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Escola Do II Ciclo do Ensino Secundário Do Ebo/ Elaborado pelo Professor: Adriano Júlio Baptista;

PARA O ALUNO
Caro aluno! Queremos antes de mais, leva-lo a crer, “que nada na vida é difícil quando
se nos comprometemos com a causa”. Assim ao longo do ano vais aprender a filosofia
com ajuda deste maravilho material e de seu professor.
O nosso objectivo é permitir-te uma aprendizagem segura tão estimulante quanto
possível. Para que, no final, possas ter boas classificações. E se tudo correr bem saberás
pensar melhor e ser capaz de desenvolver suas próprias ideias, sobre os problemas, as
teorias e os argumentos filosóficos.
Assim, o aluno que se interessar e, com o máximo empenho terá, então os instrumentos e
as noções elementares que lhe permitirão aprofundar o seu estudo.
O objectivo não é decorar ideias e palavras filosóficas, mas sim, formar uma posição
pessoal e Critica perante os problemas, as teorias e os argumentos da filosofia. Isso não
exclui a possibilidade do domínio de tudo quanto constitui a envergadura filosófica: Sua
emergência, conceitos, pensadores e argumentos etc, pois estes são os meios inalienáveis
sobre os quais se senta todo o raciocínio filosófica para uma mente livre e pensamento
lógico. Pois a filosofia é uma actitude crítica e, deve fazer nascer, nos seus neófitos e
profissionais a mesma actitude face a realidapde existencial.
Segundo Flávio De Almeida a escola tem se tornado uma especialista na educação
“decoreba”. Ou na arte de decorar. Pois Não se ensina o aluno a pensar, mas a reproduzir
determinados conhecimentos. O processo de avaliação tem se prestado para enaltecer e
destacar a ignorância, reduzindo a energia e a auto-estima dos alunos. A cultura
paternalista vem contribuindo para formatar os alunos com “cabeças de empregados”.
Entretanto, o sistema de ensino ainda incute no aluno o sonho para o emprego e, não como
forma de segurança social e da vida. “Penso que seria muito mais estimulante se fosse
focada no reconhecimento e na exaltação do que o aluno sabe”.
Devemos saber que educar é libertar. Libertar é ensinar a pensar. Enquanto a escola
se prestar a formar apenas mão-de-obra, o homem vai estar condenada à escravidão
hereditária.
Espero que este texto sirva como motivação para juntos mudarmos o curso da História.
Mudar uma cultura é trabalho para duas ou mais gerações. Nossos filhos e netos serão os
principais beneficiários desta nova mentalidade que somos chamados a construir, uma
educação focada na liberdade de opções e de escolhas, na qual o homem possa trilhar um
caminho sem o paternalismo estatal social. Onde se respeitam as peculiaridades, as
diferenças, as aptidões, as vocações e a missão de cada cidadão. E ao Estado caberá a
obrigação de preservar e manter a ordem num país onde todos possam ter igualdade de
oportunidades.
A educação é a base da mudança e a chave do desenvolvimento de uma sociedade.
Bom Proveito!
O Professor

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Escola Do II Ciclo do Ensino Secundário Do Ebo/ Elaborado pelo Professor: Adriano Júlio Baptista;

PARA O ALUNO ........................................................................................................................ 1


TEMA # 1: EMERGÊNCIA DA FILOSOFIA ......................................................................... 4
O QUE É A FILOSOFIA? ........................................................................................................ 4
1.1.AS DIVERSAS MANEIRAS DE DEFINIR A FILOSOFIA. ............................................ 5
1.2.OBJECTO, MÉTODO E FUNÇÃO DA FILOSOFIA ....................................................... 6
1.3.ATITUDE FILOSÓFICA VERSUS ATITUDE MORAL ................................................. 7
DISTINÇÃO DA FILOSOFIA A OUTROS SABERES ...................................................... 8
1. 4. NATUREZA DAS QUESTÕES FILOSÓFICAS ............................................................. 9
1. 5. DIVISÕES DA FILOSOFIA .......................................................................................... 10
1.6.RELAÇÃO DA FILOSOFIA COM OUTROS SABERES .............................................. 11
1.7.MITO, CIÊNCIA E RAZÃO ............................................................................................ 12
1.5.1.PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA DA FILOSOFIA GREGA ....................... 13
OS PRÉ SOCRÁTICOS: PERÍODO NATURALISTA OU COSMOLÓGICO (620-470
A.C) ..................................................................................................................................... 13
PERÍODO ANTROPOLÓGICO OU SOCRÁTICO .......................................................... 14
TEMA # 2: DIMENSÃO ANTROPOLÓGICA, CULTURAL E ÉTICA DO HOMEM ... 19
2.1. CARACTERÍSTICAS DA NATUREZA HUMANA UNIVERSAL:............................. 21
A PESSOA HUMANA ........................................................................................................... 22
PROBLEMÁTICA DOS VALORES ..................................................................................... 25
OBJECTIVIDADE E SUBJECTIVIDADE DOS VALORES ........................................... 33
TEMA # 3: TEORIA DO CONHECIMENTO....................................................................... 39
A ESTRUTURA DO ACTO DE CONHECIMENTO E DICOTOMIA SUJEITO-OBJECTO
................................................................................................................................................. 46
AS CORRENTES FILOSÓFICAS SOBRE A ORIGEM DO CONHECIMENTO ............... 47
O RACIONALISMO .......................................................................................................... 48
O EMPIRISMO ................................................................................................................... 48
2. NATUREZA DO CONHECIMENTO................................................................................ 49
2.1 O REALISMO .................................................................................................................. 49
2. 2 O IDEALISMO ................................................................................................................ 49
2. 3 TRÊS MODELOS EXPLICATIVOS DO CONHECIMENTO ...................................... 50
2.3.1 A TEORIA DO CONHECIMENTO DE DAVID HUME ......................................... 50
IMPORTÂNCIA E PERIGO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO DO SÉCULO XX:
CIRCULO DE VIENA ........................................................................................................... 54
4.1 PROBLEMA DA CULTURA CIENTÍFICA-TECNOLÓGICA ...................................... 54
5. ATITUDE DA INTELIGÊNCIA PERANTE A VERDADE ............................................. 55
5.1 CRITÉRIOS DE VERDADE ............................................................................................ 57
BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................... 59

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INTRODUÇÃO

O conhecimento filosófico é um conhecimento racional de toda realidade


existencial, ou seja, tem como método de estudo racional ou o método do raciocínio. Do
ponto de vista histórico o conhecimento filosófico tem primazia em relação a outras
ciências ou formas de conhecimentos.
O conhecimento filosófico é tido desde os primórdios como a mãe de todos os
conhecimentos ou ciências existentes. É, entretanto, um conhecimento crítico que cria no
homem uma actitude crítica, uma actitude de dúvida e de insatisfação face aos enigmas
do universo e da vida. Em outros termos, podemos considerar o conhecimento filosófico,
conatural ao ser humano. Surge com aparecimento da própria humanidade, isto é, no
despertar de sua consciência, fruto da ansia ou busca sem fim pelo saber e, como forma
de compreender o mundo em sua volta (filósofos naturalistas).
Assim dentro do conhecimento filosófico ou da própria filosofia encontramos
certas especificidades ou ramos que indagam assuntos de diversas índoles, Assim,
abordaremos algumas temáticas que são fundamental para o nosso nível estudantil. Do
ponto de vista geral, o nosso material está subdividido em três unidades temáticas:
Unidade 1: Emergência Filosófica; Os Pré Socráticos ou filósofos Naturalista, Período
Antropológico ou Moral; Unidade 2: A Dimensão Antropológica, Cultural e Ética do
Homem; Unidade 3: Teoria do Conhecimento.
Portanto o conhecimento filosófico estuda o todo, a totalidade, o universo tomado
globalmente desde: a lógica, a epistemologia, a metafísica, a cosmologia, a ética, a
psicologia, a teodiceia, a política, a estética, etc.

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TEMA # 1: EMERGÊNCIA DA FILOSOFIA

O QUE É A FILOSOFIA?

1. Definir o que é a filosofia e explicar o seu objecto e método de estudo;


2. Demonstrar a importância, o lugar e o valor formativo da filosofia no
Ensino Secundário;

Falar da Emergência de Filosofia é falar do seu florescimento ou seja, de seu


surgimento, pois, emergência é emergir. Entretanto, já foi mencionado na introdução que
o surgimento da filosofia remonta o aparecimento da própria humanidade. A filosofia é
tão antiga quanto o homem é, e sempre o acompanhou desde o despertar de sua
consciência: na reflexão sobre a cultura, a linguagem, natureza ou melhor toda a
realidade.
Porem, do ponto de vista metódico e organizado surgiu na Grécia antiga, por volta
dos séculos VI-IV a.C, nas colonias Orientais da Ásia menor (em Mileto) com os filósofos
Jônicos.
Filosofia é a palavra de origem grega que significa literalmente “amigo da sabedoria ou
amor a sabedoria” surge da junção dos termos philos (amigo/amor); e sophia
(Saber/Sabedoria).
Do ponto de vista histórico o termo foi inventado por Pitágoras, que certa vez,
ouvindo alguém chamá-lo de sábio e considerando este nome muito elevado para si
mesmo, pediu que o chamassem simplesmente de filósofo, isto é, amigo da Sabedoria.
Na qualidade de ciência especial, fou utilizado pela primeira vez por Platão, significando
ciência da ignorância ou saber do não saber. Pois, filósofo é aquele que esta lançado à
pesquisa constante.
Aristóteles foi o primeiro a fazer pesquisa rigorosa e sistemática em torno desta
disciplina.
Segundo Aristóteles «a filosofia é a ciência que procura conhecer as causas
últimas de todas as coisas»1. Causa última refere-se a ideia arquética (Arche) que
significa principal, começo. Assim os primeiros filósofos que contribuíram
significativamente para desenvolvimento do conhecimento filosófico «procuravam a
substância principal ou dominante, chamada arque, a partir da qual todas as coisas
são feitas ou existem»2. Cuja a função é o esforço sincero e na procura inteligente de
como solucionar os problemas em cada época em que se vive, sem se contentar com os
resultados adquiridos, o torna este conhecimento uma forma inacabada do saber.

O contexto social, político e económico da filosofia grega


Prímum vivere, deinde philosophare (primeiro viver depois filosofar). O sentido é que,
sem determinadas condições sociais, económicas e política, torna-se impossível qualquer
especulação filosófica ou qualquer atividade cultural séria.

1
Cfr. MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. Vol. 1. São Paulo. Paulus.1981. Pág.7.
2
Cfr: R.C. Sproul. Filosofia para Iniciantes. São Paulo. Vida Nova, 2008. Pág. 19.
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A filosofia surgiu na Grécia graças as condições económicas (moeda), sociais (liberdade


dos cidadãos) e políticas (A Paz) que a Grécia vivia.

1.1.AS DIVERSAS MANEIRAS DE DEFINIR A FILOSOFIA.

A definição da filosofia não pode ser dado de uma forma conclusiva, pois não
existe um conceito universal aceite por todos os filósofos, isto é, tendo em vista as suas
perspectivas que são sempre abertas e dinâmicas. Se noutras disciplinas, como a
geografia, a física, a biologia ou astrologia, etc., é possível alcançar um acordo
generalizado nomeadamente em relação aos temas próprios de cada um, assim como no
tocante às maneiras de se abordar, já em filosofia essa possibilidade revela-se, por
natureza problemática.
Por esta razão, a resposta sobre a filosofia deverá ser procurada no interior de cada
sistema filosófico particular. Isto porque sendo a filosofia um saber subjectivo, cada
filósofo apresentará uma definição de filosofia tendo em conta a sua própria filosofia; o
seu modo de interpretar a realidade enigmática. Cada filósofo ou cada filosofia dará uma
resposta subjectiva. Mas em filosofia o problema essencial não consiste em como definir
a filosofia, mas no modo de conceber e fazer filosofia.
Sendo a filosofia um saber que se desenrola na subjectividade, não constituirá
nenhuma novidade ao afirmarmos que existem várias filosofias como tais filósofos, a luz
desta realidade também surgem várias definições sobre a filosofia, mas todas estas
definições são aceitáveis enquanto as práticas filosóficas daqueles que avançaram estas
definições não forem superadas.
A este respeito, analisemos as definições de filosofia na perspectiva de alguns
filósofos:
 Platão, dirá que a filosofia é o uso do saber em proveito do homem, o que implica
em, 1º, posse de um conhecimento que seja o mais amplo e mais válido possível,
e, 2º, o uso desse conhecimento em benefício do homem.
 Para René Descartes, a filosofia é o estudo da sabedoria.
 Para Hegel: Filosofia é um saber absoluto
 Para Thomas Hobbes, é o conhecimento causal e a utilização desse em benefício
do homem.
 Para Immanuel Kant, é ciência da relação do conhecimento finalidade essencial
da razão humana, que é a felicidade universal; portanto, a Filosofia relaciona tudo
com a sabedoria, mas através da ciência.
 Para John Dewey, é a crítica dos valores, das crenças, das instituições, dos
costumes, das políticas, no que se refere seu alcance sobre os bens.
 Para Husserl, a Filosofia é a ciência dos inícios verdadeiros, das origens.
 Para Johann Gottlieb Fichte, é a ciência da ciência em geral.
 Para Auguste Comte, é a ciência universal que deve unificar num sistema
coerente os conhecimentos universais fornecidos pelas ciências particulares.
 Segundo Bertrand Russell, a filosofia origina-se de uma tentativa obstinada de
atingir o conhecimento real. Aquilo que passa por conhecimento, na vida comum,
padece de três defeitos: é convencido, incerto e, em si mesmo, contraditório.

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De modo geral, define-se a filosofia como ciência que procura conhecer as causas
últimas de todas as coisas à luz natural da razão, ou seja, é a ciência de todas as coisas,
pelas últimas causas, à luz natural da razão.
Em suma, a filosofia não conhece definição unívoca dos conceitos,
compreendendo o conceito de filosofia. (...), cada filósofo elabora/desenvolve uma
perspectiva acerca do real, fruto do seu modo de ver, pensar, analisar, problematizar a
realidade desde o seu contexto e a sua história.

1.2.OBJECTO, MÉTODO E FUNÇÃO DA FILOSOFIA

Todo e qualquer âmbito do saber implica um método, um objecto de estudo e uma


finalidade à atingir.

Objecto

A filosofia estuda o todo, a totalidade, o universo tomado globalmente. O seu


objecto de estudo afecta toda a realidade: o Homem, o Cosmo e o absoluto.
O Homem: por ser o único ser vivente capaz de compreender tudo o que estiver
ao seu redor. Transformar seu meio para seu próprio benefício.
O Mundo: porque o homem não vive submerso, vive, numa realidade que o torna
capaz de se realizar.
O Absoluto: o homem desde sempre se questionou a cerca da sua existência e da
origem deste mundo.

Método
Método – do grego methodos significa caminho para se chegar a um fim. Todo
método, seja na filosofia ou em qualquer outro campo, tem por finalidade formular ou
empreender afirmações, previsões e explicações, e, no caso específico da filosofia,
descobrir meios de chegar a uma reflexão mais precisa e eficaz sobre o eu, o outro e o
mundo da natureza.
A filosofia tem como método, o da justificação lógica, racional, se serve somente
da razão, daquilo que os gregos chamam de Logos.
Em filosofia cada filósofo empreenderá o seu método tendo em conta a sua visão
do mundo sobre a realidade que perscruta como por exemplo: a dialéctica.

Dialéctica

Sócrates inaugura o método da ironia e a maiêutica, ou seja, a arte de perguntar


carregado de um fingir-se de não saber sobre o que se pergunta, na luta pelo alcance de
uma verdade mais pura.
Platão virá aperfeiçoar a maiêutica de Sócrates e transforma-a no que ele chama
dialéctica.
A dialéctica platónica conserva a ideia de que o método filosófico é uma
contraposição, não de opiniões distintas, mas de uma opinião e a crítica da mesma.

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Conserva pois, a ideia de que é preciso partir de uma hipótese primeira e depois ir
melhorando, à força das críticas que se lhe fizerem.

Em Hegel, encontramos o método propriamente dialéctico que abrange três


momentos: tese, antítese e síntese. Este processo renova-se constantemente, numa
tripartição

Função

É indispensável a grande importância do filosofar, tal como as suas razões de ser


no mundo do saber, na dimensão da vida humana, uma vez que, ela é pois, para o homem
uma realidade inevitável. Outrossim, destaca-se o saber filosófico pela excelência de seu
objecto, levando a conhecimentos valiosos. É pela filosofia que se torna a mente
funcionalmente mais capaz de operar e criticamente mais segura na decisão sobre a
verdade levando o homem:

 A descoberta de si
 A procura do sentido de vida
 A formação das personalidades e do carácter
 A aprendizagem da arte de viver
 Ao desenvolvimento do pensamento lógico e discursivo e do pensamento
meditativo, ou seja, encontrar respostas para as nossas inquietações, até mesmo
para as nossas ideias mais básicas.

A filosofia tem finalidade puramente teórica, ou seja, contemplativa, não procura


a verdade por outro motivo que seja a própria verdade. O que esta implicitamente ligado
ao seu objectivo de estudo, que é o conhecimento.

1.3.ATITUDE FILOSÓFICA VERSUS ATITUDE MORAL

1. Caracterizar a atitude filosófica e distingui-la do senso comum e de outros


tipos de saber;

Atitude filosófica não o mesmo que atitude natural.


Entendemos por atitude natural aquela que se centra na resolução de problemas
práticos, que se guia pelo senso comum.
Atitude filosófica é aquela que não deixa os problemas encerrarem-se numa
formulação limitada, e que os conduz tão longe quanto possível. Ela decorre do dia-a-dia,
na interação com as coisas, por este facto não é fácil caracteriza-lo dada a diversidade de
aspeto que apresenta. Dentre os vários aspectos, vamos estudar quatro que caracterizam
a atitude filosófica; o espanto, a dúvida, o rigor e a insatisfação.
O ESPANTO: segundo Aristóteles a filosofia teve sua origem do espanto, fruto
da admiração, da estranheza diante dos enigmas do universo e da vida.
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A DÚVIDA3: é o critério da verdade. Ao filósofo exige-se que duvide de tudo que


não seja verdade adquirida. Se nunca duvidarmos de nada nunca saberemos o fundamento
daquilo em que acreditamos e jamais pensaremos pela nossa cabeça.
O RIGOR: nos leva a bases mais sólidas. É um questionamento radical e crítico
que não admite conhecimentos ambíguos ou ideias contraditórias.
A INSATISFAÇÃO: é o desejo sem fim pelo conhecimento, fazendo da procura
do saber um modo de vida. Não se satisfazendo com nenhuma conclusão, querendo saber
mais e sempre mais.

DISTINÇÃO DA FILOSOFIA A OUTROS SABERES

A tradição consagrou a distinção entre o saber da filosofia e os saberes do senso


comum e científicos. A filosofia, embora objectivamente universal, ela tende a uma
verdade subjectiva, por princípio, o que é o contrário das ciências positivas ou seja do
saber científico.
Ciência é o conhecimento das causas, de algo que não é imediatamente evidente
e supõe portanto um raciocínio pelo qual se passa de um conhecimento a outro mediante
o uso da lógica. A filosofia sendo ciência distingue-se das ciências particulares na medida
em que estas se limitam a buscar as causas próximas, enquanto a filosofia é explicação
pelas causas mais elevadas ou causas últimas.
A Filosofia não se confunde com a ciência (…), porque a sua actividade não
assenta nas experimentações ou na verificação observacional; não se confunde com os
saberes religiosos porque não tem por base a autoridade religiosa, a tradição ou a
revelação; não se confunde com a política, porque não visa conceber a melhor forma de
organizar o poder, assim como não se confunde com o senso comum, porque ela não se
contenta e/ou conforma com o obvio, o aparente, ‘o ouvir a dizer’. É pois aqui onde
encontramos a sua autonomia, isto é, a filosofia tem o seu próprio modo de pensar, não
depende de outros saberes, mas dialoga com todos os saberes, reflectindo a dimensão
comunitária da vida.

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Dúvida Metódica: Paradoxalmente, é o caminho da dúvida que leva Descartes ao método que
nos conduz ao conhecimento de todas as coisas. Descartes parte da seguinte ideia: aquilo que nos enganou,
mesmo uma só vez, nunca mais merece a nossa confiança, tornando-se duvidoso. Aquilo que é duvidoso
deve ser considerado como falso, pois a realidade só comporta dois valores: o verdadeiro ou falso.
Perante esta situação começa por Duvidar de tudo. A dúvida, neste caso, será sistemática e geral,
mas não céptica, pois o projecto de Descartes não visa fechar-se dentro da dúvida, mas antes utilizá-la como
instrumento para superar a própria dúvida.

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1. 4. NATUREZA DAS QUESTÕES FILOSÓFICAS

1. Identificar os problemas filosóficos e explicar as suas características;


2. Aplicar na prática as ferramentas do trabalho filosófico.

“Todo o homem é filósofo por natureza”, ou seja, todo o homem, tem interrogações
que podemos considerar de natureza filosófica.

Quais são as questões da Filosofia?

Sendo a filosofia um saber que estuda as causas primeiras e últimas de toda a


realidade, a natureza das suas questões encontramo-las nestas mesma realidade primária
e última; o que significa dizer que as questões filosóficas são inerentes a toda realidade
humana, são globalizantes estendendo-se nas extremidades entre as diferentes
disciplinas; levam o pensamento as últimas consequências (aproximar-se dos limites),
resistindo a toda tentativa de solução, quer esta se baseie no simples raciocínio quer na
experiência; preparam decisões esclarecidas.
É claro que seja qual for a natureza da questão (politica, artística, moral, etc.),
pode ser filosófica, pois o que caracteriza as questões filosóficas é o modo como é
elaborada e desenvolvida a questão, isto é, assumindo uma atitude filosófica ao
questionar.
Por outras palavras, podemos dizer que uma questão é filosófica quando esta no
seu desenvolvimento rompe com as barreiras de uma disciplina particular, tal como o seu
respectivo método, exigindo deste modo uma abordagem cada vez mais geral, por
exemplo: Quem é o homem que sou eu?
As questões filosóficas caracterizam-se pela natureza do
questionar/problematizar tendo em consideração a atitude filosófica ou seja
caracteriza-se pela radicalidade (interesse de descobrir a natureza intima das coisas),
universalidade (compreensão da totalidade), historicidade (é sempre um saber
situado/contexto) e autonomia (atitude livre e independente). Pois tais questões são
inquietadoras, antidogmáticas, radicais, fundantes, intrigantes, vitais e provocadoras
de outras questões, cujas respostas diferem segundo as perspectivas e nunca são
definitivas. Estas questões podem ser de natureza gnosiológica (ex. O que é conhecer?),
ética, cosmológica, existencial (ex. o que é existir?), antropológica, teológica,
axiológica (ex. o que é o valor?), etc. O que de algum modo leva o homem a libertar-
se do preconceito que tem desta ou aquela realidade e pela proximidade dos problemas
aprende a pensar e argumentar o que compreende.
Portanto, sendo a tarefa do filósofo inquiridora; o filósofo é alguém que faz
perguntas e que não admite a possibilidade de pôr um ponto final às questões, isto
significa que qualquer resposta dada a uma questão filosófica é sempre susceptível de ser
de novo questionada e de levantar novas perguntas. Assim sendo, em Filosofia, não se
aceitam respostas definitivas. Por isso se diz que a Filosofia é uma actividade anti
dogmática. As afirmações com que pretendemos justificar ou criticar as teorias ou teses
constituem os argumentos filosóficos. Problemas, teorias e argumentos filosóficos são o
essencial da Filosofia.

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Perante as questões, é necessário muita humildade, paciência, prudência e


coerência para tal actividade se caracterizar como sendo filosófica, pois que não
constitui verdade por exemplo dizer que nenhuma questão filosófica tenha solução,
o certo é que as mesmas são insolúveis e as reflexões sobre ela gera problemas mais
específicos sobre os quais se pode obter soluções satisfatórias, isto é pelo facto das
questões filosóficas se compreenderem como dialéctica (ex. problema → possível
solução → critica → problema, por diante).

1. 5. DIVISÕES DA FILOSOFIA

1. Demonstrar o surgimento e o desenvolvimento da reflexão filosófica e a luta


constante para a sua sobrevivência;
2. Mencionar e descrever os principais períodos de desenvolvimento da filosofia e
características fundamentais de cada um;
3. Explicar a origem histórica da filosofia e as suas grandes tradições

A filosofia como “mãe” das ciências, porque todas as formas do saber emanaram
dela, desvaneceu-se para dar lugar a especialidades filosóficas, que sem deixarem de se
relacionaram, são relativamente autónomas.
DIVISÃO TRADICIONAL DA FILOSOFIA
Lógica: estuda as operações da inteligência, enquanto sujeitas à distinção do
verdadeiro e do falso.
A teoria do Conhecimento/Gnosiologia: estuda os problemas da origem,
natureza e limites da faculdade de conhecer ou dos limites do conhecimento.
A Ética; é o estudo filosófico que reflecti as questões do bem e do mal.
A Estética: é o estudo da natureza quanto a apreensão do belo expressa na obra
de arte.
A Metafísica: retrata o mundo supra-sensível. Subdivide-se em Metafísica geral
conhecida por Ontologia, estudo do ser, suas categorias e relação (substância-acidente,
essência-existência, forma-matéria, ser-devir) e Metafísica Especial: tempo e espaço,
psicologia racional e teologia ou teodiceia.
A Antropologia: estuda a natureza do homem, no sentido rácio.

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1.6.RELAÇÃO DA FILOSOFIA COM OUTROS SABERES

1. Mencionar e identificar o objecto de estudo das principais


disciplinas filosóficas;
2. Demonstrar a relação existente entre a Filosofia, as ciências e
demais saberes;

No começo, todo o saber estava ligada à Filosofia, sendo o filósofo o sábio que
reflectia sobre todos os sectores da indagação humana. Era comum encontrar filósofos
que fossem geómetras e físicos, e escrevessem sobre astronomia.

A partir do séc. XVIII, com a revolução metodológica iniciada por Galileu


promove-se a autonomia da ciência e o seu desligamento da Filosofia. Aos poucos o
saber vai se fragmenta, dando origem às ciências particulares. Com a fragmentação do
saber, cada ciência se ocupará de um objecto específico. O confronto dos resultados e sua
verificabilida de permitem uniformidade de conclusões e, portanto, certa objectividade.
Aqui, o saber filosófico passa a distinguir-se do saber das ciências.

A filosofia e a ciência, sendo saberes distintos, têm contudo muitas características


comuns: ambas são saberes racionais e, portanto opõem-se ao senso comum. Tanto a
filosofia como a ciência são saberes antidogmáticos e assentam na problematização.

Contudo, a forma como colocam os problemas é muito diferente: a ciência só


coloca problemas que possam ser investigados através da experiência (observação e/ou
experimentação), enquanto que a interrogação filosófica não conhece limites.

Tanto a filosofia como a ciência são saberes metódicos, mas enquanto que na
ciência os cientistas, dentro de uma mesma área, seguem o mesmo método, filosofia cada
filósofo tem um método adaptado às suas preferências pessoais e à sua visão do mundo.

O saber científico por ser objectivo é confirmável, ao passo que os enunciados da


filosofia só podem ser fundamentados através da argumentação e são objecto de debate
constante.

Há ainda um ponto em que a filosofia e a ciência divergem: a relação com o seu


passado. Para a ciência o passado está morto, constitui uma história de teorias
ultrapassadas que, se bem que tenha m sido importante enquanto aproximações às teorias
actualmente em vigor, já nada têm de verdade (ex. O heliocêntrico versus geocentrismo).
No caso da filosofia já não é assim: o passado, continua a dar sentido ao presente, pois o
que os filósofos pensaram nas épocas anteriores contínua a ter actualidade, continua a
fazer sentido, quanto mais não seja devido a radicalidade da sua problematização e a
originalidade das suas respostas.

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1.7.MITO, CIÊNCIA E RAZÃO

1. Explicar o significa do mito e da razão;

Mito, termo grego que significa contar, narrar, falar alguma coisa para outros ou
ainda conversar, contar, anunciar, nomear, designar. Contudo, o mito é uma narrativa
sobre a origem de algumas coisas (origem dos astros, da Terra, dos homens, dos
elementos naturais, da saúde, da doença, da morte, etc.).

As respostas míticas são explicação que podem contentar a fantasia, embora não sejam
verdadeiras.
As respostas científicas procuram satisfazer a razão, mas são explicações incompletas.
As respostas filosóficas oferecem explicações completas de todas as coisas, do conjunto,
do todo.
Segundo Turchi, o mito é a animação dos fenómenos da natureza e da vida.
Tipos de Mito
Mito-verdade: representação fantasiosa que pretende exprimir uma verdade.
Mito-fábula: narração imaginosa sem nenhuma pretensão teórica.
O mito cumpria duas importantes funções:
Função Explicativa: explicava o porque das coisas.
Função Normativa: Servia de regra para acção, de modelo comportamental que o
indivíduo deve imitar.
Hoje. O estudo do mito4 é importante porque representa o primeiro esforço da
humanidade para conhecer e explicar as coisas, o mundo e suas causas.

Observando que os antigos narradores – Homero e Hesiodo – só transmitiram


tradições sem dar nenhuma prova de suas doutrinas, Aristóteles, um dos fundadores da
filosofia ocidental, distinguia entre filosofia e mito dizendo ser próprio dos filósofos o
dar a razão daquilo que falam (a justificação).

A razão cabe dizer, origina-se da palavra latina ratio que vem do verbo reor e
que quer dizer contar, reunir, juntar, medir, calcular. Dessa forma, segundo Chauí,
“razão” significa “pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção, com clareza
e de modo compreensível para outros”. Assim, razão pode ser entendida como a
capacidade intelectual para pensar e expressar-se correcta e claramente e dizer as
coisas como elas realmente são; o que difere-lhe do mito. Quer dizer, enquanto a razão
explica, o mito narra simbolizando.

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Aristóteles nos mostra que o Mito nos diz como se estrutura o universo, ou seja, o mundo dos deuses,
dos homens e das coisas, ao passo que a filosofia quer apresentar o porquê do mundo, do homem, de Deus.
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1.5.1.PRINCIPAIS PERÍODOS DA FILOSOFIA DA FILOSOFIA GREGA

OS PRÉ SOCRÁTICOS: PERÍODO NATURALISTA OU COSMOLÓGICO (620-470


A.C)
“Qual é o princípio, a substância primária, originadora do universo?”

Este é o período (da filosofia pré-socrática), pelo facto dos filósofos desta época
se preocuparem pela origem das coisas (universo). Este período corresponde as escolas
pré-socráticas com a excepção dos sofistas. O tema central é a explicação do cosmos
através de uma substância primordial (arkhé).
Nesta época destacam-se:
Na escola jónica

 Tales de Mileto (624-546 a.C.): Considerado o pai da filosofia. Para ele a água é
a substância primordial. Foi a partir da água que tudo surgiu.
 Anaximandro (610-545 a.C.): para este, a substância primordial é o áperon,
termo grego que significa o indeterminado, o infinito.
 Anaxímenes (570-526 a.C.): tentou uma possível conciliação entre Tales e
Anaximandro. De acordo com a sua concepção, o ar era a substância primordial.
 Heraclito de Éfeso (540-475 a.C.): concebia a realidade como algo dinâmico, em
permanente transformação. A realidade é um eterno devir. A luta das forças
opostas impulsiona o movimento das coisas.

Escola Pitagórica

 Pitágoras de Samos (582-487 a.C): fundou na Magna Grécia, uma sociedade


filosófica que exerceu grande influência política. Para ele a essência das coisas
são os números.

Na escola Eleática

 Heráclito de Efeso (535-475) panta rei oudén


ménei. “tudo flui e nada fica como é”
O ponto de partida de Heráclito é a constatação incessante o do devir das ciosas, ou
seja, a mudança constante das coisas do universo. Pois tudo flui, tudo muda, tudo se
transforma, nada permanece estável. O mundo, o homem, as coisas estão em constante
transformação. Nós somos e não somos ao mesmo tempo. Ninguém banha duas vezes
no mesmo rio. Para ele o elemento primordial de todas as coisas é o fogo.
 Parménides Eleia, o primeiro grande metafísico da história (Séc. V a.C): para
ele, há duas vias para se compreender a realidade: a via da essência e a via da
aparência. A via da essência revela o que o ‘Ser’ é, e o ‘Não-ser’, não é. Foi o
primeiro a formular os princípios lógicos da identidade (todo conceito é idêntico
a si mesmo, A=A) e da não contradição (uma coisas não pode ser e não ser ao
mesmo tempo e sobre a mesma perspectiva). Concluiu que o ser é eterno, único e
imutável. Afirmava que Heraclito analisou a realidade pela via da aparência.

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 Zenão de Eleia: formulou interessantes argumentos (corrida de Aquiles com a


tartaruga), para demonstrar a dificuldade da razão para entender a noção do
movimento.
 Empédocles de Agrigento: procurou conciliar as concepções de Parménides e de
Heraclito. Defendeu a existência de quatro elementos (fogo, terra, agua e ar) como
raízes de todas as coisas. Para ele, dois princípios universais (amor e ódio)
movimentam a realidade, misturando os quatros elementos.
Escola atomista

 Demócrito de Abdera (460-360): desenvolveu o atomismo, ou seja, a realidade


é constituída por partículas indivisíveis, os átomos. O átomo equivale ao ser. O
vácuo é a ausência do ser. O vácuo torna o movimento possível. O acaso promove
a aglomeração de certos átomos e a repulsão de outros, resultando desse processo
a infinita variedade de coisas.

PERÍODO ANTROPOLÓGICO OU SOCRÁTICO


“O homem é um microcosmos; é a síntese das maravilhas inefáveis do universo”

Este período corresponde os sofistas e Sócrates, também é conhecido como


período da filosofia ática. Neste, o homem torna-se o centro de toda a problemática
filosófica. Aqui a filosofia investiga as questões humanas: ética, politica, pedagogia, as
técnicas.
Escola sofista

Esta escola, as suas características era centrar seu interesse no homem e as suas
relações com a sociedade. Etimologicamente, o termo sofista significa sábio«»
sophos. Depois, com o passar do tempo, o termo passou a ter conotação de impostor,
charlatão, malabarista, hábil, enganador, manipulador, que se afirma possuidor de um
saber universal, mas que não atinge a essência das coisas. Ou seja, o sofista é alguém cujo
o objectivo não é buscar a verdade, mas sim, convencer o interlocutor no discurso. Os
sofistas eram professores viajantes, que vendiam ensinamentos práticos de filosofia.
Davam aulas de eloquência, argumentação e habilidade no manejo das doutrinas
divergentes.
Os expoentes da Sofística:

 Protágoras de Abdera: importante sofista. Defende que todas as coisas são


relativas às disposições do homem. Afirma que ‘o homem é a medida de todas as
coisas, das que são enquanto são e das que não são, enquanto não são’.
 Gorgias de Leontini: sofista que aprofunda o subjectivismo relativista. Defende
o cepticismo absoluto: nada existe, se existe alguma coisa não poderíamos
conhecê-la, se pudéssemos conhecê-la não poderíamos comunicar os nossos
conhecimentos aos outros.

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Escola Do II Ciclo do Ensino Secundário Do Ebo/ Elaborado pelo Professor: Adriano Júlio Baptista;

Escola Socrática

Sócrates de Atenas (469 a.C): ponto mais alto de sua filosofia: “Só sei que Nada
sei” «Cito te Ipsum»”conhece-te a ti mesmo”.
SÓCRATES sentiu-se chamado pelo oráculo de Delfos para cumprir a sua missão de:
incitarem os homens a se preocuparem, antes de tudo, com os interesses da própria alma,
procurando adquirir a sabedoria e a virtude.

NO MÉTODO SOCRÁTICO: Ironia e a Maiêutica

A Ironia é uma espécie de simulação, mas em Sócrates, tem a finalidade de por a


descoberta vaidade, de desmascarar a impostura e de seguir a verdade. De despertar o
conhecimento do Néscios.
Sócrates pedia ao interlocutor a definição de um determinado conceito, com suas
perguntas. Sócrates deixava embaraçado e perplexo aquele que está seguro de si mesmo.
Desperta a sua curiosidade e estimula-o a reflectir. A sua arte pode ser comparada coma
de sua mãe, que era parteira, porque ele é como o médico que ajuda nos partos dos
espíritos. Despertar a ignorância dos sábios. Por este facto, o método Socrático é chamado
de Maiêutica:
Ex.:
- Acabaste de falar em Amor. O que entendes por amor?
- Amor é querer bem a outra pessoa.
- Que entendes por querer bem a outra pessoa?
-é desejar tudo de bom a outra pessoa…

“A Morte de Sócrates, de Jacques-Louis David (1748-1825) Sócrates foi um dos


primeiros filósofos da tradição ocidental e foi condenado a morte no séc. V a.C, não
deixou qualquer obra escrita, mas Platão, um dos seus alunos, expôs algumas ideias. A
morte de Sócrates fascinou poetas e artistas e esta é uma das melhores representações do
célebre momento, descrito no diálogo Fédon, de Platão, em que Sócrates se prepara para
beber o veneno que o matará, enquanto continua uma discussão filosófica sobre a vida
além da morte”5. Sócrates foi condenado a beber cicuta, veneno mortal, acusado de
corromper a juventude.

5
Cfr: A Arte de Pensar. Filosofia 10º ano. Lisboa. Didáctica Editora. 2004. Pág. 10.
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Últimos momentos de Sócrates!

Por toda parte eu vou persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preocuparem exclusivamente, e nem tão
ardentemente, com o corpo e com as riquezas, como devem preocupar-se com a alma, para que ela seja quanto
possível melhor, e vou dizendo que a virtude não nasce da riqueza, mas da virtude vem, aos homens, as
riquezas e todos os outros bens, tanto públicos como privados. Se, falando assim, eu corrompo os jovens, tais
raciocínios são prejudiciais; mas se alguém disser que digo outras coisas que não
essas, não diz a verdade. Por isso vos direi, cidadãos atenienses, que secundado Anito ou não, absolvendo-me
ou não, não farei outra coisa, nem que tenha de morrer muitas vezes.

Pois que, ó cidadãos, o temer a morte não é outra coisa que parecer ter sabedoria, não tendo. É de fato parecer
saber o que não se sabe. Ninguém sabe, na verdade, se por acaso a morte não é o maior de todos os bens para
o homem, e entretanto todos a temem, como se soubessem, com certeza, que é o maior dos males. E o que é
senão ignorância, de todas a mais reprovável, acreditar saber aquilo que não se sabe? Eu, por mim, ó cidadãos,
talvez nisso seja diferente da maior parte dos homens, eu diria isto: não sabendo bastante das coisas do Hades,
delas não fugirei. Mas fazer injustiça, desobedecer a quem é melhor e sabe mais do que nós, seja deus, seja
homem. Isso é que é mal e vergonha. Não temerei nem fugirei das coisas que não sei se, por acaso, são boas.

Ver Apologia de Sócrates


por Platão

Escola Platónica

PLATÃO (427-347 a. C) é o expoente máximo de Sócrates, mas que com sua


genialidade confere-lhe uma estrutura filosófica mais sólida e principalmente original,
dando origem a uma das orientações mais significativas da história da filosofia.

TEORIA DAS IDEIAS: toda a doutrina de Platão é dominada pela teoria das
ideias. Nela, Platão distingue dois mundos: 1º-mundo inteligível e o2º- mundo sensível.
O primeiro é causa do segundo.

O Mundo Inteligível, também chamado mundo das essências, é onde se encontra


a verdadeira realidade, que Platão identifica de as Ideias ou arquétipos.

Mundo Sensível, ou mundo das aparências, é o mundo que nos rodeia, das
sombras, das aparências, são reflexos da verdadeira realidade. Platão apresenta esta
concepção de forma simbólica na chamada Alegoria ou Mito da Caverna.

Mito da caverna
Nosso conhecimento assemelha-se a de alguém que está em uma fogueira, voltado para o fundo de uma
caverna. Diante da fogueira desfilam as coisas verdadeiras, reais, mas por estarem às suas costas, não as
podem ver directamente. Só percebe projectadas no fundo da caverna, suas sombras. É esse o tipo de
conhecimento que temos, neste mundo. Percebemos as sombras, as imagens, não as coisas em si mesmas.
Portanto, é urgente libertar-nos da caverna, das trevas da ignorância.
Doutrina da reminiscência (O conhecimento): segundo Platão, conhecer é recordar; a
ocasião para isso é o encontro com as coisas deste mundo, as quais são cópias das ideias.
O seu encontro desperta na alma a recordação das ideias contempladas pela alma no
mundo das ideias.

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A Psicologia (O Homem): para Platão o homem é essencial alma. O homem não é uma
unidade substancial, mas sim, acidental. Essencialmente diversos, a alma e o corpo
encontram-se juntos provisoriamente durante a vida presente. Na origem o homem era
somente alma e existia no mundo das ideias no hiperurânio. A sua felicidade consistia na
contemplação das ideias. Mas a alma não foi capaz de manter o esforço para a
contemplação e, não conseguindo ver mais as ideias, por uma obscura eventualidade se
tornou pesada, cheia de esquecimento e perversidade e caiu sobre a terra, mas apesar da
queda a alma não perdeu a sua imortalidade. Esta presa no corpo aguardando a sua
libertação (a morte do corpo).
Escola Aristotélica ou peripatética

ARISTÓTELES (384-322 a.C): desenvolve a lógica, ferramenta básica do raciocina.


Sua visão filosófica caracteriza-se pelo esforço em captar a realidade de modo unitário
(contra o dualismo de Platão) e, ao mesmo tempo pela tentativa de restituir as causas
últimas de tudo aquilo que é mutável e contingente a um princípio único e transcendente.

Substância e Acidente
Segundo Aristóteles, a realidade é constituída por substância e acidentes. Substância é
aquilo que é em si e não em outra coisa. Acidente é tudo que acompanha a substância
como algo não essencial.

Acto e Potencia
O Acto é toda e toda a realidade que, como forma, tem como característica ser
determinado, finito, perfeito, completo. É o que cada ser já é de facto.

A Potência é possibilidade que todo o ser natural tem de chegar a ser algo diferente do
que já é; é o ser que ainda não é, mas contudo, pode ser.

As quatro Causas aristotélicas


Causa Material: da qual uma coisa é feita, a matéria com que uma coisa é feita;
Causa Formal: que determina o que uma coisa é. Ponto de leitura da matéria;
Causa Eficiente: por meio da qual uma coisa é feita, o agente que executa a acção;
Causa Final: para o que uma coisa é feita, sua finalidade ou seu propósito.
Ex.: uma estátua, sua forma é a ideia de um artista, sua causa material é o bloco de
mármore, sua causa eficiente é o escultor, sua causa final: decorar a casa, o jardim, ou
perpectuar a memória de alguém.

As deis categorias Aristotélicas


Para Aristóteles, as categorias referem-se a ideia às quais pode ser atribuída uma
substância específica.

Estas categorias são: quantidade, qualidade, relação, lugar, data, posição, posse,
acção, possibilidade e substância.

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Ex.: podemos contactar que um homem tem 1,80 m de altura. O termo homem é a
substância que estamos a descrever, o predicado 1,80m é a quantidade, se é alta ou baixa
é a qualidade, se esta em Luanda é o Lugar…

3º Período Helenístico ou Ético


A nota-se neste período uma interacção cultural entre a cultura grega e a dos povos
orientais, conquistados pelos macedónicos. Vê-se uma continuidade das escolas platónica
e aristotélica.

Este período é dominado pelo problema da acção humana. Compreende as escolas


estóicas, epicurista e céptica. A grande preocupação filosofia é a busca de uma norma de
vida, o segredo da felicidade, um princípio de conduta que assegure a paz da alma.

Duas foram escolas que surgiram neste período: o estoicismo, com Zenão de Cítio
e o Hedonismo, com Epicuro de Samos.

4º Período Greco-Romano ou Religioso


Este período corresponde a fase da expansão e hegemonia do Império Romano e
compreende as escolas neoplatónicas, cuja Plotino (205-270 d. C) é o expoente máximo.
Na filosofia ocorre nesta fase a assimilação e o desenvolvimento da herança grega clássica
frente ao cristianismo.

O problema período era da unidade do homem com Deus. Valendo-se das


sugestões do judaísmo e cristianismo supera-se os limites da especulação metafisica de
Platão e Aristóteles, os quais não conseguiram fundar a realidade sobre um princípio
único. O que Plotino denomino de Uno; é do uno onde deriva todas as coisas por meio do
processo da emanação. É exactamente este pensamento que virá influenciar a filosofia
medieval e moderna.

Estes períodos não representam rígidas divisões cronológicas: não servem para
outra coisa que não seja para dar um quadro geral e resumido do nascimento, do
desenvolvimento e da decadência da pesquisa filosófica na Grécia antiga.

De um modo geral, podemos ainda descrever as fases da história da filosofia e os


seus paradigmas de modo geral, o que é imprescindível. Pois é dela se refere quando
falamos da divisão histórica da filosofia.
Tal divisão compreende:

1. A filosofia antiga: cujo paradigma é cosmológico


2. A filosofia medieval: cujo paradigma é teocéntrico
3. A filosofia moderna: cujo paradigma é antropocêntrico
4. A filosofia contemporânea: vária, dependendo da perspectiva da qual se pensa.

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TEMA # 2: DIMENSÃO ANTROPOLÓGICA, CULTURAL


E ÉTICA DO HOMEM

1. Definir os conceitos de antropologia, cultura e da ética;

Falar da dimensão antropológica, cultural e ética do homem implica


necessariamente partir do conceito de cada dimensão. Pois, o homem é um conjunto de
complexidade e tendências.

A dimensão antropológica do homem subscreve-se desde o seu ser. Antropologia


(cuja origem etimológica deriva do grego άνθρωπος = anthropos, (homem) e λόγος =
logos (razão / pensamento) é a ciência preocupada com o factor humano e suas relações.
A divisão clássica da Antropologia distingue a Antropologia Social da Antropologia
Física. Cada uma destas, em sua construção abrigou diversas correntes de pensamento.

Por esta razão, o termo antropologia é denso de sentido, ou melhor é plurissémico.


Ele não corresponde a uma simples ciência, mas ao conjunto de todas as ciências atinente
ao homem considerado individual ou colectivamente. Nisto, entende-se a antropologia
como uma enciclopédia de tudo quanto directamente diz respeito ao homem e a sua
humanidade. Esta enciclopédia estuda-lhe desde perspectivas diferentes; desdobrando-se
no próprio estudo sobre o homem (antropologia), no seu modus vivendi (cultura), do seu
comportamento (ética), etc.

Quanto a dimensão cultural do homem, importa destacar a natureza inacabada do


homem que carece de uma completude. Pelo facto do homem ver-se como mutilado o que
lhe leva a lutar para a sua auto-superação, aprendendo e criando continuamente até firmar-
se na existência, a partir dos pressupostos da cultura.

É daqui onde depreendemos que uma das diferenças entre o homem e outros animais
é a cultura, pois ela engloba o universo de aprendizagem, desde o simples fazer ate o
pensar, enfim, diz respeito a esfera do existir humano.

Etimologicamente, o termo cultura vem do latim (colo, is, ere, ui, tum) que significa
o cultivo dos campos. Com Cícero, o termo passou a designar não só a actividade
campestre, mas e, sobretudo o cultivo do espírito. É de notar que os autores só farão o uso
do termo cultura, como formação do espírito a partir do século XVIII, entendendo a
cultura como progresso intelectual de uma pessoa ou ainda o trabalho necessário a este
processo.

A cultura é segundo, Taylor um conjunto complexo que inclui conhecimento,


crença, arte, arte, moral, lei, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo
homem como membro de uma sociedade.

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Quem se ocupa dentro da Filosofia por reflectir sobre o modo “mais humano” de
encarar os problemas concernente ao homem, é a ÉTICA, desde uma perspectiva
puramente racional.

A Ética deseja dar resposta as interrogações do homem moderno e de sempre, e


deve estar sempre ao serviço do homem para o ajudar a viver melhor, num sentido mais
humano.

É por esta razão que a ética vem constituir uma relevante dimensão do agir
humano; acção moral.

A palavra Ética, provem do termo grego ethos - que significa fundamentalmente


lugar onde se mora (moradia), assim como modo de ser, e também carácter; dai que por
extensão tivesse também o sentido de habito/costume - que foi traduzida ao latim como
mos, oris- com o mesmo significado. Tem recebido muitas definições: ciência do governo
da vida, a ciência do dever, a ciência do bem, a ciência do destino humano, a ciência da
felicidade; e ainda, princípios ou pautas da conduta humana.

Todas estas definições contêm alguma coisa de verdade; convém, porem, sermos
exactos, e deixar de meter determinantes na definição. Baste dizer por agora, que a Ética
é o tratado da filosofia que se ocupa da definição do Bem e do Mal, reflexão que está
orientada a dirigir as acções humanas para fazer o bem e evitar o mal.
A ética preocupa-se não como os homens são, mas como devem ser. Em
qualquer caso o homem é entendido como a autoridade última das suas decisões.

O que caracteriza a ética é a sua dimensão pessoal, isto é, o esforço do homem


para fundamentar e legitimar a sua conduta.

Um determinado tipo de ética teria como objecto o caracter, no sentido de modo


de ser desde o que os homens encaram a vida. Este modo de ser vamo-lo apropriando
durante toda a nossa existência. Esta apropriação acontece mediante a repetição de actos
que geram hábitos – virtudes ou vícios – que por sua vez são princípio de novos actos.
Assim, o étos é caracter impresso na alma por hábito, e através desses costumes, fonte de
novos actos o que importa distinguir da Moral.

Moral e ética, não obstante serem por vezes tomadas como sinónimos, não são a
mesma coisa. Moral, do latim mos, more, designa os costumes e tradições. Neste sentido,
moral está ligada a costumes e a tradições específicas de um povo, vinculada a um sistema
de valores, próprio de cada cultura. Por Moral entendemos o conjunto de princípios,
normas, dos juízos ou dos valores de carácter etico-normativo vigente numa dada
sociedade e aceites pelos membros desta mesma sociedade, antes mesmo de qualquer
reflexão sobre o seu significado, sua importância e a sua necessidade. Conjunto de
normas preestabelecidas de acordo com as quais os homens dirigem suas vidas.
Como adjectivo diz respeito à conduta humana. Por exemplo: os africanos são
hospitaleiros; os kwanhama são obedientes às ordens. Mas como substantivo, a ética faz

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referência ao conjunto de prescrições admitidas em certa época e a uma sociedade


determinada ou seja é a parte da filosofia que julga a moralidade dos actos desde o ponto
de vista do bom, do justo e do virtuoso. Por exemplo: Os cabuladores são maus alunos;
O aborto é uma injustiça; Não é ético estar com roupas indecentes em locais públicos.

NATUREZA E ESSÊNCIA DO HOMEM

1. Descrever a natureza antropológica do homem;


2. Explicar a essência do homem

Os filósofos gregos buscaram durante séculos a definição exacta do que é um


homem, sendo a mais conhecida a que o descreve como "um bípede implume" (duas
pernas e sem penas).
O homem é por natureza um ser dotado razão, isto é, o único que ser pensante, o
que permite diferir-se outros seres. Pois pela razão

2.1. CARACTERÍSTICAS DA NATUREZA HUMANA UNIVERSAL:


Aristóteles : Zóon logikón. Animal Racional
Agostinho: Fizestes-nos para Vós. Inquieto está o nosso coração... Ser criado, inqueito
enquanto não estiver a repousar sobre o junco do seu criador
Giordano Bruno: Se situa no limite entre eternidade e tempo.
Blaise Pascal: Caniço pensante. E é este pensar que é a suprema dignidade do homem.
Hobbes: Homo homini lupus.
Lametrie: é uma máquina.
Rousseau:De si mesmo é bom, a sociedade o corrompe.
Goethe:Não pode permanecer por muito tempo na consciência, deve refugiar-se
novamente ao inconsciente, pois nele vive a sua raiz.

Fichte: O sentido da espécie humana não consiste as em ser racional, mas em tornar-se
racional.
Marx: o homem não passa de um conjunto de relações sociais.

Nietzsche: animal doente, animal ainda não fixado. Um cabo preso entre o animal e o
super-homem
Sartre: é um ser para si, uma paixão inútil.
Faber; Sapiens, Loquens, Ludens, Religiosus, Culturalis, Socialis, etc...

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É UM SER DE TRANSCENDÊNCIA.

A PESSOA HUMANA

3. Explicar a essência a pessoa humana

A pessoa é um ser racional, livre, responsável que se constrói ao longo da vida


o Singular, único
o Irrepetível
o Relacional
o Comunicativo

Racional: porque é capaz de pensar por si

Livre: escolhe e decide o seu caminho, tem capacidade para agir ou não agir de acordo
com a sua vontade.
Responsável: assume as consequências dos seus actos, responde pela sua acção, é
assume-se como seu autor, reconhece-se na acção e assume as consequências dessa
acção.

Autónomo: a pessoa é capaz de escolher, actuar e assumir as responsabilidades que


advêm dos seus actos. Que se constrói ao longo da vida: sempre que se aprende alguma
coisa está-se a realizar uma construção, sempre que se aceita a mudança, aceita-se e
constrói-se o nosso carácter com base nas nossas relações com os outros.
Singular, único: cada pessoa é diferente de todas as outras porque cada uma tem
características próprias.
Irrepetível: no tempo e no espaço
«Somos sempre uma pessoa única no mundo, cada um tem características próprias,
nunca houve alguém no mundo como nós, nem há, nem nunca haverá. Isto traz para
todos uma responsabilidade acrescida, porque já que somos únicos, as relações que
estabelecemos com as pessoas são também únicas.»

Relacional: só é possível a construção da pessoa na relação que estabelece com os


outros e com o mundo.
Comunicativo: todas as relações têm por base a comunicação.

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VÍNCULOS ÉTICOS DA PESSOA: AMOR, ÓDIO, INDIFERENÇA E


SOFRIMENTO

O homem torna-se pessoa quando a personalidade que o caracteriza comporta


determinados valores éticos, isto é de relação com os outro e consigo mesmo. É nesta
relação que nasce o amor, o ódio, a indiferença e o sofrimento.

O Amor: seu significado recai sobre o bem. O amor pode ser físico, platónico (Ideal),
materno, amor de Deus, à vida.

O Ódio: é todo o sentimento que provoca no ser humano uma certa angústia, desgosto,
antipatia, rancor ou repulsa cotra outra pessoa ou coisa.

Indiferença: é a forma de estar do ser humano que agi com friesa em relação a
determinados assuntos pertinentes. Uma pessoa indiferente, não tem amor nem ódio, é
insensível, não tem afinidade.

A grosso modo, o Amor, o Ódio, a indiferença e o sofrimento fazem parte do


comportamento ético das pessoas, logo, estão intrinsecamente ligados.

O HOMEM COMO PRODUTO DA CULTURA

“O homem é por natureza um ser cultural, realiza-se na Polis”.


O homem não é um simples resultado da educação e da socialização, é por definição, um
seu a educar, a introduzir-se num determinado contexto cultural. No homem a natureza e
cultura coexistem e influenciam-se mutuamente. O homem só é humano se estiver
inserido num meio social.
A natureza é, no caso do homem, aquilo com que ele nasce, o estado nativo.

A palavra cultura vem do latim colere, que significa cultivar. Assim sendo, a cultura é o
conjunto de valores, normas, ideias, crenças, instrumentos técnicos, instituições,
produções artísticas, costumes. Valores, estes, que tornam o homem civilizado numa dada
sociedade.

O homem transforma a natureza e com este processo, torna-se produto de si mesmo e cria
meio para satisfazer as suas necessidades.

Segundo o conceito clássico, chama-se cultura à produção intelectual de um povo, da qual


resulta manifestação espiritual, artística, cientificas, religiosas, filosóficas.
Pois cultura, é a constituição psíquica que cada povo explica à sua civilização, isto é, é
uma maneira específica de cada povo, sentir, pensar, exprimir-se e de agir.

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A CULTURA E O HOMEM

1. Explicar o homem como criador da cultura

É no seio de uma cultura que nos formamos c0omo homens, participando e assimilando
diversos conteúdos culturais que condicionam a nossa forma de viver. Pois o homem é
simultaneamente capacitado na assimilação (filho de seu tempo) e na criação (produto de
seu pensamento)

A cultura não nasce sem intervenção humana. Assim, os conteúdos culturais são frutos
de um cultivo levados em consideração por indivíduos que vivem numa determinada área
geográfica, que possuem capacidade de criar “modus vivendi” seu modo de vida.

Pois cada homem é produto da sua sociedade, produto e produtor de sua cultura. Portanto
as culturas são diferentes e cada homem da cultura reflecte do modo diferente os traços
da cultura na qual foi formado.
O HOMEM PERANTE A SITUAÇÃO LIMITE

1. Explicar a morte como situação limite do homem

O homem é o único animal que tem consciência de que vai morrer. A morte é para nós o
que vai acontecer mais tarde ou mais cedo, vivemos co esta certeza no horizonte.

Nascemos, crescemos, reproduzimo-nos, envelhecemos e morremos. Desejamos o futuro,


mas não deixamos de pensar e temer a morte. Só a morte é certa, esta certeza perturba o
homem na caminha deste mundo. A ideia da morte, desde os primórdios sempre perturbou
a humanidade.

A morte é uma realidade inegável para o homem. Cientificamente, em termos biológicos,


estamos condenados a morrer. Neste contexto, a morte esta presente em todos os
momentos das nossas vidas.
Como o Bantu concebe a morte

Para a filosofia Africana, o Bantu é consciente de que a morte tem que se dar desde o
momento que haja a vida. Não há vida sem morte. A morte é um acontecimento brutal,
contrário a natureza e à harmonia, embora permanece sempre a esperança ontológica.
Significado da morte para o Bantu

A morte é a separação (ruptura do equilíbrio) dos elementos seguida duma destruição


imediata ou progressiva, total ou parcial, de certos elementos, enquanto os outros são
promovidos a um novo destino.

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PROBLEMÁTICA DOS VALORES

1. Definir o conceito de valores e apresentar a sua classificação,


hierarquia e polaridade

DEFINIÇÃO DOS VALORES

VIIIº.- OS VALORES ÉTICOS

Temos já as mediações subjectivas da moralidade, p.e. a consciência, e as


mediações objectivas da moralidade, p.e. a norma, os juízos morais. Vamos agora
analisar os valores.

1.- O valor ético

A noção de valor é complexa. Na definição do valor é preciso ultrapassar o


subjectivismo axiológico, assim como o objectivismo axiológico. Talvez a síntese é o
melhor caminho na definição do valor: os valores não são produto da nossa
subjectividade, senão uma realidade que encontramos fora de nós; a qualidade avaliativa
é distinta de outras qualidades. O valor é valor em referência ao ser humano, e deve ser
interpretado em referência à situação da pessoa e do objecto.
Quer dizer que a hierarquização deve ter conta da situação do homem e da
humanidade em geral.
O valor é uma qualidade estrutural que tem existência e sentido nas situações
concretas do humano. Apoia-se duplamente na realidade pois a estrutura “de valor”
nasce de qualidades empíricas e o bem que realiza incorpora-se em situações concretas;
mas o valor não se reduz não se reduz às qualidades empíricas nem esgota-se nas
suas realizações: deixa aberto um caminho amplo à actividade criativa do ser
humano.

2.- Classificação hierárquica dos valores

Os valores têm propriedades fundamentais. Eis algumas delas:

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a.- Bipolaridade: as coisas são o que são; os valores têm polaridade quer
positiva, quer negativa;

b.- Categoria: e essencial ao valor ser inferior/superior/equivalente a um outro.


Os seres podem ser classificados, os valores apenas podem ser hierarquizados;
c.- matéria

É fácil admitir uma hierarquização dos valores, o que já é mais complicado é


formular uma tal hierarquização. Vejamos algumas tentativas de hierarquização dos
valores:
2. 1. Classificação de Ortega y Gasset.

Ortega, filósofo espanhol, apresenta uma classificação dos valores atendendo a


sua matéria. Segundo ele, os Valores podem ser

- capaz - incapaz
+ úteis - custoso - não custoso
- abundante – escasso

- sadio - doentio
- selecto - vulgar
+ vitais - enérgico - inerte
- forte – fraco

- conhecimento - ignorância
1.- Intelectuais - exacto - aproximado
- evidente - provável

- bom - mau
+ Espirituais 2.- Morais - bondoso - maldoso
- justo – injusto
- leal – desleal

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- bonito - feio
3.- Estéticos - engraçado – tosco
- harmonioso – vulgar

- Sagrado - profano
- divino - humano
+ Religiosos - supremo - derivado
- milagroso – mecânico
2. 2. Classificação de Max Scheler.
gozo
função sentimental sensível
sofriment
+ Agradável – Desagradável prazer
função dos estados afectivos
dor

- saúde
- doença
sentimento vital - velhice
- morte
alegria
+ Vitais reacção sentimental
tristeza

angustia
reacção instintual
vingança

estéticos belo
feio
+ Espirituais éticos: justo – injusto

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teóricos: verdade

+ Sagrado / Profano crença
adoração

Os valores do nobre e do vulgar são mais altos do que a série do agradável-


desagradavel; os valores espirituais são mais altos do que os valores vitais, e os valores
do sagrado são mais altos do que os espirituais. Esta tábua teve grande aceitação no seu
tempo
2. 3. Classificação de Hartmann - acção
- Coragem
1.- Valores do sujeito - livre alvedrio

Valores de conteúdo - Previsão básico.


- Vida – Auto-consciência
-- Existência
2.- Valores de bens -- Situação
-- Poder
- o bom -- Felicidade
- o nobre
Valores morais - experiência -- Justiça básicos
- pureza -- Sabedoria
-- Coragem
Virtudes antigas -- Autodomínio
-- Equidade
-- Pudor
Valores morais Virtudes cristãs: Fe-esperança-amor específicos
Outras virtudes: personalidade-autoestima-alteridade

3.- Natureza do Valor ético

A natureza do valor moral deve-se procurar partindo da meteria que o sustenta.


O moral pertence à acção humana. Segundo Aristóteles, temos três formas de acção
humana:

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O valor ético pertence ao nível prático do humano, distinto do nível teórico e


poietico. O valor moral relaciona-se com a actividade humana, não enquanto produz
obras externas, mas enquanto é actividade produzida: é pois matéria do acto moral a
acção livre em que o homem define-se a si mesmo. Notas que definem especificamente
o valor ético

a.- fazem referência imediata à subjectividade compreendida como:


-- intencionalidade
-- liberdade
-- compromisso interno
b.- O valor se impõe por ele mesmo: justifica-se por si mesmo
c.- Está interrelacionado com os outros valores

d.- Condiciona a pessoa na sua realização: é personalizante, realiza um ideal


universalmente válido, mas ao tempo é também condicionado pela situação pessoal do
sujeito;
e.- Cada ordem de valores é hierarquizado

3. 1. Constitutivos do valor ético.

A.- Constitutivo intrínseco nos diversos sistemas éticos:

+ na obrigação externa: obediência a um principio exterior legislante:


sistemas morais legalistas, heteronomos, tabus;

+ no prazer: é bom o que origina prazer, e na medida em que o causa:


hedonismo, epicurismo;

+ na felicidade : o ideal ético consiste na realização feliz do homem:


ética aristotélica, autorrealização pessoal

+ na harmonia interior: ideal ético do estoicismo clássico. “Sustine et


abstine” – aguenta-se e mantém-te do estoicismo popular.
+ no dever pelo dever: autonomia da vontade de Kant

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+ na utilidade: o bem consiste na maior utilidade para o maior numero


de pessoas – utilitarismo clássico – ou maior proveito para a vida individual e social –
neo-utilitarismo -;
+ no altruísmo: o ideal ético consiste em olhar sempre pelos
outros;
+ na liberdade: - como absurdo – Sartre

- como luta contra os valores sociais,


Revolução
- como factor de destruição: nihilismo
+ no exercício da razão: racionalidade como fonte de bem.
3. 2. Constitutivo do Valor ético na moral cristã

O constitutivo ético cristão é CRISTO SENHOR, na medida em que é


interiorizado na vida do crente. S. Paulo fala claramente: “Eu por meio da Lei morri à lei
para viver para Deus. Com Cristo estou crucificado; mas vivo, não já eu, senão Cristo é
que vive em mim. E isso que agora vivo na carne, vivo-o na fé do Filho de Deus que me
amou e se entregou por mim” (Gal. 2, 19-20).
Mas o cristocentrismo do valor cristão tem sido em modos muito diversos:
-- Caridade – Guillemann
-- Realização do Reino de Deus – Stelzenberger
-- Imitação de Cristo – Tillman
-- Realização do Corpo Místico de Cristo – Mersch
-- Ser Sacramental – Bourdeau-Danet
-- Seguimento de Cristo - Häring

Axiologia: Facto e Valores


Utilizamos a palavra facto para nos referirmos a coisas, pessoas, animais,
acontecimentos, etc. naquele que eles são em si mesmos, desprovidos de qualquer
conotação afectiva ou interpretação subjectiva. O mundo como realidade de facto é o
real constituído por tudo aquilo que é possível de ser descrito externa e objectivamente.

Assim, o facto é da ordem do ser, do que é, do real, do descritível, do objectivo


(isento de interferência do sujeito).

Quando nos referimos ao valor queremos mostrar aquilo que é da ordem do


preferível, do subjectivo, do que vale, do possível, do deve ser. Aqui impera a

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Escola Do II Ciclo do Ensino Secundário Do Ebo/ Elaborado pelo Professor: Adriano Júlio Baptista;

subjectividade ou seja, transparece o calor da opinião, o sabor do comentário, a nossa


preferência.

Juízo de Facto Juízo de Valor

O que é; o ser; o real; o descritível; O deve ser; o que vale; possível; o preferível;
universalidade – objectividade relatividade – subjectividade

A realidade A idealidade

Vivência Humana

Bipolaridade e Hierarquização dos Valores:

Circunstância de cada valor oscilar entre dois pólos,


isto é, de um pólo positivo se colocar
simetricamente em relação a um pólo negativo que
é o seu contrário.

Ex.: Justiça / Injustiça

Propriedade dos valores segundo a qual se


subordinam uns aos outros em função do valor que
cara um tem (preferir isto a aquilo).

Ex.: A Joana gosta de correr e não de saltar.

O João gosta de saltar e não de correr.


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1. Quando decidimos fazer algo, estamos a realizar uma escolha. Manifestamos


certas preferências por umas coisas em vez de outras. Evocamos então certos motivos
para justificar as nossas decisões.

4. Valor
Podemos definir os valorespartindo das várias dimensões em que usamos:

a) os valores são critérios segundo os quais valorizamos ou desvalorizamos as


coisas;

b) Os valores são as razões que justificam ou motivam as nossas acções, tornando-


as preferíveis a outras.
Os valores reportam-se, em geral, sempre a acções, justificam-nas.

Exemplo: Participar numa manifestação a favor do povo timorense,pode significar que


atribuímos à Solidariedade uma enorme importância. A solidariedade é neste caso o
valor que justifica ou explica a nossa acção.

Ao contrário dos factos, os valores apenas implicam a adesão de grupos restritos. Nem
todos possuímos os mesmos valores, nem valorizamos as coisas da mesma forma.
5.Tipos de valores

Os valores não são coisas nem simples ideias que adquirimos, mas conceitos que
traduzem as nossas preferências. Existe uma enorme diversidade de valores, podemos
agrupá-los quanto à sua natureza da seguinte forma:
Valores éticos: os que se referem às normas ou critérios de conduta que afectam todas
as áreas da nossa actividade. Exemplos: Solidariedade, Honestidade, Verdade,
Lealdade, Bondade, Altruísmo...

Valores estéticos: os valores de expressão. Exemplo: Harmonia, Belo, Feio, Sublime,


Trágico.

Valores religiosos: os que dizem respeito à relação do homem com a transcendência.


Exemplos: Sagrado, Pureza, Santidade, Perfeição.
Valores políticos: Justiça, Igualdade, Imparcialidade, Cidadania, Liberdade.
Valores vitais: Saúde, Força.

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6.Hierarquização dos Valores

Não atribuímos a todos os nossos valores a mesma importância. Na hora de tomar uma
decisão, cada um de nós, hierarquiza os valores de forma muito diversa. A
hierarquização é a propriedade que tem os valores de se subordinarem uns aos outros,
isto é, de serem uns mais valiosos que outros. As razões porque o fazemos são
múltiplas.
Exemplo:

A maioria da população mundial continua a passar graves carências alimentares. Todos


os anos morrem milhões de pessoas por subnutrição. Não é de querer que hierarquia dos
seus valores destas pessoas a satisfação das suas necessidades biológicas não esteja logo
em primeiro lugar.
7.Polaridade dos Valores

Os nossos valores tendem a organizar-se em termos de oposições ou polaridades.


Preferimos e opomos a Verdade à Mentira, a Justiça à Injustiça, o Bem ao Mal, a beleza
à fealdade, a genorosidade à mesquinhês. A palavra valor costuma apenas ser aplicada
num sentido positivo. Embora o valor seja tudo aquilo sobre o qual recaia o acto de
estima positiva ou negativamente. Valor é tanto o Bem, como o Mal, o Justo
como Injusto..

CLASSIFICAÇÃO, HIERARQUIA E POLARIDADE DOS VALORES

OBJECTIVIDADE E SUBJECTIVIDADE DOS VALORES


-Os valores não têm a mesma importância para todos os indivíduos, daí que existam
tábuas de valores bastante distintas (hierarquização dos valores).

-No entanto, e para que as relações interpessoais não sejam um caos, é conveniente que
existam determinados valores sobre os quais todos os indivíduos a conviver em
determinada sociedade tenham a mesma ideia (definição).

-Assim temos um Plano Axiológico (subjectivo, relativo a valores). Mas como os


indivíduos vivem em comunidade, é necessária a existência de uma plataforma
intrersubjectiva, ou seja, um acordo entre os sujeitos da comunidade sobre um
determinado valor e a sua importância.

-Os valores só existem por mim, sou eu que os crio.

-O Valor não é universal porque "O valor não é, vale" o que quer dizer que é o Homem
que determina o que é e o que não é valor.

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- Esta concepção assenta na constatação empírica que ao longo dos tempos os valores
estão sempre a mudar. O ideal de beleza numa época, por exemplo, torna-se num na
expressão do mau gosto noutro período histórico.

Objectividade dos Valores

-Os valores existem em si

-Significa o que é universal (se o valor fosse objectivo, seria universal)

-Não é universal porque "O valor não é, vale" o que quer dizer que é o Homem que
determina o que é e o que não é valor

- Esta concepção assenta na convicção que em todas as épocas históricas ou culturas


sempre existiram pessoas que tomaram um conjunto de valores, como o Bem, Belo ou a
Justiça como ideais a atingir, não os identificando todavia com nada de concreto ou
circunstancial. Não os sabendo definir com rigor, sabem todavia muito bem aquilo que
não são.

A CRISE DOS VALORES NO MUNDO CONTEMPORANEO E EM ANGOLA

1. Debruçar-se sobre as causas da crise de valores no mundo e em


Angola

RESGATE DOS VALORES CÍVICOS E MORAIS EM ANGOLA

DIMENSÃO ÉTICO-POLÍTICO DOS VALORES

1. Explicar a dimensão ético-político dos valores

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NORMAS E VALORES MORAIS

1. Explicar a relação existente entre normas e valores morais;


2. Distinguir as normas morais das normas jurídicas;

ORIGEM E NATUREZA DA CONSCIENCIA MORAL: LIBERDADE E


RESPONSABILIDADE
1. Definir o objecto da moral e explicar a origem da consciência moral e
da responsabilidade

SOCIEDADE, LIBERDADE E PESSOA

1. Analisar a correlação entre sociedade, liberdade e pessoa

ÉTICA, ESTADO E DIREITO

1. Analisar a correlação entre ética, Estado, direito e politica

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O homem é um animal político, porque é da sua natureza viver em sociedade. O


que distingue a sociabilidade humana da sociabilidade animal é a linguagem, esta permite
a identificação do bem e do mal, do justo e do injusto.
A sociedade e a política têm como função aplicar a ética, portanto é óbvio que é
essencial que respeitem os valores éticos, visto que se isto não acontecer não será possível
as pessoas serem felizes. Eles permitem aos indivíduos realizar-se e viver como pessoa

O Direito é o conjunto de regras, normas ou leis que regulam a convivência social


dentro do Estado; ele é, em suma, o ordenamento jurídico do Estado. E a sua existência
justifica-se pela sua finalidade: dirimir e tentar resolver pacificamente os conflitos entre
os indivíduos e os grupos sociais e promover o bem comum da sociedade. As normas
jurídicas têm de possuir as seguintes características, que as diferem das normas sociais:
racionalidade, reciprocidade, universalidade, publicidade, validade e coercibilidade.

O Estado de Direito é inseparável dos regimes democráticos: os únicos que


respeitam o homem, a pessoa humana e os seus direitos fundamentais.

A política é a ciência (porque exige o uso da inteligência e de um método, exige


conhecimento) e a arte (porque requer sensibilidade e imaginação) da governação e
direcção dos Estados. Tem um carácter profundamente realista: o regime político (mais
desejável) é aquele que, procurando servir a totalidade das áreas relacionadas com o ser
humano e todo o homem, melhor se adapte, aqui e agora, às realidades de um povo ou de
uma comunidade. A política deve ser parte integrante da realidade do dia-a-dia.

Por isso ela exige necessariamente uma reflexão filosófica, uma ética, visto que apenas
ela pode indicar os princípios racionalmente válidos e universalizáveis susceptíveis de
fundamentar a razão humana. Inclusive os filósofos gregos não distinguiam ética de
política.

É a política que cria o Direito e este deve ser justo: por isso exigimos regimes políticos
legítimos, eticamente fundamentados e orientados. Apenas os regimes democráticos, e
mais especificamente os regimes democráticos participativos, preenchem esta condição.
A democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo.

DIREITOS HUMANOS
1. Debruçar-se sobre os direitos humanos no contexto da globalização.

ÉTICA AMBIENTAL/ECOLÓGICA
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EXPERIÊNCIA RELIGIOSA

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Escola Do II Ciclo do Ensino Secundário Do Ebo/ Elaborado pelo Professor: Adriano Júlio Baptista;

TEMA # 3: TEORIA DO CONHECIMENTO

ORIGEM DO CONHECIMENTO: GNOSIOLOGIA E EPISTEMOLOGIA

1. Explicar a origem e a natureza do conhecimento

A teoria do conhecimento, também denominada por alguns pensadores como


sendo gnosiologia ou epistemologia, é a área da filosófica que se ocupa dos problemas
relativos à fundamentação do conhecimento humano.

Se a fenomenologia e a epistemologia descreve objectivamente o conhecimento,


a gnosiologia ou teoria do conhecimento procura explicá-lo ou interpretá-lo, tarefa em
que se reflectem pressupostos associados aos filósofos e à sua formação.

As principais reflexões gnosiológicas orientam-se em função de três problemas:


natureza do conhecimento; origem ou fonte de conhecimento; valor, possibilidade ou
limite do conhecimento.
Colocar o problema da origem ou fonte de conhecimento é tentar saber se a base
originária das nossas ideias são as capacidades sensoriais, racionais ou ambas. Para as
propostas de resolução deste problema deparamo-nos com varas teorias, das quais se
destacam o empirismo e o racionalismo, como teses opostas, e o apriorismo como
tentativa conciliatória.

Qual a origem do conhecimento?

R. Decartes – Racionalismo (conhecimento universal e necessário) todos são detentores


da razão do bom sens.
D.Hume/Locke – empirismo (parte de dados concretos dos sentidos);
Kant – apriorismo (defende que há conhecimentos de tipo racional e de tipo sensorial)

Estas teorias colocam a questão sobre a proveniência do conhecimento, de onde é


que provém? Da experiência (empirismo) ou da razão (racionalismo)?

Racionalismo
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Escola Do II Ciclo do Ensino Secundário Do Ebo/ Elaborado pelo Professor: Adriano Júlio Baptista;

Para os racionalistas, o conhecimento válido, científicos, isto é, universal e


necessário, tem a sua origem na razão. A razão é a única fonte de conhecimento e está
sujeita a enganos. As informações que os sentidos nos proporcionam são confusas e não
merecem o nome de conhecimento verdadeiro.

Os racionalistas (Descartes, Leibniz, Espinoza) não negam que haja ideias que derivem
da experiência. Contudo, essas ideias não-inatas são confusas, não podem ser a base de
conhecimento verdadeiro. O filósofo alemão Leibniz reagindo contra o princípio
empirista de que nada está no intelecto que não tenha estado nos sentidos exprimiu o
inatismo racionalista acrescentando ‘a não ser o próprio intelecto’.
Em suma, o racionalismo concedeu o primado à razão. Afirma que na base de
todo o conhecimento está no conhecimento que a razão tira de si mesma. O único
instrumento adequado ao conhecimento verdadeiro é a razão: é ela que fornece as ideias
normativas e os princípios por meio dos quais conhecemos.

Empirismo

Para os empiristas não há conhecimento propriamente dito que seja independente


da experiência. Um dos principais representantes da corrente empirista, o filósofo inglês
John Locke, traduz esta tese dizendo que nada pode existir na mente que não tenha antes
passado pelos sentidos. É esta a máxima empirista acerca da origem do conhecimento. A
mente (razão) é uma ‘folha em branco’, uma ‘câmara vazia’ na qual não há nada (nenhum
conhecimento, nenhuma ideia) antes da primeira experiência. Todo o nosso conhecimento
procede da observação empírica e aprendizagem. Não existe ideias inatas, isto é, ideias
que a razão descubra em si mesma independentemente de qualquer experiência. Só existe
razão se houver experiência.

O empirismo procura mostrar que a razão não é propriamente criativa – ela


não pode criar conhecimentos a partir de si mesma, só pode usar matérias extraídos da
experiência e por processos que, em última análise, também adquiriu na experiência.

O que é o racionalismo?

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Escola Do II Ciclo do Ensino Secundário Do Ebo/ Elaborado pelo Professor: Adriano Júlio Baptista;

ESQUEMATICAMENTE:

Duvido Eu sei que duvido

Logo:
Eu penso e existo
Eu sei que Deus existe
Eu sei que Deus não pode enganar-me

Então:
Posso fundar, em ideias claras, uma ciência do mundo
Posso extrair desta ciência aplicações técnicas.

Portanto:
Homem Senhor da Natureza

Empirismo

Fonte ou origem de conhecimento é a experiência sensível


Não há ideias inatas ou património a priori.
A concepção de mente: tábua rasa.

Os empiristas procedem das Ciências naturais (observação, usando a experiência como


fonte e base de todo o conhecimento humano)
Tendem para o cepticismo metafísico

Deriva de factos concretos, recorrendo á evolução do pensamento e do conhecimento


humanos. Primeiro, a criança, começa por ter percepções concretas, depois com base
nelas vai formar representações gerais e conceitos. Estas iram nascer organicamente da
experiência.

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Escola Do II Ciclo do Ensino Secundário Do Ebo/ Elaborado pelo Professor: Adriano Júlio Baptista;

Tipos de percepções

Impressões – são mais vivas e intensas


Ideias – são menos vivas e menos intensas são cópias das impressões

Empirismo de David Hume

Todo o conhecimento de factos depende da experiência;

Todas as nossas ideias derivam directa ou indirectamente de impressões sensíveis. São


cópias enfraquecidas destas.
Uma ideia só tem objectividade se for possível indicar a impressão de que é cópia.

Não podemos falar de conhecimento objectivo a não ser quando ás ideias correspondem
impressões sensíveis. Não podemos conhecer algo de que não temos impressão sensível.
Logo, o nosso conhecimento do que acontece no mundo, não pode basear-se em algo que
não faça parte do mundo.

Os conhecimentos de questões de facto – do que acontece no mundo – consistem em


descobrir as causas de certos efeitos. Mas a ideia de causa – de conexão necessária entre
fenómenos – não obedece ao princípio da cópia. Não temos nenhuma impressão sensível
dessa conexão, mas unicamente a conjunção e sucessão temporal de acontecimento.

A ideia de causa é uma crença subjectiva que nos diz como funciona a nossa mente e não
propriamente como funciona o mundo. Resulta de um hábito, estamos habituados a pensar
que como não há efeito sem causa, mal acontece A, daí resultará necessariamente B.

Acreditar que não há efeito sem causa é uma crença necessária para que a nossa vida não
seja a inquietante e paralisante em expectativa de que nada será como tem sido. Mas
pouco mais é do que um desejo de segurança e previsibilidade que julgamos corresponder
ao modo como as coisas são.

Todo o conhecimento depende da experiência e a esta se limita, mas nenhuma verdade


objectiva podemos alcançar á cerca dos factos.

Apriorismo, racionalismo crítico ou Criticismo Kantiano


(articulação entre sentidos e razão)

 Existem duas faculdades de conhecimento:


Sensibilidade (recebe representações; objecto é-nos dado)

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Espaço forma
puras tempo
Intuições
Empíricas matéria

Caracteriza-se:
- receptividade;

- passividade (capacidade que tem de receber representações na medida em que é


afectado de alguma maneira)

Entendimento (conhece por meio dessas representações, ou seja, unifica as impressões


da sensibilidade; o objecto é pensado em relação com a representação da sensibilidade)
- forma – categorias/conceitos
- matéria – intuições da sensibilidade/ empíricas – espacializadas e temporalizadas

Caracteriza-se:
- espontaneidade
- actividade (capacidade de produzirmos nós mesmos representações)

 Conhecimento é constituído por forma + matéria

a posteriori a priori
= =
Depois da experiência anterior e independente
da experiência; permite
a experiência

Sem intuição e conceitos não há conhecimento. Intuição e conceitos separados são


necessários ao conhecimento mas juntos são suficientes.

A nossa natureza implica que a intuição não pode nunca ser senão sensível (sentidos),
quer dizer que contém apenas a maneira como somos afectados pelos objectos, enquanto

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o poder de pensar o objecto da intuição sensível é o entendimento. Nenhumas destas


propriedades é preferível á outra. Sem a sensibilidade nenhum objecto nos seria dado e
sem o entendimento nenhum seria pensado.
Tanto os conceitos como a intuição, não podem trocar entre si as suas funções. O
conhecimento apenas pode resultar da sua união.

O que distingue a sensibilidade do entendimento?


A sensibilidade é a forma como somos impressionados pela realidade exterior, ela intui
ou dá o que há para conhecer: os fenómenos. Enquanto entendimento é através dele que
o objecto é pensado, ou seja, conhece os fenómenos estabelecendo entre eles relações
necessárias: leis.

Todo o nosso conhecimento começa com a experiência mas nem todo deriva dela nem há
conhecimento anterior á experiência.

 Todo o conhecimento começa com a experiência mas esta não é suficiente para haver
conhecimento porque é necessário dar forma a essa matéria, o que é feito pela forma.

Criticismo Kantiano – Síntese

Kant pretende explicar como é possível o conhecimento (é o seu projecto)

Segundo Kant todo o conhecimento começa com a experiência. É a sensibilidade que nos
dá objectos para conhecer. Tudo começa com a espacialização e temporalização dos
dados da intuição empírica.

A sensibilidade unicamente sabe que todos os fenómenos acontecem num dado momento
e num certo lugar. Só o entendimento compreende o que um fenómeno tem a ver com o
outro. Só ele pode explicar – mediante o conceito de causa, forma a priori presente em
todo o entendimento humano – a que se deve determinado acontecimento.

Como precisamos de objectos para que haja conhecimento e como só a sensibilidade nos
dá objectos, mesmo que o conhecimento não derive da experiência começa com ela. Só
há conhecimento de objectos empíricos. A explicação de um fenómeno ou objecto
empírico é sempre outro fenómeno.

 Sem a experiência não há objectos para conhecer, mas o nosso conhecimento não é
meramente empírico porque nos dá a causa do que acontece.

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A ESTRUTURA DO ACTO DE CONHECIMENTO E DICOTOMIA


SUJEITO-OBJECTO

1. Interpretar o conhecimento como correlação sujeito-objecto;


2. Compreender a diferença existente entre a disciplina filosófica que
reflecte sobre os conhecimentos produzidos pelas ciências e as
disciplinas produtoras de conhecimento.

Estrutura do acto de conhecer

Conhecer é o acto que acontece quando um sujeito apreende um objecto. Neste contexto,
a função do sujeito é apreender o objecto e a do objecto é ser apreendida pelo sujeito.

Sujeito e objecto têm de ser transcendentes e díspares, ou seja, as suas origens são
diferentes e nenhum deles pode ocupar o lugar do outro, para que se verifique a apreensão
dos mesmos. Esta a apreensão consiste na reprodução ou construção da imagem do
objecto no sujeito, dai que consideramos o sujeito como agente no processo do
conhecimento.
O conhecer é descrever o real como ele é.

Existe dois elementos fundamentais do acto de conhecer que são sujeito (quem
conhece/o cognoscente) e objecto (o cognoscível)

Contudo, se queremos construir o conhecimento, temos que ter algo em conta a


relação sujeita/objecto no acto de conhecer. Esta é a perspectiva fenomenológica.

No conhecimento encontram-se frente a frente a consciência e o objecto, o sujeito


e o objecto.

O dualismo sujeito, objecto pertencem à essência do conhecimento.

A relação entre os dois elementos é, ao mesmo tempo, uma correlação.

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Uma vez que o conhecimento é uma determinação do sujeito pelo objecto, significa que
o sujeito fica frente ao objecto.

O conhecimento depende do sujeito e não o contrário

O conhecimento realiza-se em três tempos:


1-O sujeito sai de si
2-Está fora de si
3-Regressa a si

AS CORRENTES FILOSÓFICAS SOBRE A ORIGEM DO CONHECIMENTO

1. Distinguir quanto a origem do conhecimento a doutrina racionalista


da doutrina empirista.

Análise comparativa de duas teorias filosóficas acerca do conhecimento

Problema Tese/Teoria Argumentos Representantes

O conhecimento Hume (inglês)


começa com
percepções da John Locke
EMPIRISMO
experiência sensível (ingles): Espírito
(deriva da (impressões e ideias); humano é como
Origem do experiência): processo uma tábua rasa
conhecimento de saber, conhecer e Toda a actividade onde a experiência
agir é por tentativa e mental consiste em se escreve.
erro! fazer associações de
percepções derivadas Francis Bacon
da experiência Aristóteles
(conhecimento não é
alcançado à priori!

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Através das ideias


inatas (que já nascem
connosco) a razão
RACIONALISMO humana pode chegar
Origem do ao conhecimento. Descartes
conhecimento Conhecimento tem
origem na razão Através da razão, Só através da luz
(iniciou-se (princípios métodos lógicos e natural se chega à
com a independentes da análise crítica: só há verdade
definição de experiência) conhecimento
raciocínio) quando este é Platão
logicamente
necessário e
universalmente
válido!

O RACIONALISMO

Racionalismo: É a doutrina que considera que o único instrumento adequado ao


conhecimento verdadeiro é a razão: é ela que fornece as ideias normativas e os
princípios por meio dos quais conhecemos. Descartes e Hessen são defensores desta
doutrina.

O EMPIRISMO

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2. NATUREZA DO CONHECIMENTO

1. Distinguir no que concerne ao problema da essência do conhecimento o realismo


do idealismo e compreender por que razão esse problema desperta atenção de quem
reflecte sobre o acto de conhecer.

O problema da natureza do conhecimento consiste em saber qual dos dois membros da


relação sujeito-objecto é determinante. Por outras palavras: o objecto existe ou não
independentemente do sujeito?
Se o objecto existe independentemente do sujeito, isto quer dizer que há coisas que
existem quer a consciência quer não, isto é, coisas reais, transcendentes ou exteriores ao
espírito, ao pensamento. É o realismo: este objecto é um relógio seja para quem for
independentemente de quem quer que seja.

Se o objecto não existe independentemente do sujeito, isto quer dizer que há coisas
que existam sem estarem relacionadas com a consciência mas que tudo quanto existe
está no espírito. É o idealismo: este objecto somente é relógio para mim, para um
sujeito, mas já o não é em absoluto., independentemente de mim.

Por conseguinte, o problema da natureza do conhecimento comporta duas soluções: o


realismo e o idealismo.

2.1 O REALISMO

Em termos gerais, o idealismo é a doutrina segundo a qual conhecer é o acto no qual o


sujeito apreende um objecto que é independente e distinto dele.

Esta posição filosófica não é simplista ou ingénua. Admitindo que há uma realidade
independente do sujeito e que o objecto de conhecimento não confunde com os dados
sensíveis, as percepções ou representações da realidade

2. 2 O IDEALISMO

Idealismo: Para esta doutrina, o ponto de partida do conhecimento não é o mundo


exterior, mas sim o “eu”, o sujeito. É o sujeito idealizador que submete o objecto aos
seus esquemas cognitivos. Assim, o sujeito não poderá conhecer o objecto como é em
si, mas apenas como é para si, sujeito.

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-Platão é um defensor desta doutrina.

2. 3 TRÊS MODELOS EXPLICATIVOS DO CONHECIMENTO

No modo de conhecer, destacamos três formas de explicar o conhecimento que


são: a teoria do conhecimento de David Hume, a doutrina kantiana do conhecimento e a
interpretação do processo cognitivo segundo Piaget.

2.3.1 A TEORIA DO CONHECIMENTO DE DAVID HUME


Encontramos em David Hume uma profunda investigação sobre a origem, a
possibilidade e os limites do conhecimento.
Para D. Hume todo o conhecimento começa com as experiência. Os dados ou
impressões sensíveis são as unidade básicas do conhecimento.

Pois, as impressões, são os actos originários do nosso conhecimento e correspondem


aos dados da experiência presente ou actual. Isto, de certo modo defere-se das Ideias
que as representações ou imagem debilitadas, enfraquecidas, das impressões no
pensamento. São como que marcas deixada pelas impressões uma vez estas
desaparecidas.
Todo o conteúdo do nosso conhecimento se reduz a estes dois tipos de percepção_
impressões e ideias. Diferem de si como o sentir e o pensar.

 IMPRESSÕES  SIMPLES

Imagens ou Ex.: a percepção de um avião da TAAG, com


sentimentos que a cor da bandeira.
derivam imediatamente
da realidade. São
percepções vivas e
PERCEPÇÕES mais fortes.
 COMPLEXAS
São as unidades
básicas do
Ex.: a visão global de Luanda a partir do
conhecimento.
espaço, num avião.

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 IDEIAS  SIMPLES
Ex.: a recordação do avião da TAAG com a
cor da bandeira.
Cópias ou imagens
débeis das impressões.

 COMPLEXAS
A recordação de Luanda (imagem).

2.3.2 A TEORIA KANTIANA DO CONHECIMENTO

2.3.3 A INTERPRETAÇÃO DO PROCESSO COGNITIVO SEGUNDO JEAN


PIAGET

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3. VALOR, POSSIBILIDADE E LIMITES DO CONHECIMENTO

1. Explicar o valor e os limites do conhecimento humano;


2. Demonstrar o valor do conhecimento da vida quotidiano do homem e para o
desenvolvimento da humanidade;
3. Distinguir no que concerne ao problema da possibilidade de um conhecimento
objectivo, dogmático do cepticismo.

3.1 O CEPTICISMO
3.2 O DOGMATISMO
3.3 O RELATIVISMO
3.4 O PRAGMATISMO
3.5 O POSITIVISMO

Problema Tese/Teoria Argumentos Representantes

Nada podemos
CEPTICISMO conhecer com certezas,
Possibilidade pois não existe
de Dúvida em conhecer a nenhum critério seguro Pirro de Elis
conhecimento verdade e a realidade: da verdade: (grego, a.C.)

(poderá o Procurar saber, não se Suspender todos os Arcesilaos,


Homem contendo com a juízos, pois todos os Carnéades,
conhecer o ignorância fornecida saberes dependem de Empiricus, etc.
objecto?) actualmente, através verdades que não
da DÚVIDA conhecemos com
certezas

DOGMATISMO

Possibilidade de Atitude em que se


Possibilidade Immanuel Kant
conhecer com certeza: afirmam
de in Crítica da
atitude natural e absolutamente certas
conhecimento Razão Pura
espontânea (desde que posições sem as
somos crianças) justificar, por razões
intrínsecas (recorrendo
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ao princípio da
autoridade);

Crença de que o
mundo é exactamente
da forma como o
percebermos

O positivismo foi uma corrente filosófica cujo mentor e iniciador principal foi Auguste
Comte, no século XIX. Apareceu como reacção ao idealismo, opondo ao primado da
razão, o primado da experiência sensível (e dos dados positivos). Propõe a ideia de uma
ciência sem teologia ou metafísica, baseada apenas no mundo físico/material.

Uma forma mais recente do positivismo foi aquela proposta pelo Círculo de Viena.

O antropólogo estrutural Edmund Leach descreveu o positivismo em 1966 na aula Henry


Myers da seguinte forma:

"Positivismo é visão de que o inquérito científico sério não deveria procurar causas
últimas que derivem de alguma fonte externa mas sim confinar-se ao estudo de relações
existentes entre factos que são directamente acessíveis pela observação."

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IMPORTÂNCIA E PERIGO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO DO


SÉCULO XX: CIRCULO DE VIENA

1. Explicar os benefícios e os perigos da ciência moderna


2. Demonstrar exemplos concretos da cientificidade do
século XX

4.1 PROBLEMA DA CULTURA CIENTÍFICA-TECNOLÓGICA

O início da época moderna é marcado por uma mudança radical na atitude do


homem em face do mundo. O ideal de conhecimento explicativo e contemplativo dá lugar
à preocupação prática de dominar a natureza.

Conhecer já não é procurar a essência dos fenómenos, mas manipular a matéria.


Conhecer é saber das condições necessárias para que certos eventos se dêem. O critério
de verificação da validade de uma teoria científica passou a ser sua capacidade para prever
adequadamente o comportamento da matéria. O verdadeiro se identifica com o prático.

Quais foram as consequências dessa mudança? Num mundo em que o


conhecimento se define em termos pragmáticos, elimina-se toda a metafisica, todas as
idéias que não correspondam a objectos da experiência sensível devem ser rejeitadas
como ilusões. Por exemplo, assim como não há nenhum conteúdo sensível que
corresponda a Deus, isto significa que Deus é nada mais que uma forma de consciência
falsa. A razão foi destituída de sua significação metafísica e passou a ser encarada como
cópia passiva do sensível. Dessa forma, a razão foi proibida de se aventurar além dos
limites da experiência

A ciência progride por tentativa e erro, ou seja, por conjecturas e refutações. Logo, a
indução não é o fundamental no conhecimento científico.

Não é por indução que se prova o valor das teorias científicas, mas por tentativas de
refutação.

Nesse processo, a dedução das consequências é fundamental, porque são essas


consequências que são confrontadas com a observação.

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5. ATITUDE DA INTELIGÊNCIA PERANTE A VERDADE

1. Compreender a atitude da inteligência perante a verdade;


2. Explicar o que é a verdade e saber distinguir a verdade e a
mentira.

O objecto da inteligência é a verdade; mas esta nem sempre lhe aparece clara. Por
vezes precisa passar por diversos estados para poder adquiri-la.

Se o intelecto não tem nenhum conhecimento de alguma coisa, não se pode falar
de verdade, nem de uma atitude da inteligência perante a verdade. Encontra-se, neste caso,
no estado de ignorância.

O intelecto que já tem um conhecimento pode avaliar a verdade em três modos


diversos: a verdade pode aparecer-lhe como possível, isto é a dúvida; pode surgir-lhe
como provável, isto é a opinião; e pode aparecer-lhe como evidente, isto a certeza.

A Ignorância:

É a ausência total do conhecimento em relação a um assunto ou enunciado. Não


se sabe se é verdadeiro ou falso. A verdade deste enunciado, para o intelecto em estado
de ignorância, é como se não existisse; visto que não se pode formular nenhum juízo nesta
circunstancia.

Graças a capacidade de reflectir, o homem pode saber que ignora. Este é o


primeiro passo para sair da ignorância. Por exemplo, podemos nos perguntar, ‘em que
parte do meu corpo se encontra a vida?’ sem no entanto sabermos dar uma resposta. A
interpretação da questão espelha um desejo de saber e ao mesmo tempo a consciência de
ignorar.

Portanto, a ignorância nem sempre é um mal. Há mesmo coisas que para o bem
do próprio homem se devem ignorar. Converte-se em mal quando é a falta de um
conhecimento que se devia ter. Neste caso trata-se de uma privação. Ou ainda ignorar a
própria ignorância, crer que se sabe quando na realidade não se sabe.

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A Duvida:

É o estado em que o intelecto não se pronuncia completamente sobre a verdade de


um conhecimento. É a suspensão da avaliação de um juízo. A dúvida não é ausência do
conhecimento: é a suspensão do conhecimento da avaliação porque estão presentes e são
possíveis avaliações diversas e contrárias.

Na dúvida há um estado de equilíbrio entre a afirmação e a negação perante um


argumento. Por um lado, a pessoa está perante o sim ou o não, porque não há nenhuma
razão para afirmar ou negar (duvida negativa); por outro lado, porque encontram razões
iguais para afirmar ou para negar (duvida positiva).

A Opinião:

É um estado em que o intelecto dá uma avaliação, exprime um juízo de valor sobre


a verdade de um conhecimento mas com reserva da possível verdade do seu contrário. É
a adesão receosa da inteligência à afirmação ou à negação de um enunciado.

Na opinião o intelecto pronuncia-se mas não firmemente porque teme enganar-se;


teme equivocar-se e por isso reserva a possibilidade de que o juízo contrário seja verdade.
Há consciência de haver motivos não certos, mas apenas prováveis. Dai o temor de se
equivocar.

Pode-se dizer que é um estudo intermédio entre a dúvida e a certeza. Emite-se um


juízo, embora inseguro.

A Certeza:

É o estado em que o intelecto exprime um juízo sobre a verdade de um


conhecimento sem temor de se enganar. Está seguro da impossibilidade de uma avaliação
contrária. É a adesão firme e inabalável da inteligência e uma verdade conhecida, sem
receio de errar.

A certeza é a meta definitiva do intelecto que procura a verdade, porque só no


estado de certeza a verdade é verdadeiramente possuída. A certeza é o estado perfeito do
intelecto; é nela que o espírito humano encontra sua paz e alegria, pois o fim para o qual
tendem todos os seus passos é o repouso na possessão da verdade.

Não obstante, no plano intelectual pode haver certezas erradas. Portanto, a


verdadeira certeza implica a consciência de se achar na verdade. Isto acontece quando se
está na evidência que é o critério último da certeza.

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Se a ignorância, a duvida, a opinião e a certeza são as atitude do intelecto perante


a verdade, então, o que é a verdade? Será o contrário da mentira? Ou é sinónimo de
realidade?
De certo, torna-se numa única palavra dizer o que é a verdade, visto que ela pode
ser compreendida em três sentidos: ontológico (a verdade das coisas, do ser), logico e
moral.

Logicamente falando, a verdade é a adequaçao do intelecto com a realidade. A


mesma implica sempre uma relação de conformidade.

5.1 CRITÉRIOS DE VERDADE

1. Identificar os critérios de verdade

Critério de verdade é um meio para julgar a verdade dos nossos conhecimentos e


distinguir os verdadeiros conhecimentos dos falsos, para poder aderir firmemente aos
verdadeiros.

O critério pode ser:

 Não definitivo: se precisa se apoiar num critério superior


 Definitivo ou supremo: se por si só basta para dar certeza e é fundamento de
todos os outros critérios
 Particular: se vale só para alguns dos nossos conhecimentos
 Geral: se vale para todos os nossos conhecimentos.

A pergunta que se coloca é: qual é o critério da verdade definitiva e geral? O


pensamento filosófico clássico diz que o critério definitivo, supremo e geral da verdade é
a ‘evidência’ (manifestação luminosa do objecto cognoscível que produz no sujeito uma
adesão irresistível à sua aceitação).

Quer dizer, a evidência é a clareza com que uma verdade se impõe ao espírito. A
auto-revelação do objecto conhecido ao sujeito cognoscente.

Nota que a certeza difere da verdade e da evidência, ela é um estado psicológico


em que o intelecto adere firmemente a um juízo que expressa uma verdade, e de certo
modo não há verdade se não há certeza da verdade. A dúvida e a opinião não nos põem
na posse da verdade; por deixarem sempre abertas via de outras soluções.

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Por tanto, a evidência não é um estado psicológico como a certeza que dela deriva
e sobre ela se funda. A evidência não depende do sujeito cognoscente, por ser por si só
uma qualidade do objecto cognoscível. Diante de verdade teorética (como 2+2=4) ou de
verdade de facto (como o fogo queima, o sol é luminoso) vemos que elas próprias têm
uma ‘clareza’ que nos constrange a aceita-las como se apresentam. Esta clareza de
conteúdo objectivo do nosso conhecimento é exactamente a evidência.

Não é demais recordarmos que não se deve confundir a evidencia com o estado
psicológico da certeza. Pode haver certeza sem evidência; é a falsa certeza do erro ou
certeza errónea. Só a verdade possui a evidência; o erro não. O erro pode aparecer
evidente, mas não passa de pseudo-evidencia.

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BIBLIOGRAFIA

A Arte de Pensar. Filosofia 10º ano. Lisboa. Didáctica Editora. 2004.

EDUARDO Guepe, MANUEL Biriate. Filosofia 11, Pré-Universitario. Longman


Moçambiqui.

MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. Vol. 1. São Paulo. Paulus.1981.

R.C. Sproul. Filosofia para Iniciantes. São Paulo. Vida Nova, 2008.

MARIA Lacerda de Souza. Apologia de Sócrates por Platão.

Programa de Filosofia, 2º Ciclo do Ensino Secundário, 11ª Classe. Reforma Educativa.

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