processos químicos e biológicos
envolvem alterações de volume dos gases. Respirar e exalar ar envolve a expansão e a
contracção de sacos minúsculos, chamados alvéolos, nos pulmões. Outro exemplo é o do
motor de combustão interna de um automóvel. A expansão e a compressão sucessivas nos
cilindros devido à combustão da mistura ar-gasolina fornece energia ao veículo. A figura
abaixo mostra um gás em um cilindro equipado com um pistão móvel, sem peso nem fricção,
a uma determinada temperatura, pressão e volume.

Figura 1. Expansão de um gás contra uma pressão externa. Fonte: (Raymond & Chang, 2013)
9

À medida que o gás se expande, empurra o êmbolo para cima contra a pressão atmosférica
constante P que se opõe a ele. O trabalho realizado pelo gás sobre a vizinhança é:

w = -P∆ V

onde ∆ V , a variação de volume, é dada por V f −V i . O sinal de menos na Equação tem em


conta a convenção de sinais para w. Para a expansão do gás (trabalho realizado pelo sistema),
AV> 0, assim, -P∆ V é uma quantidade negativa. Para a compressão do gás (trabalho
realizado sobre o sistema), ∆ V < 0, e -P∆ V é uma quantidade positiva. As unidades para o
trabalho reaüzado por ou sobre um gás são litro X atmosfera. Para representar o trabalho
realiza

do em joules, que é uma unidade mais conhecida, usa-se o factor de conversão.

1 L × atm = 101,3 J

Energia é a capacidade de um sistema de executar um trabalho (e, em última análise, levantar


um peso). Se um sistema pode executar muito trabalho, dizemos que ele tem muita energia.
Um gás quente comprimido pode executar mais trabalho do que o mesmo gás após ter-se
expandido e esfriado, e, por isso, dizemos que ele possui mais energia no início do processo.
Quando um sistema executa trabalho na vizinhança, sua capacidade de executar trabalho se
reduz e dizemos que sua energia diminuiu. Se executamos trabalho em um sistema, como ao
esticar uma mola, aumentamos sua capacidade de executar trabalho e, portanto, podemos
dizer que sua energia aumentou. (Atkins & Jones, 2012).

Segundo Atkins e Jones (2012), seu conteúdo total de energia é chamado de energia interna,
U. Não podemos medir o valor absoluto da energia interna de um sistema porque ele inclui as
energias de todos os átomos, de seus electrões e dos componentes dos núcleos. O melhor que
podemos fazer é medir as variações de energia. Se um sistema realiza um trabalho de 15 J,
por exemplo, ele consumiu uma parte da energia armazenada e dizemos que sua energia
interna diminuiu 15 J, e escrevemos ∆ U =−¿ 15 J. Na termodinâmica, o símbolo ∆ X
significa uma diferença na propriedade X:

∆ X=X final −X inicial

Um valor negativo de ∆ X, como em ∆ U ¿−¿ 15 J, significa que o valor de X diminuiu.


10

Quando realiza-se trabalho contra um sistema (e, novamente, não ocorrem outras mudanças),
sua energia interna aumenta. A compressão de um gás dentro de um recipiente termicamente
isolado aumenta sua energia interna, porque um gás quente comprimido pode realizar mais
trabalho do que um gás descomprimido e mais frio. O acto de esticar transfere energia para
uma mola e, quando totalmente esticada, ela pode realizar mais trabalho do que no início do
processo. Fazer passar uma corrente eléctrica por um sistema também é realizar trabalho
contra ele, o que fazemos quando carregamos uma bateria (Atkins & Jones, 2012).

Usa-se o símbolo w para representar a energia transferida a um sistema pelo trabalho


realizado e, desde que nenhum outro tipo de transferência de energia esteja ocorrendo,
escrevemos ∆ U =w . Se a energia é transferida para um sistema como trabalho, a energia
interna do sistema aumenta e w é positivo. Se a energia deixa o sistema como trabalho (por
exemplo, permitindo que o gás se expanda novamente), a energia interna do sistema diminui e
w é negativo. Por exemplo, se um sistema executa 40 J de trabalho, w = - 40 J e ∆ U =−¿40 J.
(Atkins & Jones, 2012).

Trabalho é a transferência de energia para um sistema por um


processo equivalente ao aumento ou ao abaixamento de um peso. Para
o trabalho executado sobre um sistema, w é positivo; e para trabalho
executado pelo sistema, w é negativo. A energia interna de um sistema
pode ser alterada pela realização de trabalho: ∆ U =w .

2.3. Calor

Segundo Rodrigues (2011), calor é energia em transferência de um sistema para outro, devido
a uma diferença de temperatura entre os sistemas.

A energia interna de um sistema, isto é, sua capacidade de realizar trabalho, também pode ser
alterada pela troca de energia com a vizinhança na forma de calor. Calor é um termo comum
que em termodinâmica tem um significado especial. A energia flui na forma de calor de uma
região de temperatura alta para uma região de temperatura baixa. Portanto, em um sistema
cujas paredes não são isolantes térmicos, se o sistema está mais frio do que a vizinhança, a
energia flui da vizinhança para o sistema. (Atkins & Jones, 2012).

Representa-se a energia transferida para um sistema como q. Portanto, quando a energia


interna de um sistema se altera por transferência de energia na forma de calor (sem que
nenhum outro processo ocorra), ∆ U =w . Se energia entra em um sistema como calor, a
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energia interna do sistema aumenta e q é positivo; se energia deixa o sistema como calor, a
energia interna do sistema diminui e q é negativo. Assim, se 10 J entram no sistema como
calor, escrevemos q = + 10 J e (desde que nenhum trabalho é feito no sistema ou pelo sistema)
∆ U =+¿10 J. Do mesmo modo, se 10 J deixam o sistema, q = + 10 J e ∆ U =+¿10 J. (Atkins
& Jones, 2012).

Como esses exemplos mostram, a energia transferida na forma de calor é medida, como
qualquer forma de energia, em joules, J. Entretanto, uma unidade de energia que ainda é
muito usada em bioquímica e campos correlatos é a caloria (cal). Na definição original, 1 cal
correspondia à energia necessária para elevar de 1ºC a temperatura de 1 g de água. A
definição moderna é 1 cal = 4,184 J (exactamente). (Atkins & Jones, 2012).

Calor é a transferência de energia que ocorre em consequência


de uma diferença de temperatura. Quando energia é transferida
na forma de calor e nenhum outro processo ocorre, ∆ U =q .
Quando energia entra em um sistema na forma de calor, q é
positivo; e quando energia sai de um sistema na forma de calor,
q é negativo.

O calor e o trabalho não são funções de estado porque não são propriedades de um sistema.
Eles manifestam-se apenas no decorrer de um dado processo (durante uma transformação).
Assim, os seus valores dependem do caminho percorrido pelo sistema durante a
transformação, variando de acordo com ele. (Chang & Goldsby, 2013)

2.4. Medidas de calor

O calor liberado ou absorvido por um sistema que sofre uma reacção química é determinado
em aparelhos chamados calorímetros. Esses aparelhos variam em detalhes e são adaptados
para cada tipo de reacção de que se quer medir o calor. (Silva, 2019)

Segundo Silva (2019), a determinação do calor liberado ou absorvido numa reacção química é
efectuada através da expressão:

Q = m × c ×∆T

Onde:
12

 Q é a quantidade de calor liberada ou absorvida pela reacção. Esta grandeza pode ser
expressa em calorias (cal) ou em Joules (J). O Sistema Internacional de Medidas (SI)
recomenda a utilização do Joule, no entanto, a caloria ainda é muito utilizada. Uma
caloria (1 cal) é a quantidade de calor necessária para fazer com que 1,0 g de água
tenha sua temperatura aumentada de 1,0 ºC. Cada caloria corresponde a 4,18 J;
 m é a massa, em gramas, de água presente no calorímetro;
 c é o calor específico do líquido presente no calorímetro. Para a água, seu valor é 1
cal/g . ºC;
 ∆ T é a variação de temperatura sofrida pela massa de água devido à ocorrência da
reacção. É medida em graus Celsius.

O calor de reacção pode ser medido a volume constante, num calorímetro hermeticamente
fechado, ou à pressão constante, num calorímetro aberto. Experimentalmente, verifica-se que
existe uma pequena diferença entre esses dois tipos de medidas calorimétricas. Essa diferença
existe porque, quando uma reacção ocorre à pressão constante, pode haver variação de
volume e, portanto, envolvimento de energia na expansão ou contracção do sistema. (Silva,
2019)

A variação de energia determinada a volume constante é


chamada de variação de energia interna, representada
por E; e a variação de energia determinada à pressão
constante é chamada de variação de entalpia,
representada por H.

2.5. Entalpia e capacidade calorífica


2.5.1. Entalpia

Segundo Atkins e Jones (2012), função de estado que permite obter informações sobre as
variações de energia em pressão constante é chamada de entalpia, H:

H=U + PV

Em que U, P e V são a energia interna, a pressão e o volume do sistema. Podemos ver que a
entalpia é uma função de estado notando que U (da primeira lei), P e V são funções de estado;
logo, H=U + PV tem de ser também uma função de estado.
13

De acordo com o autor acima citado, para qualquer processo, a variação da entalpia é dada
por: ∆ H=∆ U+∆ (PV). Se a pressão for constante, então: AH = ∆ U + P∆ V.

Temos agora duas quantidades, ∆ H e ∆ U, que podem ser associadas a uma reacção química.
Se a reacção ocorrer sob condições de volume constante, então o calor transferido, q v , é igual
a ∆ H . Por outro lado, quando a reacção é realizada à pressão constante, o calor transferido, q p
, é igual a ∆ H. (Atkins & jones, 2012)

De acordo com Silva (2019), numa reacção do tipo A→ B , a diferença entre as entalpias dos
produtos e dos reagentes corresponde à variação de entalpia.
∆H = H p+ H r

Onde:

H p = entalpia dos produtos;

H r = entalpia dos reagentes.

Numa reacção exotérmica, temos Hp < Hr e, portanto, ∆ H < O (negativo) e numa reacção
endotérmica, temos Hp > Hr e, portanto, ∆ H > O (positivo).

2.5.2. Capacidade calorífica

Segundo Chang e Goldsby (2013), a capacidade calorífica (C) de uma substância é a


quantidade de calor necessária para elevar de um grau Celsius a temperatura de uma dada
quantidade da substância e é medida em J/°C. O calor específico é uma propriedade intensiva
enquanto a capacidade calorífica é uma propriedade extensiva. A relação entre a capacidade
calorífica e o calor específico de uma substância é:

C = m×c, onde m é a massa da substância em gramas.

Segundo Atkins & Jones (2012), a capacidade calorífica C é a constante de proporcionalidade


entre o calor fornecido a uma substância e o aumento de temperatura produzido (q ¿ C × ∆ T ).
Entretanto, o aumento de temperatura e, portanto, a capacidade calorífica dependem das
condições de aquecimento, porque, em pressão constante, parte do calor é usada para o
trabalho de expansão e não para o aquecimento do sistema.

Como o calor transferido em volume constante pode ser identificado com a variação da
energia interna, ∆ U, definir a capacidade calorífica em volume constante, C v , como:
14

∆U
C v=
∆T

Do mesmo modo, como o calor transferido sob pressão constante pode ser identificado com a
variação de entalpia, ∆ H, podemos definir a capacidade calorífica em pressão constante, C p
, como:

∆H
C v=
∆T

2.6. Aplicação da primeira Lei da Termodinâmica nos gases ideais e reais

Segundo Lima (2016), a primeira lei da termodinâmica expressa o princípio de conservação


de energia de um sistema considerando três formas diferentes de energia: o trabalho
mecânico, a variação da energia interna e o calor. um sistema recebendo calor (Q ). O calor
recebido será transformado integralmente em trabalho ( w) ou integralmente em energia
interna ( ∆ U ) ou ainda uma parte do calor recebido será transformado em trabalho e o
restante em energia interna.

Figura 2. Princípio de conservação de energia. Fonte: (Lima, 2016)

Q=w+ ∆U

A quantidade de calor que entra em um sistema é a responsável pela mudança de estado de


um gás, e, portanto, pela alteração da pressão, do volume e/ou da temperatura, sempre
ocorrendo conservação de energia.

Lima (2016), no quadro a seguir descreve o comportamento das diferentes transformações


termodinâmicas:

Tabela 2. Comportamento das diferentes transformações termodinâmicas. Fonte: (Lima,


2016)
15

Transformação Descrição Primeira lei da


gasosa Termodinâmica
Q=w
Isotérmica A transformação ocorre com a
temperatura constante Todo calor fornecido ao sistema
∆ U =0 é integralmente transformado
em trabalho.
Q=∆ U
Isométrica A transformação ocorre com a
volume constante. Todo calor fornecido ao sistema
w=0 é integralmente transformado
em energia interna.
Q=w+ ∆U
Isobárica A transformação ocorre com a
pressão constante. Uma parte do calor fornecido ao
sistema será transformado em
trabalho e o restante em energia
interna.
w=−∆ U
Adiabática Não há trocas de calor entre o
sistema termodinâmico e o meio Todo trabalho recebido ou
externo. realizado é convertido em
Q=0 energia interna do próprio gás.

 Transformação Isométrica

Na transformação isométrica, não há deslocamento do êmbolo, logo não há alteração no


volume, assim:

w= p × ∆V

w=0

Aplicando a primeira lei da Termodinâmica para a transformação isométrica temos:

Q=w+ ∆U
16

Q=∆ U
Toda quantidade de calor é utilizada para a variação da energia interna do gás.

 Se o gás recebe calor Q>0 , ocorre um aumento de sua energia interna e, com isso, um
aumento da temperatura T do gás.
 Se o gás cede calor Q<0 , ocorre uma redução de sua energia interna e,
consequentemente, uma redução de sua temperatura T
 Transformação Isobárica

A aplicação da primeira lei da Termodinâmica na transformação isobárica ocorre de forma


integral:

Q=w+ ∆U

 Transformação adiabática

Essa transformação pode ser obtida utilizando um recipiente com paredes isolantes ou por
meio de uma compressão ou expansão muito rápida, o que garante que não há trocas de calor
durante a transformação.

Nesse tipo de transformação todas as variáveis de estado se alteram. Para a transformação


adiabática, considerando a massa do constante, vale a lei geral dos gases ideais:

p 1 ×V 1 p2 × V 2
=
T1 T2

Verifica-se ainda que no decorrer de uma transformação adiabática, vale a seguinte relação:

p ×V =Constante

Assim:

p1 × V 1= p2 ×V 2

2.7. Termoquímica
2.7.1. Conceitos gerais
17

Segundo Feltre (2004), as transformações físicas e as reacções químicas são, quase sempre,
acompanhadas por liberação ou absorção de calor, e vários fenómenos conhecidos ilustram
bem esse facto. Sabemos, por exemplo, que precisamos fornecer calor (energia) para que a
água se aqueça e se vaporize; e que, no sentido inverso, isto é, quando o vapor de água se
condensa , ele libera o calor (energia) que havia recebido anteriormente.

A importância de conhecer (e controlar) essas trocas de calor é imensa. A energia térmica do


vapor de água, por exemplo, era a energia utilizada nas antigas locomotivas a vapor, e, em
nossos dias, essa energia é empregada para accionar modernas turbinas em usinas
termoeléctricas, na propulsão de grandes navios, etc (Feltre, 2004).

Analogamente, as transformações químicas também são acompanhadas por liberação ou


absorção de energia, conforme exemplificamos nesta tabela:

Tabela 3. Reacções químicas que liberam e absorvem energia. Fonte: (Feltre, 2004)

Reacções químicas que liberam Reacções químicas que absorvem energia


energia
A queima do carvão libera calor Devemos fornecer calor para o cozimento dos
(energia térmica). alimentos.
A queima de uma vela produz luz O sol fornece a luz (energia luminosa)
(energia luminosa). necessária à fotossíntese clorofiliana nos
vegetais.
A reacção química em uma pilha produz Com a energia eléctrica, pode-se provocar a
energia eléctrica. reacção de cromagem de um pára-choque de
automóvel.
No motor de um automóvel, a queima Uma pancada violenta (energia mecânica) pode
da gasolina produz energia mecânica iniciar a detonação de um explosivo.
(energia cinética).

De acordo com Feltre (2004), o calor é, sem dúvida, a forma mais comum de energia que
acompanha as reacções químicas. Voltando aos exemplos da primeira coluna da tabela acima,
nota-se que:

 Na queima do carvão, há liberação dos produtos químicos da reacção (CO e CO 2) e


aproveitamos apenas o calor;
18

 Velas foram inventadas para produzir luz, mas produzem também calor.
 Uma bateria eléctrica, se usada muito intensamente, acaba por se aquecer; isto é, além
de energia eléctrica, libera também calor.
 O motor do automóvel foi inventado para produzir movimento, mas ele se aquece, isto
é, libera também calor.

De todos esses factos que mencionamos resulta a importância do ramo denominado


Termoquímica.

Termoquímica é o estudo das quantidades de calor liberadas ou absorvidas durante as reações


químicas (Feltre, 2004) .

Segundo Usberco e Salvador (2002), são dois os processos em que há troca de energia na
forma de calor: o processo exotérmico e o endotérmico.

 Processo exotérmico é aquele que ocorre com liberação de calor. Genericamente,


podemos representar os processos exotérmicos por: A→ B+ calor
 Processo endotérmico é aquele que ocorre com absorção de calor. Genericamente,
podemos representar os processos endotérmicos por: A+ calor→ B

Em geral, basta provocarmos uma reacção exotérmica para que ela se inicie e prossiga
sozinha, como no exemplo da queima do carvão. Pelo contrário, uma reacção endotérmica
ocorre somente quando fornecemos continuadamente o calor de que ela necessita, como no
caso do cozimento dos alimentos.

2.7.2. Calorimetria

Calorimetria é o estudo e a medição das quantidades de calor liberadas ou absorvidas durante


os fenómenos físicos e/ou químicos. (Chang & Goldsby, 2013)

Imaginemos, por exemplo, dois béqueres, respectivamente com 1 L e 2 L de água, ambos em


ebulição e ao nível do mar. A temperatura é a mesma (100 °C) nos dois casos; no entanto, a
quantidade de calor no segundo béquer é o dobro daquela que existe no primeiro, já que ali a
quantidade de água também é o dobro. Note que a temperatura de um corpo depende da maior
ou menor agitação (velocidades de translação, de vibração e de rotação) das partículas
(átomos, moléculas ou iões) que constituem o corpo. A quantidade de calor, por sua vez,
depende da própria temperatura e da massa total do sistema.
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Figura 3. Dois béqueres, respectivamente com 1 L e 2 L de água, ambos em ebulição e ao


nível do mar. Fonte: (Chang & Goldsby, 2013)
 Unidades de quantidade de calor

É usual expressar quantidade de calor em calorias (cal):


Segundo Chang e Goldsby (2013), caloria é a quantidade de calor necessária para elevar de
14,5 °C para 15,5 °C a temperatura de 1 g de água. Na Termoquímica, usa-se bastante o
múltiplo quilocaloria, que é 1.000 vezes maior que a caloria.
1 kcal =1.000 cal
Como as várias formas de energia se equivalem (isto é, uma se transforma em outra),
podemos também expressar as “quantidades de calor” em outras unidades de energia (e de
trabalho), como, por exemplo, erg, joule, etc. Lembramos que:
1 cal=4,18× 107 erg =4, 18 J
Ressaltamos que no Brasil se adopta oficialmente o Sistema Internacional de Unidades (SI),
no qual a unidade de energia é o joule (J). Por esse motivo, essa unidade e seu múltiplo—
quilojoule (kJ) estão sendo cada vez mais usados em calorimetria:
1 kJ = 1.000 J

2.7.3. Calorímetros

São aparelhos usados para medir a quantidade de calor que é liberada ou absorvida numa
transformação física ou química.
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Figura 4. Calorímetro de água. Fonte: (Chang & Goldsby, 2013)

Um dos mais simples é o calorímetro de água, esquematizado acima. Colocando um corpo


aquecido (ou provocando uma reacção química) dentro da água do calorímetro, a água se
aquece. Pela elevação da temperatura da água, podemos calcular a quantidade de calor que é
liberada pelo corpo ou pela reacção. Para o cálculo, devemos recorrer aos nossos
conhecimentos de Física:

 A quantidade de calor cedida (Qc) pelo corpo (ou pela reacção) é igual à quantidade
de calor recebida (Qr) pela água: Qc = Qr
 A quantidade de calor recebida pela água (ou por qualquer substância) é dada pela
fórmula:

Qr = m×c×ΔT

Onde:

m - massa da substância (g);

c - calor específico da substância (cal/g " °C);

ΔT - variação da temperatura.

A quantidade de calor de um corpo depende de sua massa, da temperatura e também de uma


constante física, característica da própria substância, que é o seu calor específico. Este é
21

definido como a “quantidade de calor necessária para elevar de 1 °C a temperatura de 1 g da


substância”. (Chang & Goldsby, 2013)

Bomba calorimétrica é um aparelho utilizado para medir o calor de combustão das


substâncias. Seu esquema é apresentado nas figuras seguintes:

Figura 5. Bomba calorimétrica. Fonte: (Feltre, 2004)


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3. Conclusão

A termodinâmica compreende um importante ramo da física, que trata do estudo das relações
entre o calor (transporte de energia entre dois ou mais corpos, isto é, energia em movimento),
temperatura, trabalho e ainda, da energia.

A Primeira Lei da Termodinâmica é uma consequência directa do princípio de conservação da


energia. De acordo com esse princípio, a energia total de um sistema sempre se mantém
constante, já que ela não é perdida, mas sim, transformada. Quando o sistema recebe calor, ele
pode variar a energia interna e/ou realizar trabalho. Por exemplo, quando colocamos um
recipiente com gás sobre uma chama, o gás se expande realizando trabalho e aumenta sua
temperatura, ou seja, aumenta sua energia interna.

A parte do calor que o gás recebe é transformado em energia interna e parte desse calor é
utilizado para realizar trabalho termodinâmico. Assim, a soma dessas duas parcelas é igual ao
calor recebido, pois sabemos que a energia não pode ser criada e nem destruída, mas apenas
transformada. Com isso um gás realiza trabalho quando seu volume aumenta (T positivo).
Quando seu volume diminui, o trabalho é realizado sobre o gás (T negativo). A energia
interna é a soma das energias cinética e potencial de todas as partículas que constituem este
sistema. Por esta razão, é considerada uma propriedade do sistema, depende somente do
estado inicial e estado final do processo. Ainda, quanto maior a taxa de calor que está sendo
transferida a determinado sistema, maior será sua energia interna.
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4. Bibliografia

Atkins, P. & Jones, L. (2012). Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio
ambiente. 5 ed. Porto Alegre : Bookman.

Chang, R. & Goldsby, K. A. (2013). Química. 11. ed. Porto Alegre : AMGH.

Feltre, R. (2004). Química. 6. ed. São Paulo : Moderna.

Lima, J. (2016). Produto Educacional: Sequência didáctica para o ensino da termodinâmica.


Campo Mourão.

Rodrigues, D. C. (2011). Termodinâmica. Vitória : UFES.

Silva, R.C.B. (2019). Físico-Química. Fortaleza: EdUECE.

Usbergo, J. & Salvador, E. (2002). Química. 5. ed. reform. — São Paulo : Saraiva.

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