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DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO

Maria Carolina Freitas Ribeiro1

Resumo
Este trabalho tem como objetivo abordar a temática sobre doenças relacionadas ao
trabalho, preveni-las e tratar sobre as medidas necessárias para melhorar a
qualidade de vida dos colaboradores. Eliminar ou reduzir a exposição a condições
perigosas e melhorar o ambiente de trabalho, promover e proteger a saúde do
trabalhador, é um desafio que vai além da ação dos serviços de saúde. Tal desafio
busca soluções técnicas saudáveis e exigentes e às vezes complexas e caras. Em
alguns casos, medidas simples podem ser implementadas e terem efeitos positivos,
protegendo a saúde dos trabalhadores e o meio ambiente. Para a realização desse
trabalho foi realizada pesquisa bibliográfica de material pertinente a essa temática.

Palavras-chave: doença; saúde; trabalho; colaboradores; ambiente.

Abstract
This work aims to address the issue of work-related diseases, prevent them and
address the necessary measures to improve the quality of life of employees.
Eliminating or reducing exposure to hazardous conditions and improving the working
environment, promoting and protecting worker health, is a challenge that goes
beyond the action of health services. Such a challenge seeks healthy and demanding
and sometimes complex and expensive technical solutions. In some cases, simple
measures can be implemented and have positive effects, protecting workers' health
and the environment. In order to carry out this work, a bibliographic research of
material relevant to this theme was carried out.

Keywords: illness; health; job; collaborators; environment.

Para identificar as condições de risco (ambientais ou psicológicas), se faz


necessário investigar os agentes danosos associados a diferentes processos de
trabalho, sejam eles: operações, máquinas, equipamentos, matérias-primas, e
ambiente estressante psicologicamente.
Ao serem acometidos por enfermidades após o trabalho ou ainda durante o
mesmo, os trabalhadores podem ter sua saúde física e mental afetadas, de
diferentes formas, estas são conhecidas como as doenças relacionadas ao trabalho
ou doenças ocupacionais.
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Pós graduanda em Gestão de Pessoas pela FAMEC, Estudante de Enfermagem Técnica pela Grau
Técnico - Camaçari. E-mail: carollovor@gmail.com
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A fim de prevenir e/ou tratar as doenças ocupacionais, oportunizando aos


colaboradores condições necessárias para sua melhoria da qualidade de vida,
eliminação ou redução da exposição dessas condições protegendo assim, a saúde
do trabalhador, bem como elencá-las, destaca-se aqui, segundo BRASIL (2001),
cinco doenças relacionadas ao trabalho, são elas:

1. Sensação de estar acabado (Síndrome de burn-out ou síndrome do


esgotamento profissional):

Definição: Uma sensação de estar acabado ou uma síndrome de esgotamento


profissional, se mostra como uma resposta prolongada, ao estresse emocional e
interpessoal crônico, no ambiente de trabalho. CID: 10 Z73.0 Epidemiologia: A
síndrome afeta principalmente profissionais da área de serviços ou cuidadores,
quando em contato direto com os usuários (trabalhadores da educação, da saúde,
policiais, assistentes sociais, professores, entre outros). Quadro clínico e
diagnóstico: História de grande envolvimento subjetivo com o trabalho, função,
profissão ou empreendimento assumido, que muitas vezes ganha o caráter de
missão; Sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo (exaustão
emocional); Queixa de reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do
público que deveria receber os serviços ou cuidados do paciente
(despersonalização); Queixa de sentimento de diminuição da competência e do
sucesso no trabalho. Geralmente, estão presentes sintomas inespecíficos
associados, como insônia, fadiga, irritabilidade, tristeza, desinteresse, apatia,
angústia, tremores e inquietação, caracterizando síndrome depressiva e/ou ansiosa.
O diagnóstico dessas síndromes associado ao preenchimento dos critérios acima
leva ao diagnóstico de síndrome de esgotamento profissional. O tratamento da
síndrome de esgotamento profissional envolve psicoterapia, tratamento
farmacológico e intervenções psicossociais. Entretanto, a intensidade da prescrição
de cada um dos recursos terapêuticos depende da gravidade e da especificidade de
cada caso.

2. Perda da audição provocada pelo ruído e trauma acústico


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Definição: A perda da audição provocada pelo ruído ou perda auditiva


induzida por ruído (PAIR) relacionada ao trabalho é uma diminuição gradual da
acuidade auditiva decorrente da exposição continuada a níveis elevados de pressão
sonora. CID: 10 H83.3 Epidemiologia: fatores de riscos ambientais, metabólicos,
medicamentosos, genéticos. Quadro clínico e diagnóstico: O diagnóstico nosológico
da PAIR ocupacional somente pode ser estabelecido por meio de um conjunto de
procedimentos que envolvem anamnese clínica e ocupacional, exame físico,
avaliação audiológica e, se necessário, outros testes complementares. Tratamento:
Após sua instalação, as mudanças dos limiares auditivos não têm recuperação.
Assim, a prevenção é a única estratégia a ser adotada. Apesar disso, podem ser
adotadas medidas para a melhoria da qualidade de vida dos expostos às condições
de risco e dos lesionados (prevenção da progressão de quadros, orientação quanto
ao uso de EPI, informação sobre os sinais iniciais de PAIR, como, por exemplo, a
presença de zumbidos, se o paciente apresenta perda nas freqüências da fala, deve
ser encaminhado para avaliação da indicação de aparelho de amplificação sonora
individual (AASI).

3. Estado de estresse pós-traumático

Definição: caracteriza-se como uma resposta tardia e/ou protraída a um


evento ou situação estressante (de curta ou longa duração). E, reconhecidamente,
causaria extrema angústia em qualquer pessoa. O paciente experimentou,
testemunhou ou foi confrontado com um evento ou eventos que implicaram morte ou
ameaça de morte, lesão grave ou ameaça da integridade física a si ou a outros. CID-
10 F43.1. Epidemiologia: A prevalência estimada do transtorno de estresse pós-
traumático na população geral é de 1 a 3%. Nos grupos de risco (por exemplo,
combatentes), as taxas de prevalência variam de 5 a 75%. Não estão disponíveis
dados epidemiológicos referentes às ocupações e profissões que representam risco
para eventos suficientemente ameaçadores para desencadear o transtorno. O risco
de desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático relacionado ao
trabalho parece estar relacionado a trabalhos perigosos que envolvem
responsabilidade com vidas humanas, com risco de grandes acidentes. Quadro
clínico e diagnóstico: O quadro típico do estado de estresse pós-traumático inclui
episódios de repetidas revivescências do trauma, que se impõem à consciência
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clara ou em sonhos (pesadelos). O paciente apresenta uma sensação persistente de


entorpecimento ou embotamento emocional, diminuição do envolvimento ou da
reação ao mundo que o cerca, rejeição a atividades e situações que lembram o
episódio traumático. Usualmente, observa-se um estado de excitação autonômica
aumentada com hipervigilância, reações exacerbadas aos estímulos e insônia.
Podem, ainda, apresentar sintomas ansiosos e depressivos, bem como ideação
suicida. O abuso de álcool e outras drogas pode ser um fator complicador.
Tratamento: envolve psicoterapia, tratamento farmacológico, intervenções
psicossociais. Prevenção: envolve uma complexa rede de medidas de prevenção de
acidentes, segurança e promoção de condições no trabalho, incluindo condições
organizacionais do trabalho que respeitem a subjetividade dos trabalhadores.
Requer uma ação integrada, articulada entre os setores assistenciais e da vigilância,
sendo desejável que o atendimento seja feito por uma equipe multiprofissional, com
abordagem interdisciplinar, capacitada a lidar e a dar suporte ao sofrimento psíquico
do trabalhador e aos aspectos sociais e de intervenção nos ambientes de trabalho

4. LABIRINTITE

Definição: Labirintite é uma disfunção vestibular secundária a fatores irritantes,


tóxicos, endócrinos, exócrinos, metabólicos, infecciosos ou traumáticos. CID: 10
H83.0 . Epidemiologia: Entre os fatores capazes de causar labirintite está o trabalho
sob condições hiperbáricas que inclui as atividades sob ar comprimido e submersas.
O brometo de metila, fumigante poderoso, altamente tóxico e gás já utilizado em
processos de refrigeração e como extintor de fogo. Esse desequilíbrio de pressão,
geralmente unilateral, ocorre com mais freqüência na fase de descompressão e
representa um risco para o mergulhador, dada a desorientação que a labirintite pode
provocar, aliada a náuseas e vômitos. Quadro clínico e diagnóstico:. A labirintite
relacionada ao trabalho com exposição a substâncias químicas ototóxicas tem sido
descrita em trabalhadores expostos ao brometo de metila. As provas de função
labiríntica são importantes para se chegar ao diagnóstico correto: prova da marcha,
prova de romberg, prova de romberg-barré, prova de unterberger. É importante
diferenciar se o quadro é de origem periférica ou central, por meio de exames
complementares: tomografia computadorizada, eletronistagmografia, posturografia
dinâmica e ressonância magnética. A avaliação do otoneurologista sempre será
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importante. Tratamento: O tratamento depende da patologia de base. Pode exigir


recompressão em caso de efeitos associados à doença descompressiva do ouvido
interno. Porém, a recompressão pode estar formalmente contra-indicada nos casos
de barotrauma de ouvido interno instalados durante fase de compressão.
Prevenção: O exame médico periódico objetiva a identificação de sinais e sintomas
para a detecção precoce da doença, por meio de avaliação clínica com pesquisa de
sinais e sintomas neurológicos; exames complementares orientados pela exposição
ocupacional; análises toxicológicas.

5. TÉTANO

Definição: Doença aguda produzida pela potente neurotoxina (tetanospasmina) do


Clostridium tetani. A toxina tetânica impede a inibição do arco reflexo da medula
espinhal, promovendo reflexos excitatórios tônicos típicos, em múltiplas regiões do
organismo. CID: 10 A35. Epidemiologia: A exposição ocupacional em trabalhadores
é relativamente comum e dá-se, principalmente, em acidentes de trabalho
(agricultura, construção civil, mineração, saneamento e coleta de lixo) ou em
acidentes de trajeto. A doença em trabalhadores decorrente de acidente de trabalho
poderá ser considerada como doença relacionada ao trabalho. Quadro clínico e
diagnóstico: O período de incubação varia de 4 a 50 dias, em geral 7 dias. Quanto
menor o tempo de incubação, mais rápida é a progressão da doença e maior sua
gravidade. O quadro clínico manifesta-se, seqüencialmente, por sintomas
localizados, com discretos espasmos na região do ferimento; sintomas
premonitórios, como irritabilidade, fisgadas, dores nas costas e nos ombros e
contratura permanente (rigidez muscular), que pode acometer grupos musculares
localizados ou apresentar hipertonia generalizada (mais comum) e espasmos
paroxísticos ou contraturas. O diagnóstico laboratorial é feito pela pesquisa do bacilo
no foco suspeito por meio de esfregaços diretos, cultivo em meio anaeróbico ou
inoculação do material do foco em cobaia e observação por 8 dias. Em geral,
apresentam resultados insatisfatórios. O diagnóstico é eminentemente clínico.
Tratamento: O paciente tetânico, particularmente nas formas mais graves, deve ser,
de preferência, tratado em unidade de terapia intensiva, sendo tomadas medidas
terapêuticas que impeçam ou controlem as complicações (respiratórias, infecciosas,
circulatórias, metabólicas), que podem levar o paciente ao óbito. As medidas
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terapêuticas incluem: internação em quarto silencioso, em penumbra, com redução


máxima dos estímulos auditivos, visuais, táteis e outros; medicação de suporte:
sedativos (benzodiazepínicos), miorrelaxantes, analgésicos (algumas vezes
potentes), manutenção da via respiratória livre, podendo ser necessária ventilação
mecânica, fisioterapia respiratória; soro antitetânico (SAT), após teste de
sensibilidade; antibioticoterapia utilizando penicilina G; debridamento e limpeza dos
focos suspeitos. No momento da alta hospitalar, deve ser aplicada a vacina toxóide
tetânica em massa muscular diferente da que foi aplicada o soro antitetânico. Entre
as medidas clássicas de Prevenção e controle estão: VACINAÇÃO, profilaxia.
Recomenda-se a verificação da adequação e cumprimento, pelo empregador, das
medidas de controle dos fatores de risco ocupacionais e promoção da saúde
identificados no PPRA (NR 9) e PCMSO (NR 7), além de outros regulamentos –
sanitários e ambientais – existentes nos estados e municípios.

Referências

BRASIL. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os


serviços de saúde / Ministério da Saúde do Brasil, Organização Pan-Americana da
Saúde no Brasil; organizado por Elizabeth Costa Dias; colaboradores Idelberto
Muniz Almeida et al. – Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001.

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