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SINOPSE

Tem uma garota com quem você não mexe na Prescott High,
a menos que você queira que eles venham atrás de você.
Aqueles sujos e podres meninos Havoc podem ser uma
gangue para todos os outros, mas são uma família para
mim.

Meu amigo de foda. Meu primeiro amor. Meu marido. Meu


desafiante. Meu confidente.

Tem problemas surgindo nos corredores da nossa escola, e


está indo para as ruas. Uma vez, Havoc mandava na
Prescott. Mas no último ano, queremos toda a maldita
cidade.

Este ano, teremos que matar se quisermos possuir o


submundo. Ainda bem que é algo em que nos destacamos.
Os meninos Havoc são artistas, seus pincéis feitos de osso,
sua pintura de um vermelho rubi brilhante.

Uma menina Havoc para cinco meninos Havoc.

Eu uso a coroa; Eu aqueço suas camas;

Eu seguro suas coleiras.

Vamos retomar nossa escola, nossa cidade, nossas vidas -


só estou rezando para qualquer deus vingativo ouvir que o
preço de tudo isso não me custe uma letra em nossa sigla
sombria.

HAVOC.
Este livro é dedicado ao amor.

Por mais zangada que eu fique, tão machucada, só há uma


coisa que é importante.

e o perdão é sempre uma opção.

a menos que você seja um estuprador, então vai se foder.


Nota do autor

*** Possíveis spoilers ***

Mayhem at Prescott High é um romance de harém


reverso, colegial, inimigo á amantes / ódio e amor / bully
romance. O que isso significa exatamente? Isso significa que
nossa personagem principal, Bernadette Blackbird, terá pelo
menos três interesses amorosos até o final da série. Isso
também significa que, para uma parte deste livro, os
interesses amorosos são totais idiotas; também existem
flashbacks de incidentes passados envolvendo bullying. Este
livro não tolera o bullying, nem o romantiza. Se os interesses
amorosos nesta história quiserem conquistar a personagem
principal, eles terão que conquistá-la.

Pode ser difícil, considerando que os meninos Havoc são


idiotas.

Se você leu minhas outras três séries de romance do


ensino médio - Rich Boys, da Burberry Prep, Devils 'Day
Party ou Adamson All-Boys Academy - então saiba que essa
é um pouco mais intensa e que o crescimento / redenção de
personagens é mais necessária do que nunca. Fique
conosco.

Qualquer cena de beijo / sexo com Bernie é consensual.


Este livro pode ser sobre estudantes do ensino médio, mas
não é o que eu consideraria um young adult. Os personagens
são brutais, as emoções reais, a palavra com f muito
usada. Há o resultado de um suicídio, menções a abusos
passados, situações sexuais e outros cenários adultos.

Nenhum dos personagens principais tem menos de


dezessete anos. Esta série terá um final feliz no livro final.
As mãos de Vic estão quentes quando ele agarra minha
pélvis com dedos tatuados, empurrando em mim com golpes
profundos e longos, suor nas linhas gloriosas de seu peito e
descendo para o local onde nossos corpos estão intimamente
unidos.

“Oh, merda, Bernie,” ele geme, jogando a cabeça para


trás, um glorioso rei das trevas preso entre as minhas
coxas. Eu o possuo, assim como ele me possui. É um tipo de
situação de dar e receber, nenhum de nós realmente quer
aceitar que somos iguais ainda.

Meus dedos apertam os lençóis embaixo de mim


enquanto me contorço sob seu corpo pesado, minha pele
quente e eletrificada de dias de foda quase sem parar.
Estamos muito juntos, eu e Vic. Quando estamos assim, é
difícil lembrar que os outros meninos Havoc também estão
no hotel.

Jogo minha cabeça para trás, mordendo meu lábio


inferior quando um orgasmo violento toma conta de mim,
fazendo meu corpo tremer e contrair com prazer puro. É tão
bom que deve ser pecador de alguma forma. Nada
maravilhoso assim vem sem um preço elevado.
Victor goza dentro de mim com um rosnado bestial
próprio, bombeando seus quadris com tanta força que ele
provavelmente está me machucando enquanto bate nossos
corpos juntos. Quando ele cai ao meu lado com um gemido
e um suspiro, eu posso sentir seu esperma quente entre as
minhas pernas.

Ele odeia preservativos. Eu também. Nós vamos ter


sérios problemas juntos.

Há uma batida na porta que faz Victor fazer uma careta,


mas faz o oposto em mim. Sorrio e meu coração dá um salto
no peito quando ouço Hael chamar do corredor.

“Vocês dois estão seriamente fodendo de novo?” Ele


pergunta enquanto eu me sento, meus cabelos loiros
emaranhados e oleosos por tanto tempo gasto na cama. Eu
continuo tentando tomar banho, mas nunca chego a
realmente lavar meu cabelo antes que Victor apareça, mãos
ensaboadas e quentes enquanto deslizam sobre meus seios.

Estremeço quando ele se levanta e se aproxima da


porta, nu, com o pau ainda molhado com o meu prazer.

“Que parte de lua de mel você não entendeu?” Ele


rosna, passando os dedos pelos cabelos roxo-escuros. “O que
você quer, Hael?”

Hael levanta uma sobrancelha marrom-avermelhada e


depois entra no quarto como se tivesse sido convidado,
passando por seu melhor amigo nu para examinar a vista do
nosso pátio no andar de cima. Seus óculos de sol estão
presos nos cabelos ruivos, com o rosto aberto e convidativo,
mas também se afogando em arrogância.
Ele apoia os cotovelos no corrimão e olha a vista da
praia.

“Você não deve deixar essa porta aberta enquanto


estiver fodendo. Oscar e eu ouvimos Bernadette gritando do
nosso quarto.” Hael ri, como se ele fosse tão esperto.

Victor faz uma careta para ele, mas a expressão não


dura muito. É difícil ficar chateado quando você passou a
manhã tendo vários orgasmos.

“Você ouviu o que eu acabei de dizer: lua de mel.” Victor


pega um dos roupões do hotel descartados que vestimos na
noite passada e o coloca sobre os músculos encharcados de
suor. Engulo em seco e me viro na cama, forçando-me a
sentar enquanto ele acende um cigarro e me encara com
olhos negros. O sorriso que toma conta de seu rosto é ainda
mais cruel pelo fato de ele ter deixado o maldito roupão
aberto, o pau pra fora como se não fosse nada. Ele não se
importa se Hael o vê; ele está confiante no que tem.

“Sim, sim, lua de mel,” Hael diz com desdém, acenando


com a mão enquanto se levanta e se vira para passear por
dentro, medindo o quarto com seus olhos castanhos. “Veja,
a questão é: nós demos a você, tipo...” Hael verifica seu
telefone bem rápido “...três dias para lua de mel.” Ele exala
esta última palavra e bate seus cílios muito bem enquanto
Vic faz uma careta em resposta. ”Acabou o tempo.”

“O tempo acaba quando eu digo que acabou,” Vic


responde uniformemente, ainda fumando casualmente o
cigarro, ainda com o pau para fora do roupão. Hael não
parece se importar. O que ele parece se importar é comigo.
Seus olhos percorrem meu corpo e, embora eu esteja
coberta com os lençóis brancos e limpos do hotel, me sinto
nua. Respiro fundo e encontro seu olhar aquecido.

“Quero dizer, Hael tem razão,” eu digo, olhando para


Vic. Ele está observando nós dois com uma expressão
intensa no rosto, como se estivesse avaliando um problema
que precisa ser resolvido. Isso me assusta. Victor Channing
é um homem que não gosta de compartilhar. E agora, sou
sua maldita esposa.

A esposa dele.

Eu sou a esposa de Victor Channing.

Ou devo dizer, Victor Blackbird. Eu sufoco uma risada e


Hael sorri.

“Sai fora do meu quarto,” diz Victor, virando-se para


servir um copo de uísque. Callum roubou a garrafa do bar e
nos deu de presente na primeira noite em que estávamos
aqui. “Vamos encontrar vocês lá embaixo em uma hora.”

“Uma hora, hein?” Hael brinca, dando-me outra


avaliação mais uma vez. Seu olhar queima como fogo quando
ele o varre por mim, e sei que é apenas uma questão de
tempo até que ele tenha que provar seu ponto de vista:
enfrentar Vic ou cair fora. Porque eu não posso lutar essa
batalha em particular por ele, ou por Aaron, ou... bem, eu
não sei o que Callum ou Oscar estão pensando. Oscar,
especialmente. “Bem, então, aproveite seu décimo orgasmo
do dia, e nos vemos daqui a pouco.”

Ele saúda Vic ao sair, fechando a porta pesada atrás


dele.
“Espertinho,” Victor murmura, engolindo o resto de seu
uísque e depois serve um copo para mim. Ele entrega, e eu
pego, nossos dedos roçando juntos de uma maneira que eu
sinto borboletas.

Borboletas.

Sobre Victor filho da puta Channing.

Podem ser borboletas pretas, com asas perversas, mas


ainda vibram, e eu ainda coro, e o momento é íntimo demais
para eu lidar. Decido voltar para o diálogo espirituoso.
Lutando com palavras, isso eu consigo lidar.

As emoções são muito frágeis. Elas quebram como


vidro. Elas cortam. Elas fazem você sangrar.

Prefiro que outros sangrem.

Um calafrio percorre-me quando penso em Neil. Como


seria ser enterrado vivo? Não consigo pensar em um castigo
pior. Não, não, isso não é verdade. Tendo meu corpo roubado
de mim, meus direitos, minha liberdade... O que ele fez com
Penelope foi pior.

Sem dúvida.

“Uma moeda por seus pensamentos?” Vic pergunta,


acendendo mais um cigarro. E veja, isso me preocupa. Victor
é quase impossível de ler, mas ele tem alguns gestos que o
entregam: ele esfrega o queixo quando pensa
profundamente... e fuma muito quando está nervoso.

“Nós não podemos nos esconder para sempre em


Newport,” eu digo, olhando para as portas de correr que
levam à varanda. O oceano brilha na borda do mundo, me
provocando. Pense em tudo que você desistiu ao se juntar à
Havoc. Aaron estava certo: nunca haverá um 'normal' para
você novamente. Tomo um gole do meu uísque e ele queima
no caminho. É um bom lembrete de que, mesmo quando algo
tem gosto bom e sente-se bem, também pode doer.

A vida nunca dá sem receber algo em troca.

“Não estamos nos escondendo,” Victor me diz com toda


a seriedade. Ele se senta na beira do colchão, e afunda com
seu peso, me puxando em sua direção. Olho para trás e o
vejo me estudando como se eu fosse algo novo e brilhante,
algo que ele quer desesperadamente, mas tem medo de
perder. ”Estamos em lua de mel.” Ele dá uma tragada no
cigarro e depois encolhe os ombros enormes. ”Mas também
estamos aqui a negócios.”

“Sim?” Eu pergunto, sentindo meu estômago apertar


com os nervos. Agora que vi o que Havoc faz no escuro, estou
simultaneamente intrigada e nervosa pra caralho. ”Eu
deveria saber. Vocês gostam de apostar, não é?” Ele encolhe
os ombros novamente, mas seu capricho de merda não é
suficiente, não hoje, não depois do mês que tivemos. “Não vai
parecer ruim para os casos de vocês, viajarem depois de
serem presos? Quero dizer, o FTGV é um segmento do FBI,
não é?”

Victor ri, essa risada profunda, gutural e masculina que


apenas exala confiança. Eu posso praticamente sentir isso
cobrindo minha pele, envenenando meu sangue com
luxúria. Ele é tudo que eu nunca quis em um homem, mas
tudo que eu preciso. Ele equilibra meu lado sombrio da
melhor maneira possível.

“Foda-se o FTGV,” ele diz, examinando as cinzas no fim


do cigarro. “Eles não têm nada contra nós.” Ele levanta a
cabeça para olhar para mim, seu cabelo roxo-escuro caindo
sobre a testa e fazendo meu coração contrair-se no meu
peito. Ele não tem o direito de ser tão bonito, tão convencido,
tão rude, tão bom na cama. Ugh, foda-se Victor Channing e
o pedestal dele. “Eles só vieram atrás de nós porque Brittany
começou a abrir a boca.” Ele apaga seu cigarro no cinzeiro
da mesa de cabeceira. Para ser sincera, não achei que
Oregon tinha mais quartos para fumantes em hotéis. Estou
surpresa e feliz.

Victor faz uma pausa por um longo momento, olhando


para a pintura a óleo na parede em frente a ele.

“Brittany do caralho,” ele grunhe depois de um


momento, cerrando os dentes contra o nome dela. “Eu
deveria castrar Hael para mantê-lo na linha. Não temos
recursos para lidar com uma pirralha da Fuller High e seu
pai policial evangélico esquentado.”

“Já existem rumores circulando na rede social da


Prescott High. Todo mundo pensa que vocês escaparam da
central e estão fugindo.” Eu tomo o resto da minha bebida
enquanto Victor ri novamente.

“Oh, por favor,” diz ele, olhando para mim com seus
olhos de ébano. “Pedimos nossos advogados e demos o fora
de lá cantando. Quando Oscar terminar com o pai de
Brittany, ele estará enfrentando acusações pelo que fez
conosco.” Vic inclina a cabeça para um lado, como um
animal que acaba de cheirar sangue na água. “O único fator
que não temos controle aqui é a senhora Keating.”

Fecho os olhos contra o nome da vice-diretora, uma


sensação de mal estar no estômago.
Breonna Keating ainda está no hospital e ainda não
acordou. Mas quando ela o fizer, ela contará uma história
sobre Neil Pence e sobre mim, e eu preciso descobrir como
lidar com isso quando chegar a hora. O pensamento de
chamá-la de mentirosa me deixa doente.

Decidi que a Sra. Keating não é humana.

Como ela pode ser? Ela é legal demais. Ela me faz


questionar tudo o que sei sobre o mundo.

“Deixe-a comigo, ok?” Eu digo, e Vic se vira lentamente


para olhar para mim, avaliando, curiosidade aparente em
seu olhar sombrio. É difícil para mim focar nisso, porque o
pau dele está meio que... lá, para fora e me provocando.
Estou tendo problemas para me concentrar. Porra, estou
bêbada, penso com um gemido. “Não me olhe assim, Victor.”

“Você tem medo do que podemos fazer com ela?” Ele


pergunta, e eu dou de ombros. Quero dizer, olhe para
eles. Eles matam pessoas, os enterram vivos, eles os
castram. Mas a Sra. Keating é... ela é diferente. Não sei como
explicar isso a Victor, mas machucá-la significaria perder
tudo o que sou.

Eu quero justiça, mesmo que doa. Mesmo se o custo for


alto.

Não quero matança.

“Ela me defendeu contra Neil, embora estivesse com


medo de falar. Isso tem que contar para alguma coisa?” Eu
quase pareço suplicar, mas então, isso não é realmente coisa
minha. “Agora sou rainha de Havoc, babaca. Você
compartilha a coroa.”
Victor ri de mim mais uma vez, mas desta vez o som é
diferente. Ele parece... alegre? Esquisito.

“Ok, esposa. Você pode lidar com a Sra. Keating,


contanto que ela seja cuidada.” Ele se vira para mim e há um
brilho em seus olhos que me faz suar. O animal em mim está
ao mesmo tempo intrigada e aterrorizada. Ou ele está
caçando ou está se preparando para acasalar. Já que eu não
sou um maldito animal, sei que é o último, mas a expressão
dele, sua intenção, a maneira como seu corpo fica tenso...
também pode ser qualquer um. “Mas primeiro, você tem que
me mostrar que sabe chupar um pau.”

Estreito meus olhos para ele.

“Eu não tenho que fazer nada,” eu retruco, mas


realmente, ele sabe que está me atingindo.

“Não?” Ele pergunta, sorrindo como o psicopata que ele


é. “Mas você quer. Qual é a diferença? Todo esse tempo que
estivemos aqui, estivemos fodendo como coelhos e, no
entanto, você não colocou meu pau na sua boca.”

“Porque você não fica longe da minha boceta,” rosno de


volta para ele, mas já estou antecipando pegá-lo em minha
mão e apertar meus dedos em torno da base grossa de seu
eixo, colocando o peso dele na minha língua. Pode haver
poder nisso, no sexo oral. Se você deixar um cara te colocar
de joelhos, legal. Mas você também tem o pau dele entre os
dentes, e se você não tem medo de morder…

“O que posso dizer?” Vic ronrona, colocando a palma de


cada lado de mim e inclinando-se para que eu possa cheirá-
lo. Ele cheira a suor fresco, uísque e fumaça de cigarro, e eu
estou absolutamente vivendo para isso. Casar aos dezessete
anos, na verdade, é estúpido. Tipo, eu zombaria de qualquer
um por fazer isso. Mas, esta sou eu e Vic e Havoc, e
simplesmente funciona. “Eu gosto da sua boceta. Gosto de
encher você com minha semente. Eu sou primitivo, estúpido
e excitado. Quer tentar me domar, Bernadette?”

Eu dou a ele um olhar sombrio.

Nós dois sabemos que Vic nunca pode ser domado.

“Eu não sei, Victor. Quando você encontrar suas bolas,


me avise. Porque tenho certeza de que as roubei nas últimas
semanas.” Ele ri, empurrando o rosto contra o lado da minha
garganta e roçando minha pele macia com os dentes.

“Não confunda minha gentileza com você como nada


além disso: um favor. Não é submissão. Nunca será.”
Estendo a mão e agarro-o pelos cabelos, e ele devolve o gesto,
fazendo o mesmo comigo. Infelizmente, sou eu quem solta
um suspiro primeiro.

Idiota.

“Me chupe, para que eu possa beijar você e provar


minha porra em seus lábios.”

“Eu te odeio,” sussurro de volta para ele, mas quando


ele inclina sua boca na minha e me beija, tudo o que posso
provar é seu apetite carnal, sem fim e abrindo como um
abismo, insaciável. E, no entanto, não quero nada além de
tentar o meu melhor para preenchê-lo.

A língua de Victor varre a minha, uma fúria quente que


logo toma conta da minha mente consciente. Eu culpo a
magia da lua de mel, mas realmente, somos apenas nós. Eu
e ele. Nós somos o pecado encarnado, e nós dois sabemos
disso. Minhas pernas se abrem por vontade própria, mas,
felizmente, quando Vic começa a ondular seus quadris
contra mim, temos o lençol para nos proteger. Não o impede
de colocar a ponta, mas o tecido está no nosso caminho e ele
acaba xingando e rosnando contra a minha boca.

“É disso que eu estava falando,” murmuro contra seus


lábios. Com uma série de maldições coloridas, Vic se senta e
passa os dedos pelos cabelos. Suas pupilas estão tão
dilatadas que suas íris parecem totalmente pretas. Na
realidade, são marrons muito escuros, mas é impossível ver
a cor sem muita luz. “Agora, fique de costas.”

Ele dá uma risada irônica, e eu faço uma careta.

“Não, que tal você se ajoelhar para mim?” Ele pergunta,


levantando uma sobrancelha enquanto se levanta e me puxa
para os meus pés. Eu tento manter os lençóis comigo, mas
acabo tropeçando neles e caindo em seus braços tatuados. O
anel de sua avó brilha no meu dedo enquanto enrolo minha
mão em torno de seu bíceps.

Entendeu o que eu quis dizer?

Dar e receber.

Não estamos dispostos a aceitar a igualdade. Um de nós


sempre quer estar no comando. Como na noite passada,
quando montei sua bunda no colchão até ficar satisfeita.

Vic desliza os dedos nos meus cabelos e me beija


novamente, sua boca contra a minha até que eu esteja
fazendo sons que definitivamente estão saindo pela porta
aberta da varanda e nos ouvidos dos membros restantes de
Havoc.
Pelo menos as meninas estão tomando café da manhã
com Aaron e Callum.

E nenhuma parte de mim está preocupada com


isso; elas não poderiam estar mais seguras.

Meus joelhos estão fracos quando Victor massageia a


parte de trás da minha cabeça com os dedos tatuados, me
incentivando a derrubar o número aparentemente infinito de
escudos em volta do meu coração. Ele os quebra em pedaços,
com todo beijo, todo olhar, todo toque. Ele tira minha
dormência, me deixa vulnerável e dolorida.

Quero agradá-lo e me odeio por isso.

Mas não tanto quanto eu o amo.

“Eu te odeio,” murmuro novamente, mas ele apenas


sorri contra a minha boca, me dando um último beijo
punitivo antes de deslizar minhas mãos pelo comprimento
de seu belo corpo e caio no chão. Minha mão esquerda,
aquela com minha tatuagem ainda fresca do HAVOC,
envolve a base de seu pênis, apertando até que eu receba um
gemido satisfatório que passa por aqueles lábios perversos
dele.

“Odeie-me enquanto estou te amando,” ele diz, deixando


a cabeça cair para trás, apoiando as palmas das mãos
grandes no topo da minha cabeça. Por um momento, eu
quase acredito que Victor está sendo legal. Ele destrói essa
noção bem rápido. “Odeie-me enquanto sua boca está
envolvida em torno do meu pau.” Seus dedos apertam meus
cabelos, me incentivando a levá-lo entre meus lábios.

Deixo ele me guiar até lá, deixo ele empurrar tanto de si


na minha boca quanto eu aguento. É preciso meu punho e
minha boca para segurá-lo e, mesmo assim, é um
desafio. Meus músculos do estômago se contraem com
antecipação quando me afasto, girando minha língua em
torno da ponta do pênis do Victor e provando tanto sua porra
quanto o meu próprio mel. A combinação dos dois é
inebriante, amplificando o leve zumbido na minha cabeça do
uísque e uma manhã cheia de orgasmos.

Minha cabeça balança algumas vezes, apenas para


aumentar a fricção. Então eu recuo, passando a língua ao
longo da parte inferior de seu pau, até suas bolas. Eu
provoco a costura com minha língua enquanto meus olhos
se levantam para encontrar o rosto de Vic. Sua cabeça está
jogada para trás em êxtase, lábios abertos, dedos
massageando meu couro cabeludo.

Ele está completamente aberto para mim agora, se


afogando em abandono imprudente.

Provavelmente eu poderia matá-lo, se realmente


quisesse. É um pensamento estranho? Independentemente
disso, isso me traz uma sensação perversa de prazer. Estou
de joelhos, mas é ele quem está vulnerável agora. Quando
deslizo minha boca sobre o comprimento dele novamente, os
quadris de Vic empurram em resposta, dirigindo
profundamente na minha garganta. Eu mantenho minha
mão no lugar para controlá-lo, recuando e depois apertando
com força com os dedos. Usando minha saliva como
lubrificante, deslizo meu punho ao longo dele até chegar ao
final do seu eixo, e então solto. Ele solta um pequeno
grunhido, mas eu rapidamente o agarro na base
novamente. Repetidamente, repito esse movimento, como se
estivesse ordenhando-o.
“Boca,” ele rosna, puxando minha cabeça de volta para
seu pau. Vic empurra entre meus lábios e eu gemo,
mudando de lugar. Estou encharcada novamente. Bem,
nunca deixei de ficar molhada. Foi assim que meus últimos
três dias foram. Desde que nos afastamos da ruína decrépita
da casa da avó de Victor, estamos fodendo sem parar.

Somos viciados no veneno um do outro.

Não há dúvida acerca disso.

Começo a zumbir, um truque que aprendi,


apropriadamente, nos corredores da Prescott High. Ninguém
sabe como fazer um boquete melhor do que uma garota do
lado sul. As vibrações na minha garganta viajam pela minha
língua e entram em Vic, a música mais pervertida do mundo.

“Bem aí, princesa,” ele geme, seus dedos apertando sua


mão na minha cabeça. Coloco a palma da mão direita contra
seu abdômen inferior, sentindo os músculos endurecerem
como um clímax poderoso cravando suas garras
nele. Quando tento me afastar - para corrigir o uso da
palavra princesa - ele empurra para frente com um gemido
violento, derramando seu gozo quentes e salgado na minha
língua.

Eu engulo e recuo, passando meu braço pelos meus


lábios. Quando dou um olhar venenoso para Vic, encontro-o
sorrindo para mim, claramente satisfeito e presunçoso e
irritante pra caralho.

“Princesa?” Eu pergunto quando ele me oferece uma


mão, me colocando de pé e colocando meu corpo nu contra
a frente dele. ”Não há princesa no xadrez. Me chame de
rainha ou encontre um novo apelido completamente.”
“E que tal cupcake?” Ele pergunta, rindo da carranca no
meu rosto.

“Que bom que você achou engraçado. Que tal tornarmos


isso sério?” Eu brinco quando Victor pega minhas mãos
muito menores entre as suas maiores. Vendo nossas palmas
recém cortadas pressionadas juntas, as tatuagens do
HAVOC entrelaçadas, entorpecem minha raiva. Mas só um
pouco. ”Não me faça cortar você, Victor Channing.”

“Vista-se, minha rainha,” ele diz, olhando para mim por


um breve momento com pura ternura em sua expressão. Ele
fecha os olhos, como se quisesse recuperar a
compostura. Quando ele os abre, são afiados com astúcia e
grossos com violência. “Temos um grande dia pela frente,
afinal.” Ele me solta e se vira para o chuveiro, largando o
roupão com - provavelmente - o único objetivo de me mostrar
aquele traseiro musculoso dele.

Babaca.

Então, novamente, quando fecho meus olhos, posso


ouvir seus votos de casamento na minha cabeça. As palavras
foram sussurradas suavemente contra o meu ouvido quando
ele se movia dentro de mim com movimentos profundos e
lentos, amoroso e repleto de intenções românticas.

“Bernadette, você é a força por trás de tudo que faço.


Você sempre foi. Não posso agradecer o suficiente por
isso. Sem você, eu não teria um motivo. Uma razão para
viver. Um motivo para lutar. Uma razão para ter sucesso. Você
é o oxigênio no meu sangue e a eletricidade que faz meu
coração bater.”

Minhas bochechas coram quando eu aperto minhas


mãos.
Havia uma razão para Victor não querer dizer seus votos
em voz alta no casamento.

Eles foram feitos para mim e só para mim.

Mas... os meus deveriam permanecer em segredo?

Porque não tenho certeza de que sou destinada apenas


a ele e somente ele.
“Callum assustou algumas crianças no aquário,” Aaron
diz, entrando no estacionamento que margeia a praia. É
inverno no Oregon, então não é o clima ideal para ir à praia,
mas nunca realmente é. Dizer praia é um pouco
errado; costa seria mais apropriado. A água é sempre muito
fria para nadar, mas em um dia quente, você pode desfrutar
das ondas tocando seus tornozelos.

Faz sol e alugamos buggy de dunas. Eu nunca fiz isso


antes, apesar do fato de Newport estar a apenas duas horas
de Springfield, um local fácil para famílias locais. Pamela
nunca me levou a lugar nenhum. Ouvi falar que Penelope e
eu fomos à Disney World uma vez quando eu tinha três
anos. Mas, não lembro disso, será que importa? Além disso,
se eu tivesse que fazer uma aposta, diria que meu pai foi
responsável por essa viagem.

Pam simplesmente não é do tipo que leva duas meninas


em férias na infância.

De qualquer forma, alugar um buggy de duna por


oitocentos dólares por dia é uma coisa tão Fuller High de se
fazer. Os pirralhos de Oak Valley provavelmente são os
donos da empresa que fabrica essas coisas. Crianças da
Prescott... geralmente apenas roubam eles.
“Como assim?” Eu pergunto, levantando uma
sobrancelha enquanto olho por cima do ombro para as
meninas. Elas estão de cinto no banco juntas, com Heather
no meio. Victor parecia que ia estourar uma veia no pescoço
quando eu lhe disse que ia no Bronco com Aaron. Mas então
ele olhou para Heather, os olhos dela se estreitaram, a boca
virada para baixo, e ele sabia que tinha pouca escolha.

Se minha irmãzinha não gostar de Vic, teremos


problemas.

“Ele se escondeu atrás do tanque de tubarões e


pulou!” Heather explica, seus olhos verdes se iluminando de
alegria. “Achamos engraçado, mas ele fez uma menininha
chorar.” Ela sorri muito, mas então seu sorriso desaparece e
ela estreita os olhos para mim. “Você teria visto se estivesse
no aquário. Você e Vic não estão entediados no quarto do
hotel o dia todo?”

“Eu, uh,” começo, tentando imaginar como eu acabei me


tornando essencialmente mãe de uma criança de oito
anos. “Estamos em nossa lua de mel, Heather.” Ela torce o
nariz para mim e se inclina para sussurrar algo no ouvido de
Kara. As duas riem enquanto olham para mim e eu levanto
uma sobrancelha. “Você quer me informar sobre o que está
acontecendo?” Pergunto quando Aaron ri e desliga o motor
do Bronco.

“Tudo o que eu disse foi que vocês provavelmente


estavam se beijando,” Heather brinca, me dando um olhar
atrevido que me lembra, bem, eu. Ela realmente acha que
descobriu sobre eu e Vic. Deus a ajude para que ela
nunca nos entenda. Eu quero que ela passe a vida com
alguém... normal. Dolorosamente normal, realmente.
“Oh, você adivinhou,” eu digo, e as três garotas gemem
e reviram os olhos quando abro a porta e pulo para a calçada
coberta de areia. O vento envolve meus cabelos em volta do
meu rosto enquanto encaro a praia quase vazia com um
suspiro tranquilo.

É disso que todos precisamos: normalidade.

“Certamente tem muita areia aqui,” Oscar diz, sentado


no capô do Camaro em uma camiseta preta e shorts longos
e escuros. É tão estranho vê-lo usar qualquer coisa, menos
um terno; sempre me pega desprevenida. Lembra como você
o viu nu e vulnerável acima de você? Como ele fez amor com
você e depois fugiu como um babaca? Isso te pegou de
surpresa também, Bernie?

As meninas passam por mim, gritando e tirando os


sapatos enquanto Aaron luta para acompanhá-las, gritando
avisos sobre ficar longe da água. Eu me viro para Oscar com
um fogo furioso queimando na minha barriga.

“Sim, é uma praia,” eu estalo, chamando sua atenção


para mim. Faz apenas nove dias desde que arruinamos o
sofá de Aaron juntos; parece uma vida inteira de merda. E,
no entanto, ainda estou furiosa com toda a situação. Eu sei
que nós dois estamos tentando fingir que isso não aconteceu,
mas eu só conheço minhas próprias motivações para isso:
estou envergonhada. Esse foi um momento íntimo para
compartilhar com alguém, e Oscar o arruinou para mim
fugindo e se recusando a me dizer o que estava errado. “Você
não era para ser o inteligente? Porque você parece burro
agora.”

Oscar faz uma careta para mim, quebrando


o olhar plácido de idiota que ele gosta de usar como máscara
em seu rosto bonito. Sinto uma faísca por dentro com a
expressão dele. Quero dizer, é a prova de que ele está
sentindo algo, certo?

“Você é uma vadia, Bernadette Blackbird. Estou


assumindo que você está ciente disso?” Ele volta para mim
quando a moto de Vic para ao lado do Camaro. Victor não
ouve o que Oscar me disse, mas assim que desce da Harley,
ele está olhando de lado para nós dois.

“Eu preciso intervir nessa merda?” Ele pergunta


enquanto estuda a nós dois com um olhar que é uma parte
divertida, duas partes ciúme. “Vocês dois precisam resolver
sua porcaria, ou não vamos sobreviver pelo resto do ano
letivo.” Victor fica entre nós, usando jeans justo e uma
camiseta apertada que diz vai se foder na frente. Muito
sutil. Adicione sua grande estatura, músculos e tatuagem, e
ele deixa pessoas boquiabertas aonde quer que vá. Eu pensei
que o segurança poderia atacá-lo ao sair do hotel esta
manhã.

“Não temos nada para resolver,” Oscar mente, sua


língua tão lisa quanto a de uma cobra. Ele desliza para fora
do capô e se levanta, com o iPad debaixo do braço, como de
costume. Aposto que você não deixaria seu precioso tablet
sozinho no período dele depois de gozar dentro dele, seu
pesadelo de homem. “Tudo está como sempre. Estamos
correndo quase quinze minutos a frente do previsto.”

“Nada para resolver?” Eu repito e Victor geme,


deslizando a mão sobre o rosto. “Você pegou seu pau cheio
de sangue e fugiu, Oscar. Quero dizer, o que diabos há de
errado com você?”

Do jeito que ele olha para mim, eu nunca tive tanta


certeza de estar olhando nos olhos de uma pessoa que
pretendia cometer um assassinato. Só espero que não seja o
meu. Talvez ele esteja pensando em Mitch Charter ou algo
assim?

Afinal, deixamos Prescott High uma bagunça.

Nós os deixamos aplaudindo nossa destruição nos


corredores.

Deixamos uma tripulação da Havoc desaparecida e


ensanguentada.

Deixamos o rosto sorridente de Kali e as piadas


sussurradas de Billie.

Meus punhos cerram ao meu lado e me forço a respirar


fundo.

“Ah, sim,” Oscar diz enquanto Vic faz uma careta,


claramente irritado por ter que discutir eu transando com
outros caras em sua lua de mel. Mais uma bomba atômica
esperando para explodir e encher todos nós de
consequências emocionais: Vic parecia ter a impressão de
que eu não transaria com mais ninguém depois do
casamento. “Isso mesmo: você é do tipo que se emociona com
o sexo.” Ele me olha direto no rosto, mas não consigo ler
nada naqueles olhos cinzentos dele. A luz pega nas lentes de
seus óculos, protegendo-o ainda mais do meu olhar. “Mas
tenha certeza, Sra. Channing, de que isso não significou
nada para mim; Eu já esqueci.”

Mentiroso.

A palavra canta em minha mente, brilhante, clara e


nítida.
Estreito meus olhos, mas não tenho a chance de
responder porque Vic faz isso por mim.

“Eu disse que as coisas mudariam depois que


Bernadette e eu nos casássemos.” As palavras de Victor são
baixas e sombrias, atraindo a atenção de Oscar em um
instante. “Eu quis dizer isso. Este é o seu aviso, Oscar. Não
me faça seguir adiante com uma ameaça.”

O rosto de Oscar escurece e aperta quando ele devolve


o olhar de Victor, enquanto tenta desesperadamente manter
sua força. Ele está agindo como se essa situação não o
incomodasse, mas está quebrando-o em pedaços. Está
escrito nas linhas tensas de seu corpo, no formato de sua
boca, do jeito que seus nós dos dedos ficam brancos quando
ele agarra o tablet com garras ao seu lado.

“Entendido, chefe.” Seus olhar vai na minha direção


enquanto ele estende um dedo do meio tatuado para
empurrar os óculos pelo nariz. “Minhas desculpas, Sra.
Channing. Tudo o que eu quis dizer foi que você não precisa
se preocupar que aconteceu entre nós no sofá volte a
acontecer.” Ele sorri para mim, mas sua expressão está
quente de raiva e seus lábios são tão afiados quanto uma
adaga.

Sinto meu espírito perfurar e começo a sangrar do


ataque.

“Você está perdoado pelas transgressões de


hoje, Montauk,” eu ronrono de volta para ele, chegando tão
perto que, quando respiro fundo, sinto cheiro de canela em
vez de água salgada e areia. Oscar ainda está na minha
frente, como se ele tivesse conseguido lutar com todos
aqueles demônios dentro dele de volta à jaula.
Impressionante. “Mas você não está perdoado por me foder
no meu período e fugir. Você me deve uma explicação.”

“Não lhe devo nada,” ele responde de volta, se movendo


ao meu redor e descendo a colina em direção à mesa de
piquenique onde Hael e Callum estão esperando. Eu o vejo
ir, fervendo por dentro e desejando que ele fique doente a
cada respiração.

“Jesus Cristo, vocês dois vão me colocar cedo em um


túmulo,” resmunga Victor, descendo o caminho com a
intenção óbvia que eu siga depois. Com um suspiro, sim,
porque, por mais louca que esteja com Oscar, estou dentro
para uma vida inteira com Havoc.

O que foi feito não pode ser desfeito.

Meu contrato é assinado e selado no meu sangue; meus


dedos estão marcados com tinta; meu coração está quebrado
em cinco fragmentos. Não importa o quanto eu gostaria que
não fosse, uma dessas peças pertence a Oscar
Montauk. Sempre pertenceu.

Como eu disse quando ele estava me empurrando para


o sofá, “Desde o ensino fundamental”.

Ele me deixou colar de seus testes na sexta série; ele me


disse que era alérgico a maçãs, então eu pegava as dele, e
sempre tinha comida extra para levar para casa, caso Pamela
se esquecesse de me alimentar. Como posso esquecer essas
coisas? Como posso esquecer que, quando perguntei se ele
estava apaixonado por mim, sua resposta foi: “Você está
sangrando.”

Gah!
Eu chuto a areia e corro os dedos das duas mãos pelo
meu cabelo para sacudir os fios loiros de pontas
rosadas. Vou matar aquele filho da puta antes de nos
formarmos, se ele não começar a se abrir para mim, eu juro
que vou.

“Ouvi dizer que você aterrorizou algumas crianças


pequenas no aquário?” Eu pergunto a Callum, tentando
forçar um sorriso enquanto ando até a mesa ao lado dele e
de Hael. O último já está sem camisa, tomando sol e sorrindo
como um homem que acabou de escapar de ser
enforcado. Quero dizer, Brittany como uma mãe de bebê
teria sido difícil, eu concedo isso a ele. Ele merece sorrir, mas
apenas um pouco já que a vadia acabou de quebrar o preço
de Havoc.

Em toda a história dos meus meninos e da Prescott


High, apenas uma vez um aluno quebrou o
juramento; ninguém nunca cometeu esse erro novamente.

Estou aterrorizada pela bonita e pequena Brittany Burr.

“Eu os fiz se mijarem,” Callum diz com um sorriso, seus


cabelos loiros abertos para o céu, refletindo os raios do sol
como se fossem feitos de ouro. “Não de propósito,
obviamente. Eu estava tentando fazer nossas garotas
rirem.” Ele toma um gole de uma lata gelada da Pepsi que
deve ter vindo das máquinas de venda automática perto do
banheiro. Quando ele me oferece, eu aceito.

“Você conseguiu isso,” Hael diz com uma risada


sarcástica, fechando os olhos contra o sol. “Mas você é
aterrorizante. Você pode imaginar o que Eric deve ter
pensado quando o viu agachado em cima do carro dele?”
Cal ri e olha para o oceano, onde Aaron está cuidando
de três meninas como se ele tivesse nascido para isso. Meu
coração dispara, e sinto que parte dessa tensão selvagem em
mim foge do meu corpo. Esta é minha lua de mel; é feriado
de Ação de Graças.

Neil Pence está morto.

Ele está morto.

O Coisa está finalmente morto.

E, no entanto... como é que, quando olho minha irmã


correndo pela areia descalça e com um sorriso, não sinto
paz? Isso ainda não acabou, mas não sei exatamente por que
me sinto assim.

“Acho que sou mais assustador do que acho que


sou?” Cal diz, como se ele estivesse fazendo uma pergunta. A
maneira como ele segura o rosto, olhos azuis erguidos em
direção ao céu em pensamento, faz com que ele pareça tão
inocente. É uma visão de se ver, como olhar para um reflexo
de quem Callum Park poderia ter sido se ele não tivesse tido
seus sonhos arrancados.

Oscar faz um som baixo de aborrecimento e todos nós


voltamos para olhá-lo.

“Talvez tenhamos que ajustar um pouco nossos planos,”


ele diz, olhando para o tablet. “Nossos amigos chegaram
quase duas horas mais cedo.”

“Amigos?” Eu repito, olhando para a praia no local de


aluguel de buggys das dunas. Hoje está quase vazio; Eu não
ouço nenhum quadriciclo ou buggy. ”Que amigos?”
“Outra metade do seu presente de casamento,” Hael diz,
sentando-se de repente e estalando os dedos para mim. Ele
morde o lábio, os olhos cor de mel passando rapidamente na
direção das meninas. “Mas teremos que sair cedo, ou
perderemos nossa chance.”

“Nossa chance?” Eu pergunto, e Vic resmunga.

“Tudo bem, Bernie, vá dizer a Aaron que estamos


saindo.” Victor verifica seu telefone brevemente e depois olha
para mim. “Ele sabe que tem que manter as meninas
ocupadas até que estejamos prontos para ele se juntar a nós
na casa.”

“Que casa?” Eu pergunto, tentando piscar através da


minha confusão. Adoro a ideia de os caras me darem
presentes, mas da última vez que fizeram isso, recebi meu
padrasto em um caixão em um buraco muito profundo. Uma
chance de me preparar emocionalmente seria legal. Por
favor, apenas... não deixe ser minha mãe que eles têm suas
garras perversas. Ainda não.

“Os Vincents,” Victor me diz, mostrando aquele sorriso


perverso. Ele se inclina para me beijar na bochecha e
arrepios correm pela minha pele.

Merda.

Não esperava isso.

O beijo gentil, quero dizer.

Eu esperava totalmente a intriga.

Somos chamados Havoc por um motivo, certo?


As meninas são muito pequenas para andar legalmente
nos buggies das dunas - não que essa legalidade seja uma
grande preocupação para nós -, mas Aaron e eu achamos
que o requisito de altura existe por um motivo. Um pouco de
diversão nas dunas não vale nenhum risco potencial para
elas. Inferno, mesmo uma perna quebrada exigiria uma
visita ao hospital, o que poderia levar a questões de custódia,
o que levaria Aaron a perder sua irmã e prima.

“Odeio ter o último aniversário de todos nós,” ele


resmunga, afastando o cabelo do rosto enquanto observa as
meninas fazerem um castelo de areia. Tecnicamente, ele não
tem o último aniversário em Havoc: eu tenho. Mas
adivinhem? Casar-se em Oregon faz de você um menor
legalmente emancipado.

Como é geralmente o caso de Havoc, meu casamento


com Victor serviu a dois propósitos.

Esses garotos não fazem nada sem intenção cruel.

“Não se estresse,” eu digo, parando ao lado dele


enquanto Heather olha para mim do seu lugar na areia. O
acordo era que íamos ficar juntas na praia por uma ou duas
horas antes de alugarmos os buggies. Mas os Vincents
chegaram cedo, e esse plano que os meninos criaram
depende de estarmos nas dunas ao mesmo tempo que
eles. “Nós vamos chegar lá.”

“Eu sei,” Aaron diz, exalando e olhando para mim com


olhos verde-dourados. Ele sabe que eu me sinto como uma
mentirosa dizendo isso? Os caras lutam há anos para
manter Aaron, Kara e Ashley juntos. Só agora estou
participando da luta, uma luta em que talvez eu devesse
estar participando o tempo todo.

Eles podem não ter me querido em Havoc, mas eu


também não era forte naquela época. Não tenho certeza se
poderia ter lidado com isso. Talvez a culpa não seja tão
unilateral aqui, hein?

“Precisamos ir,” Oscar diz, me irritando. Ele tem sorte


de não ter nenhuma arma comigo agora. “Se estivermos
atrasados, não há sentido nisso.”

Cerrando os dentes, dou um último aperto no braço de


Aaron, me odiando por não ter falado com ele sobre Oscar
ainda. Parece traição, e eu não gosto disso. Quero dizer, eu
sei que não, e estamos muito ocupados ultimamente, mas
isso não me faz sentir menos mal com isso.

“Pau com menstruação,” eu grito com Oscar enquanto


passo por ele, jogando meu cabelo em seu rosto. Ou
simplesmente não consigo ouvir a reação dele sobre as
ondas, ou então ele sabe que não deve me responder depois
de ser repreendido por Victor.

“Sua bunda, esses shorts, puta que pariu,” murmura


Hael, e quando olho para ele, vejo-o chupando o lábio
inferior. Dou-lhe um sorriso tímido, ignorando o olhar
sombrio de Vic, e me viro, certificando-me de jogar e
bagunçar meu cabelo com os dedos. Minha bunda está
definitivamente para fora desses shorts; meu top
definitivamente está subindo para expor apenas uma pitada
do meu umbigo. Eu aprendi há muito tempo que monstros
vão caçar e comer você, esteja você usando sacos de lixo ou
sapatos de salto alto.
Além disso, é o meu corpo. Farei o que quiser com
isso. Victor... talvez precise pegar o recado.

O cara que dirige o buggy das dunas dá uma olhada no


nosso grupo - com tatuagem, jovem, irreverente - e pede o
dobro do depósito de segurança habitual.

“Dinheiro não é problema,” mente Oscar, entregando ao


sujeito um cartão de débito pré-pago. Não tenho certeza se
os caras roubaram, ou se realmente pertence a eles. De
qualquer forma, é provável que não seja rastreável. O
funcionário pega a maldita coisa como se estivesse suja,
entrega um contrato para Victor assinar e examinando sua
identidade falsa - diz que o nome dele é Craig Johansen - por
três minutos muito dolorosos e silenciosos.

“Devemos aumentar a idade para dirigir para vinte e


um, se você quer saber,” resmunga o idiota, como se
estivesse com morte cerebral ou tenha vivido uma vida tão
encantada que não pode reconhecer o perigo quando o olha
diretamente na cara. Como seus instintos não estão
percebendo o olhar sem piscar de Callum?

Ele tem sorte de os meninos Havoc não correrem riscos


desnecessários.

“Porra, eu odeio pessoas assim,” Cal diz, olhando por


cima do ombro enquanto o funcionário se afasta, deixando-
nos com as chaves e um Ranger Crew XP 1000 de seis
lugares. Basicamente, é como um carrinho de golfe
turbinado para andar na areia. ”Um idiota tão julgador. Se
eu tivesse tempo livre, me esconderia em seu armário e o
assustaria quando ele chegasse em casa.”

“Porra, você é assustador,” Hael murmura com um rolar


de olhos castanhos. Ele pode brincar com tudo o que quiser
sobre Callum, mas vi seu rosto sombrio e fechado de
emoção. Até o jeito que ele olhou para Vic na garagem,
quando estava pedindo para ele pedir desculpas por mim,
isso foi aterrorizante. Quero dizer, não para mim. Mas eu
teria me mijado se fosse Vic. “Oh,” ele começa, sorrindo
enquanto olha para Oscar e levanta as chaves para
inspeção. Hael as toca, como se estivesse brincando com um
gato bravo com um brinquedo de sino. “Você sabe que não
está recebendo esse depósito de segurança de volta, certo?”

“Estou plenamente ciente disso,” retruca Oscar,


completamente impassível. Seu rosto é uma perfeita
máscara de porcelana, como uma espécie de obra de arte
obscura, tão limpa, vazia e lisa com tatuagens no pescoço. As
lentes de seus óculos brilham, tão assustadoramente limpas
como de costume. Na verdade, eu tenho que apertar minhas
mãos em punhos ao meu lado para não dar um passo à
frente e suja-las. “Entre no buggy, Hael.”

“Alguém está mal humorado,” Hael ri, pegando o


capacete do banco e empurrando-o sobre seu faux-hawk1
vermelho falso. Ele empurra a viseira para cima, para poder
dar outra olhada em Oscar. “Você precisa de outro mergulho
no sangue de menstruação da Bernadette, hein? Isso te
acalmaria?”

“Jesus Cristo, entre no maldito buggy e cale a boca,” Vic


retruca quando a cor drena do meu rosto. Pensei que Hael
estivesse dormindo quando confrontei Oscar no quarto; Eu
estava meio que com a impressão de que Hael e Aaron ainda
não sabiam sobre mim e Oscar. Victor me olha, como

1
Estilo de corte de cabelo;
se quisesse dizer bem, o que você esperava, somos uma
família. Aposto que ele disse a Hael. Mesmo considerando a
proximidade que Havoc tem, ele e Hael são melhores amigos,
com certeza.

Isso significa... Aaron é o único que não sabe.

Droga.

“Malvado,” Callum ri, mas ele está sorrindo quando eu


olho para ele. Ele estende a mão, como se o buggy fosse
algum tipo de carruagem liderada por cavalos
brancos. Coloco meus dedos nos dele e deixo ele me ajudar,
mesmo que eu pudesse facilmente entrar sozinha.

“Ele pode fazer coisas cavalheirescas, mas eu não


posso?” Hael brinca enquanto lhe mostro o dedo do meio e
uso o elástico de cabelo no meu pulso para colocar meu
cabelo em um coque bagunçado na base do meu pescoço.

“Ele não é arrogante sobre isso,” eu brinco de volta


quando Callum se senta à minha esquerda enquanto Vic fica
a minha direita. Oscar senta no banco do passageiro,
enquanto Hael gargalha quando coloca as chaves na ignição.

“Babe, se você está esperando que eu pare de ser


arrogante, você estará morta antes que isso aconteça.” Hael
abaixa o visor quando pego meu próprio capacete e o
coloco. Apostaria que os caras normalmente evitariam a
ideia de segurança, mas então... os capacetes oferecem um
elemento de anonimato. Isso e dá um fator assustador neles,
a maneira como eles escondem os olhos.

Hael solta um grito de excitação quando ele liga o motor


e sai pelo caminho sinuoso em direção à praia. Voamos sobre
uma pequena lombada no final da estrada, e meu estômago
bate na garganta. É divertido, e me vejo sorrindo, apesar da
noção de que vamos realmente ver Coraleigh Vincent em
algum momento desta tarde.

Ainda assim, é emocionante... o suficiente. Mas a


adrenalina não é nada comparada os altos em que tenho
andado ultimamente. Entre meus sentimentos pelos
rapazes, o cheiro de perigo no ar e todas as situações de
merda em que nos metemos, não acho que algo tão simples
quanto andar de buggy seja suficiente para mim novamente.

Eu fui arruinada por Havoc.

Hael nos leva pelas maiores dunas que ele pode


encontrar, inclinando o carrinho em ângulos que me fazem
pensar se não vamos rolar para trás da colina. Minha
respiração sai e eu me inclino para a frente, as mãos se
curvando em torno do topo do banco da frente. Mesmo que
a adrenalina seja fraca em comparação, ainda é um bom
momento. Na verdade, eu gostaria de fazer coisas assim com
mais frequência.

Victor e eu somos casados, mas nunca namoramos. Tipo,


um encontro real.

Este é o mais perto que eu cheguei de ter um com


alguém, exceto Aaron.

“Você gosta disso?” Vic pergunta, sua voz abafada pelo


capacete. Tudo o que posso fazer é acenar com a cabeça
enquanto disparamos sobre o topo da colina e o buggy fica
no ar por um momento antes de cair na areia. Temos muito
a aprender, eu e esses meninos.

Nós contornamos a beira do mar, passando pela


espuma e cobrindo minhas panturrilhas e tornozelos com
água salgada fresca antes de ir para um pedaço de grama
espessa do mar. Só quando passamos pelos juncos é que
vejo o outro buggy. É muito menor que o nosso, um carro de
dois lugares carregando um homem e uma mulher, com o
rosto coberto com o capacete.

Minha respiração sai, e meu coração para no meu peito.

Este é Havoc em poucas palavras, me dando algo bonito,


me prometendo algo perverso.

Hael vira o volante e nos leva direto para eles.

Oh.

“Você sabe que não está recebendo esse depósito de


segurança de volta, certo?”

As palavras de Hael se encaixam cerca de dez segundos


antes do impacto. Eu cerro os dentes, cavando minhas
unhas no encosto do banco quando Hael solta um grito de
emoção. Nosso carrinho atinge o lado do que eu só posso
supor que é o veículo dos Vincents, fazendo-o rolar na areia
como uma ginasta. A força disso me faz ir para frente e
depois para trás. Vic e Cal mantêm uma mão na minha coxa,
mas meu cérebro sacode no meu crânio de qualquer
maneira.

Deve ser apenas uma fração do que os Vincents estão


passando.

O buggy deles vira algumas vezes e depois desliza pela


duna em que estamos descansando. Eu posso ouvir o casal
gritando - mesmo através de seus capacetes - enquanto
lutam para obter o controle do veículo. Infelizmente para
eles, ele vira uma última vez e, com um gemido cansado, o
pequeno buggy descansa de costas como um besouro virado
para cima, rodas girando contra o céu.

Hael nos leva pelo o lado da duna e estaciona ao lado do


carrinho virado, desligando o motor e depois tirando o
capacete. Seu cabelo vermelho é atrevido e sexy como o
inferno. Não deveria me excitar tanto, vendo os caras
causando havoc e deixando o chaos e mayhem2 em seu
rastro. Mas sim.

Eu sou tão perturbada.

“Ops,” Hael diz enquanto cruza os braços no volante e


coloca o queixo sobre eles. “Acho que atingimos alguma
coisa.”

Callum já está rindo quando Vic e Oscar saem, tirando


o capacete enquanto examinam os danos.

Os Vincents estão atualmente lutando para tirar o cinto


sem cair de cabeça e quebrar a porra do pescoço. Quero
dizer, se eles quiserem, sem grandes perdas.

Deslizo para sair do banco e vou para a areia;


rapidamente cobre minhas unhas dos pés recém-pintadas
nos novos chinelos que peguei no saguão do hotel. Meu
brilho labial tem gosto de cerejas e vingança enquanto
deslizo minha língua pelo lábio inferior.

“Tudo bem, tudo bem, chega de chorar,” Vic resmunga,


acendendo um cigarro. Por um momento, fico nervosa. Ele
fuma quando está estressado. Mas então ele passa para
mim, e sei que isso é mais um tipo de fumar em grupo. “Cal,
Hael, tire-os do buggy.”

2 Havoc, Chaos e Mayhem significam caos, por isso a autora faz esse jogo com palavras.
Observo os meninos se moverem para fazer o que seu
chefe pediu. Eu me sinto um pouco nervosa sobre Sr.
Vincent. Tipo, é possível - não provável, mas possível - que
ele não saiba o que sua esposa faz. Nesse caso, não sei se me
sentiria confortável em executá-lo como Oscar fez com Todd
Kushner.

Mudo de pé para pé com desconforto, fazendo com que


o olhar escuro de Victor deslize para mim.

“Você está bem, esposa?” Ele pergunta, levantando uma


sobrancelha. Olho de volta para ele e dou uma tragada no
cigarro. O vento sopra alguns fios soltos de cabelo em volta
do meu rosto, perfumando o ar com o doce aroma de
pêssegos e margaridas. Comprei este shampoo e
condicionador especificamente porque Callum me disse que
tenho cheiro de pêssego para ele.

“Estou bem.” Aceno com o queixo para os Vincents


enquanto Cal e Hael os empurram de joelhos na areia. Eles
tomam a liberdade de remover seus capacetes quando
Coraleigh - mais conhecida por Leigh - soluça e treme, e seu
marido faz uma careta para nós como se ele tivesse algum
direito para ficar irritado. Esta viagem, este buggy, suas
roupas... provavelmente todos foram pagos com o dinheiro
ganho com a venda de meninas. “Coraleigh, há quanto
tempo.”

Ela olha para mim com os lábios entreabertos e os olhos


semicerrados, como se estivesse tentando lembrar de mim,
mas simplesmente não consegue me reconhecer. Eu deixo
minha cabeça cair para trás, risos derramando dos meus
lábios como veneno.
Ela me vendeu para ser estuprada por um pedófilo e ela
nem se lembra do meu rosto? Até Eric reconheceu, e ele era
o pedófilo em questão.

Abaixo minha cabeça quando o Sr. Vincent, quem sabe


sabe qual é o nome dele, começa a reclamar e gemer.

“Você poderia ter nos matado!” Ele rosna, como se acaso


os tivéssemos matado íamos nos importar. Ele claramente
não está entendendo quem detém o poder no momento. “Vou
chamar a polícia.” Quando ele pega o telefone, Hael pega a
mão dele e a quebra.

Isso acontece tão rápido que até eu me surpreendo com


o movimento. Um segundo, dois segundos... O Sr. Vincent
começa a gritar, o som arrastado pelo vento e o suave bater
das ondas do oceano. Faltando apenas dois dias para o Dia
de Ação de Graças, e apenas cinco até dezembro, é agradável,
tranquilo e solitário por aqui.

Ninguém para ouvir seus gritos.

“Por que você está fazendo isso?” Leigh rosna enquanto


olha entre mim e Vic. Melhor ela não olhar para trás e ver o
rosto do Callum. Há uma razão pela qual ele fez uma
menininha mijar-se no aquário sem nem querer. “O que você
quer? Não temos dinheiro com a gente.”

Victor suspira pesadamente e balança a cabeça,


aceitando o cigarro de volta quando eu o ofereço.

“É sempre sobre dinheiro,” ele diz, como se estivesse


perplexo com a simples ideia. “Quem se importa com
dinheiro? Estamos falando de dignidade aqui, respeito pela
vida humana.”
“Diferença entre certo e errado,” acrescento, inclinando
a cabeça para o lado e apreciando os olhos castanhos e
chorosos de Leigh. “Bem do mal.” Um sorriso beija meus
lábios quando ela choraminga e fecha os olhos, como se
estivesse com medo. Aterrorizada, realmente. Fiquei
aterrorizada quando liguei para ela da loja de antiguidades,
implorando para que ela me salvasse.

“Ele é como meu padrasto,” eu ofegava, lágrimas rolando


pelo meu rosto em grandes, gordas, salgadas gotas. “Estou
com medo, Leigh. Não deixe que ele me machuque dessa
maneira, por favor, por favor, por favor.”

Há muito tempo, Leigh fingiu ser minha amiga. Ela era


boa nisso, fingir. Acreditei em tudo o que ela me disse,
porque eu queria acreditar. Queria uma amiga,
especialmente uma em posição de poder, alguém que
pudesse me salvar de Pamela e do Coisa. Acontece que era
tudo mentira. Ela não passa de uma cadela tóxica com um
complexo de vítima.

“Eu não mereço isso,” ela lamenta, fazendo-me revirar


os olhos. Uau. Não é nem mais divertido. É quase como se
ela realmente acreditasse no que está dizendo. “Eu sou uma
boa pessoa. Por favor, nós podemos pagar. Nós podemos...”

“Pare de mentir!” Eu grito, sem querer. Minha pressão


arterial está aumentando, minhas mãos se fechando em
punhos ao meu lado. “Apenas pare. Você pode chorar o
quanto quiser, mas nós duas sabemos a verdade.” Eu me
ajoelho, como Cal e Vic fazem quando estão tentando fingir
que estão no mesmo nível de um de seus alvos. “Você e eu
não falamos há um tempo, mas ainda posso cheirar suas
mentiras porque vivi a verdade. Leigh, eu sei que você não se
lembra de mim, mas meu nome é Bernadette Blackbird.”
Ela solta um gemido estranho, fechando os olhos e
murmurando orações em voz baixa. Por que essa é sempre a
salvação dos pecadores, orar? Deus não quer ouvir as
mentiras deles mais do que eu.

“Você me vendeu...” Eu começo, mas Coraleigh me


surpreende abrindo os olhos e lançando um olhar mais
irritado do que qualquer outra coisa, como se a estivéssemos
incomodando e arruinando sua tarde perfeitamente
planejada. Bem, vou lhe dizer que fiquei extremamente
irritada com ela quando ela vendeu minhas irmãs e eu para
pedófilos.

“Isso é o melhor, Bernadette. Você pode ser muito mais


do que apenas uma garota perdida de South Prescott; os
Kushners têm recursos. Se você for uma boa garota e fizer o
que eles dizem, vejo um futuro brilhante para você.”

Vadia mentirosa.

“Eu sei quem você é, Bernadette,” Leigh diz, voltando


sua atenção para Oscar. Ele não disse nada, mas do jeito que
ele está olhando para ela, acho que seus instintos devem
dizer a ela que algo vai dar muito, muito errado hoje. “Eu
deveria saber que isso era uma maldita armação.”

O marido de Coraleigh, ainda segurando a mão


machucada contra o peito, lança um olhar de entendimento
para ela, como se ele concordasse com essa afirmação.
Imagino. Ele deve se perguntar como sua esposa leva para
casa tais cheques de pagamento robustos.

“Uma armação?” Eu repito quando Oscar ajusta os


óculos e olha na minha direção. É impossível para mim não
ver as cores em seus braços e pescoço, suas pernas. Ele é o
Aquiles de Afrodite, mas em vez de mergulhá-lo no rio Styx,
ele foi mergulhado em tinta. Será que, como o herói da lenda
grega, ele tem um ponto vulnerável que eu poderia perfurar
com uma flecha?

“Antes de Eric e Todd saírem da cidade,” Oscar começa,


inclinando a cabeça levemente para o lado. Seu cabelo preto
como um corvo está despenteado pelos dedos de uma brisa
costeira, suavizando-o por um breve momento. Mas então eu
pisco, e a imagem se foi. Ele é tão bonito quanto uma estátua
de mármore, mas tem apenas a metade do calor. “Eles
mandaram uma mensagem para Leigh para marcar esta
reunião.” Um sorriso estranho toma conta do rosto de Oscar,
composto de vazios e raios de lua sem fim. “Os Kushners
estavam indo comprar uma garotinha.” Ele se inclina e
coloca as mãos nos joelhos de uma maneira muito
condescendente, como se estivesse se inclinando para falar
com um par de crianças malcriadas. “Onde está a criança,
Leigh?”

“Você quer a garota?” Ela pergunta, trocando um olhar


com o marido. Seu rosto está escrito como um documento de
terror, mas sua esposa parece não entender. Ela se vira para
Oscar, com olhos esperançosos. “Nós podemos te dar a
garota. Quantas você quiser, por um bom preço também.”

“Pare de fazer jogos,” Victor diz suavemente, lançando


seu olhar de obsidiana na direção do Oscar. Ele parece...
entediado? Tomo isso como um bom sinal. Não há perigo
aqui, nesta interação. “Sabemos que a garota está na casa
deles. Vamos visitá-la?”

“Não, não fazemos negócios em nossa casa,” Leigh diz,


balançando a cabeça, como se isso fosse um negócio como
sempre. Até o Sr. Vincent parece levemente se acalmar, como
se quebrar a mão não fosse incomum para essa linha de
trabalho. Acho que traficar garotas para sexo são negócios
arriscados.

Minha visão fica vermelha quando minhas mãos


começam a tremer. Flexiono meus dedos várias vezes,
tentando parar o tremor violento que domina meu corpo.

“Você lembra de mim?” Eu pergunto, confusa com a


indiferença dela ao ver meu rosto. Eric parecia aterrorizado
quando me viu. Por que Coraleigh é tão... profissional? Ela
se vira para me encarar, seus lábios puxando uma
carranca. O menor fio de sangue escorre pelo lado de seu
rosto, caindo na frente da jaqueta North Face cor de água
que ela está vestindo.

“Não, mas eu ouvi falar de você,” ela diz, cruzando as


mãos calmamente na frente dela. “Também ouvi falar da sua
gangue. Eu tenho informações para negociar, se pudermos
encontrar um preço aceitável.”

Ouviu falar de nós? Estou confusa.

Callum olha para Vic e franze a testa, os dedos


tremendo, como se ele desejasse enfiar uma faca na garganta
de Leigh da mesma maneira que ele fez com Todd
Kushner. Em vez disso, ele fica parado, como um bom
soldadinho do Havoc. Hael apenas acende um cigarro,
completamente despreocupado com qualquer um dos
Vincents.

“Nós podemos pagar,” Vic diz suavemente, acenando


com a cabeça como se estivesse pensando
profundamente. Veja, o fato é que ele esfrega o queixo
quando na verdade está resolvendo problemas nessa bonita
cabeça dele. Isso é tudo apenas por diversão. “Mas primeiro,
queremos ver a garota.”
Coraleigh e seu marido trocam outro olhar antes de se
voltar para Victor e acenar com a cabeça.

“Está bem então. Mas se os Kushners aparecerem


perguntando por ela, devo dizer que a vendi para você.”

Victor sorri e mesmo que eu tenha passado a manhã


transando com ele e chupando seu pau, a expressão me dá
calafrios.

“Não prevejo que isso seja um problema,” ele diz, e então


Hael e Cal usam um punho fechado para algemar os dois
membros do casal Vincent na parte de trás da cabeça. Há
um som de estalo muito perturbador, como ossos sendo
quebrados, gotas vermelhas de sangue salpicando nas
juntas do Hael enquanto ele sacode a mão. Os meninos são
como um par de máquinas bem lubrificadas, os músculos de
seus braços endurecidos por conversa fiada e bullying.

O casal cai na areia e, embora o Sr. Vincent tenha sorte


o suficiente para não estar acordado, Leigh começa a gemer.

Tomo uma respiração profunda enquanto Cal bate nela


novamente, e novamente, e novamente até ela ficar quieta, e
em seguida, ergue-la para jogar sobre o ombro.

“O que vamos fazer com o buggy deles?” Eu pergunto


enquanto Hael faz o mesmo com o Sr. Vincent. Os meninos
colocam o casal no banco de trás do nosso buggy alugado. A
parte dianteira está um pouco arranhada, mas não ao ponto
em que se possa supor que havíamos atropelado alguém
nele.

“Dirigir ele de volta para a casa deles,” Vic diz com um


sorriso. Ele se move para o veículo e, com os cinco de nós
empurrando para o lado, conseguimos vira-lo. “É
rápido.” Victor se inclina e beija minha têmpora, passando
um braço em volta da minha cintura e me puxando contra
ele. “Vamos acabar com isso para que possamos voltar a
foder, certo? Esta é a minha maldita lua de mel.”

“Nossa,” eu corrijo, mas não tenho certeza se estou


tentando dizer a Vic que pertence a mim e a ele ou... a todos
nós.
Os Vincents possuem uma mansão à beira do mar. É
um pesadelo de quatrocentos e sessenta e cinco metros
quadrados, seis quartos e cinco banheiros, com uma parede
de pedra, um estacionamento privado com teclado e acesso
direto à praia. De acordo com a lista de Zillow que pesquiso
no meu telefone, eles pagaram três milhões e novecentos mil
dólares por isso.

Diga-me novamente como um pediatra e uma assistente


social podem comprar uma casa no valor de quase quatro
milhões?

Ah, é verdade.

Traficando jovens desamparadas para pervertidos.

“Chique,” Hael assobia, abrindo uma gaveta na cozinha


e erguendo as sobrancelhas. “Que porra é essa? Tem um
freezer aqui.” Ele levanta um recipiente de sorvete, verifica o
rótulo e rasga o anel de plástico de cima. Mais três gavetas
depois e ele encontrou uma colher para comer.

“É chamado de freezer debaixo da bancada,” Oscar diz,


tudo sem tirar os olhos do iPad. “Eles são extremamente
caros, inquestionavelmente burgueses e pagos com o
dinheiro que os Vincents obtiveram com a venda de
garotinhas perdidas.”

“Por favor!” Coraleigh grita, amarrada à sua própria


cadeira em sua própria sala de estar. Há uma parede inteira
de janelas à sua esquerda, de frente para o mar e o sol, mas
não há uma alma naquela praia porque, bem, é
uma praia particular. Não é aberta à multidão de
camponeses, os tolos o suficiente para trabalhar em
empregos normais e não explorar as pessoas em busca de
lucro. Portanto, ninguém a ouvirá gritar. Ninguém verá
nossos buggies estacionados em frente à casa. E, como
Oscar é um gênio com o iPad dele, ninguém verá as imagens
de segurança das câmeras dos Vincents. “Escute-me:
podemos resolver as coisas de maneira amigável. Isso não
precisa se transformar em violência.”

Callum ri, sentado na beira de um dos balcões e


comendo uma maçã que ele roubou de uma tigela de frutas
nas proximidades. Enquanto isso, Aaron está lá em cima
com todas as nossas garotas, certificando-se de trocar suas
roupas com areia e colocar pijamas frescos. Também há
outra garota lá em cima, aquela que os Vincents venderiam
para os Kushners.

Ela é pequena e tem cabelos castanhos e, embora


ela não se pareça com Penelope, eu a vi, e de repente não
consegui parar de pensar em minha irmã. Elas têm os
mesmos olhos. Não a cor deles, porque Pen tinha olhos azuis
e essa garota tem um olhar de obsidiana como Vic. Mas... há
algo mais lá, uma vivacidade e uma vontade de viver que
parecem estar presas sob uma lona, uma bolha esperando
para flutuar livremente desde que não seja estourada
primeiro.
Pensei que, uma vez que Neil se fosse, eu me sentiria
melhor de alguma forma, menos triste por minha irmã estar
morta, como se a vingança fosse uma cura para o
sofrimento. Enquanto estou feliz por termos eliminado esse
monstro da existência, a tristeza não diminuiu nem um
pouquinho.

Estou parada na frente dos Vincents, olhando em volta


para esta casa estupidamente luxuosa e me perguntando
como o cérebro de alguém pode ser tão corrompido pela
ganância que eles esquecem os princípios básicos da
humanidade: compaixão, empatia e bondade.

“Nós vamos matá-los?” Eu pergunto, em parte porque


estou genuinamente curiosa, mas também porque sei que a
pergunta vai assustar Leigh e seu marido (cujo nome ainda
tenho que aprender, principalmente porque não me importo).

“Ainda não tenho certeza,” Vic responde, brincando


enquanto se senta no banco curvo da janela, as costas contra
o vidro, uma garrafa de cerveja na mão direita. “Depende das
informações que eles têm, das informações que eles querem
compartilhar conosco.” Ele dá um anti-sorriso de assinatura
enquanto eu vou até a gaveta onde Hael encontrou o sorvete,
procurando por mais.

“Quer compartilhar?” Ele pergunta, oferecendo-o e a


colher, para mim. Sorrio enquanto o pego, sentindo os olhos
de Vic queimando nas minhas costas enquanto meus dedos
se enroscam nos de Hael. Nós olhamos um para o outro
enquanto eu pego o sorvete de chocolate e o chupo da
maneira mais lenta e sensual possível.

“Escute,” continua Coraleigh, olhando para nós como se


tivéssemos invadido seu espaço privado. Me pergunto se ela
pensa nas garotas que ela vende e como elas devem se sentir
violadas. Provavelmente não, hein? “Marcus e eu somos
membros respeitados da comunidade. Se desaparecermos,
alguém notará.”

“Quero dizer, depois que vazarmos as informações que


temos sobre o seu círculo de tráfico sexual de crianças,
ninguém se esforçará procurando.” Vic faz uma pausa,
pensa por um momento, reajusta sua declaração. “Ninguém
vai se importar.” Ele deixa sua boca enrolar em um sorriso
de escárnio. “Como Epstein3, e seu misterioso suicídio. Só
que você é uma batata muito menor e não tem bilionários,
políticos e realeza como clientes.”

“Temos amigos vindo para cá,” continua Leigh enquanto


o marido choraminga de sua localização à direita, os olhos
fechados, o rosto molhado de lágrimas. “Eles estarão aqui a
qualquer minuto.”

“Oh, querida,” Oscar diz, finalmente se dignando a


levantar os olhos do tablet. “Eu certamente espero que
não. Odiaria ter que atirar neles e, em consequência de sua
testemunha, também teria que atirar em você.”

Subo no balcão ao lado de Callum, nossos braços


próximos o suficiente para tocar, e desfruto dessa confiança
serena dele. Infiltra-se em minha pele como um bálsamo,
3
Jeffrey Edward Epstein foi um financista norte-americano condenado por abuso sexual. Em 2005, a polícia de Palm
Beach, Flórida, começou a investigar Epstein depois que um dos pais se queixou de que ele havia abusado sexualmente
da filha de quatorze anos. Epstein se declarou culpado e foi condenado em 2008 por um tribunal estadual da Flórida
por ter procurado uma garota menor de idade por prostituição e por solicitar uma prostituta. Ele morreu em sua
cela em 10 de agosto de 2019. O médico legista considerou a morte um suicídio. Os advogados de Epstein
contestaram a decisão e houve um significativo ceticismo público sobre a verdadeira causa de sua morte. Epstein
instalou câmeras escondidas em vários lugares de suas propriedades para registrar atividades sexuais com
garotas menores de idade por pessoas de destaque para fins criminais, como chantagem. Epstein supostamente
"emprestou" adolescentes a pessoas poderosas para se aproveitar delas e também para obter possíveis informações
de chantagem. Segundo o Departamento de Justiça, ele mantinha discos compactos trancados em seu cofre em sua
mansão em Nova Iorque com etiquetas manuscritas que incluíam a descrição: "nome [jovem] + [nome]" Epstein deu
a entender que ele fazia chantagem quando contou a um repórter do New York Times em 2018, fora do registro, que
ele tinha podres de pessoas poderosas, incluindo informações sobre suas probabilidades sexuais e uso recreativo de
drogas.
lembrando-me da nossa conversa no telhado e do jeito que
ele ronronou a palavra ainda, de volta para mim quando eu
tinha mencionado que não tínhamos dormido juntos.

Ele olha para mim e eu olho para ele, chupando sorvete


de chocolate da minha colher.

“Não há necessidade de recorrer à violência aqui,”


Coraleigh diz, ainda tagarelando daquele jeito dela. “Nós não
molestamos crianças. Nós não estupramos meninas. Somos
apenas duas pessoas normais tentando sobreviver em um
mundo que não é justo. Você pode entender isso, certo? Você
está fazendo a mesma coisa aqui esta noite.”

“Por que eles ainda estão vivos e falando?” Eu pergunto,


finalmente desviando meu olhar de Cal para olhar para
minha assistente social. Número três da minha lista e tão
culpada quanto Eric na minha opinião. Se ela realmente
cuidasse das crianças sob seus cuidados, talvez elas não
continuassem desaparecendo no mundo dos mortos?

É preciso apenas uma pessoa para falar e incentivar


outras pessoas, para deixar elas saberem que você vê a
escuridão para que elas também possam ver. Existem
monstros se escondendo ao nosso redor, mas se cada um de
nós lançar nossa luz naquele abismo, podemos vê-los,
podemos encontrá-los, podemos caçá-los da maneira que
eles nos caçam.

Dou outra mordida no sorvete. Sua decadência


pecaminosa derrete na minha língua, destruindo meu
paladar da pior maneira possível. Um gemido de prazer me
escapa e Cal ri.

“Você está se comportando notavelmente bem,


considerando as circunstâncias,” ele sussurra com sua voz
deslumbrante, a que soa do jeito que esse sorvete expresso
duplo de chocolate escuro tem gosto. Finjo que não sou
afetada por sua presença e encolho de ombros. Foi Aaron
quem me disse para tentar encontrar a felicidade a cada
momento. Estou realmente tentando aqui. Ah, e além do
mais, estou começando a perceber que sou uma vadia
seriamente perturbada que gosta de adrenalina.

Eu, Bernadette Savannah Blackbird, sou viciada em


adrenalina.

“Sua porcaria de mentalidade de vítima está me


deixando louca,” digo a Leigh, assumindo a conversa, para o
prazer de Hael. Ele está apenas uivando de rir da maneira
usual dele, todo abandono imprudente e juventude
corrompida. Ele deveria ser apenas um garoto que gosta de
diversão, mas o mundo o transformou nessa besta que dá
gargalhada com um corpo duro e um pau perfeito. Eu quase
sorrio de novo, mas não cheguei a esse nível de
assustador. “Não há nada pior do que alguém que age como
se estivesse sofrendo bullying quando, na realidade, eles são
o bully. Tirando daqueles que realmente estão sofrendo
bullying.” Aponto para os Vincents com minha colher. “Você
não é vítima. Você escolheu explorar sua posição de poder e
confiança na comunidade para prejudicar outras pessoas
apenas com o objetivo de ter um freezer embaixo da bancada
para o seu sorvete orgânico?” Sinto-me começar a rosnar e
paro para molhar meus lábios.

Leigh continua olhando para mim, seu rosto quase o


mesmo da última vez que a vi, seis anos atrás. Ela teve uma
plástica no nariz, tenho certeza. E provavelmente algo com
os peitos dela também. Eles eram pequenos e flácidos da
última vez que nos encontramos, mas isso não teria
importância se ela fosse uma boa pessoa. Infelizmente, ela
não é, e eu vou arrastar sua aparência pela lama também.

“O que você quer que façamos?” Ela pergunta,


finalmente entendendo.

Ou ela coopera ou, muito provavelmente, ela morre e


segue o caminho dos Kushners.

“Primeiro, gostaríamos de voltar atrás na ideia de seus


amigos prestes a chegar,” ronrona Oscar, seus olhos
cinzentos da mesma cor que o oceano além do vidro. Com o
passar da tarde, o sol começou a se esconder atrás das
nuvens, como se ele soubesse que esse não é o seu mês ou
estação para brilhar. “Estou curioso para saber quantos
buracos precisaremos cavar para acomodá-los.”

“Ninguém está vindo,” Marcus Vincent diz, finalmente


encontrando suas bolas e falando. Ele olha para os olhos
arregalados da esposa e franze os lábios. “Somos apenas nós
aqui até voltarmos ao trabalho na segunda-feira.”

Uau. Que idiota do caralho.

“Excelente,” Oscar diz, deixando de lado o tablet. “Agora


que desabilitei seu sistema de segurança, podemos falar
mais livremente.” Ele cruza as pernas na frente dele e passa
as mãos ao redor do joelho, os dedos entrelaçados. “Diga-
nos: o que você acha que vale a pena trocar por sua vida?”

“O que?” Marcus engasga, olhando para a esposa


novamente. Sua mão deve estar doendo, quebrada e agora
amarrada nas costas. “Você disse que isso não voltaria para
nós. Por que isso está acontecendo, Leigh?”
“Se eu lhe contar o que sei,” Coraleigh começa, lançando
os olhos para mim antes de volta-los para Oscar. Ela olha
brevemente para Vic, mas depois muda rapidamente para
mim e Oscar novamente. Ela decidiu que Victor não é uma
ameaça. Engraçado que, considerando que tenho certeza de
que ele é a pessoa mais perigosa nesta sala. Afinal veja,
Oscar é um pesadelo; Victor controla esse pesadelo. Dou
uma outra mordida no meu sorvete, batendo os calcanhares
contra a frente dos armários brancos. “Então você vai me
matar.”

“Se você não nos contar,” Oscar diz imediatamente,


dando um sorriso hediondo. “Nós apenas teremos que
torturá-la até dizer e depois matá-la.” Ele estende os dedos
longos para esfregar as mãos demoníacas tatuadas na
garganta. Do jeito que ele levanta o queixo assim, com um
sorriso nos lábios, ele parece um aristocrata nascido na vida
errada. “Sua escolha. Temos alguns usos possíveis para
mantê-los vivos, então há esperança, por mais pequena que
seja.”

Os Vincents trocam um olhar longo e intenso, como se


estivessem realmente discutindo suas opções. Que escolha
eles realmente acham que têm aqui?

“Você disse que não se lembrava de mim, mas que tinha


ouvido falar de mim,” começo, chamando a atenção de
Coraleigh de volta. “Quer explicar isso para nós?”

Hael pula no balcão do meu outro lado, sentado tão


perto de mim quanto eu de Callum. Todos os lugares em que
tocamos queimam e, quando respiro, sinto o cheiro de coco
e óleo de motor - mesmo que estivéssemos em um hotel por
três dias seguidos. Esse perfume deve ser apenas uma parte
de quem ele é agora. Ele rouba o sorvete de mim e eu o atinjo
na lateral com um cotovelo. Poderia muito bem ter batido
numa maldita rocha. Hael Harbin é duro e em forma e
sabe exatamente como ondular sua pélvis.

“Ophelia Mars me avisou sobre você,” Leigh diz, e levo


quase um minuto para processar o que ela disse.

Ophelia.

Como a mãe de Victor.

Como em... o que diabos está acontecendo?

“Que contato você teve com Ophelia?” Victor pergunta,


de repente alerta. Ele se inclina para frente e coloca os
cotovelos nos joelhos. Seu olhar é intenso, como olhar nos
olhos escuros de um tubarão antes que ele morda. Não há
malícia lá, apenas sobrevivência. Não significa que você vai
sangrar menos.

Leigh engasga, como se tivesse sido pega com as mãos


no pote de biscoitos.

“Ophelia é... bem, ela é bem conhecida em nosso


círculo...” A assistente social desgraçada diminui quando
Aaron desce as escadas, lábios apertados, olhos duros. Ele
tem um carinho especial por crianças e não apenas por
causa de sua irmã e prima, mas também porque toda pessoa
que importa para ele teve sua infância roubada.

A inocência é preciosa e essas pessoas lucram ao


quebrá-la.

Não há nada pior.


“As meninas estão assistindo a um filme no home
theater,” Aaron diz, com uma mão apoiada no corrimão no
pé da escada. Ele olha para os Vincents como alguém pode
examinar uma pilha de merda de cachorro. “E aquela
criança... ela tem nove anos de idade. O nome dela é
Alyssa.” Sua voz é afiada, quase robótica. Imagino que ele
esteja se esforçando para não matar alguém agora.

“Você acha que elas tentarão nos espionar?” Eu


pergunto quando Aaron gravita em minha direção como se
estivesse sendo puxado por uma força invisível, apoiando as
mãos no topo das minhas coxas enquanto ele fica entre
elas. É como se ele estivesse com tanta raiva que ele precisa
se estabilizar, encontrar algo para se agarrar. Eu amo ser
algo assim, um sol que ele orbita na esperança de calor. Será
que ele sabe que me sinto da mesma maneira por ele? Que
eu anseio por seu sorriso, sua aprovação, seu carinho.

Aaron balança a cabeça, seu cabelo castanho


ligeiramente encaracolado caindo sobre a testa.

“Eu as avisei que, se fizessem, haveria menos um


presente de Natal embaixo da árvore para todos elas.” Ele
sorri, mas a expressão é tensa. “Se eu conheço Kara - e eu
sei que conheço - isso seria suficiente para manter ela e
Ashley na sala. Heather também, provavelmente, porque
Kara lutaria como o inferno para manter esse número de
presentes pelo bem de Ashley.” Ele dá um sorriso feroz que
me faz tremer. Estou ciente de que todos, incluindo
Coraleigh e Marcus, estão olhando para nós. Além disso, eu
não ligo. “Mas eu não conheço Alyssa, então empurrei uma
cômoda na frente da porta também.” Ele encolhe os ombros
e olha por cima do ombro novamente, estreitando os olhos
levemente. “Não gostaria que elas vissem algo que nunca
esqueceriam.”
“Como cérebro e osso, por exemplo,” Callum fornece,
juntando-se à conversa com um sorriso. Ele chuta as pernas
da mesma forma que eu, mordendo sua maçã. Seus olhos
azuis brilham como o mar sob o sol poente do lado de fora
da janela. Já está escurecendo, mas isso não é
surpresa. Quero dizer, é quase dezembro.

“Ophelia disse que seu filho tinha uma gangue e que


sua nova esposa era uma criança que ficou algum tempo no
sistema de assistência social. É tudo o que sei,” implora
Coraleigh enquanto olho em volta de Aaron para olhá-la. Ele
não parece inclinado a se mover, para grande desgosto de
Victor.

Vic me perguntou uma vez, durante as primeiras


semanas, se eu poderia fazer várias tarefas ao mesmo
tempo. Aparentemente, ele é realmente bom nisso: ele pode
questionar um alvo e ser um idiota alfa ciumento ao mesmo
tempo.

“Tudo o que você sabe?” Victor ecoa, levantando-se do


sofá e vagando distraidamente pela cozinha. Ele abre a
enorme geladeira Sub-Zero, que não tem o direito de existir
para apenas duas pessoas. Poderia conter comida para uma
família extensa de cem. Jesus. Isso vale o sangue e os ossos
das crianças? Uma boa geladeira? O que está errado com
essas pessoas. “Não, não é isso.” Ele se inclina na geladeira
e começa a colocar itens no balcão. Um pouco de carne, uma
cabeça de alface, um tomate gordo. Coisas para
sanduíches. “Você não teria sugerido a venda de informações
tão lamentáveis.”

Levanto minhas sobrancelhas enquanto Victor prepara


um sanduíche na cozinha de duas pessoas que estão
atualmente amarradas e implorando por suas vidas. Por que
isso é quente para mim? Sim, estou dick drunk. Estou
oficialmente dick drunk4.

Abafando um gemido, me viro para os Vincents.

“Acho interessante que você insista em mentir para


nós,” Oscar reflete, mas como ele não sacou a arma, acho
que ele apostou que os Vincents realmente seriam úteis para
nós. Os Kushners não tinham nada que pudéssemos usar, e
eles não eram nada. Então eles foram executados como se
fossem nada.

Se eu dissesse que a morte deles não teve efeito sobre


mim, estaria mentindo. Porque, diferentemente dos
Kushners ou dos Vincents ou da minha ex-melhor amiga Kali
Rose-Kennedy, eu tenho uma alma.

“Eles não devem valorizar suas vidas,” Victor concorda,


e Marcus solta um gemido. É claro que, embora ele esteja
ciente das atividades de sua esposa, ele não participa muito
delas. Não há nada que ele possa nos dizer, o que é uma
pena, porque ele parece fácil de quebrar.

Apunhalo o pedaço gelado de sorvete com minha colher


quando Aaron dá um passo para trás, movendo-se para o
lado próximo a Hael, para que todos possamos assistir os
Vincents se contorcendo.

“Ophelia é um membro importante da alta sociedade de


Oak Park,” Leigh engasga, seus olhos castanhos passando
de um lado para o outro. Ela está perdendo tempo. A questão

4 Dick Drunk: Depois de ter múltiplos orgasmos, a mulher experimenta o mesmo efeito de estar extremamente
bêbada; não consegue sentir as pernas, não pensa direito. Se você pressionar o botão certo ela vai ficar tremendo
de prazer.
é: por quê? “Ela tem sido uma grande doadora nos eventos
de arrecadação de fundos que realizei no-”

A risada do Victor quebra o ar parado, como um sino de


igreja sinalizando o início de uma procissão fúnebre. Olho
para ele e vejo que ele está curvado sobre o balcão, as palmas
das mãos contra a superfície de pedra brilhante, os olhos
fechados.

“Uma doadora?” Ele pergunta, abrindo as pálpebras.


Seus olhos brilham com o fogo do inferno enquanto ele olha
para Coraleigh. “Onde ela está conseguindo dinheiro para
doar para alguma coisa? Ela é pobre, apenas uma rainha da
beleza envelhecida, com uma fortuna acabando e uma
personalidade amarga.”

“Victor,” eu digo, esfregando meu polegar sobre o anel


de sua avó. “Ela está tentando ganhar tempo. Alguém
realmente está vindo.”

Oscar e Victor trocam um olhar enquanto Hael levanta


as sobrancelhas vermelhas.

“Você realmente acha que ela é tão estúpida?” Ele


pergunta com um assobio, mas eu já estou balançando a
cabeça.

“Ela é tão calculista,” eu corrijo enquanto saio do


balcão, deixando o sorvete e a colher suja atrás de
mim. Oscar está me encarando com uma expressão
estranha, como se ele não pudesse decidir se deveria me
levar a sério ou zombar e me dizer que estou sendo
boba. Quero dizer, não que eu o culpe. Que tipo de idiota
permitiria que um convidado aparecesse conosco aqui? Ou
Coraleigh é apenas arrogante... ou seus instintos estão
muito, muito, muito errados. “Quem quer que esteja vindo,
ela acha que eles podem se defender contra nós.”

Minha atenção imediatamente se volta para a escada e


as meninas na sala no andar de cima. Aaron
também. Percebo pela maneira como ele aperta a mandíbula.

“Devo coloca-las no Bronco e ir embora?” Ele


pergunta. Está estacionado do lado de fora, escondido pelo
enorme muro de pedra que rodeia a mansão à beira-mar dos
Vincents. Não tenho certeza se ele está conversando com Vic
ou... bem, ele está olhando para mim. Nossos olhos se
encontram e flexiono meus dedos ao meu lado.

“Não,” Victor diz, tão calmo e uniforme como


sempre. Aaron e eu nos viramos para olhá-lo. Ele está
segurando uma enorme faca de cozinha nas mãos
grandes. Com sua atenção fixada em Coraleigh, ele com
muito cuidado divide seu sanduíche em quatro
triângulos. Cada pressão da faca no pão é uma
ameaça. “Acho que tenho uma boa ideia de quem será seu
convidado.”

“Ophelia?” Oscar pergunta, fazendo a conexão antes


que eu tenha uma chance. Callum estala os dedos dizendo
eu deveria ter pensado nisso.

“Tudo isso começa a fazer um sentido muito perverso,”


ele concorda, exibindo um sorriso bonito. Cal pula do balcão
de tal maneira que ele poderia muito bem estar dançando em
um palco na frente de milhares. “O que você quer fazer,
chefe?”

Victor cuidadosamente coloca os triângulos do


sanduíche em um prato antes de pegar quatro refrigerantes
na geladeira e pegar um saco de batatas fritas no balcão.
“Eu vou alimentar as crianças,” Vic diz suavemente,
reunindo os itens em seus braços grandes. Aaron e eu
trocamos um olhar, mas mesmo com a ansiedade
aumentando no meu sangue, tenho que reprimir um
pequeno sorriso.

“Sim, sim,” Cal concorda, como se fosse a coisa mais


lógica a fazer aqui. “E depois?”

“Desate Leigh e arraste o marido para a garagem,” Vic


diz enquanto passa. Ele para com um pé no degrau mais
baixo e olha por cima do ombro. “E se ela não se comportar
de uma maneira que nos agrade, atire no Sr. Vincent no
rosto.”

Victor e eu estamos sentados juntos no banco da janela


quando Ophelia e Tom aparecem uma hora depois, um
adolescente andando atrás deles. As mãos do garoto estão
nos bolsos, a cabeça baixa. Com seu cabelo castanho claro
caído, eu realmente não consigo ver o rosto dele.

“Victor,” Ophelia diz, cruzando um único braço sobre a


barriga. Seus olhos escuros se voltam para mim brevemente
antes de retornar ao filho, como se ela esperasse vê-lo aqui o
tempo todo. Nada demais. É uma mentira, mas é boa. No
entanto, o sangue deve correr bem e grosso nessa família,
porque Ophelia aperta os ombros da mesma maneira que
Victor quando ele está interpretando um papel. “Bom ver
você aqui.”

“Sim, bem,” ele começa, olhando para além de sua mãe


para estudar Leigh. Quando a desamarramos, eu tinha
certeza de que ela iria fugir. Mas então, subestimei sua
natureza gananciosa. Ela não quer nos deixar sozinhos em
sua casa de praia. Ela também não quer correr para a
polícia. Então... ou a polícia de Newport é realmente boa
gente, ou então está no bolso de outra pessoa. “Quando
Leigh aqui ouviu falar sobre nosso casamento e nossa lua de
mel em Newport, ela nos convidou para jantar.” Vic mostra
aquele terrível anti-sorriso dele, todo dentes brancos e
sarcasmo. Meus dedos traçam as tatuagens em seu braço,
acariciando carinhosamente sua tatuagem e sentindo meu
coração palpitar no meu peito.

“Ela me ajudou tanto quando eu era criança,” minto,


jogando o jogo de política com meu novo marido Havoc ao
meu lado. Quando sorrio, tenho certeza que as pombas
choram. É provavelmente um olhar tão assustador quanto
em qualquer um dos meninos. É isso que a dor faz; isso
molda sua boca. Não, não, ela possui sua boca. “Coraleigh é
uma bênção para crianças sem alguém para guiar.”

Foda-se, sorrir é uma merda. Meu rosto dói.

“Hum,” Ophelia murmura, olhando de soslaio para


Coraleigh. Ela apenas olha para ela e não demonstra nada.

“Talvez eu deva colocar para todos nós uma rodada de


bebidas?” Leigh sugere, passando para um bar molhado no
canto da sala. Ela começa a mexer em copos enquanto eu
olho para Ophelia em direção a Tom, o vendedor de carros
usados que ela está namorando. E depois há o garoto... Ele
levanta a cabeça para olhar para mim, e nós dois
empalidecemos consideravelmente.

Oh.

Ah não.
David é um dos dois caras com quem dormi entre
terminar com Aaron e me juntar a Havoc.

“Bernadette,” ele diz, e eu odeio, odeio, odeio que ele se


lembre do meu nome.

“David.” Assim que digo o nome dele, olho para cima e


encontro Victor olhando para mim.

“Você conhece o filho do Tom, David?” Ele pergunta, e


meu coração pula várias batidas. Eu respiro fundo, como se
estivesse voltando dos mortos.

Lembra como eu disse que cheirava uma conspiração?

Essa merda cheira a uma.

“David e eu... estávamos na mesma festa Prescott uma


vez,” arrisco, e todo o comportamento de Victor muda. A
agressão sai dele em ondas, me fazendo mexer
desconfortavelmente. Ele faz um ótimo trabalho mantendo
isso para si mesmo. Se eu não o conhecesse tão bem quanto
conheço, duvido que perceberia.

“Que... interessante,” Victor ronrona, apertando os


lábios levemente e transformando seu sorriso em um sorriso
verdadeiramente assustador. Ele sabe que David e eu
dormimos juntos, mesmo que eu tenha contado a história
apenas a Aaron. Vic é tão perceptivo assim. “Springfield é
realmente uma cidade pequena em sua essência, não é?”

“Verdadeiramente,” Ophelia concorda, e sinto um


calafrio ao ver os dois se encarando. De um lado do tabuleiro,
jogamos as peças brancas. Do outro, Ophelia segura as
pretas. Mas veja, o fato é que o rei, por mais importante que
seja, é uma peça inútil. A rainha pode se mover para onde
quiser.

Eu tenho que jogar pelo nosso lado e vencer.

Os passos de Aaron na escada chamam a atenção dos


três convidados, mas, ao contrário de Victor, ele não se
incomoda em sorrir quando os vê. Ele não é muito bom em
fazer política, Aaron não.

“As crianças estão realmente gostando do seu cinema,”


ele diz a Coraleigh, olhando para ela como se essa simples
declaração fosse uma ameaça. “Especialmente Alyssa. Todas
estavam se perguntando se poderiam usar a piscina mais
tarde também.”

“Oh, bem, nós realmente não gostamos de crianças na


área da piscina,” Leigh diz com uma risada tensa, bebendo
um copo do que parece ser uma vodka de alta qualidade. Ela
estremece um pouco, mas não tenta amenizar com nada. Eu
diria que a respeito por isso, mas é difícil elogiar alguém que
vende crianças a pervertidos por qualquer coisa. “Marcus
mantém suas plantas raras lá.”

Ela está... ok, foda-se, essa mulher é louca no próximo


nível.

“Que crianças?” Ophelia pergunta, dando a Coraleigh


um olhar estranho. “Quem é Alyssa?” Ela olha da minha
assistente social desgraçada e depois de volta para mim, com
os cabelos negros entrançados na base do pescoço, vestido
creme de designer. Um colar de diamantes brilha em sua
garganta pálida quando ela levanta dois dedos para acariciá-
los distraidamente.
Não sei você, mas isso me parece um tique, da mesma
maneira que o filho dela esfrega o queixo.

Tom aceita algum tipo de bebida mista de Coraleigh,


enquanto David se afunda no sofá mais próximo de mim e
Vic. Eu posso sentir os olhos do meu marido percebendo seu
comportamento a partir daqui. Se Victor estiver procurando
por um desafio, ele não encontrará um em David Benedict.

Benedict. O sobrenome dele é diferente do de Tom, e é


por isso que nunca fiz essa conexão antes. David deve ter o
sobrenome de sua mãe ou algo assim.

“Não se preocupe com as crianças,” Aaron diz a Ophelia,


fazendo uma pausa a poucos metros dela. Pelo jeito que eles
se olham, posso dizer que eles já se conheceram várias vezes
antes. “O que você deveria se preocupar é o que você vai
comer no jantar. Porque você está indo embora.”

“Acabamos de chegar aqui,” Tom diz, mexendo sua


bebida e tomando um gole. Ele olha para mim por cima do
copo. “É uma viagem longa. Além disso, geralmente
passamos a noite.”

Ophelia se afasta de Aaron, descartando-o como uma


ameaça. Mas apenas um idiota vira as costas para uma
mamãe ursa, entende o que eu quero dizer?

Em um instante, toda a atmosfera da sala muda. Aaron


desliza uma faca de debaixo da cintura da bermuda jeans e
pressiona-a com força contra a frente do pescoço da
Ophelia. Para seu crédito, ela não entra em pânico, nem
grita, nem sequer suspira quando a lâmina corta e tira uma
única pérola vermelha rubi.
“Que diabos?” Tom exclama, sem a elegância
excepcional de sua amante. Seus olhos verdes de pântano se
arregalam de medo quando ele dá um passo para trás,
derramando o que eu acho que é um mojito na frente do
terno e xingando. Os olhos de David se arregalam, e eu o vejo
engolir um pedaço de medo, seu olhar passando para mim.

“Oh, Deus,” Leigh geme, cobrindo o rosto com as mãos


enquanto Victor se levanta lentamente do sofá para encarar
sua mãe. Das sombras, Callum, Oscar e Hael aparecem,
armas prontas. Em um movimento puramente de efeito
dramático, Hael enfia um novo pente na pistola e sorri.

“O que é isso? Um golpe?” Ophelia pergunta com uma


risada estridente. Vou para ficar ao lado de Victor, pela
primeira vez plenamente consciente do plano. Às vezes, acho
que os meninos nem querem me deixar de fora; eles apenas
trabalham tão bem juntos que podem planejar as coisas
rapidamente.

“Não, mãe,” Vic diz, estendendo a mão para tocar seu


colar. Seus olhos de pedra se movem para o rosto dela. É
fascinante ver os dois cara a cara assim. Me faz perceber o
quão forte o lado de sua mãe no pódio de genes
é. Provavelmente, se tivéssemos um filho, eles se pareceriam
com os dois. “Este é um lindo colar. Acho que você trouxe
como presente de casamento? Você sabe, já que você não
deu um para mim e Bernie.”

“Você chama aquilo de casamento?” Ophelia engasga


com outra risada, essa muito mais mordaz. “Naquele
pesadelo de casa infestado de cupins?” Ela estende a mão
como se fosse afastar a lâmina, mas Aaron pressiona a faca
com mais força, transformando a pérola de rubi em um
riacho que desliza na frente do pescoço.
Com movimentos lentos e cuidadosos, Victor remove o
colar da garganta de sua mãe e depois se vira para mim. Ele
beija a concha da minha orelha enquanto aquele cheiro de
almíscar e âmbar de seus cachos me rodeiam como fumaça.

“Eu vou te dar o mundo,” ele promete, apertando o colar


e, em seguida, recuando tão de repente que fico tonta e sem
fôlego. Vic se vira para Aaron e assente. “Você pode abaixar
a faca,” ele diz, e, com certa relutância, Aaron o faz.

Ophelia toca as unhas cor de malva bem cuidadas na


garganta e as afasta para olhar as manchas de sangue nas
pontas dos dedos.

A casa está silenciosa, exceto pelo eco mais fraco de um


filme vindo do andar de cima.

“Então,” Victor começa, pegando minha mão na dele e


deslizando o polegar pelo anel de sua avó da maneira mais
preguiçosa e sensual. Mesmo com Callum, Hael e Oscar
posicionados ao redor da sala com armas, com os olhos
negros de Ophelia me encarando, com o olhar cansado de
Aaron, estou animada com isso. Tenho certeza de que é a
intenção de Vic, pelo menos. “Mamãe querida, nós dois
sabemos que você realmente não pode me matar – apesar
das minhas piadas do contrário.” Victor olha para mim com
uma expressão suave no rosto. Se realmente atingisse seus
olhos, poderia ser fofo. “Se eu morrer antes de receber minha
herança, tudo será destinado à caridade.”

Minhas sobrancelhas sobem quando olho para


Ophelia. Para alguém que sangra pelo pescoço, ela parece
extraordinariamente tranquila em seu vestido de cetim.
“Então... para perder o dinheiro para sua mãe, você
precisa reprovar e não se formar ou sair da casa de seu
pai?” Eu pergunto e Vic sorri.

“Ou me divorciar,” acrescenta, e depois joga a cabeça


para trás e ri.

“Ou cometer um crime,” acrescenta Ophelia, cruzando


os braços sob os seios e olhando ao redor da sala para os
outros Meninos Havoc. “O que tenho quase certeza de que
você acabou de fazer. Tom, termine sua bebida e vamos
embora.”

Aaron avança com a faca, mas Victor acena para ele.

“Olho por olho, mamãe. Você aparentemente está


envolvida em uma quadrilha de tráfico sexual de
crianças.” Victor passa as pontas dos dedos sobre o colar na
minha garganta e dá um passo para trás. Ele enfia os dedos
tatuados nos bolsos enquanto Ophelia o encara com um
rosto tão frio e impassível quanto o de Oscar. Meus olhos se
voltam para o homem em questão, mas ele apenas parece
entediado com todo o cenário.

Como se ele pudesse me sentir olhando para ele, os


olhos cinzentos do Oscar encontram os meus e acabamos
olhando um para o outro. Ele se lembra de estar dentro de
mim? Ele sabe o quão profundo ele me machucou
fugindo? Em vez de ficar chateada com tudo, preciso
aprender a ouvir minhas emoções.

A atitude de Oscar está me deixando triste.

Tão fodidamente triste.


Estou sem voz há tanto tempo que, quando percebi que
podia falar, fui na direção oposta. Cada coisinha saindo da
minha boca está pingando sarcasmo e raiva. Afinal, tenho
muito motivo para odiar esses garotos. Não consigo ver
dentro de suas cabeças; Não sou uma leitora de mentes. Eu
preciso abrir um diálogo com eles.

Olho para Ophelia.

“Todos os seus amigos extravagantes também, aposto,”


digo, deixando que o sarcasmo e a raiva que eu estava
falando vazar pela minha boca. Por que direcioná-lo para os
caras quando eu tenho outros alvos? “Você não vai dizer
nada sobre isso. Você vai sair dessa casa e iniciar um novo
plano contra Victor. Por que você não vai agora e começa a
planejar? Você está estragando nossa lua de mel.” Deixo
meu sorriso se transformar em um sorriso de dentes
brancos. Tal marido, tal esposa. “Obrigada pelo colar, a
propósito. É lindo.”

Ophelia sorri para mim, a expressão que combina com


a minha. Ela odeia o filho quase tanto quanto eu o amo. E
digo quase porque não há como tocar nessa coisa tóxica e
bonita que Victor e eu temos.

“Temos um ano inteiro para brincar uma com a outra,”


Ophelia ronrona, inclinando-se o suficiente para sentir o
perfume dela, como café, baunilha e flores brancas. Alguma
fragrância cara, sem dúvida. “Estou ansiosa para isso.” Ela
literalmente estala os dedos enquanto se levanta e Tom
tropeça para fazer o que ela quer, empurrando o copo vazio
de volta nas mãos de Coraleigh enquanto ele se esforça para
acompanhar. “Venha, David.”
David - um dos únicos caras fora de Havoc com quem
eu já transei – levanta, lançando-me um último olhar
estranho a caminho da porta.

“Que diabos foi isso?” Hael pergunta, apontando entre a


porta da frente e meu rosto. Olho de volta para ele, tentando
educar minha expressão, mas devo ser uma péssima
jogadora de pôquer, porque ele estreita seus olhos castanhos
para mim. Um pouco de ciúme azeda sua expressão, mas eu
não... não desgosto. Isso é errado?

Mesmo que seja, eu não dou a mínima.

“Bernadette fodeu aquele cara,” Victor diz, acendendo


um cigarro e me dando um olhar inescrutável. “É melhor que
sua doce boceta não nos cause problemas do jeito que o pau
de Hael deu, ou juro por Deus, estou indo para Fiji e nunca
mais volto.” Ele gesticula na direção de Coraleigh com a
cabeça. “Callum, deixe-a ir ao banheiro e depois amarre-a
novamente. Nós vamos ficar o fim de semana.”
Victor Channing é um deus escuro e masculino. Eu não
acho que exista uma mulher heterossexual nesta terra que
não olhe para ele e sinta a necessidade de adorar pelo menos
algum aspecto de seu corpo. Sua personalidade, por outro
lado, pode deixar algo a desejar.

“Quer me falar sobre David?” Ele pergunta, sem camisa


e lindo e olhando por cima do ombro para mim com um
brilho cruel e possessivo em seu olhar de obsidiana.

“David,” começo, sentada na beira de uma cama king


size em um dos cinco quartos de hóspedes dessa casa
monstruosa. Deixamos o quarto dos Vincents para eles
passarem a noite. Quero dizer, eles estão amarrados, mas
pelo menos estão em sua própria cama, certo? “Eu o conheci
em uma festa em Prescott e transamos uma vez.”

Victor se vira completamente para olhar para mim,


jogando sua camisa no chão ao lado de sua mala. Mandamos
Callum e Hael para pegar nossas coisas do hotel; agora
estamos oficialmente mudados para a mansão dos
Vincents. A princípio, o pensamento me deixou nervosa. O
que acontece se formos pegos aqui? Mas então lembrei que
havia uma garotinha chamada Alyssa na outra sala que
estava prestes a ser vendida para pervertidos. Temos muita
sujeira nos Vincents para que eles façam qualquer coisa.

“Você usou camisinha?” Victor pergunta, e juro por


Deus, eu quase explodo. O olhar que dou a ele é puro fogo,
mas ele não recua. Ele apenas fica lá, sem camisa, tatuado
e glorioso, e me olha enquanto penteio os emaranhados da
praia dos meus cabelos molhados.

“Sim, idiota. Eu usei camisinha. Acredite ou não, nunca


criei o hábito de não usar camisinha até me tornar uma
garota Havoc.” Meu estômago aperta com a minha própria
idiotice ultimamente. Aaron, é claro, foi um perfeito
cavalheiro e fez a coisa do preservativo funcionar. Mas Oscar
e Victor e... até Hael.

“Você não esquece, a menos que você realmente goste de


uma garota.” Hael disse isso para mim uma vez, no Hellhole,
naquela loja gótica no centro de Springfield. E ele fez
exatamente isso, no capô do seu Camaro, o carro que ele não
deixa ninguém tocar, a menos que faça parte de Havoc.

Hmm.

Meu rosto fica vermelho e olho para o meu colo. Eu


tenho tomado aquelas pílulas estúpidas de controle de
natalidade que Oscar misteriosamente adquiriu - ou mais
provavelmente Callum roubou para ele - então pelo menos
tenho isso.

Minha mão treme na escova para quando Victor se


aproxima de mim, segurando meu queixo entre os dedos e
levantando meu rosto para olhá-lo. A conexão entre nós
pulsa e palpita como uma coisa viva, fazendo meu peito
doer. Ele sabe o quanto ele significa para mim? Mesmo que
ele diga que seu amor é egoísta, mesmo que seja um idiota
ciumento.

Eu lambo meus lábios quando ele se inclina e me


respira.

“Você cheira tão bem,” ele murmura, e tenho que fechar


meus olhos para segurar a emoção no meu peito. “Eu
poderia comer você, Bernadette, consumir até a última
mordida.” Victor lambe o lado do meu rosto e a escova cai da
minha mão, batendo no chão.

Porra, merda, droga.

“Pare com isso,” eu advirto, mas não há calor nas


minhas palavras.

“Não.” Ele agarra meu queixo ainda mais forte, e abro


meus olhos para encontrar seus lindos olhos de
ébano. “Esses pedaços de merda desperdiçaram quase meio
dia do meu tempo; Eu vou compensar isso agora.”

Quase abro minha boca para protestar, mas então... pra


quê? Aaron tem as meninas sob controle. Entre Cal, Oscar e
Hael, eles podem cuidar dos Vincents.

“Foi um belo presente de casamento,” digo em vez disso,


e ele sorri. Mesmo com um pouco de verdadeira alegria
colorindo seus olhos, é realmente mais um anti-
sorriso. “Quero dizer, entre os Vincentes e o Coisa...” Eu paro
quando Victor ri.

“Violência e sexo, eu posso oferecer a você isso em


massa,” ele me diz, soltando meu queixo e depois dando um
passo para trás para desligar a luz. Somos mergulhados na
escuridão, mas isso realmente não importa, porque vivemos
lá em nossas almas de qualquer maneira. Somos eu e Vic,
apenas dois corvos em um assassinato de penas negras e
bicos afiados. “E amor. Essas coisas são infinitas.”

“Você é um idiota,” eu engasgo, porque é tudo o que


tenho. Minhas bochechas estão coradas e meu coração bate
forte. “Mas eu te amo de qualquer maneira.”

“Por quê?” Vic pergunta, movendo-se através das


sombras para pegar alguma coisa. É o meu vestido, meu
lindo vestido de noiva preto, que ele tira do cabide e me
traz. Ele oferece, mas levo um segundo para pegá-lo, porque
estou lutando pelas palavras certas.

“Por quê?” Eu ecoo “Eu poderia perguntar a mesma


coisa, sabe.” Pego o vestido dele. Ele brilha, mesmo com
apenas uma pitada de luar do lado de fora. Nossas janelas
estão abertas e posso ouvir o mar dizendo olá e adeus à praia
em um murmúrio suave. Constante, interminável, sem
limites.

“Evasiva,” Vic diz, acendendo outro cigarro. Ele é


viciado em nicotina do jeito que sou viciada em sua
atenção. Pode nos matar um dia, mas não nos
importamos. “Você sabe por que eu te amo; Eu disse isso na
noite de núpcias, logo depois que ficamos nus no quarto de
hotel.” Ele aponta para mim com o
cigarro. “É você quem me deve.”

Franzo a testa e olho para o vestido.

“Eu tenho problemas de intimidade, Vic.”

Pronto. Uau. Eu disse isso. Disse algo real, algo que não
é... raiva.
“Todos nós temos,” ele diz, ajoelhando-se na minha
frente. Olho para ele e faço o possível para conter as
lágrimas. Por que estou chorando agora? Eu tive
oportunidades muito melhores de chorar. Victor estende a
mão e segura o lado do meu rosto em uma mão grande e
quente. Seu polegar mexe nos meus lábios enquanto
lágrimas salgadas deslizam pelas minhas
bochechas. “Fomos criados em cacos de vidro e sonhos
destruídos, Bernadette. Estamos autorizados a ser
fodidos. Estamos autorizados a cometer erros.” Ele suspira e
sua respiração penetra no meu joelho enquanto coloca a
testa na minha perna. “Também podemos mudar.”

Eu alcanço o bolso do vestido e puxo o tubo de batom


rosa. Heartless5, se chama. Mas mesmo que eu ame a cor -
Penelope realmente adoraria a cor - não sou insensível. De
fato, às vezes eu gostaria de ter menos coração, porque então
as coisas não doeriam tanto. A próxima coisa que retiro é a
lista, aquele envelope feio e amassado com todas aquelas
pessoas horríveis escritas nele.

1. o padrasto

2. a melhor amiga

3. a assistente social

4. o ex-namorado

5. o diretor

6. o irmão adotivo

7. a mãe

5
Sem Coração, é a tradução de Heartless;
Manchas de batom rosa encobrem alguns deles, mas o
mais importante ainda permanece.

A mãe.

Porque de todas as pessoas, de todos os humanos, foi


ela quem me trouxe a este mundo e depois deixou me
foder. Incentivou também. Fez ela mesma, até.

“A parte mais triste de tudo isso,” digo a Vic, estudando


a lista que fiz alguns meses atrás. “Esses nomes estão aqui
não porque eu queria odiar essas pessoas. Eles estão aqui
porque eu os amava, ou amei a ideia de quem eles deveriam
ser.” Meu polegar passa pelo número três enquanto penso
em Coraleigh em seu quarto no corredor. “O trabalho dela na
sociedade é ser uma rede de segurança. Ela deveria me
proteger, me levar para um lugar melhor. Ela fingiu ser
minha amiga, Vic.” Suspiro e movo meu polegar para o
número cinco. O diretor Vaughn é... interessante. Ele não é
inocente, e recebeu o que merecia, mas também chamou os
meninos para mim. Ele chamou uma ambulância para Srta.
Keating. É possível alguém procurar por redenção, não
importa o quanto eles estragaram tudo?

Não para alguém como Eric Kushner. Ou o Coisa. Mas


acho que é por isso que eles estão mortos e Scott Vaughn
não. Coagir adolescentes menores de idade a fazer vídeos
pornográficos ao vivo é muito ruim, mas ele não estuprou
ninguém que conhecemos.

Viro o envelope. Meus votos estão escritos lá em caneta


esferográfica. Parte da tinta está manchada, mas isso não
importa, porque ainda posso lê-los. Foda-se, ainda sei o que
quero dizer sem ler. Mas fingir ler as palavras do papel me
faz sentir melhor.
“Está muito escuro para você ver isso,” Victor desafia,
levantando a cabeça para olhar o pedaço de papel. Aliso a
borda dobrada para baixo, para que ele possa ver a página
melhor. O luar fragmenta em barras de prata. Eu posso ler
bem o suficiente.

“Eu nem preciso ler para dizer,” o informo de qualquer


maneira, minhas mãos tremendo. Ser vulnerável não é
minha coisa. A vulnerabilidade nunca me serviu bem. Eu me
deixei vulnerável com Penelope, e ela está morta. Eu me
deixei vulnerável com Aaron, e ele me deixou. Grande
expiração. “Você pode ler o seu de novo?” Eu pergunto e Vic
ri. Ele acaricia seu rosto contra o meu joelho, e solto um
pequeno suspiro de alívio.

Ele fará isso; Eu sei que ele vai.

“Claro, mas você precisa colocar o vestido de novo.” Ele


se levanta, pairando sobre mim de uma maneira que só
posso descrever como protetora. Vic, apesar de seu
comportamento idiota, quer cuidar de mim. Eu sei disso.

“Está coberto de sujeira e porra, seu idiota,” eu


resmungo, mas realmente não é tão ruim assim. Na verdade,
ele só precisa de uma limpeza a seco. Depois de pagar quase
seis mil dólares por isso, você pode apostar que vou limpá-lo
e usá-lo novamente.

“Coloque-o, Bernadette,” ele exige suavemente, se


movendo ao meu redor e indo para a varanda. Ele sai,
banhando seu corpo com ainda mais luz prateada da lua. Ela
destaca suas tatuagens e aumenta a forma de seus
músculos.

Levanto-me e substituo a camisola preta de renda que


eu estava usando, trocando-a pelo vestido. Não me incomodo
com calcinha. Victor apenas as arranca e as joga fora de
qualquer maneira. Meus pés descalços tocam no chão de
mármore enquanto me aproximo para ficar ao lado do meu
marido.

“Eu posso ver por que você manteve a sua vida


escondida de Ophelia,” digo a ele, e ele faz uma careta,
voltando sua atenção para o mar. Alguns pinheiros e abetos
da costa de Sitka pontilham a borda da propriedade, mas,
na maioria das vezes, a vista está obscurecida. É lindo, mas
não vale o sangue de inocentes. “Ela é um tubarão filho da
puta, Vic. Na verdade, ela é assustadora como o inferno. O
que vamos fazer com ela?”

Ele apenas balança a cabeça, estendendo os dedos


tatuados para passar pelos cabelos. Aproximo-me um pouco,
para que, quando inspiro, sinto o cheiro daquele almíscar
masculino dele, e não apenas o sal, a areia e o mar.

“Sem mais negócios hoje à noite,” ele me diz, olhando e


exalando bruscamente. Victor reina essa raiva dele da
maneira que sempre faz, da mesma forma que no quintal da
frente daquele dia em que eu o desafiei, e ele me empurrou
contra uma árvore. Ele é um mestre em controlar seu
temperamento. Ouso dizer, melhor que Oscar até. “Essa é a
coisa com Havoc. Sempre há alguém para enterrar, alguém
que quer enterrá-lo e uma maneira mais produtiva de gastar
seu tempo.” Ele ri de novo; o som disso é a própria definição
de ASMR6 para a alma. “Às vezes você só quer transar com
sua garota, entende o que eu quero dizer?”

6
Do inglês Autonomous Sensory Meridian Response, em tradução livre, "resposta sensorial meridiana autónoma”.
Uma sensação de bem-estar combinada com uma sensação de formigamento no couro cabeludo e na nuca,
experimentada por algumas pessoas em resposta a um estímulo suave específico, geralmente um som particular.
Sorrio para ele, colocando minha mão direita no bolso
enquanto seguro a lista com a esquerda.

“Não exatamente. Tenho certeza de que nasci


amaldiçoada porque gosto de homens. Se ao menos a
sexualidade fosse uma escolha.” Balanço a cabeça enquanto
Victor sorri de volta para mim. Olho por olho, ele disse à mãe,
mas, na verdade, somos eu e ele em poucas palavras.

“Você está enrolando,” Victor diz, e ele não está


errado. A ideia de ler para ele o que está escrito neste papel
me enche de terror. Ele se vira, apoiando os cotovelos no
parapeito atrás dele e olha diretamente para mim. “Nós
teremos outro casamento, depois que eu receber minha
herança. E convidaremos todo idiota bilionário que minha
mãe conhece. Será gótico pra caralho e vai assustar todos
eles. Porque, você sabe, não estou satisfeito em possuir o
respeito dos alunos do ensino médio. Nós vamos controlar o
subsolo, Bernadette. Nós vamos governar.” Victor estende a
mão e agarra meu braço, me puxando para perto e alinhando
nossos corpos. Quando ele olha para baixo e nos meus olhos,
meu coração para de bater. Porque ele tem o poder de fazer
isso. Ele é dono do meu coração e também sabe
disso. “Quando chegar a hora, direi isso a todos na plateia.”

“Oh, por favor,” murmuro, mas mais uma vez, minhas


palavras são suaves, tão calmas quanto as ondas suaves do
oceano. Victor se levanta, colocando as palmas das mãos em
cada lado do meu rosto.

“Não, você escute,” ele me diz, mas a pressão no meu


rosto é suave. Ele pode quebrar crânios, ou ele pode me
abraçar com essas mãos. Ele faz as duas coisas
admiravelmente bem. “Ophelia não pode realmente entender
o quão importante você é para mim, ainda não. Ela não pode
conhecer a profundidade das coisas que sinto. Se o fizer, fará
o possível para nos arruinar.”

“Ninguém poderia nos arruinar, Vic; nós já estamos


arruinados,” eu digo, e ele beija a minha boca, me
queimando com dentes e língua e me deixando ofegante em
seus braços.

“Bernadette, você é a força motriz por trás de tudo o que


faço,” ele repete, e eu tremo ao som de sua voz profunda. Ele
brilha no ar e entra em mim, preenchendo cada rachadura,
todo espaço vazio. Fecho os olhos, apenas para ouvir
melhor. “Você sempre foi. Não posso agradecer o suficiente
por isso.” Victor beija cada uma das minhas pálpebras
fechadas, e sorrio. Também me sinto um pouco enjoada,
porque sei que tenho que parecer vulnerável para ele na
minha vez. “Sem você, eu não teria tido um motivo. Uma
razão para viver. Um motivo para lutar. Uma razão para ter
sucesso. Você é o oxigênio no meu sangue e a eletricidade
que faz meu coração bater.”

Solto toda a respiração nos meus pulmões e apenas


deixo a dor de não respirar me queimar por um momento. É
assim que me sinto quando Victor olha para mim, quando
fala comigo, quando me fode. Não a dor, quero dizer, mas
como a primeira respiração que tomo quando finalmente
encontro coragem para puxar oxigênio para os pulmões
novamente.

“Mesmo que eu não te mereça,” ele continua enquanto


luto para segurar a respiração o máximo que posso. Victor
sabe que eu estou fazendo isso também, mas ele não se
apressa em fazer isso. Em vez disso, ele desenha cada
palavra, como se minha alma fosse uma boneca de vodu e
ele estivesse pregando pinos. Cada um dói, mas depois
floresce em um prazer diferente de qualquer outro. “Embora
meu amor seja egoísta, quero que confie em mim. Feche os
olhos e caia livre, Bernadette; deixe eu te pegar.”

Abro os olhos ao mesmo tempo em que respiro,


enchendo meus pulmões com o doce frescor da brisa do
inverno. É tão bom que, por um momento, quase
tropeço. Vic me mantém de pé. Ele se inclina e beija a lateral
do meu pescoço, enviando linhas de fogo na minha corrente
sanguínea.

“Deixe-me ser seu marido, e eu juro para você que vou


te amar até que o mundo fique escuro e além disso, nas
estrelas.”

“Os outros caras sabem como você é um filho da puta


de coração mole?” Eu sussurro, mas é uma técnica de
deflexão e nós dois sabemos disso. Victor não é um filho da
puta de coração mole; ele é apenas mole para mim. Eu tenho
que lembrar disso.

“Bernie?” Ele pergunta, beijando minha clavícula. Eu


não me incomodei em colocar a peça emplumada do vestido,
então minha garganta e peito estão nus e prontos para o
beijo venenoso de seus lábios. “Você vai ficar comigo até que
possamos ser enterrados no mesmo caixão, no mesmo lote,
no mesmo cemitério?”

“Você é mórbido,” murmuro, mas não consigo resistir à


sua atração e ele sabe disso. “Eu vou; Sim.”

Victor sorri para mim, colocando as mãos nos meus


braços e esfregando-os para cima e para baixo para me
aquecer um pouco.
“Eu nunca vou esquecer de ouvir você dizer isso,” ele me
diz, dando uma risada baixa quando minhas bochechas
coram. Mesmo sob a luz fraca da lua, aposto que é óbvio que
estou envergonhada e desconfortável. Naquela primeira
noite, quando Vic me deu seus votos e pediu os meus, tudo
que eu tinha que fazer era agarrá-lo e puxá-lo para a cama.

Nós fodemos a noite toda, mal parando para respirar.

Hoje é diferente; Eu não vou sair disso agora.

“Meus votos são... mais ou menos como um poema,”


arrisco-me cautelosamente, levantando o envelope
amassado entre nós. “Embora eu seja péssima, eu
tento. Eles me fazem sentir melhor por algum motivo, como
se escrever meus sentimentos os tornasse mais fáceis de
digerir.” Expiro através das minhas narinas e olho para a
primeira palavra. Victor. Sempre começa com Victor. A partir
do momento que ele empurrou um garotinho para baixo no
escorregador por puxar minhas tranças até o dia em que eu
o chamei no corredor da Prescott High.

“Eu não acho que seus poemas sejam ruins,” ele diz, e
tenho que olhar para cima e encontrar seus olhos para ter
certeza de que ele está dizendo a verdade. Eles estão tão
escuros como sempre, e sombreados à noite, mas ainda
posso perceber por que estou acostumada a ver no
escuro. Ele está falando sério. “Eu costumava tirá-los do lixo
e lê-los no ano passado. Toda terça e quinta-feira após o
terceiro período de aula de inglês.” Ele me dá um sorriso de
dentes brancos quando meus lábios se separam de
surpresa. “Você escreveu muito sobre nós, sobre o quanto
nos odiava.”

“Eu-” Eu começo a engasgar, mas Victor me silencia


com um beijo.
“Está bem. Todo mundo precisa de um escape; a escrita
pode ser a sua.” Victor lambe o canto do lábio e estende os
dedos até o cabelo roxo-escuro, mexendo um pouco sua
perfeição. Ele sempre coloca para trás como um mexicano
dos anos cinquenta, e eu amo isso. Não o machucaria
estragar um pouco de vez em quando. “A violência é a
minha. Quer trocar?”

Eu rio, mas sai tão sem fôlego. Minha mão está


tremendo, e não tenho certeza se alguma vez me senti tão
vulnerável na frente de outra pessoa. Um segundo bem
próximo seria eu e Oscar, no sofá na sala do Aaron. Meus
lábios franzem e a pequena onda de raiva que sinto ajuda a
fortalecer meus nervos.

Eu continuo dizendo que não tenho mais medo.

O que quero dizer é que não tenho medo de ninguém do


lado de fora. Estou com medo das pessoas por dentro. Cada
letra desse acrônimo sombrio é uma possível bala
direcionada diretamente para o meu coração.

“Victor ,” eu começo, olhando para o envelope, mesmo


que eu realmente não precise dele. “Eu tinha oito anos
quando te vi pela primeira vez. Quinze quando te odiei. Eu te
amo há quase uma década. Faça as contas. Adicione você e
eu juntos e você terá um. Um coração batendo em um peito
quebrado. Há beleza no caos, paz no havoc e sabedoria na
anarquia.” Eu molho meus lábios repentinamente
secos. “Deus, esse poema é péssimo,” murmuro, mas Victor
não diz nada, me olhando com os olhos semicerrados. Tenho
certeza de que, quer o poema seja uma porcaria ou não, vou
enlouquecer esta noite. “Duas pessoas quebradas não
podem se consertar, mas somos seis.” Faço uma pausa,
olhando para Vic para ver se consigo descobrir o que ele está
pensando. Como sempre, ele não me dá nada. “Seis
corações, doze mãos, dez anos de história. Faça de mim sua
esposa, Victor, e eu serei tão leal quanto a tatuagem em seu
antebraço.” Aponto para a tinta no antebraço direito de
Victor. A palavra Lealdade está escrita em preto cursivo,
cercada por uma dúzia de outras peças, para que se misture
em um redemoinho de cor. Não é imediatamente visível, mas
é permanente, imóvel, com tinta em sua carne. Tipo lealdade
na vida real, não é? “Você me quer? Por favor, diga sim,
mesmo que não o faça. Alimente-me de belas mentiras e diga
que sim.” Paro e olho do envelope para o rosto dele.

“Seis corações,” ele diz, esfregando o queixo. Leva um


momento para ele perceber que eu fiz uma pergunta e ele
não respondeu. “Tudo o que eu quero é você, Bernie.” Ele
pega o envelope de mim e o enfia no bolso esquerdo do meu
vestido antes de me agarrar pela cintura e me jogar por cima
do ombro.

“Vic!” Eu grito, mas ele me ignora, me carregando para


dentro e chutando as portas para o exterior fechadas atrás
dele. “Você nunca disse que sim,” eu rosno quando ele me
joga na cama, e eu pulo brevemente. Seu corpo está cobrindo
o meu antes que eu possa respirar.

“Sim,” ele rosna, mordendo meu lábio inferior e me


fazendo gemer. Meus dedos cavam os cobertores debaixo de
nós enquanto Vic encosta seu corpo contra o meu. “Você é
minha, Bernadette. Você sempre foi.” Ele faz uma pausa e
estreita os olhos, lançando-os em direção à porta do
quarto. “Eu deveria matar esse filho da puta do David.”

“Exceto, com quantas garotas você já esteve?” Eu


pergunto, mas realmente, não quero saber. Victor muito
lentamente traz sua atenção de volta para mim.
“Eu vou matar o David,” ele repete, em vez de me
responder. “Então podemos foder no sangue dele.”

“Victor,” eu aviso, mas a ideia não é totalmente


repugnante para mim. Minhas mãos se tecem atrás do
pescoço dele, puxando-o para um beijo. Sua língua desliza
na minha boca, quebrando os escudos muito pequenos que
eu ainda tinha, me abrindo completamente para ele. Victor
balança seu corpo contra o meu novamente, forçando
minhas pernas. O tecido preto cintilante do vestido é como
um escudo entre nós, mas isso não o impede de passar a
mão por cima e para baixo, dedos cravando na minha
coxa. Dói, mas também é bom, do jeito que ele está me
segurando como se fosse meu dono.

“Eu te disse, Bernie: preciso de uma maneira de deixar


meus demônios saírem e você precisa de uma maneira de
enfrentá-los. É isso que você vai conseguir, a porra do
demônio dentro de mim.” Victor coloca os lábios no meu
ouvido e ronrona isso para mim, me fazendo estremecer
embaixo dele. Eu quero mais. Todo ele. Agora.

Baseado na expressão selvagem assumindo seu rosto,


não acho que seja difícil convencê-lo a fazer...
Victor Channing

Os votos de Bernadette reverberam pelo meu corpo,


causando uma mudança sísmica enquanto ajusto meu corpo
contra o dela. Será que ela consegue sentir, a violência
zumbindo dentro de mim? Não quero compartilhá-la com o
resto dos Havoc. No entanto, estou começando a me sentir
como um animal encurralado. Eu tenho uma escolha: matar
os outros homens atrás da minha mulher ou... lidar com eles
de uma maneira diferente.

Um grunhido me escapa quando deixo minha boca cair


em seu pescoço, chupando sua pele e mordendo-a com força
o suficiente para fazê-la chorar. Não é suficiente, então eu
mordo mais, até que ela arranha minhas costas nuas com as
unhas. Ela cheira tão doce e suave para mim, mesmo que eu
saiba que é uma ilusão.

Minha Bernadette Savannah Blackbird é uma cadela


durona.

“Você está me machucando,” ela choraminga, mas ela


joga sua pélvis contra mim, inclinando o rosto para o lado
para me dar um melhor acesso. “Continue.”
Um pico agudo de luxúria me arrepia, e me pego
agarrando o vestido dela, apenas para tirá-lo do
caminho. Por que eu queria que ela o usasse
novamente? Ah, é mesmo, porque ela se parece um anjo
sombrio ou um belo demônio quando o usa, não sei
exatamente qual.

Naquele dia, depois de sermos presos pela Força Tarefa


de Gangues Violentas, eu a vi pela primeira vez usando o
vestido.

Mmm.

Se isso não é uma lembrança que eu apreciarei até


morrer cedo, não sei o que é.

“Diga que ele não pode vê-lo até o


casamento,” Bernadette disse, sua voz grogue de sono, seu
tom misturado com irritação. “Não até eu sair pelas portas
da frente daquela maldita casa assustadora.”

No entanto ela não podia saber o quão assustado eu


estava. Não, não assustado. Aterrorizado. Abalado.
Horrorizado. Histérico.

Se não tivéssemos bons advogados criminais, e uma


acusação totalmente injustificada feita por um pai zangado,
então... Não pense assim. Digo a mim mesmo, sentando e
empurrando o vestido de Bernadette para que eu possa ver
tudo dela. Ela odeia, ser vulnerável e exposta sob o meu
olhar sombrio, mas não dou a mínima. Eu preciso disso; Eu
preciso dela.

Oscar continua passando essas pequenas piadas sobre


como ela precisa de uma depilação ou algo
assim. Realmente, acho que é porque ele está com
ciúmes. Porque ele sonha com sua doce boceta quando se
masturba à noite. Como se ele pensasse que eu não noto a
maneira como seus olhos a seguem.

Meu queixo aperta quando me abaixo, pressionando


meus lábios na suavidade da porcelana de sua coxa. Ela é
tão pálida que pode muito bem ser feita de luar. Minha
língua desliza ao longo de sua carne branca, provando o
pulsar de sua artéria femoral.

“Victor,” ela implora, mas eu estou tomando meu tempo


aqui. Esta é a minha noite. Os outros caras podem pensar o
que eles quiserem: é também a minha lua de mel. Depois
disso... eu não consigo pensar no que acontece depois disso.

Mordo e Bernadette empurra seus quadris em direção


ao teto. Para mantê-la quieta, seguro sua pélvis em mãos
apertadas, uma de cada lado, lutando com o corpo
contorcido para onde eu quero. Hael nos comprou uma
tonelada de brinquedos sexuais como presente de
casamento, mas eu não vou usar nenhum deles.

É apenas o meu corpo e o de Bernadette. É tudo o que


quero hoje à noite. Isso é tudo que o demônio em mim
anseia. Minha carne em sua carne, possuí-la, marcando-
a. Protegendo-a. Porque, finalmente, essa é a única coisa que
quero fazer.

É por isso que eu tive que vê-la naquele vestido o mais


rápido possível, para ter certeza de que ela ainda estava aqui,
que ela estava relativamente desmarcada, que ela era minha.

Então, com certeza, empurrei a porta e quebrei o drywall


com a maçaneta, mas entrei lá, olhei para ela e sabia.

Ela realmente é a rainha para meu rei.


“Victor!” Ela gritou, nada parecida com a coisa bonita e
quase submissa que ela é agora. “Que porra está de errado
com você?” Eu estava tremendo e não queria que ela
soubesse. Acendi um cigarro. Dei uma tragada, olhei-a de
cima a baixo. Ela sabia como eu estava aliviado? Ela podia
sentir isso?

“Foda-me.” Foi tudo o que eu disse. Talvez eu tenha


conseguido parecer calmo, mas provavelmente não?

O corpo de Bernadette envolto em preto brilhante, como


está agora. Seus olhos verde-esmeralda olhando para mim,
como estão agora. Levanto minha cabeça para olhar para ela,
e então mergulho meu rosto e sinto sua doçura. Eu estou
fodidamente faminto. Minhas mãos apertam ainda mais a
pélvis dela, mantendo-a quieta enquanto minha língua
mergulha fundo e eu pego exatamente o que quero, sem me
preocupar em pedir.

“Vic,” ela geme, se debatendo, os dedos arranhando a


colcha. É aí que suas palavras param, e seu verdadeiro
prazer começa. Fecho meus olhos, saboreando seu gosto,
lambendo-a como doce. Nunca será o suficiente para mim, o
momento em que estou satisfeito e pronto para seguir em
frente. Depois de encontrar sua garota, você sabe.

Bernadette perguntou com quantas garotas eu já


estive. Não faço ideia. Eu não contei. Eu não ligo. Há
apenas uma garota neste mundo que eu preciso, e sempre
foi ela. Minha língua desliza entre suas dobras para
encontrar seu clitóris. Já está inchado e desesperado pelo
meu toque; Eu propositadamente lambo até Bernie tremer e
choramingar por mais.

Um sorriso se estica pelos meus lábios e o triunfo surge


através de mim.
Minha.

É um desejo tão antigo quanto o sol, impossível de


resistir. Às vezes, eu me odeio por isso. Talvez eu devesse ser
mais... esclarecido ou algo assim? Mas então deixo minha
boca voltar ao calor de Bernadette e meu cérebro entra em
hiato. Não há nada além de mim, meus demônios e a rigidez
do meu pau.

“Eu quero te dizer uma coisa,” sussurro contra sua


coxa, amando o jeito que suas mãos empurram minha
cabeça, como se ela quisesse que eu parasse. É um monte
de besteira, porém, apenas um jogo. Bernadette Savannah
Blackbird definitivamente não quer que eu pare o que estou
fazendo. Levanto meus braços apenas o suficiente para que
eu possa ver o rosto dela. Seus olhos estão fechados, o rosto
corado, um braço jogado sobre a testa.

Com a saia levantada ao redor dos quadris, posso ver a


tatuagem de dragão no quadril, aquela com todas as flores
de lótus que se transformam em escamas rosadas. Corro
para frente para poder pressionar minha boca contra ela,
chupando e beijando meu caminho através de sua
tatuagem. Quero a porra do meu nome tatuado no corpo
dela, em algum lugar proeminente, como no peito.

Me mata que Aaron tem o nome dela tatuado no corpo


dele, e eu não. Vou precisar corrigir isso - e em breve. Aaron.
O imbecil tentando ficar com a minha garota. Eu deveria
bater nele, mas sei que não posso. Não se eu quiser ficar com
Bernadette.

“O que?” É a única palavra que ela consegue deixar sair


e, mesmo assim, é tensa pra caralho. Eu sorrio e não me
contenho com a arrogância, pois sei que ela não pode me ver
e ficar chateada com isso.
“Quando Hael disse que eu não uso preservativo, você
sabia que ele estava brincando com você, certo?”

Isso faz com que Bernadette faça uma pausa e ela afasta
o braço do rosto para olhar para mim.

“O que?” Ela pergunta, ofegante, suas belas coxas


abertas para mim. “Victor, não brinque comigo. Você
obviamente não usa camisinha. Você nunca usou camisinha
comigo.”

“Com você,” repito, olhando-a bem no rosto. Ela tem que


saber que eu nunca iria gozar em outra garota. Sem chance
no inferno que eu ia colocar-me na posição que Hael estava
- apesar de seus protestos de que ele usou preservativos com
Brittany. Mas com Bernie... eu adoraria um bebê. Talvez dois
ou três. Talvez quatro. Talvez cinco.

“Vá se foder,” ela retruca, o rosto corando enquanto


tenta me chutar. Pena que eu sou mais forte, meus
músculos apertando enquanto a seguro no lugar e ela
geme. “Vic, pare com isso. Nós já somos casados; você pode
cortar a porcaria.”

“Não.” A palavra racha a sala como um trovão. “Você é


a única garota que já fodi sem camisinha. Você diga que me
ouviu, ou eu vou terminar no banheiro com Jergens7 e um
punho fechado.”

Bernie solta um grito de frustração quando coloco de


novo minha boca entre as pernas dela, a língua sacudindo
para provocar seu clitóris.

7 Jergens: hidratante corporal.


“Eu ouvi você, ok?” Ela sussurra, a voz embargada. “Eu
te ouvi.”

“Bom.”

Dessa vez, quando volto a colocar a boca na boceta dela,


é um ataque total. Corro minha língua de sua tatuagem para
seu clitóris e volto novamente, agradável e lento. Ela enfia os
dedos no meu cabelo e tenta me puxar em sua direção, como
se isso fosse algum tipo de tarefa.

Esta é minha hora, filho da puta.

Somente um idiota completo e absoluto recusaria o doce


calor de sua rainha. Há uma razão para eu odiar o rapper DJ
Khaled e não é apenas porque a música dele é
péssima. Anunciar publicamente que você não gosta de
chupar a boceta de mulheres? Ou você é gay como o inferno
- o que é bom - ou você é um idiota.

Eu rio e Bernadette geme, se contorcendo enquanto


chupo seu clitóris na minha boca. Ela aceita dois dedos
dentro dela agradável e fácil, empurrando seus quadris no
ritmo da minha mão. Eu trabalho-os dentro e fora,
apreciando a visão de seus sucos brilhantes contra as
minhas tatuagens. Meus lábios provocam seu clitóris ao
mesmo tempo, aumentando o pulso suave de seu corpo em
meus dedos.

Quando ela chega, seu corpo inteiro se aperta sob o meu


aperto firme, seus músculos apertando meus dedos. Ela não
é tímida quando grita, passando os dedos pelos cabelos
enquanto suas costas se arqueiam. Antes que Bernie tenha
a chance de respirar ou relaxar, estou deslizando para cima
e para cima dela, removendo meus dedos de dentro dela e
depois puxando a parte superior do vestido para expor os
montes pálidos de seus seios.

A tatuagem em seu peito chama minha atenção; é um


par de asas de demônio rosa com uma caveira no centro. Sou
atraído por isso com a boca, passando o arco afiado da
minha língua pelas clavículas da minha esposa.

Oh.

Eu gosto disso.

Eu gosto muito disso.

“O que você acha, esposa?” Eu pergunto, empurrando


meus quadris contra os dela. Meu pau desliza entre suas
dobras, roçando o nó inchado de seu clitóris. “Você gosta do
corpo do seu marido em cima do seu?”

“Cale a boca, Victor,” ela geme, tentando me empurrar


com as palmas das mãos. Ela pode muito bem estar
empurrando contra um arranha-céu; Eu não vou ir a lugar
nenhum. Também não terminei de provocá-la. Minha mão
esquerda pega um daqueles seios cheios, dedos amassando
a carne macia. Ao mesmo tempo, provoco o peito e o pescoço
de Bernie com a língua, ondulando meus quadris a tempo de
empurrar os dela.

Mas eu não lhe dou meu pau, ainda não.

“Isso completa o ciclo?” Sussurro, aconchegando-me


nela, sentindo tanto carinho quanto uma necessidade
desesperada e frenética de possuir. “Ter o homem que você
odeia mais do que qualquer pessoa no mundo a montando
no colchão?” Ela me empurra de novo, dedos
arranhando. Amo o jeito que suas unhas afiadas arranham
minhas costas e empurro com mais força para recompensá-
la.

“Apenas me foda, Vic,” ela mói, mas eu balanço minha


cabeça. Quero ouvi-la dizer isso.

“Apenas me foda, marido,” eu corrijo, e ela geme,


jogando a cabeça para trás e no travesseiro. Ela morde por
um momento antes de exalar bruscamente e abrir os
olhos. Duas poças de esmeralda me encaram, um espírito
ardente preso atrás deles, batendo os punhos e implorando
por libertação. O demônio dentro do meu corpo se mexe e eu
ajusto meus quadris, colocando a ponta do meu pau dentro
da minha esposa. “Marido. Ou nenhum acordo.”

“Marido,” ela resmunga, e eu rio antes de entrar,


agradável, duro e rápido. O calor quente envolve meu pau
enquanto eu bato profundamente em minha esposa, amando
o jeito que seu rosto contorce de prazer, o jeito que seus seios
balançam com o movimento dos meus impulsos. Nós
moemos nossos corpos juntos, provocando um inferno de
atrito.

Gotas de suor na testa, no meu peito, pingamos,


derretemos e caímos um no outro até que não haja barreiras
entre nós. Minhas bolas ficam apertadas quando eu mordo
o lábio inferior de Bernadette e bombeio nela, um orgasmo
rasgando seu caminho através de mim. Atiro meu esperma
quente nela enquanto ela aperta em volta de mim, no meio
de outro orgasmo.

Estamos em uníssono perfeito, do jeito que eu gosto.

“Babaca estúpido,” Bernie sussurra enquanto eu lambo


o lado de seu pescoço. Seu corpo começa a arrepiar quando
saio com outra risada, colocando-a contra mim. Se ela acha
que terminamos, está muito enganada. Mas eu talvez a deixe
descansar um pouco.

Talvez é a palavra-chave.

“Eu ganhei, Bernadette,” digo a ela, ignorando seu bufo


de descrença. “Apenas aceite que você é minha, eu sou o
chefe e mantenho o reinado de Havoc.”

“Basta aceitar que sou sua esposa, e eu cuido do seu


reinado. Portanto, eu também mantenho o reinado de
Havoc. Vai se foder, Victor Channing.”

“Oh, vamos ver sobre isso,” eu rosno de volta para ela,


mas ela não está discutindo. Em vez disso, ela é tão macia
quanto uma gatinha ao meu lado. Neste momento, essa
visão dela, é só para mim e somente eu.

Aproveito o tempo para me divertir antes de levantar da


cama e sair.

“Se divertindo lá em cima?” Hael pergunta quando


desço as escadas descalço, procurando um lanche para
reforçar minha resistência. Se Bernadette acha que
realmente terminamos a noite, ela tem algumas surpresas
esperando por ela. Não vamos desmaiar até o sol
nascer. Talvez nem mesmo então. Na melhor das hipóteses,
ela pode tirar alguns cochilos curtos entre as sessões.

Vou transar com ela até que não haja um homem em


Havoc que não saiba que ela é minha.
Olho para os meus meninos, sentados e descansados na
sala de estar dos Vincents. Eles parecem ridículos aqui,
todos tatuados, fodidos e entediados como o
inferno. Idiotas. Temos uma mansão inteira para nós
mesmos, completa com uma maldita piscina, e eles estão
sentados aqui como se não tivessem nada melhor para fazer?

“Se por diversão, você quer dizer foder muito a minha


esposa, então sim, estou me divertindo muito.” Pego minhas
bolas enquanto Hael bufa com uma risada, me seguindo até
a cozinha e jogando algumas bugigangas de vidro como um
brinquedo. Ele o deixa cair e se despedaça, pedaços de uma
estrela do mar seca se misturando com o vidro. Algumas
pessoas precisam de ajuda séria na decoração. Parece um
necrotério de peixes aqui, com toda a vida marinha morta e
seca espalhada por toda parte. Abro a geladeira e me inclino
para procurar seu conteúdo.

“Você experimentou algum dos brinquedos que eu te


dei?” Ele pergunta, e dou o olhar mais venenoso do meu
repertório para ele. Hael assobia e mantém as duas palmas
para cima e para fora em minha direção em um gesto
apaziguador. “Jesus, você é um merda rabugento. O que tem
de errado com brinquedos sexuais?”

“Bem, seu filho da puta ruivo,” eu começo, pegando a


merda do sanduíche de mais cedo e decidindo que vou fazer
um para mim desta vez. Minhas bolas estão vazias, e eu
preciso fazer um pouco mais de mel para minha garota. “A
primeira coisa que está errada é que você os comprou.” Faço
um gesto para ele com uma faca, mas ele não parece
entender a ameaça aparente nela.

“É o meu presente de casamento para vocês,” Hael diz,


como se eu fosse uma pessoa louca. Ele se volta para
Callum, Aaron e Oscar, gesticulando para eles como se
esperasse que eles concordassem. “Bernadette merece mais
do que um rápido golpe de vez em quando, estou certo? Use
um vibrador nela. Tente um plug anal. Divirta-se, Vic.”

“Não me envolva nessa conversa,” Oscar diz, assistindo


algo em seu iPad. Provavelmente, um verdadeiro crime de
algum tipo. Ele é obcecado por eles. Ele só tem um fone de
ouvido, então sei que ele pode nos ouvir. “O que você faz com
sua esposa não é da minha conta.”

Porra, ele é um mentiroso eloquente. Faço uma careta


para Oscar enquanto coloco maionese em um pedaço de
pão. Quando termino, faço uma pausa rápida para acender
um baseado. É da nossa própria variedade de
maconha: Havoc at Prescott High. É um sativa, agradável e
brilhante, propensa a dar ao fumante algumas criativas
ideias muito necessárias.

“Não é da sua conta, hein, pau de mestruação?” Hael


pergunta, bufando de tanto rir. Oscar levanta os olhos
prateados para o rosto do nosso amigo, e vejo assassinato
escrito nas linhas nítidas de sua carranca.

“Pau de Mestruação?” Aaron ecoa, porque ele é o último


a saber. A ouvir sobre Bernie e Oscar transando em uma
poça de sangue. Só de pensar nisso me irrita tanto que
preciso cerrar os dentes até que doam. Estou tentando lidar
com essa merda da melhor maneira possível; faz sentido que
a maneira mais fácil de os meninos e Bernie se relacionarem
seria sexo. O sexo é divertido, e quebra barreiras, mas
Jesus. Ela é minha maldita esposa agora, e eu não sei como
compartilhar.

Há uma razão para termos feito um pacto no ensino


médio de que não íamos sair com ela. Heh. No ensino
fundamental, fizemos um acordo para protegê-la. Apenas
Havoc e Bernadette, um relacionamento tão antigo quanto o
tempo.

“Bernie e Oscar fizeram sexo no seu sofá,” Callum diz


enquanto dou uma longa tragada no baseado. A maconha
atinge meu cérebro como um trem de carga, me acalmando
em um instante. Eu posso fazer isso; Consigo lidar com
isso. “É daí que a nova mancha de sangue veio. Não que isso
importasse, já que estávamos tendo problemas para tirar
todo o seu sangue do tecido de qualquer maneira.” Cal enfia
um punhado de batatas fritas na boca, mastigando-as
pensativamente enquanto apoia a cabeça loira contra a
janela atrás dele. “Pode querer considerar cavar na conta
Havoc para um novo sofá.”

“Você e Bernadette...” Aaron começa, olhando para


Oscar como se nunca o tivesse visto antes. Confie em mim:
senti o mesmo quando vi o que estava acontecendo entre eles
na cozinha. Mas eu preciso, preciso, preciso que eles se
deem bem. Nosso grupo se separará se não descobrirmos
uma dança cuidadosa em torno de nossas emoções. E isso
não é aceitável. Nós somos uma família. O mundo é um
monstro. Esta é a nossa armadura contra os dentes afiados.

“Perda momentânea de julgamento,” Oscar diz, fingindo


que ainda se importa com o episódio que está sendo exibido
no iPad. Eu o conheço muito bem para essa porcaria. Suas
juntas estão pálidas; mesmo com todas as tatuagens, posso
ver isso. “Isso importa? Dissemos que ela era nossa garota
quando ela se juntou, então nossa garota ela é, goste ou
não.”

“Você não é virgem?” Hael pergunta, e juro, eu posso


ouvir a tela no iPad de Oscar quebrar quando ele a aperta
com muita força. “Ou devo dizer, você era virgem? Quero
dizer, considerando que você definitivamente não é
agora.” Hael uiva de tanto rir, mas ele claramente não está
prestando atenção no temperamento de Oscar. Ele tem um
fusível longo, mas quando queima, ele é um maníaco.

“Hael...” Eu aviso, olhando entre ele e Oscar. Aaron


parece abatido; Callum está claramente divertido.

“Você era virgem?” Cal pergunta, inclinando a cabeça


para o lado como um filhote de cachorro. “Como eu não sabia
disso?”

“Ele nunca fala sobre sexo; Eu meio que reparei.” Hael


cruza as mãos atrás da cabeça enquanto Oscar coloca o iPad
de lado, se levantando, sem camisa e furioso. Só espero que
ele não tenha uma arma com ele.

“Reparou?” Ele ecoa, movendo-se pela gigantesca sala


de estar com os pés descalços e calças de moletom
preta. “Porque você é uma prostituto sujo, de repente você é
especialista em sexo?” Oscar faz uma pausa na frente de
Hael, mas nenhum deles vai recuar se eles brigarem, então
eu tenho que intervir.

Ser o líder é uma merda às vezes.

“Parem,” ordeno, antes que alguém comece algo


aqui. “Esta é a minha lua de mel, e se um de vocês estragar
tudo, eu juro pelo pau do diabo que vou cortar o seu.” Dou
outra tragada no baseado quando Hael dá um passo para
trás, abrindo um dos dois freezers embaixo da bancada para
procurar mais sorvete.

“Olha, eu não estava julgando, apenas perguntando. Se


eu pudesse voltar no tempo e me poupar para
a primeira, faria a mesma coisa.” Hael bate os cílios para
Oscar enquanto apunhalo a ponta da faca na bancada. Os
dois garotos se voltam para olhar para mim, mas não preciso
dizer mais nada: eles sabem que eu falo sério.

“O que aconteceu com Bernadette foi um erro,” repete


Oscar, mas há um pouco de tensão em sua voz que eu não
estou acostumado a ouvir. Nós olhamos um para o outro e
sei que ele sabe que não estou feliz com sua obsessão por
ela. Ele sempre foi assim: clinicamente um filho da puta
obcecado. Ele também parece odiá-la, mas essa parte eu não
entendo muito bem. “Agora que ela é casada com Victor,
presumo que todos voltaremos a ter uma vida romântica.”

“Não é isso que Bernadette acha,” Callum diz, pulando


do assento da janela e entrando na cozinha. Hael tenta
arrancar as batatas fritas dele, mas ele quase literalmente
pula fora do caminho para mantê-las para si mesmo.

“Ela disse que não teria outra garota em Havoc,”


acrescenta Aaron, parando na beira da sala, a um passo do
nível superior, onde fica a cozinha. Todo o lugar é aberto e
escancarado, não uma parede a ser vista. Odeio essa merda
de conceito aberto. Eu gosto de uma casa onde você poderia,
por exemplo, morar nas paredes e nos cantos e ninguém
notaria você. “Está bem claro o que ela quer.” Aaron cruza
os braços sobre sua camiseta rosa folgada. Diz Foda-se
câncer de mama nela. Certamente Bernie deu a ele quando
eles estavam namorando no primeiro ano.

“Nunca mais vamos adicionar outro membro ao Havoc,”


Oscar concorda, erguendo os óculos com o dedo
médio. Estou quase certo de que ele faz isso quando está
irritado, mas tentando manter o temperamento. “Isso não
significa que não podemos foder ou namorar - com a
aprovação de todos nós.” O escárnio que ele faz pra Hael é
lendário. “Porque seu fracasso com Brittany
Burr ainda está nos assombrando. De fato, quase matou
Bernadette.”

O rosto de Hael empalidece, sua mão fica branca em


torno do recipiente de sorvete que ele está segurando. Ele o
encara com olhos castanhos, como se estivesse lutando para
controlar seu temperamento. Ele nunca foi muito bom nisso,
em esconder suas emoções, sejam elas quais forem.

“Não foi por isso que concordamos em ter uma Garota


Havoc em primeiro lugar? Para manter pessoas de fora
longe?” Hael abre a tampa do sorvete e se move para outra
gaveta em busca de uma colher. “Somos todos homens de
sangue vermelho; nós temos necessidades. Eu apenas
pensei que finalmente, depois de todos esses anos de
besteira, concordamos em atender a essas necessidades com
a garota que qualquer um de nós já quis.” Ele bate a colher
na bancada por um momento. “Ela me pediu para não
dormir com outra garota sem dizer a ela. O que você acha
que isso significa?”

“Eu não vou desistir dela,” Aaron diz após vários


minutos de silêncio. Eu jogo o resto do baseado na pia, meus
músculos tensos quando meu olhar entra em conflito com o
de Aaron. Tivemos essa briga por anos, mesmo que não
tenha sido dita. Ele sabe que eu sou a sua concorrência e,
por mais que eu relute em admitir, ele é a minha.

Todos eles são.

Droga.

“Não vamos deixar Bernadette nos separar,” Oscar


rosna. Sua mão direita, a que repousa sobre a bancada, bate
com o punho fechado. Callum o observa como um animal
observa outro quando ele sabe que é perigoso. Devagar, com
cuidado, ele enfia outra batata na boca.

“Ela não vai separar vocês, se vocês pararem de brigar,”


diz uma voz rouca da escada. Todos nós viramos para
Bernadette, com os cabelos despenteados de uma boa foda,
as coxas nuas e brancas e marcadas com hematomas e
chupões embaixo da bainha da minha camiseta. Ela deve ter
arrancado do chão com pressa para descer aqui.

Estou feliz por ela não usar o vestido de noiva; agora


pertence a mim e não quero que outro homem olhe ou toque
nela.

“Olá, Bernie,” Cal diz, colocando aqueles sorrisos de


merda que ele só usa para ela. Ele sorri como o velho Callum,
aquele que sonhava em dançar. Ele parou de sorrir assim
por um tempo, mas a expressão está de volta. Eu deveria
estar feliz com isso, mas estou com dificuldade.

Amo meus amigos; E preciso da minha garota.

Deslizo a mão pelo rosto enquanto Bernadette caminha


rebolando - duvido que ela saiba que ela está rebolando -
para a cozinha, bocejando e esticando os braços sobre a
cabeça. A camisa sobe; quase vemos a boceta dela. Eu rosno
sem nem perceber.

“Por que vocês estão falando de mim como se eu não


pudesse decidir ou dar opinião?” Ela pergunta, comandando
a sala tão facilmente quanto ela caminha. Estou
encantado. Não é necessário um gênio para ver que o resto
dos meus amigos degenerados se sentem da mesma
maneira. Por que não deveriam? Eles são todos sombrios,
fodidos e perigosos. Somente uma garota muito especial
poderia lidar com a gente. Somente um anjo perverso poderia
entender.

Merda.

Filhos da puta.

Quero gritar porque sei que tenho duas escolhas de


merda: manter Bernie como minha (como deveria ser) ou
colocar nossa família e meus amigos sobre eu mesmo.

Eu vou ter que compartilhá-la.

Não gosto, mas estou acostumado a fazer coisas que não


gosto. Entreter Ophelia, aguentar meu pai, desenterrar
cadáveres podres. Isso é vida, cara.

Mas haverá uma curva de aprendizado acentuada. Não


pode mudar um homem em uma noite.

“Velhos hábitos,” Aaron diz, antes que alguém tenha a


chance de responder a ela. “Estamos conversando sobre
você, mas sem você, desde os oito anos.” Ele a observa com
um olhar afetuoso enquanto ela se move para a cozinha. Sem
uma palavra, empurro o prato com o sanduíche pronto para
ela.

Minha.

Eu vou foder minha garota, alimentar minha garota,


matar por minha garota.

“Obrigada,” ela diz, dando um sorriso atrevido para


mim. Meu pau endurece ao ver seus belos lábios se curvando
nas bordas. “Eu poderia me acostumar com isso: meu
homem me fazendo um sanduíche depois do sexo.” Eu
apenas dou uma risada porque não me importo com coisas
assim; Eu vou fazer os sanduíches toda vez. A sociedade está
quebrada e distorcida, por que daria a mínima para algumas
regras sexistas antigas? Essa coisa entre mim e Bernadette
é mais antiga que isso, medieval, primitiva. “Ainda assim,
quero saber por que Oscar aqui está falando sobre eu
separar Havoc.” Ela morde o sanduíche enquanto o encara.

Ele bate os dedos tatuados na bancada e olha de


volta. Olhando para ele agora, eu o odeio com uma paixão
por ver Bernie em seu vestido de noiva antes de mim. Aposto
que sei o que ele estava pensando. Ele provavelmente tinha
aquele brilho nos olhos, aquele brilho perverso que fala de
coisas horríveis.

“Ele quer que o resto de nós comece a namorar, agora


que você e Vic estão casados,” Hael diz, abrindo a tampa do
sorvete e procurando na baunilha um pedaço de massa de
biscoito perdido. Veja, esse sempre foi o problema dele: ele
não é paciente o suficiente. Dar uma mordida na baunilha e
esperar algo bom. Eu sempre achei que ele estava tentando
tirar Bernadette do seu sistema. Aparentemente, não
funcionou.

“É isso que Oscar quer?” Bernadette esclarece, seus


olhos deslizando para Aaron e, surpreendentemente,
passando rapidamente para Callum.

“Não é o que eu quero,” Aaron diz, colocando as mãos


nos bolsos e olhando para o chão. Ele tem rosas vermelhas
tatuadas no pé esquerdo que ele olha por um segundo antes
de olhar para Bernie. “Você sabe disso. Eu te amo; Eu
sempre te amei. O casamento legal com Vic era para fins
comerciais.”
“Cuidado com a boca, Aaron,” eu rosno para ele. Porque
posso começar a quebrar caras, decido acender outro
baseado. “O casamento legal com Bernadette é
meu direito, porra. Eu sou o líder.” Tomo duas tragadas e
passo o baseado para Bernie. Ela faz o mesmo, e continua,
para as mãos de Aaron. Oscar passa sem fumar, entregando
a Callum, Hael e depois de volta para mim.

Há beleza nisso, o ritual de fumar maconha.

“Cal?” Bernie pergunta, como se ela estivesse


genuinamente curiosa. Ela parou de comer o sanduíche,
então eu o pego de suas mãos e termino enquanto ela limpa
as migalhas na frente de sua camiseta emprestada. “Como
você se sente sobre isso?”

“Dependendo da sua resposta, você terá a minha,” ele


diz com um sorriso suave. Você nunca saberia olhando para
ele que ele amarrou um casal no quarto deles e amordaçou-
os mais cedo.

“Minha resposta...” Bernie começa quando eu passo a


ela novamente. Ela franze a testa, pensando, seu cabelo loiro
de pontas rosadas flutuando em volta de seu lindo
rosto. Também posso senti-la daqui, como algo doce
misturado com algo urbano. Frutas e couro, talvez. Mas
frutas doces de verão especificamente. Expiro e ajusto meu
pau na minha calça. Hael revira os olhos. “Se eu
dissesse tudo...” ela se aventura, e o sorriso de Cal aumenta
um pouco. Ele morreria por ela, Callum morreria.

“Então você sabe o que eu quero,” ele acrescenta com


um encolher de ombros.

“Você ainda me deve um boquete,” Hael decide gritar por


nenhuma outra razão senão porque ele é um idiota. O olhar
que eu dou a ele pode descascar tinta. Ele finge não
perceber, como sempre. É mais fácil agir como se ele não me
ouvisse do que desafiar abertamente minhas ordens.

“O que exatamente é que Callum quer?” Esclareço,


espalhando meus dedos na superfície do balcão. Aqueles
olhos azuis olham de volta para mim, prometendo que se eu
estragar tudo, ele não será mais um filhote de cachorro
manso para mim. Talvez Bernadette não possa ver, mas eu
sei, sempre soube. Callum Park é um pesadelo em roupas de
príncipe.

Ele sorri para mim, mas eu permaneço firme.

“Você sabe o que eu quero, Victor. É o que eu sempre


quis: Bernadette.”

A declaração de Cal ondula através de nós seis, me


fazendo cerrar os dentes. Seus olhos azuis estão presos nos
meus, assistindo, esperando. Não duvido que eu poderia
domar os outros caras. É o que eu faço; Eu sou o líder.

O problema é que eu os amo. Eles são meus


irmãos. Minha família.

Olho para Bernadette e a encontro estudando Oscar, de


todas as pessoas, como se ela estivesse esperando uma
declaração dele. Ele não dá nada a ela, como sempre,
empurrando os óculos pelo nariz. Acho que de todos nós, ele
está decepcionado por vê-la aqui, rastejando sobre a barriga
dela em um ninho de víboras. Somos todos cobras agora.

“Qualquer que seja sua conclusão, Victor,” Oscar


começa, voltando-se para mim com aquela máscara estoica
dele no lugar. Sua boca é uma linha plana, seus olhos
cinzentos como o oceano em uma tempestade. “Decida-se e
faça-o rapidamente, para que possamos seguir em
frente. Por mais divertidos que sejam os enredos românticos,
temos negócios de vida ou morte em nossa lista.”

“É assim que você realmente se sente?” Bernie


pergunta, franzindo a testa, as narinas dilatadas de
raiva. Eu posso ver as mãos dela apertando os punhos, onde
elas descansam no balcão. Meus olhos se erguem para os
dela e vejo que Oscar a machucou. Me faz querer torcer o
pescoço dele, para ser sincero com você. “Deixar Vic decidir,
seguir em frente. Negócios, como sempre.”

“Você estava esperando algo diferente?” Oscar


pergunta, colocando seu iPad no balcão. Se eu o conheço - e
eu conheço - ele vai esperar até que todo mundo esteja
dormindo antes de comer qualquer coisa. Ele fará isso no
escuro sozinho, porque Deus o livre vê-lo com um pouco de
molho nos lábios ou migalhas na camisa. Ele nunca quis ser
humano. Foder Bernadette do jeito que ele fez? Isso prova
que ele é e ele odeia.

“Quando eu disse que você me devia um boquete, o que


eu queria dizer era que agora estou oficialmente solteiro e
desapegado, então...” Hael insere, e cerro os dentes.

“E Bernadette Channing é uma mulher casada.” Afasto-


me do balcão, meus olhos encontrando o de Aaron. Ele está
muito quieto, mas isso não vai durar. Ele só vai manter a
língua por tanto tempo antes de me desafiar. Se ele o fizer,
terei que colocá-lo no lugar dele, e não quero fazer isso.

Você tem duas opções, Victor, digo a mim mesmo


enquanto olho para Aaron. Escolha Bernie para si mesmo ou
escolha Havoc.

Só há uma escolha apropriada.


“Quando você é enganado por todos ao seu redor, quando
não tem mais nada, percebe que a única moeda que pode
carregar é a verdade. Portanto, uma única palavra tem
significado. Uma promessa é importante. E vale a pena levar
um pacto para o túmulo.”

Minhas próprias palavras ecoam dentro da minha


cabeça, um lembrete de que, quando estipulamos o preço de
Bernie, eu disse nossa garota. Uma menina do Havoc. Estou
tão vinculado e digno desse preço quanto ela.

Ela não pode pertencer a mim e somente para mim


enquanto eu ainda mantenho os reinos desta família. Essas
coisas são mutuamente exclusivas.

Apenas... não posso fazer alterações hoje.

Eu não estou pronto hoje.

“Ela é uma mulher casada, e esta é a minha lua de


mel. Terminei de discutir essa merda hoje à noite.” Gesticulo
com o queixo em direção à escada. “Vamos, Bern.” Ela afasta
o olhar de Oscar como se ele tivesse acabado de cortar sua
porra de garganta.

“Você está certo: podemos conversar sobre isso mais


tarde,” Aaron concorda, enquanto ainda consegue ser um
idiota. Resisto ao desejo de mostrar o dedo do meio para
ele. Eu dei Bernadette a ele para cuidar uma vez. Ninguém
pode dizer que não tentei. Eu fiz. Eu a deixei sozinha. A
entreguei. Eu a empurrei para longe. No entanto, aqui está
ela.

Um homem só pode ser tão forte, mesmo um que é tão


teimoso quanto esse idiota aqui.
Bernadette é meu sangue, minha respiração e meus
ossos.

Os meninos Havoc são meus irmãos.

Algo terá que ceder e, como qualquer verdadeiro líder


pode lhe dizer, às vezes você precisa fazer coisas que não
quer, tomar decisões que não gosta. Às vezes você tem que
admitir que está errado e reajustar a maneira como vê o
mundo. Quem lhe disser o contrário é mentiroso; cuidado
com a serpente com língua de prata.

Bernie não diz nada enquanto envolvo meu braço em


volta de sua cintura e a puxo para perto, respirando o doce
perfume de seus cabelos. Se eu pudesse mantê-la toda para
mim, eu o faria. No meu coração, sei que ela é minha e só
minha, mas também tenho certeza de que nenhum de nós
ficará feliz se deixarmos nosso amor e obsessão um pelo
outro afastar o resto do Havoc.

Sangue para entrar, sangue para sair.

Essa afirmação é verdadeira, mesmo que seja apenas eu


sangrando por dentro.

“Vamos conversar sobre isso quando eu dizer que é a


hora,” eu rosno, estralando meus dedos. Aaron faz uma
careta para mim, mas ele pode fazer caretas o quanto
quiser. Hael revira os olhos e Callum sorri. Oscar... ele
simplesmente se vira e se dirige para um par de portas
francesas que levam ao deque. Mesmo que tenha começado
a chover, ele sai, descalço e de pijama, e fecha as portas atrás
de si.

“Eu vou fodidamente quebrá-lo,” Bernie sussurra, uma


promessa em suas palavras. E faço o meu melhor para não
sorrir. Mesmo que eu tenha vontade de matar meus amigos
quando os vejo bem fundo na minha garota... é meio
engraçado ao mesmo tempo. Oscar merece a ira de
Bernadette. Vamos ver se ela terá mais sorte em abri-lo do
que o resto de nós.

Desejo-lhe o melhor com isso.

Porque, você sabe, ela definitivamente vai precisar de


toda a ajuda que puder obter.
Bernadette Blackbird

A garotinha, Alyssa, nos diz que seu sobrenome é Hart,


mas que ela não sabe onde mora, porque sua mãe se move o
tempo todo. O último lugar que ela se lembra de morar é em
um motel na rodovia.

Isso poderia ser qualquer motel, em qualquer estrada,


em qualquer estado.

Ela é fofa, de cabelos e olhos escuros, mas suspeita pra


caralho. Eu não a culpo; há um olhar em seu olhos que diz
que ela já foi traída por pessoas que prometeram ajudar. Eu
conheço esse olhar porque é o mesmo que eu tenho, mesmo
agora, mesmo depois de me juntar à Havoc. Nunca mais vou
confiar em ninguém além dos meus meninos.

“O que fazemos com ela?” Pergunto enquanto ficamos


do lado de fora no convés de manhã, o vento gelado
chicoteando ao nosso redor. É apenas quarta-feira, e temos
até domingo para descobrir como proceder com os Vincents,
mas essa menininha… alguém está sentindo falta dela? “Não
podemos deixá-la aqui.”
“Também não podemos levá-la de volta conosco,” Victor
adverte, e é aí que eu ouço: a fria crueldade de um
líder. Levar Alyssa é o que eu quero fazer. Ela pode
simplesmente morar conosco, certo? Eu cuidaria dela. Mas
é muito perigoso, muito arriscado. Se ela está oficialmente
desaparecida e somos apanhados com ela, estamos com um
grande problema. Mesmo que de alguma forma ninguém em
particular sinta falta dela, uma ligação da pessoa errada e
talvez tenhamos que lidar com as autoridades. Arriscar
Heather, Kara e Ashley por uma estranha é algo que não
podemos fazer.

“Vamos colocá-la com os Peters,” Oscar diz, apoiando os


cotovelos no parapeito de madeira do convés. Não perco a
maneira como os outros quatro garotos o olham espantados,
como se ele tivesse dito algo muito fora do comum. Para seu
crédito, Oscar mal se mexe. Ele permanece onde está,
vestido de terno e gravata, como costuma estar. Acho que ele
não está planejando ir à praia hoje.

Para ser justa, o clima é tumultuado e selvagem, a praia


é varrida pelo vento e cercada por ondas. Eu já disse às
meninas que, se elas querem brincar na areia, deve estar
perto do deque da casa. Isso é novembro na costa do Oregon
para você.

“Boa ideia,” Vic diz, como se os outros caras ainda não


estivessem olhando para Oscar como se ele fosse
louco. “Mandamos Leigh colocar Alyssa com os
Peters. Excelente. Próximo item da agenda: o que queremos
fazer com os Vincents a longo prazo?” Victor se vira e eu
tremo quando seus olhos escuros passam por mim. Sei o que
ele pensa quando olha para mim porque é a mesma
intensidade distorcida dentro do meu próprio peito. Esse
sentimento, ele se contorce como uma cobra com escamas
lisas e uma língua perversa. Subo no parapeito ao lado de
Oscar e o observo endurecer enquanto ele finge que eu não
existo.

“Qual era o seu plano original?” Eu pergunto, olhando


para cada garoto por sua vez. Aaron está olhando para mim
como se seu coração estivesse partindo um pouco todos os
dias que ele não me toca. Meus dedos se apertam no
parapeito enquanto resisto à vontade de pular e me enrolar
em seus braços fortes. Eu já sinto falta do cheiro
dele. Provavelmente porque acabei pegando um
de seus moletons para usar aqui no tempo louco. “Quero
dizer, antes de divulgarem notícias sobre Ophelia. O que
vocês iam fazer?”

“Levar o Ferrari Spider para um, último test-drive antes


de desmontá-lo e vender as peças,” Hael diz com um suspiro
sonhador, inclinando a cabeça para trás e estendendo a
língua para provar a névoa que caía do céu cinzento. “Como
mecânico e entusiasta de carros, devo dizer, vocês me fazem
fazer coisas que assombram meus pesadelos.”

“Cale a boca, Hael,” Oscar rebate, ainda mais rabugento


que o normal. Jesus. Olho para ele com uma dose saudável
de ceticismo, mas ele me ignora. Babaca. Eu
menti. Ele não é o mestre do controle; Victor é. Quando
Oscar fica desconfortável, seu controle começa a se
fragmentar. Merda, eu tenho uma desses fragmentos
espetados no meu coração e me sangrando. Hael mostra o
dedo do meio pra Oscar, mas ele o ignora. “Leigh é obcecada
por imagem e riqueza; vamos tirar tudo o que ela tem e forçá-
la à pobreza, onde ela pertence.” Os óculos do Oscar estão
salpicados com gotas de névoa, que é realmente o mais sujo
que eu já os vi.
“Temos outras mudanças interessantes planejadas,
mas o nível de narcisismo dela é impressionante,” comenta
Callum, de pé no parapeito com muito pouco esforço. Aposto
que ele poderia realizar uma rotina de dança inteira lá em
cima sem cair. “Temos fotos de uma dúzia de meninas e
meninos que ela vendeu no passado; íamos colá-los nas
paredes dela e torturá-la um pouco.” Cal se encolhe um
pouco, lembrando-me da noite em que Danny morreu, como
ele estava chateado. Ele me disse, com suas próprias
palavras, que não estava chateado por matar o cara, apenas
porque ele fez isso impulsivamente e colocou todos nós em
risco. Na época, pensei que ele estava blefando. Eu não acho
mais nisso. “Mas eu não acho que isso a perturba do jeito
que queremos.”

“Vamos invadir sua adega,” Aaron sugere, descansando


em uma cadeira Adirondack. “Vamos quebrar algumas
coisas dela. Vamos destruir a porra da sua casa. Você viu o
jeito que ela olhou para nós ontem? Ela estava apavorada
que estragaríamos sua vida perfeita.”

Vic bufa e assente, balançando a cabeça em descrença.

“Você está certo. Quero dizer, é muito menos sangrento


do que eu esperava, mas é importante atingir esses filhos da
puta onde dói. Além disso, quando terminarmos de usar os
Vincents contra Ophelia, eles desejarão estar mortos.” Victor
sorri, e é uma expressão adequadamente hedionda. “Você
sabe que meu pai é o único homem que ela já amou. Seus
próximos dois maridos morreram em circunstâncias
misteriosas.”

“Ophelia Mars é a viúva negra final, com certeza,” Hael


ri, levantando-se de sua posição contra a grade e esfregando
as palmas das mãos. Seus olhos deslizam para os meus
enquanto ele sorri. “Sexo com vinho é sempre divertido. Quer
beber vinho comigo, Blackbird?”

“Hael...” Victor avisa, dando um passo possessivo mais


perto de mim. Olho para ele, grande, bonito e agressivo, e
sinto minhas mãos coçarem com a necessidade de tocá-lo,
de estar mais perto dele... e também de socá-lo. Essa é a
nossa coisa, eu e Vic. “Mas eu gosto do brainstorming8
aqui. Vamos nos divertir com isso.”

“Havoc em lua de mel,” Cal canta, pulando da grade e


depois deixando a cabeça cair para trás com uma gargalhada
estridente, assim como ele fez no corredor quando foi
preso. “Vamos quebrar algumas coisas. Há um taco de
beisebol assinado por Babe Ruth9 em uma vitrine que chama
meu nome desde que chegamos aqui.”

Hael ri e cumprimenta Cal.

“Foda-se esportes, estou certo?” Ele abre as portas e


entra como se não estivéssemos envolvidos em várias
conspirações misteriosas contra nossas vidas. Isso é Hael
para você; ele esconde sua escuridão com alegria
arrogante. “Vamos fazer um concurso de beber vinho. A
última pessoa a terminar a garrafa é uma boceta.”

“Os humanos saem de bocetas; bolas apenas


gozam.” Dou de ombros com meu ombro direito. “Prefiro ser
uma boceta do que um saco de bolas.”

“É justo,” diz Hael, chutando a porta do porão. Ele faz


uma pausa e estala os dedos como se tivesse acabado de
8
Em português "tempestade cerebral" - técnica de discussão em grupo que se vale da contribuição espontânea de
ideias por parte de todos os participantes, no intuito de resolver algum problema ou de conceber um trabalho
criativo.
9
George Herman "Babe" Ruth, Jr., mais conhecido como Babe Ruth e Bambino, foi um jogador americano de
beisebol.
pensar em algo. “Vamos guardar as garrafas mais caras para
mais tarde. Podemos derrubar os Vincents e fazê-los nos
assistir quebrar todas elas e derramar o vinho na pia.”

“Oh, você é malvado,” Cal ri, seguindo Hael pelas


escadas escuras.

Eu fico onde estou, porque com o jeito que Aaron está


me olhando...

Ele se aproxima, ignorando o bufar de irritação de


Vic. Oscar, por outro lado, não se incomoda em entrar. Eu
odeio esse homem, penso, sentindo minha pele formigar.

“Ei,” eu digo baixinho quando Aaron estende a mão e


segura a minha na dele, esfregando o polegar sobre o meu
anel de casamento e depois mudando seu toque para a
minha tatuagem HAVOC. A tatuagem ainda fresca nas
juntas dos meus dedos arde, um lembrete para sempre de
Aaron curvado sobre a minha mão, a agulha na minha pele,
seus dedos usando um pano para limpar suavemente o
sangue. “Você está bem?”

Ele olha para cima e seus lábios se inclinam em um


sorriso genuíno. Ele só os dá para quatro pessoas: as
meninas, incluindo Heather... e eu. O carinho dele não
escapou do meu conhecimento. Na verdade, eu me vejo
inclinando para ele do jeito que uma flor se inclina em
direção ao sol. Até um lírio vodu precisa de luz.

“Estou bem,” ele diz enquanto fecho meus olhos,


saboreando seu toque contra a minha mão. Quando faço
isso, fechar meus olhos com força, posso fingir que nunca
terminamos, como se nunca estivéssemos separados um do
outro. “Eu ouvi sobre... você e Oscar.”
Oh, porra.

Com toda essa porcaria que tivemos, não tive a chance


de contar a ele sobre isso.

Abro os olhos, mas Aaron não parece chateado do jeito


que pensei que ele estaria.

“Eu não queria esconder...” Eu começo, mas ele me dá


um beijo que tem gosto de açúcar e sonhos e as casas
vitorianas pintadas de um lindo tom de rosa. Penelope teria
shippado a gente, Aaron. Quando ela estava viva, ela nos
shippava. Foda-me. Foda-se a minha vida. De repente, a
tristeza toma conta de mim, como uma onda consumindo a
praia. Não consigo respirar pela dor disso.

“Eu sei que você não quis esconder isso,” ele sussurra
contra a minha boca, provocando os dedos pelos braços do
meu moletom folgado e emprestado. Quando olho para cima
e vejo seus cabelos castanhos ondulados na testa, eu quase
morro. Ele é muito fofo. Como ele pode ser tão fofo?! Por que
estou apaixonada como uma garotinha? Superei essa
merda. Eu sou. Eu sou ... eu sou ... “E eu não sou tão burro
quanto Vic,” ele sussurra, colocando a boca perto da minha
orelha e esfregando o rosto ao lado do meu.

Em algum lugar por perto, Victor rosna. Como um


animal. Como uma fera. Um animal selvagem, filho da puta.

“Nossa garota, Bernie. Nossa,” Aaron diz, pressionando


perto de mim. Nossos dedos acabam entrelaçados, palma
contra palma. Eu posso sentir a cicatriz na dele, onde Victor
deve tê-lo cortado quando ele se juntou a Havoc. Pensar
nelas pressionadas lado a lado dessa maneira, sangrando
uma na outra, faz meu coração estremecer com uma
desesperada sensação de esperança.
Eu pensei que, ao ingressar em Havoc, estava
concordando com a ideia de nunca ter uma vida.

“Você sempre quis uma vida normal; agora você nunca


terá uma. É tudo o que você sempre quis, Bernadette.”

Aaron me disse isso a caminho da fonte de


refrigerante. Ele não estava errado. Acho que poderia ter sido
feliz vivendo uma vida normal. Não significa que eu não
possa ser feliz vivendo uma anormal. Porque ainda é uma
vida, não é?

“De Oscar… talvez. Mas posso lidar com isso porque


isso também significa minha.” Ele me beija novamente, mas
segura a língua, deixando-me me esforçar para frente,
envolta em seu perfume, desesperada por mais. Quando
Aaron solta minhas mãos e dá um passo para trás, fico tonta
por um minuto, quase como se estivesse flutuando. Nós nos
encaramos como se pudéssemos morrer se não ficarmos
juntos.

“Jesus filho da puta Cristo,” Vic rosna, esfregando a


mão no rosto. Ele me dá um olhar sombrio que eu devolvo,
mas então Heather desce as escadas com Alyssa Hart logo
atrás dela.

“Bernie, adivinhe?” Heather diz, parando quando Hael e


Callum voltam pelas escadas do porão, rindo juntos e
abraçando mais de uma dúzia de garrafas de vinho nos
braços. Ela revira os olhos e os ignora, lembrando-me que,
mesmo que pareça ser sua mãe, temos menos de uma
década de diferença. “Alyssa diz que é realmente uma ótima
nadadora. Ela diz que sua mãe se esforça muito para
garantir que haja uma piscina nos motéis em que ficam.” Ela
faz uma pausa, mesmo quando a tristeza profunda dessa
declaração toma conta de mim. “Então... podemos nadar?”
Estendo a mão para tocar o lado do rosto de Heather e
ela afasta minha mão como se eu estivesse irritando ela.

“Não vejo por que não?” Eu digo com um encolher de


ombros solto. “Vá vasculhar todas as gavetas do andar de
cima, veja se não consegue encontrar algo para Alyssa usar
na piscina.” Inclino-me com um sorriso no rosto, mãos nas
coxas. “Não se preocupe em fazer uma bagunça: estamos de
férias.”

“De onde Alyssa veio de novo?” Heather sussurra,


inclinando-se para mim e me dando um olhar muito cético,
como se ela não pudesse entender por que eu pediria para
ela arruinar uma casa que ela acha que é alugada do Airbnb.

“Prima do Oscar,” digo em voz alta, quando ele


finalmente se digna de entrar na casa. A energia muda de
uma maneira muito estranha e violenta. Mal posso esperar
para conversar10 com esse bastardo em breve. Já estamos
atrasados para uma discussão. Olho para Alyssa e
sorrio. “Eu sei que você nunca o conheceu, mas não se
preocupe: assim que encontrarmos sua mãe, você pode ir
para casa.” Me levanto enquanto Heather me olha com
desconfiança. Odeio mentir para ela, mas essa é uma
daquelas situações que irão acabar mal rapidamente se eu
não der à minha irmãzinha algum tipo de resposta. Imagine
se ela fosse à escola e dissesse a todos que acabamos de
encontrar uma criança aleatória no Airbnb.

“É melhor você não gritar comigo por fazer uma bagunça


quando você que me disse para fazer isso,” Heather
murmura, mas então sua boca se abre em um sorriso e ela
agarra o braço de Alyssa. As duas descem as escadas

10Tradução de Have it out: Conversar com alguém sobre algo que fizeram que te deixou irritado, para tentar resolver
um problema.
juntas. Felizmente, o quarto dos Vincents está trancado,
para que elas não esbarrem em nada que não deveriam.

“Vermelho ou branco?” Hael ronrona, segurando duas


garrafas de vinho pelo pescoço. Aponto para um
aleatoriamente e ele coloca os dois no balcão, tirando a rolha
da que eu selecionei. Ele a entrega e tomo um longo gole,
com gosto de amora, ameixa e groselha na parte de trás da
minha língua. A cor vermelha mancha meus lábios como
sangue, e passo a manga preta do capuz de Aaron na minha
boca para limpá-la. “Bom?” Hael pergunta, sorrindo como
um maníaco. “É cento e vinte dólares de muito caro. Me dê
uma garrafa de Everclear a qualquer dia e vamos ficar
bêbados por vinte.”

Olho para a garrafa enquanto Callum pula no balcão e


se agacha como um monstro durante a noite. Ele está
bebendo um pouco de vinho branco, com o capuz levantado,
os lábios curvados em um sorriso travesso. Quando olho
para ele, seus olhos azuis enrugam dos lados, trazendo
aquela alegria da boca para o olhar.

“Você sabe o que eu quero, Victor. É o que eu sempre quis:


Bernadette.”

Quero dizer, eu sabia como ele se sentia. Era óbvio,


mesmo que Callum Park seja sutil e às vezes estranho. Tomo
outro gole do meu vinho.

“Vamos lá, teetotaler11,” Hael pede, agitando outra


garrafa cheia de vinho pra Oscar. “Você nunca fuma e bebe
conosco. É chato como uma merda. Divirta-se pela primeira
vez. Estamos em lua de mel aqui e, mesmo que Vic seja o

11 Teetotaler: uma pessoa que não bebe álcool.


único imbecil nesta sala recebendo boceta, ainda podemos
festejar.”

Oscar o ignora, mas pelo menos ele não está olhando


para o iPad com amor eterno. Ele está sentado ali em seu
traje perfeito, pernas cruzadas, mãos em volta do joelho. Ele
inclina a cabeça apenas o suficiente para olhar para Hael.

“Por que você não festeja, já que é nisso que você é


bom? Vou sentar aqui com a cabeça limpa e garantir que
você não foda algo tão perigoso quanto Brittany Burr.” O
soco de Oscar corta o coração, mas mesmo que o rosto de
Hael fique irritado, ele acaba uivando de tanto rir.

“Brittany maldita Burr,” ele canta, bebendo metade do


vinho de uma só vez. Victor e Aaron pegam uma garrafa,
mas, mesmo tentando, seria impossível perder a rivalidade
entre eles. “O que vamos fazer com ela, hein? Só tivemos
alguém que quebrou as regras do preço uma vez antes.” Hael
faz uma pausa por um momento, e a alegria em seu rosto se
dissipa brevemente. Às vezes me pergunto se ele amava
Brittany, mesmo que apenas por um minuto. O pensamento
me enche de uma raiva ciumenta que eu lavo com outro gole
de vinho. “Eu me pergunto se ela enviou papai querido atrás
de nós, ou se ele simplesmente virou a cabeça e agiu por
conta própria.”

“Irrelevante,” Oscar corrige, ainda sentado, uma estátua


irritante com um rosto bonito e mãos demoníacas tatuadas
na garganta. Seu cabelo está crescendo e, chocantemente,
não é a cor preto-escuro que aparece. Ele tem... raízes
loiras? Que porra é essa? Elas mal estão aparecendo, mas do
jeito que ele está sentado, na frente de todas aquelas grandes
janelas, a luz me mostra muito claramente onde termina a
tintura de cabelo e começa o cabelo real. Hã. “Seu trabalho
era colocar o esquadrão anti-gangue de seu pai atrás da
Charter Crew. Ela não conseguiu desviar a atenção dele. Vou
calcular os riscos dela.”

“Nós não vamos matar uma garota grávida,” Hael


retruca, a voz como um chicote violento. Na verdade, eu
preciso dar uma olhada dupla para ter certeza de que é ele
quem está realmente falando. Sua boca está torcida em uma
carranca profunda, seus lindos olhos cor de amêndoa
escuros e perigosos. “Porque ele matou uma prostituta
grávida.” As palavras de Victor sobre o pai de Hael surgem
na minha cabeça enquanto tomo meu vinho, me
perguntando se isso tem algo a ver com sua reação
visceral. “Você nunca disse a ela que ela não podia enviar o
FTGV atrás de nós. Talvez seja mais específico da próxima
vez? Ela ainda pode mandar aquele pai careca babaca atrás
da Charter Crew.”

“Pare de romantizar coisas que não precisam ser


romantizadas,” Oscar diz, sua voz tão suave quanto uma
barbatana de tubarão cortando um mar calmo. Está vindo
para você, sem dúvida, mas você não ouvirá nem sentirá um
respingo até estar sangrando. “E não se atreva a me
criticar. Victor disse - conforme meu pedido - que Brittany
deveria redirecionar a atenção de seu pai para longe de
Havoc e para a Charter Crew. O que você acha que a
palavra redirecionar significa, seu idiota? Devo procurar
para você?”

A mandíbula de Hael se aperta, e ele dá um passo à


frente, como se pudesse realmente começar algo com
Oscar. Os outros caras veem o quanto Hael Harbin trabalha
para se conter? Eles o cutucam e cutucam como se ele
tivesse paciência ilimitada dentro de seu peito. Na realidade,
ele mal está impedindo de atacar.
“Tudo bem, Oscar, você tem sido um idiota monumental
desde que gozou e deixou Bernie para limpar a bagunça.” Vic
gesticula para ele com sua garrafa de vinho. “Pare com essa
merda. Temos muita coisa acontecendo para começar a
brigar um com o outro.”

Eu gostaria de poder descrever a expressão no rosto de


Oscar sem usar palavras como morte, lápides, corvos de bico
afiado e caveiras com órbitas vazias. Mas... eu não posso.

“Minhas desculpas, chefe,” Oscar diz, sua voz como


chocolate escuro sobre ossos velhos. Parece bom no começo,
mas você nunca comeria isso. “Às vezes, o intelecto
diminuído de Hael me enfurece, o que, é claro, é injusto, pois
ele não pode deixar de nascer assim.”

Hael esmaga a garrafa de vinho no chão, salpicando os


móveis de linho branco com gotas de vinho tinto. Ah, aposto
que Leigh vai adorar.

“É melhor você estar brincando comigo, porque se você


não estiver brincando comigo, eu vou chutar sua
bunda.” Hael chuta uma mesa lateral com a bota e um
abajur de vidro se despedaça. “Bem? Estou esperando pelo
seu pedido de desculpas. Ou talvez eu deva dizer a Bernie
que você era ...”

“Cale a porra da sua boca,” Oscar assobia, levantando-


se do sofá. Os dois garotos se enfrentam, peito contra peito,
mandíbula cerrada, olhos duros. “Se você não quer ser
ridicularizado por dizer coisas ridículas, pare. de. dizer.
elas.”

“Ainda não parece um pedido de desculpas para mim,”


Hael responde, sua voz estranhamente fria e suave. Não é
como a sua habitual segurança. Ponho meu vinho no chão e
passo entre os dois, colocando as mãos em um dos
peitos. Por um segundo, parece que nenhum deles vai me
reparar.

A mão de Oscar surge do nada, forte e rápida, agarrando


meu pulso e me fazendo chorar quando ele me puxa para o
lado e depois agarra meu outro braço com a mesma mão,
prendendo-os juntos. Enquanto ele faz, ele dá um passo
atrás e me puxa junto com ele. Sua mão tatuada acaba na
minha garganta por um breve segundo, a pressão quase
assustadora.

“Não o defenda para mim,” ele ronrona, sua boca muito


perto da minha. Seu cheiro de canela me envolve e meu
corpo reage de maneira violenta e perturbadora. “Estou de
mal humor e não aguento mais.”

“Oscar, eu vou colocar você no chão,” Vic rosna, mas


Oscar está apenas olhando para mim. Seu polegar acaricia
meu ponto de pulso enquanto ele se inclina cada vez mais
perto do meu rosto.

“Quando eu deixei você me imobilizar antes, eu estava


sendo legal. Nunca esqueça isso.” Ele me libera e respiro
fundo, colocando minhas próprias mãos na garganta. Na
verdade, eu não estava sem respirar de forma alguma, mas
é apenas a ideia.

Oscar se move rápido, muito mais rápido do que eu


pensava.

Ele se afasta e Vic joga uma garrafa de vinho nele. Ela


bate na parede ao lado da cabeça de Oscar. Ele faz uma
pausa por um breve momento para olhar de volta para nós.
“Você vai se arrepender de fazer isso,” Victor avisa, mas
Oscar apenas assente uma vez e depois continua pelo
corredor.

“Que porra é essa?” Hael pergunta, piscando como se


estivesse acordando de um sonho. “Que diabos foi isso?”

“Você está bem?” Aaron pergunta, mas eu aceno. Meus


dedos ainda estão na minha garganta, mas não porque eu
não gostei. Mas porque uma parte fodida de mim gostou.
Para ser justa, quando fantasio sobre Oscar, geralmente
fantasio sobre um ou outro de nós com as mãos em volta da
garganta de alguém.

Eu cerro os dentes.

“Sim.” Olho para trás e encontro Callum no encosto do


sofá, ainda agachado, mas de alguma forma ele se moveu do
balcão para este novo local. Seu rosto diz que, se Oscar fosse
mais longe, eu estava aqui. Tremo e volto para a minha
garrafa de vinho, levantando-a em uma saudação. Victor
está fervendo, Aaron está chateado, Hael está cambaleando,
Callum... Acho que ele está apenas observando por
enquanto. “Ao nosso casamento.”

“Ao nosso casamento,” Aaron diz, e ninguém sente falta


da maneira como ele enfatiza a palavra nosso nessa
declaração.

Engulo o resto que está na garrafa como uma campeã,


limpo os lábios na manga do capuz novamente e aceito um
taco de beisebol da mão estendida de Cal. Bem, merda, é
realmente assinado por Babe Ruth. Me desculpe, cara. Viro o
capuz do meu casaco de Aaron emprestado, subo em cima
do balcão e levanto o bastão com as duas mãos.
“Vai se foder, Coraleigh Vincent!” Eu grito, batendo-o
em um pote de biscoitos em forma de sereia. Estilhaços de
porcelana explodem para fora, ricocheteando na bancada,
nas minhas pernas, na lateral da geladeira.

“Vai se foder,” Hael concorda, abrindo a tampa de outra


garrafa de vinho. Ele engole o máximo que pode, o vinho
escorre pelos lados da boca e depois exala bruscamente. “Vai
se foder Oscar. Aplauda a paternidade da semente de
Brittany - isto é, elogie o fato de que ele não é meu.” Hael joga
a garrafa no chão novamente, deixando-a quebrar e
manchando um tapete muito caro.

Pulo da ilha da cozinha para outro balcão, balançando


o bastão e quebrando uma foto emoldurada de Leigh e seu
marido, todos aconchegados em um cassino e segurando um
leque de notas verdes na mão. Quero dizer, por favor? Por
favor, né? Depois que o vidro está quebrado, arranco a foto
da parede e a jogo.

Callum apenas ri e ri quando Aaron acende um cigarro


e o apaga no sofá de linho chique, marcando o tecido com
uma queimado preto permanente. Ele acende novamente, dá
uma tragada e depois faz de novo. Quando termina, ele
estaciona o cigarro entre os lábios e tira a faca que ele
empunhou em Ophelia do bolso de trás.

Quando ele esfaqueia o sofá e estofado sai, eu começo a


rir também.

Victor apenas observa todos nós com um olhar sombrio,


bebendo seu vinho e aproveitando o caos.

“Oh, vamos lá, chefe,” Cal pede, pegando uma luminária


do chão e rasgando a cortina. Ele levanta o comprimento do
metal e o oferece a Vic como uma arma. Victor aceita
enquanto Cal se move para uma pequena estátua de
concreto de uma tartaruga, levantando-a e jogando-a contra
a ilha da cozinha. Ele bate na bancada de pedra, quebrando-
a e derrubando uma peça substancial.

Vic se afasta com o abajur de metal, como se fosse um


taco de beisebol, mas faz uma pausa quando Oscar volta
para a sala, parecendo um pouco calmo. Seus olhos se
voltam para os meus enquanto chuto uma vasilha de
cerâmica cheia de espátulas no chão e a quebro.

“Não fique à medida da minha ira,” Oscar diz, citando


Shakespeare novamente antes de pegar um abajur de uma
mesa lateral e jogá-la contra a parede. Todos nós tomamos
muito cuidado para não quebrar as janelas da frente. Quero
dizer, não poderíamos realmente ficar aqui o resto do
feriados se o fizéssemos, certo?

Quebramos o local em pedaços e depois arrastamos os


Vincents escada abaixo para ver tudo.

“Você vê o que você fez?” Oscar assobia, agarrando o


queixo de Coraleigh com os dedos tensos e fazendo-a olhar
para a destruição. Lágrimas rolam pelo rosto dela, e eu
quase espero que Oscar lamba uma. Em vez disso, ele afasta
o rosto dela e se levanta. “Onde está o vinho?” Ele pergunta,
e Hael salta para obedecer, segurando uma garrafa de um
cesto de roupa suja que ele encheu delas.

“Que tal esta?” Ele pergunta, virando a garrafa para


verificar o rótulo. “Screaming Eagle, é chamado. Pesquisei no
Google e diz que vale cerca de dois mil e oitocentos dólares.”

“Quebre,” Oscar diz, assumindo a interação com os


Vincents enquanto eu me sento em cima do balcão, o capuz
ainda para cima, o taco de beisebol caído sobre meus joelhos.
“Espere, espere,” Marcus diz enquanto Leigh apenas
chora baixinho, seu cabelo castanho grudado nas laterais do
rosto. “Nós podemos resolver isso. Há espaço para todos nós
nessa coisa. Podemos dividir nossas partes com
vocês. Metade e metade. Meio a meio.”

“Você pode ser rico,” Leigh implora quando Hael joga a


garrafa de vinho na grande pia do avental. Isso quebra, é
claro. “Pense nisso,” ela continua, lambendo os lábios
enquanto Hael puxa outra garrafa.

“Esta está em alemão, então nem vou tentar


ler. Aaron?” Hael chama pelo meu ex-namorado, agora
atual? De qualquer forma, ele sorri para o telefone antes de
olhar para cima.

“Vale cerca de treze mil e quinhentos dólares, meu


amigo.”

Hael pega no pescoço e bate a ponta da garrafa no


balcão, inundando o chão com líquido.

“Não!” Leigh grita, lutando violentamente em sua


cadeira. Não é incrível como algumas pessoas estão ligadas
às coisas? Tanto é assim que eles trocariam a vida dos outros
por mais? “Me escute. Você pode sair de South Prescott
dentro de um mês. Alyssa vale muito dinheiro. Você, você,
você...” ela gagueja quando Hael pega uma garrafa preta e
franze a testa.

“Essa é um conhaque,” ele diz, olhando para


Aaron. ”Quanto?”

“Essa...” Aaron começa a procurar em seu telefone


enquanto Callum pula para se sentar ao meu lado no
balcão. “Uau. Trinta e cinco mil.”
“Trinta e cinco mil dólares por álcool?!” Hael engasga,
bufando uma risada. “Bem, foda-se, nós vamos beber esse
aqui, meus amigos.”

“Isso foi um presente!” Leigh grita quando Hael puxa a


tampa de vidro e toma um gole. “Largue isso!”

“Droga, isso é bom,” Hael ronrona, passando a garrafa


para Cal. Ele toma um gole antes de se inclinar em minha
direção. Demoro um segundo para perceber o que ele quer,
mas assim que faço, sinto meu rosto corar. Meus olhos se
voltam para Victor, mas ele apenas olha para mim enquanto
Leigh grita. Minha atenção muda para o infinito azul dos
olhos de Callum enquanto eu me inclino e inclino minha
cabeça para o lado.

O calor de sua boca rosa perfeita encontra a minha, mas


quando levanto meus dedos para tocar seu peito e pescoço,
posso sentir a aspereza de suas cicatrizes. Perfeitamente
imperfeito, penso enquanto ele gentilmente separa meus
lábios, inundando minha boca com a queima do conhaque e
o calor da sua língua.

Inclinamo-nos um no outro quando alguém puxa a


garrafa das minhas mãos. Estou muito focada em Callum
para perceber ou me importar. Ah Merda. Talvez ele tenha
pensado que eu não o notei durante todos esses anos, que
ele poderia sentar na minha frente naquela cafeteria e agir
como se não soubesse meu nome. Todas essas coisas são
mentiras.

Você dançou comigo naquele dia em que chorei na escola


primária. Você me encontrou durante o jantar da oitava série
e me incentivou a me juntar a você no chão. A única razão pela
qual me lembro daquele dia é por sua causa.
“Bernie,” Cal murmura, se afastando um pouco e
tocando sua testa na minha. Isso é a grande coisa com esses
garotos, tudo isso comovente. Acho que nenhum de nós
jamais foi abraçado, cuidado ou amado o suficiente. “Eu
disse a você que o faríamos pagar, não disse?”

Ele se inclina para trás o suficiente para eu me perder


no azul de seus olhos e depois pula para o chão.

“Me dê a faca,” Cal diz, gesticulando para Aaron


entregá-la. Sem hesitar, ele faz. Callum se aproxima dos
Vincents e faz uma pausa atrás deles. Ele então começa a
cortar o cabelo perfeito, pressionando a lâmina
perigosamente perto de seus crânios. Os dois gritam, como
se algo estivesse realmente machucando eles, mas é tudo
besteira.

Callum não derrama uma única gota de sangue.

“Pegue as meninas e vamos nadar,” ele diz, devolvendo


a faca a Aaron assim que ele termina. “E quando
terminarmos, afogaremos os Vincents e descartaremos seus
corpos.” Callum está blefando, obviamente, mas suas
palavras sussurradas fazem o truque. O casal começa a
gritar quando Hael e Aaron os arrastam de volta pelos
degraus para que possamos trancá-los em seu quarto
novamente. Cal olha na minha direção e juro por Deus, meus
lábios formigam em resposta ao seu olhar sombrio.

Não está escuro com a violência; Eu já vi essa expressão


em seu rosto de príncipe da Disney muitas vezes no passado.

Não, desta vez, sua expressão é esculpida em fome e


luxúria e coisas não ditas que são melhor deixar no
escuro. Ele tem segredos, aposto que Callum tem. Já que
Havoc não deveria ter nenhum, se eu perguntasse, você acha
que ele me diria?

Molho meus lábios com a língua.

“A sério,” Cal diz, soltando uma risada rouca. “Estou


morrendo de vontade de te ver de biquíni, Bernie. Espero que
você não se importe de eu dizer isso.” Ele pisca para mim,
pega o abajur e esmaga a mesa de centro, com ele, os
músculos de seus braços ondulando com o poder necessário
para tal movimento.

Enquanto isso, apenas me escondo dentro do moletom


de Aaron, encharcada entre as coxas com a visão e
segurando um taco de beisebol que vale mais que os carros
da maioria das pessoas.

“É o que eu sempre quis: Bernadette.”

Balanço o taco de beisebol em um vaso de flores secas e


tento não pensar muito sobre essa afirmação. Ainda não,
hoje não. Porque Victor precisa de tempo, e dessa dança
perigosa de garotos lindos... ainda não sei se conheço a
coreografia.
Os Vincents não têm um peru naquele refrigerador
imenso deles - nós saímos de férias, Coraleigh diz - mas tudo
bem, porque o casal gosta mesmo de Keto12 agora e seu
congelador está cheio de peru moído.

“Jennie-O13 para vitória,” Hael diz, elogiando a marca de


carne e girando uma faca nos dedos de uma maneira
impressionante. “Então vai ser tacos.”

“Diga-me ...” Eu começo, deslizando minha bunda em


um dos bancos ainda intactos na ilha da cozinha. Veja, é
como uma paisagem aqui: uma ilha, uma península, uma
tundra congelada de mini-freezers sob as
bancadas. Também está total e completamente
destruído. Quero dizer, funciona o suficiente, mas os olhos
da Heather quase caíram de seu rosto quando ela viu.

“Você não receberá seu depósito de segurança depois


disso, Bernie,” ela me disse com toda a seriedade. Tão
fodidamente fofa e ingênua. Coloco um pouco de brownie na
boca e espero que o palpite de Callum sobre o quão especial
é esse brownie especial esteja certo. Isso, ou vou ficar tão

12 Dieta low-carb no qual as pessoas comem 20 gramas ou menos por dia.


13 Marca de Peru.
chapada que não me lembre do meu primeiro Dia de Ação de
Graças Havoc.

“Te dizer o que?” Hael pergunta, adicionando óleo a uma


panela e colocando a carne temperada nela. Ele está
balançando um pouco com a música, balançando a cabeça e
murmurando a letra. Não sei como alguém tão perigoso pode
ser tão fofo. Mas isso mesmo. Gosto dele ainda mais agora
que sei que ele não será pai do bebê de outra pessoa.

Eu mordo meu lábio.

“Diga-me como é que você sabe cozinhar?” Eu pergunto


e Hael ri. Sempre rindo, ele e Callum. Mas enquanto Cal,
curiosamente, me lembra o Coringa, Hael é apenas...
divertido. Sua risada é apenas isso, uma maneira de aliviar
o clima.

“Ma mère m'a appris à cuisineiner, cher14,” ele ronrona


em francês com um toque cajun, dando-me esse sorrisinho
atrevido que me irrita e me faz querer transar com ele na
bancada rachada. Inclino-me para frente e coloco os
cotovelos sobre ela, agindo como se não sentisse Victor nos
observando da sala de estar. A maioria dos detritos foi
varrida em uma pilha, para que ainda possamos relaxar nos
detritos.

“Isso significa... algo sobre sua mãe?” Eu pergunto,


colocando meu queixo na palma da mão.

“En fait c'était à propos de ta mère mais tu n'as pas


compris la blague, n'est-ce pas?15” ele me pergunta,
levantando uma sobrancelha enquanto mexe a carne com a

14 Minha mãe me ensinou a cozinhar, querida.


15 Era na verdade sobre a sua mãe, mas você não entendeu a piada, não é?
espátula. Pego um pedaço quebrado do balcão e o jogo na
cara dele. Ele pega, o que me irrita muito, e depois joga por
cima do ombro. Ele cai perfeitamente na pequena pia de
preparação. “Minha mãe me ensinou a cozinhar,” acrescenta
Hael finalmente, o rosto caindo levemente. A música em seu
telefone muda para “My House,” de Flo Rida, e seus lábios se
contraem em um pequeno sorriso. Ele ama essa música
idiota e, por mais que eu odeie, não consigo deixar de sentir
algo quando o vejo começar a murmurar a letra. “Ela não me
ensinou a cozinhar nenhum taco de peru, mas depois que
você tem o conjunto de habilidades...” Hael se interrompe
quando Callum aparece, segurando um avental.

“Deixe-me colocar em você, querida,” Cal murmura em


sua bela voz. É mais do que apenas grave ou rouca ou
quebrada, é transcendente. Quando Cal fala, suas palavras
transmitem emoção da mesma maneira que seus
movimentos de dança; ele está cheio de sentimentos.

“Ora, obrigada, doce marido,” Hael ri enquanto Cal


coloca o avental ao redor do pescoço e depois abraça a
barriga dele.

“Devemos transar depois, com você em uma coisinha


tão pequena.” Callum dá um tapa na bunda do Hael e então,
em um único movimento, ele pula no balcão e se agacha ao
meu lado. Ele olha para mim enquanto pega um cacho de
uvas roxas da bolsa ao lado do meu braço e com muito
cuidado e propositadamente esmaga uma entre os dentes. “A
propósito, adorei o seu biquíni.”

Victor bufa atrás de mim, e eu o encaro.

“Isso não era um biquíni; era o pior pesadelo do


marido. Como um prólogo para uma sessão de pornografia.”
“Ei, vai se foder!” Bato nele, jogando algumas uvas em
sua direção. Ele realmente consegue pegar uma na boca
enquanto encaro ele. ”Se eu quiser nadar nua, eu vou.”

“Contanto que você depile esse mato,” Oscar diz, mas


ele não olha para cima da revista no colo. O calor quente me
enche da cabeça aos pés, como uma chaleira de água
fervente. Não ficaria surpresa se saísse vapor dos meus
ouvidos.

“Eu vou literalmente te matar,” eu moo, e, sem querer,


meus dedos encontram minha garganta. Oscar olha para
cima então e nossos olhares travam, roubando meu fôlego e
me deixando tonta. “Quando eu deixei você me imobilizar
antes, eu estava sendo legal. Nunca esqueça isso.”

“Por que diabos você ridicularizaria uma garota por ter


cabelo onde o diabo o colocou?” Victor pergunta, dando a
Oscar um olhar desagradável. “Você já violou meus últimos
nervos hoje. Da próxima vez que você colocar as mãos na
minha esposa, eu vou quebrar sua cara.”

“Além disso,” eu brinco, amando a maneira como os


olhares de Vic e Oscar se voltam para mim. “Fica assado lá
em baixo, se você fode tanto quanto eu e deixa depilado.”
Sorrio maliciosamente. “Eu continuo maravilhosa, e aparo
essa merda. Talvez você deva pensar em fazer o mesmo?”

“Tiros disparados!” Hael uiva quando Callum ri. Aaron


faz uma pausa no meio da escada, com a mão no corrimão,
enquanto ele tenta descobrir o que estamos fazendo
aqui. “Tu es une putain de dure à cuire, Blackbird.16 Uma
vadia incrível.”

16 Você é uma vadia incrível, Blackbird.


Os olhos do Oscar se estreitam, mas, aparentemente,
ele não quer falar sobre o fato de que ele ficou dentro de mim
até as bolas enquanto eu estava sangrando e vulnerável
debaixo dele. Ele não se importa. Ele é apenas um sociopata
com um rosto bonito.

“As crianças estão arrumadas; os Vincents estão


seguros,” Aaron diz, se aproximando de mim. Quando ele se
aproxima, eu posso senti-lo, como se houvesse uma carga no
ar, alguma conexão elétrica entre nós que vibra
agradavelmente contra a minha pele. “Eu disse a elas que
poderíamos comer e depois nadar novamente.”

“Quase pronto,” Hael diz, colocando a tampa na panela


escaldante de carne antes de voltar ao abacate que estava
fatiando. “Você sabia que os cartéis controlam a maior parte
da produção de abacate no México? Deveríamos entrar nessa
merda.”

“Cartéis do caralho,” Victor murmura, mas ele também


está esfregando o queixo, tão claramente ele está pensando
em alguma coisa. “Alguma palavra sobre como a Charter
Crew conseguiu esses vinte mil em produtos?”

Oscar faz um som de aborrecimento e depois zomba,


jogando a revista de lado. Certeza de que ele nem estava
olhando - que utilidade Oscar Montauk teria para a
decoração moderna em um mundo contemporâneo.

“Como Mitch Charter está dirigindo um carro novo, eu


diria que eles não estão sofrendo nada. Ou eles têm fontes
de renda que eu não conheço, ou então alguém grande os
apoia.” Oscar faz uma pausa, estreitando os olhos cinzentos
no chão enquanto ele fica em seus pensamentos.
“E a gangue que os forneceu com o produto em primeiro
lugar?” Aaron pergunta, mas Oscar já está de pé e
balançando a cabeça. Ele está, mais uma vez, vestindo terno
e gravata. É como se ele não soubesse relaxar por mais de
cinco minutos de cada vez.

“Que gangue você conhece que aceita casos de


caridade?” Ele pergunta, olhando para mim de tal maneira
que sei que o olhar em si deve ser um insulto. Decido ignorá-
lo dessa vez, colocando uma única uva na minha boca e
chupando um dedo tatuado por apenas um momento. Meu
batom - estamos numa boa fase aqui e esse aqui é
chamado Jilted17 - desliza pela minha pele e Oscar assiste
como se ele estivesse hipnotizado. Assim que percebe que
está fazendo isso, ele se afasta. “Não é provável. Alguém está
enchendo os bolsos deles.”

“Isso não faz nenhum sentido,” Victor diz, claramente


frustrado com a situação. “A Charter Crew não é nada. Eles
nem merecem um nome. Podemos muito bem continuar
chamando-os de irmãos Charter / Ensbrook.”

“Alguém quer eles atrás de nós,” Oscar reflete, como se


já tivesse pensado nisso antes, mas achou ridículo demais
mencionar... até agora. Ele olha para cima, olhos cinzentos
brilhando e olha para Vic. “E a sua mãe?”

A energia na sala muda completamente, e a boca bonita


de Vic se fecha.

“Faz sentido. Ophelia participa desse pequeno...


baile.” Oscar acena um dedo tatuado em círculo enquanto
ele atravessa a sala e pega seu iPad. Ele abre a capa,
debloqueia e começa a fazer... o que quer que ele faz. “Ela

17
Abandonada;
ganha dinheiro facilmente conectando os Vincents com os
compradores das meninas e, em seguida, dá parte desse
dinheiro para Charter Crew.” Oscar estala os dedos como se
percebesse algo. “Mitch pularia para uma oportunidade
como essa.”

Victor se inclina para a frente, apoiando os cotovelos


nos joelhos e esperando que Oscar termine seu
minidiscurso. Nosso líder - merda, meu marido - parece
cético, mas aberto a essa teoria.

“Quero dizer, eu não duvidaria que mamãe querida faria


de tudo para me foder da maneira que puder, mas isso é um
pouco forçado, você não acha? A lista de Bernie, os
Kushners, os Vincents, Kali. Está tudo ligado?”

Oscar morde a unha do polegar, os olhos cinzentos se


abrem por trás do brilho dos óculos.

“Estou perdendo algo,” ele diz, parecendo frustrado,


como se isso não fosse algo que acontecesse com ele com
frequência.

Engraçado que, considerando que ele realmente fodeu


meus sentimentos depois que fizemos sexo. Mas que
seja. Faço um círculo lento no banquinho e depois
paro. Meus olhos se voltam para Aaron. Ele já ouviu falar de
David, é claro, mas não é algo fácil de abordar. Ele... esperou
por mim. Isso é bem romântico, você não acha? De qualquer
forma …

“David Benedict,” eu digo, exalando bruscamente.

Todos os meninos Havoc param o que estão fazendo


para me encarar.
“Sua Brittany Burr?” Oscar pergunta, obviamente
tentando ser um idiota, mesmo durante uma discussão
crítica sobre os negócios de Havoc. Porra, eu não suporto ele
às vezes. “O que sobre ele?”

“Ele vai para Oak Valley Prep,” eu digo, levantando-me


do banquinho. Um sentimento estranho me atravessando
quando as peças do quebra-cabeça em minha mente
começam a se encaixar. “Sabemos o nome da conexão de Kali
em Oak Valley Prep?” Olho para Oscar e ele assente,
checando a tela do iPad.

“Sim, claro. Mack Holdman.” Oscar olha de volta para


mim em triunfo, mas quando ele me encontra sorrindo, a
expressão desaparece tão rápido quanto veio. “O que? Você
está ciente de algo que eu não estou?”

“David Benedict é bissexual, e ele está fodendo com


Mack desde o primeiro ano.” Meu sorriso se amplia um
pouco. “Sim, eu realmente conversei um pouco com David
antes de dormir com ele. De nada.”

“Jesus,” Aaron murmura, seu braço roçando o meu. Eu


juro, posso sentir ciúmes reverberando através dele. “Mesmo
se isso for verdade, o que isso tem a ver com alguma
coisa?” Olho para Aaron, lembrando o olhar no rosto de Kali
quando ela nos viu aconchegados juntos no corredor. Ciúme,
puro e simples. Ela sempre quis o que eu tenho. Por que
motivo, não sei dizer. Minha vida não foi exatamente uma
cama de rosas. Não tenho certeza se desejaria a minha vida
ao meu pior inimigo.

Oh espera, não importa. Eu definitivamente faria.

“Kali estava na mesma festa que eu, na noite em que


dormi com David.” E juro, Aaron se encolhe quando digo isso
e depois faz uma careta. “Ela me viu com ele, provavelmente
nos viu sair juntos. Se eu a conheço, e sei que sim, ela
provavelmente tentaria descobrir quem ele era e iria atrás
dele.”

“Você está apostando muito nessa teoria; Não gosto de


suposições. Você está apenas assumindo que Kali
procuraria David. Mesmo assim, e daí? Ela está saindo de
Prescott com Mack.” Oscar enfia o iPad debaixo do braço e
se aproxima de mim, de modo que estamos a apenas dezoito
centímetros de distância. “Explique isso.”

“David não dirige para lugar algum. Ele pega carona


com Mack. Naquele Lexus LX preto?” Levanto uma
sobrancelha. “Vamos, pense sobre isso. David pode ser bi,
mas Mack não. Ele é definitivamente gay.” Sinto-me tão
orgulhosa quando mostro todas as minhas fofocas bem
preservadas de Springfield.

Fuller High, Oak Valley Prep e Prescott High estão todos


inexplicavelmente entrelaçadas em seus círculos
sociais. Quero dizer, não que alguém de qualquer uma das
outras escolas de ensino médio jamais admitisse isso. Mas
vamos lá, das três escolas, quem você acha que é o melhor
na cama em geral?

Prescott High para a vitória, filho da puta.

“E você assume que ele é gay, por quê?” Oscar pergunta,


inclinando a cabeça para o lado, como se estivesse tentando
me entender, mas falhando miseravelmente. Estou amando
o visual.

“Talvez ele seja realmente virgem, mas ninguém sabe a


verdade?” Hael pergunta, mas eu o ignoro, concentrando-me
nos olhos cinzentos de Oscar. Eles se estreitam ainda mais
em mim quando meu sorriso fica um pouco mais amplo.

“Bem, ele é o chefe do clube LGBT de Oak Valley


Prep.” Levanto dedo indicador esquerdo, o A da minha
tatuagem HAVOC agradável e visível. “Ele se descreveu para
mim em um estupor bêbado mais de uma vez como aquele
twink gay18 que tem medo de conversar com outros
meninos.” Levanto o segundo dedo. Oscar está claramente
ficando mais irritado comigo a cada segundo. “Ele usou uma
blusa uma vez em uma festa de Prescott que dizia Local
Magical Gay Girl nela. Você quer que eu continue ou...?” Eu
paro com três dedos levantados e, em seguida, abaixo os dois
de cada lado, mostrando o dedo do meio para Oscar, fingindo
que estou com um pouco de coceira na ponta do nariz.

Quero dizer, ele faz essa merda o tempo todo para mim,
não é? Quando ele está 'arrumando os óculos'? O que é
mentira.

“Então Mack é gay e ocasionalmente fode David. E


daí? Tente mais, Bernadette.” Oscar dá outro passo em
minha direção e meu coração começa a bater forte. Tudo o
que posso sentir agora é canela, doce e picante e muito
Oscar. Meu corpo se lembra dele e, por tê-lo tão perto, eu
simplesmente sofro. Como o mar sente saudade da costa.

Quase o toco, mas não estou interessada que batam na


minha mão agora. Estou gostando de esmagá-lo
intelectualmente com fofocas.

“Então, por que Mack iria buscar Kali na escola?” Eu


repito. “Ele a leva para ficar com David. Não sei o que eles
18
É uma expressão da língua inglesa, originalmente proveniente do jargão LGBT, usada para descrever adolescentes
ou jovens do sexo masculino, ou adultos com aparência física igualmente jovem ou pueril, caracterizados geralmente
por um corpo magro ou atlético e "liso", sem pelos nem marcas de expressão ou de idade.
estão fazendo juntos - não posso imaginar que Mack ajudaria
seu amante de novo e de novo a pegar uma garota Prescott
por sexo - mas isso poderia explicar como a Charter Crew
chamou a atenção de Ophelia.”

Cruzo os braços sob os seios, percebendo que o olhar de


Oscar se desvia por um breve momento. Estou usando uma
regata que diz Não estou interessa em homens, que é irônico
e hilariante, porque, obviamente, estou muito. Costumava
ser a camisa de Penelope, o que me deixa realmente triste
porque me pergunto se ela não estava lutando com sua
sexualidade. Ela nunca escreveu sobre isso no diário, mas,
na maioria das vezes, é apenas uma lista contínua das
transgressões do Coisa.

“Essa é uma teoria sólida,” Vic medita, esfregando o


queixo mais uma vez. Devo realmente fazê-lo pensar. Ele
também não parece condescendente, ou como se estivesse
tentando me fazer feliz porque quer que eu ronrone debaixo
dele. “Isso faria muito sentido, você tem que admitir.”

Oscar se afasta de mim de repente, como se ele não


pudesse suportar ficar ao meu alcance por um segundo a
mais.

“O que Kali está fazendo com David e Mack então,


quando a pegam? Nós rastreamos o LX em várias ocasiões,
mas eles nunca foram para casa do Tom. Por quê?” A voz de
Oscar agora é um silvo, agradável e suave, mas claramente
descontente.

“Os tacos estão prontos...” Hael sugere, parando quando


ele coloca a espátula de lado. Callum se move para frente e
desce na beira do balcão, deixando suas pernas com
cicatrizes balançarem sobre a borda.
“Porque Ophelia e Tom são esnobes, sujeira imoral?” Vic
sugere com um encolher de ombros. Ele esfrega a mão
esquerda para cima e para baixo nos bíceps protuberantes
do braço direito, chamando minha atenção para suas
tatuagens. Ele tem tantas, e todas estão tão entrelaçadas,
que parecem de longe um mosaico. De perto, há os olhos
amarelos de um lobo escondidos na escuridão de uma
floresta de aparência extravagante, um cachorro africano
perseguindo presas e uma hiena com os dentes à mostra.

Muitas bestas selvagens, todas pintadas em alguém que


eu classificaria como uma fera por direito próprio.

“Onde é que eles vão?” Eu pergunto, e Oscar zomba de


mim, abrindo seu estojo de iPad novamente para acessar as
informações.

“Oak Park Shopping Village. O shopping perto da Fuller


High. Um restaurante mexicano.” Oscar faz uma pausa e
olha para mim, levantando uma sobrancelha preta
perfeita. Será que ele também tinge as sobrancelhas? Quero
dizer, se suas raízes são loiras... “Devo continuar? Não há
nada aqui que não seja insano. Nada disso é significativo.”

“Nossos caras ficaram tempo suficiente para ver se


David estava com Kali e Mack quando eles saíram do
carro? Onde Mack deixou Kali depois?” Eu pergunto, mas
então Heather e Kara descem correndo as escadas com
Ashley atrás deles. Alyssa vem por último, parecendo
reservada - compreensivelmente.

Espero que os Peters, sejam eles quem forem, cuidem


bem dela. Espero mais que tudo que sua mãe não saiba onde
ela está, que esteja procurando freneticamente sua
filha. Espero que sim, porque sei que minha mãe não se
importaria. Sei que Pamela, se colocada em uma situação
financeira apropriada, teria vendido eu, Pen e Heather como
se fosse nada.

“Está na hora de comer agora?” Heather pergunta,


ainda vestindo sua bermuda preta, regata azul e
chinelos. Hoje está muito chuvoso para ir à praia, mas as
crianças parecem ainda mais felizes com a piscina interior
aquecida. Antes de partirmos no domingo, vou empurrar
todas as plantas exóticas de Marcus na água e vê-las
afundar.

“Está na hora,” confirma Hael quando Oscar fecha a


capa do iPad. O jeito que ele olha para mim, no entanto, ele
sabe que descobrimos algo aqui. “Vamos comer na sala de
jantar formal?” Hael fala com um rolar de olhos.

“Tacos de peru no Dia de Ação de Graças são tão


estranhos,” Kara ri, apertando as mãos sobre a boca. Aaron
sorri suavemente para ela, colocando a mão no topo de seus
cabelos castanhos por um momento. É encaracolado, como
o dele, e ela ainda tem os olhos da mesma cor. Ele seria um
bom pai. Eventualmente. Bem, em um futuro distante que
eu possa ou não estar lá para ver.

Não. Você vai. Bernie, você pode fazer isso, porra.

Termine a lista.

Acabe com a Charter Crew.

Pegue a herança do Victor.

Tem uma checklist na minha frente e sei que, em teoria,


Havoc sempre tem negócios a tratar. Não tem a mentalidade
de ufa, acabamos, vamos descansar com esse grupo. Mas
sempre conseguimos tempo para assistir South Park e
fumar, comer pizza e foder. Merda, até levamos as meninas
para fazer doces ou travessuras.

Tudo vai ficar bem.

“Heather, você pode pegar o prato com todos os


vegetais?” Eu pergunto. “Vou pegar alguns refrigerantes.”

“Kara, leve uma pequena pilha desses pratos com


você. Ashley, você e Alyssa podem ser responsáveis pelo
creme de leite e salsa.” Aaron comanda as crianças com uma
facilidade, lançando-me um sorriso enquanto ele levanta a
maioria dos pratos nos braços (obviamente, os Vincents não
seriam pegos mortos com pratos de papel em sua antiga casa
imaculada).

Tudo vai ficar bem.

Repito isso para mim mesma e, por um minuto,


realmente acredito nisso.

Você sabe, eu meio que esqueci de adicionar a porra dos


policiais à minha lista de checklist imaginária.

Porque nada pelo qual vale a pena lutar é sempre fácil,


estou certa?
No sábado, encontro Hael na garagem dos Vincents,
examinando a Ferrari 488 Spider. Ele suspira quando entro,
gesticulando para o carro esportivo com uma mão tatuada.

“Você acredita que tenho que destruir esse carro? Que


vergonha.” Ele bate no capô com a palma da mão, e fico com
calafrios, lembrando nossa rapidinha no capô do seu
Camaro. “É claro, eu prefiro meu bebê qualquer dia, mas
isso é muito bom.” Ele coloca a mão sobre o coração
enquanto me movo para ficar ao lado dele, cruzando os
braços.

“Ouvi dizer que essa coisa fornece de sete a dez cavalos


de potência até oito mil rpm. Merda, dizem os boatos de que
o Spider pode ir de zero a cento e vinte e quatro mph em
apenas sete-ponto-oito segundos.” Aceno com a cabeça,
como se eu soubesse do que estou falando, e Hael se vira
para mim com uma sobrancelha levantada, um cigarro novo
a meio caminho dos lábios. “Eu digo que nos aprofundamos
no acelerador e encontramos um conjunto de curvas, porque
a suspensão mais rígida e os Michelins mais rígidos
contribuem para um chassi mais capaz.”

“Ok, você quase me pegou no negócio de cavalos de


potência, mas estou chamando besteira.” Eu sorrio quando
Hael acende, dá uma tragada e me oferece o cigarro. “Onde
você leu tudo isso, passarinho?”

“Kelly, Blue Book?” Ofereço e Hael joga a cabeça para


trás, rindo.

“Você é uma trapaceira traiçoeira,” ele rosna quando


abaixa o queixo, para que ele possa me olhar da cabeça aos
pés. Estou vestindo um roupão, mas por baixo, eu estou de
biquíni, aquele que Victor diz que não gosta, mas que ele me
fodeu enquanto usava ele nas últimas duas noites. É rosa
quente e bem pequeno, com uma caveira e ossos cruzados
sobre o peito esquerdo. A parte de baixo é um shorts
pequeno, e eu estaria mentindo se dissesse que minhas
bochechas não ficaram um pouco para fora.

Roubei esse biquíni do Hellhole aos dezesseis anos, mas


nunca o usei. Até agora.

De alguma forma, sinto que Hael sabe o que está por


baixo da minha túnica.

Ele dá um passo à frente, estendendo a mão para o cinto


em volta da minha cintura e com muito cuidado
meticulosamente o desamarra. Assim que o roupão se abre,
Hael respira fundo e xinga de uma maneira muito violenta e
colorida.

“Foda-se a boceta seca de uma freira,” ele murmura, e


eu engasgo com um pouco de risada. “Eu sei que vi esse
biquíni ontem, mas, caramba, sua irmã estava nadando
conosco e eu estava tentando não olhar...” Ele para. Ele
está definitivamente olhando para mim agora. “Cara, se Vic
não estivesse com tanto mal humor...” Hael bota as mãos
dentro do robe e as coloca na curva da minha cintura. A
conexão entre nós dispara como o quatro de julho, e tenho
que apertar meus olhos com força para aguentar. “Ele é tão
insuportável agora. Eu sabia que ele ficaria depois do
casamento.” Hael faz uma pausa e sua boca cheia se
contorce de perplexidade. “Como você gostou dessa
reviravolta, ter Aaron te levando ao altar? Que piada. Victor
realmente é o rei dos idiotas.”

“Você acha que ele quis dizer o que disse?” Eu pergunto,


amando a maneira como Hael absorve cada centímetro de
mim, catalogando meu corpo para material de punheta
futuro, sem dúvida. Eu quero que ele continue olhando; Só
queria poder olhar para ele também, nu e trabalhando acima
de mim. Eu lambo um pouco do doce gloss de cereja dos
meus lábios. “Sobre eu e ele sermos exclusivos após o
casamento?”

Hael encolhe os ombros de repente e dá um passo para


trás, agindo como se ele se importasse tanto com o carro
esportivo azul quanto com meus seios. E o teste do detector
de mentiras determinou... isso era mentira.

“Hah.” Ele ri e estica a mão para mexer no cabelo. “Ele


quis dizer pode ter certeza. Não significa que eu vou
ouvir.” Hael pisca enquanto circula a Ferrari. “Além disso,
você ouviu Callum e Aaron; Eu disse minha parte.” Ele sorri,
porque, na realidade, ele realmente não disse muito, não
é? Fico me perguntando se vou piscar e Hael, de repente,
voltará aos seus velhos hábitos, pulando pelo campus com
incursões ocasionais nas bocetas de Fuller High ou Oak
Valley. É melhor ele não tentar. “Todos concordamos que você
seria nossa garota, Bernie. Acho que cada um de nós tem
que definir o que isso significa, o que queremos de um
relacionamento um com o outro.” Hael aponta entre eu e ele
quando se abaixa para examinar os aros. Ele pega o telefone,
abre a caneta por baixo e começa a escrever notas.
“Sim?” Eu pergunto, seguindo-o pelo carro enquanto ele
dá a volta, anotando certas coisas e catalogando-as. Ele mal
está olhando para mim agora, agindo como se não desse a
mínima para eu estar aqui. Mentira. Ele sabe muito bem
onde estou, e está me evitando.

Por respeito a Vic, sem dúvida.

“Acho que Oscar ficaria satisfeito em usar você para


praticar tiro ao alvo,” Hael sugere, levantando-se. Seu cabelo
vermelho é estilizado com perfeição em uma crista no topo
da cabeça, os lados raspados. Há uma única tatuagem na
lateral do pescoço, uma caveira e ossos cruzados que me
lembram a imagem de cima do meu biquíni.

Eu sorrio.

“Enquanto a oferta for nos dois sentidos, e eu posso


atirar nas bolas dele, então estou bem com isso.” Eu expiro
quando Hael olha para mim novamente, seus olhos cor de
mel suavizando um pouco antes que ele desvie o olhar. “E
você?” Eu pergunto, tentando chamar sua atenção de volta
para mim. Adoro o jeito que me sinto quando ele olha para
mim, como se eu pudesse deslizar em seu Camaro e decolar
pela estrada com as janelas abertas e nunca olhar para trás.

Liberdade.

Esse é o gosto particular de Hael, e estou desejando


outra mordida.

“E eu, o quê?” Ele pergunta, dando um sorriso


atrevido. “O que eu quero de uma garota Havoc?” Ele coloca
a mão no capô e depois pula sobre ele, deslizando por cima
e depois batendo as botas na calçada na minha frente. Hael
estaciona os cotovelos nos joelhos e descansa o queixo em
uma mão. “Você sabe o que eu quero, Bernadette
Blackbird. Estou apaixonado por você desde que éramos
sem-teto juntos.”

“Não brinque comigo, Hael Harbin,” eu digo, cruzando


os braços novamente e dando um pequeno passo para
trás. Ele me pega agarrando as pontas do meu cinto e me
puxando um pouco mais para perto. “Você tem muitas
coisas a responder.”

“Eu?” Ele ecoa, e eu olho para ele.

“Você não se lembra de tirar meu vestido de baile e


entregá-lo aquela escória do mundo Kali Rose-Kennedy?” Eu
brinco, levantando um quadril e descansando a mão nele. O
movimento serve apenas para abrir ainda mais meu
robe. “Ou aquela vez que te encontrei com uma das
professoras de matemática loiras?”

Hael olha de volta para mim como se eu estivesse louca


por um momento e depois olha para o teto, pensativo.

“Professora de matemática?” Ele pergunta, mas eu


apenas estreito meus olhos.

“Eu sei o que vi: você e alguma professora loira com o


batom manchado e o cabelo despenteado. Não tente me dizer
que o que estava acontecendo naquela sala de aula era
inocente.”

Hael volta sua atenção para mim novamente e depois dá


um sorriso torto, que está apenas pingando impertinência e
arrogância.
“Oh, passarinho,” ele ri, balançando a cabeça. “Você
entendeu tudo errado. Eu sei do que você está falando, mas
deixe-me explicar.”

“Por favor explique, Harbin. Estou esperando.”

Hael me puxa ainda mais para perto, e eu apenas sei


que se Vic entrar, vamos ter problemas. Não tenho certeza se
Hael aceitaria ser expulso do quarto uma segunda vez, e eu
realmente não suporto ver Havoc se despedaçar em pedaços
por minha causa. Obviamente, estou ciente de que nada
disso seria minha culpa - é ridículo culpar uma garota pelas
ações de um bando de rapazes - mas, no entanto, as
consequências seriam péssimas.

“Eu não vou mentir e dizer que nunca fodi uma


professora, Blackbird. Mas as de Prescott são apenas... não
são do meu tipo. O que você está falando é quando eu peguei
a Srta. Addie transando com a outra professora de
matemática loira, a Sra. Daines. Você apenas me
viu chantageando a Srta. Addie é tudo.” Hael bate debaixo do
meu queixo com os dedos e sorri. “Então anime-se,
passarinho. Sem danos causados.”

“Oh, me desculpe. Tudo o que você estava fazendo foi


chantagear um membro da escola? Certo, desculpe-me por
pensar que era algo sórdido.” Hael coloca as mãos nos meus
quadris, e eu não o paro, mesmo sabendo que estamos
entrando em território perigoso aqui. Eu, mais Hael, mais
um capô de carro vazio... Gah. Quero ver como esses
amortecedores realmente funcionam. A Ferrari pode lidar
com nossa marca específica de lombadas e buracos?

Mm.

Não podemos empurrar e descobrir.


Victor tem que tomar essa decisão por conta própria; ele
tem que saber que ele fez a escolha final. Ele tem que
escolher Havoc.

Caso contrário, isso nunca funcionará.

“Qualquer outra pergunta ardente que eu possa


responder para acalmar sua alma cansada?” Ele pergunta,
enfiando os polegares nos meus ossos pélvicos e me fazendo
morder o lábio para segurar um gemido. Minhas pálpebras
se fecham e tenho que realmente trabalhar para não me jogar
nele. Quando sinto a respiração de Hael contra minha
barriga nua, quase perco a cabeça.

“Você realmente tentou matar Neil por mim?” Eu


pergunto, e ele faz uma pausa. A energia na sala muda, e eu
abro meus olhos bem a tempo de ver Hael se afastar, sua
expressão se transformando em algo completamente
diferente. Toco minhas mãos em ambos os lados do rosto
dele, amando que ele esteja barbeado de novo e cheirando a
coco. Descobri que o babaca gosta de tomar banho com um
xampu e condicionador muito específicos. Preciso manter o
cabelo arrumado, ele disse, apontando para os cabelos. Ele é
um idiota. “Eu não sou uma leitora de mentes, Hael. Não sei
o que vocês estão pensando, o que fizeram, onde estiveram.”

Hael se levanta de repente, e eu suspiro. Há um olhar


em seu rosto que me rasga em pedaços.

“Vamos lá,” ele diz, agarrando minha mão e passando


para a porta do lado do passageiro. Ele abre, apesar da
minha reclamação constante sobre cavalheirismo, e eu
deslizo para dentro. Com aquela expressão sombria
montando seus belos traços, como eu poderia recusar? Além
disso, nunca havia sentado em um carro tão bonito antes; é
desconcertante.
“Onde estamos indo?” Eu pergunto, mas Hael apenas
bate à porta atrás de mim e depois corre para a porta que
leva para dentro da casa. Ele a abre, grita alguma coisa lá
dentro e depois aperta o botão para abrir a porta da
garagem. O mar nos cumprimenta, brilhando azul sob um
céu surpreendentemente alegre. Ainda está frio pra caralho,
mas pelo menos parece bonito. “O que você acabou de
dizer?” Acrescento quando Hael entra e dá partida no
motor. Ao som de seu rosnado reconhecidamente
satisfatório, ele coloca o antebraço no volante e encosta a
testa nas tatuagens.

“Eu vou gozar nos meus jeans, Bernadette. Você ouviu


isso? Não é tão bonito quanto aqueles que os modelos de
alguns anos atrás tinham, mas eu aceito. Nada mal para um
motor turbo, certo?”

“Você pode muito bem estar falando francês comigo de


novo,” eu digo, desejando com todo o meu coração que ele o
faça.

“Pourquoi est-ce que tu me poses des questions qui me


poussent à me dévoiler, Blackbird19?” Hael murmura,
levantando a cabeça e sorrindo para mim. Seu braço direito
está mais próximo de mim, e não posso deixar de sorrir para
a tatuagem de bandeira quadriculada, a pista de corrida, os
carros coloridos e as garotas bonitas descansando em cima
deles. “Eu disse a Victor que eu ia te ensinar a
dirigir. Desculpe, cher, mas não estou colocando todo esse
trabalho no Eldorado para você deixa-lo estacionado na
entrada de carros de Aaron.”

Hael se senta e faz uma pausa para conectar seu


telefone ao sistema de som Bluetooth. Ele me surpreende

19 Por que você está fazendo perguntas que me fazem me revelar, Blackbird?
escolhendo Carry on Wayward Son, do Kansas. Ele abaixa a
viseira e tira os óculos escuros do bolso, deslizando-os sobre
o rosto bonito.

“Pronta?” Ele pergunta, mas minha garganta está


subitamente apertada, então tudo o que posso fazer é
assentir. “Então vamos lá!”

Hael bate com o pé no acelerador e solto um pequeno


grito de felicidade quando saímos da garagem e saímos pela
entrada curva. Termina em uma estrada que abraça a areia
por um tempo, e eu levanto meus braços, deixando minha
cabeça cair para trás enquanto a luz do sol flui através da
minha pele.

Aquele vaga-lume tremulante dentro de mim


enlouquece. Não há uma alma nesta terra que não goste de
um passeio de conversível banhado pelo sol ao longo da
praia. Acrescente a adrenalina de saber que roubamos a
Ferrari e a beleza de Hael, filho da puta Harbin, à minha
esquerda, e estou me afogando em felicidade exorbitante.

Hael não se incomoda com instruções ou qualquer


coisa. Em vez disso, ele apenas segue a estrada curva que
beija a praia. Até a playlist dele é divertida, cheia de rock
clássico que me faz sorrir.

“Sério, Hael? Pat Benatar?” Eu pergunto quando “Hit


Me With Your Best Shot” começa. Ele apenas encolhe os
ombros, dirigindo com a mão esquerda enquanto a direita se
estende para acariciar meu joelho nu.

“Marie gosta de rock clássico,” ele diz, referindo-se à


mãe. Apenas esse pequeno fato, retirado de seu passado e
atirado para mim como uma pedra em uma janela, me faz
querer abri-lo e ver o que está lá fora. Eu preciso entender
cada Garoto Havoc da maneira que eles parecem me
entender; isso não é justo.

“Sua mãe parece legal,” arrisco, mas a expressão de


Hael meio que... trava no lugar? Como se não parecesse tão
genuína como parecia apenas um segundo atrás. Ele tem
muita escuridão dentro dele; Eu só quero entender. “Mesmo
que ela tenha problemas, ela te ama.”

“Você acha?” Ele pergunta, mas de uma maneira


desapegada. Como não consigo ver os olhos dele por trás das
lentes dos óculos escuros, é impossível saber o que ele está
pensando.

“Eu sei,” eu digo, virando no meu banco para poder


olhá-lo mais de perto. “Sua cama foi feita; seus lençóis
estavam limpos. Até o tapete do seu chão foi lavado e
arrumado de maneira agradável. Você pode examinar as
falhas de alguém e encontrar todas as coisas boas, se
quiser. Você também pode procurar o mal. Nós apenas
temos uma tonelada de coisas ruins em nossa vida, Hael, por
isso, se há algo bom a ser encontrado, é melhor agarrá-lo.”

“Uou,” ele grita, levantando as mãos para que nenhuma


toque o volante. Minha adrenalina aumenta, mas ele agarra
novamente na próxima curva. “O que aconteceu com minha
pequena cínica Blackbird? Aaron infectou você com sua
alegria de viver amorzinho ou algo assim?”

“Eu só estou tentando ajudá-lo,” eu digo, exalando


bruscamente. “Só estou tentando te conhecer, Hael.”

Ele não diz nada por um tempo. Em vez disso, ele


estende a mão e reinicia “Carry on Wayward Son”
novamente. Por mim tudo bem. Não só gosto dessa música,
mas também me lembra o episódio de South Park Guitar
Queer-O. Muito engraçado.

“Aqui,” ele diz, mexendo no volante e fazendo os pneus


guincharem na calçada enquanto ele nos manda voando
para a poeira de um estacionamento no miradouro. Hael
coloca o carro no estacionamento e depois coloca para cima
do rosto os óculos de sol enquanto se vira para olhar para
mim. “Podemos trocar de lugar, e eu darei a sua primeira
lição adequada.”

“Sinto que você está ignorando tudo de verdade que


estou tentando lhe dizer,” digo a ele enquanto a música soa
em segundo plano. Hael olha para longe, em direção à beira
do penhasco e ao mar cintilante além de sua beira
irregular. Há uma pequena cerca de madeira para manter os
turistas longe, mas, na verdade, você pode dirigir um carro
logo depois e entrar na água.

“Sim, eu pensei em matar Neil uma vez. Esperei do lado


de fora de um quarto de motel com uma faca.” Hael olha para
mim e sorri. É mais como um dos sorrisos de Callum, um
pouco de alegria tingida com um monte de tristeza. “Aaron
me convenceu a parar. Penelope já estava morta, e não
deixaríamos Neil te machucar. Eu deveria ter feito isso, no
entanto. Mas eu estava sendo egoísta.” Hael se afasta de
mim novamente para olhar o oceano. “Sempre fui egoísta,
Bernie. Ainda sou. Mesmo agora, estou pensando em te
foder neste carro e dizer a Vic para se fuder.”

Meus músculos inferiores do estômago apertam com as


palavras dele, e de repente estou muito consciente da
maneira como o robe está aberto. Meu biquíni deixa muito
pouco para a imaginação. Quando Hael olha para mim e
desvia o olhar, meu coração bate forte.
“Hael...” Eu começo, porque eu o amo. Apenas olhando
para ele agora, sentado ali, com seus cabelos vermelhos
brilhando ao sol, sua boca cheia torcida em um sorriso
sardônico, eu quero lhe dizer isso. Ele precisa saber. Eu
preciso saber como ele realmente se sente também. Mas este
é o momento certo? “Temos que respeitar Vic.” Eu cerro os
dentes quando digo isso. Isso me mata, mas entendo Victor
Channing ainda melhor do que eu mesma. “Ele tem que fazer
a escolha. Você sabe disso, não é?”

“Oh, confie em mim, eu sei,” Hael diz, suspirando e


lambendo a brisa salgada de seus lábios. “Você não tem ideia
do que eu queria fazer quando ele me jogou para fora do
quarto naquele dia. Nenhuma ideia. Mas adivinhe? Eu tive
que escolher te foder naquela noite, ou escolher Havoc.” Ele
me olha de cima a baixo e estremece. Fico feliz em ver
arrepios em seus braços musculosos. “Isso é o que nos torna
uma família: sempre escolhemos Havoc. Victor vai
ver. Talvez ele já tenha? Ele só quer ordenhar essa porcaria
de lua de mel até que seja notícia velha.” Hael ri, e o som é
pelo menos um pouco menos amargo do que seu
sorriso. “Então, em vez de foder nesta Ferrari como eu tanto
quero, vamos apenas dirigir, fazer amor com a estrada,
deixar a exaustão chegar até nós.”

“Sinto que a exaustão de ter um orgasmo é muito difícil


para uma metáfora,” digo, mas Hael apenas ri de mim
novamente e sai do carro. Fico feliz em ver que seu pênis está
duro, criando essa protuberância tentadora em seu jeans
apertado que apenas implora para ser segurada pelos meus
dedos tatuados.

Em vez disso, levanto-me e jogo o roupão no banco do


passageiro, de modo que estou usando meu biquíni e nada
mais. Descalça. Ensopada pelo sol. Pronta para dirigir um
carro de quatrocentos mil dólares.

“Vamos fazer isso.” Entro no banco do motorista e


deslizo até minha bunda ser pressionada contra o couro
aquecido pelo sol. Hael faz uma pausa por um momento para
tirar os óculos escuros, colocando-os no meu rosto antes que
ele se mova para o lado do passageiro e entre. “Por favor, me
diga que isso é automático; Eu só quero dirigir um
automático,” murmuro, olhando para o painel.

“Uh, esse é, mas o Eldorado... inferno, não,” Hael bufa,


me dando uma olhada como se eu tivesse acabado de lhe dar
um tapa com um peixe morto. “Você está falando sério? Você
acha que um Eldorado '57 é automático? Não querida,
não. Me dê sua porra de mão e sinta esse volante subir como
se fosse meu pau rígido pulsando na sua palma.”

Hael agarra meu pulso e enrola meus dedos ao redor do


volante, tecendo os seus com os meus. Eu disse que estava
frio? Talvez eu tenha mentido porque está quente demais
neste momento.

Nós viramos um para o outro e Hael respira fundo.

“Puta que pariu,” ele murmura, apertando minha mão


com a sua. Seus olhos percorrem meu corpo, me despindo
mentalmente. “Você, esse biquíni, este carro...” Estou
hipnotizada pelo deslizamento lento da língua em seu lábio
inferior. “Você sabe o que? Foda-se Vic. Vou te foder aqui e
agora.”

Meu coração pula na garganta, mas puxo minha mão de


volta como se o toque de Hael queimasse, embalando-a
contra o meu peito quando ele estende a mão por cima do
ombro e empurra a camisa por cima da cabeça, jogando-a no
chão.

A visão de sua parte superior do corpo musculosa


brilhando ao sol quase me quebra.

“E se... e se nós realmente não nos tocássemos?” eu


pergunto, sabendo que não faz as coisas muito
melhores. Ainda estamos de pé no gelo fino aqui. Se Vic
descobrir isso antes de tomar a decisão de compartilhar
sozinho, isso pode estragar tudo. Só não tenho certeza se
consigo resistir completamente.

“O que quer dizer?” Hael pergunta, arqueando uma


sobrancelha enquanto me olha novamente. Em resposta à
sua pergunta, deslizo a palma da minha mão pela barriga e
por baixo do biquini rosa. Minha respiração prende quando
meus dedos encontram a umidade escorregadia entre
minhas pernas, e eu me aperto contra o assento, mordendo
meu lábio inferior e desejando que Hael estivesse me
tocando. “Jesus Cristo,” ele murmura, passando a mão na
metade inferior do rosto. Seus olhos encontram minhas
coxas suadas enquanto eu as esfrego, me provocando com
os dedos.

“Achar um meio-termo,” murmuro de volta, querendo


desesperadamente vê-lo segurando o pau na mão. “Nós não
estamos tecnicamente traindo se não nos tocarmos.”

“Você é uma garota tão ruim, Blackbird,” Hael rosna de


volta para mim, acenando com o queixo em minha
direção. “Seios pra fora ou sem acordo. Vou apenas jogá-la
por cima do capô e dizer ao inferno com ele.” Eu me afasto,
para que ele possa estender a mão e arrastar os dedos pelas
minhas costas, me fazendo tremer enquanto meus dedos
brincam com minhas dobras. Hael desata o meu top e ele cai
para a frente, mostrando meus seios para o sol amarelo.

Deus ajude todas as famílias viajando que esbarrarem


em nós.

Quero dizer, a menos que gostem de shows


impertinentes.

“Ah, sim,” Hael ronrona, recostando-se em seu próprio


assento enquanto eu me viro para ele. “Isso eu gosto,
passarinho. Gosto muito disso.” Ele desfaz o jeans, deixando
seu pênis duro saltar livre. Hael provoca o piercing na ponta
com o polegar, borrando o pré-sêmen na cabeça enquanto
levanto meus olhos para os dele. Ele tem olhos pesados de
quarto enquanto me observa, concentrando-se mais no meu
rosto do que nos meus seios.

Hael faz uma breve pausa para aumentar a música, o


rock clássico ecoando ao nosso redor e escapando para o céu
muito azul. Inclino a cabeça para trás, me ajustando para
que minhas pernas estejam abertas. Meus dedos se movem
da minha abertura para o meu clitóris, usando meu próprio
lubrificante para mantê-los agradáveis e lisos enquanto me
esfrego com um movimento circular lento, mas intenso.

Mordo meu lábio ainda mais forte, tirando sangue


quando fecho os olhos e imagino as mãos quentes de Hael
no meu corpo, me sentindo, me bebendo. Quando os abro
novamente, eu o vejo cuspir na palma da mão e trabalhar
seu eixo com selvagens, frenéticos movimentos de seu
punho.

“Eu posso apenas imaginar sua buceta quente em mim,


baby,” ele geme, deslizando um pouco mais baixo no
assento. Com a mão esquerda, ele enfia os dedos nos
cabelos. Com a direita, ele se masturba para o meu
prazer. “Você por cima, me montando no banco da frente do
Camaro...”

Eu gemo, as asas demoníacas no meu peito subindo e


descendo com minhas respirações frenéticas enquanto movo
minha mão esquerda para cima para apertar um dos meus
seios. Hael me observa atentamente, esperando aquele
momento doce e quente quando deslizo dois dedos dentro da
minha boceta e grito seu nome.

“Oh, Hael,” eu gemo, e ele amaldiçoa em francês,


empurrando os quadris em direção à mão. “Foda-me mais
forte.”

“Me provoque demais, e eu posso fazer isso,” ele grunhe,


nossos olhos se encontrando enquanto trabalhamos nossos
próprios corpos da maneira que gostamos. Tomo nota de seu
aperto, a velocidade de sua mão, a maneira como ele
continua tocando seu piercing, e guardo tudo para a próxima
vez. “Foda sua boceta para mim, Bernie.”

Eu obedeço ao seu comando, levantando e montando


meus próprios dedos como se eles fossem seu eixo
perfurado. Meu corpo aperta, pulsando desesperadamente,
ordenhando o pau fictício de Hael.

“Ok, foda-se isso,” ele finalmente diz, estendendo a mão


e me agarrando pelos cabelos. “Use sua boca, não seja
gananciosa, Blackbird.” Hael empurra meu rosto sobre seu
pau e fica duro na minha língua, enchendo minha boca com
sua semente salgada. Ele termina bombeando os quadris
algumas vezes, e eu me sento com força no banco, passando
o braço pela boca enquanto ele fica lá ofegante e me olhando
com satisfação.
“Você é um idiota, sabia disso?” Eu rosno, me
inclinando para trás e me fodendo com dedos tatuados até
finalmente sentir minha própria libertação. Hael me observa
enquanto meu clímax assume o controle e meu corpo
estremece e se contorce de prazer.

Assim que termina, Hael me joga sua camisa, para que


eu possa limpar meus dedos.

“Eu já estive com mulheres casadas antes,” Hael diz, e


dou a ele um olhar penetrante que muito claramente diz não
fale sobre essa merda comigo. Ele apenas lança um sorriso
arrogante de volta para mim. “Mas nunca alguém tão bonito
quanto você.”

“Só espero que Victor não saiba sobre isso


até depois que ele caia em si,” resmungo, pegando a parte de
cima do biquíni e resisto ao impulso de gemer quando os
firmes, pontos-rosa dos meus mamilos encostam contra o
tecido. Hael amarra as cordas atrás das minhas costas e na
base do meu pescoço, fazendo cócegas com seus dedos na
minha coluna antes que eu tenha coragem de me afastar.

Se continuarmos nos tocando, não poderei me segurar.

“Ele não vai descobrir,” Hael me tranquiliza, ainda


sorrindo. Percebo que ele não faz nenhum movimento para
vestir a camisa. “Agora, vamos começar esta lição antes que
eu decida que há outras coisas que prefiro ensinar a você.”

“Babaca,” murmuro, mas agora estou sorrindo


também. “Você tem certeza que eu não vou matar nós dois,
indo para o mar?” Hael ri de mim e balança a cabeça,
sentando-se na cadeira.
“Ouça, apenas vá com calma. Você não pode estragar
tudo, você sabe, já que vamos pegar as peças do carro. Não
importa. Relaxe e deixe a Ferrari falar com você. Vamos
deixá-lo no modo esportivo e acostumar você a estar ao
volante.” Pressiono o pé no freio quando Hael se aproxima
para apertar o botão que dá partida no motor, soltando o
freio de mão ao mesmo tempo. “Eu quero que você pressione
o acelerador lentamente e gire o volante em direção à
estrada; há um pouco de multitarefa envolvido, mas aposto
que você pode lidar com isso. É como quando você está
dando boquete em um cara, e você agarra o pau dele em uma
mão e chupa a ponta com sua linda boca vermelha.”

Dou-lhe um olhar que poderia congelar o deserto do


Saara.

“Hael Harbin, o que você sabe sobre chupar pau?” Eu


pergunto, e ele pisca para mim.

“Eu tive o meu chupado o suficiente para saber tudo o


que preciso saber. Agora concentre-se.” Ele gesticula com o
queixo na direção do volante. “Segure, Blackbird, e vamos
fazer isso. Depois de provar a estrada, acho que você vai
gostar. Dirigir é como a liberdade suprema. Você pode ir a
qualquer lugar; você pode fazer qualquer coisa.”

Olho de volta pelo para-brisa; estamos estacionados no


pequeno estacionamento em semicírculo, de tal maneira que
não preciso dar ré para sair. Um pouco de gasolina, uma
volta no volante. Você conseguiu, Bernie, digo a mim mesma,
soltando a embreagem quando Hael me manda. O carro
empurra para frente e depois dispara para a estrada com um
guincho.

Eu grito, mas Hael apenas solta sua risada uivante


habitual.
“Ah, passarinho, se você pudesse ver a expressão em
seu rosto. Oscar provavelmente pagaria para ter essa
expressão emoldurada.”

“Eu te mostraria o dedo do meio se pudesse,” resmungo,


tentando e falhando em manter uma velocidade consistente.

“Você tem sorte: este carro tem uma suspensão


adaptável e uma embreagem dupla de mudança suave, então
é basicamente uma transmissão automática. O Eldorado
pode ser um pouco mais complicado para você.” Ele assente
como se fosse isso. “Agora me diga: que música te libertará,
Blackbird? Leve-me para a loja de caramelo de água salgada
em Newport, e eu tocarei para você.”

Leva apenas uma fração de segundo para tomar uma


decisão.

“Trouble,” eu digo, e meu coração se apodera. “Por


Valerie Broussard. Essa é a música certa. É o que eu preciso
ouvir agora.”

Enterramos meu passado quando enterramos o


Coisa; Estou começando a realmente olhar para um futuro
possível.

“Você entendeu,” Hael diz, selecionando a música e


pressionando play. A música sai dos alto-falantes quando eu
freio com força e voamos um pouco em nossos assentos. Mas
Hael está definitivamente certo sobre uma coisa: não há
nada tão eletrizante quanto a sensação de estar livre. “Você
entendeu, Blackbird,” Hael diz de novo e então - o vento
quase rouba esse último pedaço de mim. “E eu cuido de
você. Não tenha medo, passarinho.”
Mordo as lágrimas, exalando bruscamente enquanto
Valerie canta sobre garotos que são como espinhos
venenosos.

Esses são meus meninos Havoc, com certeza.

A Ferrari gira em torno das curvas, a montanha à nossa


esquerda, a praia à nossa direita, o mundo se estende
infinitamente à nossa frente.
“Não façam eu me arrepender de deixá-los vivos,” Victor
avisa os Vincents na manhã de domingo, depois que as
meninas terminam o cereal e ficam escondidas em segurança
dentro do Bronco de Aaron. O líder dos meninos Havoc
agacha-se na frente de nossos prisioneiros carecas,
enquanto os olhos castanhos de Leigh passam pela sala
arruinada com um olhar de devastação tão completa que
sinto um pouco de calor florescer dentro de mim.

Para mim, uma casa em ruínas não é nada. É apenas


um lugar. São apenas coisas. Penelope era uma alma, um
espírito, um coração, uma pessoa, porra. Isso significa tudo
para mim. Mas para Leigh e seu marido, Marcus, seus bens
materiais são a coisa mais importante, e nós acabamos de
quebrar tudo.

“Você está ouvindo?” Callum pergunta, sua voz baixa e


perigosa. “Porque se você não estiver, podemos fazer outros
arranjos.”

“Estamos ouvindo,” Marcus geme, tremendo e


segurando a mão ainda quebrada no peito enquanto olha em
volta para o que resta de sua casa.
“Você vai se limpar, vai contar ao médico uma história
de merda sobre sua mão, sobre um acidente com uma
escada ou um martelo ou um vibrador gigante, eu não me
importo. E então você aguardará minhas instruções.” Victor
se vira para Leigh, com lágrimas e ranho escorrendo pelo
rosto enquanto ela olha para sua casa arruinada com uma
careta profunda. “Você encontrará uma maneira de colocar
Alyssa com os Peters; eles já são uma família adotiva,
portanto devem estar no sistema. Vamos deixar a garota hoje
à noite. Depois disso, você manterá a cabeça baixa e relatará
mais pedidos de filhos diretamente para mim.”

“Você vai nos levar a falência,” Leigh diz, como se Victor


ou qualquer um de nós se importasse. Aaron realmente ri,
balançando a cabeça e depois saindo da sala como se ele não
aguentasse mais ouvir isso. Eu não o culpo. Os Vincents
estão delirando. “Você é o epítome de um monstro.”

Desta vez, é a minha vez de rir como uma pessoa


louca. Uau. Apenas Uau.

“Se você não fizer o que eu digo, quando eu disser, você


será o próprio epítome dos mortos. Você me entende
agora?” Victor se levanta e paira sobre o casal do jeito que
sempre faz. “Junte suas coisas e descubra uma maneira de
me ajudar a pregar Ophelia na cruz. Se o fizer, darei a você
um pedaço da minha herança, o suficiente para que você
nunca mais precise vender outra garota.”

Leigh olha de soslaio para Victor, como se ela não


acreditasse nele. Ela não deveria, considerando que ele está
mentindo, mas ela também é gananciosa o suficiente para
considerar isso como uma possibilidade. O que quer que
funcione.
“Vamos,” Vic diz, acenando para Hael, Cal e Oscar. Eu,
ele agarra a cintura, me puxando para fora da porta e nos
levando em direção a sua Harley enquanto ele pega um maço
de cigarros com a mão esquerda. “Jesus, essas pessoas são
estúpidas pra caralho. Dou-lhes até o ano novo para me
irritar a ponto de assassinato.” Ele dá uma tragada e passa
o cigarro para mim.

“Eu dou até o Natal,” eu respondo e Vic ri, pegando o


cigarro de volta e dando outra tragada antes que ele o jogue
no chão e o esmague com a bota.

“Vejo você em casa,” Aaron grita, subindo no banco do


motorista do Bronco e acenando com o braço para mim. Há
algo de aconchegante na maneira como ele diz essa
palavra. Casa. Não sinto que já tive um lar de verdade
antes. O pensamento me excita quando subo nas costas da
Harley atrás de Vic, passando os braços em volta dele e
enterrando meu rosto nas suas costas.

Callum e Oscar entram no Camaro com Hael, e lá vamos


nós.

Nossa lua de mel Havoc acabou.

Foi muito... apropriada, eu penso. Sequestro. Ameaças.


Destruição.

Sexo.

Muito, muito e muito sexo.

Sinto como se Victor tivesse se marcado na minha pele.

E, no entanto, estou ansiosa para passar a noite


naquela cama king-size com ele.
Victor e eu vamos direto para casa enquanto os outros
garotos se desviam para lidar com Alyssa.

“Quem são os Peters?” Eu pergunto quando Victor nos


deixa entrar na casa de Aaron e tira a pistola da cintura. Ele
verifica a casa como se fosse parte de uma equipe da SWAT
enquanto eu o sigo. Ele espera até a casa estar limpa antes
de se virar e olhar para mim.

“Os Peters são a família adotiva de Oscar,” ele me diz, e


eu juro, minha mandíbula quase cai.

“Como eu não sabia que ele mora com uma família


adotiva?” Eu pergunto, me perguntando se essa é a
verdadeira razão pela qual Victor enviou Oscar comigo para
verificar a casa dos Kushners, se foi por isso que ele deixou
Oscar fazer a matança real.

“Mas é boa,” Vic me assegura, fazendo uma pausa


quando a porta da frente se abre e os outros meninos - sem
Oscar - entram, as meninas os precedem com bocejos
cansados. É apenas meio dia, mas elas definitivamente
aproveitaram a viagem, ficando acordadas a noite toda e
comendo doces e assistindo Netflix.

Observo enquanto elas sobem as escadas e


desaparecem no quarto de Kara e Ashley.

“Uma boa o quê?” Aaron pergunta, parando ao nosso


lado. Ele parece aliviado por estar em casa, mas há um tipo
diferente de tensão em seus olhos. Ele aponta seu olhar
verde-dourado para Victor e espera ouvir do que estamos
falando.
“Família adotiva de Oscar,” Vic murmura, olhando
Aaron para cima e para baixo brevemente antes de fixar os
olhos nele. “Ela quer saber sobre os Peters.”

Aaron olha para mim com uma expressão simpática no


rosto.

“Talvez se você soubesse mais sobre a família de Oscar,


o entenderia melhor,” ele diz, e depois faz uma pausa por um
longo momento. “Não desculpa nada do comportamento
dele, mas pode ajudá-la a descobrir uma maneira de aceitá-
lo pelo que ele é - um completo e total idiota.”

“Onde está aquele completo e total idiota, afinal?” Eu


pergunto, meus olhos flutuando para a leve mancha rosada
no sofá. Eu quase me encolho, mas consigo segurar. Não há
necessidade de mostrar todas as minhas cartas emocionais,
certo?

“Em casa, com os Peters,” Victor diz com uma careta


enquanto verifica seu telefone. “Falando nisso, eu tenho que
sair em alguns minutos.”

“O que?” Eu pergunto, piscando estupidamente para


ele. “Você está indo embora?”

O sorriso que se estende pelos lábios daquele homem


me faz querer esfaqueá-lo com a lâmina que está enfiada na
minha bota. Idiota. Ele parece tão satisfeito consigo mesmo
quando me pega em seus braços e Aaron revira os olhos.

Tenho a sensação de que os outros garotos estão sendo


pacientes... mas também perdendo rapidamente essa
batalha.

Victor deve saber disso, certo?


“Para pegar minha herança, tenho que morar com meu
pai até a formatura. Legalmente, só posso passar duas
semanas longe de casa antes que Ophelia possa reportar.
Confie em mim: ela está assistindo.” Victor faz uma pausa,
deslizando as mãos pelas minhas costas e suspirando de tal
maneira que sua respiração bagunça meu cabelo. “Com os
dias em que dormi aqui antes da viagem, e a viagem em si,
não posso ficar aqui com você esta noite.”

Eu fecho meus olhos contra o som da sua voz. Do jeito


que ele está falando, você pensaria que estaríamos separados
por eras, não uma noite.

“Eu vou cuidar bem dela,” Aaron responde por mim,


tirando eu e Vic da bolha obsessiva em que estamos presos.
Dou uma olhada por cima do ombro enquanto Vic faz uma
careta.

“Oh, eu tenho certeza que você vai tentar,” ele diz,


olhando Aaron bem no rosto. “Mas não da maneira que você
está pensando.”

“Não?” Aaron pergunta, dando um passo à frente. A


tensão na sala aumenta, e começo a engasgar com os níveis
extremos de testosterona. É como cinzas na minha
língua. “Todos nós fomos legais, Vic. Muito melhor do que
precisávamos ser. Diga-me: o que você vai fazer se Bernie e
eu passarmos algum tempo juntos enquanto você estiver
fora?”

Merda.

Olho entre Aaron e Vic e sei que isso está prestes a sair
do controle.
Eu queria que Aaron me defendesse, e parece que ele
talvez vá.

Mas a que custo?

Victor está empolgado, hiper agressivo com o


casamento...

“Vou tomar banho e depois ler um livro,” deixo escapar,


porque, sejamos honestos, estou dolorida e passei duas
horas na traseira de uma motocicleta. Minhas partes de
senhora precisam de uma pausa. “Vamos apenas ... arquivar
essa conversa por enquanto, ok?”

“Covarde,” Hael grita da cozinha, rindo de si


mesmo. “Quero dizer, saco de bola. Pare de ser um saco de
bolas, Bernie, deixe-os lutar por você.” Eu mostro o dedo do
meio, passando por Callum e me dirigindo para as escadas.

Quase espero que Vic ou Aaron me parem, mas nenhum


deles o faz. Quando chego ao topo da escada e olho para trás,
vejo que é porque eles estão em um impasse. Se um deles
tivesse movido, o outro também teria, e uma briga poderia
ter começado.

Jesus.

Quase consigo ouvir os tons de zombaria de Oscar


tocando dentro da minha cabeça.

“Não estamos deixando Bernadette nos separar.”

Mas ele não precisava se preocupar porque Bernie não


deixaria Bernie separar Havoc.
Tudo isso vai dar certo; é apenas uma questão de
equilíbrio.

Entro no quarto de Aaron e tranco a porta atrás de mim,


colocando minhas costas nela e deslizando até ficar sentada
no chão. E então começo a rir e não paro até estar em
lágrimas.

Lágrimas felizes, para ser específica.

Isto vai ser divertido.


Prescott High está em rara forma quando chegamos na
segunda-feira, estacionamos o Camaro do outro lado da rua
e ficamos parados por um momento para assistir o caos se
desenrolar.

“Porra,” Hael murmura, cruzando os braços sobre o


volante e descansando o queixo em cima deles. Cal se inclina
para frente do banco de trás e todos assistimos como
policiais uniformizados incomodam estudantes do lado de
fora das portas da frente. “Isso está pior que o normal.”

“Teria que estar, considerando o pesadelo que deixamos


antes das férias,” Callum reflete, levantando o capuz como
uma armadura. Ele sempre foi famoso por conseguir passar
armas pela segurança. Me pergunto se ele pode passar
alguma coisa por esses caras. Em vez da dupla de policiais
idiotas que patrulham o campus, temos seis policiais cujos
rostos parecem esculpidos em pedra.

A essa altura, eles já encontraram o carro de Neil,


capotado e queimado. Eles perceberam que ele está
desaparecido. Eles terão notado que desapareci.

Respiração. Profunda.
Saímos do carro.

Oscar, Aaron e Vic estão esperando por nós na calçada


em frente aos degraus da escola. Nenhum aluno passa por
nós sem esticar a cabeça do pescoço para olhar. Mark
Charlin está tão ocupado olhando para nós que nem percebe
os degraus da entrada da frente, tropeça e acaba quebrando
um dente e sangrando por toda parte.

“Idiota,” Hael murmura, acendendo um cigarro. Mesmo


agora, com seis policiais - só estou assumindo que Havoc
não tem nenhum desses caras no bolso - os meninos
ostentam autoridade desde o primeiro momento. “Como
fazemos isso, chefe?”

“É um dia de escola, como qualquer outro,” Vic diz com


um encolher de ombros. Ele vai direto para os degraus da
frente sem esperar para ver se vamos segui-lo. Ele não
precisa, certo? Porque ele sabe que vamos.

Eu tenho que correr para alcançar Victor, vestindo


minha linda jaqueta rosa Havoc com orgulho.

Os policiais nos param, revistando-nos da cabeça aos


pés. Eu posso sentir os meninos me observando para ter
certeza de que sou tratada com respeito, que as mãos não
andam ou apertam onde não deveriam. Ou o policial que está
me revistando é um dos bons ou pode sentir que está sendo
vigiado por predadores.

Uma vez que eles nos liberam, passamos pelas besteiras


comuns de detector de metais / cães de drogas que fazemos
todas as manhãs. Depois disso, parece ser um negócio como
sempre.
Entramos no prédio comigo e Vic na frente de nossa
formação em forma de 'V', os outros garotos se espalham
atrás de nós. No final do corredor está Mitch Charter, seu
irmão Logan e os dois irmãos restantes Ensbrook. Kali e
Billie estão com eles, nos observando. Eles estão todos nos
observando.

Alguém perto de nós está ouvindo a música “Start a


War” de Klergy e Valerie Broussard. Parece apropriado, pois
zumbe do alto-falante do telefone. O dono do telefone está
congelado, segurando um par de fones de ouvido na palma
da mão. Acho que ele parou no meio de ligar o Bluetooth. A
música continua tocando quando caminhamos pelo
corredor, minhas botas de salto alto contra o velho piso de
linóleo.

O diretor Vaughn está esperando na metade do


caminho, com o braço ainda na tipoia, os olhos esquisitos e
sem foco.

“O detetive Constantine está aqui e está procurando


Bernadette,” Vaughn zomba, aproximando-se de nós como
um cachorro chutado que finalmente encontrou seu legítimo
mestre. Melhor ele se lembrar de não morder a mão que o
alimenta. Victor olha brevemente em sua direção. “Ele está
esperando no escritório da Keating.”

“Conte-nos sobre os policiais na frente,” Vic diz


casualmente, acendendo um cigarro. Vaughn se encolhe,
mas o que ele vai fazer? Cortamos todos os dedos da mão
direita dele. Ele certamente não vai chamar Victor para o
escritório por fumar no campus.

“A polícia acha que os estudantes de Prescott foram os


responsáveis pelo tumulto na sexta-feira,” Scott sussurra,
quase de forma conspiratória.
“Imagine isso,” Vic responde friamente quando
passamos pela Charter Crew e viramos a esquina.

“Porra de cobra,” ouço Kali Rose-Kennedy assobiar atrás


de mim.

Ela não faz ideia.

“Um dos oficiais está desaparecido,” continua nosso


diretor desgraçado, lutando para acompanhar os longos
passos de Vic. De alguma forma, mesmo sendo um pouco
mais baixo que ele, consigo encontrar uma maneira de
acompanhar o ritmo. “Neil Pence.” Scott olha direto para
mim, olhos castanhos assustados, como se soubesse mais
do que estava revelando. “Seu padrasto. Sua viatura foi
encontrada capotada e queimada, mas ele não foi visto desde
que parou na escola...”

“Ele está desaparecido há dez dias?” Victor esclarece,


mesmo sabendo. Ele sabe por que enterramos meu padrasto
vivo com um tanque de oxigênio e um pouco de
comida. Porque somos monstros e é isso que os monstros
fazem: caçam outros monstros.

“Você não falou com sua mãe desde então?” O diretor


Vaughn pergunta, como se ele achasse que eu tenho algum
tipo de relacionamento normal com Pamela. Eu apenas rio,
mas não é nada engraçado, não é?

“Minha mãe e eu não nos damos bem.” Balanço meus


dedos para mostrar meu anel e, por causa do meu duplo
sentido pretendido, Vaughn se encolhe e esfrega sua
tipoia. “Agora sou casada, emancipada legalmente. Não lhe
devo nada e vice-versa. Lamento ouvir sobre Neil.” Callum ri
das minhas palavras e eu sorrio.
“Constantine vai começar a chamar alunos assim que o
primeiro sinal tocar,” Vaughn avisa enquanto Vic abre as
portas cobertas de grafite da lanchonete. Estamos aqui cedo,
para aproveitar o café da manhã grátis. Nunca tomamos o
café da manhã, mas hoje é especial. Precisamos garantir que
todo o corpo discente de Prescott esteja ciente de que os
meninos que viram escoltados por uma força-tarefa
sancionada pelo FBI estão de volta.

A lei não é nada diante da ira dos Havoc.

“Foda-se o detetive,” Vic diz, cigarro saindo da boca


enquanto olha por cima do ombro para o diretor. “Não temos
nada a esconder.”

Desta vez, quando Victor ri, toda a cafeteria fica em


silêncio, e o som soa como um sinal de morte.

Espero que a Charter Crew esteja pronta para nós.

Há uma gangue que você não irrita na Prescott High, a


menos que você queira que eles o destruam.

Tarde demais, Charter Crew. Tarde demais, filhos da


puta.

Desta vez, quando o detetive Constantine me chama


para o escritório, não tenho a vice-diretora Keating para me
proteger. Vaughn, por mais tímido e fraco que seja, não vai
me defender, nem mesmo se ele se resignou a ser o animal
de estimação de Havoc. Eu teria que essencialmente dar
ordens para que ele obedecesse, e não posso fazer isso na
frente do detetive e de seus dois lacaios uniformizados.

“Srta. Blackbird,” o detetive diz quando entro vestindo


minha jaqueta de couro rosa, calça de couro preta e botas de
salto alto. Sei como eu pareço, com delineador escuro
manchado em volta dos meus olhos verdes, meus lábios
pintados de vermelho muito escuro, vermelho de rosas.

“Sr. Constantine,” eu respondo, porque chamá-lo de


detetive toda vez que me dirijo a ele parece ultrapassado. Ele
não está sorrindo hoje. Já se foi a boa e velha persona que
ele colocou antes. Desta vez, ele está realmente chateado.

“Sente-se,” ele diz com um suspiro profundo, indicando


uma das duas cadeiras de estudante da Keating. Não posso
deixar de olhar para o local onde ela desabou depois que Neil
a atingiu, onde ele começou a bater com a pistola, onde ela
sangrou.

Olho para o rosto de Constantine com sua barba


metrossexual e a pele macia de bebê. Mas mesmo todo esse
autocuidado não pode esconder as olheiras sob seus
olhos. Ele está cansado e frustrado, e posso dizer que ele me
odeia - mesmo que não queira admitir isso para si
mesmo. Ele é o mocinho; ele não poderia odiar uma
adolescente, certo?

Então, novamente, ele é como a parceira de Neil, Sara


Young. Quase bom demais para o seu próprio bem. Agora,
Sra. Keating, ela é #goals com certeza. Eu gostaria de saber
como ela está, mas há pouco sobre isso nas notícias e,
embora haja muitos rumores nas redes sociais da Prescott
High, é tudo o que eles são: rumores.
“Ouvi dizer que você se casou pouco antes das férias,”
Constantine diz, me olhando com uma expressão
completamente diferente do que ele usava na última vez que
nos falamos. “Um pouco jovem, você não acha?”

O detetive está desconfiado pra caralho.

Tá certo, ele deveria estar.

Mas isso não muda as coisas.

Eu bocejo e dou de ombros, levantando minha mão para


mostrar o anel da avó de Vic. Vaughn se encolhe, mais uma
vez, mas o detetive mal lhe lança um olhar. Até um certinho
como Constantine pode sentir quão fraco é o nosso diretor.

“Se você tivesse que morar com minha mãe, faria


qualquer coisa para sair.” É uma desculpa bastante
comum. Muitas crianças em Prescott High se casam, apenas
para que possam escapar legalmente de suas famílias
horríveis. Eu não sou a única pessoa que se casou durante
o ano letivo.

“Hum,” Constantine murmura, olhando para um dos


policiais uniformizados atrás dele. O homem pega o telefone
quando o detetive se volta para mim. “Você se importa se eu
gravar essa conversa, Bernadette?” Ele pergunta, e um flash
de ansiedade surge através de mim. Não mostro nada,
encolhendo os ombros como se fosse outra segunda-
feira. Merda, na Prescott High é o que é.

“Claro, por que não?” Eu digo, inclinando-me na


cadeira, plenamente consciente de que estou com uma
tatuagem que não tive na última vez que estive aqui. Ah, e
uma jaqueta claramente relacionada a gangues. Não
importa. Não há um aluno nesta escola que não saiba que
sou parte de Havoc. Isso e eu sou casada com a porra do
líder deles.

“Excelente. Estamos apenas esperando mais uma


pessoa...” Constantine começa, parando e depois sorrindo
enquanto a porta se abre atrás de mim. “Ah, e lá vamos nós.”

“Desculpe, a fila para o café estava louca,” diz uma voz


semifamiliar quando Sara Young aparece à minha direita,
segurando uma xícara de Dutch Bros e olhando para mim
com uma expressão que não consigo dissecar. “Olá,
Bernadette.”

“Srta. Young,” arrisco, porque não tenho muita certeza


do que deveria estar sentindo agora. Não entre em
pânico. Havoc sabe o que está fazendo. Tenho que confiar
que os caras não me levariam a uma situação da qual eu não
posso sair. Tive muito pouco disso no passado - confiança, é
claro -, mas estou aqui. Não há retorno.

A jovem e bonita loira se senta na mesa ao lado do


detetive Constantine - só Deus sabe qual é o seu primeiro
nome. Aposto que é Joe. Sim, provavelmente é Joe. Ou
John. Zé filho da puta Ninguém. Ele é tão despretensioso e
mediano que eu esqueceria tudo sobre ele, exceto os pelos
faciais meticulosamente arrancados.

“Como você está, Bernadette?” Sara pergunta, tomando


um gole de café. Diz cane mocha ao lado, lembrando-me que
é, de fato, dezembro agora. Jesus. Que Natal esse vai ser.

“Estou bem,” eu digo, me ajustando na cadeira para


poder colocar minhas botas em cima da mesa ao lado de
Constantine. Ele olha para os meus pés como se estivessem
envenenados, mas não diz nada. Cruzo meus tornozelos e
sorrio. Aposto que parece perverso, com meu tom particular
de batom. Este é chamado de sangue ruim. Que irônico.

Minha reação inicial é dizer algo sarcástico, um pouco


cansada da lua de mel, se é que você me entende. Mas esse
tipo de merda não funciona em Sara Young. Na verdade, isso
afastará a personalidade que estou tentando construir com
ela, aquela em que sou uma garota presa em uma gangue,
desesperada para escapar.

Eu troco de marcha.

“Olha, meu marido não ficará emocionado por eu ser


arrastada para cá logo pela manhã.” Olho nos olhos
castanhos de Sara e tento colocar um pedido no meu rosto,
uma lambida de medo, de desespero. “Então podemos
acabar com isso? Estou sentindo falta da única aula do dia
que realmente gosto.”

Inglês com o Sr. Darkwood e minha ex-melhor amiga,


Kali. Ver o olhar em seu rosto esta manhã foi
inestimável. Ela saberá, é claro, que a última pessoa com
quem Neil estava era comigo. Ela vai confessar? Não tenho a
menor pista para ser honesta. Ela gosta de interpretar a
vítima, mas também conhece as regras da Prescott High:
fofoqueiros se dão mal, filha da puta.

“Onde você esteve, Bernadette?” Sara pergunta


casualmente, seu cabelo loiro torcido em um coque na
nuca. Seu terno preto está fechado, seu distintivo bonito e
brilhante sobre o peito esquerdo. Ela é a policial perfeita e eu
sou a delinquente ideal. Isso deve ser interessante.

“Na minha lua de mel, em Newport,” digo, encolhendo


os ombros novamente e deslizando o telefone do bolso. Os
dois policiais me permitem olhar para ele, como se achassem
que sou estúpida o suficiente para digitar algo incriminador
na minha conversa em grupo com os caras. Em vez disso,
puxo uma série de fotos que Vic e eu tiramos na praia. Eu
pulo além das que estamos olhando nos olhos um do outro -
é óbvio que estamos apaixonados - e seleciono uma onde a
mão dele está na parte de trás da minha cabeça, me
segurando protetoramente. Para os olhos errados, pode
parecer que ele está me segurando lá.

Eu passo o telefone. Constantine mal olha para ela, mas


Sara olha para ela como se estivesse lendo nas
entrelinhas. Bom. Muito bom. Ela me devolve o telefone,
mas eu apenas seleciono outra foto, uma de mim e Heather
construindo um castelo de areia. E mostro isso a eles
também.

“Estamos tentando entrar em contato com você desde


sábado,” Constantine diz, claramente irritado comigo
enquanto continuo a navegar pelas fotos e sorrir. Eu até rio
de uma de Callum, fazendo piruetas nas ondas como um
anjo tatuado. Meu desinteresse pela investigação está
cumprindo seu objetivo; Estou irritando o
detetive. “Bernadette, você pode guardar o telefone?”

“Desculpe o que?” Eu pergunto, colocando meu telefone


no bolso e olhando entre os dois. “Meu telefone estava
definido como Não perturbe. Foi minha lua de mel e meu
descanso. Eu não ia estragar tudo com um monte de posts
obscuros nas redes sociais de garotas com ciúmes de mim e
de Vic.” As palavras quase doem saindo da minha boca, mas
isso tem que ser feito. Olho rapidamente para Sara Young e
a vejo apertando os lábios. Constantine lerá minha
declaração como: sou apenas mais uma idiota adolescente
superficial que é muito apegada ao telefone e ao namorado de
merda. Sara - espero - lerá como, por favor me ajude, meu
telefone estava desligado porque meu marido está me
controlando. “Soube que Neil sumiu esta manhã. Não me
surpreendo. Ele está traindo minha mãe há anos.”

Deixo meus braços descansarem casualmente no meu


colo enquanto espero que Sara ou Constantine continuem a
conversa.

“O rastreamento do GPS na viatura do seu padrasto


ficou escuro logo depois que ele saiu de casa na sexta-feira,”
Constantine diz, cruzando as pernas em seu jeans azul
escuro que ele provavelmente obteve da Gap. “Estamos
tentando entender por que ele - ou outra pessoa - gostaria
de esconder sua localização da estação.”

Eu bufo e sacudo meus longos cabelos loiros. As pontas


são vibrantes e neon, recém-tingidas para o casamento e
ferozes. Hoje me sinto bonita e, pela primeira vez, estou bem
com isso. No passado, beleza era veneno. Uma vez, aos
quinze anos, fiquei no banheiro em frente ao espelho com
uma faca X-Acto e considerei me cortar. E se eu deixar
marcas em cada centímetro de mim, até que eu não seja mais
a imagem convencional de bonita? E se eu cortar meus seios,
minha barriga e meu rosto? Os homens parariam de me
caçar então? Os monstros no escuro me deixariam em paz?

Mas não é assim que o mundo funciona, e eu sabia disso


tanto quanto agora.

As cicatrizes não parariam a caçada. Eu teria que me


tornar a caçadora, em vez de presa.

“Tentando entender?” Eu repito, inclinando minha


cabeça para um lado. “Ele fez isso porque está traindo
Pamela. Ela é uma puta louca. Eu não deixaria passar por
ela falar com alguém da delegacia para descobrir a
localização de Neil. Caso encerrado.”

“Por que você acha que Neil foi infiel, Bernadette?” Sara
pergunta suavemente, bebendo seu cane mocha
novamente. “Você já o pegou com alguém? Ouvir um
telefonema? Leu um texto?”

“Ele engravidou uma garota,” eu retruco e depois


estremeço. Claro, não foi um acidente, mas também não vou
gritar - nem mesmo sobre Kali e o Coisa. “Mas o que eu
sei? Ouço merda pela escola. Neil gostava de fazer sexo com
adolescentes.” Desvio o olhar novamente, como se dizer essa
frase fosse muito dolorosa. Para ser justa, realmente é.

“Que garotas?” Constantine pergunta, me olhando


intensamente. Sara coloca um braço em seu ombro e
balança a cabeça. Pelo jeito que ele olha para ela, posso dizer
que ele não aprecia o toque.

“Bernadette,” ela diz baixinho, como se eu fosse um


cervo que pode fugir se ela levantar a voz. “Você não precisa
mais proteger Neil.” Eu apenas olho para ela, como se não
tivesse ideia do que ela está falando. “Breonna Keating
acordou hoje e foi capaz de responder a algumas perguntas.”

Eu molho meus lábios quando duas emoções


concorrentes me dividem ao meio de dentro para
fora. Exaltação, que Keating está viva e bem o suficiente para
conversar. E ansiedade, porque não tenho ideia de que tipo
de história ela poderia ter contado.

“Ela é legal o suficiente,” começo, quase como se


estivesse hesitando em revelar uma coisa dessas. “Acho que
ela te disse quem a atingiu então, hein?”
“Gostaríamos de pedir sua versão dos eventos,”
Constantine continua, olhando para o diretor Vaughn. Ele é
tão inútil, pálido, covarde e patético. Ele nem tem convicção
suficiente para defender seu próprio lado. Ele pode mudar de
lealdade em um piscar de olhos. “Por que você não nos conta
o que aconteceu na sexta-feira?”

“Você quer dizer que quando Neil veio para a escola,


bateu com a pistola na Srta. Keating, me chamou de boceta
e ela a palavra com N?” Eu pergunto, e Sara e Constantine
trocam um olhar. “Por que você está me perguntando sobre
isso, se você já sabe o que aconteceu?”

“Segundo a Sra. Keating, seu padrasto informou que


você deveria ser levada para a estação na direção do VGTF,
liderada por… Forrest Burr. Isso está certo?” Forrest Burr. O
pai de Brittany Burr. Constantine não me dá tempo para
responder, apenas segue como o imbecil mor branco-hetero
que ele provavelmente é. “Porque não há documentos oficiais
- ou mesmo não oficiais - que mostrem que a VGTF ou
qualquer um de seus oficiais havia solicitado que você fosse
trazida.”

“Você está ... me fazendo uma pergunta? Ou me dizendo


o que devo falar?” Eu pergunto, franzindo a testa. Certeza de
que isso não está acima do esperado. Não preciso de um
advogado ou pai / mãe aqui para esse tipo de
questionamento? Bem, acho que estou emancipada, então
posso ter meu marido aqui? Eu quase sorrio com o
pensamento. “Neil nos disse isso, eu e Keating. Mas não foi
nada disso. Ele só queria me tirar da escola para poder me
ameaçar com um bom tempo.” Eu reviro meus olhos. “Meu
padrasto estava transando com uma das minhas colegas de
classe, descobriu que eu sabia sobre isso e ficou furioso. Não
sei o que lhe dizer, mas ele está instável há anos. Verifique
seus registros e você verá que minha irmã e eu tentamos
informar o DHS sobre ele.” Não digo nada sobre Vaughn e
seus fracassos como diretor e como ser humano. Por que se
importar? Ele é melhor como um peão nas mãos de Havoc.

“O que aconteceu depois que você saiu da escola?” Sara


pergunta, seu rosto perturbado e escuro. Isso provavelmente
está abalando seu mundo agora, descobrindo que seu
parceiro não era apenas um policial, mas um criminoso.

“Ele me levou para fora algemada, me ameaçou um


pouco e depois colocou a arma na minha cabeça.” Suspiro e
esfrego as duas mãos no rosto. “Neil vai pirar quando
descobrir que eu falei com você.”

“Precisamos saber onde ele está, Bernadette,” Sara


empurra, avançando um pouco sobre a mesa. Constantine
não a quer aqui, obviamente, mas ele permanece estoico,
ainda me encarando como se pensasse que eu sou o cara
mau. Certo, sou o cara mal quando ele sabe de uma fonte
credível que Neil era um babaca e levou um administrador
da escola a entrar em coma.

“Se eu soubesse onde ele está, não diria a você,” digo, o


que é parcialmente verdade. A parte se é a única mentira.
Eu sei exatamente onde Neil está, que é onde ele
pertence. Seis pés abaixo da terra e sofrendo. Espero que
tenha sido assustador, enterrado naquele forro de cetim
vermelho enquanto ele ofegava por ar e se atrapalhava com
o tanque de oxigênio.

Os meninos disseram a Neil que estavam oferecendo


uma gentileza. Mas essa gentileza não era o tanque de
oxigênio. A gentileza foi a faca. O tanque e os lanches eram
outra forma de tortura, que Neil tinha que escolher para si.
Os pesadelos dele voltando para me pegar, coberto de
sujeira e apodrecendo, passam pela minha visão, mas eu os
afasto. As pessoas não saem dos túmulos na vida real,
apenas nos filmes. Além disso, mesmo que eu não tenha
perguntado, aposto que os meninos enviaram parte da nossa
equipe para assistir o local depois que saímos.

“Por que não?” Sara pergunta suavemente. Coloco


minhas mãos no meu colo e olho para cima e nos olhos
dela. Ela está caindo nas minhas mentiras, mas há algo mais
em seu olhar, algo que me assusta. Sara Young está em
busca de justiça, e não vai parar até encontrar o que está
procurando.

Eu me pergunto se não cometemos um erro ao


subestimá-la.

“Porque ele vai me matar como ele matou minha irmã,”


eu estalo, deixando aquela raiva muito real e muito justa
tomar conta de mim. Levanto da minha cadeira e saio da
sala, ignorando a voz de Constantine quando ele me chama.

Assim que saio pela porta, encontro Billie Charter.

Nós congelamos no meio do corredor, encarando uma a


outra.

Eu sorrio.

É uma expressão hedionda no meu rosto, tenho certeza.

“Meu irmão vai arruiná-la,” Billie zomba, sacudindo seu


cabelo turquesa e preto como se de alguma forma sentisse
falta da coroa metafórica que está na minha cabeça. Ainda
deve estar chateada sobre aquela época no acampamento
quando eu acabei com ela.
“Tarde demais,” eu sussurro, dando-lhe o sorriso mais
desagradável e sombrio que posso reunir. “Lembre-se deste
momento quando estiver cortando seu rosto como
vingança.” Bato um dedo na borda dos meus lábios e
continuo andando enquanto o diretor Vaughn abre a porta
do escritório da Sra. Keating e conduz Billie para dentro.

Quando entro na minha aula de inglês, o Sr. Darkwood


está falando constantemente sobre como Shakespeare e seus
escritos eram realmente políticos durante seu tempo, blá,
blá, blá. Kali imediatamente se vira para olhar para mim,
olhos vermelhos, lábios apertados. Aposto que ela estava
contando em ver Neil nos últimos dez dias.

Lembro-me de que arquivei um bilhete no fundo do meu


cérebro: pergunte a Mitch se ele sabe que Kali o está
traindo. Aposto que ele não sabe. Aposto que Kali não
achava que me veria viva novamente depois daquela sexta-
feira.

Eu continuo sorrindo para ela quando deslizo em meu


assento e ela estremece como se eu tivesse acabado de
assustá-la. Bom. Talvez ela consiga perceber como cansei da
merda dela? Merda, como eu cansei da porcaria de todo
3mundo.

Por um longo tempo, tentei ser a mocinha. Eu tentei


tanto. Então eu fui pisoteada no chão por essa confiança,
essa crença. Não mais. Ninguém queria ouvir o meu lado da
história, ninguém se importava. Então eu me tornei
alguém. Agora alguém se importa. Protegerei Heather,
Keating e as meninas como Alyssa Hart.

“O que você está olhando?” Kali finalmente dispara,


interrompendo a aula do Sr. Darkwood. Ah, e também, ela é
quem está esticando o pescoço para olhar para mim.
“Grite 'Havoc!' E deixe escapar os cães e guerra!” Eu
grito, colocando minhas mãos em volta da minha boca antes
de soltar um uivo selvagem. Demora um segundo, mas
outros quatro alunos fazem o mesmo, colocando as mãos em
volta da boca e uivando.

Menos de um minuto depois, eu posso ouvir a chamada


ecoando pelos corredores, até que a escola inteira está
envolvida pelos sons de Havoc.
Callum está uivando nos degraus da frente da escola
quando eu desço o corredor depois da minha última aula do
dia. Em apenas alguns segundos, dezenas de outros
estudantes uivam de volta para ele. Ele se vira para mim com
um sorriso grande, sol dourado da tarde fazendo com que
pareça uma criança fodida por um minuto. A visão me pega
desprevenida, não vou mentir.

“Ouvi dizer que você inventou isso,” Cal diz enquanto


paro ao lado dele. Ele não parece nem um pouco preocupado
com o nosso dia, cheio de policiais e detetives e jovens
bisbilhoteiras chamadas Sara Young. Ela é a pessoa que
mais tenho medo aqui. Callum enfia as unhas pintadas de
azul no bolso da frente do capuz sem mangas. É preto com
um padrão de esqueleto branco-claro. A única cor em suas
roupas é um pequeno coração vermelho impresso sobre o
seu verdadeiro. “Tão simples, mas fácil de assustar as
pessoas.”

“Você é tão assustador,” eu provoco, assumindo o


manto do grupo de implicar com Cal por sua estranheza. Ele
era meio formal antes de tudo isso, sabe? “Mas também, qual
é o plano hoje e por que eu nunca sei com antecedência?”
“Bem, por exemplo,” Callum brinca, dando um passo
malicioso em minha direção, com as duas mãos ainda
enfiadas no bolso. Ele se inclina tão perto que eu posso
sentir o cheiro do chiclete dele. É azul e cobre sua língua,
transformando aquela linda boca rosada em algo
mórbido. “Você nunca verifica o bate-papo em grupo.”

“Sim eu verifico!” Respondo, puxando meu telefone e


vendo a última mensagem de Victor. Depois da aula, pegue
as garotas, e vá para a garagem. Olho para cima e vejo Cal
sorrindo para mim. “Não é justo, esse texto é de três minutos
atrás.”

“Claro que é, mas é assim que Vic sempre faz seus


planos. Último minuto. Mensagem ou reclamação - seus
únicos dois métodos de entrega.” Dou uma olhada em Cal e
ele ri. Quando ele ri, seus olhos enrugam. Eu amo isso nele.

“Você dança hoje?” Eu pergunto e ele balança a cabeça


muito pequeno e muito leve. Quando ele se inclina em minha
direção, sinto o cheiro forte e brilhante dele, como talco,
loção pós-barba e sabão.

“Hoje não,” Callum respira contra o lado do meu


pescoço como se ele pudesse me beijar, mas se levanta no
último segundo para que ele possa acenar para Hael. Cal
pega um punhado de Skittles de cores vivas no bolso, cospe
o chiclete na lata de lixo e depois enfia o doce na boca. “Você
parece feliz hoje.”

“Bem,” Hael canta, sorrindo tão grande que seu rosto


parece que pode cair. “Eu ainda estou no auge de descobrir
que não vou ficar ligado a Brittany Burr por dezoito
anos.” Ele ri de novo e depois faz uma pausa quando várias
meninas do terceiro ano passam, sacudindo os cabelos e
deixando suas saias curtas tremerem na brisa.
“Oi Harbin, ouvimos você escapar por pouco de
engravidar uma cadela da Fuller High,” a primeira diz, e eu
a reconheço vagamente do círculo de Billie Charter. Ela está
na equipe deles, sem dúvida.

“Quer tentar com outra pessoa?” Uma de suas amigas


pergunta.

Desço as escadas sem nem perceber que estou fazendo


isso. Hael consegue me pegar pela cintura e me puxar de
volta contra ele.

“Não aqui, Blackbird. Apenas esfrie esses motores para


mim, bebê.” Ele me abraça tão perto que posso sentir sua
pélvis pressionada contra as calças de couro apertadas
esticadas na minha bunda. É bom, bom demais para uma
mulher recém-casada. Foda-me. Estou começando a me
perguntar se a menina do Vic e menina Havoc são
mutuamente exclusivas. Se sim, então o que eu faço? “Nós
vamos pegá-las, não se preocupe.” Ele coloca um pouco de
cabelo atrás da minha orelha enquanto as meninas têm a
audácia de vaiar-nos da beira da calçada. “Apenas espere até
escurecer esta noite, ok?”

Hael me libera e dá um passo atrás. Quando finalmente


me viro, vejo que Vic, Aaron e Oscar chegaram.

“Vamos embora,” Victor diz, com os olhos escuros


enquanto observa Mitch e Kali se esfregarem contra o capô
do Corvette. Gostaria de saber quão difícil foi tirar o cheiro
do porta-malas? Vic acende um cigarro e descemos os
degraus como um grupo.

“Eu estava pensando,” Aaron começa quando


atravessamos a rua em direção a nossos veículos
variados. Geralmente, os meninos gostam de estacionar nos
fundos, no local onde eu e Hael fizemos sexo no carro
dele. Mas não hoje. Precisávamos estar na frente e no centro
para que todos pudessem ver a realidade da situação. Havoc
está no comando e sempre estará. “Neste fim de semana,
você quer tentar mudar as coisas suas e de Heather para fora
da casa de sua mãe?”

“A mudança é muito cedo,” Oscar diz, vestindo paletó


preto, preto e preto sobre preto, camisa e gravata. Parece que
ele está a caminho de um funeral e eu não odeio isso. De
modo nenhum. “Espere mais duas ou três semanas. Sei que
você está empolgado com essa fantasia de brincar de dona
de casa com Bernadette, mas terá que esperar.”

“Juro por Deus, só tenho um limite de paciência,


Oscar,” Aaron rosna de volta e Vic ri. Claro que ele ri. Ele
acha essa merda engraçada. Receio que isso vai nos separar.

“Pare de ser um idiota, Oscar,” ele grita, montando sua


Harley e esperando que eu me junte a ele. “Vamos sobreviver
até o ano novo e depois nos preocupar com essa
merda; podemos comprar roupas novas para Bernie e
Heather até termos a chance de invadir o duplex.” Aaron faz
uma careta para seu chefe, mas eu aprecio a
preocupação. Sei que ele está sendo atencioso de uma
maneira que nenhum dos outros pensou. Aaron sabe que
não me importo com minhas roupas; Eu me preocupo com a
merda de Penelope, empacotada em caixas e escondida no
sótão.

Victor traz o motor à vida e partimos, com o Bronco e o


Camaro logo atrás de nós. Depois de alguns quarteirões, o
Bronco sai, indo para a escola de Kara e Ashley. Nós
dobramos à esquerda e Victor me leva à escola de Heather
pela primeira vez, esperando na moto enquanto eu pego
minha irmã e a coloco no Camaro.

Quando as meninas são deixadas na casa de Jennifer


Lowell - mais seguras do que deixá-las na casa de Aaron
neste momento -, seguimos para a garagem. Tenho certeza
de que os caras realmente não são donos dessa propriedade,
não legalmente, mas não perguntei. Esse é mais um
problema de Oscar do que meu.

“Aqui está, chefe,” um garoto diz com uma máscara de


esqueleto, colocando algumas chaves na palma da mão de
Vic assim que saímos da moto. O garoto então pega uma
bicicleta lá fora e sai. É uma das poucas vezes em que vi um
membro da Gangue Havoc falar com um de nós.

“Para que servem essas chaves?” Eu pergunto, mas Vic


apenas sorri e gesticula com o queixo enquanto os outros
garotos entram na entrada atrás de nós. Há um utilitário
esportivo na garagem, um Escalade na
verdade. Provavelmente roubado. Victor pressiona o botão e
destranca o veículo, usando um pano para abrir a porta
traseira do passageiro e revelando meia dúzia de armas nos
assentos, junto com uma caixa de luvas. Ele coloca um par
e levanta uma das pistolas, puxando a lâmina para engatá-
la.

“A Charter Crew manteve quase uma dúzia de nossos


homens trancados nos últimos dez dias e agora deixou nove
deles saírem.” Victor me entrega a caixa de luvas, e adivinho
sem perguntar que significava colocar um par. Quando eu
faço, ele me entrega a arma. ”Você sabe atirar?” Ele
pergunta, e eu dou de ombros.

“Já estive no campo de tiro algumas vezes com o Coisa,”


eu digo, pensando na maneira como o padrasto-coisa me
olhava bem nos olhos antes de puxar o gatilho de sua
arma. Ele poderia acertar o alvo sem sequer olhar para
ele. “Se você me irritar muito, garota...” Afasto a
memória. “Claro, sim, eu posso atirar,” eu corrijo, erguendo
a arma nas minhas mãos. “Como assim, eles deixaram nove
deles irem?”

“Um dos nossos meninos está morto,” Callum diz,


aparecendo atrás de mim e passando por mim e Vic para as
luvas. “Eles o deixaram na casa de Oscar. Felizmente, nós o
encontramos antes...” Cal faz uma pausa, como se estivesse
reconsiderando suas palavras. “Que mais alguém
encontrasse.”

O passado inteiro de Oscar, seu presente, foda-se, até


seu futuro... todos são mistérios para mim. De onde ele
veio? Quem é ele? O que ele quer?

Oscar abre a porta do lado oposto do SUV, usando um


pano para manter as impressões digitais fora da superfície,
como Vic fez. Ele olha para mim do outro lado do assento,
puxando as luvas como se estivesse tocando ao vivo ou algo
assim. Eu não consigo desviar o olhar. É um show inteiro,
arrastando lentamente o látex preto por cada dedo,
obscurecendo todas as tatuagens dele. Ele pega uma das
armas e a examina.

“Isso é fantástico,” ele murmura, assentindo uma vez


antes de colocar a pistola de volta no banco. Aaron e Hael se
afastam um pouco, fumando e conversando baixo o
suficiente para não ouvirmos o que eles estão
dizendo. Quando olho para eles, encontro os dois me
encarando.

“Por que eles deixaram nossos caras saírem?” Eu


pergunto, verdadeiramente curiosa. Victor olha na minha
direção e deixa um sorriso maligno atravessar sua boca
exuberante.

“Há uma razão pela qual eu gosto de empregar alunos


do ensino médio, e não é apenas porque temos aula
juntos.” Vic joga a arma no banco e depois tira as luvas,
afastando-se do SUV. Não tenho certeza do que estamos
fazendo com isso, mas se tem seis armas e seis de nós...
então é algo horrível, tenho certeza. “Se você mata dez
crianças do ensino médio, as pessoas começam a prestar
atenção. As autoridades enviam pessoal importante. É por
isso que a Charter Crew também é um problema tão irritante
de se lidar. Qualquer outra gangue rival e nós mataríamos
todo mundo.”

Victor Channing, o garoto que eu amei desde os oito


anos de idade, fica ali sob o sol enquanto eu uso seu anel de
casamento e me diz que, em “circunstâncias normais”, Havoc
simplesmente mataria seus problemas.

“Faz sentido,” eu digo, colocando a arma que ele me


devolveu no SUV. Victor sorri para mim, como se eu tivesse
acabado de receber sua aprovação sombria e se inclinando
para me beijar na boca. Meus dedos se enrolam na frente de
sua camiseta e meus olhos se fecham quando o calor de seus
lábios toma conta de mim. Quando Hael me disse que
seguiria Victor ao inferno... Ele não estava errado. Eu faria o
mesmo.

“Corra e seja boazinha com seus outros namorados,”


Victor ronrona, me dando um tapa na bunda. Mas quando
reviro os olhos e começo a me afastar, ele me agarra pelo
queixo e me segura no lugar para poder olhar diretamente
para mim. “Não fode eles.” Eu arranco meu rosto e faço uma
careta para ele, mas ele apenas sorri de volta para
mim. “Ainda não,” acrescenta, o que me tranquiliza, mas só
um pouco.

Acabo entrando na garagem e vejo Aaron e Hael


fofocando em voz baixa mais uma vez. Assim que me veem
chegando, param e se viram para me observar. O olhar verde
de ouro de Aaron e o marrom de mel de Hael me
acompanham da cabeça aos pés. Não posso dizer que estou
descontente com a atenção.

“Nós... vamos dar uma volta?” Eu pergunto, porque se


você colocar armas, carro roubado e guerra de gangues,
então... bem, o que isso significa? Hael dá de ombros, mas
Aaron assente.

“Sim,” ele diz, sua voz triste e distante enquanto olha


para mim.

“Nantucket,” eu respondo, sem pular uma batida, e ele


sorri. Estou tão tentada a enredar meus dedos em seus
cabelos castanhos, provocar as ondas com meus dedos. Até
Oscar dizer o que disse antes, não me ocorreu realmente que
Aaron e eu estamos indo morar juntos. Tipo, de
verdade. Como sempre sonhamos. Eu e ele, e as meninas...
e provavelmente os outros meninos Havoc na maioria das
vezes também. Parece que eles só vão para casa para
verificar a família que resta. Isso, ou no caso de Vic, para
cumprir uma obrigação contratual.

A verdade é que todo mundo realmente vive apenas com


Aaron.

“Porra de Nantucket,” Aaron suspira, tirando um maço


de cigarros do bolso e oferecendo um para mim. “Agora que
você está aqui, devemos apenas... nos divertir com todos os
pecados juntos, não é?” Ele acende seu próprio cigarro e
depois encosta no meu até queimar. Sorrimos um para o
outro.

“Bem, você sabe,” Hael ronrona, aproximando-se e


sorrindo para mim. “Só se o papai Vic disser que está tudo
bem.” Ele se recosta assim que vê Victor chegando, tentando
manter sua expressão neutra.

“Que porra vocês estão fofocando aqui?” Vic pergunta, e


Hael apenas dá de ombros. Victor bufa, dá uma tragada no
cigarro e gesticula com o queixo na direção de uma porta
aberta do escritório. “Nós temos...” ele verifica seu telefone,
o cigarro ainda está pendurado em seus lábios e oscila
enquanto ele fala “...uma hora até o pôr do sol. Venha aqui,
Bern.” Victor me mostra o escritório e depois bate à porta
atrás de nós.

Seus olhos de obsidiana brilham com interesse, e sei


antes que ele diga uma única palavra ou faça um único
movimento qual é o seu objetivo para me trazer aqui. Minha
respiração trava quando Vic e eu nos encaramos, meu olhar
analisando seus braços musculosos e suas tatuagens,
descendo por suas longas pernas até suas botas. Quando
levanto minha atenção para o rosto dele, ele empurra seu
cabelo roxo escuro e sorri para mim.

Tenho certeza de que ele pode dizer pelo olhar que dou
a ele que sei o que ele está fazendo; ele não é um filho da
puta muito sutil, agora é?

Vic não perde tempo em desfazer as calças.

“Victor Channing,” eu aviso quando ele começa a me


perseguir. Ele sorri e puxa o cigarro dos lábios com dois
dedos, oferecendo-o para mim. “O que estamos fazendo
aqui?” Não preciso perguntar, mas faz parte do jogo, não é?
“Foda rápida antes de irmos,” ele me assegura. “Super
rápida.” Ele faz uma pausa e me olha de novo, como se
estivesse considerando alguma coisa. “Você está tomando as
pílulas anticoncepcionais que Oscar lhe deu?”

Eu olho para ele.

“É da sua conta?” Pergunto de volta, e ele sorri para


mim de tal maneira que eu perco minhas faculdades mentais
por um momento. “Só porque você é meu marido...”

“Talvez eu mereça saber porque sou seu chefe?” Ele


pressiona, me vendo inalar dois pulmões de nicotina antes
de eu devolver o cigarro.

“Você adoraria se eu não estivesse tomando essas


pílulas.”

Victor fuma o cigarro por um momento, o botão da calça


desfeito, mas o zíper ainda está fechado. Ele pensa por um
minuto e depois encolhe os ombros.

“Quero dizer, não vou mentir sobre isso.” Ele me olha


direto no rosto e sorri como o idiota que ele é. “Você sabe que
estou morrendo de vontade de te engravidar.” Victor joga o
cigarro em um cinzeiro de metal e fecha a distância entre
nós, batendo as palmas das mãos na parede de cada lado de
mim. “Mas eu realmente não quero nenhuma outra sigla em
nosso nome, pegando o que é meu por direito.”

“Do que você está falando?” Eu gaguejo, sentindo meu


corpo corar com raiva justa. Será que Victor sabe que eu e
Hael nos masturbamos juntos? Eu provavelmente deveria
contar a ele, se não. “Não seja tão idiota o tempo todo; você
ganha mais moscas com mel.”
“Você sabia que eu era mijo e vinagre quando se casou
comigo, Bernie.” Victor coloca a palma da mão grande na
minha cintura e me puxa para perto dele. Eu posso sentir
seu pau, pressionando contra suas calças, agradável, grosso
e pronto para mim. “E eu não vou recuar nessa merda. Eu
recebo o primeiro bebê.”

“Jesus Cristo, Victor,” eu rosno, mas quando vou dar


um tapa nele, ele agarra meu pulso e bate minha mão na
parede com força suficiente para me fazer gritar. Ele parece
fodidamente selvagem agora. Seus olhos brilham com
necessidade possessiva quando ele olha para mim enquanto
luto para tirar minha mão de seu aperto. Puta merda, sua
força é fora do normal. “Eu não quero filhos agora; Eu tenho
que cuidar da Heather. Merda, até recentemente, eu nem
tinha certeza se iria viver para ver meus vinte anos, muito
menos uma década além disso. Não me peça para pensar em
bebês agora.”

“Então, sim sobre as pílulas?” Ele esclarece, agarrando


meu outro braço quando tento empurrá-lo de volta e
prendendo isso também. “Olhe-me na cara, Bernadette, e me
diga que você está tomando os comprimidos.”

“Eu tenho tomado eles!” Eu grito em seu rosto, minha


respiração forte e rápida. Estou irritada agora. Se Vic queria
que eu ficasse irritada para o drive-in, bem, ele
conseguiu. “Não que isso seja da sua conta, porra; é o meu
corpo. Eu escolho o que cresçe nele e quando e como e se.”

“Talvez,” Victor diz, o que me faz querer estrangulá-lo


seriamente, “mas em qualquer boa matilha de lobos, a fêmea
cuida das fêmeas; o macho cuida dos machos. Não
permitirei que nenhum dos machos da minha matilha lhe dê
um bebê até que eu o faça. Você me entendeu?”
“Me. Solte.” Meus lábios se enrolam em um rosnado
quando Victor me libera, e dou um tapa na cara dele. Ele
esfrega a mão na bochecha e sorri. “A propósito, eu respeitei
seus desejos na praia e tecnicamente não fodi mais
ninguém. Hael e eu, no entanto, nos masturbamos naquela
maldita Ferrari juntos. E não me arrependo de um segundo
do meu orgasmo conquistado com dificuldade.” Os dentes de
Victor se apertam, e ele olha para mim como se ele
retribuísse meus sentimentos de raiva. Olho por olho,
querido. “E oh Deus, foi bom.” Esfrego a palma da mão na
frente do meu corpo, segurando minha boceta pela calça de
couro e dando um aperto nela. “Eu gozei com tanta força que
deixei o assento bonito de couro todo molhado.”

Victor me agarra pelos pulsos novamente e me puxa


para ele, fervendo com uma raiva quente e rebelde.

“Ou eu vou te foder agora, ou vou matar Hael. Sua


escolha.”

“Onde está minha coroa, Vic? Você me prometeu


isso. Eu sou sua rainha, lembra? Comece a me tratar como
uma.”

“Oh, esposa, você não tem ideia do quão bom eu vou dar
a você,” ele rosna de volta para mim, me puxando para frente
e me empurrando sobre a mesa. Não consigo segurar meu
gemido quando ele segura minha boceta por trás e a aperta
com tanta força que acabo me mexendo contra ele. “Você
quer que eu te trate como uma rainha?” Ele pergunta, dando
uma risada sarcástica. “Bem, eu estou prestes a fazer você
gozar tanto que você esquecerá o seu próprio nome.” Posso
ouvir Victor abrir o zíper da calça jeans e enrolo meus dedos
contra os lados da mesa em antecipação. “Fique parada,” ele
ordena, a voz escurecendo.
Vic coloca os dedos sob a cintura da minha calça e sinto
algo frio tocar minha pele. Olhando para trás, vejo que ele
tem uma faca nas malditas mãos.

“Victor!” Eu engasgo, mas é tarde demais. Ele corta


minha calça no meio, da cintura até a virilha, jogando a faca
para o lado e depois rasgando o tecido.

“Deixe seu rei mostrar como é que se faz,” ele diz, e eu


sinto o calor quente de seu pau enquanto ele provoca minhas
dobras com ele. “Vou fazer você esquecer tudo sobre Hael
Harbin.” Victor enfia dentro de mim ao mesmo tempo em que
agarra meu cabelo e puxa minha cabeça para trás. Minhas
mãos cavam nas laterais da mesa enquanto ele me bate com
seus quadris, duro, rápido e desesperado.

Eu sinto que estou sendo marcada.

“Pare com isso,” eu rosno, mas ele apenas ri de mim


novamente porque sabe que não estou falando sério.

“Me chame de seu rei, e talvez eu pegue leve com


você?” Ele suspira enquanto bombeia em mim, cedendo a
esse frenesi selvagem que nós dois gostamos tanto. Eu vi
uma tonelada de brinquedos sexuais em uma mochila no
hotel, mas Vic nunca se ofereceu para experimentá-los
comigo. Ele está muito obsessivo agora. Talvez mais tarde,
porém, eu penso enquanto seus quadris batem na minha
bunda, e eu gemo incontrolavelmente.

Tenho certeza de que todos os meninos podem me ouvir


agora.

Victor me pune com seu pau, fazendo com que a mesa


deslize os últimos metros pelo chão e bata na parede. Nesse
ponto, não tem como resistir e estou apenas me afogando
nas sensações. Eu mal posso respirar, já que ele está me
enchendo tão bem.

O clímax se aproxima de mim, mas parece vibrar fora


de alcance. Tipo, eu quero que meu clitóris seja
tocado agora.

“Vic.” É o único som que posso fazer. A porra do nome


dele. “Eu te odeio tanto.”

“Que pena. Eu te amo demais para deixar você


ir.” Victor desliza para fora de mim e depois me puxa para
trás com meus cabelos, me virando e me levantando sobre a
mesa. Um dos meus braços passa pelo pescoço dele, o outro
desliza entre nós para encontrar meu clitóris. Ele bombeia
dentro de mim enquanto eu me esfrego em um frenesi, a
sensação do meu clímax voltando duas vezes mais feroz do
que era antes. Oh, Deus, isso vai ser bom ...

“Minha.” Victor chega entre nós e pega meu pulso, me


impedindo de terminar. Ele me empurra de volta para que eu
esteja deitada na mesa, lambe seus dedos bonitos e assume
meu clitóris. Ao mesmo tempo, ele continua me fodendo,
deixando minhas mãos livres para empurrar minha camisa
para que eu possa pegar meus próprios peitos. Se apenas um
dos outros garotos estivesse aqui para assumir esse dever por
mim.

Sexo em grupo.

Eu quero um pouco disso. Eu só... preciso descobrir


como colocar Vic a bordo.

Meus dedos amassam meus seios enquanto Vic


encontra o ponto mágico no meu clitóris e usa o lubrificante
natural do meu corpo para me esfregar. Seu pênis desperta
esse belo atrito, e eu simplesmente perco. Minhas costas se
erguem da mesa quando um gemido áspero sai da minha
garganta, fazendo minhas pálpebras tremerem, meu corpo
pulsar.

“Oh, sim, me diga quem é o rei,” Vic geme, bombeando


em mim mais algumas vezes antes de sair e gozar toda a
porra em mim. Gozo quente cobre minha barriga e o meu
sutiã de renda enquanto eu deito lá e ofego embaixo
dele. Não tenho certeza de que eu poderia me mexer se eu
quisesse agora.

“Seu pedaço de merda,” eu sussurro, mas meus


músculos estão gelatinosos, e eu não conseguiria sentar nem
se quisesse. Vic se inclina sobre mim, sorrindo como o gato
que comeu o creme.

“Vou pegar algumas roupas novas,” ele diz, tirando o


maço de cigarros do bolso de trás enquanto ainda estão
pendurados na bunda dele. “E então vamos contar aos
outros idiotas que conversamos e que eu vou permitir que
você os foda”.

“Você o que?” Eu pergunto, tentando e deixando de me


sentar. Eu só... preciso de um minuto. Merda, ele é um
babaca, mas eu amo a bunda dele mais do que é racional ou
até sensato. “Sério?”

“Mm.” Vic ainda está dentro de mim, a palma da mão


ainda na minha barriga. “Mas eles não vão te engravidar. O
negócio é que você continua tomando as pílulas. Quando
estivermos prontos para as crianças, eu recebo seu útero
primeiro. Pertence a mim.”

“Saia de cima de mim,” eu rosno, e ele finalmente dá um


passo para trás com uma risada, me vendo lutar para sentar
e sorrindo, como se estivesse gostando dos frutos de seu
trabalho. “Meu ventre pertence a mim, seu idiota
primitivo.” Victor apenas ri de novo e ajeita as próprias
calças.

“Sim, minha rainha,” ele diz, mas não sinceramente. E


ele quer colocar uma arma na minha mão hoje à
noite? Hã. Não é uma escolha muito inteligente, se você me
perguntar. “Temos calça de moletom preta e moletom com
capuz para nossa pequena excursão hoje à noite. Um
segundo.” Ele aponta para trás de mim, puxando o cigarro
da boca com a outra mão. “Tem um banheiro bem ali, para
que você possa se limpar.”

“Desejo o pior para você,” eu rosno para ele, fazendo


uma careta enquanto olho para os meus seios e minhas
calças arruinadas. “E você me deve uma viagem as
compras; essa era minha calça favorita.”

“Nada menos para a minha esposa,” Vic concorda,


piscando para mim antes de sair da sala, e eu me levanto
para fazer xixi. A última coisa que preciso é de uma infecção
urinaria e sou seriamente propensa a elas. Se eu beber
muito refrigerante, vou pegar uma. Adicione sexo sujo com
um monte de idiotas? Não gosto de precisar de antibióticos,
obrigada.

Victor reaparece logo depois, cruzando os braços sobre


o peito e encostando-se ao batente da porta enquanto me
observa me limpar.

“Precisa de ajuda com seus peitos?” Ele pergunta, e eu


dou uma cotovelada nele o mais forte que posso no
estômago. Ele resmunga, mas é isso. Nem sequer dobra.
“Aqui.” Victor me entrega uma mochila e eu a coloco na
privada, pegando uma calça de moletom preta e um capuz,
como prometido. Sem sutiã ou calcinha, mas eu vou
sobreviver.

Uma vez vestida, coloco meu cabelo em um rabo de


cavalo solto e enfio minhas roupas arruinadas na bolsa para
levar conosco. Victor me espera na porta do escritório,
acendendo mais um cigarro. Fumando exageradamente de
novo. Significa que ele está nervoso com algo.

Ele abre a porta e sai dali com cada pingo de arrogância


dentro de seu DNA.

“Escutem,” ele grita enquanto Oscar se aproxima da


porta da garagem aberta para aguardar as ordens de seu
chefe. Cal, Aaron e Hael ainda estão no canto, fofocando e
fumando. “Bernie e eu apenas conversamos.” Ele levanta a
mão e marca um dedo. “Primeiro, sem bebês. Esse é o meu
trabalho. Segundo, eu não sou um árbitro. Trabalhem por
conta própria.”

“O que diabos você está tentando dizer?” Aaron


pergunta, piscando para Vic como se ele não pudesse
acreditar que isso está acontecendo.

“Estou dizendo: você pode decidir o que o termo Menina


Havoc significa para você. Eu não vou parar você.” Victor faz
uma pausa e balança a cabeça, passando os dedos pelos
cabelos roxos. “Nunca me diga que eu nunca fiz nada de bom
para vocês,” ele murmura, o cigarro pendendo de seus lábios
enquanto deixa seu olhar sombrio atravessar os outros
garotos do Havoc. É embaraçoso pra caralho, já que por
acaso eu estou de pé com aquele visual de eu acabei de
foder. “Sou o marido de Bernadette. Mas eu também sou a
letra do meio de Havoc. Você sabe que sempre escolho nossa
família.” Ele levanta a mão e gesticula frouxamente com os
dedos pintados. “Descubram seus relacionamentos no seu
próprio tempo; só não os deixe interferir com o meu.”

Victor continua em direção à porta da garagem e sai


para a aquarela roxa do início da noite.

Saio do escritório, ajustando a calça folgada. Os cabelos


na parte de trás do meu pescoço formigam, alertando-me
para o fato de que quatro olhares masculinos muito
diferentes e com muita fome acabaram de pousar em
mim. Se acalmem, meninos, eu penso, tirando outro maço de
cigarros que Vic me deu e acendendo um. Claro, claro, é um
hábito sujo e horrível.

Você achou que havia algo limpo na minha história?

“Bem, agora, isso foi inesperado,” Hael murmura,


passando a língua lentamente pelo lábio inferior. Sua
expressão - faminta e selvagem ao mesmo tempo - não me
surpreende. Oscar, por outro lado, surpreende. Há um breve
lampejo de desespero antes de Oscar apertá-lo e se virar.

“Prepare-se. Partimos em quinze.” Ele sai atrás de Vic


quando me viro para Aaron, Hael e Cal com um sorriso.

“Gostaria de saber para onde estamos indo,” resmungo,


mas então tenho que me virar novamente e colocar a mão na
boca. Victor acabou de... ele acabou de me dizer para brincar
com seus meninos?! Eu pulo quando uma mão cai no meu
ombro, mesmo que eu já possa perceber pela gentileza do
toque que é Aaron. Aquele brilho estranho toma conta de
mim novamente, como um raio durante uma tempestade de
verão. Desta vez, porém, eu sei o que é: felicidade.

“Bonito que ele acha que eu preciso da porra da


permissão dele,” Aaron rosna, deslizando as mãos para cima
e para baixo nos meus braços antes de deixá-las descansar
em meus ombros. Ele me aperta com dedos fortes,
trabalhando alguns dos meus piores nós. “Mas foi o que ele
fez, certo? Nos dar a sua benção sombria e indesejada?”

“Tenho certeza que sim,” eu digo, mas ainda estou


lutando para acreditar.

“Hey Bernie,” Callum grita, e olho por cima do ombro,


passando por Aaron e até onde ele está parado com um
punhado de amendoins na palma da mão. Ele segura o saco
plástico com o resto na outra mão. “Você já ouviu o
termo gang bang?”

“Vá se foder, Cal,” eu deixo escapar, indo para longe de


Aaron e depois sacudindo meu cigarro para ele, como se eu
fosse arrogante. Só o diabo sabe que eu ainda sou uma
adolescente dentro dos recônditos escuros do meu
coração. Afasto Callum com as duas mãos, mas ele apenas
ri de mim quando Hael bufa.

“Eu ia fazer essa piada!” Ele diz, estalando os


dedos. “Filho da puta.”

“Deveria ter feito mais rápido,” Callum ronrona com sua


voz rouca. Ele passa por mim, dando meia volta e andando
para trás. “Converse com seu marido sobre isso, talvez?” Ele
pergunta, e então ele se vira e começa a rir novamente.

Eu o afasto novamente, mas Hael apenas uiva e uiva.

“Oh, Bernie, você pode apenas imaginar? Aposto que


quando você concordou em ser nossa garota, não achou que
teria que...”
Coloco meus dedos nos ouvidos para abafa-lo quando
começo a sair da garagem.

“Não posso te ouvir!” Eu chamo, até que ele está de


repente ali e me pegando em seus braços. Hael Harbin me
leva até o Escalade, que está ligado, enquanto eu grito, e
depois me joga para dentro como se eu não pesasse nada.

Esse não é o primeiro ou único grito que ouvimos


naquela noite.

Mas é certamente o menos violento.


“Qual é o plano?” Eu pergunto quando Callum me
entrega uma máscara de esqueleto novíssima e um par de
luvas pretas de látex. A máscara é muito melhor do que a
que eu usava quando estava sobre o túmulo aberto de Neil. É
feita de madeira e muito bonita. Isso me lembra a pintura no
rosto que os meninos usavam no Halloween.

Cal o segura por cima do rosto, olhos azuis me olhando


pelos buracos dos olhos. Eu tremo e ele o coloca de volta no
colo com uma risada.

“Hora de descobrir se Mitch está falando sério sobre


tudo isso,” Vic murmura no banco da frente, esfregando o
queixo do jeito que sempre faz quando está pensando.

“Como se matar um membro da nossa equipe não fosse


sério?” Eu pergunto, e Victor olha por cima do ombro para
mim. Ele dá um de seus anti-sorrisos exclusivos.

“Mm. Uma mão lava a outra, eu acho. Nós matamos


Danny, então eles mataram um dos nossos meninos. Isso
nos deixa quites, e não vou jogar nesse jogo. Um monte de
imitadores de merda não vão ficar no meu território e me
desrespeitar.”
“E Ivy Hightower?” Aaron pergunta do banco do
motorista, e é Oscar quem responde atrás de mim.

“Difícil de dizer. Eu não acho que a Charter Crew


mataria a namorada de Danny e alguém que fosse uma
fofoqueira leal a eles. Provavelmente, Bernadette está certa
sobre o padrasto ser o assassino. A parte que estou tendo
problemas para descobrir é porque a morte de Ivy aconteceu
na mesma noite em que nossos meninos
desapareceram. Agora sabemos do fato que foi a Charter
Crew que os levou. Também sabemos que Kali estava
transando com Neil. Só preciso de mais tempo para descobrir
como e por que eles estão conectados.”

“Se considerarmos minhas ideias sobre Kali e David,


acho que realmente estamos chegando a algum lugar,”
acrescento. Nem me incomodo em me virar para ver a reação
de Oscar. Eu posso sentir isso. “Porque se Kali estava
disposta a procurar um cara com quem eu transei em uma
festa, então por que não ver o que está acontecendo com meu
padrasto também?”

Oscar faz um som de aborrecimento quando Callum


sorri para mim.

“Reaching20, Bernadette. Você gosta de fazer saltos de


lógica; Eu prefiro fatos.” A voz de Oscar está gelada, mas eu
o ignoro. Ele, por outro lado, provavelmente está olhando
para a parte de trás do meu pescoço; Eu posso sentir seu
olhar como uma rajada de vento gelado contra minha nuca.

“Tudo bem, crianças,” Hael diz no final de um


bocejo. “Acalme seus peitos. Um problema de cada vez,
ok?” Ele estica os braços acima da cabeça e o capuz sobe um

20 Quando alguém tenta relacionar uma coisa à outra usando evidência e informações irrelevantes.
pouco na frente, exibindo a barriga lisa dele. Eu molho meus
lábios. Estou um pouco nervosa por nossa excursão, mas
por dentro estou enlouquecendo como uma garotinha.

Venho fantasiando sobre os meninos Havoc há anos. E


agora, posso explorar todos os cantos e recantos, todas as
fendas sombrias de suas almas. Bem, isto é, para os meninos
que realmente têm almas. Não tenho certeza absoluta de que
Oscar tenha.

“Hey Bernie,” Aaron diz depois de um momento de


silêncio. A música escorre suavemente dos alto-falantes,
mas ninguém está prestando atenção nela. ”Você quer ir ao
baile de inverno comigo?”

A pergunta vem do nada e minha cabeça se levanta, os


lábios se separando de surpresa.

“O baile de inverno?” Eu pergunto, porque com toda a


empolgação de ingressar na Havoc, eu tinha esquecido
totalmente que éramos todos veteranos do ensino
médio. Jesus. “Você quer ir para isso?”

“Não podemos pular o dia de neve,” Hael diz com uma


risada confusa. “É icônico e este é o nosso último ano. Além
disso, esta é uma bela oportunidade para lembrar a todos os
idiotas daquela escola que esses corredores nos pertencem.”

“Essas malditas ruas nos pertencem,” Victor bufa,


puxando sua máscara. Ele olha para nós e eu tremo ao ver
seu lindo rosto por trás da beleza monstruosa do rosto
esquelético. “Mas você está certo: nunca é demais lembrar a
população.”
“Então você vai?” Aaron pergunta, olhando para cima e
encontrando meu olhar no espelho retrovisor. “Vai comigo, é
isso?”

Meu coração palpita e brilha, o que é estúpido como o


inferno, porque eu não sou uma pessoa vibrante ou
brilhante. Mais como um cacto. Com grandes espinhos.

“Só se Callum me der algumas aulas de dança antes


disso,” digo com uma risada nervosa. Tanto Hael quanto Vic
percebem e me dão um conjunto de olhares iguais. Acho que
o que tenho com Aaron os deixam todos nervosos. É difícil
competir com o primeiro amor, não é?

“Pode deixar,” Cal sussurra roucamente contra o meu


ouvido. Desta vez, ele não é tímido quando se inclina para a
frente e captura minha mão na dele, passando a língua pelo
lado da minha garganta. Eu tremo quando ele ri e Hael se
inclina para bater nele com sua máscara.

“Mantenha o foco, imbecil, estamos quase lá,” Hael diz,


colocando sua própria máscara. Aaron faz o mesmo, e
quando olho para trás, vejo que o rosto de Oscar já está
coberto. Ele também não está usando seus óculos, mas vejo
uma caixa de óculos sentada no banco ao lado dele,
juntamente com um espelho compacto e uma caixa de lente
de contato de plástico.

Me pergunto por que ele não usa lentes com mais


frequência, mas então... os óculos são tão fodidamente sexy.

Mordo o lábio e coloco minha própria máscara no rosto.

“Lembre-me do que estamos fazendo,” digo enquanto


olho pela janela, tentando reconhecer em que bairro estamos
de fato. Alguma terra de ninguém entre Prescott e um bairro
conhecido como Whiteaker, se eu tiver que arriscar um
palpite. Conheço cada centímetro de South Prescott, mas os
limites são um pouco embaçados.

“Como eu disse,” Victor me diz, estendendo a mão para


aumentar a música. “Um lembrete nunca é demais.” Ele
aperta o botão do teto solar e depois se ajusta para ficar
agachado no banco. “Tudo bem, rapazes, vamos mostrar à
Charter Crew que não estamos brincando. Não atire até que
eu dê a palavra, e tente não matar ninguém. Já temos
policiais farejando a porra da nossa escola.” Vic faz uma
pausa e olha de volta para nós, dando a Cal um olhar
significativo. É impactante, mesmo com a máscara no
lugar. “Exceto você, Cal. Você sabe o que você precisa fazer.”

Cal e Hael fecham as janelas de ambos os lados


enquanto Aaron e Vic fazem o mesmo na frente.

“Destravem as armas,” Vic grita quando o Escalade


diminui a velocidade, e olho pela janela para ver um grupo
de pessoas em pé no quintal da frente de uma casa
artística. Parece que acabamos de atravessar oficialmente o
Whit, um bairro construído por artistas, músicos e
drogas. Costumava ser suicídio andar por aqui no meio da
noite, mas o lugar teve seu caráter destruído pela geração
certinha em busca de casas baratas.

Ainda assim, a casa pela qual estamos dirigindo é


pintada com um mural de homens politicamente corruptos,
afastando manifestantes com sinais em vans não
marcadas. Eu tremo. Há sofás no jardim da frente e uma
estátua gigante soldada com galhos de metal retorcidos.

Não tenho certeza de quem é essa casa, mas posso ver


claramente Mitch Charter, sua irmã Billie e os irmãos
Ensbrook restantes na multidão.
Callum se levanta no banco, a metade superior do corpo
saindo do teto solar e coloca as mãos em volta da boca. Ele
solta um uivo arrepiante quando Victor e Hael abrem suas
próprias janelas e Oscar e eu nos juntamos a Cal levantando-
nos e olhando para fora do teto solar.

“É toda a Charter na festa, então não se preocupe com


quem você acertar.” Victor aumenta a música, e eu
reconheço a música que soa nos alto-falantes como a faixa
de rock deliciosamente animada “Degenerates” da banda A
Day to Remember. Puta merda. Quase faz o momento parecer
ainda mais mórbido do que já é. “Prontos?” Vic chama
quando Aaron diminui a velocidade do Escalade, deixando-
nos passar, quase como se tudo estivesse se movendo em
câmera lenta.

Oscar e Callum estendem os braços para ambos os


lados de mim, suas pistolas apertadas com as duas mãos
firmes. Eu faço o mesmo, imprensada entre eles, minha
respiração diminuindo enquanto me concentro na cena na
minha frente.

Billie Charter está rindo histericamente de alguma


coisa, vestida com o que provavelmente é um vestido de festa
roubado. É da mesma cor azul-esverdeado que a parte de
baixo do cabelo de dois tons. Ela está de pé ao lado do irmão
e segurando um copo solo vermelho.

Ela também é a primeira a nos notar, virando a cabeça


e olhando nos meus olhos, mesmo com a máscara de
esqueleto no meu rosto.

Solto uma mão da minha arma - acho que é uma Glock


19 - e passo um dedo do canto do olho até a boca, na mesma
forma que Billie me cortou na noite de Halloween. Meus
dedos se juntam em volta da grande e preta violência que é
a Glock enquanto espero que Vic dê o ok.

“Tudo bem, Havoc,” Vic grita e juro, tudo no mundo para


por um breve segundo. Aqui estamos, apenas nós seis,
vestidos com rostos de esqueletos sorridentes, vestindo
capuzes pretos e segurando armas pretas. “Fogo à vontade!”

Meu dedo aperta o gatilho da arma enquanto meu


cérebro pisca de volta à memória do alcance da arma.

“Você vê isso, Bernadette,” o Coisa sussurra em meu


ouvido, seu hálito quente e obsoleto, seu olhar malicioso uma
lâmina que corta profundamente minha alma. “Como é fácil
fazer alguém desaparecer? Apenas um pequeno aperto e uma
boa mira, e acabou.”

Meu primeiro tiro atinge o copo Solo de Billie, enviando


cerveja por toda parte da frente do vestido e no rosto. Eu a
vejo tropeçar para trás, boca aberta, atenção em seu vestido
arruinado por um segundo antes de ela olhar para mim.

Estou ciente de que toda essa interação está


acontecendo ao longo de um minuto ou dois, mas parece
uma eternidade, como se cada segundo fosse estendido e
persistente. Atiro de novo quando as balas dos meninos
apimentam a multidão, explodindo em um refrigerador,
enviando estofamento branco voando para fora do sofá. Meu
segundo tiro é amplo, atingindo o chão e derrubando
pedaços de terra e grama do gramado.

Cal uiva novamente e dispara um tiro perfeito no peito


de um cara que está levantando uma arma para apontar
para nós. É quando eu dou meu terceiro tiro, atingindo Billie
bem no ombro. Seu vestido verde-azulado floresce vermelho
de sangue enquanto ela tropeça para trás e cai de
bunda. Essa é por Aaron, eu penso, mudando meu objetivo
para Mitch.

Mas então o Escalade está disparando para a frente


como um míssil e eu tropeço para trás. Callum me pega e
nós caímos juntos no banco. Minha visão está embaçada e
minha respiração está acelerada quando dobramos a
esquina e disparamos em direção a South Prescott e à
garagem.

“Porra sim!” Hael ri, arrancando a máscara e sorrindo.


“Você viu os olhares em seus rostos feios? Puta merda, eles
não estavam esperando isso.”

Empurro minha própria máscara para cima e para meu


cabelos, o coração batendo forte. A adrenalina é intensa,
fazendo minhas mãos tremerem quando coloco a segurança
na pistola e a coloco no meu colo.

“Tenho certeza de que matei Daren Matis,” Cal diz, e fico


feliz em saber que a respiração dele é tão frenética e
descontrolada quanto a minha. Ele lambe os lábios e engole
para reinar na adrenalina. “Ele se formou em Prescott há
dois anos, então pelo menos não temos outro aluno
desaparecido com o que nos preocupar.”

“Perfeito,” Vic diz, sorrindo enquanto olha de volta para


mim. ”Você está bem, Bern?”

“Eu estou bem,” respondo, tentando reunir minhas


coisas. Aaron me olha no espelho retrovisor novamente, seu
olhar tão intenso que eu tremo. Ele sorri uma vez e assente,
e sinto um rubor tomar conta das minhas bochechas. Até ele
atirou na Charter Crew inclinando-se com uma mão na
arma, a outra no volante e atirando pela janela de
Victor. Seriamente fodidamente impressionante. “Eu estou
realmente bem. Eu quebrei o copo de Billie, arruinei o
vestido dela e a atingi o ombro.”

“Oh, sim, sim,” Callum ronrona enquanto ele ri, e eu


olho pelo para-brisa traseiro para ver se há alguém nos
seguindo. Policiais, Charter Crew ou outros. Mas não há
ninguém lá. Você sabe, exceto Oscar. Ele olha para mim, sua
máscara agora em seu colo, seus olhos cinzentos sem carga
pelos óculos de armação preta que ele parece preferir
usar. “Onde você acha que Kali estava?”

“Ela deixou a escola com Mack novamente,” explica


Oscar, ainda olhando diretamente para mim. “Pensei que ela
poderia estar aqui, mas ela não está. Talvez ela esteja
sentindo falta do amante?” Ele apenas fica olhando para
mim, então eu me viro para olhar pela janela da frente.

“Você acha que Mitch sabe sobre ela e Neil?” Eu me


pergunto em voz alta, mas Hael apenas bufa.

“Nenhuma ideia. Quero dizer, você pensaria que ele


ficaria um pouco preocupado com a garota dele fodendo um
policial velho, mas acho que esses caras operam sob um
conjunto moral diferente do que nós.” Hael reflete sobre a
ideia por um momento, recostando-se em seu assento
enquanto Aaron diminui para uma velocidade menos
visível. “Então, temos certeza que Neil e Kali estavam
transando?”

“Ela estava em cima dele na escola,” eu respondo,


olhando para o momento em meus olhos. “Não há dúvida
sobre isso. Mas mesmo que Mitch não saiba sobre Kali e Neil,
ele realmente conhece Neil. Lembra quando ele nos ligou na
noite seguinte depois que mudamos o corpo do Danny? Ele
disse que o Coisa tinha uma mensagem para nós, mas Vic
desligou.” Faço um gesto frouxo na direção dele, mas ele está
muito ocupado cuidando da arma para prestar atenção. Isso,
ou ele está apenas fingindo que está muito ocupado com a
arma. “Eles claramente se conhecem.”

“Vou ter que cavar mais um pouco,” Oscar admite, o que


é o mais próximo de uma admissão de não sei, pois tenho
certeza de que ele jamais conseguirá. Ele sabe que não é
realista memorizar o mundo, certo? Talvez ele esteja ciente
de que sua personalidade é tão espinhosa que ele precisa dar
algo de valor ao grupo.

Vou abrir o cofre que é o traseiro do filho da puta e ver


quanto dinheiro ele está escondendo lá dentro. Preciso saber
sobre o passado dele, sobre os Peters, sobre seus
sentimentos naquela noite em que fizemos amor.

Expiro bruscamente enquanto Victor ajusta a música


para outra de A Day to Remember. Chama-se “Mindreader” e
é o cenário perfeito para o nosso passeio de volta à garagem
de Havoc.

Há dois garotos com máscaras de esqueleto nos


esperando na calçada. Quando estacionamos, Aaron
estaciona o Escalade, mas não se incomoda em desligar o
motor. Em vez disso, ele simplesmente sai e um dos outros
caras entra.

“Deixem as armas,” Vic me diz, jogando a dele no banco


enquanto o outro garoto entra. O cara puxa um recipiente de
lenços e começa a limpar a arma, como se estivesse tentando
limpar qualquer evidência possível. Poderíamos estar
usando luvas, mas isso não significa que não haja algo que
a perícia não possa achar.
Todos nós recuamos quando o SUV decola e desaparece
na noite, o vermelho do freio acendendo é a última coisa que
eu vejo.

“Para onde eles estão levando?” Eu pergunto, olhando


para Aaron. Ele está me observando com mais intensidade
do que o habitual, e me pego mudando desconfortavelmente
sob o calor de seu olhar.

“Eles não nos dizem isso, e nós não perguntamos,”


Aaron diz, encolhendo os ombros frouxamente e depois
virando a cabeça para olhar a lua. “Alguém quer entrar no
drive-in? Estou faminto.”

“Eu tenho que chegar em casa e checar minha avó,”


Callum diz com um suspiro de saudade. “Embora eu
realmente pudesse usar um shake e batatas fritas.”

“Sempre há amanhã,” Hael diz, dando um tapinha no


ombro de Cal e acenando com a cabeça uma vez. “Bom
trabalho esta noite, recruta.” Ele pisca para mim e eu o
afasto enquanto ele ri. “Vou levar Cal de volta para
casa. Meu pai imbecil tem andado muito ultimamente, e eu
não confio nele para não matar a porra da minha mãe.” Hael
tenta sorrir para aliviar o golpe de suas palavras, mas não
funciona.

Eu decido mudar de assunto.

“Tenho certeza que Oscar precisa voltar para os Peters,


certo?” Eu brinco, dando-lhe um olhar que ele retorna com
um que é colorido em tristezas e epitáfios. Seus olhos
cinzentos são como neblina em um cemitério, mas a cor
muda quando ele se move em minha direção. Quando a lua
os atinge, os olhos de Oscar aparecem prateados na noite.
“Você está certa,” ele diz, parando tão perto que eu
poderia tocá-lo, se quisesse. Sem os óculos, ele parece uma
pessoa diferente. Para ser sincera, os óculos o humanizam
um pouco; ele parece inteiramente selvagem esta
noite. “Preciso chegar em casa com minha falsa mamãe e sua
comida caseira, meu falso pai e suas histórias de trabalho
chatas, e minha nova irmãzinha, Srta. Alyssa Hart. Os Peters
já têm dois filhos biológicos para mimar. Mais alguma coisa
que gostaria de saber, Srta. Blackbird?”

“Na verdade, tem muito que gostaria de saber, Sr.


Montauk. Sem segredos em Havoc, certo? Tudo o que tenho
a fazer é perguntar?” Mantenho meu olhar nos olhos
prateados de Oscar quando eu volto para ele, as mãos
fechando em punhos. “Diga-me por que você fugiu de mim
depois que dormimos juntos. Eu quero saber.”

Desta vez, ele ri de mim.

Posso contar com uma mão o número de vezes que ouvi


aquele filho da puta rir.

“Seu pedaço de merda!” Eu chamo quando ele recua de


repente e se vira, indo para o Camaro sem se preocupar em
me responder. “Você não pode correr para sempre, seu
maldito boceta!”

“Saco de bola,” Hael corrige, e eu o soco no peito. O


efeito é menos bobo e mais... excitante do que eu
esperava. Seus músculos são como pedras de merda. “Vejo
vocês degenerados amanhã, então?”

Vic assente uma vez e depois ele, Aaron e eu observamos


os outros três membros do Havoc decolarem no Camaro.
“Por que não vamos ao drive-in para o jantar?” Vic
pergunta, exalando e depois olhando para mim. “Já que
somos apenas nós três hoje à noite.”

Um arrepio percorre-me.

Não vamos buscar as meninas na casa de Jennifer


Lowell até de manhã.

Isso significa... vou ficar a sós com Vic e Aaron, os dois


garotos de Havoc que estão mais distantes, os mais em
desacordo. Também vou operar sob um novo conjunto de
regras. Menina Havoc. Eu consigo definir o que isso significa
entre mim e cada garoto da mesma maneira que eles definem
seus relacionamentos um com o outro. Essencialmente,
somos uma família em que cada par de pessoas decide como
eles querem se comportar juntos.

“Vamos fazer isso,” Aaron diz, virando-se para o Bronco


e depois parando como se tivesse acabado de pensar em
algo. Ele olha de volta para nós e Victor levanta as
sobrancelhas.

“Sim? Você quer algo?” Ele pergunta, sua voz suave,


mas cheia de irritação por baixo. Ele pode ter concordado
com o resto de nós, mas não está feliz com isso.

“Bernadette pode ir comigo esta noite.” Aaron não vacila


em sua declaração nem pergunta; suas palavras não são um
pedido.

“Mm, ok, então,” Victor começa, acendendo um


cigarro. Ou ele está nervoso, ou ele só gosta de uma boa
fumaça depois de um drive-in. Nada demais. Eu nem
considero o fato de que Callum provavelmente matou o cara
que ele atingiu. Meus meninos de preto, eu sinto que eles são
intocáveis. “Quando eu disse que vocês filhos da puta
podiam trabalhar por conta própria, eu não quis dizer que
você poderia me controlar. Eu ainda estou no comando,
Fadler.” Vic acena para mim com o queixo. “Bernie pode
escolher o que ela quer fazer: andar de moto ou de carona
com você.”

Fico lá por um minuto, sentindo como se meu corpo


estivesse sendo separado por dois ímãs poderosos, um de
cada lado, desesperados por um pedaço.

Minha reação inicial é jogar uma moeda e deixar o


destino decidir.

Mas eu tenho que ser mais do que um saco de bola


pendurado que cai em pedaços com um simples movimento
de um dedo.

Desde que eu vim para cá com Vic, e quero saber por


que Aaron está me encarando do jeito que ele está, tomo a
decisão e decido que vou continuar com isso. Não importa o
que.

“Eu vou no Bronco e nos encontraremos lá?” Eu


pergunto, e mesmo que Vic continue fumando seu cigarro e
aja como se não se importasse, seus ombros enrijecem.

“Sim.” Ele joga o cigarro de lado enquanto sigo Aaron


até o carro.

“Eu tenho que dizer,” Aaron me diz quando entro e fecho


a porta atrás de mim, meus olhos voltando para Victor e sua
moto apenas uma vez antes de minha atenção pousar em
Aaron e ficar lá. “Você me surpreendeu, Bernie.” Aaron puxa
o moletom por cima da cabeça e acidentalmente leva a
camisa junto.
Vejo barriga definida, peito e tatuagens, tudo de uma
vez.

O pedaço no peito de Aaron é de uma garota e um garoto


se beijando na chuva, um guarda-chuva transparente acima
de suas cabeças que mostra o céu tempestuoso. Existem até
buracos no guarda-chuva, deixando o casal encharcado pela
tempestade.

Filho da puta.

Fecho os olhos por um minuto e os forço a abrir quando


Aaron joga o capuz no banco de trás e coloca a camiseta de
volta.

“Surpreendido de uma maneira boa, espero?” Eu


pergunto quando ele liga o carro e o aquecedor.

A maneira como ele olha para mim, com cabelos


castanhos ondulados caindo sobre a testa, o ouro em seus
olhos brilhando à luz das estrelas, sinto um tamborilar no
meu peito que me faz ofegar.

“De uma maneira fenomenal,” ele me assegura, olhando


por cima do ombro antes de sair da garagem. Aaron acende
as luzes enquanto descemos a rua escura na direção do
drive-in, aquele do lado Prescott das faixas que serve a
melhor comida. Chama-se Wesley's, em homenagem ao filho
do proprietário. Há rumores de que o garoto foi morto no
campus da Prescott High durante seu último ano. Claro, isso
foi há mais de vinte anos, mas eu sei como a dor funciona. O
tempo não 'cura todas as feridas'. Isso é muita merda. A
única coisa que o tempo faz é estender o período de tempo
entre falhas.
Ainda não consigo olhar para um waffle congelado sem
pensar em Penelope. Realmente, a última vez que vi alguém
comendo um em um comercial, comecei a soluçar muito.
É assim que a dor funciona. Então, mesmo que Wesley esteja
morto há décadas, aposto que seus pais ainda têm
momentos em que não conseguem respirar, onde se
perguntam se vale a pena continuar ou se é melhor desistir.

Olho para Aaron, estudando sua boa aparência


clássica. Ele é atemporal, Aaron é. Ele seria atraente em
qualquer década. Minha boca se contrai levemente e olho
para o meu colo.

Somos apenas eu e ele aqui, com “Flowers on the


Grave”, do Maine, tocando suavemente ao fundo. É uma
música meio triste, dizer adeus à criança que você
costumava ser.

Após cerca de um minuto e meio de ouvi-la, sinto como


se tivesse penetrado em minha alma e meus olhos ardem
com lágrimas. Eu rapidamente alcanço e pulo para outra
faixa.

“Você está bem?” Aaron pergunta, olhando para mim


por um minuto. Parece estranho, que somos apenas eu e ele
agora. Só de pensar em passar algum tempo a sós, faz meu
pulso acelerar. Victor... acabou de nos dar o aval
hoje. Parece impossível, sabendo o que sei sobre ele, mas
então, eu sabia que ele poderia fazer isso. Sabia que
ele faria isso.

Ele não pode negar a nenhum de nós o direito de se


conhecer.

Como Oscar expressou isso?


“Bernadette é membro da Havoc; Hael é um membro da
Havoc. Essas coisas são assinadas e seladas em
sangue; elas não podem ser desfeitas.”

Isso se aplica a qualquer membro deste grupo - até


Victor. Ele criou o Havoc; ele nos disse que a única moeda
que você pode carregar é a verdade. Então, eu sou uma
garota Havoc e ele deve compartilhar. Meu corpo se arrepia
e cruzo os braços sobre o peito enquanto meus olhos se
fecham.

“Eu estou bem,” digo a Aaron, antes que ele comece a


pensar que estou tendo um colapso. “E não se preocupe: não
estou chateada com o drive-in. Bem, não mais chateada do
que uma pessoa com alma deveria estar depois de atirar em
alguém.”

Independentemente de como me sinto, tivemos que


tomar uma posição; a Charter Crew pode recuar e alinhar-se
ou... Bem, olhe para Danny Ensbrook.

“Então o que é?” Aaron pergunta, entrando na


lanchonete drive-in e me surpreendendo ao pedir dois
shakes de chocolate e alguns hambúrgueres. Ele sorri para
mim quando eu olho para ele. “O que? Até os bandidos
precisam comer,” ele diz enquanto coloca o Bronco no
parque. Parece que pode demorar um pouco. Eu reconheço
vagamente alguns dos outros carros estacionados nas
fileiras ao nosso lado, belezas vintage que eu quase posso
garantir pertencerem às crianças de Prescott High. Tenho
tempo de sobra para estudá-los, pois esse é um drive-in
adequado. Nas noites de sexta e sábado, os funcionários
ainda usam patins para trazer a comida.

“Isso é apenas... parece um encontro,” eu digo, embora


Aaron e eu estivéssemos em vários antes. Ainda assim, é
como se o relógio do nosso relacionamento tivesse
reiniciado; tudo parece novo e diferente.

Ele abaixa todas as janelas e desliga o motor,


aumentando a música um pouco mais antes de acenar para
o painel na minha frente.

“Existem alguns baseados lá,” Aaron diz, e eu abro para


encontrar vários deles em um saco plástico. “Essa é a nossa
própria marca, Havoc at Prescott High.” Ele me dá um sorriso
confiante quando abro o saquinho e respiro o perfume. Juro
por Deus que cheira aos corredores daquela escola na
segunda-feira de manhã, como uma mistura pungente de
fumaça de cigarro, perfume barato e lápis recém-afiados.

Mesmo que eu odeie essa escola e odeie esta cidade, há


algo no cheiro que me faz sentir como se estivesse
exatamente onde deveria estar.

“Eu não sabia que vocês tinham sua própria marca, mas
por que também não estou surpresa?” Eu pergunto,
colocando um baseado entre meus lábios pintados de
roxo. Minha escolha de batom do dia é chamada Her
Beautiful Decay, e é uma adorável cor de berinjela com um
pouco de brilho. Mancha o belo papel branco do baseado
quando Aaron se inclina e aperta a roda do isqueiro,
acendendo o final e enchendo o carro com uma fumaça
branca e doce.

Nossos rostos estão tão próximos e seus olhos são tão


intensos. Com a chama do isqueiro ainda piscando, posso
ver todas as variações de cor em suas íris, desde manchas
de ouro metálico até o suave toque de sempre-verde. Minha
respiração para, e eu esqueço de inspirar.
“Bernie, você tem que respirar, ou ele não ficará aceso,”
ele sussurra, mesmo sabendo que eu saiba disso. Inspiro
bruscamente e ele se afasta, deixando a chama acender no
isqueiro. Onde a chama não se apaga, no entanto, é dentro
deste carro. “Sabe, estou muito feliz que Victor tenha parado
hoje com essa merda. Quero que tudo dê certo para você,
para ele, para Havoc.” Aaron para e desvia o olhar, em
direção ao carro ao nosso lado e suas janelas embaçadas.

Não é segredo que os alunos vêm aqui para comer


primeiro e foderem depois.

Os proprietários do drive-in são de South Prescott, por


isso estão cientes de como as coisas funcionam por aqui.

Aaron se vira para mim e há algo diferente em seu


rosto. Não há menos gentileza ou afeição, mas há uma
intensidade que sinto que ele estava segurando antes. Está
em seu olhar quando ele olha para mim, cortando as
besteiras e me esfaqueando no coração como uma
flecha. Mais uma vez, esqueço de respirar e o baseado se
apaga.

Nenhum de nós diz uma palavra quando ele aperta a


roda no isqueiro novamente e se inclina para frente. Desta
vez, porém, ele não consegue nem tocar a chama no
baseado. Em vez disso, sua mão direita tatuada encontra a
parte de trás do meu pescoço e ele me puxa para frente,
forçando-me a encontrar sua boca se eu quiser o privilégio
de beijá-lo.

Este é o Aaron que eu vi na noite do baile, aquele que


eu fodi, mesmo sabendo que não deveria.

“Tudo o que eu quero é ser egoísta,” Aaron murmura, o


que é quase o oposto do que Hael me disse. “Tudo o que eu
quero é que você e eu apenas corte e corra a partir daqui,
para que possamos ficar juntos e foder o resto do
mundo.” Tento me virar, mas Aaron não me deixa. Ele me
mantém lá, nossas bocas próximas, mas não exatamente
beijando, ainda não. Ele segura sobre mim, me fazendo
querer ainda mais. “Vamos ser egoístas esta noite, só eu e
você, Bern. Vamos fingir.”

“Nós não temos que fingir, Aaron,” eu sussurro de volta,


fechando meus olhos com força e tentando me recompor.

Aaron Atlas Fadler.

Uma vez eu o descrevi como um mentiroso, um traidor,


um hipócrita.

Mas então…

Mentiroso.

Ele disse que me amava, mas pensei que não; Vejo


agora, na ferocidade de seu olhar, que eu estava errada.

Traidor.

Senti que ele me traiu, me traiu com um monstro pior


do que uma mulher, uma hidra de cinco cabeças chamada
Havoc. No entanto, enquanto estou sentada aqui agora,
envolta em seus braços escuros, posso ver que nunca houve
realmente outra escolha. Sempre temos que escolher a
Havoc porque significa escolher a família.

Hipócrita.

Ele me fodeu na mesma noite em que me disse que eu


não era nada para ele. Ele tirou meu vestido e me deixou ir
para casa no escuro com nada além de sutiã e calcinha...
depois, ele rasgou até aqueles de mim e me fodeu. De novo e
de novo e outra vez. Me perguntei várias vezes se aquela
noite foi um erro, mas... talvez não fosse?

Talvez estivesse prenunciando a direção que minha vida


iria tomar? A estrada nunca foi reta e estreita, mas
chegamos aqui, não chegamos? Nós nos encontramos,
mesmo com as curvas fechadas, as curvas perversas, os
pontos cegos e os acidentes na estrada.

Aaron Atlas Fadler.

Ele é pior que todos os outros.

Quando olho para ele, não sou apenas obcecada. Estou


ansiosa para ver o que podemos encontrar ao virar da
esquina. Estou dolorida e com saudades do gosto de seus
lábios quando tivemos nosso primeiro beijo. Principalmente,
estou apaixonada.

Eu nunca parei de estar apaixonada.

“Nós nunca temos que fingir novamente,” eu sussurro e


aqui está, essa estranha fratura dentro do meu peito, como
se eu estivesse perdendo a última parede que restou. Victor
recuou; os meninos parecem estar de acordo.

Nossa garota.

Provoque-a.

Irrite-a.

Faça amor com ela.

Foda ela.
Eles disseram que queriam que eu fosse o brinquedo
deles, não é?

Que assim seja.

Eles também disseram que queriam que eu fosse seu


cúmplice: cheque e cheque duplo.

“Bernadette,” Aaron geme, e então ele está se afastando


e empurrando a porta. Por uma fração de segundo, sinto
pânico subir no meu peito. Ele não pode me deixar como
Oscar; isso não é como ele é. Aaron é uma tábua de
salvação. Ele é o único que todos os outros caras deveriam
agradecer porque, sem ele, eu não poderia atura-los, suas
merdas e sua escuridão que tudo consome. “Porra, porra,
porra.”

Observo enquanto Aaron abre a porta traseira e entra,


seu braço serpenteando entre os bancos da frente e
agarrando minha cintura. Sem preâmbulos, ele me puxa de
volta para ele, me colocando em seu colo e depois colocando
sua boca na minha como um cometa. Todo o calor, pressão
e impacto rápidos. Sua língua empurra entre os meus lábios,
deslizando pela minha língua, me provando.

Mais do que isso: me saboreando.

“Victor pode ser seu marido, mas eu sempre serei seu


primeiro amor. Sua primeira vez Bernadette, juro por Deus,
se ele alguma vez tentar nos separar novamente, vou matá-
lo.” Concordo com a cabeça porque não posso falar, não
quando Aaron rosna contra meus lábios e me segura como
sempre deveria.

O som da Harley de Vic se aproximando de nós se


registra em mim, mas não posso me afastar. Em vez disso,
meus braços envolvem o pescoço do Aaron quando caímos
um no outro. O riso sombrio dos outros carros, o leve cheiro
de batata frita e pimenta, tudo se mistura a um borrão de
partículas que não significam nada para mim.

“Ele não pode nos separar novamente; Eu não vou


deixar.” Lambo o lábio inferior de Aaron, sugando-o na
minha boca enquanto ele geme e inclina a cabeça
brevemente nas janelas já embaçadas.

“Porra, mal posso esperar. Eu preciso estar dentro de


você,” Aaron arfa, e aceno mais uma vez, sentando e
rastejando de seu colo de quatro do jeito que ele parece
querer. “Nu, Bernadette. Desta vez, sem camisinha.”

“Sem camisinha,” eu concordo, sem fôlego, meus lábios


quase tocando o vidro da janela. Sou grata pela iluminação
irregular e inconsistente de South Prescott, pelas nuvens
sobre a lua e pela condensação de nossa própria
respiração. Deveríamos ser bastante invisíveis aqui. “Não há
necessidade.”

Eu tenho tomado as pílulas anticoncepcionais que


Oscar me deu, então, pela primeira vez, na verdade não estou
sendo uma idiota irresponsável. Mesmo se não estivesse,
provavelmente faria de qualquer maneira, e você sabe o
que? Eu sei por que também. Porque nunca se tratou de
bebês, de responsabilidades ou nada disso. Eu só quero
estar perto dos meus meninos.

“Você é a única rainha que eu serviria,” Aaron sussurra,


inclinando-se sobre mim. Posso sentir seu pau pressionando
contra a costura na minha calça de moletom, me
provocando. Ele provavelmente está manchando de pré-
sêmen por toda ela, mas eu não me importo. Este momento
vale tudo para mim. “E eu nunca servi realmente a um
rei; Eu o tolerei. Por você.” Aaron estica a mão para desfazer
a amarração na frente da calça, beijando minha orelha e
moendo contra mim. Sua mão direita desliza por baixo da
minha camisa e sobe pela minha barriga nua, encontrando
meu peito e apertando-o com grande ternura. Cada pressão
de seus dedos na minha pele me queima, roubando qualquer
resistência ou dignidade que me resta.

“Você deveria ser o legal,” eu gemo enquanto ele amassa


minha carne, as ondulações lentas de seus quadris me
deixando louca. “Pare de me provocar.”

Aaron ri, e a sensação de sua respiração mexendo no


meu cabelo me faz contorcer ainda mais.

“O que fazemos juntos no quarto não tem nada a ver


com legal, Bernie.” Aaron estende a mão e agarra minha
cintura, tirando a calça de moletom da minha bunda e
expondo meu calor úmido. Eu não posso exatamente abrir
minhas pernas por causa delas. Acho que não importa, já
que o banco em que estamos é tão amplo.

Não há muito espaço lá, então Aaron e eu estamos bem


próximos, presos entre as duas portas dos fundos, para que
ele e eu não tenhamos muito o que empurrar. Em breve
haverá muito atrito aqui.

Uma batida forte na janela faz Aaron rosnar de


frustração, e meu coração pula de medo ao pensar que é
Vic. Se eles se enfrentarem em um confronto, o que eu vou
fazer? Não posso escolher entre eles; é impossível.

“Shakes e comida estão no teto, crianças com tesão,” a


garçonete resmunga, e posso ouvir o zumbido de seus patins
enquanto ela se afasta. Como eu disse, South Prescott,
merda atrevida, pessoas terríveis, sabemos, conhecemos.
Meus dedos se espalham contra o vidro enquanto
suspiro de alívio, mas é uma expressão de vida curta, porque
eu posso sentir o calor do pênis de Aaron esfregando contra
mim. Ele se reposiciona um pouco e depois dirige todo o
caminho para dentro de mim, me fazendo morder o lábio
quando uma sensação avassaladora bate em mim.

Minhas pernas estão apertadas com tanta força, e Aaron


é tão grande que acabo com o rosto pressionado contra o
vidro porque simplesmente não tenho energia ou força de
vontade para me sustentar mais. O que há em Aaron que me
faz querer me submeter?

É porque você sabe que ele te ama o suficiente para


sempre recuar, se você precisar. É por isso. Você pode se
soltar com ele; você esquece de se preocupar com literalmente
qualquer coisa.

Aaron bate uma mão na minha bunda e depois aperta a


carne com os dedos quentes. Em seu braço, ele fez uma
tatuagem com meu nome, um fato que eu não consigo parar
de pensar enquanto ele entra com força e rapidez em mim. O
carro range com nossos movimentos, ajudando a esconder o
som molhado de nossos corpos se unindo.

“Tão bonita, Bernie,” ele ronrona, deslizando a mão para


cima e por baixo da minha camisa novamente. Ele aperta
meu mamilo, comprimindo-o e puxando-o até eu gritar em
êxtase. “Tão linda.” Aaron se afasta um pouco e depois bate
na minha bunda com a mão novamente; ele geme quando
meu corpo aperta o dele. “Você gosta de ser espancada?” Ele
me pergunta, diminuindo a velocidade de seus movimentos,
para que ele possa se inclinar para frente e colocar a palma
da mão na janela, bem por cima da minha. Com a outra mão,
ele amassa meu peito novamente. “Gosta, Bernie?”
“Só quando você faz isso,” murmuro de volta, porque
pela minha vida não consigo imaginar nenhum dos outros
caras fazendo isso sem que eu fique com raiva. “Só você.”

“É isso que eu gosto de ouvir,” Aaron responde, a voz


grossa de calor e necessidade. Ele beija a lateral do meu
pescoço, seu corpo pressionado contra o meu, dedos ainda
batendo e torcendo meu mamilo. Com a mão esquerda,
mantenho-me apoiada, mas com a direita, estendo as costas
e agarro-o, puxando seus cabelos castanhos.

Aqueles lábios dele, tenho um grande prazer em saber


que eles só me pertencem, que sempre me pertenceram. Ele
se guardou, eu penso, mas antes que eu tenha a chance de
pensar que ele é um garoto muito legal, ele me bate de novo
e depois morde meu pescoço com tanta força que eu vejo
estrelas.

“Diga-me que você me escolheria, Bernie, mesmo que


seja uma mentira,” Aaron respira, e sou incapaz de resistir à
sua atração. Não... não, não é isso. Eu não estou
desamparada. Eu nunca fui impotente. Quero ceder a ele
porque eu o amo. Essa é a história longa e curta disso,
realmente. Talvez esteja errado, talvez nossos
relacionamentos sejam todos tóxicos, mas sinto que o que
temos aqui é significativamente menos tóxico do que o
mundo em geral.

“Eu escolheria você,” digo a ele quando ele me fode em


um clímax inicial, e depois usa a pulsação do meu corpo para
encontrar o seu. Quando Aaron geme e me enche de
esperma, é um momento glorioso. Se alguém iria conseguir
um bebê de mim, seria ele.

Permanecemos juntos por muito mais tempo do que é


realmente necessário, nenhum de nós querendo se mover e
quebrar o feitiço do momento. Ele é quem realmente limpa a
cabeça primeiro.

Aaron faz o possível para se desembaraçar de mim,


desmoronando no canto oposto enquanto luto para me virar,
calças enroladas nas minhas pernas. Nós olhamos um para
o outro do outro lado do assento, respirando com dificuldade
e encharcados de suor. Ele coloca a mão no rosto, o cotovelo
apoiado na porta, dedos tatuados cravando em seus
cabelos. O sorriso que ele me dá é todo menino bom que
virou mau, e eu estou vivendo para isso.

“Bernie,” ele diz, e então ele começa a rir. Empurro de


onde estou sentado e rastejo até ele, caindo em seus
braços. Aaron passa o braço direito em volta da minha
cintura e me abraça, colocando os lábios nos meus cabelos
enquanto seu corpo treme com mais risadas.

“Aaron...” Eu começo, enterrando meu rosto na lateral


do pescoço dele. E então começo a rir também. Porque é aqui
que sempre fomos destinados a terminar, eu e ele. Fodendo
no banco de trás de um carro velho em um drive-in enquanto
nossos shakes derretem e nossas batatas fritas esfriam. Isso
aqui é tudo para mim.

Eu e Aaron.

“Você valeu a pena esperar,” ele sussurra no meu


cabelo, e eu bufo.

“Eu poderia dizer o mesmo para você,” murmuro


enquanto ele envolve os dedos nos meus cabelos e me
incentiva a puxar minha cabeça para trás para um
beijo. Nossas bocas se encontram, e juro por Deus, ele tem
gosto de finais felizes e desgostos, ao mesmo tempo. “Não se
atreva a me deixar de novo, Aaron Fadler,” eu o aviso,
tocando o lado do rosto dele quando ele se vira para
pressionar os lábios na minha palma. “Sério.”

“Se eu tiver algum controle sobre meu destino,


Bernadette Blackbird, prometo que nunca mais deixarei
você.”
Aaron e eu gastamos nosso tempo fumando um baseado
e comendo nossa comida. Chegamos a fazer outro pedido de
sobremesa, e nossa garçonete malvada traz mais dois
sundaes enfiados em copos de plástico e cobertos com fudge
de chocolate quente derretido.

“Eu acho que queimei minha língua,” Aaron me diz,


olhando na minha direção quando ele liga o Bronco. Eu
sorrio de volta para ele enquanto cavo no fundo da minha
xícara as últimas mordidas de amendoim e sorvete. “Mas
valeu a pena.”

“Valeu muito a pena,” eu concordo, tentando manter


meu rosto neutro. “E eu não quero dizer apenas os sundaes
e os doces. Estou precisando desesperadamente de um
banho.” Aaron ri de mim, seu olhar varrendo sobre mim
enquanto olho de volta para ele. Não terminamos esta noite,
nem chegamos perto.

Victor fica o tempo todo, sentado em uma das mesas de


piquenique em frente ao local onde sua moto está
estacionada. Tenho certeza que ele está nos vigiando, o que,
sem surpresa, me faz gostar mais dele. Ele deixou eu e Aaron
em paz; ele vigiou.
É assim que Havoc deveria trabalhar, porra.

Nós podemos ser capazes de voar, não é?

Vic não se incomoda em pegar sua moto e sair até ver


que estamos fazendo o mesmo.

Aaron faz o Bronco parar na beira do estacionamento e


depois faz uma pausa, virando a cabeça para olhar para a
esquerda, pela janela parcialmente rachada.

“Que porra é essa?” Ele pergunta enquanto eu levanto


meu pescoço para ver o que ele está olhando. “Essa é a
parceira do Coisa?” Aaron leva um tempo no sinal de parada,
e os outros carros atrás de nós esperam a porra da sua vez.

Eles sabem a quem pertence o Ford Bronco de 96.

Coloco meu copo de sorvete vazio no porta-copos e


depois me inclino para frente para ver melhor.

Com certeza, essa é Sara Young, inconfundível com


seus cabelos loiros brilhantes e rosto branco. Ela está
sentada em um Subaru de cor marrom com os faróis
apagados, comendo um hambúrguer. Ela não está olhando
para nós agora, mas não consigo imaginar um policial que
mora na área Fuller de Springfield saindo da sua rota para
visitar o poço de graxa do lado sul conhecido como Wesley's.

Confie em mim.

Se um policial começasse a frequentar esse lugar, todos


saberíamos.

“Você acha que ela está nos seguindo?” Pergunto, mas


Aaron apenas volta para o para-brisa com os lábios
contraídos em uma linha fina. Ele não diz nada, quando
saímos com muito cuidado do estacionamento e entramos na
estrada de terra que corta entre duas partes vazias da
propriedade. Digo a palavra propriedade muito
livremente; esses lotes nada mais são do que arbustos,
garrafas de vidro quebradas e pichações proclamando que
esse é um território de destruição.

“Eu diria ...” Aaron começa quando finalmente pegamos


a estrada asfaltada que leva de volta aos subúrbios entre
Fuller e Prescott, onde fica sua casa. Os faróis ficam atrás de
nós, mantendo uma distância cuidadosa. É o Subaru. “Sim.
PORRA, Jesus Cristo. Ligue para o Vic.”

Pego o telefone e ligo para o nosso destemido líder.

Ele não atende no primeiro toque, provavelmente


porque está na Harley. Mas ele me liga menos de um minuto
depois.

“Fale comigo, baby,” ele diz, apertando os músculos do


estômago em apreciação por aquela voz estridente.

“Precisamos desembaraçar o ninho de égua,” digo com


cuidado, sem saber o quanto devo dizer aqui. Existem várias
maneiras de alguém captar nossa conversa por telefone, se
realmente quiser. “E precisamos fazer isso antes de
chegarmos em casa.” Espero que ele entenda o significado
das minhas palavras enquanto lambo meus lábios. Eles
ainda têm gosto de Aaron, como cola de cereja e malditos
sonhos adolescentes. “Alguma coisa que você precisa da loja
antes de irmos para lá?”

“Ah,” Vic diz com uma risada profunda. Ele vibra meu
corpo, mesmo por telefone e separado como estamos. “Diga
a Aaron que ele deve levá-la a banho de lama. Faz um
encontro divertido. Te vejo quando você chegar aqui. Fique
segura, princesa.”

Ele desliga antes que eu metaforicamente morda o pau


dele por me chamar de princesa novamente.

“Ele diz que você deve me levar para um banho de lama,”


digo a Aaron, minha voz mostrando claramente que não
tenho ideia do que esse plano de backup significa. Aaron
sorri com força e assente, entrando em um estacionamento
vazio para voltar. Dentro de dois minutos, Sara Young está
atrás de nós novamente.

“Eu mal posso esperar para você ver isso,” Aaron me diz,
levando-nos por algumas áreas degradadas de South
Prescott - decadente, quero dizer, como prostitutas em todos
os cantos e pessoas desmaiadas com agulhas nos braços - e
mais para a pista de corrida. Não está em uso desde o final
dos anos cinquenta, mas as crianças locais mantêm tudo por
conta própria. Às vezes, os caras da Prescott vem aqui para
pilotar carros clássicos.

A piloto mais famosa de todos eles é Scarlett Force, uma


garota que se formou apenas um ano antes de eu e os
rapazes começarmos na Prescott High. Ela se tornou uma
lenda, tão famosa por seus carros e suas proezas nas
corridas quanto por namorar seriamente três homens ao
mesmo tempo.

Vai fundo, garota.

“Ok, isso eu mal posso esperar para ver,” eu digo


enquanto Aaron dá um sorriso que em qualquer outra escola
do estado concederia a ele o título de Rei dos idiotas
arrogantes.
“Coloque o cinto de segurança, Bern, e eu vou te
mostrar.” Aaron acelera, enviando o Bronco através do
portão (isso é realmente apenas uma abertura, já que o
portão está ausente há anos) e entra na propriedade. Há
uma pequena entrada à direita que atravessa o que
costumava ser a arquibancada da multidão.

Nós passamos por isso e derrapamos na pista. Como é


dezembro e chove pra caralho em Oregon, a pista de terra
está cheia de buracos e poças de lama. Não chegamos a cinco
segundos antes de atingirmos o primeiro e o para-brisa está
salpicado de lama.

Inclino-me para frente e ponho as mãos no painel


enquanto Aaron nos leva pela pista, atingindo cada
solavanco e fazendo o Bronco voar. Meu estômago termina
com asas, tremulando na garganta enquanto pulamos e
caímos como se estivéssemos em uma montanha-
russa. Aaron solta um grito e aumenta a música; “Tears
Don't Fall” de Bullet For My Valentine está tocando agora,
como uma trilha sonora para o nosso encontro rápido.

Do outro lado da pista, Aaron diminui um pouco e


abaixa minha janela.

“Você a vê?” Ele pergunta, o som agudo de suas


palavras cortando a música. Esta parte da pista cai muito
abaixo da linha de partida onde estão as arquibancadas. É
fácil ver o estacionamento daqui e observar que o carro de
Sara Young está, de fato, lá com as luzes apagadas.

“Sim,” eu respondo, molhando meus lábios


repentinamente secos. Precisamos perdê-la sem, você sabe,
mostrar que é isso que estamos fazendo. Obviamente, eu
tenho certeza que ela poderia descobrir onde Aaron mora, se
ela realmente quisesse, mas ela não precisa saber que eu
estou lá hoje à noite. Ou que Vic está lá. Ou que os outros
Garotos Havoc não estão.

É melhor deixar a polícia com o mínimo de informações


possível.

“Fantástico,” Aaron diz, acelerando novamente e nos


atirando para fora da pista e na floresta. Há um caminho
limpo aqui, um que obviamente existe há muito tempo. Eu
nunca estive na cena das corridas em Prescott High, então
não sabia nada sobre isso. Aaron apaga as luzes e consegue
nos tecer através da escuridão das árvores, como se ele
tivesse feito isso um milhão de vezes antes. Ou isso, ou acho
que ele é apenas um motorista fenomenal. Lembro-me dele
navegando pela floresta escura até a cabana do diretor
Vaughn; ele também não usou as luzes.

“O que diabos é isso?” Eu pergunto e Aaron ri, virando


a cabeça para me olhar com uma expressão atrevida em seu
lindo rosto.

“É aqui que seus avós provavelmente vinham foder,” ele


diz, e faço uma careta quando o Bronco sai da floresta e entra
em uma antiga área de camping enterrada no meio da
mata. Os letreiros são antigos e um deles claramente tem
uma placa de metal anexada que diz Acampamento
fechado. “Este costumava ser o ponto de encontros antes da
expansão suburbana de Springfield,” Aaron explica, virando
à esquerda e serpenteando por uma estrada estreita de pista
única que se conecta a um bairro na orla da floresta. “Você
poderia realmente acampar aqui e não ver as luzes da
cidade.”

Olho pela janela para a escuridão das árvores enquanto


Aaron rola lentamente pela rua tranquila e vira à esquerda
novamente, enviando-nos profundamente para um belo
bairro Fuller. É engraçado para mim, porque sei que as
crianças que moram aqui, nos arredores do bairro, são
consideradas as 'pobres' na Fuller High.

“Isso foi legal pra caralho,” digo a Aaron enquanto ele


estende a palma da mão, e dou-lhe um high five. Mesmo essa
pequena quantidade de contato faz minha mão formigar, e
eu respiro fundo. “É para onde vocês sempre vão se alguém
está te seguindo?”

“Não alguém,” Aaron corrige, seus olhos igualmente


focados no espelho retrovisor, assim como eles estão no
para-brisa. Ele está procurando Sara. Me viro para olhar,
para que ele não precise. “As autoridades. A maioria das
crianças Prescott conhece a estrada, então não ajuda muito
lá.”

“Bem, parece que funcionou em Sara; Não a vejo em


lugar algum.” Me viro até estar sentada corretamente no meu
lugar.

“Mas temos um ponto de encontro por aqui,” Aaron diz,


diminuindo a velocidade do Bronco e abaixando a janela,
para que ele possa apontar a loja de conveniência de 24
horas na esquina. “Eles têm um banheiro com uma porta de
aço e uma fechadura. Se você está fugindo e precisa de um
lugar para se esconder, tente este lugar. Mesmo se você não
tiver acesso ao seu telefone. Se um de nós desaparecer,
sempre verificamos aqui.”

“Sim?” Eu pergunto, me sentindo atrevida quando me


inclino contra o assento e olho para Aaron. “E com que
frequência um de vocês desaparece?” Aaron apenas ri e
encolhe os ombros.
“Nunca?” Ele oferece, o que me faz sentir um pouco
melhor. Eu o assisto mandar uma mensagem de texto em
seu telefone e acho que ele está deixando Vic saber que
estamos bem. “Mas pelo menos você sabe que isso está aqui
agora.” Aaron enrola as mãos no volante e olha pela janela
com olhos duros por um momento. “Temos tantas pequenas
armadilhas para ratos, esconderijos e tocas pela cidade; você
merece um passeio.” Ele olha para mim com um meio
sorriso, seus cabelos castanhos ondulados caindo sobre a
testa. “Deixe-me mostrar a você algum dia?”

“Você está me pedindo um outro encontro, Aaron


Fadler?” Eu pergunto, e ele sorri.

“Se eu estivesse, você diria que sim?” Ele pergunta de


volta, erguendo as duas sobrancelhas.

“Sempre,” eu respondo, e seu sorrisinho se transforma


em um sorriso. Aaron acelera, nos levando pelo caminho de
volta pelo bairro até entrarmos na entrada ao lado da Harley
de Vic.

Quando entramos em casa, encontramos Victor


esperando na sala escura, fumando um cigarro. Ele nos
observa enquanto entramos, seus olhos refletindo a luz como
os de um gato.

“Divertiram-se?” Ele pergunta, mas não consigo decidir


se ele está falando sobre a gente ir tomar banho de lama para
escapar da Sara Young, ou sobre a gente foder. Melhor ser o
primeiro. Não é como se ele não estivesse no drive-in o tempo
todo nos vigiando. Como eu disse, ele é um bom ator quando
precisa ser. E agora, ele está sendo tão líder quanto quando
nos disse para disparar o quanto quisesse.
Ele está realmente tentando não sair do controle; eu
aprecio isso.

“Nós nos divertimos,” eu digo, e então me ocorre algo


que me sinto estúpida por não ter pensado antes. Isso
apenas atinge meu cérebro como um relâmpago e então está
lá fora, e eu não posso voltar atrás. “Mas seria tão divertido
quanto se você se juntasse a nós lá em cima.”

Aaron fica mais rígido ainda atrás de mim, uma mão


segurando meu quadril possessivamente. Mas ele não
protesta, nem mesmo quando Vic ri, o som baixo e grosso
como fumaça.

“Realmente? Você acha que eu sou o tipo de cara que


gosta de compartilhar? Sem chance no inferno.”

“Por quê?” Aaron retruca imediatamente, acariciando


meu cabelo. Nós dois notamos os ombros de Victor
enrijecerem, sem dúvida. “Você está com medo de não poder
competir?”

O silêncio se estica, tenso e perigoso, e Victor resmunga,


levantando-se da cadeira.

“Fico feliz em ver que você perdeu a cadela


policial. Teremos que ter mais cuidado a partir de agora. Ela
é uma pequena guerreira da justiça tenaz.” Victor se dirige
para a cozinha, mas eu não terminei com ele.

Aparentemente, Aaron também não.

“Você não pode continuar fugindo de mim porque acha


que eu sou uma ameaça,” ele desafia, fazendo uma pausa
em frente à ilha e colocando as mãos sobre ela.
Victor para no meio da cozinha, virando-se tão
lentamente que quase tenho certeza de que ele está prestes
a apontar uma arma para Aaron. Em vez disso, ele apenas
levanta as sobrancelhas em surpresa.

“Uma ameaça?” Ele pergunta, e mesmo que ele não ache


que Aaron seja um deles, há definitivamente uma ameaça
aparente em suas palavras. “Aaron, meu amor, meu amigo,
meu amado irmão.” Vic se move para o lado oposto da ilha
enquanto eu estou no final dela, presa entre dois dos meus
meninos e suando. “Você não é e nem nunca foi uma ameaça
para mim.”

Aaron não vacila, mantendo um olhar sem piscar que


ele mantém nivelado no rosto de Vic.

“Não?” Aaron ecoa, balançando a cabeça e


sorrindo. “Porque você com certeza age assim. Por que você
está com tanto medo então? Você acha que se a fodermos
juntos, ela me escolherá em relação a você quando houver
uma comparação direta?”

Vic sorri, e é aterrorizante.

“Aaron, você sabe por que eu deixei você tê-la uma


vez? Hmm? Você realmente quer saber?”

“Porque você a amou o suficiente para reconhecer que


eu era o único de nós que poderia dar a ela a vida que ela
realmente queria?” Aaron ri no final dessa declaração,
batendo os dedos no balcão. “Se você não tivesse medo de
mim, não teria me pedido que a entregasse para Havoc. Você
poderia ter usado seus poderes para o bem, sabia? Proteger
a mim e minhas irmãs sem me pedir para desistir de nada.”
Um longo trecho de silêncio preenche o espaço após as
palavras de Aaron enquanto olho rapidamente entre os dois
garotos. Espera. Dois homens? Sim. Dois homens. Faz um
tempo desde que qualquer um deles era realmente um
menino em seu coração ou corpo.

Tento decidir se devo falar ou deixar isso acontecer


como quiser.

Mas isso precisa acontecer há algum tempo, não é?

“Você está por um fio comigo,” Vic diz, optando por


seguir como chefe de Aaron, em vez de responder
diretamente às suas palavras. “Como eu disse, eu lhe disse
que você poderia fazer o que fosse com Bernie; Eu não lhe
dei permissão para se rebelar. Então, o que você quer fazer
agora, Aaron Fadler? Lutar comigo no escuro da noite e
acabar sangrando no chão da cozinha?”

“Não.” A voz de Aaron é firme e dura quando ele se


aproxima para ficar mais perto de mim. “Quero que aceite o
desafio da Bernie. Pare de ser tão malditamente egoísta e
transe com ela comigo. Se você estiver certo, o que você tem
a perder? Estamos nisso há muito, muito tempo. E eu te
odeio há muito, muito tempo. Você não está cansado? Você
não quer apenas deixar para lá? Estamos nisso juntos,
cara.”

Victor olha de Aaron para mim, seu olhar de obsidiana


um vazio sem fim na cozinha escura. Olho de volta para
ele. Ele apenas nos deu a aprovação e já existem
problemas. Me prove que você pode fazer isso, eu
penso. Todo esse tempo, eu queria ver Hael desobedecer às
ordens de Vic - o que ele fez na Ferrari. Todo esse tempo, eu
queria ver Aaron lutar por mim - o que ele está fazendo agora.
Tudo o que eu quero é que Vic faça algum sacrifício por
mim.

Ele disse que seu amor era egoísta, mas é? Não precisa
ser assim.

“Bernadette,” Victor diz finalmente, a voz


suavizando. “O que diabos você fez com minhas bolas?” Ele
murmura, e mesmo que eu saiba que ele está tentando ser
um idiota, decido deixar a situação leve.

“Drenei-as no meu ventre?” Eu brinco, e ele bufa, dando


um sorriso nítido.

“Justo.” Vic olha para Aaron e depois exala, deixando


seus ombros relaxarem um pouco. “Tudo bem, ok. Nunca
tive um trio antes, mas acho que há uma primeira vez para
tudo.” Ele acena com a cabeça na direção do quarto no andar
de baixo. “Vamos levar isso para a cama, então?”

“Só não pense que você vai me chutar no meio disso


como você fez com Hael,” Aaron brinca, e Victor ri.

“Bro, se eu decidir te expulsar, você vai sair.” Victor faz


uma pausa quando dou a ele um olhar ameaçador e, em
seguida, levanta as duas mãos, com as palmas para
fora. “Jesus Cristo, Bernie. Não vou expulsá-lo por sua
causa, mas se eu fosse...”

Aaron faz uma careta quando Vic abre a porta do


quarto, mas ele não aumenta a situação e eu aprecio.

“É estranho você estar aqui?” Eu pergunto a Aaron


quando ele para do lado de fora da porta e olha em volta
brevemente. Não é como se ele nunca viesse aqui; ele dormiu
aqui na noite seguinte depois de levar um tiro. Mas também
não parece que ele esteja particularmente confortável. Sei
que ele disse que Vic merecia este quarto porque ele é o
chefe, mas na verdade estou me perguntando se há mais do
que isso.

“Não,” Aaron diz lentamente, mas estou me


perguntando se isso é mentira. “O colchão é novo, então não
é como se estivéssemos prestes a foder na cama real dos
meus pais.” Ele estremece e passa a mão no rosto, o luar
destacando as melhores características. Coloque Aaron e
Victor lado a lado, e você pode pensar que um é o bom garoto
clássico e o outro o mau clássico. Os recursos de Aaron são
um pouco mais suaves; Victor parece que come vidro no café
da manhã.

No entanto... não tenho dúvidas de que se Vic me


machucasse, Aaron o mataria. Papai Urso, lembra? Ele é
feroz como o inferno quando se trata de proteger aqueles que
ama.

Victor senta na cadeira ao lado das portas de vidro


deslizantes e tira as botas, nos observando como um leão
perseguindo sua presa pelas terras da África.

“Vocês dois vão conversar a noite toda ou vamos


transar?” Ele pergunta, me fazendo cerrar os dentes.

“Você está apagando toda a boa vontade que ganhou


observando o drive-in,” eu estalo, e Vic mostra seus dentes
brancos em um sorriso zangado.

“Diga-me que você me escolheria, Bernie, mesmo que seja


uma mentira,” Vic ecoa, erguendo a voz alta. É uma piada
engraçada, tanto faz, mas Aaron tem uma voz masculina
agradável e suave, por isso não tem verdade. Minhas
bochechas coram quando chego à horrível conclusão de que
Vic provavelmente poderia ouvir cada palavra maldita que
Aaron e eu dissemos um para o outro. Fantástico.

Aaron range os dentes, mas em vez de retaliar, ele


estende a mão e envolve um braço em volta da minha
cintura, me puxando para ele. Com dois dedos tatuados, ele
levanta meu queixo para que eu esteja olhando para seu
lindo rosto.

“Estou feliz que ele nos ouviu,” ele me diz, e minhas


bochechas ficam vermelhas com o calor. “Porque agora ele
sabe o que realmente está enfrentando.” Vic ri atrás de mim,
mas eu o ignoro em favor de Aaron. Quando seu primeiro
amor levanta seu queixo, seus olhos verdes salpicados de
ouro e luz das estrelas, você não presta atenção a nenhum
outro homem. Em vez disso, você o beija e saboreia a doçura
em seus lábios.

Nossas bocas se encaixam como peças de quebra-


cabeça, e eu deixo meu corpo ficar um pouco mole quando
Aaron me segura contra ele e me beija como o príncipe de
conto de fadas que eu estou sempre brincando, aquele que
Callum parece, mas nunca poderia ser. Ele é muito
distorcido por dentro, um fato sobre ele que eu amo, mas...
o torna incapaz de assumir esse papel.

Não, esse papel pertence a Aaron Fadler.

Estou realmente começando a afundar no beijo de


Aaron quando sinto dedos quentes no meu braço. Mesmo
através do tecido grosso do capuz que estou usando. O toque
de Victor me queima em cinzas.

“Você acha que essa é a maneira correta de beijar uma


garota?” Vic pergunta, bufando ironicamente. “Como se você
estivesse pedindo permissão para ela te amar? De jeito
nenhum.” Aaron se afasta um pouco, os olhos se estreitando
por cima do meu ombro. Eu me viro quando Vic dá um puxão
gentil no meu braço e me vejo envolvida em seu forte abraço.

Victor me agarra pela nuca, me segurando


possessivamente enquanto cobre minha boca com a dele, me
reivindicando com os dentes e a língua. Eu caio contra ele,
mas não é apenas Vic quem está me tocando. As mãos de
Aaron encontram o seu caminho para os meus quadris, e
sua boca pressiona beijos suaves no chupão que ele deixou
no meu pescoço antes.

Cada homem por si mesmo é um deleite


carnal. Justapostos um contra o outro? Suas melhores
qualidades vêm à tona.

“Eu não posso me sustentar,” eu sussurro contra a boca


exuberante de Vic.

“Você não precisa,” ele responde enquanto empurra


meu corpo contra Aaron, para que eu fique presa entre suas
formas musculares, me afogando em tatuagens e calor
doce. Jesus porra Cristo.

“Você disse brinquedo,” eu sussurro, e Vic ri de mim,


levantando a cabeça para olhar para Aaron. Não sei
exatamente o que eles estão se comunicando com os olhares
deles, mas eles trabalham como uma unidade há anos. Ouso
dizer, suas habilidades de comunicação são melhores juntos
do que comigo.

“Eu disse, não foi?” Vic pergunta, e então ele e Aaron


me incentivam a ir para a cama. Sento-me com força
enquanto eles estão na minha frente, os ombros quase se
tocando. “Eu não sou gay, mas você tem sorte, porque como
homofóbicos no café da manhã. Não dou a mínima se
tocarmos por acidente.” Victor olha para Aaron por um
momento antes de se voltar para mim. “Suba nessa cama.”

Vic tira a camisa pela cabeça, pegando a calça de


moletom em seguida. Ele as empurra sobre seus quadris
musculosos, revelando aquele belo pau dele. Aaron faz o
mesmo, jogando as roupas para que, quando ambos subam
na cama comigo, fiquem completamente nus.

“Não acho justo que você ainda esteja vestindo roupas,”


Aaron me diz, chupando meu lóbulo da orelha e depois
mordiscando minha garganta. Vic já está um passo à frente,
empurrando meu casaco para que ele possa ter acesso aos
meus seios. Sua boca desce em um, língua quente girando
em torno do meu mamilo. Ele se afasta um pouco, roçando
os lábios contra mim enquanto responde a Aaron.

“Pelo menos há uma coisa em que podemos concordar,”


Vic murmura, e então ele morde meu mamilo e eu solto um
pequeno grito. O prazer se enrola no meu peito enquanto eu
aperto a cabeça de Vic nos meus seios, segurando-o
firmemente contra mim.

Não querendo ser desfeito por seu rival, Aaron desliza a


mão na minha calça de moletom e usa a bagunça que
fizemos anteriormente para me acariciar com os
dedos. Ainda estou encharcada, não tive a chance de me
limpar. É sujo e cru e, oh, tão deliciosamente carnal.

“Eu não posso tirar minhas roupas com vocês dois me


provocando assim,” eu gemo, me contorcendo debaixo
deles. Vic se afasta um pouco quando Aaron retarda o toque
tentador de seus dedos.

“Trégua por tempo suficiente para deixá-la nua?” Aaron


pergunta, e Vic encolhe os ombros.
“Foda-se. Vamos fazer isso.”

Victor tira meu capuz pela minha cabeça e o joga de lado


enquanto Aaron cuida dos meus moletons, puxando-os pelos
meus quadris e parando apenas brevemente para que eu
possa chutar minhas botas. Minha pele parece que está
pegando fogo, e fico feliz por estar livre do tecido. Prefiro ter
as mãos de Vic e Aaron por toda a minha pele.

Desta vez, quando Aaron vai deslizar um dedo dentro de


mim, Victor está lá com ele. Acabo com um dedo de cada
garoto, provocando calor e fricção entre minhas coxas.

Eles se encaram sobre minha forma nua, os olhares se


chocando.

“Você tem certeza que pode lidar com a minha raça de


imbecil, Fadler?” Vic provoca, mas Aaron apenas sorri em
resposta.

“Você tem certeza de que pode lidar com o fato de que


eu fui o primeiro, e sempre serei? Você nunca pode tirar isso
de mim, Vic.”

Há um momento de quietude antes que Victor muito


lentamente, com muito cuidado, abaixe a boca de volta ao
meu peito, os olhos fixos em Aaron. Por outro lado, Aaron faz
o mesmo, e eu acabo com meus mamilos presos em bocas
quentes e famintas.

Meus quadris batem contra suas mãos enquanto eles


me dão prazer com os dedos, conseguindo manter seus
movimentos bastante sincronizados, apesar da tensão na
sala. Aaron é o primeiro a usar o polegar no meu clitóris,
fazendo meu corpo dolorido palpitar e pulsar em
resposta. Ainda não me recuperei totalmente de fazer sexo
com Aaron no drive-in. Sinto-me sobrecarregada agora,
insaciável.

Provavelmente é uma coisa boa, considerando que a


palavra Havoc tem cinco letras, certo?

Deve haver alguma deusa travessa me vigiando,


certificando-me de que realmente posso lidar com cinco
idiotas de sangue quente.

“Não seja egoísta, Aaron,” Vic desafia através do meu


corpo nu. “Você não pode ter o clitóris dela só para você.”

“Estou surpreso que você saiba o que ou onde está um


clitóris. A sua coisa é wham, bam, obrigado, senhora, não
é?” Aaron retruca, deslizando pelo meu corpo para colocar
seus lábios onde seus dedos estavam. Victor retira sua
própria mão, deixando Aaron me dar prazer entre as
coxas. Mas o olhar no rosto de Vic promete que ele ficaria
feliz em causar danos em outro lugar.

“Seu namorado não gosta de andar na linha, não é?” Vic


retruca, rolando por um breve segundo para vasculhar a
gaveta da mesa de cabeceira. Ele volta com uma garrafa de
lubrificante fechado, torcendo a tampa e removendo o
selo. “Presente de Hael,” ele resmunga, e juro, eu sorriria se
Aaron não estivesse colocando seus dedos em mim e
chupando meu clitóris ao mesmo tempo. “Mas nunca
precisamos disso para essa sua boceta lisa, não é?”

“Cale a boca,” eu gemo, mas estou literalmente me


afogando em felicidade aqui, então acho que não posso
reclamar. Aaron é o anjo no meu ombro; Victor é o diabo. Tê-
los ao mesmo tempo é uma fantasia que eu tinha certeza que
nunca poderia se tornar realidade. No entanto... aqui
estamos nós.
Vic abre a parte de cima no lubrificante e depois
derrama uma quantidade generosa nos montes pálidos dos
meus seios. Demoro um segundo para tentar descobrir qual
é o jogo dele aqui. Eu deveria ter assumido que era algo
desagradável, considerando que é Victor Channing.

“Segure suas tetas para mim, sua majestade,” ele brinca


quando Aaron levanta a cabeça apenas um pouco para olhar
para nós.

“Você realmente não vai fazer isso, vai? Como isso a


ajuda, seu idiota?”

“Isso a ajuda bastante; estimulação visual,” Vic retruca,


agarrando minhas mãos e curvando as dele com tinta por
cima. Ele empurra meus seios juntos e depois solta,
deixando-me segurá-los no lugar. E então ele sobe em mim,
deslizando seu pau entre os meus seios.

Puta. Que. Pariu.

Aaron amaldiçoa Vic por entre minhas coxas, e eu sinto


seu corpo se mover enquanto ele se ajusta, encontrando
minha abertura com seu pau ao mesmo tempo em que Victor
começa a empurrar. Mordo meu lábio quando seu grande
corpo se move acima de mim, os músculos de sua barriga
contraída a cada movimento. Ele se mantém apoiado com
facilidade, seus braços mais do que fortes o suficiente para
suportar seu peso. E, por mais irritante que ele seja, por
mais que eu o odeie e o ame ao mesmo tempo, ele está certo:
é um prazer visual.

Seu pênis desliza entre os meus seios como se ele


estivesse me fodendo entre as coxas ao mesmo tempo em que
Aaron entra em mim. Sensações surgem através de mim
como estrelas cadentes, iluminando o céu noturno que de
outra forma compõe minha alma. Mas não é o sexo; são os
meninos. É a presença deles e sua conexão comigo que faz
tudo parecer tão bom, que faz o mundo parecer mais
brilhante.

Depois de encontrar essa conexão com alguém, nunca


mais é só sexo depois disso, né?

Eu posso sentir as mãos de Aaron nas minhas coxas,


mantendo minhas pernas afastadas enquanto ele se move
fundo e devagar, ao contrário aos impulsos duros e selvagens
de Vic. Até seus aromas se misturam, criando essa euforia
sonhadora de âmbar e rosa, almíscar e sândalo, suor e sexo.

“Jesus Cristo, você tem seios bonitos,” Victor murmura,


e eu simplesmente perco. Suas palavras são vulgares o
suficiente, mas há calor por trás delas, querer. Ele está
obcecado por mim da mesma forma que eu estou por ele, e
isso o torna vulnerável o suficiente para que eu queira
mais. Perco a luta com meu próprio corpo antes de qualquer
um dos garotos, tão enrolada neles que não consigo resistir
ao clímax quando me aperta, deixando-me desossada e sem
fôlego.

Minhas mãos caem dos meus seios e Vic diminui,


olhando para mim entre seus braços.

“Você não terminou, não é, Bernie?” Ele pergunta,


sentando ao meu lado e pegando seu pau na mão. Ele torce
o punho como um saca-rolhas, gemendo e xingando
baixinho.

Pelo menos agora eu posso ver Aaron, ofegando e


suando entre as minhas pernas. Ele rapidamente cobre meu
corpo com o seu, deslizando sua língua ao lado da minha
garganta e usando o lubrificante escorregadio nos meus
seios para brincar com meus mamilos.

“Se ele pode brincar com os brinquedos de Hael, eu


também.” Aaron empurra e desliza para fora de mim, me
fazendo gemer e me contorcer de frustração.

“Vocês vão ser a minha morte,” murmuro, esfregando as


mãos no rosto e me perguntando como diabos acabei aqui,
com o amor da minha vida e meu marido juntos. Deve ser,
tipo, karma ou algo assim. Ou talvez seja apenas
equilíbrio? Talvez a vida tenha jogado tanta merda no meu
caminho que ela só teve que me dar algo legal para brincar?

É melhor que essa cadela não seja apenas uma


biblioteca de empréstimos, se é que você me entende.

Victor apenas bufa enquanto Aaron rasteja sua bunda


nua e tatuada até a gaveta e vasculha, chegando com uma
pequena caixa que o faz sorrir.

“Perfeito,” ele diz, e Victor revira os olhos, levantando-se


para pegar um maço de cigarros, para que ele possa acender.

“Como se você soubesse usar um desses, Fadler.” Vic


me olha enquanto levanto meu corpo subitamente pesado
para cima da cama e para dentro dos travesseiros. Por uma
fração de segundo, minha mente vai para Hael e eu me
pergunto como ele vai lidar com o fato de saber que nós três
transamos aqui juntos. Quero dizer, visto que ele foi expulso
desse quarto há pouco tempo.

Terá sentimentos feridos ou, no mínimo, raiva justa, de


um jeito ou de outro.

Mas isso é um problema para outro dia.


“Só porque eu não fodi meu desejo por Bernadette com
outras garotas, isso não significa que eu sou um
idiota.” Aaron sorri quando abre a embalagem e joga a caixa
para o lado, girando um item de borracha preta no dedo que
está tatuado com a primeira letra do nome. Com essa
expressão no rosto, é fácil acreditar que ele é
o A no HAVOC. “Eu sei como usar um anel peniano, Vic. Se
o melhor que você pode fazer é montar os peitos dela como
um animal selvagem, então, na verdade, não tenho nada com
que me preocupar.”

Aaron usa um pouco do lubrificante para deixar o anel


escorregadio antes de deslizá-lo pelo comprimento de seu
eixo coberto, gemendo e deixando a cabeça cair para trás em
prazer. O luar vindo de fora traz todos os tons de chocolate
em seus cabelos, fazendo-o parecer selvagem e muito bonito
ao mesmo tempo. Um animal bonito, é o que ele é.

Ele se move de volta para mim, colocando as palmas das


mãos na minha caixa torácica e deslizando os dedos pela
curva profunda da minha cintura e pelo aumento generoso
dos meus quadris. Eu nunca fui magra; um fato que Pamela
sempre fez questão de me lembrar. Mas eu também nunca
quis ser. Uma garota pode gostar de ser um pouco curvilínea,
sabe? E claramente, nenhum dos meus meninos parece ter
um problema com isso.

Do jeito que Aaron está olhando para mim agora, me


sinto bonita em seus olhos, como uma rainha selvagem, não
domesticada e incontrolável. É por isso que eles só vão
precisar de uma menina Havoc; Eu vou me certificar disso.

Aaron liga o anel peniano, o leve zumbido dele fazendo-


o gemer e empurrar contra mim em desespero. Ele não entra
em mim, apenas me provoca, tocando meu clitóris com a
cabeça de seu pau e transferindo essa doce vibração através
do meu corpo.

“Você ainda tem aquele vibrador?” Aaron sussurra, mas


alto o suficiente para que Vic, que ainda está fumando perto
da janela, possa ouvir. “Aquele com quem costumávamos
brincar juntos?” Eu sorrio enquanto envolvo meus braços
em volta do pescoço dele, saboreando a doçura do meu
próprio corpo em seus lábios. Eu quase tinha esquecido
disso, como costumávamos nos deitar embaixo dos
cobertores, alternando entre nos tocar com as mãos e
usando o vibrador pequeno que roubei da sex shop do outro
lado da rua do Hellhole.

Isso foi antes de termos sido corajosos o suficiente para


fazê-lo, deixar ir e cair um no outro.

“Eu tenho um muito melhor agora,” asseguro,


mordendo sua orelha enquanto ele move seus quadris contra
mim. “Desta vez, verifiquei as opiniões on-line antes de
entrar para roubar.” Aaron ri, e até o som disso vibra através
de mim, me fazendo contorcer. “Quando finalmente
pegarmos minhas coisas da Pam, deixarei que você teste em
mim.”

“Jesus Cristo,” Victor rosna, subindo de volta na cama


com o cigarro ainda na boca. Seu ciúme é uma coisa tangível
quando ele desliza ao nosso lado. “Parem de se olhar com
olhos apaixonados e vamos voltar a foder. Ei, princesa, você
já deixou um cara te foder na bunda antes?”

“Deus, eu te odeio,” Aaron rosna de volta para ele,


dentes cerrados. Ele me segura com uma possessividade
frágil que sei que acabará quebrando. Quando isso
acontecer, Aaron provavelmente tentará usar um pedaço
irregular para cortar a garganta de Vic.
“Bem?” Vic pergunta, ignorando-o.

Aaron gentilmente vira minha cabeça para ele,


inclinando-se para me beijar na boca, deixando-me saber
que ele vai me colocar em primeiro lugar, não importa o
que. E é por isso que Victor lhe deve tudo; Eu não poderia
lidar com Vic sem Aaron para temperá-lo. Às vezes, você só
precisa de alguém para segurá-la, afagar seu cabelo e dizer
que tudo vai ficar bem.

“Sim,” eu respondo honestamente, e Aaron sorri contra


os meus lábios. Ele sabe que eu fiz porque foi ele quem fez. O
olhar presunçoso que ele lança para Victor faz o nosso líder
se arrepiar. “Mas vamos tentar novamente.”

Aaron se move para o lado, e eu me ajusto, virando-me


para encará-lo, caindo em seus braços. Minhas mãos traçam
a leve barba em suas bochechas quando coloco uma perna
sobre ele e ele corre para frente, encontrando minha
abertura com a cabeça de seu pênis e deslizando para
dentro. A vibração do anel peniano é apenas o suficiente para
espalhar um calor delicioso através de mim.

“Olhe para mim enquanto ele entra em você,” Aaron


rosna, mordendo meu lábio inferior. “Apenas olhe para
mim.”

Victor o ouve, usando dedos lubrificados para me


provocar por trás, a pressão escaldante de seu corpo me
fazendo suar e ondular contra o pau de Aaron.

“Legal, Fadler, muito legal,” Vic rosna de volta,


deslizando um daqueles dedos dentro de mim. Minha visão
pisca com manchas brancas quando o prazer me domina. É
possível morrer de estar cheia? Se assim for, envie-me para
aquele túmulo quente e doce, querida. Estou pronta para ir.
Meus dedos cavam os cabelos ondulados de Aaron
quando meus olhos se fecham e Vic me dá prazer por trás.
Posso sentir seu dedo e o pau de Aaron dentro de mim
juntos, uma parede muito fina de carne os
separando. Quando esse segundo dedo é adicionado, a
intensidade é quase insuportável.

“Eu não sei se posso fazer isso,” engasgo, tremendo e


tremendo entre os dois. “Vocês podem ser grandes demais
para isso.”

“Baby, se você quiser que eu pare, chame nossa palavra


de segurança, sim?” Eu posso praticamente sentir Vic
sorrindo atrás de mim. “O ninho de égua deve funcionar,
você não acha?” Ele bufa novamente e remove os dedos. O
lubrificante está frio quando ele aplica uma quantidade
generosa na minha bunda, trabalhando bem antes de
colocar a ponta do seu pau contra mim. “Última chance.”

“Diga a ele que não, e eu o farei parar,” Aaron me


assegura, mas não quero dizer a Vic que não. Quero os dois
dentro de mim ao mesmo tempo.

“Foi o que eu pensei,” Vic resmunga, e então ele está


empurrando lentamente em mim, esticando meu corpo ao
limite e me fazendo gritar com a sensação. Os dois estão
pressionando aquela parede fina de carne, e eu apenas sei
que quando eles se moverem, poderam sentir o pau um do
outro.

A mão de Victor desliza ao redor para amassar meu


peito e brincar com meu mamilo, preso entre o meu peito e
o de Aaron, enquanto meu ex-namorado agora para sempre
beija minha boca com cada pingo de sentimento deixado
dentro dele. O beijo dele diz que eu senti sua falta e doía
porque pensei que você tinha partido para sempre. Eu
retribuo o sentimento, lavando-me dos últimos vestígios de
raiva pelo que ele fez comigo.

Ele fez o que tinha que fazer. Ele escolheu Havoc. Ele se
fez digno de mim.

Nós somos falíveis; Todos nós cometemos erros; todos


nós merecemos uma chance de perdão.

Ou seja, exceto estupradores e pedófilos. Foda-se você e


o cavalo em que montou; você nunca receberá meu perdão
e lhe devo nada.

Os garotos entram e saem de mim, calmos e lentos, seu


frenesi se esvai quando somos tomados de emoção
juntos. Aaron não tem problemas em abraçá-lo e,
surpreendentemente, Victor também não parece se
incomodar. Aparentemente, entre nós três, sou eu quem tem
mais problemas de intimidade para resolver.

Eles me mudam para outro orgasmo antes de se


deixarem gozar. Victor é o primeiro, seu enorme pau
apertado dentro de uma polegada de sua vida dentro de mim,
se derramando em meu corpo e depois apenas deitado lá
enquanto Aaron continua se movendo. Com o anel peniano,
ele é capaz de durar muito mais tempo, agitando meu corpo
a novas alturas de prazer antes de cairmos juntos do outro
lado.

Ele alcança entre nós para parar a vibração no anel,


mas não se move. Durante muito tempo, ninguém faz. E
mesmo quando o fazemos; nós não vamos longe. Eu corro
minha bunda para o banheiro para me limpar e Victor se
junta a mim, lavando seu pau no chuveiro enquanto nos
encaramos.
“Você tem sorte que eu amo tanto vocês dois,” ele diz
para mim, inclinando a cabeça ligeiramente para o lado,
cabelos molhados caindo em seu rosto. “Se eu não amasse
Aaron como irmão, eu o mataria.”

“Eu sei,” eu respondo, e quando voltamos, Aaron fez


ovos mexidos e encheu três copos com água.

Levamos a comida de volta para a cama para comer


juntos, e realmente, essa é a última coisa que lembro antes
de desmaiar.

Bendito seja as estrelas, eu acho, porque nós três


acabamos adormecendo juntos na cama... e fazendo uma
segunda exibição na manhã seguinte.

Não chegamos à Prescott High naquele dia. O melhor


que consigo é me vestir de pijama para que Aaron e eu
possamos pegar as garotas de Jennifer e deixá-las na escola.

E quando os outros meninos aparecem depois da aula,


posso dizer que eles sabem.

“Uou,” Hael assobia, batendo palmas, enquanto Aaron


e Vic fumam na varanda dos fundos, quatro cadeiras entre
eles, sem nenhum interesse em interagir um com o
outro. Sejamos honestos aqui: não há interesse nisso para
nenhum deles, exceto para mim. “Vocês transaram juntos
ontem à noite?”

Ele está interpretando o palhaço, mas quando olho para


ele, consigo ver apenas uma pitada de escuridão em sua
expressão, e isso me assusta. Nós trancamos os olhares, mas
ele apenas sorri como se isso não o incomodasse. Como Hael
tem um pavio longo, os outros meninos esquecem às vezes
que ele é igual a eles, banhado em escuridão, dor e
violência. Mas eu não. Não esquecerei. Dou a ele o sorriso
mais genuíno que posso reunir e vejo enquanto ele tenta
atenuar sua raiva.

“Foda-se, Harbin,” Aaron diz ao mesmo tempo em que


Victor diz para ele comer merda.

“Bem, isso responde,” Hael diz, sorrindo de orelha a


orelha enquanto Callum se agacha em uma das cadeiras no
meio, e eu fico logo atrás dela, observando-os. “Vocês
mediram paus? Você teve uma pequena dupla
penetração? Hmm? Mentes questionadoras querem saber.”

“Hael, não vou lhe dizer novamente: deixe-nos em


paz.” Victor nem se incomoda em olhar para o amigo. Em vez
disso, ele se levanta e se dirige para dentro sem sequer olhar
para mim. Ele não quer que nenhum dos outros pense que
está ficando mole.

Não acho que ele realmente precise se preocupar com


isso; todos sabemos que ele é um idiota.

“Vejo que você está usando seu tempo aqui para ser
produtivo,” brinca Oscar, mas apenas olho para ele que
estreita os olhos. Sei como eu estou agora: arrogante,
triunfante, vitoriosa.

“Oh, você não tem ideia,” eu ronrono, virando e


deixando robe que estou usando aberto. Os olhos de Oscar
encontram meu corpo nu antes de passar rapidamente para
o meu rosto. Toda história tem seus arcos, e pretendo fazer
essa sobre conquista. Eu vou possuir todos os cinco desses
garotos e suas bundas gostosas. “Fique por perto em vez de
fugir da próxima vez, e talvez você consiga ver por si mesmo?”
“Eu faria,” ele responde friamente, não me dando nada,
seus verdadeiros sentimentos escondidos atrás de óculos,
tatuagens e um belo terno, “se houvesse algo que valha a
pena ficar por aqui.”

Eu zombo quando passo por ele e vou para


dentro. Desta vez, tenho que me vestir adequadamente, para
que eu possa ir com Aaron buscar as meninas. Oscar me
segue, mas quando subo as escadas e me viro para olhar
para ele. Ele passa por mim e entra na cozinha, como se não
tivesse nenhuma intenção de me seguir.

Eu não acredito nele.

Nem por um segundo.


O detetive e sua assistente loira e bonita passam quase
uma semana trabalhando no corpo discente da Prescott
High. Na sexta-feira, eles circularam todo o caminho de volta
para mim novamente.

“Nós realmente precisamos parar de nos encontrar


assim,” eu brinco quando entro no escritório da Sra. Keating
e caio em uma das duas cadeiras. Eles estão em uma forma
consideravelmente menos boa agora do que quando cheguei
aqui e encontrei a caixa de merda do Havoc. Todos esses
estudantes entram e saem, sem a Sra. Keating para
comandar uma autoridade respeitosa, e as cadeiras estão
mal tratadas, cortadas e arranhadas. Há até a
palavra ingênua rabiscada com uma Sharpie roxa.

Nojento.

“Bernadette, como está a vida de casada?” Sara Young


pergunta, tentando sorrir para mim. Há alguma curiosidade
genuína em sua declaração, mas sua expressão não podia
ser mais condescendente. Fodendo muito, tentando equilibrar
meus relacionamentos com outros três caras ao mesmo tempo,
procurando desesperadamente por uma razão para não
matar Oscar Montauk.
“Está ótimo.” Só isso, sem elaboração. Olho para
Constantine, pois posso dizer que falar de eu ser uma noiva
infantil é perturbador para ele. “E aí?”

“Você se importa se gravarmos nossa conversa


novamente?” O detetive pergunta, e olho para o diretor
Vaughn com uma espécie de olhar que porra é essa,
cara? Ele olha de volta para mim e depois joga os olhos
castanhos de volta para os polícias.

“Ela não precisa de um pai ou responsável


aqui?” Vaughn esclarece, mas Constantine apenas lhe dá
um sorriso tão condescendente quanto o que Sara me deu.

“Na verdade não. Porque Bernadette aqui é uma adulta


legalmente agora, não é Bernie?”

“Não me chame de Bernie,” digo a ele, minha voz calma


e séria. “Pergunta: estou livre para sair?”

“Hum, é claro,” Sara diz, apertando os lábios


rosados. “Mas porque você iria querer fazer isso? Estamos
apenas procurando o máximo de informações possível sobre
o seu padrasto. A última vez que estivemos aqui, você
parecia expressar um medo de que ele pudesse estar atrás
de você? Você quer falar sobre isso?”

“Não. Quero saber se estou livre para sair” repito,


porque, se não estiver, essa investigação acaba de subir para
outro nível. Além disso, se eles me disserem não, é hora de
entrar em contato com um advogado. “Não posso ser vista
passando tanto tempo aqui com - sem ofensa - um bando de
porcos. Não vai parecer bom para o resto da escola.” Olho
timidamente na direção de Sara e enfio alguns cabelos atrás
da orelha esquerda. “Talvez... eu pudesse dar uma passada
e pudéssemos conversar um dia, como tomar café ou algo
assim?”

Os olhos de Sara brilham com triunfo quando


Constantine estreita os seus.

“Isso seria fantástico. Você está livre no domingo?” Eu


aceno e Sara sorri. “Bom. Você precisa de uma carona?”

“Não, eu posso chegar a sua casa se eu for cedo o


suficiente e pegar minha bicicleta...” Paro, virando os olhos
para o lado, do lado oposto ao do diretor Vaughn, como se
eu tivesse algo a esconder... ou algo a temer.

“Por que você não me manda uma mensagem quando


estiver a caminho, e podemos pegar as coisas lá em
cima?” Aceno uma segunda vez e saio pela porta antes que
Constantine me irrite e eu perca a paciência. Posso sentir a
suspeita saindo dele; ele quer me prender com alguma coisa,
qualquer coisa.

“Rapidinho,” Sara Young grita, saindo pela porta e me


fazendo virar, agradável e lenta, como se eu estivesse com
medo de ser vista com ela. Ela parece bastante simpática à
minha posição e fica onde está, perto da porta do
escritório. “Você conhece uma garota chamada Ivy
Hightower?”

Merda, porra, droga.

“Sim, por quê?” Eu pergunto, esperando que ela jogue a


bomba em mim.

“Porque ela não é vista há algum tempo e sua família


está extremamente preocupada.”
“Ela estava namorando Danny Ensbrook,” eu digo,
sentindo meu peito ficar vazio. A ansiedade flui para dentro
de mim, mas luto contra os sinais físicos com toda a força
que tenho. “Talvez eles tenham ficados grávidos e fugido
juntos? Acontece o tempo todo.” Eu me afasto antes que
Sara possa sondar mais, mas posso ver pelo rosto dela que
esta é a resposta que ela esperava, mas que ela não está
acreditando.

Provavelmente, ela ouviu dos irmãos de Danny que fugir


seria incomum para ele, que algo ruim provavelmente
aconteceu, que Havoc é muito responsável.

Porra.

As paredes parecem estar se fechando, mas eu ando


pelo corredor, de volta à aula do Sr. Darkwood. Ignoro Kali
Rose completamente desta vez. Afinal, ela não vale mais a
minha energia. Cansei dela, para ser honesta.

Deslizo para o meu lugar e coloco minha caneta no


papel.

Uma dança cuidadosa de meninos perigosos,

Uma coreografia em que cada passo perdido poderia


partir um coração,

Uma garota solteira com uma alma sombria como breu,

Com novos sonhos do tamanho da Via Láctea.

Olhos atentos e garras fechadas,

Uma guerra que só pode terminar em sangue,

Sexo e violência, amor e tristeza,


Uma lista, um jackpot, um teste distorcido de romance.

“Outro poema sobre mim, eu assumo?” Kali brinca


enquanto passo no final da aula com minha jaqueta Havoc
de couro rosa. Pisco de surpresa quando me viro para olhá-
la com uma carranca no rosto. Há tanto tempo que fico
furiosa com ela, mas... ela sabe o que fez comigo. Eu sei o
que ela fez comigo. E ela vai pagar por isso; os meninos
Havoc garantiram isso. Ela não significa nada para mim
agora.

“Acredite ou não,” sussurro depois de colocar meu


poema na mesa do Sr. Darkwood, e depois me viro para me
inclinar sobre a de Kali. Posso ver que ela não escreveu nada
na sua própria página. “Você não representa nada do que
faço. Eu tenho tudo o que você sempre quis: o respeito dessa
escola, um corpo com o qual você só poderia sonhar e o amor
de Havoc.” Aproximo-me ainda mais e coloco meus lábios
pintados de rosa contra a orelha da Kali. “Então se foda,
vadia. Eu cansei de você.”

Levanto-me e vou para a porta quando ela começa a


gritar atrás de mim.

Mas eu não estou ouvindo. Não ligo. Eu consegui foder


Vic e Aaron ao mesmo tempo, e foi glorioso.

“Ao mesmo tempo,” digo ao diretor Vaughn quando saio


da sala de aula, acendendo um cigarro e rindo da expressão
confusa em seu rosto. Era uma vez, eu quase tinha medo
dele. De Kali. Do mundo. Não mais. “Da próxima vez: todos
eles. Cada um!” Seguro meu cigarro enquanto uivo, e metade
do corredor entra.

É melhor Vic trabalhar nessa coroa, porque


estou aqui para essa merda.
Além disso, eu posso ser uma poeta de merda, mas sou
uma rainha muito boa.

Todos os anos, a Prescott High realiza um baile


absolutamente hilário que os administradores têm a audácia
de chamar de formal de inverno. Existem algumas razões
pelas quais o nome - e o conceito - são muito engraçados.

Primeiro: não há um aluno na Prescott High que não


seja pobre para caramba. Estou falando, ruim do tipo você
tem sorte se sua mãe trabalha meio período na loja de
conveniência por um salário mínimo. A ideia de qualquer tipo
de dança formal é estúpida, porque nenhum de nós pode
comprar as roupas necessárias para se adequar ao tema.

Segundo: nem sequer temos o orçamento alguns anos


para o baile. Ou homecoming. O único homecoming que eu
já fui na Prescott é aquele em que não fui. Aquele em que
Kali usou meu vestido. A noite em que eu transei com Aaron,
mesmo que não devesse.

Terceiro: aqui é South Prescott. Você acha que alguém


quer ir a uma festa organizada pelos administradores? Você
está brincando comigo? Nós damos nossas próprias festas de
merda.

Mas, mas, mas... Dito isto, nós todos esperamos a


sexta-feira antes das férias de Natal. De fato, reajustamos
nossas tradições aqui na Prescott High para que ‘formal de
inverno’ seja agora conhecido coloquialmente como 'Dia de
Neve'.
Eis o que aconteceu: uma vez, no início dos anos 90,
esse cara de pau da Oak Valley Prep decidiu que queria
participar de uma festa de Prescott. Naquela época, os
alunos de Prescott não permitiam que Fuller High, Oak
Valley ou qualquer outra pessoa participasse de suas
festas. Você teria que ser convidado por alguém que
soubesse não apenas onde a festa estava sendo realizada,
mas também conhecesse alguém na porta, para que você
pudesse entrar.

Enfim, esse idiota muito rico comprou uma tonelada de


cocaína, levou-a para a festa em seu carro esportivo e usou
isso como um suborno para poder entrar ele e a seus amigos
idiotas.

Desde então, temos tolerado outras escolas em nossas


festas - desde que elas se comportem. Ah, e desde que os
pôneis de Oak Valley Prep levem as mercadorias para o dia
de neve. Eles também doam um monte de dinheiro, para que
possamos ter nosso ginásio decorado com um DJ, comidas e
decorações.

A única coisa que permanece no rachet são os alunos


da Prescott.

No primeiro ano, usei um adorável vestido rosa que


Penelope roubou para mim do armário de Pamela. Mas no
ano passado? Eu usei calça de couro vermelha, um sutiã de
couro preto e uma jaqueta jeans preta com estiletos. Stacey
Langford roubou um vestido de quatrocentos dólares de
Nordstrom, mas sua melhor amiga foi pega e perdeu a sua
roupa. Ela veio com suas roupas de ginástica, cabelo e
maquiagem a rigor.

Para onde vou com tudo isso?


Bem, ao contrário do ano passado, tenho pessoas com
quem posso dançar no dia da neve. No primeiro ano, eu tinha
Aaron, e não tê-lo nos dois anos seguintes... isso me
matou. Não ter Penelope por perto... isso me destruiu. Ela
era apenas um ano mais velha que eu, então, pelo menos
dessa vez, posso fingir que ela se formou e que meu último
ano é tudo o que deveria ser ...

Balanço a cabeça e esfrego as mãos no rosto.

Estou do lado de fora do corredor para o Estúdio C


na Southside Dreams Dance Company. A última vez que
estive aqui, fiquei furiosa. Joguei o iPad de Oscar na parede,
quebrei o espelho, quase fodi com raiva Callum Park... Ok,
Bernie, foco, foco, foco. Faz apenas quatro dias que Vic nos
deu o aval.

Nenhum dos outros garotos me tocou desde terça-feira


de manhã, mas a tensão está começando a aumentar. Eu
sinto isso todas as noites quando rastejo na cama de Victor
e o deixo me montar como um alfa no cio. Ah! Abro as portas
do estúdio e encontro Callum no chão no meio do estúdio.

“Você vai me ensinar a dançar hoje?” Eu pergunto,


coração trovejando. Agora que sabemos que Sara Young está
me seguindo, precisamos ser extremamente cuidadosos com
o que fazemos. Me tendo vindo aqui para dançar, agora é
uma ótima maneira de jogá-la para fora de nossa trilha.

“Mais como... eu vou lhe mostrar como encontrar a


dançarina dentro de você,” Callum murmura, inclinando-se
e dobrando o corpo ao meio. Ele pressiona o peito nas coxas,
as mãos em volta dos pés. Impressionante. “Arrume-se e
inicie a playlist no meu telefone.”
Concordo com a cabeça e vou até a frente da sala para
vasculhar sua mochila. Ele trouxe para mim uma legging
rosa com um sutiã esportivo correspondente e uma regata
preta solta para passar por cima. As sapatilhas de balé com
as fitas também estão lá, apenas esperando para beijar meus
dedos e me levar pela pista de dança.

“Eu sinto que não o vi durante toda a semana,” eu digo,


encarando o espelho enquanto me despojo, vendo Cal
levantar a cabeça do seu alongamento para que ele possa me
assistir de volta. Já estivemos aqui, fizemos isso antes, mas
agora... as coisas são diferentes.

Agora, ele é a única letra desse acrônimo sombrio que


eu não fodi.

Agora, que Victor deu sua bênção e não há nada


obscuro ou obsceno nisso.

Então, por que diabos eu me sinto tão nervosa? Acho


que ser assediada por policiais na escola pode fazer parte
disso. Ou pode ser porque Sara Young me segue a toda a
porra de onde eu vou agora. Mas... não é nenhuma dessas
coisas, é?

É porque Cal e eu sabemos que não estamos aqui


apenas para dançar hoje. Se estivéssemos, eu não estaria
suando, e minhas mãos não tremeriam enquanto coloco o
sutiã esportivo sobre minha cabeça e faço o possível para
lutar com meus seios nele.

“Isso parece um torniquete para as minhas tetas,”


engasgo, tentando aliviar o clima. Callum ri e o som parece
muito mais próximo do que deveria ser. Quando levanto
minha cabeça de repente para olhar no espelho, posso vê-lo
parado bem atrás de mim. “Jesus, Cal, como diabos você faz
isso?”

“Fez o que?” Ele pergunta, inclinando a cabeça para o


lado e sorrindo para mim. Babaca. Ele sabe exatamente o
que está fazendo e também gosta.

“Se moveu assim,” eu digo, me virando na minha nova


roupa. Callum me olha apreciativamente e depois me
empurra suavemente de volta para a cadeira de madeira
perto do espelho. Quando ele se ajoelha para me ajudar com
as sapatilhas de balé, amarro meu cabelo em um rabo de
cavalo saltitante. “É como... você se teletransportasse ou
algo assim.” Ele pressiona a boca no meu pé e ri, de modo
que o som reverbera por toda a minha perna e direto na
minha virilha.

Sim.

Oh sim.

Está acontecendo.

Eu preciso que isso aconteça. Uma parte de mim sente


que o negócio mais urgente com o qual Havoc tem que lidar
agora é o seguinte: eu reivindicando meus meninos. Falta
um e tenho que fazê-lo meu. Eu só preciso.

A sensação dos dedos de Callum quando ele desliza os


sapatos cor de rosa nos meus pés e amarra cuidadosamente
as fitas é requintada, como a abertura de uma música lenta
e sensual destinada a dançar na chuva ou se reunir após
uma tragédia. A maneira como me toca conta uma história,
uma que eu nunca quero terminar.
“Hey Cal,” eu começo, pegando minhas calças
descartadas do chão e puxando meu brilho labial. Eu o
aplico, mas apenas para que possa fingir que não estou
tramando aqui. Tenho certeza que ele sabe que eu estou, que
estou literalmente lutando pelo pau dele, mas posso pelo
menos tentar ser sutil, certo?

“Sim?” Ele pergunta de volta, levantando seu olhar


cerúleo para o meu rosto. Há cicatrizes em sua garganta que
captam a luz de cima, ficando prateadas enquanto ele se
senta agachado para olhar para mim.

“Me desculpe se eu faço você se sentir parte do plano de


fundo, ou se eu te machuquei deixando Oscar-”

“Não,” ele diz, a voz muito mais firme do que o


habitual. Esse tom grave dele parece ainda mais forte, e eu
tremo. “Eu gosto de estar em segundo plano; Gosto de me
sentar nas sombras. É onde me sinto confortável.” Ele se
levanta e estende a mão em minha direção. Um leve sorriso
cruza sua bonita boca rosada. “E Oscar é... bem, não posso
dizer que não estou um pouco ciumento, mas ele precisa de
você, Bernie.” Cal faz uma pausa enquanto levanto minha
mão e a coloco na dele. Ele enrola os dedos tatuados nos
meus e me puxa para os meus pés. “Todos nós precisamos.”

Callum me segura por um momento antes de se afastar


para iniciar sua playlist. Ele espera até que eu me mova para
o centro da sala antes de começar. Assim que a música
começa a sair pelos alto-falantes, eu sei o que estou ouvindo.

É isso. A música que eu vou foder com Callum Park.

Redemption por Besomorph, Coopex e RIELL.


“Apenas siga-me,” ele ordena, e aqui, em seu reino, em
seu domínio, eu sou impotente para resistir.

Nós circulamos um ao outro, de cabeça baixa, olhares


presos. Callum é tão intenso; Eu faço o meu melhor para
fazer o mesmo. É difícil embora. Ele se mistura às sombras,
se torna invisível e, no entanto... ele é uma erupção
esperando para acontecer.

Nossas sapatilhas sussurram no chão enquanto nos


movemos juntos em uníssono quase perfeito. Não é fácil,
mas eu faço o meu melhor para acompanhar seus
passos. Callum pode sentir a batida de uma maneira que eu
nunca pude; ele entende muito mais sobre seu próprio
corpo.

Sinto como se nunca tivesse realmente conhecido meu


corpo. Afinal, era difícil lembrar que realmente me
pertencia. Muitas pessoas queriam tirar isso de mim e usá-
lo para si. Acho que meio que desconectei meu cérebro disso
tudo.

Callum dá um passo à frente e eu faço o mesmo,


levantando minhas mãos do jeito que ele faz. Pressionamos
nossas mãos brevemente antes que ele se vire e dê uma volta,
estendendo a mão para mim. Olho para ele por um segundo
antes de me levantar na ponta dos pés e me segurar. Ele me
puxa para perto, até que estamos cara a cara, passando as
pontas dos dedos ao longo da borda da minha
mandíbula. Tem suor escorrendo pelos lados do rosto
dele. Meu também. Estou encharcada nele.

Os braços dele envolvem minha cintura, levantando-me


apenas alguns centímetros do chão e depois virando a gente
em outro círculo. Ele me coloca no chão, mas apenas por um
segundo, e então me levanta mais alto, me pegando pela
pélvis e nos virando em outro círculo.

Quando Cal deixa meu corpo deslizar ao longo do


comprimento dele, posso sentir a dureza de seu pênis sob o
suor. Isso e seu espírito; é como se nossas almas estivessem
dançando ao mesmo tempo que nossos corpos, roçando uma
na outra e se separando. É assim que estamos há anos, eu e
ele. Juntos e separados, uma dança delicada de sentimentos
e circunstâncias que só agora vem à tona.

“Concentre-se,” ele respira enquanto meus dedos


percorrem seu peito nu. Eu me sinto tonta e estranha
quando Callum me solta e faz uma série de saltos e giros
impressionantes, suas pernas subindo acima da minha
cabeça. Ele dança ao meu redor quando me viro, tentando
manter meus olhos nele o tempo todo. Ele se move tão
rapidamente que não é fácil. Minha respiração acelera, meu
batimento cardíaco troveja, minha visão se reduz a uma
única picada de alfinete.

Ele está muito claramente se apresentando apenas para


mim e só para mim; essa dança é para nenhuma outra
mulher.

Callum estende a mão novamente e desta vez, quando


eu a agarro, ele nos une para uma valsa formal. Seus pés
encontram os meus, empurrando-os para trás, puxando-os
para a frente com pistas físicas sutis. Ele vira a cabeça para
longe de mim, forçando-nos a girar em círculo e depois em
outro. Outro. Outro.

Quando ele aperta minha mão direita com a sua, dedos


entrelaçados e segura meu quadril com a outra, ouço a
queda da música chegando. Callum endireita o braço,
forçando-me a voltar e depois me puxando para frente. Ele
me joga de costas e varre o chão com meus cabelos, indo e
voltando, levantando-me novamente e agarrando minhas
duas mãos.

Ele me desliza para a frente, minhas pernas entre as


dele, até que estou quase debaixo dele. Consigo manter
meus músculos tensos, então me movo como ele quer que eu
faça. Cal me levanta de volta, me puxa para perto e depois
se ajoelha, me colocando debaixo dele, minhas pernas ainda
entre as dele.

Ele ondula seu corpo acima do meu várias vezes, minha


mão direita ainda trancada com a dele, seus olhos azuis nos
meus.

Cal sai de cima de mim e depois se senta de joelhos, seu


corpo agora perpendicular ao meu. Desta vez, quando ele
oferece a mão, eu rastejo até ele. Ele me desliza pelo resto do
caminho e envolvo minhas pernas em volta da sua cintura.

Eu recuo e ele me persegue, montando em mim e


olhando nos meus olhos. Um pouco de suor escorre dele
para mim, mas não me importo. Eu só quero que ele me
beije.

A música diminui novamente e Callum se afasta, se


levantando e dançando ao meu redor como se estivesse
adorando algum altar escuro. Eu apenas não esperava ser
sua deusa perversa. Minha respiração enevoa o chão
enquanto eu rolo para o meu lado para observá-lo. Ele é tão
sombriamente bonito, tão distorcido e complexo. Por que não
sei mais? É tudo o que eu quero, saber tudo.

Ele volta para mim então, me levantando tão facilmente


quanto se pode respirar. Cal puxa meu corpo para o dele, me
incentivando a moer contra ele, nossos quadris se movendo
juntos como se estivéssemos fodendo. Estou além de
encharcada, meus mamilos endurecem, meu coração
troveja.

“Callum,” murmuro, porque só o quero agora. Não


deveria ter demorado tanto tempo para ficarmos juntos de
qualquer maneira. E eu realmente, realmente deveria ter
dormido com ele antes de Oscar. “Por favor.”

Ele não me responde, passando as mãos pelos meus


lados e depois dando um passo à frente, para que eu
naturalmente dê um passo para trás. Callum segura minha
cintura com as duas mãos, e eu recuo naturalmente,
deixando-me leve nos braços dele. Ele me deita de novo,
cobrindo meu corpo com o dele, ondulando em mim
novamente.

“Se me custou meu corpo e meu futuro na dança estar


com você, tudo valeu a pena.” A música termina quando Cal
pressiona seus lábios na minha clavícula, sentindo o gosto
da minha pele. Outra começa logo - desta vez é o remix
de “Sweet Dreams” de Besomorph - e o tom é perfeitamente
sombrio e sensual ao mesmo tempo. “Valeu cada osso
quebrado,” Cal sussurra novamente, sua voz rouca e
baixa. Ele beija meu peito até chegar à blusa encharcada de
suor que estou usando.

Lá se foram as aulas de dança.

Parece que estou prestes a aprender uma outra coisa.

Cal tira a camisa com muito cuidado, deixando-me no


meu sutiã esportivo. Ele joga a blusa de lado e continua, sua
boca arrastando beijos pela minha barriga.
“Valeu a pena a minha voz,” ele continua, beijando ao
longo da costura nas minhas leggings. Ele começa a chupar
e beijar meu clitóris através do tecido, me levando
absolutamente pela maldita parede enquanto morde e brinca
com os dentes. “Valeu minha inocência.”

“Pare com isso,” eu gemo, agarrando seus cabelos


loiros. Assim que meus dedos se enroscam naqueles fios
dourados, Cal solta um gemido gutural que me faz contorcer
debaixo dele. O som é como o beijo da noite, uma trufa de
chocolate escuro que derrete na língua. De repente, é tudo o
que consigo pensar: como fazê-lo gemer por mim assim
novamente.

Com as mãos trêmulas, abro o zíper do capuz e coloco


meus dedos em seu peito, provocando suas cicatrizes e
depois esfregando meus polegares sobre seus mamilos. Ele
geme para mim novamente, apertando as mãos sobre as
minhas e me incentivando a tocar tudo nele, decorar todas
as cicatrizes, entender todas as imperfeições.

Mesmo isso, o que estamos fazendo juntos, parece uma


dança. Callum trabalha seu corpo para mim, esfregando
contra mim, fazendo seus músculos ondularem quando ele
empurra e me esfrega em todos os lugares certos com a
dureza sob seu moletom.

“Toque tudo em mim, Bernie. Tudo de mim. É seu. Você


pode ter.” Ele coloca a boca no meu pescoço, beijando todos
os lugares doloridos que Vic e Aaron deixaram. Meus dedos
parecem não parar de tocar nas bonitas mechas douradas
de seus cabelos, massageando seu couro cabeludo,
encontrando as cicatrizes na garganta. É por isso que ele tem
essa voz, esse toque sombrio e assustador de ameaça que
combina com o seu espírito.
Cal nos rola, para que eu fique por cima, deslizando as
mãos pela minha cintura. Tiro o sutiã esportivo para ele
porque, sejamos honestos, é como lutar com duas pedras
para libertar esses peitos. Uma das desvantagens de ter seios
grandes. Francamente, eu sinto que os benefícios valem a
pena, especialmente quando os olhos de Callum se iluminam
e ele coloca o par em suas mãos.

“Eu quero ver você se mover para mim,” ele me diz, e


meus músculos do estômago se contraem em
antecipação. Posso senti-lo duro embaixo de mim, seu pau
lutando pelo que é simplesmente tentadoramente fora de
alcance. Levantando minhas mãos para cima e para os meus
cabelos, eu começo a montá-lo, balançando meus quadris no
ritmo da música enquanto ele olha para mim. Desta vez, sou
eu quem está realizando, um show destinado apenas a esse
homem. “Olhe para você,” ele sussurra, a voz tensa. “Você
não precisava de aulas, não é? Você se move como se tivesse
sido feita para fazer isso.”

Moo com mais força, me movo mais rápido, colocando


minhas mãos no peito dele, cravando minhas unhas
naquelas cicatrizes de prata. É melhor que ele nunca me diga
os nomes dos garotos que fizeram isso com ele, porque
eu os matarei. Ele diz que tomou o suficiente deles para ficar
satisfeito, mas eu não estou. Eu quero transformá-los em pó
debaixo dos meus pés.

“Oh, Bernie,” Callum geme, e o som é o mais perfeito de


todos os pesadelos. Sempre que fecho meus olhos, poderei
ouvi-lo. Está gravado no meu cérebro. Mais forte, mais
rápido, mais. Movo meus quadris até Cal gritar debaixo de
mim, suas mãos travando nos meus quadris quando ele goza
em sua calça de moletom, sua pélvis empurrando para
encontrar a minha.
Ofegando, olho para ele enquanto ele sorri para mim.

“Desculpe por isso,” ele murmura, mas não há desculpa


nenhuma. Foi muito quente. Sempre que eu conseguir que
um garoto estrague suas calças para mim, é uma
vitória. Apenas... desde que ele não tenha terminado...
Callum Park

Eu não terminei com Bernadette Blackbird, só porque


gozei.

Em vez disso, eu nos viro para eu ficar por cima. Ela


estende a mão para tocar minha bochecha e eu pressiono
meu rosto em sua pele.

“Eu sou seu monstro,” digo a ela, e quero dizer cada


sílaba. “Comande-me como você escolher.” Bato minha boca
na dela, provando sua dor e adorando. Eu quis dizer isso
quando lhe disse que a dor é bonita para quem tem
muito. Deve ser; tem que ser. É um mecanismo de defesa
para a alma. Bernadette Blackbird está nadando na dor; é
essa tristeza e melancolia que faz os laços que nos unem.

“Foda-me,” ela geme, e ela é muito sortuda porque


somos jovens e estou desesperado por ela, e não faço sexo há
quase seis meses. Estou pronto para isso. Meu corpo parece
se mover por conta própria, como costuma fazer, como se
soubesse melhor do que eu o que virá a seguir. Funciona da
mesma maneira com dança ou violência; Eu apenas
vou. Meus músculos, meu sangue e meus ossos, eles sabem
melhor do que meu cérebro, parece.

“Sim, senhora,” murmuro, meu corpo ganhando vida ao


seu comando. Tão rapidamente quanto posso, tiro minhas
calças e meu capuz, arrancando suas leggings e as jogando
de lado como se elas me irritassem. Minhas mãos adoram
sua carne macia, meus lábios sua boca exuberante, meu pau
sua doce vagina. Ela me acaricia com seu corpo, pernas
enroladas em volta de mim, mãos no meu cabelo. Depois
disso, tenho certeza de que nenhuma outra mulher poderá
me tocar.

Bernadette acaba de se inserir nos olhos de um


monstro, e não há como escapar disso. Se ela fugisse de
mim, eu a seguiria a distância e cuidaria dela. É a única
maneira que sei como me comportar, a única coisa que
entendo. Estou confiante de que nasci um pouco quebrado e
depois me tornei o que sou agora pelo mundo.

Definitivamente.

Fodo Bernadette na pista de dança do meu estúdio até


que ela esteja gritando, arranhando-me, se afogando em
meus beijos. Até que ela seja definitivamente, certamente
minha.

Por um tempo depois, ficamos deitados e ouvimos


minha playlist. É bastante sombria, definitivamente
danificada; isso me reflete perfeitamente.

Olho para o teto com ela embrulhada no meu braço


esquerdo, a cabeça no meu peito. Sua respiração diminui o
suficiente para que eu saiba que ela está realmente
dormindo. Mesmo que meu corpo doa muito deitado no chão
duro, eu não me mexo. Vou sacrificar o que for preciso para
mantê-la feliz.

Todo mundo precisa de um objetivo na vida, não é? Um


sonho? Como os nossos que foram tirados de nós, um por
um, acho que todos pegamos essa garotinha doce que
precisava de nós e a transformamos em uma obsessão.

Quase sinto pena de Bernadette, estar à mercê de


Havoc.

“Jesus,” ela geme um pouco mais tarde, sentando-se e


piscando sexo e sono dos olhos. “Há quanto tempo eu
dormi?”

Eu sorrio para ela.

“Não muito,” eu respondo, sentando-me ao lado


dela. Nós dois estamos nus, mas isso não importa. Ninguém
ousaria me incomodar aqui enquanto a porta está
trancada. Se o fizessem, nem mesmo Deus poderia salvá-
los. Minhas mãos coçam para derramar sangue, mas
suprimo essa necessidade afastando os belos cabelos de
Bernie de seu rosto. “Você quer tentar dançar um pouco
antes de sairmos?”

Ela olha para mim, corando um pouco e olhando para


longe. Como se o rubor a irritasse, ela estreita os olhos pro
chão, ganhando controle de suas emoções antes de voltar a
olhar para mim novamente.

“Na verdade, eu gostaria disso,” ela diz, encolhendo os


ombros e se forçando a sentar. “Mas talvez você também
possa me ensinar como se mover nas sombras do jeito que
faz?”
Arqueei uma sobrancelha, sentando-me ao lado dela e
sorrindo com a ideia de qualquer um dos outros instrutores
ou estudantes pegando nossos rostos corados no caminho
para o banheiro para nos limpar. Isso deve ser divertido.

“Como se mover nas sombras, hein?” Eu pergunto,


pensando no assunto por um minuto. Realmente nunca me
ocorreu que isso era uma habilidade de qualquer valor. É
apenas algo que sempre fiz, tentei me mover sem ser visto ou
ouvido. É melhor assim, não é? Outras pessoas raramente
têm boa vontade em seus corações nesta parte da cidade, por
isso é melhor assumir que a violência está no elenco. “Sim,
eu poderia fazer isso. Você terá que ter paciência
comigo; isso será uma experiência de aprendizado para nós
dois.”

“Bem, você é um professor,” ela diz, me dando um olhar


severo que rapidamente se transforma em outro
sorriso. Uma pontada atinge meu coração, me fazendo
expirar surpreso. Eu acho... que Bernadette realmente gosta
de mim. E quero dizer algo além da luxúria, ou o fato de
voltarmos atrás, ou mesmo nossa natureza obsessiva. Não,
ela olha para mim e me faz sentir como uma pessoa, não
apenas como um dançarino desonrado. Não apenas o C em
Havoc. Mas Callum Acosta Park. Um humano. “Um safado
que gosta de brincar com os alunos, aparentemente.”

“Oh, você não tem ideia do que eu quero fazer com você,
Bernadette,” eu digo, ainda sorrindo, enquanto minha voz
escurece com luxúria. “Devo ensiná-la a esconder uma faca
da segurança? Esse é um dos meus jogos favoritos, para ver
que tipo de armas posso levar para dentro da Prescott.”

“Por favor, pelo amor de Deus, sim. Tenho a sensação


de que vou precisar de uma arma nesses corredores em
breve. As coisas estão prestes a melhorar, não
estão?” Concordo com as palavras dela, mas espero que ela
possa ver que não tenho medo.

Nós vamos sair dessa vitoriosos; Estou certo disso.

“Bem, então, vamos te limpar e começar. A esgueirar-se


e a merda sobre a faca, acho que você não terá problema. A
dança... pode se transformar em mais sexo. Não tenho
certeza se posso ensiná-la adequadamente, sem sucumbir a
todas as coisas escuras e sujas que quero fazer com você.”

“Levante-se, Cal,” Bernie começa, mas quando ela tenta


se levantar, eu a agarro e a arrasto de volta ao chão para
mais uma rodada.

Se ela estiver muito dolorida para praticar depois disso,


não poderei culpá-la.

Nem um pouco.

Quando Bernadette e eu saímos do estúdio de dança,


encontramos Oscar nos esperando.

“Você está aqui sozinho?” Eu pergunto a ele, minha


mochila pendurada no ombro, meu corpo doendo em todos
os seus lugares quebrados. No dia em que perdi minha
carreira de dança, também perdi a chance de uma vida sem
dor. Tudo em mim dói, o tempo todo. Eu tenho pinos de
metal nos meus ossos; Tenho partes que não curaram
direito. E eu não quero dizer apenas meu coração. Isso curou
de uma maneira muito distorcida, muito estranha.
Sim, mas Bernie ama você do jeito que é. Se foi preciso
perder tudo para tê-la, então você ganhou muito, Cal.

“Eu não preciso de uma escolta,” Oscar brinca, exibindo


as regras de Havoc como ele sempre faz. Ele acha que é
invencível. Bem, ele vai achar até que um dia ele apenas...
não seja. Foi assim que descobri minha mortalidade:
perdendo minha invencibilidade. Sorrio, porque parece
assustar as pessoas quando faço isso. Talvez eles possam
sentir que estou sempre bem perto de enlouquecer?

“Por que você está aqui?” Bernie morde, o cabelo ainda


um pouco emaranhado, o rosto ainda um pouco corado. Ela
olha na minha direção e posso sentir meu sorriso se
transformando em algo mais sombrio, mas com mais
significado. Ela me ilumina por dentro de uma maneira que
não consigo explicar. Suponho que algumas coisas não
exijam explicação; elas simplesmente são. Isso é Bernadette
para mim. Eu sempre a amei, mas parece bastante
autoexplicativo sobre o motivo.

Ela é forte. Ela tem convicção. Ela age como se não se


importasse quando se importa muito.

Além disso, ela é minha agora, como eu sempre quis.

Olho para Oscar e encontro seus olhos cinzentos


estreitados. Ele sabe que acabamos de foder; Eu sei que ele
sabe.

“Sim, acabamos de fazer sexo pela primeira vez. E


adivinha?” Ela pergunta, inclinando a cabeça levemente
para o lado. “Callum não se levantou e fugiu.”

Eu solto uma risada e os dois pulam um


pouco. Bastante impressionante, devo dizer, obter uma
reação de Oscar. Ou eu realmente sou um monstro maior
que ele, ou então Bernadette o desestabilizou tanto que ele
está cometendo erros.

“Que adorável para vocês dois; Vou começar a planejar


sua futura cerimônia de compromisso.” Oscar se volta para
mim com uma carranca aguda gravada em seu rosto. Acho
que ele deveria dizer a verdade a Bernadette, sobre ser
virgem e o que diabos é isso. Quero dizer, se o que Hael disse
é realmente verdade. Ele não confirmou nem negou.

Meu corpo coça com a necessidade de se mover, mas eu


tive muita prática em ficar parado também. Todas aquelas
noites no telhado de Bernie, meus dedos pressionados na
janela dela, meu coração na garganta. Hoje, tornamos
oficial. Hoje, cimentei o fato de que sou definitivamente o
personagem que tem que morrer. Eu faria isso felizmente
também, me sacrificando para mantê-la segura.

Seria uma honra.

Eu rio e o cenho de Oscar fica ainda mais profundo.

“Precisamos comprar roupas, para o baile de inverno,”


ele diz, como se a própria ideia de ir ao baile depois da festa
o faz querer jogar o corpo dele de um penhasco. “Mal posso
esperar até nos formarmos, e esse absurdo ficar para trás.”

“Oh, vamos lá,” eu digo com um sorriso, jogando um


braço em volta dos ombros de Bernie e aproximando-a para
que eu possa sentir seu cabelo doce. Pêssegos e couro, esse
é o seu perfume exclusivo. Eu poderia existir apenas com o
cheiro dela, com o brilho de seu sorriso, com o balanço
atrevido de sua caminhada. Estou verdadeiramente
apaixonado por ela, provavelmente a ponto de uma obsessão
doentia, mas ninguém precisa saber disso, agora
precisa? “Isso pode ser divertido. Podemos mostrar nossa
garota, fazer alguns calouros se mijarem, talvez matar
alguns amigos do Mitch nas sombras.”

Oscar não parece divertido com a minha piada.

“Estamos indo para uma loja real desta


vez?” Bernadette pergunta, aconchegando-se mais perto de
mim. Oscar nos observa com um ciúme ardente em seu
olhar, que disfarça com um olhar de indiferença mordaz. “Ou
o trailer de alguma mãe adolescente?”

“Vamos roubar o que precisamos,” Oscar explica,


virando-se e descendo a calçada como ele espera que
sigamos atrás dele. Hmm. Olho para Bernadette no mesmo
momento em que ela olha para mim.

“Ele está quebrado por dentro ou algo assim?” Ela


pergunta, e eu dou de ombros. Tenho vontade de reuni-la no
meu capuz, aconchegá-la nas dobras e matar qualquer um
que ouse olhá-la errado. Por que não faz isso então, Cal? Você
não precisa mais se segurar. Ela está pronta para ver quem
você realmente é. Aproximo Bernie, envolvendo-a em meus
braços e colocando minha cabeça em cima da dela, para que
ela fique completamente embrulhada, completamente
protegida.

“Se ele está, isso importa?” Eu pergunto, mas ela não


responde. Eu sei o que ela diria, se ela se desse ao trabalho
de me dizer a verdade: não, não faz. Porque nós somos o
coração dela, assim como ela é o nosso. Nós batemos e
sangramos juntos. “Vamos lá, vamos acabar logo com isso,
para que possamos voltar para Aaron e foder um pouco
mais.”
Bernie me bate no peito, mas é um tapa
brincalhão. Quando ela estica os dedos para brincar com as
cicatrizes na minha garganta, eu a deixo. Só ela pode tocá-
las. Elas são apenas para ela.

Pego um pequeno pacote de alcaçuz vermelho do bolso


e mordo a ponta de um pedaço.

“Você gosta de lanche, não é?” Ela pergunta, e dou de


ombros.

“Se meu corpo não está se movendo, minha boca pode


muito bem estar.”

Ela ri, dando um passo ao meu lado enquanto descemos


a calçada atrás de Oscar. Enquanto caminhamos, eu
mantenho meu olhar em movimento, procurando por
qualquer coisa que esteja fora do lugar. Se a Charter Crew
chegar sobre nós, eu saberei. Não haverá carro em
movimento atirando em nós enquanto eu ainda viver e
respirar.

“O que você acha que vai vestir para o baile?” Ela


pergunta, torcendo a última palavra em sua língua como a
piada irônica que realmente é. Baile? Prescott High? Nah
ah. De jeito nenhum.

“Um moletom com capuz e shorts?” Eu pergunto com


um encolher de ombros solto. Mas então... “Ou, realmente, é
isso que eu sempre usei. Quero fazer melhor para você neste
momento. Em que você me quer?”

“Eu posso escolher sua roupa?” Ela pergunta


animadamente, e eu dou de ombros. Usei um smoking para
o casamento dela, apesar de sentir que o tecido estava me
sufocando. Prefiro roupas em que posso me mexer. Não me
importo se estou dançando, fodendo ou derramando
sangue. Sempre faz mais sentido escolher o prático do que a
estética.

“Qualquer coisa que você quiser,” eu digo, colocando a


mão sobre o meu coração. Oscar faz um som de
aborrecimento, mas não vejo por que ele está tão salgado. Se
ele pudesse se abrir e contar a Bernie todos os seus segredos,
ele veria por que todos nós precisamos tanto dela. Ela está
aqui para acariciar nossos demônios, prende-los em
submissão, beijá-los em fidelidade. Por que Oscar não pode
ver isso? Sempre pensei que ele era um homem
inteligente. Hoje nem tanto. “Desde que não inclua
lantejoulas, glitter ou tule. Eu usava muitas roupas bonitas
de dança quando criança; Não aguento mais essa merda.”

“Ok,” Bernie responde com um sorriso feroz, jogando


seus cabelos loiros com pontas rosadas por cima do
ombro. Meus olhos se arrastam para a forma do pescoço da
blusa e o tentador pedaço de decote. “O que? Agora que
fizemos sexo, você me olha como um pevertido o quanto
quiser?”

“Quero dizer, não vejo por que não...” Dou de ombros,


arrancando outra mordida de alcaçuz quando Bernadette dá
um tapa no meu braço. Não há nenhum lugar por aqui que
valha a pena caminhar, então não fico surpreso quando
Oscar nos leva por um beco estreito e vai até o Camaro de
Hael.

Ele está batendo as mãos no volante e cantando muito


alto, e muito fora do tom para eu fazer qualquer coisa, exceto
rir.

“E você nos deixou pensar que veio sozinho?” Eu brinco


com Oscar quando ele abre a porta do passageiro e se afasta,
como se ele fosse tão estoico e imóvel quanto ele quer que
acreditemos. É tudo mentira, e me pergunto se ele se
cansará de carregá-la. Por mais idiota que ele possa ser às
vezes, ele também é meu irmão; Eu me preocupo com ele.

“Você só assumiu; Eu nunca confirmei ou neguei.”

Bernadette suspira, e noto que Oscar dá outro passo


para trás para garantir que ele não esteja ao alcance dela
tocando-o. Sei que ele não gosta de ser tocado, então o fato
de ele deixá-la fazer isso é impressionante.

“Ei, ei,” Hael diz, sorrindo enquanto subimos no banco


de trás. “Como foram aquelas 'aulas de dança'?” Ele faz
pequenas aspas com os dedos e depois ri, como se não fosse
o viciado em sexo no carro.

“Você está com ciúmes por eu não ter convidado você


para se juntar a nós,” eu respondo, inclinando-me entre os
bancos da frente e colocando um cotovelo em um dos meus
joelhos. “Mas você sabe que sempre será meu doce amor, não
é, Hael Harbin?”

“Aww, você sabe disso,” ele ronrona, dando uma olhada


no retrovisor para Bernie. “Você está bem com isso? Se eu e
Cal fugirmos juntos e eu o colocar em um lindo vestido de
noiva branco.”

“Por que tem que ser branco?” Bernie brinca de volta e


Hael bufa. Oscar faz uma careta para nós quando entra,
como se ele não tivesse tempo de agir como a idade. Ele
completará dezoito anos em janeiro, mas age como se
estivesse no final dos anos noventa ou algo assim, à beira da
morte e acabado com sua vida. Odeio vê-lo assim. Agora que
Bernadette está aqui, é hora de ele ajustar essas
expectativas. Ele deve a ela pelo menos tentar.
“Merda, você está certa,” Hael diz quando ele vira o carro
e cuidadosamente nos leva até o final do beco. Acho que ele
está estacionado aqui para ficar fora da vista de Sara
Young. Verificamos diariamente todos os dispositivos de
rastreamento GPS no carro, mas até agora tudo bem. Pode
não ficar assim por muito tempo. “Vermelho seria melhor
para mim e Callum, em homenagem a eu ser um prostituto
e tudo isso.” Hael nos puxa para a rua e começa a ir na
direção do bairro Fuller.

Fuller é um bairro muito mais fácil de roubar do que


Oak River Heights ou Oak Park, os dois bairros mais
elegantes da cidade. É agradável, de classe média e
descontraído. Muito fácil.

“Pare de se chamar prostituto,” Bernie ordena, olhando


pelo espelho retrovisor e tentando encontrar os olhos de
Hael. “Você é meu agora; esses dias acabaram.” Ele ri dela,
mas ele não discute. Por que ele deveria? Tudo o que Hael
Harbin já desejou é Bernadette. O mesmo que eu. O mesmo
que Vic ou Aaron ou até Oscar.

Estamos no modo final de jogo agora.

Só precisamos terminar a lista dela, recuperar a escola,


consumir a cidade.

A herança de Victor nos dará os meios para fazer


exatamente isso.

“Podemos tomar chá de bolhas enquanto estivermos


fora?” Eu pergunto, sentindo meu estômago roncar
dolorosamente. Adoro comida e lanches, mas quando
estamos na escola, tento ficar com Pepsi e cigarros para
almoçar a maior parte do tempo. Ajuda com a imagem,
sabe? As pessoas olham para mim e Oscar e se perguntam
por que nunca comemos, se somos humanos.

“Chá de bolhas? Essa é a merda mais fresca que eu já


ouvi na minha vida,” Hael bufa, e Bernadette lhe dá um tapa
na nuca.

“Acontece que eu gosto de chá de bolhas, e não sou nada


fresca, agora sou?” Ela retruca, chegando mais perto de mim
e colocando a mão no meu joelho. Eu me vejo hipnotizado
pela maneira como seus dedos traçam as cicatrizes ali,
intimamente, com amor. Meu pau endurece em minha
bermuda, mas apenas me inclino para trás e entrelaço meus
braços atrás da cabeça, não querendo que ela pare o que está
fazendo.

“Você não é, não,” Hael diz, tecendo-nos através de ruas


suburbanas e tranquilas, em vez de ruas principais. Dessa
forma, é muito mais seguro, mais difícil para alguém nos
seguir ou prever nossa rota. “Mas Callum costumava
ser. Uma bailarina tão bonita, estou certo?”

“Eu ainda posso chutar sua bunda,” eu respondo com


um sorriso, o que é verdade. Nós dois sabemos que é. Os
pontos fortes de Hael estão em outras áreas: explosivos,
carros, quantidades aparentemente intermináveis de bom
humor.

“Ponto justo,” ele diz, enquanto Oscar descansa


casualmente um cotovelo na porta e olha pela janela como
se preferisse estar em qualquer outro lugar, menos
aqui. “Então, Bernie, me diga: que tipo de vestido você quer
para essa dança idiota? Pessoalmente, eu gostaria de passar
a noite inteira cheirando cocaína, mas acho que isso não vai
acontecer.”
“A menos que consigamos subjugar todos os inimigos
que tivermos nas próximas duas semanas,” digo, observando
as unhas pretas de Bernie com suas pontas em forma de
caixão acariciarem minha coxa. Puta merda, eu poderia me
acostumar com isso. Nossos olhos se encontram, e eu a puxo
para o meu colo. Abraçar não é algo em que fiz muito, mas
estou disposto a aprender. “Porra, você cheira bem.”

“Eu poderia dizer o mesmo para você,” ela sussurra de


volta, aparentemente feliz por eu continuar segurando-
a. Uma das mãos dela desliza para cima e para baixo da
parte de baixo do meu capuz, acariciando meus abdominais
inferiores. Se ela não tomar cuidado, provavelmente vou
gozar de novo nas minhas calças. “Vamos pegar algo curto e
divertido,” ela diz finalmente, deixando escapar um longo
suspiro. “Algo rosa. Essa era a cor favorita da minha irmã.”

Há um longo momento de silêncio que segue sua


declaração.

Não há um homem naquele carro que não sinta que


falhou com Bernie ao deixar Penelope morrer.

“Não acho que ela tenha cometido suicídio,” Bernadette


diz, enquanto Hael encontra uma vaga de estacionamento no
centro de Fuller. É movimentada com pessoas de aparência
ridiculamente normal, pessoas que me parecem manequins,
tão perfeitas e sem dor. Isso, ou eles são realmente bons em
esconder isso. A rua inteira está cheia de luzes e guirlandas
de Natal, lembrando-me que o Natal está a menos de três
semanas. É o feriado menos favorito da minha avó; ela fica
estranha no Natal.

Será que foi porque ela matou minha mãe nessa época
do ano?
Quem diabos sabe?

“Você acha que Neil a assassinou?” Hael pergunta, mas


agora que Neil Pence está enterrado a um metro e oitenta de
profundidade, seria quase impossível que alguém soubesse
a verdade. Ou seja, a menos que Sara Young saiba algo que
não sabemos.

“Eu não tenho ideia,” Bernadette diz, afastando a mão


de mim e caindo em sua dor ao mesmo tempo. Eu não vou
deixá-la embora; um bom dançarino sempre impede que seu
parceiro caia no chão. Meus dedos agarram seu queixo, e eu
coloco meus lábios nos dela, beijando-a lento, longo e
profundamente.

“Se você quiser começar a procurar mais informações,


eu ajudarei. Talvez nunca saibamos agora que Neil se foi,
mas certamente podemos tentar.” Olho nos olhos dela
enquanto falo, esquecendo por um momento que há mais
alguém ao nosso redor. A expressão em seu rosto faz todas
as coisas horríveis que eu já tive que fazer valer a pena.

“Obrigada. Posso começar a brincar de detetive,” ela diz,


e então Hael está abrindo a porta do carro e gesticulando
para fora com um grande movimento de seu braço.

“Escolha uma loja,” ele diz enquanto Oscar fica parado


por perto. “Qualquer loja, e vamos roubá-la.”

Bernadette sorri, olha em volta por um momento e


depois aponta uma boutique no final da rua.

“Aquela,” ela diz, e depois passa as próximas horas nos


mostrando que seus dedos são tão grudentos quanto
qualquer outro em Havoc.
Saímos daquela rua com quase dois mil dólares em
mercadorias, um lindo vestido rosa e sapatos que fazem meu
pau tão duro que dói. Oscar quase não diz nada, mas
observa Bernie. Sempre assistindo…
Bernadette Blackbird

No domingo, envio uma mensagem para a policial Young


para que ela saiba que tenho uma hora livre antes que meu
marido precise do jantar. Reviro os olhos. Ter que fingir que
sou uma vaca fraca, tremendo diante do poder de Havoc, é
irritante. Odeio cada segundo disso.

“Bernadette,” Sara diz enquanto abre a porta e sorri


para mim. É preciso o poder de cada molécula na porra do
meu corpo para forçar um sorriso de volta. Por que você está
me seguindo, mulher? Que porra é essa? “Entre.”

Concordo e entro na casinha de cheiro doce de Sara. Ela


é claramente uma fã do Hobby Lobby - foda-se essa loja e
tudo o que ela representa - porque há decorações em todas
as superfícies disponíveis e amontoadas em todas as paredes
brancas do local. Você sabe o tipo, aquelas que
dizem Beautiful Disaster ou God Bless This Mess. Eu
engasgo um pouco, mas consigo manter minhas coisas
juntas.

Este lugar é literalmente o oposto de tudo que eu sei.


Tem uma pequena sala de estar formal à minha
esquerda, uma sala de jantar à direita e um corredor que
leva ao que provavelmente é o único quarto e banheiro no
local. Sara me direciona, e vejo que a cozinha está
semiaberta para a área de jantar.

“Sente-se,” ela me diz, apontando para os bancos


brancos em frente à ilha da cozinha. “Eu vou fazer um chá
para você.”

“Café, se você tiver,” eu digo, e ela me dá um olhar muito


paternalista.

“A cafeína não é boa para os adolescentes,


Bernadette; você não terminou de crescer.”

Eu apenas olho para ela.

“Uh,” eu começo, tentando descobrir como me explicar


sem parecer uma boceta furiosa. “Uma vez fiquei trancada
em um armário escuro por uma semana com um balde, um
pouco de água engarrafada e algumas barras de granola. Não
tenho certeza se dou a mínima para os efeitos da cafeína no
meu cérebro em crescimento.”

Sara apenas olha de volta para mim, e esse abismo se


aproxima entre nós, um que me mostra exatamente o quão
difícil será para eu me conectar com ela. Ela gosta de sinais
inspiradores e acha que o café não é saudável para crianças
em crescimento, e eu atirei no ombro de Billie Charter
durante um passeio na segunda-feira.

Hmm.

“É algo que você quer falar?” Ela pergunta, largando a


cafeteira inteira e começando uma panela sem
avisar. Percebo que ela compra café do Starbucks e franzo a
testa ainda mais. Por favor. O café em South Prescott é o
próximo nível; nenhum café corporativo poderia competir.

“Na verdade não,” eu respondo, tentando manter


minhas mentiras no mínimo. Meus olhos percorrem a
cozinha fofa e pequena, com a influência de Joanna Gaines,
até uma porta externa que leva a um pequeno deck. Como
não tem árvores, tudo o que vejo são os lados das casas do
vizinho, todos em tons pastel. Me viro para Sara, ansiosa
para perguntar por que ela pensou em começar a nos
seguir. Não tenho certeza se devo saber que ela estava lá ou
não, e não revelarei minha mão tão facilmente.
“Principalmente, eu esperava que você tivesse boas notícias
sobre o Coisa?”

“O Coisa?” Sara ecoa, servindo pra nós uma caneca de


café fumegante.

Minha xícara diz que coisas boas vêm para aqueles que
esperam do lado dela. Olho para isso em vez de Sara
enquanto respondo, desconfortável como a merda no horrível
vestido amarelo que Oscar me fez usar. O olhar de puro
triunfo em seu rosto quando ele me entregou me fez querer
estrangulá-lo novamente. Ou deixá-lo estrangular você, sua
pervertida.

Tomo um gole de café preto e Sara fica completamente


imóvel, congelada com seu recipiente de creme de cana
de açúcar posicionado sobre sua xícara.

“Você bebe preto?” Ela pergunta, claramente surpresa.

“Você bebe cheio de xarope de açúcar quimicamente


composto?” Eu respondo de volta, e ela coloca o recipiente
no chão.
“O que 'coisa' significa, Bernadette?” Ela pergunta, e
percebo que ela teve o cuidado de me chamar de Bernadette
apenas depois que eu corrigi Constantine por dizer Bernie.

“Desculpe, Neil,” eu corrijo, tomando outro gole de


café. “Ele não é digno de um nome, na minha opinião. Mas
tenho certeza de que você pensa nele de forma diferente.”

Desta vez, é a vez de Sara apenas olhar para mim, como


se ela estivesse tentando testar minha coragem.

“Seu padrasto é... um homem complexo,” ela me diz,


como se estivesse tentando ter cuidado com suas
palavras. Sara pousa sua caneca - está coberta de borboletas
brilhantes, nojo - e suspira pesadamente. “Olha, Bernadette,
quero lhe contar uma coisa, supondo que você seja madura
o suficiente para lidar com isso.”

Oh, aqui vamos nós. Ela está tentando desempenhar o


difícil papel de salvadora comigo. É além de irritante. Claro,
Sara Young é legal o suficiente, mas ela não me entende nem
nada da minha vida.

“Bata-me com o seu melhor tiro,” eu digo, meus lábios


tremendo quando me lembro de ouvir Pat Benatar na Ferrari
com Hael. Essas lembranças me deixam quente e suada, e
eu realmente não quero lidar com calcinha molhada
agora. Devo beber café. “Deixe-me adivinhar: você estava
transando com ele também?”

Sara recua como se tivesse levado um soco no estômago.

“Ele é casado com sua mãe,” ela assobia, claramente


furiosa. É óbvio pela expressão dela que não é que ela não
acredite que Neil traía, só que ela nunca iria dormir com um
homem casado. Dou de ombros e Sara exala
bruscamente. Estou acabando com sua paciência. “Querida,
ele me disse que, se algo acontecesse com ele, seria você
quem fez.”

Faço uma pausa, então, a caneca de café apertada entre


minhas mãos tatuadas. Minhas unhas são pretas foscas
agora, com pontas de caixão. Eu fiz uma das garotas de
Stacy Langford fazer elas na sexta-feira antes de encontrar o
Cal em seu estúdio. Antes de ele me foder no velho armazém
com o seu corpo magro de dançarino, seus músculos suados
sob as minhas mãos, suas cicatrizes ásperas, mas
intrigantes.

Jesus.

Não estou seguindo muito bem essa regra de Não molhe


sua calcinha.

“Ele disse a você...” Eu começo, depois coloco minha


caneca e começo a rir. Neil, seu filho da puta. Um último viva
do túmulo, hein?

Ele simplesmente não poderia morrer em paz,


poderia? Juro por Deus, sinto seu espírito maligno agarrado
aos meus ombros e cravando garras com ponta de obsidiana
na minha pele. “Você nunca estará livre de mim,
Bernadette; Vou assombrá-la até o dia em que você morrer
como um cachorro na sarjeta.”

Pela mesma razão que Neil não se mataria com a faca


que Aaron lhe deu, ele também não pôde fazer a transição
para as profundezas do inferno sem deixar algumas pepitas
de besteira para trás para eu lidar.

“Que louco paranoico,” murmuro quando finalmente


consigo me controlar. Desta vez, não olho para Sara, olhando
para um gato siamês marrom e creme que está sentado perto
e olhando para nós. O gato parece irritado para ser honesta,
batendo a cauda violentamente. Isso me lembra
Oscar. Outro gole de café. “Eu me declaro inocente de todas
as acusações.”

“Bernadette, estou tentando ajudar aqui,” Sara diz


enquanto olho para ela. Ela está usando esse gloss rosa
pálido que parece pertencer aos anos noventa. “Eu sei que
você não machucou seu padrasto, mas você não é uma loba
solitária, agora é?”

Solto um pequeno uivo e sorrio.

“Grite 'Havoc!',” Murmuro, percebendo que ela deve ter


ouvido os uivos nos corredores durante a última semana. Eu
comecei uma tendência. Olhe para mim nisso. “É isso que
você está sugerindo? Que meu marido ou um dos meus
namorados possa ter algo a ver com o desaparecimento de
Neil?”

“Um dos seus namorados?” Sara pergunta, como se a


terminologia a estivesse confundindo. Eu deveria ter
dito, um dos meus namorados ou Oscar Montauk, porque ele
ainda não age como se quisesse algo comigo fora de
transações comerciais estritas. “Namorados. Entendi.
Amigos homens.”

“Não, não, como garotos com quem você faz sexo e passa
um tempo e, se você gosta desse tipo de coisa, espera ter
filhos em algum momento.” Termino meu café e passo a
caneca de volta. Sei que estou sendo uma merda sarcástica,
mas não posso evitar. Não tenho uma mãe para trocar
piadas verbais, nenhuma amiga. É divertido sair com outra
mulher de vez em quando. A energia é diferente. “De
qualquer forma, eles não fizeram nada; eles não fariam.”
Sara suspira e bate as unhas francesas bem cuidadas
no balcão. Elas estão cortadas, mas são claramente feitas
recentemente.

“Olha, eu vou direto ao ponto aqui,” Sara começa, e a


mudança de tom faz com que eu congele. Ela está olhando
diretamente para mim, seus olhos azuis muito mais claros
que os de Callum, quase pálidos demais para o meu gosto.
“Não estou dizendo que você não tinha motivos para querer
Neil ferido ou morto. Estou lhe dizendo que acredito em você,
Bernadette. Não fui a parceira de seu padrasto por muito
tempo, mas havia coisas que ele fez que me fizeram pensar
se ele estava na polícia pelas razões certas.”

“Mas?” Eu sugiro. “Porque eu ouço um, mas com


certeza.”

“Mas não há desculpa para a justiça vigilante na


sociedade. Se você fez algo com Neil, precisa me dizer
agora. Podemos fazer um acordo com o promotor em troca
de informações sobre seus amantes.” Eu só fico sentada ali,
pasma, porra, por essa mulher ter tanta espinha dorsal
quanto ela tem. Mesmo que ela esteja me aterrorizando um
pouco, começo a desenvolver um novo respeito por ela. Além
disso, ela simplesmente pulou de cabeça e começou a
chamar os meninos Havoc de meus amantes.
Parabéns. “Você não é a soma dos seus erros, Bernadette,
mas o aumento exponencial do seu futuro.” Ok, esse
definitivamente pertence ao lado de uma caneca com um
pouco de brilho.

“Vejo que você está tentando me ajudar,” digo a ela,


ficando real pela primeira vez desde que entrei aqui. É difícil
para mim não me endurecer contra uma ameaça em
potencial. Essa é a reação que salvou minha vida muitas
vezes, me protegeu do estupro, do abuso e da dor. É o que
faço agora, para manter eu e os meninos em segurança. “Mas
não preciso da sua simpatia ou pena. Meus meninos são
pequenos traficantes de maconha e idiotas totais. É isso
aí. Nós estamos no ensino médio; esqueça isso.” Levanto-me
do banquinho e vou para a porta.

Espero que Sara chame e me peça para voltar.

Ela não pede.

Em vez disso, ela espera até eu descer o quarteirão e


subir no Camaro de Hael para começar a nos seguir.

Fantástico.

“O que aconteceu?” Cal pergunta, inclinando-se entre


os dois bancos da frente. A maneira como sua proximidade
me afeta mudou completamente. Quando Callum se move, é
como se ele vibrasse as próprias moléculas no ar ao meu
redor. Minha pele ondula com a necessidade de sentir seu
toque, e eu expiro.

“Neil disse a ela antes de morrer que, se algo


acontecesse com ele, foi eu.”

Hael xinga baixinho com a minha declaração, passando


os dedos pelos cabelos ruivos.

“Sim, bem, essa era uma das nossas preocupações


originalmente sobre matá-lo. Oscar disse que seria diferente
desta vez.” Hael olha na minha direção, erguendo as
sobrancelhas. “Victor disse que seria. Acho que precisamos
confiar que eles sabem o que estão fazendo?” Ele sorri para
mim, mas a expressão não é totalmente alegre. “Se formos
pegos, você sabe quem é o bode expiatório, certo?”
“Pare com isso,” eu rosno, porque não tenho certeza se
ele está realmente preocupado ou apenas brincando
comigo. “É melhor vocês terem um plano de backup para a
policial Young.”

“Não estamos preocupados com ela,” Cal me diz,


lançando sua voz agradável e baixa. Os dedos de sua mão
direita apertam meu ombro levemente, e estremeço de
prazer. “Ela pode seguir uma trilha, mas ainda é um
porco. Nós temos planos.” Callum faz uma breve pausa e dá
um pequeno suspiro, como se estivesse se preparando para
me dizer algo que não tem certeza se eu vou gostar. “Eles
envolvem sua mãe.”

Ah.

Uma das minhas sombras mais escuras; uma das


minhas maiores decepções.

Pamela.

Na segunda-feira, está claro que Sara Young está


interessada em Havoc, mas principalmente... ela está
interessada em mim. Se eu pego carona com Hael, ela está
atrás de nós. Se eu andar com Callum, lá está ela. Não
importa qual menino Havoc, enquanto eu estiver lá, ela
seguirá.

Ela ainda está tentando ser a boa policial contra o mal


de Constantine, mas isso não faz nenhuma diferença, porque
ela já expôs suas intenções em voz alta e clara. Ela não tem
nenhuma evidência... ainda. Mas ela vai continuar cavando.
Na quinta-feira, estou tão cansada com a merda dela
que nem me incomodo em tentar começar as aulas com o Sr.
Darkwood; Acabo de invadir o escritório da Sra. Keating e
arremesso a porta contra a parede.

Aparentemente, o diretor Vaughn estava prestes a


trancá-la, porque eu pareço ter arrancado a maçaneta da
mão que restava dele.

Em uma das duas cadeiras em frente à mesa da Sra.


Keating, vejo Kali Rose-Kennedy.

Ela se vira para me olhar por cima do ombro,


arregalando os olhos um pouco antes de se estreitar.

“Bernadette,” a policial Young diz, sorrindo e


estendendo a mão para indicar que eu deveria me
sentar. “Engraçado você aparecer aqui, agora. Que
coincidência.”

“O que está acontecendo?” Eu pergunto enquanto entro


na sala e paro ao lado da cadeira de Kali. A vazia está do
outro lado, mas esse não é o meu ponto. Fico onde estou,
pairando sobre ela. “Eu imaginei desde que você está me
chamando aqui tanto, que eu me adiantaria e viria eu
mesma.”

“Por que você não senta?” Constantine sugere enquanto


Kali se move levemente em seu assento e depois joga o
cabelo. Seus olhos me levam da cabeça aos pés enquanto
minha língua formiga com o gosto de fofocas. Se ela estivesse
aqui fofocando, que Deus a ajudasse. Prescott sempre
conhece um informante. “Bernadette?”

Depois de um período constrangedor de silêncio, onde


apenas olho para Kali até que ela se sinta desconfortável
novamente, finalmente me sento. Olhando para ela, tenho
muito orgulho em ver que ela ainda está machucada e
inchada no rosto.

“Kali aqui queria conversar conosco sobre algumas


coisas,” Sara diz, e posso ver em seus olhos que ela acabou
de colocar uma armadilha terrível. É óbvio demais para o
meu gosto, mas também me deixa mal do estômago ao
mesmo tempo. O que a policial Young acabou de fazer é o
seguinte: veja, Bernadette, aqui está um dedo duro; se algo
acontecer com ela, eu vou saber o que você fez.

Porque, sério, nenhum policial - nem mesmo uma tão


ignorante quanto Sara Young - cometeria o erro de denunciar
um estudante dedo duro na frente de um possível suspeito.

Eu resisto ao desejo de cerrar os dentes.

Não sei se Kali sabe o que Sara está fazendo; ela parece
um pouco perturbada por toda a situação.

“Kali estava nos dizendo como você, ela e Neil tiveram


uma conversa naquela sexta-feira que ele desapareceu. Ela
disse que viu você ficar violenta com seu padrasto.” Eu sorrio
e faço o meu melhor para não deixar escapar que Kali poderia
muito bem estar carregando o bebê de Neil. Dele ou de Mitch,
eu acho. Definitivamente não é de David, tenho certeza
disso.

David explica como Kali esbarrou com Tom Muller e, em


consequência disso, Ophelia Mars. Ela odeia o filho. Kali me
odeia. Pode ter parecido uma parceria feita no céu. Oscar
pode pensar que estou dando um salto na lógica, assumindo
que Kali foi atrás do meu padrasto por causa de sua conexão
comigo, mas isso é apenas porque ele não viu o jeito que ela
estava olhando para mim e Aaron juntos.
Ela ainda o tem, aquele terrível e tentador ciúme. Está
enrolado em sua garganta, espremendo a vida dela. Eu me
sentiria mal por ela, você sabe, se ela não tivesse chamado
Havoc atrás de mim.

“Só sei o que vi,” Kali diz, cruzando as pernas no


joelho. Ela está usando batom rosa quente hoje, junto com
shorts jeans que mostram sua bunda e sapatos de bico
fino. Acho que ela não aprendeu uma lição na última vez que
pisei nos dedos dos pés com minhas botas. “Desculpe,
Bernie, mas eu não podia mentir.” Ela me dá um olhar
simpático, mas eu a ignoro.

A obsessão dela por mim não deveria ser o meu


problema.

Estou começando a pensar que ela é legitimamente


louca, o que quase me faz sentir pena dela. Quase, mas
também tenho certeza de que ela não tem alma.

“E eu e a Sra. Keating sabemos apenas que ele bateu


com a pistola nela e a mandou para o hospital. Se você está
tentando usar Kali contra mim, cometeu um erro.” Olho de
Sara para Constantine e suspiro. “O que você fez é garantir
que Stacy Langford e suas meninas saltem em Kali depois da
escola. Ninguém gosta de um dedo duro.”

“Eu não estou delatando,” Kali zomba, como se isso nem


lhe ocorresse. “O detetive” - ela gesticula para Constantine,
com pulseiras de ouro tilintando - “perguntou o que havia
acontecido na sexta-feira, e eu contei a verdade do jeito que
sei que é. Tenho certeza que você fez o mesmo.”

“Por favor, não se surpreenda quando a encontrar


deitada em uma vala amanhã de manhã,” digo, me
levantando e para fora da cadeira. Uma vez no corredor,
encontro Oscar esperando novamente. Ele parece gostar de
andar por aí para ver se eu vou fazer merda.

“O que?” Eu pergunto, mas ele apenas balança a cabeça


levemente.

“Nem tudo é sobre você, Bernadette; Estou aqui para


monitorar Kali.” Oscar se recosta nos armários enferrujados
e cruza os braços sobre o paletó, o botão e a gravata. Ele me
observa com cuidado enquanto eu me aproximo, mas
mantenho distância ao mesmo tempo. “Algo para reportar?”

“A policial Young está usando ela para nos atacar. Ela


basicamente admitiu que Kali era um informante, para ver
se a seguiríamos.” Oscar apenas sorri com a minha
explicação, seus lábios um corte nítido no fundo do rosto
perverso. Ele sabe tão bem quanto eu que não precisaremos
fazer nada para ver Kali receber uma surra dos estudantes
da Prescott.

“Fantástico. Eu odiaria que algo acontecesse com a boa


oficial, depois de todo o trabalho duro que ela está colocando
neste caso.” Oscar mantém os olhos cinzentos focados na
porta da Sra. Keating enquanto ele descansa nas sombras,
os pés envoltos em um par daqueles bonitos mocassins com
caveiras de metal no topo.

“Você não pode machucá-la, você sabe,” digo a ele, e ele


muda sua atenção inflexível para mim. “Sara Young. Ela não
fez nada de errado.”

“E você não é a polícia da moral,” Oscar explica quando


minhas narinas se abrem de raiva. Filho da puta. “Quando
se trata de sua lista, estamos dentro do seu horário e do seu
capricho. Caso contrário, você é igual a qualquer um de nós:
apenas um sexto de uma fatia de Havoc.”
“Você é tão rude, sabia disso?” Eu volto para ele,
sabendo que não é a hora ou o lugar para termos uma
conversa sobre algo pessoal. Ah bem. “Por que você fugiu de
mim? Sério. Pensei que estávamos chegando a algum
lugar. Você me disse que estava tentando impedir que minha
chama se apagasse; você disse que eu era incandescente.”

Ele olha para mim como se estivesse tentando decifrar


uma reação química complexa.

“Eu acho que sei por que você fugiu,” eu digo, e ele
estende a mão pálida, a palma da mão é a única parte dela
que não está cheia de tatuagem.

“Diga então, Bernadette. Esclareça-me sobre minhas


próprias motivações.”

“Você disse que não gostava que eu os deixasse me


tocar, depois de tudo o que haviam feito. No entanto, você fez
isso também. Você fez amor comigo, Oscar. Não tente negar
isso. Confie em mim: já fui fodida várias vezes e não foi isso
que fizemos.”

Ele continua sorrindo para mim, sua expressão estoica


e distante, muito parecido com uma estátua. Oscar podia
coalhar o leite com aquele olhar dele.

“Às vezes, os homens elogiam as mulheres pelo que


querem, Bernadette. Não seja tão egocêntrica. Como eu
disse, nem tudo é sobre você - apesar do que os outros
possam fazer você pensar. O sol não nasce e se põe ao seu
capricho.” Oscar sai do armário e entra pela porta dos
fundos, da mesma maneira que antes. Ou seja,
definitivamente não indo para a aula.
Recuo um pouco para observá-lo, curiosa para saber
aonde ele está indo.

Ele acaba saindo pelo buraco na cerca atrás da lixeira,


passando pelo Camaro de Hael enquanto caminha pelo
asfalto e para calçada. Eu mantenho o ritmo, certificando-
me de manter os olhos abertos para esconderijos, caso ele se
vire.

Ele não.

Mas ele começa a andar mais rápido, a ponto de eu estar


lutando para acompanhar seus passos de pernas longas e
xingando baixinho. Eventualmente, eu o perco perto de um
mercado movimentado e acabo tendo que me virar e voltar
para a escola.

Cerca de três quarteirões depois, sinto o cano de uma


arma pressionando o lado da minha cabeça seguido de um
clique muito audível quando um martelo é puxado para trás
em um revólver.

“Tsk-tsk, Bernadette,” Oscar diz enquanto congelo no


lugar, meus olhos focados na calçada na minha frente. As
pessoas passam do lado oposto da rua, mas ninguém olha
muito de perto o que estamos fazendo. Provavelmente uma
escolha inteligente de suas partes. Ele mói a arma um pouco
mais forte. “Eu poderia ter explodido seu cérebro; você não
deve seguir ninguém até que eu diga o contrário.” Oscar
retira o revólver e o enfia no paletó. Olho para ele, ainda
lutando para controlar meu coração em pânico; por fora, fico
calma. “Também informarei Victor que você saiu do campus
sem alertar ninguém sobre seus planos. Entenda que essa é
uma questão fundamental de segurança e treinamento que
requer resolução imediata.”
“Resolução imediata,” eu repito com uma risada,
virando a cabeça para olhar para ele. Ele encosta um ombro
na parede de tijolos à direita, cruzando as pernas nos
tornozelos, os braços cruzados sobre o peito. Juro que,
mesmo com a brisa de dezembro, sinto o cheiro de canela no
ar. “Você não é um robô, então pare de falar como
um. Tivemos um sexo bagunçado, estranho e constrangedor,
Oscar Montauk. Como as pessoas às vezes fazem. Apesar de
suas ideias do contrário, você ainda é humano.”

“Eu não sou humano,” ele diz, mas não levanta a voz
nem muda de posição. Essa afirmação é descartada como
fato direto. “Não sou humano há anos. Não cometa o erro de
pensar que eu sou.”

“Você não é humano, mas ainda assim, entrou em


pânico e fugiu de mim. Você ainda é covarde demais para
falar sobre isso honestamente. Bem. Victor disse que
deveríamos definir nossos próprios relacionamentos.”
Balanço a cabeça e suspiro, voltando-me para Prescott
High. Eu posso ver o exterior de tijolos aparecendo apenas a
alguns quarteirões abaixo. “Vejo que, para você, uma Garota
Havoc é apenas mais um recruta para comandar e
conversar. Entendi. Mensagem recebida, Oscar.”

Começo a caminhar pela calçada quando seus longos


dedos envolvem meu pulso e me puxam com força para o
beco. Ele me empurra contra a parede de tijolos e bate as
palmas das mãos em ambos os lados da minha cabeça.

“Pare de me cutucar e me empurrar, Bernadette,” ele


rosna, mas claramente, ele me arrastou aqui por um
motivo. Oscar fecha os olhos por um momento, me dando
uma chance de estudar seu rosto. Ele está furioso agora, sua
pele esticada, boca em uma linha fina. Mas de quem ou por
que não tenho certeza. Ele não é humano, lembra? Ele abre
os olhos para olhar para mim novamente, e não posso deixar
de admirar o efeito de aquarela de suas íris cinzas. Se
você realmente olhar para elas, acha que são azuis, mas há
muito pouco pigmento. “Você não pode simplesmente ser
feliz com quatro paus não merecedores disputando sua
atenção?”

“Meus relacionamentos com qualquer um dos outros


garotos não têm nada a ver com o meu relacionamento com
você,” eu digo, movendo-me como se fosse passar por baixo
do braço de Oscar e ir embora. Ele me para, colocando a mão
esquerda na minha garganta e me empurrando de volta
contra a parede. Antes que eu possa pensar no que dizer, ele
esmaga sua boca na minha, me beijando com tanta paixão
que meus joelhos dobram levemente. Meus dedos cavam na
parede de tijolos atrás de mim enquanto a mão esquerda de
Oscar aperta um pouco e depois afrouxa, me liberando
abruptamente.

“Venha comigo,” ele diz, levantando-se e fugindo do beco


antes que eu possa ler sua expressão facial. Corro para
alcançá-lo e me forço a acompanhar o ritmo dele. É uma
punição, mas eu poderia usar o exercício.

“Onde estamos indo?” Pergunto, mas ele apenas olha


brevemente para mim e não diz mais nada. Ele é tão
detalhista e meticuloso quando há assuntos a discutir. Traga
sentimentos e ele cala a boca. Decido que, aonde quer que
vamos, eu deveria obter algumas respostas, no mínimo,
então continuo com isso.

Sou recompensada com uma pequena casa branca com


marquises vermelhas nas janelas e na varanda. Ela tem
aquele visual vintage bem conservado, embora seja bastante
óbvio que os proprietários não tenham muito
dinheiro. Quero dizer, eles não viveriam no coração de South
Prescott se tivessem.

Oscar para na calçada da frente e remove uma chave do


bolso do paletó, destrancando a porta e segurando a tela
abertas com as costas. Ele gesticula para mim e, com minha
curiosidade alta, eu faço.

“É você, Oscar?” Uma voz chama da cozinha e eu o noto


me dando um olhar de aviso.

“Sou eu,” ele confirma, fechando a porta e trancando-


a. Cheira a batatas fritas e cebolinha aqui. “Eu trouxe uma
convidada comigo.”

Uma mulher sai da cozinha, sorrindo para mim e


segurando um refrigerante na mão direita. Ela usa jeans
apertados e uma blusa preta folgada. Eu a pegaria com trinta
e poucos anos. Ela parece um pouco jovem para ser mãe de
Oscar, mas então conheço garotas que ficaram grávidas aos
catorze e quinze, por isso acho que tudo é possível. Por outro
lado, também sei que os pais de Oscar estão mortos.

“Bernadette, esta é minha mãe adotiva, Rebecca,” Oscar


diz, seus olhos cinzentos passando dela para
mim. “Bernadette e eu fodemos de vez em quando.”

“Oh, pare com isso,” ela castiga, sorrindo. ”Você é a


namorada dele então.” Ela parece positivamente alegre com
a ideia. Rebecca toma um gole de refrigerante e ri, cabelos
cacheados caindo pelos ombros, maquiagem bem-feita e
muito distintamente South Prescott. Nós gostamos de lábios
pesados e olhos pesados - dia ou noite. Forro preto ou pelo
menos muito escuro, cílios postiços, pouco ou nenhum
blush. Clássico.
“Estaremos no meu quarto, se precisar de algo. Por
favor, faça o seu melhor para bater.” Oscar se move pelo
corredor e eu sigo depois.

“Estou fazendo panquecas de batata, caso você queira


alguma,” ela chama, sua pergunta claramente direcionada
para o rápido retorno de Oscar. Ela sorri para mim
novamente. “Você pode me chamar de Becca. Se você
precisar de alguma coisa, apenas grite.” Ela desaparece de
volta para a cozinha enquanto eu desço o corredor e saio pela
porta dos fundos para um pequeno deck. Parece haver uma
adição no lado da garagem que tem sua própria
entrada. Quando entro, encontro o quarto de Oscar
Montauk.

Isso é estranho pra caralho.

O espaço é pequeno, com paredes roxas em tons de joias


e uma cama de casal com cobertores e lençóis pretos. Há
algumas pinturas obscuras na parede, como talvez Oscar as
tenha feito ou algo assim. Fora isso, vejo uma cômoda com
alguns itens pessoais em cima e uma estante cheia de
thrillers e romances policiais verdadeiros, e é isso.

Em suma, a sala não me diz praticamente nada.

Oscar bate à porta atrás de mim, cortando toda a luz


natural; todas as janelas daquela sala estão com as
persianas e cortinas bem fechadas. Demoro um minuto para
meus olhos se ajustarem, mas Oscar parece saber
exatamente o que está fazendo, agachando-se e puxando
uma cesto transparente debaixo da cama.

“Porque estamos aqui?” Eu pergunto, um pouco


confusa. Este é o lar dos Peters? É aqui que Alyssa está
hospedada? Como Oscar veio morar aqui? Sei que seus pais
faleceram e que houve algum escândalo, mas muitas das
informações sobre o caso nunca foram divulgadas. Lembro-
me da data em que aconteceu, do jeito que seu rosto mudou
e nunca mais voltou. Quero dizer que tínhamos treze anos
na época.

“Hoje tenho uma reunião com Coraleigh,” ele diz,


puxando a tampa do cesto e jogando-a na superfície de sua
mesa imaculadamente mantida. “Ophelia está
pressionando-a a desviar para o lado dela; ela diz que pode
protegê-la. Quero ter certeza de que ela entenda que não é o
caso.”

Oscar retira um longo pedaço de corda rosa pálida do


cesto e a torce em torno em suas mãos, testando sua
força. Ele sorri. Ele disse que era um mestre de nós; Só
posso me perguntar quais são seus planos para isso. Ele vai
pendurar Leigh como nós fizemos com Donald? Ou algo pior?

“Por que se incomodar em ir para a escola?” Eu


pergunto, já que nenhum de nós chegou ao primeiro período.

“Para vê-la, obviamente,” ele diz, completamente


inexpressivo. Poderia ser uma piada, claro, mas quase...
não? Eu não posso decidir de qualquer maneira. Inclino as
costas contra a porta de Oscar, mordendo meu lábio inferior
enquanto tento decifrá-lo, quando ele vira o ombro para
olhar para mim, a corda ainda enrolada em torno de seus
longos dedos com tinta.

“Venha aqui, Bernadette,” ele comanda. Oscar se vira


para mim e meu coração pula no peito. Não consigo decidir
se devo estar com tesão ou se devo correr.

“O que?” Eu pergunto, olhando a corda em suas


mãos. Estou tão chocada com a mudança repentina de
eventos que levo muito mais tempo para descobrir que a
corda rosa em suas mãos é para mim e não para Leigh. Dou
um pequeno passo para longe dele, colocando as costas
contra a porta do quarto. “Eu pensei que você tinha dito que
tinha uma reunião com Leigh?”

“É uma reunião flexível,” Oscar continua, virando-se e


agarrando a corda de seda nas mãos tatuadas. “E você
parece determinada a me perseguir até os confins da terra,
então aqui estamos nós. Você tem medo de mim?”

Essas palavras dele... são claramente um desafio.

Olho para ele, segurando a corda nas mãos, sabendo o


que ele fez com Donald, sabendo o que ele fez com os
Kushners. Não havia sequer um pingo de arrependimento
em seus olhos quando ele puxou o gatilho do revólver. Oscar
Montauk não opera sob as mesmas regras morais que o resto
da sociedade. Então, novamente, eu também não.

Confie, Bernie, digo a mim mesma, pressionando as


pontas dos dedos na porta para alavancar. Você disse que
confiaria nos meninos Havoc. O que há de tão diferente
nisso? Se eu quero Oscar, então tenho que aceitá-lo com
cada pedaço de sua alma, do jeito que ele tem que fazer por
mim.

“Eu não tenho medo de você,” digo a ele, e ele estreita


seus olhos cinzentos em mim. É óbvio que ele não esperava
tal resposta. “Eu deveria ter?” Inclino minha cabeça para um
lado, lembrando a sensação de seus dedos na minha
garganta. Havia violência em seu toque, com certeza, mas
era contida e bem presa, e claramente não dirigida a
mim. Apesar da reação dele em relação a mim, eu sabia que
a única pessoa com quem ele estava bravo era ele
mesmo. Em vez disso, foi a paixão que senti em seus dedos
quando ele me tocou. Paixão que ele obviamente teme
abraçar.

“Eu não sou humano,” ele disse.

Idiota.

Ele não tem ideia do quão humano era seu rosto na


noite que passamos juntos. Nenhuma ideia. Molho meus
lábios, provando a textura cerosa do meu batom.

“Devemos enviar uma mensagem a Vic para que ele


saiba que não vamos voltar para a escola,” eu digo, e Oscar
aperta os dentes.

“Já fiz,” ele diz, mas não como se realmente esperasse


que eu ficasse. “Devo dizer a ele que estamos prestes a foder
também?”

Engulo o nó apertado na minha garganta.

“Nós não devemos mais uma explicação a Victor,” eu


digo, sentindo esse brilho dentro do meu peito. É assim que
as coisas sempre deveriam ser. Não Oscar sendo um idiota,
obviamente, mas... eu e os meninos. Eles sempre foram
meus. Sempre. “O que você está planejando fazer com essa
corda?” Eu aceno com o queixo na direção dela enquanto
Oscar faz uma careta.

Isso vai ser uma tempestade de merda. Ele tem mais


problemas de intimidade do que eu, Hael, Aaron e Callum
juntos. Curiosamente, não acho que Victor tenha esse tipo
de problema. Ele sempre parecia mais do que disposto a
admitir seus sentimentos para mim.
“Castigar você,” Oscar diz simplesmente, como se essa
fosse a resposta óbvia. “Agora, fique nua e fique de joelhos
na cama; coloque as costas para mim.” Meus olhos agora
estão se ajustando à semiescuridão da sala, e não tenho
nenhum problema em ver seu rosto. Ver e ler são dois
problemas diferentes, no entanto. As motivações de Oscar
permanecem cuidadosamente guardadas e escondidas do
mundo.

“Você parece um serial killer,” brinco, avançando e


fazendo uma pausa para que fiquemos frente a frente. Oscar
olha para mim enquanto tiro minha jaqueta Havoc de couro
rosa e a jogo no chão. Seus olhos encontram o ponto de
pulsação na minha garganta, observando como ele vibra
como um pássaro preso.

Deslizo minha blusa em seguida, colocando a blusa


preta da Harley de lado. Outro presente de Victor. Tudo o
que tenho agora é o primeiro sutiã de renda preta que ele me
deu. Oscar parece reconhecê-lo, mas não diz nada, não faz
nenhum movimento para me tocar. Estendo a mão para trás
e tiro o sutiã, deixando-o deslizar pelos meus braços e cair
no chão.

“Bernadette, você tem peitos enormes. Você deve estar


brincando comigo? Era para você ler nas entrelinhas.”

Eu sei que ele gosta dos meus seios, talvez mais do que
qualquer outro cara. No entanto, ele não faz nenhum
movimento para tocá-los. Minha pele arrepia com a
necessidade, mas não estou prestes a me jogar nele como
uma gata no cio. Esta é uma dança cuidadosa entre duas
personalidades duras; isso nunca seria fácil.

Mas nada que valha a pena ter é, né?


Sentada na beira da cama de Oscar, sinto uma sensação
estranha na barriga e faço o possível para não sorrir. Claro,
minha vida não tem sido o que deveria ou poderia ter sido,
mas isso não significa que estar no quarto de um garoto que
estou apaixonada há uma década não me afeta.

Quando Oscar não está no Aaron, ele deita a cabeça


aqui. Desde que tinha treze anos, ele está deitando aqui. Sua
energia está estampada em toda a sala; Sinto como se
estivesse me afogando nele. Ouvi dizer que quando você
afunda, é uma luta, então a água corre pelos seus pulmões
e não passa de dor. Depois disso... felicidade tranquila e um
deslize fácil para o próximo mundo.

Sim.

Oscar Montauk é como se afogar.

Tiro minhas botas e meias, sem me preocupar em me


apressar. Não há pressa nisso. Meus olhos se erguem para
encontrar os de Oscar, mas ele não se mexeu; a expressão
dele não mudou. Ele é estoico, quieto e escuro como o céu
noturno sem estrelas.

Desabotoando minhas calças de couro (um par diferente


desde que Vic arruinou minha favorita), deslizo-as pelos
quadris e revelo o fato de que eu não estava usando
calcinha. Linhas de roupas íntimas e tudo isso.

Agora que estou nua, me sinto completamente


vulnerável na frente desse homem, da mesma maneira que
me senti no sofá de Aaron naquela noite. O jeito que Oscar
está me encarando não muda, mas tenho a impressão de que
ele está perto de quebrar e revelar algo importante para mim.

Subo na cama e me viro, ficando de joelhos.


“Mãos atrás das costas,” ele me diz, suas palavras
costuradas com escuridão e luxúria e desejo infinito e
contínuo. “Pulsos juntos.”

Puta merda.

Por mais que eu saiba que posso confiar nos meninos,


esse é um nível totalmente novo. O sexo foi apontado para
mim como uma arma durante toda a minha vida. Minha
irmã morreu por causa de sexo. Às vezes é difícil separar o
ódio que tenho pelos meus agressores e meus sentimentos
sobre o ato em si. Deixar Oscar me amarrar coloca isso em
um nível totalmente novo; isso me deixa quase desamparada
e presa em seu quarto.

Com uma longa expiração, faço o que ele pediu.

Os dedos longos de Oscar fazem cócegas na minha pele


de uma maneira agradável, enquanto ele amarra a corda,
torcendo-a e tecendo-a em volta dos meus braços com
pressão suficiente para eu achar reconfortante, como se ele
estivesse me abraçando. Meu corpo começa a tremer quando
ele coloca a boca no meu ouvido.

“Você sabe o que é shibari?” Ele me pergunta,


mordiscando a minha orelha e me fazendo ofegar de
surpresa.

“Amarrar alguém com cordas...” Arrisco, o que tenho


certeza de que não é a resposta correta. Só tinha que ter um
pouco de fragilidade lá antes que as coisas mudassem
carnalmente.

“Errado.” Oscar puxa as cordas segurando meus braços


juntos, e eu grito. Fico feliz por estarmos fora da casa
principal, então Rebecca não pode nos ouvir. “Em shibari,
precisa haver uma conexão emocional entre a pessoa que
amarra as cordas e a pessoa que está sendo amarrada. Se
não houver, é simplesmente uma escravidão ocidental.” Ele
faz uma careta e coloca a cabeça contra o lado da
minha. Meus olhos se fecham contra o toque enquanto meu
coração bate.

Oscar se afasta, se movendo para me olhar de


frente. Quando tento ajustar meus braços, eles não se
mexem, mas também não machucam. As cordas não estão
muito apertadas; elas se sentem mais como uma carícia
duradoura do que algum tipo de punição BDSM. Olho para
ele de terno e gravata verde, olhos cinzentos focados no meu
rosto de tal maneira que tenho que resistir à vontade de me
contorcer.

Bernadette Blackbird não se contorce. Eww.

“Você não vai gostar de mim depois disso,” Oscar diz,


estendendo a mão tatuada e tocando o lado do meu
rosto. Seus dedos e mãos estão lá em cima com as coisas
mais bonitas que eu já vi. Seus dedos são longos e perversos,
as mãos de um demônio ocioso, e suas tatuagens parecem
ser derramadas do tinteiro de um deus louco. Quando ele me
toca, sua mão está surpreendentemente quente. “Mas eu
não consigo resistir. Apesar do que você possa pensar, eu
não tenho o controle de Victor.”

Mantenho meus olhos fechados por um momento, mas


quando os abro, encontro Oscar sem a jaqueta, a gravata
solta e a calça desfeita. Ele segura seu pau tatuado e
perfurado na sua linda mão, acariciando seus dedos ao longo
de seu comprimento.

“Sexo é um conceito tão estranho, você não acha?” Ele


pergunta, sua voz tão suave quanto o conhaque de 35 mil
dólares que bebemos na casa dos Vincents. Desce agradável
e fácil, fazendo minha barriga queimar com o gosto. Porra,
porra, porra. A tensão naquele quarto é tão espessa que estou
surpresa que não embaça os óculos do idiota.

“Eu acho que é uma faca de dois gumes, uma execução


perfeitamente terrível da alma nas mãos erradas... e uma
fusão de almas em um conjunto diferente.”

“Que conjunto de mãos você acha que tenho,


Bernadette?” Oscar me pergunta, deslizando o polegar sobre
a ponta do pênis e deixando-o brilhante com a pré-
ejaculação.

“As mãos do diabo,” eu sussurro de volta, fechando os


olhos. Oscar me agarra pelos cabelos e puxa minha cabeça
para trás, inclinando-se para colocar sua boca perto da
minha. Eu posso praticamente prová-lo, um veneno
estranho que me lembra flores e dor da noite. Ele não me
beija, apenas ri contra meus lábios e puxa meu cabelo um
pouco mais forte.

“As mãos do diabo está certa,” Oscar concorda e então


ele me empurra de volta para sua cama. Ele separa meus
joelhos com suas lindas mãos e se ajoelha entre eles,
olhando para mim com olhos cinzentos e uma expressão que
corta. Meu peito sobe e desce em movimentos rápidos, suor
escorrendo entre os meus seios. Meus braços estão presos
debaixo de mim, deixando-me esperar que ele conceda sua
misericórdia perversa sobre mim.

Oscar passa os dedos tatuados de HAVOC pela minha


garganta e eu gemo, lembrando a sensação das minhas
próprias mãos em seu pescoço coberto de tinta. Ele estava
debaixo de mim, sem oxigênio, e eu realmente pensei que ele
estava dando tudo de si. Que suposição estúpida de se
fazer. Certamente, os corações mais duros são forjados no
fogo, mas os mais perversos são as chamas que cheiram a
esse metal.

“Você não vai a lugar nenhum, vai?” Ele me pergunta,


distraidamente acariciando minha garganta com uma mão e
provocando seu pau com a outra. “Não importa o quanto
Aaron e eu tentemos, somos prejudicados a cada
passo. Callum nos prejudica; Hael nos prejudica.” Oscar faz
uma careta violenta e seus dedos se curvam ao redor do meu
pescoço, me prendendo na cama. “Victor nos prejudica.” Ele
pressiona um pouco mais forte, e eu suspiro.

Ainda assim, não tenho medo.

Ele está tentando o seu melhor para jogar tudo o que


tem para mim, me fazer pirar, fugir.

Mas não vou.

Oscar precisa de alguém em quem possa confiar,


alguém em quem possa se desdobrar na frente e não ter
medo de que eles fujam. Ele realmente acha que eu vou
abandoná-lo; Vou provar que ele está errado.

“Você.” Oscar cospe essa última palavra no final de


outro escárnio. “Você me prejudica acima de tudo. Por que
você não vê que essa não é a vida que você deveria levar? Eu
não sou o príncipe dos seus sonhos.”

“Você se lembra do vestido de papel que você me fez na


escola primária?” Sussurro quando Oscar aperta um pouco
mais, não para cortar minhas palavras, mas o suficiente
para que meu coração comece a bater em
resposta. Corra! meu corpo grita, enquanto minha alma sabe
que tem que ficar parada. “Ou as maçãs que você me dava
todos os dias no ensino fundamental?”

“Quieta.” Oscar coloca um pouco mais de pressão no


meu pescoço, mas ele nunca corta meu fluxo de
oxigênio. “Fique quieta, Bernadette. Deixe-me lamentar a
pessoa que você poderia ter sido se tivesse nos deixado para
trás. Estávamos mais do que felizes em ser seus anjos das
trevas. Por que você teve que voltar para nós? Depois de se
entregar ao diabo, você nunca poderá recuperar sua alma.”

É bem claro que ele não quer que eu diga nada. Em vez
disso, eu deito lá com seu corpo magro entre as minhas
coxas, seu pau precariamente perto do meu calor úmido.

Oscar se ajusta, empurrando a ponta do seu pau contra


mim. Meus olhos se fecham quando ele entra, polegada por
polegada. A pressão na minha garganta nunca cessa; ele
mantém firme e estável, me prendendo na cama.

Uma vez que ele está totalmente dentro de mim, ele solta
um gemido baixo, o primeiro som humano que eu o ouvi fazer
hoje. Abro os olhos para vê-lo acima de mim, nossos corpos
se juntam, as tatuagens na parte inferior da barriga me
espreitando. Eu o quero nu; Quero ver tudo.

Duvido que isso aconteça hoje.

Ele molha os lábios com a língua e me estuda com


cuidado, relaxando o aperto apenas o suficiente na minha
garganta para que eu possa falar.

“Desde o ensino fundamental,” ele diz, citando minhas


palavras de volta para mim. “O que?”
“Oscar, pare,” eu rosno, mas então ele aperta minha
garganta novamente, e tenho que resistir à vontade de lutar
com ele. Em vez disso, faço o oposto e relaxo meu corpo
completamente. Ele desiste um pouco. “Você tem certeza que
pode lidar com o que eu quero dizer?”

Em vez de responder, Oscar se inclina para a frente,


colocando mais pressão na minha garganta e indo ainda
mais fundo em mim. O prazer culpado espirala através de
mim, mas tudo isso, é um anátema para a minha própria
natureza. Eu fui projetada para lutar, transformada de uma
garotinha em um monstro por um mundo cruel e sombrio. A
submissão não é o meu forte, então decido que não é isso. É
um exercício de construção de confiança. Porque mesmo que
eu esteja amarrada e debaixo dele, Oscar é o mais fraco de
nós dois agora - emocionalmente falando.

Seu pênis se encaixa perfeitamente dentro de mim,


como se tivéssemos sido feitos para nos encaixar. Prefiro
morrer a dizer isso a ele, mas é verdade. Oscar me mantém
firmemente presa embaixo dele, entrando e saindo de mim
com movimentos lentos e deliberados.

O olhar no rosto dele... porém, não me engana de que


ele está fazendo amor comigo novamente.

Sua expressão é sombria e distorcida enquanto ele se


inclina e prova a borda dos meus lábios.

“Hmm,” ele murmura, lambendo o lado do meu


rosto. “Talvez da próxima vez que você considere me seguir,
pense um pouco nas consequências.”

Eu cerro os dentes, mas é impossível ficar brava quando


ele transforma a pequena brasa na minha barriga em um
inferno furioso. Entrando e saindo, metódico e perverso, e no
tempo certo para infligir dano máximo.

Oscar faz uma breve pausa para estender a mão e


desabotoar a camisa. Ele a deixa, a gravata pendurada entre
as bordas separadas, mas pelo menos eu posso ver o infinito
turbilhão de cores que cobre sua forma muscular. Ele tem o
maior número de tatuagens dentre todos os garotos; deve ter
sido preciso muito esforço para obtê-las todas tão
rapidamente.

Para alguém que aparentemente odeia ser tocado, fico


surpresa que ele seja perfurado e tatuado do jeito que
é. Mesmo agora, com seu pênis entre as minhas coxas, ele
mal está me tocando. O que não foi o caso no sofá, foi?

Seus músculos inferiores do estômago se contraem e se


soltam quando ele trabalha dentro e fora de mim, me
segurando em cativeiro com a mão na minha garganta, meu
coração metaforicamente preso dentro de um aperto de
ferro. Tudo o que ele tem a fazer é apertar um pouco mais e
eu sangrarei para sempre.

“Oscar,” eu consigo engasgar, seu polegar deslizando


para o lado do meu pescoço, acariciando-me de volta ao
silêncio. Meus olhos estão semicerrados, meus mamilos
endurecem em pontas de diamante, minha pele manchada
de suor. Balanço meus quadris para cima e para frente,
encontrando um dos impulsos de Oscar.

Como um pedaço de vidro frágil, ele se despedaça e


começa a se mover mais rápido, me fodendo no colchão em
um frenesi ganancioso que diz que talvez ele não
seja humano. Ele é, no entanto, um maldito animal. Meus
lábios se abrem e minha cabeça se inclina para trás em seus
travesseiros, minha pélvis trabalhando para encontrar a
dele, nossos corpos batendo juntos com força e rapidez. Há
muita umidade entre eles; os movimentos são agradáveis e
lisos.

Eu ainda não consigo falar, e sua mão ainda está em


volta da minha garganta quando ele vem, dobrando-se com
um gemido gutural e várias investidas duras que levanto
meus quadris para encontrar. Ele se derrama dentro de
mim, corpo curvado, cabelos escuros pairando sobre a testa
suada. Ele leva alguns minutos para recuperar o fôlego e
depois me puxa.

Assim que ele solta minha garganta, eu puxo duas belas


inspirações de oxigênio, ofegando para recuperar o fôlego e
diminuir a pulsação.

É quando eu noto que ele está pegando a camisa do


chão e a colocando novamente.

“O que você está fazendo?” Eu pergunto, aterrorizada


que ele esteja entrando em pânico comigo novamente. Tento
me sentar, mas é difícil como uma merda naquela cama
macia com os braços amarrados atrás das costas. “Você não
pode me deixar de novo, Oscar.”

“Eu preciso lidar com Coraleigh antes de lidar com...”


Ele gesticula para mim com a mão tatuada antes de esticar
a mão para ajustar a gravata. “Seja o que for. Seja uma boa
menina e espere aqui por mim?” Oscar arruma as calças e
depois se dirige para a porta do quarto, parando para olhar
para mim. “Se Rebecca vier bater, diga a ela que estou no
banheiro; ela não precisa saber que eu já fui embora.”

Ele abre a porta enquanto eu grito seu nome.


“Não ouse, Oscar Montauk!” Eu grito, mas é tarde
demais. Ele sai e fecha a porta atrás de si. Ouço o som muito
distinto de uma chave sendo aplicada à fechadura. A trava
desliza no lugar e eu solto um grito frustrado.

Isso não está acontecendo novamente.

Eu vou matá-lo enquanto ele dorme.

Que merda.

Que pesadelo real, filho da puta, de um homem.

Chuto o estribo com os dois pés antes de rolar de bruços


e me esforçar para me sentar. Meus músculos do estômago
estão gritando quando chego à posição sentada, com os pés
firmemente no chão. Meus dedos apalpam a corda, mas
Oscar realmente é um mestre em cordas. Quando me
levanto e uso o espelho de corpo inteiro para espiar minhas
costas, vejo um padrão intricadamente tecido de cordas de
seda rosa, como uma escultura feita de corda e pele.

Minha respiração acelera, mas então me lembro que o


idiota acabou de me deixar sem orgasmo e amarrada em seu
quarto. Deve haver um truque para tudo isso, porque ele não
me deixaria vulnerável assim. Se alguém da Charter Crew
aparecesse…

Sento-me na cama e depois caio nos travesseiros,


olhando para o teto de gesso acima da minha cabeça. Meu
corpo inteiro se sente eletrificado e vivo, desesperado por
toque. Acabo fechando os olhos e imaginando que Oscar
volte, que ele se despe e sobe acima de mim. Esfregando
minhas coxas, eu exercito uma doce fricção que faz meu
corpo pulsar e pulsar de prazer.
Mordendo meu lábio inferior, aperto e esfrego minhas
pernas até sentir as próprias bordas de um orgasmo me
provocando. Não basta, por mais que eu tente, e chute o
estribo de frustração novamente. Depois de um tempo,
acabo adormecendo.

Quando acordo, meus braços estão desamarrados e


Callum está deitado de lado e olhando para mim, capuz
puxado, mãos em posição de oração sob a bochecha.

“Olá, dorminhoca,” ele murmura em sua voz


rouca. “Como você está se sentindo?”

Sento-me, percebendo que meus braços estão


desamarrados, meu corpo nu coberto com um cobertor preto
felpudo.

“Que horas são?” Eu pergunto, e Cal faz uma pausa


para tirar o telefone do bolso da frente do capuz.

“Quase dez da noite,” ele diz, e sinto o pânico tomar


conta de mim. Heather! “Não se preocupe: Aaron estava
esperando quando o ônibus deixou sua irmã depois da
escola. Nós a pegamos.” Expiro bruscamente, a culpa me
inundando. Juntar-me a Havoc significava manter Heather
a salvo, mas se minha cabeça está tão na minha bunda em
busca dos meninos Havoc, então não estou fazendo meu
trabalho como irmã mais velha. Faço um som de frustração,
cerrando os dentes contra a raiva avassaladora que sinto por
Oscar Montauk. “E eu não acho que ele pretendia deixá-la
por tanto tempo, se isso ajudar um pouco.”

“Só um pouquinho,” digo, esfregando as mãos no rosto


antes de perceber que estou sentada nua no quarto de Oscar,
enquanto Callum me observa no escuro com seus olhos
muito azuis. Parece imperativo que eu coloque minhas
roupas agora. “Onde ele está?”

Levanto-me, agindo como se não sentisse os olhos de


Cal na minha bunda. Faz apenas alguns dias desde a nossa
primeira vez; Eu ainda estou colocando todas as minhas
emoções em ordem. Pelo menos agora que transamos, agora
é improvável que ele morra? Certo?

É assim que esse tipo de história funciona. Quero dizer,


a vida real não faz sentido narrativo, literalmente zero, mas
sempre posso esperar que qualquer deus ou deusa perversa
que esteja cuidando de nós entenda o quanto significamos
um para o outro. Arranque uma flor da nossa árvore e nós
murcharemos, deixando nada além de morte e espinhos em
nosso caminho.

“Tivemos alguns problemas,” Callum explica enquanto


recolho minhas roupas, colocando meu sutiã e minha blusa
em primeiro lugar. É um pouco provocador, mexer naquelas
calças de couro apertadas que tanto amo. “A Charter Crew
está recuando fortemente em retaliação por esse
tiroteio. Provavelmente, estaremos em uma guerra completa
quando o inverno chegar.” Posso ouvir Cal bocejando, então
aproveito o momento para colocar minhas calças o mais
rápido que posso.

Claro, então eu me viro e lá está ele, pressionado contra


mim.

“Oscar está bem?” Eu engasgo, porque mesmo que eu


queira cortar suas bolas com a faca de caça de Hael, é meu
trabalho fazê-lo sangrar e de mais ninguém. Talvez de Vic,
eu acho, mas apenas para os negócios da Havoc.
Callum assente, estendendo a mão para escovar alguns
cabelos atrás da minha orelha. Seu toque me faz tremer,
reacendendo a terrível dor na minha barriga.

“Ele está um pouco machucado, mas ele


sobreviverá. Hael deve estar aqui para nos buscar daqui a
pouco; vamos nos encontrar na garagem.” Callum pega
minha jaqueta e me ajuda a colocar, parando apenas uma
vez para me beijar na lateral do pescoço. “Eu vejo
machucados,” ele sussurra, e eu tremo novamente. “Se ele
te machucar, eu o mato.”

“Está tudo bem,” eu respondo, me sentindo apaziguada


por enquanto. É bom saber que Cal está do meu lado. Uma
buzina soa do lado de fora e Cal sorri.

“Melhor ir, hein Bernie?” Ele coloca a mão nas minhas


costas e abre a porta, me levando pelo lado da garagem e por
um portão que leva à rua. Hael está esperando, a música
escorrendo e tocando dentro do carro enquanto ele bate os
dedos no volante e espera Cal e eu entrarmos.

“Saiu da escola por um pouco de bondage, hein?” Hael


pergunta, rindo como o idiota que ele é. Não sei como ele
sabe o que fizemos, mas tudo bem. Não há segredos em
Havoc, certo? Eu mostro o dedo do meio pra Hael e ele
acelera, fazendo-nos voar pela estrada. “Espero que vocês
tenham se fodido bastante, porque parece que teremos uma
briga em nossas mãos hoje à noite.”

“Bom,” eu digo, deixando minha raiva por Oscar correr


rápido e duro através de mim. “Porque eu poderia usar isso
para desestressar.”
Os outros garotos estão esperando na garagem quando
estacionamos, mas eles não são os únicos. Têm dezenas de
homens e mulheres mascarados que me observam com olhos
reverentes quando eu saio do Camaro de Hael e subo o
caminho para onde Victor está esperando.

Ele está fumando um cigarro, sua postura casual. Mas


seus olhos, eles queimam.

“Onde você esteve o dia todo, Bernadette?” Ele


pergunta, porque ele é um total idiota e já sabe. Mostro dedo
do meio para ele também, e ele dá um sorriso tenso em
resposta. “Seu garoto aqui foi pego voltando da visita a
Coraleigh.”

Olho para Oscar, seu rosto machucado, lábio


cortado. Seus óculos estão faltando, então acho que eles
foram quebrados e ele está usando lentes de contato
agora. Ele olha para mim com uma expressão que é
impossível de ler.

“Você vai se arrepender de me deixar lá assim,” digo


para ele, colocando as mãos nos quadris enquanto Aaron se
aproxima da cadeira de Oscar. Ele olha entre nós dois com
os olhos estreitados. “Uma vez é um erro; duas vezes é um
padrão. Você é um idiota real, sabia disso?”

Oscar estica a mão e tira um pouco de sangue do


lábio. Ele não está mais vestindo seu terno também. Desta
vez, ele está de calça de moletom preta e um casaco com
capuz. Sem o uniforme perfeito e polido, ele parece uma
pessoa diferente.

“Eu teria voltado para te foder de novo, mas fui detido,”


é tudo o que ele diz. “Minha reunião com Leigh levou dez
minutos. A caminhada até o escritório dela e de volta eram
trinta.” Oscar se levanta da cadeira, olhando para
mim. “Arrebentar Kyler e Timmy Ensbrook levou meia
hora.” Ele levanta a cabeça para olhar além de mim, para a
Havoc Crew reunida no quintal da frente da antiga
garagem. “Organizar isso levou o resto do meu dia.”

“Desculpas, desculpas,” murmuro, mas Oscar passa


por mim para ficar ao lado de Vic. Sua falta de atenção é tão
irritante. Percebo que provavelmente é uma tática fazer com
que eu preste atenção nele, mas não me importo. Eu ainda
estou chateada. “Mas eu sei quando é hora dos negócios e
quando é hora de cortar as bolas do seu namorado. Então,
como vai?”

“Mitch está reunindo suas tropas,” Aaron diz,


acendendo um cigarro e oferecendo-o para mim.

“Por causa do tiroteio?” Eu esclareço. Foi apenas uma


semana atrás, mas parece uma vida inteira. Temos andado
de um lado para o outro com Mitch e seu pessoal desde
então. Posso sentir os olhos de Billie me seguindo pelos
corredores, apenas esperando por outra oportunidade para
atacar das sombras.
“Por fechar a boca de Kali costurando ela,” explica
Aaron, e minha atenção se volta para ele.

“O que?” Eu pergunto, piscando através do meu choque


temporário. “Que diabos você está falando?” Dou uma
tragada no cigarro enquanto o encaro, exalando fumaça
pelas minhas narinas. “Tipo, literalmente?”

“Dedos duros levam pontos,” Aaron diz suavemente, me


entregando seu telefone. Tem uma foto de Kali Rose-Kennedy
com o batom rosa manchado, o sangue escorrendo pelo
queixo para manchar o top. Seus lábios foram literalmente
costurados juntos. “As notícias se espalham rapidamente na
Prescott.”

“Vocês fizeram isso?” Eu pergunto, e Victor ri, virando-


se para mim enquanto Cal se senta na calçada, ligando e
desligando a roda do isqueiro enquanto observa mais
estudantes entrando na estrada e saindo de seus carros.

“Infelizmente não,” Vic diz, encolhendo os


ombros. “Quero dizer, é uma ideia brilhante. O ratinho
merece tudo isso e muito mais, mas foram as meninas da
Langford que passaram a perna nela. Stacy realmente não
gosta de dedos duros.” Ele se afasta novamente, estudando
seu povo como um senhor da guerra planejando uma
estratégia.

“Sara Young a usou como isca,” digo, porque não tenho


certeza do quanto do que eu disse a Oscar percorreu o
grupo. “Ela propositalmente deixou escapar o que Kali
disse. Pensei que ela era do tipo legal, mas parece que ela
está disposta a jogar sujo para conseguir o que quer.”

“Ela também está xeretando no cemitério,” acrescenta


Aaron, e olho para ele, passando o cigarro. “Nossos meninos
a seguiram até lá esta tarde. Ela deu a volta e tirou uma
tonelada de fotos, incluindo uma da estátua de anjo
quebrada de Penelope.” Meu sangue ferve quando vejo
quatro paredes metafóricas se aproximando de nós. “Ela não
percebeu o túmulo de Neil; há meia dúzia de novos corpos
enterrados lá desde que fizemos uma visita ao local.”

“Nós vamos ter que matá-la,” Oscar diz, aceitando um


cigarro novo quando Vic oferece um e acendendo. Eu apenas
o encaro porque posso contar com uma mão o número de
vezes que o vi fumar, beber ou fumar um baseado. Jesus.

“Não, não vamos,” eu digo quando Hael vem subindo o


caminho para ficar ao nosso lado. Ele olha para mim porque
todo mundo está e levanta uma sobrancelha
interrogativa. “Nós não vamos matar Sara Young. Seria
muito difícil escapar, não acha?”

“Existem maneiras de fazer isso acontecer,” Oscar


explica, ainda fumando. Percebo que as juntas dele estão
ensanguentadas e machucadas da luta anterior. Meu
primeiro instinto é levar as mãos dele aos meus lábios e
beijar o vermelho. Faço uma careta.

“Bem, eu tenho uma ideia melhor.” Respiro fundo,


formulando uma ideia em minha mente. “Mas claramente,
há outras coisas que estão se formando na cidade hoje à
noite. E aí?”

“Mitch está destruindo todos os nossos esconderijos


favoritos, tentando nos tirar da toca,” Victor explica
casualmente, ainda observando a multidão. “Ele quer acabar
com a gente hoje à noite, o que, normalmente, eu ficaria mais
do que feliz em fazer. Mas com a polícia já assistindo a
escola, não podemos arriscar. Matar várias dezenas de
estudantes de Prescott High não é uma opção.”
“Então, o que fazemos?” Pergunto, feliz além de toda
crença racional de que não sou a líder hoje à noite.

“Nós jogamos um jogo muito cuidadoso,” Victor diz,


acenando com a cabeça para Hael e Aaron. “Certifiquem-se
de que todos fiquem em pares hoje à noite e coloquem
homens em todas as nossas casas. Vamos ser proativos, não
reativos. Mitch não vai me convencer a fazer uma jogada que
não quero fazer.”

“Estamos enviando alguém para o drive-in?” Hael


pergunta, tomando um dr. Pepper. Parece que Mitch e seus
palhaços estão no Wesley's. É melhor não mexerem com esse
lugar; é o único hambúrguer decente da cidade. Victor
balança a cabeça uma vez, esfregando o queixo em
pensamento.

“Não, mas quero que você e Cal sigam até lá e vejam o


que está acontecendo. Mitch sabe que não tocamos em
Kali; todo mundo sabe que foi Stacy e suas meninas. Esta é
apenas uma desculpa para nos irritar, e eu não gosto
disso.” Ele se vira para olhar para mim e exala
bruscamente. “E você, seguindo Oscar e saindo do campus
sozinha? Eu estou irritado.” Abro a boca para protestar, mas
Vic levanta a palma da mão para me calar. Francamente, eu
gostaria de morder a ponta dos dedos dele, mas toda a nossa
equipe está aqui, e ele é o chefe. “Ouça-me, Bernie.” Vic se
aproxima e se agacha na minha frente. “Se minha mãe
estiver trabalhando com a Charter Crew, ela terá um plano
em mente. A melhor aposta dela é me pegar em um crime...
ou me tornar um viúvo.”

O sangue sai do meu rosto quando Vic estica a mão para


tocar o lado da minha garganta, os dedos tocando as
contusões lá. O olhar que ele lança para Oscar é tóxico, mas
quando ele se volta para mim, ele é todo líder, objetivo e
merda.

“Você irá para casa com Aaron e Oscar; o resto de nós


monitorará a situação da Charter Crew de longe.”

Meu sangue arrepia e franzo a testa, mas não posso


argumentar contra a lógica de Vic.

“Tudo bem, mas eu quero um relatório completo pela


manhã.”

Victor sorri para mim e pressiona um beijo escaldante


na minha bochecha.

“Sim, minha rainha,” ele diz, levantando-se e voltando-


se para a equipe de Havoc reunida. “Tudo bem, amigos, é
hora de dividir responsabilidades.” Victor dirige-se as
pessoas enquanto Oscar termina o cigarro e depois vai direto
para o Bronco de Aaron.

“Fiquem seguros,” digo a Callum e Hael, dando um beijo


na bochecha de cada um. “Se algum de vocês morrer, eu
ficarei furiosa.”

“Devidamente anotado,” Hael responde com um


sorriso. Callum apenas pisca para mim, o que eu não
gosto. Olho para ele antes de sair para seguir Aaron até o
Bronco. Graças a Deus Sara Young ainda não encontrou este
lugar, mas estou preocupada que seja apenas uma questão
de tempo até que ela tropece nele.

“Eu aposto que doeu,” eu observo distraidamente


enquanto alcanço Aaron. “Costurando seus lábios fechados
assim.” Ele sorri maliciosamente para mim e encolhe os
ombros.
“Não posso dizer que tenho qualquer simpatia por
ela.” Ele abre a porta e empurra o assento para a
frente. Oscar já está sentado na frente, com o cotovelo na
janela, olhando para a noite. O banco da frente deveria ser o
meu lugar, mas decido deixá-lo por enquanto e subir sem
dizer uma palavra.

Nós vamos conversar depois, eu e ele.

“O que aconteceu com Kyler e Timmy?” Eu pergunto


quando Aaron liga o motor e nos afastamos do meio-fio.

Oscar se vira para olhar para mim, com o rosto


arranhado e ensanguentado pela luta. Faz com que ele
pareça exatamente o que ele acabou de proclamar que
definitivamente não era. Ou seja, ele parece humano.

“Eles têm sorte de que a aplicação da lei esteja envolvida


no caso do irmão,” Oscar diz, e é isso. Acho que vou ter que
esperar até a escola amanhã para ver do que ele está
falando. Ou seja, se um dos meninos aparecer.

“Vamos pegar as meninas da casa da Jennifer,” Aaron


diz, encolhendo-se quando vê as horas. “É um pouco tarde,
mas tudo bem. Elas podem dormir no carro no caminho de
volta.”

Fazemos exatamente isso, levando-as de volta para casa


de Aaron e colocando-as em suas camas.

Assim que elas dormem, entro no quarto de Oscar, com


a intenção de lhe dar chicotadas verbais, mas ele também
está dormindo, deitado na cama queen-size no canto, com
seus moletom e capuz ainda. Ele parece tão malditamente
cansado que acabo apenas sentada na beira da cama e
estudando seu rosto adormecido.
Depois de um minuto, decido me enrolar na cama ao
seu lado, colocando meu corpo contra o dele. Mesmo que
esteja claro por sua respiração que ele está apagado, Oscar
joga um braço em volta do meu corpo e me abraça.

No meio da noite, acordo e o encontro em pé sobre mim.

“Eles estão de volta,” é tudo o que ele diz, virando e


saindo da sala enquanto me sento e esfrego o sono dos meus
olhos. A cama ainda está agradável e quente atrás de mim,
como se Oscar não tivesse se levantado há tanto tempo. Eu
saio das cobertas e desço as escadas, encontrando os
meninos do lado de fora fumando cigarro.

Estou mais do que aliviada por vê-los todos seguros.

“Aqui,” Cal me oferece um baseado, mas assim que eu


chego perto dele, ele me puxa para seu colo e me envolve em
seu capuz enorme. “Desculpe acordá-la tão tarde,” ele diz,
sorrindo enquanto pressiona o rosto do lado do meu
pescoço. “Mas temos novidades.”

“Boas notícias?” Eu brinco, sentando e olhando para a


fileira de garotos de pijama, vários baseados passando entre
eles.

“Na verdade não,” Hael diz, coçando a têmpora com um


único dedo. Ele parece exausto, então pego o telefone de Cal
do bolso para verificar as horas. São quase quatro da
manhã. “A Charter Crew assumiu o controle de Wesley,
quebrou um monte de janelas, aterrorizou um monte de
jovens que estavam apenas tentando pegar um hambúrguer
e transar rapidinho.” Ele dá uma tragada no baseado e exala,
enchendo o ar com uma fumaça doce de gambá.
“Tudo bem e?” Aaron pergunta, esfregando o rosto,
claramente cansado, irritadiço e pronto para mais algumas
horas de sono. “O que mais?”

“Eles aumentaram seus números com bandidos


contratados,” Callum explica enquanto meus olhos se voltam
para Oscar. Ele está sentado na cadeira mais distante de
mim e se recusa a participar do ritual apropriado da
maconha. É tudo sobre compartilhar e passar, mas mais
uma vez, ele se recusa a participar. Seu iPad está aberto no
colo, mas ele não está olhando, está olhando o disco
prateado redondo da lua. “As únicas pessoas da Prescott
High que estavam lá eram sua equipe principal: Mitch, Billie,
Kali, Logan, Timmy e Kyler. Foi muito claramente uma
armadilha.”

“Puta merda,” murmuro, voltando minha atenção para


Vic. Ele me dá um sorriso muito lento e muito preguiçoso
que diz claramente, disse a você, princesa. Ainda bem que
mandei sua bunda para casa? Eu o ignoro. “Então eles têm
que estar trabalhando para Ophelia, certo? Quero dizer,
conseguir dinheiro para algo assim?”

“Neste ponto, eu quase posso garantir,” Victor diz com


um leve aceno de cabeça, olhando para Oscar. “Você acha
que ela está mantendo Mitch por perto, para que ela possa
usar isso como uma merda de guerra de território do ensino
médio?”

“Mais do que provável,” Oscar responde, voltando a


olhar para nós. Fico aliviada ao ouvir que ele soa como
sempre, suave, frio e calculista. Todo o resto sobre ele está
diferente agora. A falta de óculos, as roupas casualmente
enrugadas, o rosto machucado. Até o calor que ainda sinto
nas minhas costas, de onde seu corpo foi pressionado no
meu é diferente. “Ela pode assumir com segurança que o
mundo inferirá que tudo o que acontece conosco é resultado
de uma pequena guerra de gangues. Se a mídia descobrisse
que a esposa de seu filho foi executada a sangue frio por um
assassino, não pareceria muito bom para ela. Ophelia pode
guardar quantos policiais quiser no bolso; o povo decidiria o
destino dela naquele momento.”

Victor se levanta da cadeira para andar na grama por


um momento, fumando e passando a palma da mão sobre o
cabelo roxo.

“Tudo bem, então procedemos sob a suposição de que


Mitch é o animal de estimação da minha mãe. Porém,
precisamos desvendar o mistério de Kali e Neil. Isso, e temos
que lidar com Brittany. Já faz muito tempo.” Vic estala os
dedos e aponta para Hael. “Mande uma mensagem de texto
para a pequena thot21 e convide-a para sair ou algo
assim. Finja que está interessado em uma conexão, se
necessário. Apenas a deixe sozinha em algum lugar.”

Eu me irrito com a sugestão e me mexo no colo de


Callum, mas Hael apenas sorri para mim.

“Aww, qual é o problema, Blackbird? Você está com


cúmes?”

“Vá se foder, Hael,” murmuro, mas sei o quão


importante é lidar com Brittany Burr. O pai dela prendeu
meus meninos; ela quebrou o preço do Havoc. A primeira e
única vez que isso aconteceu foi durante a segunda metade
do segundo ano. Meus meninos colocaram um cara em um

21
That Hoe Over There – Aquela puta lá
gesso de corpo inteiro, queimaram seu trailer até o chão e
fizeram sua mãe ser deportada.

Eles não brincam com essa merda.

“Eu posso ser muito charmoso quando preciso,” Hael


diz com um encolher de ombros. Ele está sem camisa e
vestindo apenas cuecas xadrez vermelhas e um capuz
vermelho. Eu tenho que me forçar fisicamente a não olhar
para ele. “Ela vai aparecer, mesmo que apenas para reclamar
um pouco. O que vamos fazer com ela?”

“Cortar a pele dela onde papai não pode ver e a deixar


permanentemente com cicatrizes,” Callum sugere, me
abraçando perto. É estranho ouvir coisas tão violentas
saírem de lábios tão bonitos e sorridentes. “Então esperamos
o bebê nascer e terminamos o trabalho. Há muitos casais
amorosos procurando um bebê; vamos dar a criança a um
deles.”

“Eu gosto dessa ideia,” Vic diz, assentindo. “Ela resolve


nossos problemas no curto e no longo prazo. Hael, quando
você a encontrar, leve-a para a cabana e a mantenha lá por
um longo fim de semana. Vamos assustá-la, mas encobrir
como se ela estivesse na casa de uma amiga.”

“Entendi, chefe,” Hael diz, bocejando e saudando ao


mesmo tempo. Aaron está basicamente em coma, encostado
na parede perto da porta de vidro deslizante com os olhos
fechados e os braços cruzados sobre o peito sem camisa. Não
tenho ideia de que cabana exatamente é que eles estão
falando, mas Aaron disse que eles tinham buracos para se
esconder por toda parte que eu ainda não sabia.

“Como foi a reunião com Coraleigh?” Eu


pergunto. Quase tinha esquecido disso, na emoção de todo o
resto. Os outros garotos se voltam para Oscar, esperando
que ele responda. Parece que lhe dói fisicamente ter que
responder diretamente a mim.

Imagino que é porque ele sabe que agiu como um idiota.

“Ela está em pânico por termos cortado seu fluxo de


renda, mas recebi algumas informações interessantes sobre
mais duas solicitações de compra dos amigos extravagantes
de Ophelia. Tive que colocar uma faca no pau do seu marido
para obtê-lo, mas deu certo. Além disso, você sabia que
Marcus não foi circuncidado?” Eu apenas olho para ele, mas
sua expressão nunca muda. “Ele é agora. Não tenho certeza
se fiz um bom trabalho, mas se ele fizer o que dizemos, seu
pau deve curar muito bem.”

“Foda-me,” murmuro, e Cal e Hael riem.

“Ele já não fez isso hoje?” Hael pergunta, e eu o encaro.

“Falando nisso,” Victor começa, me dando um olhar


afiado. “Você está com um enorme problema por deixar a
escola do jeito que deixou hoje. Você quebrou todas as regras
do livro de Havoc e mais algumas. Eu devo jogar você por
cima do meu joelho e bater na sua bunda, esposa.”

“Vai se catar, Victor,” eu retruco, mas minhas


bochechas ficam vermelhas porque sei que ele está certo. Eu
não deveria ter saído assim. Esta cidade nunca foi tão
perigosa; a única vez em que estou verdadeiramente segura
é quando estou com meus meninos. “Mas não posso
discordar. Isso não vai acontecer novamente.” Ele assente
brevemente, parecendo satisfeito.

“Bom. Venha aqui então e leve a sua surra como uma


campeã. Vou dar um tapa por cada quarteirão fora da
Prescott High que você andou.” Victor se vira para Oscar
enquanto minha boca se abre em choque. “Eram dez, não
eram? Dez quarteirões?”

Oscar dá um aceno muito lento e muito deliberado.

“Você não pode estar falando sério?” Isso vem de Aaron,


porque ainda estou chocada demais para responder
corretamente. “Você não pode bater nela; ela não é uma
criança.” É o que diz o garoto que acabou de me espancar em
seu Bronco enquanto fazíamos sexo. Mas entendo o que ele
está dizendo: isso é diferente.

“Ela não é, mas é membro da Havoc, e ela estragou


tudo. Poderíamos bater nela, como fizemos com Hael quando
ele me desobedeceu e fodeu aquela garota de Oak Valley Prep
contra os meus desejos.” Hael se encolhe, mas pelo menos
ele tem a decência de parecer envergonhado por todo o
cenário. “Você prefere isso? Se todos nós cinco a fizermos
sangrar?”

Aaron dá um passo à frente, e posso ver que ele


terminou de se segurar. Como ele disse, ele fez isso por
mim. Ele suporta Victor por mim.

“Espere,” eu digo, levantando-me de repente. Aaron faz


uma pausa e olha para a minha mão enquanto eu a
pressiono contra seu peito. “Justo é justo. Eu aceito o
castigo.” Ele não gosta disso, passando as mãos sobre as
minhas e apertando-as contra sua pele quente. Eu posso
sentir seu coração batendo dentro do peito.

“Isso é humilhante e estúpido pra caralho. Você merece


melhor que isso.” Aaron me puxa para perto, me envolvendo
em seus braços enquanto os outros assistem. Eu me
pergunto o que ele pensa sobre eu subir na cama com
Oscar? “Ela não desobedeceu a uma ordem direta; ela
apenas tomou uma decisão estúpida. Se alguém merece ser
espancado, é Hael por nos envolver com Brittany em primeiro
lugar.”

“Seu pau vai nos matar,” Callum murmura enquanto


Hael revira os olhos, mas Vic já está balançando a cabeça.

“Não. O pau de Hael agora pertence a Bernadette. Ele


não o usará em nenhuma outra mulher
novamente. Claramente, ele tem um problema. Bem,
resolvemos esse problema adicionando uma Menina
Havoc.” Victor dá a seu melhor amigo um olhar mortal que
me arrepia até os ossos. “Fui gentil o suficiente para
compartilhar minha esposa com você; não estrague
tudo.” Victor inclina a cabeça para o lado e dá um sorriso
indisciplinado, como um rei preguiçoso. “Não vou
argumentar que Hael não merece uma surra, mas ninguém
quer tocar sua bunda desagradável.”

“Exceto por mim,” eu digo, e Hael encolhe os ombros,


levantando-se da cadeira com um baseado entre os lábios.

“Tudo bem então,” ele diz, empurrando sua calça de


pijama sobre a curva muscular de sua bunda. Ele bate na
bochecha direita e me dá um sorriso atrevido por cima do
ombro. “Bata em mim, Bernie. Vou levar dez, só para que
tudo seja justo, mas tente não apalpar muito.”

Victor dá um tapa na parte de trás da cabeça de Hael,


mas se Hael acha que ele está saindo disso sem dar
seguimento, ele não me conhece muito bem.

“Tudo bem,” eu digo, me afastando de Aaron e dando-


lhe um olhar. Ele está olhando para mim com um pouco
daquela determinação ardente que eu notei no drive-in. Ele
está realmente e verdadeiramente acabado de me ver ser
manipulada ou tratada como uma merda. “Eu vou bater em
Hael, e então Victor pode me bater, e podemos seguir em
frente, sim?”

“Oh, sim,” Victor ronrona, cruzando os braços sobre o


peito largo. “Eu sinto que isso é mais do que justo, não
é? Um pouco de humilhação ajuda muito.”

“Eu não estou humilhado,” Hael diz, sua bunda ainda


pendurada nas calças. “Estou excitado; vamos chegar a
isso.” Ele esfrega as palmas das mãos enquanto eu me
aproximo dele e Callum ri atrás de mim.

“Vou filmar isso,” ele diz, levantando o telefone. Hael


não parece se importar.

Eu molho meus lábios e respiro fundo, levantando


minha mão para segurar a bunda dele.

“Com licença, Sra. Channing, mas eu sinto que você


está tendo liberdades com meu corpo.” Hael bufa, como se
ele fosse tão engraçado, e eu bato nele o mais forte que
posso. Minha palma arde porque sua bunda é muito
tonificada, mas tanto faz. Faço de novo, e ele geme, deixando
a cabeça cair para trás enquanto dá uma tragada no
baseado. “Mm, geralmente sou eu quem dá palmadas, mas
eu gosto disso. Adicione um pouco de água, e meu pau pode
cortar granito.”

“Cale a boca,” eu resmungo, mas minhas bochechas


estão coradas de qualquer maneira, enquanto eu dou uma
palmada nas oito vezes restantes, ignorando seus gemidos e
murmurações. Oscar fica quieto, observando nós dois com
uma expressão inescrutável, enquanto Aaron franze a testa,
os braços cruzados sobre o peito largo.
“Esta é a merda mais idiota...” ele murmura, mas ele
não tenta parar.

“Bom garoto,” Victor diz, e Hael lança um olhar cheio de


desprezo. Ele faz o que Vic diz por que o ama e o respeita,
mas ele realmente não gosta de ser chamado assim. “Agora,
Bernie, calças para baixo.” Vic pega a cadeira extra de
plástico do pátio e a estaciona na grama, como se
estivéssemos expostos ao luar ou algo assim. Os outros
quatro garotos assistem da varanda enquanto Victor se senta
e dá um tapinha em seu colo. “Curve-se e vamos ver essa
bunda.”

“Odeio você,” eu rosno, sentindo meu corpo ondular de


raiva. Estou muito chateada porque há uma pequena fervura
dentro da minha barriga que gosta da ideia de Vic me
espancando na frente dos outros meninos. A ideia de minha
bunda estar nua com todos os cinco por perto. A
possibilidade de que, em algum
momento, todos possamos estar nus juntos...

“Odeie-me enquanto você está tomando seu castigo, sua


majestade,” Victor diz, dando um tapinha no seu colo
novamente. “Venha agora, esposa.”

Cerro os dentes e enrolo as mãos em punhos, mas vou


fazê-lo, apenas para provar que estou disposta a aceitar meu
castigo como qualquer outra pessoa. Sei de fato que parte da
punição de Hael foi que Brittany chamou Havoc, que ele teve
que ser chutado por um policial. Oscar não teria permitido
que ele fizesse isso antes dos resultados do teste de DNA, a
menos que pretendesse que Hael levasse uma surra.

Tudo o que esse grupo faz é calculado.

Incluindo isso.
Vou até Vic, empurrando minhas calças de pijama pelos
quadris e revelando minha bunda branca como a luz da
lua. Victor faz um som de apreciação sombria em sua
garganta e depois me puxa para baixo, para que eu fique
sobre seus joelhos.

Raiva imparável me preenche, e eu tenho que fechar


meus olhos para não enlouquecer. Isso não é coisa minha. O
que aconteceu hoje com Oscar não é o meu problema. O que
está acontecendo comigo? Você está baixando a guarda,
Bernie. Além disso, você é uma pervertida perversa, como o
resto dos idiotas dessa família.

“Mm-mm-mm,” Victor ronrona, esfregando minha


bunda com a mão e depois apertando a carne macia com
dedos fortes. Ele me bate com força, e eu mordo meu lábio
para não fazer nenhum som. “Olhe para essa bunda,
senhora Channing. Merda, que ideia incrível para um
castigo, modéstia parte.”

“Coma merda,” eu resmungo, mas mantenho meu olhar


focado na grama, tentando ignorar os cinco pares de olhos
que estão em mim enquanto estou curvada e vulnerável. Não
esquecerei tão cedo a sensação de estar sendo observada por
todos eles ao mesmo tempo. Mesmo inclinada assim, estou
chamando a atenção deles, porque, sejamos honestos: não é
Victor que todos estão olhando com expressões selvagens.

“Você só vai sentar aí ou vai bater nela?” Aaron estala e


Vic faz uma pausa com a mão no ar acima das minhas
bochechas. Eu não consigo ver exatamente o que ele está
fazendo, mas há uma longa pausa antes que sua mão desça
e me bata na bunda pela segunda vez. “Jesus.”

“Aaron, você precisa aprender a relaxar um pouco,” Vic


ronrona, deslizando um único dedo pelas minhas dobras
molhadas antes de me bater novamente. “Bernie quebrou as
regras; Bernie está sendo punida.”

“Eu ainda não vejo por que você faz todas as dez
palmadas,” Hael resmunga, sua voz colorida com luxúria. Eu
posso apenas imaginá-lo segurando seu pau duro através de
sua boxer enquanto ele assiste.

“Porque eu.” Victor dá um tapa na minha


bunda. “Sou.” Outra. “O.” Palmada. “Chefe.” Ele faz uma
pausa para rir enquanto eu luto para recuperar o fôlego,
enfiando os dedos na terra úmida do gramado. Sabendo que
todos estão olhando para mim, que estão todos excitados e
que eu sou a única garota que pode atender às suas
necessidades... tudo isso ajuda a amenizar parte da raiva
que estou sentindo agora. “Seis, faltam quatro. Como está se
sentindo, Bernadette?”

“Podemos acabar com isso logo?” Eu rosno. Cada


segundo que passa enquanto estou curvada sobre seu colo é
uma agonia. E se ele acha que está conseguindo algo além
disso, tem uma surpresa reservada.

“Eu quero saborear esse momento,” Vic responde


facilmente, e posso imaginá-lo olhando Aaron do outro lado
do gramado.

“Espere, você parou de filmar?” Hael pergunta,


conversando claramente com Callum. Não ouço a resposta
dele porque Vic escolhe esse momento para me espancar
pela sétima vez, passando a mão sobre a carne ardente da
minha bunda. Ele está colocando muita força nisso, de modo
que cada impacto de sua palma nas minhas bochechas
caminhe nessa linha tênue entre dor e prazer.
“Depois disso, Bernie ...” Vic começa, mas eu apenas me
mexo em resposta, e ele não pode se conter. Ele termina de
me bater e depois ri enquanto me levanto violentamente, me
afastando dele e puxando meu pijama para cima. Se apenas
os vizinhos tivessem visto... quero dizer, os vizinhos de Aaron
já acham que somos estranhos o suficiente. Não seria
apenas o topo do seu sundae suburbano?

Eu me viro para encontrar todos os cinco homens


fixados em mim. Até Oscar não faz muito para esconder sua
expressão. Cada um pensa que está recebendo algo, mas
ainda não tenho certeza de que eles estão prontos para uma
sessão em grupo. Todos me olham como se eu fosse os
escolher para a noite.

“Depois disso, o que, Victor?” Eu pergunto, virando-me


para olhá-lo e depois recuando em direção à porta
deslizante. Aaron me deixa passar, os braços ainda cruzados
sobre o peito, a atenção focada apenas em mim.

Vic se levanta, como se achasse que ia transar, mas eu


apenas viro e corro para dentro de casa subindo as escadas,
batendo e trancando a porta de Aaron atrás de mim.

Em vez de dar a qualquer um desses bastardos uma


performance bis, eu uso minha própria mão para me divertir
no sono, minha bunda doendo e esfregando contra os lençóis
de flanela de Aaron.
Todos decidimos tirar um dia de folga na casa de Aaron,
mas as meninas ainda precisam ir à escola, então acabo
bocejando no banco do passageiro do Bronco, vestindo
pijamas e um dos moletons de Cal. Aaron deixa Kara e
Ashley primeiro antes de ir para a escola de Heather.

“Vamos para casa em breve?” Ela pergunta quando


estamos na metade do caminho.

A palavra casa desencadeia algo em mim, e eu


estremeço, apesar de mim mesma. Aquele duplex, com
Pamela e Neil, nunca foi uma casa. Por falar nisso... só posso
imaginar o que Pam está fazendo sem o parceiro criminal ao
lado dela. Estou sinceramente chocada que ela não tenha me
chamado.

Meio que me assusta um pouco.

O dinheiro que Vic deu a ela durará apenas algum


tempo, e então ela estará atrás de mim por mais,
extorquindo-me em troca de manter Heather
comigo. Conheço essa mulher, e ela não é nada senão uma
cadela egoísta e manipuladora.
“Por que você gostaria de voltar para lá?” Eu pergunto,
esperando que ela não diga algo terrível como eu sinto falta
do papai. Sempre monitorei suas interações da melhor
maneira que pude, mas o Coisa não era nada senão
manipulador. Não tenho certeza de que Heather estivesse
ciente de que estava em perigo ao seu redor.

Aaron e eu trocamos um olhar quando Heather não


responde, o silêncio se estendendo espesso e desconfortável
entre nós três.

“Podemos pegar suas coisas e levá-las para minha


casa,” Aaron sugere, mãos tatuadas apertando o volante com
tanta força que seus dedos empalidecem. “Isso ajudaria a se
sentir em casa? Podemos até conseguir uma cama para você
e você pode dividir um quarto com Kara e Ashley.”

Olho para trás e vejo Heather olhando para seu colo. Ela
está cutucando as caveiras brilhantes em suas leggings, o
cabelo escuro pendurado para frente e escondendo o
rosto. Meu coração aperta com a visão, porque eu posso dizer
que ela está horrivelmente, desesperadamente triste com
alguma coisa.

“Nossa casa,” ela começa e depois suspira. “Com


mamãe e papai, esse foi o último lugar em que vi Penelope
viva.” Minha visão pisca com manchas brancas e meu
coração despenca no estômago como um cometa, deixando
uma cratera que não tenho certeza se sei como
preencher. “Além disso, o quarto dela está lá, e todas as suas
coisas...”

“Que traremos junto conosco quando voltarmos para as


nossas próprias coisas,” eu digo, sem fôlego e tentando o
meu melhor para não chorar. Olho o para-brisa enquanto
Aaron estende a mão para eu pegar. Aperto seus dedos nos
meus e agradeço à porra do universo que ele voltou para
mim, que ele é meu de novo, que eu nunca realmente o
perdi. “Não vamos mais ficar com mamãe ou Neil. Você está
bem com isso?”

Heather não responde por um minuto, e quando olho


para trás para olhar para ela, vejo lágrimas caindo em suas
leggings. Eu gostaria de poder deixá-la ler o diário de
Pen. Quando abro e vejo as voltas e reviravoltas de sua
bonita caligrafia, posso ouvir sua voz na minha cabeça. Mas
como posso deixar Heather ler quando é tão horrível? Como
posso deixá-la abrir essas páginas e descobrir que quando
Penelope tinha quatorze anos, ela se vestiu com uma roupa
fofa e saiu com suas amigas. Ela tomou uma única
cerveja. Não é incomum para um aluno de Prescott High
começar a beber cedo.

Como posso deixar Heather ler sobre o que aconteceu


quando ela voltou para casa, como o Coisa aumentou seus
ataques de abuso sexual e a estuprou. Como Penelope
tentou procurar ajuda. Como eles culparam sua saia e
aquela cerveja pelas depravações distorcidas e fodidas de
Neil.

“Penelope está sempre conosco, Heather,” digo em vez


disso, minhas mãos tremendo. Como eu disse antes, tenho
certeza que tenho TEPT ou algo assim. Mas não é como se
eu pudesse ir a um psiquiatra e contar a eles todos os meus
problemas. Ei, sim, então eu sempre tive ataques de pânico
ao falar sobre minha irmã morta, mas eles aumentaram de
intensidade depois que enterrei seu violador vivo em um
caixão forrado de cetim vermelho. “Se você pensa nela, e se
lembra dela, e a ama mesmo que ela se foi, não importa onde
moramos ou se temos algum de seus bens. Ela permanece
viva através de nossas memórias.”
Heather não diz nada quando entramos na pista
circular em frente à escola. Ela abre a porta dos fundos e
bate atrás dela. Quando ela sai correndo, sua mochila
balança contra seu corpo magro, e eu simplesmente perco a
cabeça.

Largo meu rosto nas mãos enquanto lágrimas quentes


e salgadas escorrem pelo meu rosto.

“Oh, Bernie,” Aaron murmura, estendendo a mão e


afastando os cabelos do meu rosto. Eu posso ouvir em suas
palavras o quanto ele odeia me ver machucada. Então,
mesmo que os pais estejam buzinando atrás de nós, e nós
realmente deveríamos nos mexer, ele solta o cinto de
segurança para que ele possa se inclinar e me dar um abraço
tão forte que quase dói.

É o que mais amo nele: ele sempre tem a capacidade


emocional de dar quando me sinto vazia por dentro.

“Ei,” ele diz depois de alguns minutos, quando a maioria


dos outros carros se aproxima de nós xingando, gritando e
nos mostrando o dedo do meio. Não é brincadeira, os pais de
crianças em idade escolar são fodidamente loucos. “Eu tenho
algo que quero lhe dar.”

Olho para ele e vejo em seu rosto que isso é algo


sério. Não é como quando Hael me diz que quer 'me dar
alguma coisa' e depois mostra o pau. O que, devo
acrescentar, ele fez duas vezes na última semana.

“O que?” Eu pergunto, mas Aaron apenas balança a


cabeça, passando os dedos pelos cabelos castanhos
enquanto ele se recosta no assento e coloca o Bronco na
estrada. Começa a chover a caminho de casa, gotículas
grandes que se transformam em granizo a cerca de meio
quarteirão da casa.

A Harley e o Camaro ainda estão estacionados em


frente, o que me diz que todo mundo ainda está aqui.

Eu gosto disso, a chuva e a companhia e me sinto


confortável na casa de Aaron enquanto Heather está segura
na escola.

Enxugo minhas lágrimas com as mangas do moletom de


Cal, mas assim que Aaron e eu entramos pela porta da
frente, os olhos de Oscar se voltam para os meus e posso
dizer que ele sabe que estou chorando. Cara de pau, penso
nele, porque simplesmente não tenho energia para discutir.

“Você está bem, Blackbird?” Hael pergunta quando


passo pela cozinha e o encontro cozinhando ovos em nada
além de sua cueca boxer da noite passada. Concordo, mas
não me incomodo em explicar, com a intenção de seguir
Aaron pelas escadas e entrar em seu quarto.

Ele fecha a porta atrás de nós enquanto minha


respiração acelera.

Este é o quarto dele nesta casa, mas é quase


meu. Desde que oficialmente voltamos a nos reunir, se eu
dormir aqui, ele geralmente também. Antes disso, ele dormia
no quarto com os beliches ou no chão no quarto das
meninas. Mesmo quando ele estava me ignorando e agindo
como se eu fosse uma imposição em sua vida, ele estava
sendo acolhedor.

“Você não me trouxe até aqui só para me pedir para


chupar seu pau, não é?” Eu brinco, mas Aaron apenas me
dá um sorriso de boca fechada.
“Não,” ele diz, abrindo a porta do armário e vasculhando
a merda aleatória que está dentro dele. Há alguns
equipamentos esportivos antigos, roupas sujas, figuras de
ação que ele provavelmente não toca desde os dez anos de
idade. Sorrio e cruzo os braços sobre o peito, encostando o
ombro na parede ao lado da porta.

Aaron limpa a porcaria do caminho, abrindo uma


pequena estante no canto. É uma daquelas de plástico que
você pode comprar em qualquer loja de departamentos, com
pequenas gavetas recheadas de probabilidades e fins. Ele
abre a de baixo e extrai uma pequena caixa de papelão.

“O que é isso?” Eu pergunto quando ele se levanta e se


vira para mim, segurando a caixa perto do peito. Aaron fecha
os olhos por um momento, como se estivesse tentando se
preparar para o que está prestes a fazer. Meu pulso começa
a acelerar, e eu saio da parede. “Aaron Atlas...” Eu aviso
quando ele finalmente abre seus lindos olhos para olhar para
mim.

“Temos guardado isso há anos,” ele diz, ainda


segurando a caixa. “Eu provavelmente deveria ter dado a
você antes, mas não queria que você entendesse errado. Com
todo o meu coração, eu realmente queria que você fosse
embora e fizesse uma vida em outro lugar, uma vida sem
sangue, armas e cadáveres.” Ele entrega a caixa para mim e
nossos dedos tatuados se enroscam em uma imagem muito
bonita. “Mas agora que você está aqui, eu também posso lhe
dar o mundo, mesmo que não seja exatamente o que eu tinha
em mente.”

“O que é isso, Aaron?” Eu pergunto, sentindo uma gota


de suor escorrer pela minha espinha. Tenho medo de abrir a
caixa e ver o que há dentro.
“Apenas abra,” ele me ordena, e porque eu estou quase
certa de que o que quer que esteja nesta caixa vai me abalar,
eu me sento no chão. Aaron se junta a mim, e me lembro que
uma vez tocamos girar a garrafa apenas com nós dois, então
teríamos uma desculpa para nos beijarmos.

A caixa tem algumas teias de aranha agarradas a ela


que eu tiro com uma mão trêmula, levantando
cuidadosamente as abas para que eu possa olhar para
dentro.

O que eu vejo me deixa surpresa.

Minha respiração para e fico tão tonta que preciso


fechar os olhos para não cair. Mesmo sentada, me sinto
instável.

“Bernadette,” Aaron sussurra, e abro meus olhos


novamente.

Dentro da caixa, vejo uma pilha de fotos antigas e um


pen drive. Essas são todas as fotos de Penelope que eu
pensei que tinha perdido quando os meninos carregaram
minha merda no quintal e incendiaram. Na época, minha
irmã ainda estava viva, então, enquanto eu estava com o
coração partido, não era suicida com a coisa toda. Mas
então... Pen se matou.

Ou... foi morta. Não tenho certeza de que posso obter a


resposta para esse mistério em particular. O Coisa não teria
me dito de qualquer maneira. Mesmo sob tortura, não tenho
certeza se ele teria mostrado todas as suas cartas. Essa é a
coisa desses tipos psicopatas narcisistas; eles podem
literalmente reescrever a realidade em suas cabeças e
começar a acreditar em suas próprias mentiras.
Na verdade, há um episódio de South
Park chamado “Fishsticks” que encapsula perfeitamente
esse ponto.

Jogo o conteúdo no chão, procurando uma foto em


particular. Meus olhos estão nadando em lágrimas
novamente, mas sei que Aaron não está me
julgando. Lá. Acho o que estou procurando: uma tira de fotos
de uma cabine de fotos estúpida na galeria de
cassinos. Mamãe e papai costumavam ir lá para se misturar
com seus amigos extravagantes. Tenho muito poucas
lembranças da vida antes de meu pai morrer, como se meu
subconsciente a tivesse bloqueado para me proteger.

Afinal, como eu poderia continuar nas condições atuais


se tivesse lembranças de como era a vida? Eu precisava me
acostumar com a porcaria que me foi entregue e lidar. Essa
era a única maneira.

“Jesus,” murmuro, olhando para o rosto sorridente de


Pen. Ela tinha apenas sete anos nesta foto; Eu tinha seis
anos. Éramos tão malditamente fofas, tão inocentes,
intocadas e perfeitas. Meu polegar esfrega a imagem,
desejando ter mais do que isso. Desejando ter minha irmã de
volta. “Matar Neil não a trouxe de volta, Aaron,” eu digo,
mesmo que seja uma afirmação estúpida a ser
feita. Obviamente, matar Neil Pence não iria ressuscitar
minha irmã dos mortos. “Por tanto tempo, tudo que eu
queria fazer era machucá-lo, fazê-lo pagar.” Olho para cima
da foto e vejo Aaron me observando atentamente, como se
ele não tivesse certeza se deveria apenas ouvir ou se deveria
me pegar em seus braços e assumir, afagar meu cabelo para
trás, murmurar coisas doces no meu ouvido. “Agora que ele
se foi, que está feito... me sinto vazia.”
Aaron se ajoelha e se arrasta até mim, meu primeiro
amor envolto em tatuagem e violência. Mas quando ele
pressiona sua testa na minha, tudo o que posso sentir é sua
compaixão, sua necessidade de proteger. No dia do funeral
de seu pai, Aaron me disse que desejava poder cuidar de
todos nós, que desejava ser forte o suficiente.

Ele passou anos concedendo seu próprio desejo. Ele


pode e cuida dessa família; ele é forte, por dentro e por fora.

“Preencha todo esse vazio com o meu amor,” ele


sussurra, os olhos ainda fechados. Também quero fechar o
meu, porque estou chorando muito, mas adoro o jeito que
ele parece nas mãos e joelhos na minha frente. Um garoto
tão bonito e um homem ainda mais bonito. “Estamos aqui
para aquecer esse vazio, Bernadette. Acostume-se a isso.”

Sorrio, largando a foto no meu colo. Nossos rostos se


esfregam e então nossas bocas se encontram. Aaron me beija
corretamente, roubando minha alma pela boca, tornando-a
dele. Em troca, ele me dá sua própria alma, e eu a aceito com
dedos gananciosos e um coração desesperado.

“Você e eu, somos o destino do caralho,” ele diz, sua


boca se movendo contra a minha enquanto ele fala as
palavras. Meus braços envolvem seu pescoço enquanto
nossas línguas emaranham. Ele toma muito cuidado para
empurrar as fotos com segurança para o lado e depois sobe
em cima de mim, incentivando-me a deitar no tapete dele
para que ele possa me devastar com os lábios. “Você é tudo
o que há para mim, Bernadette. Eu vivo e respiro por seu
comando.”

Aaron tira minhas calças pelos meus quadris,


quebrando nosso beijo para deixar seu rosto cair entre as
minhas coxas. Ele coloca a boca em mim, lábios quentes e
língua gananciosa, saboreando-me e gemendo de prazer ao
mesmo tempo.

Ele leva o seu tempo com isso, movendo seus lábios nos
meus, e seu pênis para a minha abertura somente depois
que ele tem certeza de que eu fiquei satisfeita várias
vezes. Nós não saímos daquele quarto até a hora de pegar as
meninas, e quando o fizermos, nos certificamos de pegar a
foto de Penelope comigo, para que eu possa dar a Heather.

“Aqui,” digo a ela quando ela entra no carro, e a maneira


como seu rosto se ilumina me diz que é tudo o que ela
precisava, um lembrete de que Pen estava viva uma vez, que
era feliz, que ela era real.

Decido que mais tarde, quando todo mundo na casa


estiver dormindo, vou enterrar o diário no quintal e todos os
seus segredos sombrios e terríveis.

As únicas lembranças que quero levar de agora em


diante são felizes.
É óbvio que Mitch está realmente chateado com o que
aconteceu na quinta-feira à noite. Ou seja, o fato de não
termos caído na sua armadilha. É difícil para mim manter
uma cara séria quando vejo Kali na segunda-feira. Eu só vi
pessoas com a boca costurada em filmes, mas caramba, ela
parece um monstro.

A metade inferior do rosto está inchada e deformada,


cada buraco onde as meninas de Stacy enfiaram a agulha
está vermelho e ferido. A essa altura, aposto que ela sabe que
Neil está morto. Como ela não pode fazer a
suposição? Afinal, a última coisa que ela viu foi ele me
arrastando para fora da Prescott High em algemas.

Trabalhamos em poesia na aula do Sr. Darkwood, como


sempre, mas tudo em que consigo pensar em escrever são os
meninos.

Sou obcecada por eles. Suponho que eles também sejam


obcecados por mim, não são? Com base em tudo o que eles
me disseram, eu não imaginava isso quando os assisti do
outro lado da escola e imaginei que eles eram meus. Eles
foram e sempre serão.

Couro, luxúria e lábios.


Minha visão se estreita em um único ponto; minha
respiração acelera.

Tantas mãos, tantas bocas, paus e atrito e calor.

Uma eternidade infinita de escuridão salpicada pela luz


das estrelas.

Possibilidades ilimitadas cercadas de violência e


romance.

Eu e você e nós.

Faço uma pausa, reviro os olhos para a minha própria


poesia de merda e depois desenho um pau gigante por cima
das palavras antes de entregá-lo. O Sr. Darkwood não
pestaneja; ele está acostumado a ver pênis desenhados à
mão em sua caixa de entrada. Eu desenhei pelos e veias no
meu, por isso é bonito e detalhado.

“Eu gosto do seu batom,” digo a Kali, passando meu


dedo pelos meus lábios quando vejo ela e Billie juntas no
corredor. Elas me encaram, e decido que, com base em suas
expressões faciais, ainda não estão devidamente
intimidadas.

Aparentemente, um tiroteio e um amigo morto não


foram suficientes para abalar Billie Charter.

Aparentemente, os lábios costurados e um possível pai


do bebê morto não foi o suficiente para Kali Rose-Kennedy.

Nós vamos ter que corrigir isso.

Na quinta-feira, as coisas parecem ter se resolvido um


pouco, o que me assusta. Na última vez em que Mitch e sua
equipe ficaram quietos, eles planejaram o ataque de
Halloween.

“Eles vão nos atingir no baile de inverno,” digo no


almoço, antes que qualquer um dos meninos possa fazer a
sugestão. Posso sentir isso no ar, essa estranha sensação de
zumbido que faz meu coração trovejar.

“Quem?” Oscar pergunta, como se ele não tivesse


passado a semana me evitando. Estou ficando cansada
disso, para ser sincera com você. Sexta de manhã, pensei
que ele pudesse realmente falar comigo, mas depois saí do
quarto de Aaron com essas fotos em mãos e Oscar voltou a
fazer planilhas em seu iPad.

Vi alguns dados interessantes quando espreitei.

O fator de risco para minha mãe estava listado em


setenta e nove por cento.

Que merda.

Até Kali Rose-Kennedy estava listada em setenta e cinco


por cento.

Então, o que vamos fazer para tirá-las oficialmente da


minha lista?

“A Charter Crew,” digo enquanto nos sentamos à nossa


mesa de sempre na cafeteria. Se não estamos na escola ou
optamos por não comer aqui, a mesa fica vazia. Uma vez, no
ano passado, um cara chamado Owen Tanaka ficou sentado
lá sem a permissão de Havoc, e eles quebraram os dedos
dele. “Eles nos atingiram no Halloween; eles virão atrás de
nós durante o baile de inverno.”
Pego a maçã da bandeja de Oscar sem perguntar, e ele
não diz nada.

“É melhor eles não estragarem o meu dia de neve,” Hael


diz, cruzando as mãos atrás da cabeça enquanto eu mordo a
maçã, segurando-a na boca enquanto apunhalo um canudo
na minha caixa de leite com chocolate. “A neve que os
pirralhos de Oak Valley trazem é tão pura. Se eu só vou usar
coca algumas vezes por ano, gostaria de aproveitar o
momento.”

Olho para ele, mas nós dois sabemos que ele não está
cheirando nada; ele estará muito ocupado tentando
permanecer vivo.

“Eu concordo com Bernadette,” Oscar diz, olhando para


os irmãos Ensbrook e deixando um sorriso absolutamente
horrendo se espalhar por seus lábios. Ele pisca para eles
agradável e devagar e os dois garotos se afastam como se
tivessem sido chutados.

Ele deve ter assustado a merda deles na quinta-


feira; ambos parecem dez vezes piores que Oscar. Vendo que
as chances eram de dois para um, estou impressionada com
as capacidades do homem. Por mais idiota que ele seja, não
posso negar isso.

“Outro golpe?” Victor se pergunta, franzindo a


testa. “Nesse caso, eles não usarão pessoal da Prescott
novamente; eles trarão mais bandidos contratados.
Precisamos informar Ophelia que sabemos sobre ela, jogar
um pouco de sujeira no rosto e fazê-la recuar um pouco. Ela
está vindo para nós com força e rapidez.” Vic esfrega o rosto
por um momento, um ensaio deitado sobre a mesa na frente
dele. Apesar de tudo, Victor precisa manter suas notas, para
que ele possa permanecer no caminho para se formar.
Me pergunto se a avó dele sabia que ele teria que se
esforçar até os ossos para chegar perto de conseguir o
dinheiro dela. Esse era o plano dela o tempo todo? Ou ela
simplesmente não percebeu o quão terrível sua filha
era? Talvez ela tivesse, e é por isso que ela queria que Vic
morasse com seu pai. Quem sabe. Vendo como a mulher
está morta, ela levou seus segredos para o túmulo.

Só estou desejando que Neil tenha feito o mesmo.

“Bem, há um ponto positivo em ela contratar alguma


ajuda profissional. Embora não possamos abater várias
dezenas de estudantes do Prescott High sem chamar a
atenção; Definitivamente, podemos nos livrar de alguns
bandidos contratados sem nos preocuparmos se alguém
estiver olhando demais.” Cal bebe sua Pepsi, brincando com
seu cigarro habitual na hora do almoço, mexendo-o entre os
dedos. Nossos olhos se encontram e ele sorri para mim.

Esta manhã, ele me agarrou enquanto eu estava


andando pelo corredor, me jogou em um armário e me beijou
na frente de toda a escola.

Eu também adorei.

“Verdade,” Aaron concorda hesitante. “Mas também não


podemos prever o que alguém assim fará. Eles não estão
envolvidos nessa disputa além de um salário. Isso pode ser
uma coisa muito boa... ou muito ruim.”

As portas da cafeteria se abrem e um silêncio cai sobre


a sala.

Olho casualmente por cima do ombro, o sangue


escorrendo do meu rosto quando noto a Sra. Keating com a
policial Young e o detetive Constantine de cada lado
dela. Merda, foda-se, e puta merda. A bela jovem vice-
diretora parece uma bagunça, o rosto inchado, a pele
enrugada com pontos. Mas ela está viva e, aparentemente,
ela também voltou.

“Srta. Keating,” respiro, levantando-me junto com o


resto dos meninos. Fico feliz em ver que eles mostram a ela
pelo menos uma pequena quantidade de respeito. Ok,
esposa. Você pode lidar com a Sra. Keating, contanto que
ela seja tratada. Victor vai deixar Breonna Keating comigo, o
que eu aprecio, mas como diabos vou lidar com isso?

Estou começando a perceber que meu código moral é


apenas um pouco mais rígido que o dos meninos.

“Bernadette,” Keating diz, parando a poucos metros de


mim. Ela costuma me chamar de Sra. Blackbird, mas
aparentemente sobreviver a uma tentativa de assassinato
nos trouxe um novo nível de proximidade. Eu mudo um
pouco, cruzando os braços sobre o peito para esconder meu
nervosismo. A policial Young está me observando como um
falcão, procurando por qualquer coisa que ela possa usar
contra mim. “Estou tão feliz em ver que você está bem.”

“Tudo bem,” digo a ela, forçando um sorriso de


lado. “Mas não deveria ser eu quem diria isso para
você? Bem-vinda de volta, a propósito.”

“Não estou de volta a nenhuma função oficial, ainda


não,” ela diz, com o queixo tão inchado que suas palavras
ficam um pouco confusas quando ela fala. Estou feliz em ver
que a cadela astuciosa fez suas unhas
recentemente. Entendeu o que eu quis dizer? Ainda há
esperança para ela. “Mas eu queria checar as
coisas. Principalmente, eu queria checar você.”
“Se possível, eu adoraria mudar essa conversa para o
seu escritório,” sugere Constantine, seus olhos castanhos
examinando a sala antes de voltar para os Garotos Havoc. É
bastante óbvio que ele sabe que é uma ovelha entre lobos
aqui. Podemos estar no ensino médio, mas não seria tão
difícil transformar essa sala em um tumulto e terminar com
seu cadáver ensanguentado pendurado no mastro do lado de
fora.

“É claro,” Keating concorda, dando aos Garotos Havoc


um aceno superficial. “Sr. Channing, parabéns pelo seu
casamento com Bernadette.” Vic lhe dá um sorriso branco.

“Obrigado, vice-diretora,” ele ronrona, de tal maneira


que Sara Young estremece. Não por prazer, acho, mas por
horror. Pelo jeito que ela olha para o meu marido, posso dizer
que ela não gosta muito da companhia dele. Me pergunto se
ela pode sentir que a única coisa que está entre ela e uma
sepultura precoce é eu?

“Sr. Park, Sr. Harbin,” Keating cumprimenta Callum e


Hael antes de parar por um momento para estudar o rosto
fodido de Oscar. “Sr. Montauk, Sr. Fadler.”

“Hey,” Aaron diz, com um pequeno aceno e um sorriso


forçado. Oscar escolhe não reconhecê-la. “Ligue-nos se
precisar de nós,” Aaron acrescenta quando saio com a vice-
diretora e os dois policiais. Vaughn se encontra conosco no
corredor, mas ele é tão inútil quanto um pano úmido. Que
bom que ele está trabalhando para nós agora, mas é como
jogar uma esponja contra uma espada.

“Ouvi dizer que seu padrasto está desaparecido,”


Keating diz com cuidado enquanto caminhamos juntas pelo
corredor.
“Eu ouvi a mesma coisa,” digo com um encolher de
ombros. “Mas já foi tarde, certo?”

Keating olha para mim, um de seus olhos castanhos


ligeiramente obscurecido pelo inchaço em seu rosto. Seu
olhar é compreensivo, quase sociável.

“Depois que eu desmaiei, ouvi dizer que ele a atacou e


ameaçou com sua arma?” Ela pergunta, escolhendo suas
palavras com cuidado. Eu aceno e deslizo minhas mãos nos
bolsos do meu jeans desbotados. “No cemitério, onde sua
irmã foi enterrada, certo?”

Quase tenho uma reação visível a essas notícias, mas


consigo manter a calma. Eu não mencionei o cemitério para
Sara Young, mas ela foi até lá procurar pistas de qualquer
maneira. Ela sabe algo que eu não sei?

“Sim, bem,” eu digo, olhando para longe da Sra. Keating


e para a fila de armários à minha direita. Quando passamos,
começo a notar rostos de palhaços desenhados em Sharpie
aqui e ali. A maioria deles é riscados com
um HAVOC rabiscado, mas há alguns novos aqui e ali. “É
doloroso para mim falar, visto que Neil estuprou
Penelope. Ele me levou ao túmulo dela para fazer um ponto.”

O corpo inteiro da Sra. Keating se enrijece quando ela


abre a porta do escritório e gesticula para que todos
entremos. Se ela tiver alguma dúvida sobre estar aqui depois
do ataque, ela não mostra. Nem sequer olha para o local
onde ela caiu com o rosto uma bagunça
ensanguentada. Deus, eu amo essa mulher. Hoje ela está
vestindo uma camiseta sob o paletó amarelo que
diz Combate ao fascismo! com um punho listrado que vai do
branco ao marrom ao preto.
Ela se senta em sua mesa enquanto o diretor Vaughn
fica ao seu lado. Os dois policiais uniformizados que estão
sempre atrás de Constantine esperam do lado de fora da
porta, enquanto o próprio detetive se senta no banco ao meu
lado. Sara decide assumir uma posição à minha
direita. Sinto-me cercada aqui, mas pelo menos sei uma
coisa com certeza: tenho uma aliada na vice-diretora e um
animal de estimação em Vaughn.

“Então, você sabe sobre o cemitério, hein?” Eu


pergunto, virando-me para Sara e agradecendo a Sra.
Keating a cada respiração. Colocar essas informações em
mim no corredor me deu a chance de reorganizar minha
história e marcar um plano em meu cérebro.

“Por que você mentiu para mim, Bernadette?” Sara


pergunta, tentando o seu melhor para ser solidária. Mas ela
tem os polegares nos presilhas, a arma na cintura e um boné
com a inscrição Polícia na cabeça. A intimidação faz parte de
sua tática hoje, entendo.

“Você viu o que aconteceu com Kali?” Eu pergunto,


apontando para a minha boca e tremendo. “Chegou a notícia
de que ela falou e, bem...” eu paro quando Sara franze a
testa. Ela claramente tem ouvido falar sobre Kali. Tenho
certeza que ela também sabe que não pode colocar isso em
nós. Muitas testemunhas viram a própria Stacy enfiar a
agulha e o fio nos lábios de Kali. Obviamente, nenhum deles
dirá nada sobre isso. “Não vou lhe contar nada, se não for
necessário. Estou começando a me perguntar se preciso de
um advogado?”

“Por que você precisaria de um advogado,


querida?” Sara pergunta, seu tom condescendente pra
caralho. Eu cerro os dentes e dou a ela um olhar afiado de
lado.

“Porque você está tentando botar o desaparecimento de


Neil em mim quando todos sabemos que o filho da puta
decolou por vontade própria.” Suspiro e esfrego minha
têmpora, me perguntando se realmente vou ter que fazer
isso. Se vou ter que usar o vídeo de Penelope para proteger a
mim e aos meninos. Quando vi pela primeira vez, fiquei
furiosa com eles por usarem a dor dela como arma. Mas
agora que estou aqui, sentada em um assento quente e
vendo minha liberdade e a liberdade dos meus meninos na
linha... que escolha eu realmente tenho?

Não é melhor que Sara veja por si mesma que monstro


era seu parceiro?

“Por que não nos disse que ele a levou ao cemitério,


Bernadette?” Sara empurra, olhando para cima como se
quisesse confirmar algo com Constantine por cima do meu
ombro. “Em algum momento, as imagens de vídeo em sua
viatura foram desativadas remotamente, mas antes disso,
temos isso.” Sara desliza o telefone do bolso e passa para
mim. Há um vídeo e pronto para ser usado; Eu pressiono
play sem hesitar.

Lá está Neil, saindo do carro e preparando a pistola. Ah,


e há um pouco de mim rosa e loira com algemas correndo
pela minha vida de merda. Corro pela câmera e desapareço
no cemitério quando Neil levanta a arma e atira.

Ele passa pela câmera e desaparece. O vídeo termina


logo depois, mas aposto que há mais. Mais nada, porque
nunca passamos pelo carro de novo até os meninos
aparecerem e Oscar desabilitar a câmera.
Abaixo o telefone e fecho os olhos.

Reviver esse momento está me fazendo sentir mal do


estômago. Claro, eu lidei com isso como um mestre, mas isso
não significa que eu queira voltar e experimentar atravessar
um cemitério enquanto sou perseguida por um policial louco
novamente. De jeito nenhum. Ver o rosto dele também traz
outras lembranças. Isso me faz sentir falta de Pen mais uma
vez, me faz desejar ter lutado mais para protegê-la. Está tudo
bem e elegante que Havoc é uma arma para eu usar agora,
mas queria ter podido desembainhar essa lâmina a tempo de
salvar minha irmã.

Abro os olhos e entrego Sara de volta ao telefone.

“O que você quer que eu diga? Eu lhe disse que Neil me


agrediu e segurou sua arma em mim. Agora você tem a prova
em vídeo. O que mais há?”

“Como o carro dele foi do cemitério para a cidade,


Bernadette?” Sara empurra, sua voz ansiosa, como se ela
pensasse que realmente me pegou dessa vez. “Podemos ver
que Neil foi o agressor nessa situação, mas se seus amantes
fizeram algo com ele, precisamos saber sobre isso também.”

“Os amantes dela?” Constantine ecoa, e eu apenas rio


com alegria perversa com o tom de nojo em sua voz. Você
não ama como os homens podem fantasiar abertamente
sobre foder um monte de garotas, ter um trio ou desfrutar de
um harém? No segundo em que a merda é revertida, é tudo
nojo e ela é uma puta, ela é uma vagabunda, ela é fácil. Que
monte de porcaria.

“Posso te mostrar uma coisa?” Eu pergunto, olhando


para a Sra. Keating. Ela está olhando para mim como se
estivesse com pena de mim. Me pergunto se ela se lembra de
como era ter a minha idade, estar envolvida na vida de
gangue? Duvido que a gangue com a qual ela correu seja
parecida com os Garotos Havoc. Ninguém é como os Garotos
Havoc. “É um vídeo que encontrei no laptop de Neil uma
vez. Ele me disse que me mataria se eu mostrasse alguém,
mas também me disse que me mataria se eu tentasse
denunciá-lo novamente, então acho que estou morta de
qualquer maneira.”

“Isso é altamente inapropriado,” Keating diz,


estremecendo e estendendo a mão para tocar
cuidadosamente a lateral do rosto. “Bernadette, você não
precisa mais responder a perguntas. Se esses oficiais
gostariam de falar com você, recomendo que façam isso
quando seu advogado estiver presente.”

“Não, está tudo bem, Srta. Keating,” eu digo, olhando


para ela com um genuíno sentimento de gratidão no meu
rosto. Victor temia que ela pudesse ser uma obrigação, mas
ele está errado. Ela é o ser humano verdadeiramente mais
real e gentil que eu já conheci na minha vida. E aqui estava
eu, pensando que o mundo inteiro era uma perda de
tempo. Bem, foda-me de lado. Aparentemente, realmente
existe uma pequena fatia de bondade em toda essa crueldade
fria. “Eu quero fazer isso. Penelope merece ter sua história
contada.” Pego meu telefone do bolso da minha jaqueta de
couro rosa, disparando uma mensagem rápida para Oscar.

Envie-me o vídeo, por favor.

Ele não discute comigo e, em trinta segundos, tenho o


que pedi. Ele fica parado na nossa conversa de texto como
um espinho venenoso, bombeando veneno na corrente
sanguínea da minha alma. Sinto-me tonta ao vê-lo, e sei que
não posso sentar aqui enquanto eles assistem. Eu
simplesmente não posso.

“Srta. Keating,” digo, olhando e dando o último pedaço


do meu coração que não é reservado para os Garotos Havoc
a minha professora. Este é a minha última chance, tanto
quanto confiar em outras pessoas. Se ela me trair, imagino
que serei como Oscar ou Vic. Minha barra de moralidade
descerá ao nível mais subterrâneo e ficarei com apenas
alguns princípios revestidos de ferro: não machuque
crianças, não machuque animais, não estupre pessoas. É
isso aí. No momento, também tenho alguns complementos
irritantes, como se alguém não o prejudicou, não os
prejudique.

Oro ao universo para que isso não seja um erro.

Acho que só o tempo dirá.

“Sim, Bernadette?” Ela pergunta enquanto levanto e


seguro meu telefone no meu peito. Não há nada incriminador
nisso; os meninos nunca seriam tão estúpidos a ponto de
mandar mensagens sobre assassinato e Havoc em um
maldito telefone celular. Mas também não quero que a
polícia veja isso também.

“Vou encaminhar um vídeo que tenho no meu telefone


para Sara Young e depois vou embora por um dia porque não
aguento mais. Tudo bem?”

“É claro,” ela diz, acenando para mim e se virando para


o diretor Vaughn. “Podemos informar aos professores de
Bernadette que ela ficará fora pelo resto da tarde?” Amo o
jeito que ela faz essa pergunta, como se isso realmente
importasse. Perdemos aula o tempo todo. Mas sorrio assim
mesmo e volto minha atenção para Sara Young.
“Da próxima vez que você acusar meus meninos e eu de
machucar Neil, vou chamar um advogado e arrastá-la pela
lama. Você entendeu? Você quer ser um cara legal,
Sara? Comece a lutar pelo lado certo.” Aperto enviar e depois
saio do escritório o mais rápido que minhas pernas podem
me carregar, discando Aaron no meu telefone enquanto
vou. Estou sem fôlego para falar, então deixo tocar e espero
nos degraus da frente que os meninos se juntem a mim.

Leva apenas alguns segundos para chegar lá.

“Você está bem?” Aaron me pergunta, tão ofegante


quanto eu. Ele me puxa para seus braços e me abraça por
trás, descansando o queixo no meu ombro.

“A polícia tem o vídeo de Neil,” digo, olhando para trás e


encontrando Oscar me olhando com olhos cinzentos frios. “E
eu tenho um plano para Sara Young. Ela quer ser uma
guerreira da justiça para sempre? Bem. Vamos começar a
deixar as migalhas que ela pode seguir. Sei que o irmão e o
pai de Neil o tiraram de uma boa dúzia de situações difíceis
puxando as cordas. Isso, e eu apostaria minha vida que seu
amigo no necrotério viu coisas que teriam levado Neil à pena
de morte no tribunal.”

“Esta é uma rota perigosa, Bernadette,” Victor me avisa,


descendo alguns passos para que ele possa se virar e me
olhar no rosto. “Se você fizer isso, não há como voltar
atrás. Poderia haver um julgamento; você pode ter que
testemunhar. É mesmo isto que quer?”

“Podemos e cuidaremos de Sara Young por conta


própria,” Oscar diz, mantendo distância de mim. “Como você
viu, existem maneiras de fazer as pessoas desaparecerem
para sempre.”
“Não.” Fecho os olhos e relaxo de novo no forte abraço
de Aaron. “É isso que eu quero. Se Sara Young não é uma
pessoa má; se ela realmente acredita em justiça. Bem, aqui
está sua chance de provar isso para mim.”

“Este é um jogo diferente do que jogamos antes,” Cal


observa, empurrando o capuz para trás, para que eu possa
ver seus cabelos loiros. Ele se vira para mim e deixa um
sorriso genuíno tomar conta de sua boca bonita. “Eu gosto
disso. Vamos tentar.”

“E ei, ainda temos muitas outras pessoas que precisam


desaparecer,” Hael diz com uma risada aguda. “Falando
nisso, por que você não conta a Bernie o plano que acabou
de criar para a quarta à noite?”

Olho de volta para Vic e ele sorri, estendendo a mão para


passar o polegar no meu lábio inferior.

”Ah sim. Eu acho que você ficará satisfeita, minha


rainha. Vamos dar o fora daqui e nos preparar. Temos
trabalho a fazer.”

Oscar tem um desenho em seu iPad que conecta cada


jogador neste jogo entre si. Vejo o nome do David Benedict
ali com um ponto de interrogação, sua bolha presa entre eu
e Kali. O Coisa está flutuando para um lado, também ligada
a mim e a Kali.

“Se o seu padrasto estivesse envolvido de alguma forma


no esquema dos Vincents, tudo isso faria sentido,” Oscar diz,
usando a caneta para traçar a linha entre Neil e
Coraleigh. “Procurando nos registros do DHS para esse
período, não vejo nada sobre você, Penelope e Heather sendo
enviadas para os Kushners.”

Olho para ele, tentando afastar nossos problemas


românticos para que eu possa me concentrar nos negócios.

Serei a primeira a admitir que é difícil.

Por mais que o odeie, por mais que eu realmente deseje


poder esfaquear suas bolas com um garfo muito afiado, eu
sei qual é o meu verdadeiro problema aqui. Quero que ele me
ame. Isso é tudo que eu sempre quis. A vida não me deu uma
mãe para me amar; a vida levou o pai que deveria me
amar. Minha irmã foi roubada durante a noite pelas mãos
cruéis de um monstro ganancioso.

E então fiquei com a obsessão de um grupo de meninos


muito ruins.

Saudável ou não, eu não ligo. Só quero que Havoc me


ame do jeito que eu os amo. É para isso que tudo se resume.

“Chamei Neil e Pam para serviços de proteção à


criança,” digo, tentando entender o caminho. A CPS é uma
divisão do DHS - o Departamento de Serviços Humanos - do
qual Leigh agora é diretora. “Deve haver algo registrado,
certo?”

“A menos que alguém apagou,” Oscar explica, sentando-


se à minha frente no sofá onde fizemos amor. Sua bunda
está literalmente sentada em cima do que resta da mancha
rosada, mas ele não faz menção a ela nem age como se
percebesse ou até se lembrasse. Resisto à vontade de chutá-
lo por debaixo da mesa de café. “Você disse antes que Neil
impediu você e sua irmã de falar sobre seu abuso antes. Mas
desta vez, apenas desta vez, suas queixas foram ouvidas e
você foi colocada em um orfanato. Por que você acha que foi
isso?” Oscar bate a caneta nos lábios. Ele está usando um
par de óculos diferente. Eles são xadrez preto e branco, como
uma bandeira de corrida. Estou surpresa ao ver tanta
personalidade em seus óculos, para ser sincera com você.

Tento não ler sobre isso, assumindo que é o único par


de reposição que ele tem por perto.

“Porque Neil deixou isso acontecer...” Eu começo,


parando e sentindo minha respiração acelerar quando o
pânico toma conta de mim. Eu, Pen e Heather fomos para
uma armadilha, não foi? Por que isso nunca me ocorreu
antes? Quero dizer, é esperado muito que uma criança de
onze anos faça esse tipo de conexão, mas agora que estou
olhando o fluxograma de Oscar, estou aterrorizada.

Sobre o que acabamos de esbarrar aqui?

“Neil deixou que isso acontecesse,” Victor concorda,


andando pelo chão em frente à lareira e esfregando o
queixo enquanto fuma. É bem impressionante, mas também
assustador. Isso significa que ele está pensativo e nervoso,
tudo ao mesmo tempo. “Ele sabia o que ia acontecer com
você lá. Ele provavelmente trabalhou com Coraleigh para
organizá-lo. Com base em seu histórico, ela só vende
meninas e meninos que não têm família, que não serão
perdidos, não os filhos de um policial filho da puta. Neil teria
que saber sobre isso. É impossível supor o contrário.”

Oscar olha para mim, observando a expressão no meu


rosto antes de voltar seu olhar severo para a tela do iPad.

“Então, temos Neil conectado a Leigh, que está


conectada a Ophelia, que está conectada à Charter
Crew.” Oscar pousa a caneta e se inclina para trás, apoiando
os cotovelos nos joelhos e juntando os dedos. “Depois de
pensar bem, decidi que sua explicação sobre David e Kali tem
algum mérito.”

“Oh, você decidiu isso, não é?” Eu recuo, sentindo


minha pele formigar com irritação. Aaron está sentado na
cadeira à minha esquerda, me olhando com um olhar tão
intenso que tenho medo de encontrá-lo. Não posso cair no
buraco negro sem fim das minhas emoções, não hoje. “Faz
sentido. Mack está pegando Kali para que ela possa se
encontrar com David, que está devolvendo informações a
Tom e Ophelia. Essa é a essência disso.”

“E Ophelia está ficando cansada de esperar que Mitch


faça progressos conosco,” Victor continua, retomando a
discussão. “Ela contratou uma ajuda real e os filtrou através
da Charter Crew para ocultar seu próprio envolvimento.”

“Ela vai executar Bernadette,” Callum diz, chamando


minha atenção para olhar para ele e Hael, situados juntos à
mesa. Cal bate as unhas pintadas de azul contra a superfície
de madeira enquanto olha para mim, encapuzado, o rosto
sombreado. “Então ela vai usar a Charter Crew para nos
pegar até que apenas Victor fique. Nesse ponto, não seria
difícil incrimina-lo de algo e levá-lo a ser acusado de um
crime. Então é isso. Fim de jogo.”

“De acordo com as regras da herança que minha avó


estabeleceu,” Vic começa, fazendo uma pausa com uma mão
no manto, a outra segurando o cigarro enquanto olha para a
parede à sua frente, as engrenagens em sua mente revirando
a teoria de Callum . “Se eu não conseguir me formar, ainda
tenho até os 25 anos para conseguir meu GED. Se algo
acontecer com meu pai, e eu não puder mais morar com ele,
posso encontrar meu próprio lugar. Essas não são grandes
avenidas para ela usar para conseguir o dinheiro. Matando
Bernadette... ela me conhece muito bem. Um casamento
falso nunca vai acontecer; Eu prefiro morrer.”

Ele range os dentes e esfrega a mão direita sobre o rosto.

“Cometemos um erro ao deixar você se casar com


Bernadette,” Oscar diz, mas não com simpatia. “Não é?”

“Eu acho que sim,” Victor concorda, fechando os olhos


por um momento. “Porra.” Ele se agacha, ainda segurando o
cigarro.

Ocorre-me então que os meninos Havoc são humanos.

Tipo, eu sabia disso. Sabia que eram apenas


adolescentes forjados no fogo e realmente muito bons no que
fazem. Mas eles não são perfeitos. Eles são falíveis. Eles
cometem erros.

“Isso é o que eu deveria ter feito, me casar com um bode


expiatório,” ele murmura baixinho. “Mas acho que
subestimei Ophelia.”

“O erro que cometemos foi assumir que ela não tinha


mais capital,” Oscar diz, exalando bruscamente. “Ou um
método fácil de obter mais. Ela contratou essencialmente um
pequeno exército para complementar a Charter Crew.”

“Então qual é o plano?” Eu pergunto, desejando que


Victor se levante, que ele sorria para mim e diga eu entendi,
princesa. Como se ele pudesse sentir meus pensamentos, ele
se levanta e se vira, suspirando enquanto fuma seu cigarro.
“Precisamos limpar a Charter Crew. Eu já te disse, não
gosto de matar estudantes porque chama a atenção. Mas
agora, estamos presos entre uma pedra e um lugar duro.” O
rosto de Victor se aperta quando ele olha de volta para
mim. “Mas eu não vou deixar meu amor por você te matar,
Bernie.” Ele estala os nós dos dedos e aperta a mandíbula,
olhando para Aaron como se houvesse algo que ele queria
dizer, mas ainda não está pronto. “É hora de largar alguns
corpos. Sei que a cautela é o nosso jogo, mas temos que
seguir em frente antes que eles se voltem contra nós. Na
quarta-feira, estamos pintando as ruas com sangue. E
então, quando tiver a chance, vou enforcar minha mãe nas
vigas da casa chique de Tom.”

Victor passa pela porta da frente e sai, batendo-a atrás


dele. Tenho certeza que ele não vai longe; seria muito
perigoso para ele sair. Mas também posso dizer que ele
precisa de algum espaço.

“Você quer dizer ou eu devo?” Hael canta, e olho para


trás para ver que ele está olhando para Aaron. Hael sorri,
mas não é o seu habitual sorriso carregado de sexo. Em vez
disso, ele parece quase triste.

“Dizer o quê?” Aaron brinca de volta, mas ele parece


extremamente irritado. Pessoalmente, ainda estou me
recuperando dos eventos do dia. Mal posso esperar para ver
o que a pequena Sara Young pensa sobre aquele vídeo
horrível.

Hael se levanta e caminha até o sofá, apoiando as mãos


nas costas enquanto se inclina. Seu rosto é muito sério, mais
do que eu já vi antes.

“Que você estava certo.” Hael bate as palmas das mãos


no sofá e se levanta novamente. “Você e Oscar. Você sempre
foi o mais inflexível em colocar distância entre nós e
Bernie. Bem, aqui está o seu pior pesadelo se tornando
realidade.”

“Todos tentamos dissuadir Victor de trazê-la,” Aaron


diz, afastando os cabelos da testa. Ele não parece ter muita
convicção nessa afirmação. “Todos deixamos que ele tivesse
o preço que queria; todos somos culpados.”

“Não.” Levanto-me de repente, sentindo minha pele


formigar com irritação. “Tudo que eu sempre quis foi fazer
parte de Havoc. Vocês me conhecem. Vocês sabem que eu
não iria parar até atingir esse objetivo. Parem de culpar um
ao outro ou desejar ter feito mais. Neste ponto, é óbvio que
não importa o que o mundo - ou vocês - jogue em mim, eu
continuarei voltando.” Olho para Aaron, depois Oscar, Hael
e Callum. “Pare de se perguntar e se preocupar com onde eu
poderia estar ou que erros você cometeu, e apenas descubra
isso. É nisso que vocês são bons, desenterrar Havoc de
lugares difíceis.”

Afasto-me da mesa e saio para o quintal, para ter um


momento para pensar.

Havoc sempre governou Prescott High. Bem, agora que


o sangue está escorrendo pelos corredores e pelas ruas, é
hora de mudar nossa atenção para coisas maiores. No final
deste ano, estaremos nos formando. Então o que? Não
podemos ficar de olho na escola para sempre; há coisas
maiores e melhores em andamento.

Surpreendentemente, Oscar é quem vem me encontrar


primeiro, mantendo-se a um metro e meio de distância e
olhando para as azaleias cuidadosamente cuidadosas de
Aaron, pensando.
“Sobre o outro dia,” ele começa, e eu me preparo para o
que quer que seja essa conversa. Um pedido de desculpas ou
outro soco. Não tenho certeza do que me atingiria mais neste
momento. “Eu pretendia voltar para você.” Ele se vira para
me olhar, aquele olhar cinza-aço dele me varrendo da cabeça
aos pés. “Eu não terminei com você, Bernadette.”

“Não? Você ia sair e bater na Leigh um pouco antes de


voltar?” Eu pergunto, mas não estou mais com tanta raiva
assim. Eu disse que confiaria nos meninos Havoc, e é isso
que vou fazer. Oscar diz que estava voltando? Então
adivinhe? Eu acredito nele.

“Leigh estava me esperando em um estacionamento a


cerca de três quarteirões de distância. Eu tinha uma equipe
esperando por mim; deveria ser entrar e sair.” Oscar se
aproxima um pouco de mim, estendendo a mão para passar
um único dedo ao longo do lado do meu rosto. Fecho os olhos
contra o toque, imaginando aquelas cordas de seda rosa
amarrando meus braços, os nós um padrão, uma obra de
arte carnal brilhante, violenta. “A violência me excita,
Bernadette. Talvez você tenha sorte por eu não ter podido
voltar para você?”

Apenas rio dele e afasto sua mão.

“Oscar Montauk, coloque seu dinheiro onde está sua


boca e me mostre. Mostre-me do que devo ter tanto
medo.” Afasto-me dele e para a grama, sentando-me ao sol
por um momento. Ainda mais surpreendentemente, Oscar se
junta a mim. “Eu nunca vi você fazer algo tão mundano como
sentar em um gramado antes,” digo com um leve
sorriso. “Você pode ter manchas de grama em seu terno
perfeito.”
“É preto, não é?” Ele responde, recostando-se na grama
e olhando para o céu. “Como é?” Ele pergunta finalmente,
depois de vários minutos de silêncio.

“Como é o que?” Eu respondo, olhando para ele e


encontrando seu olhar não mais nas nuvens, mas em mim.

“Descobrir que Havoc não é tão perfeito, afinal?”

Eu rio dele novamente. Na verdade, eu rio até chorar e


deslizo para longe com as pontas dos dedos.

“Oscar, acredite ou não, nunca pensei nisso.” Sorrio


para ele quando me enrolo e envolvo meus braços em volta
dos joelhos, descansando meu queixo nos meus braços. “Do
lado de fora, o mundo precisa pensar que somos uma
máquina bem oleada. Por dentro, prefiro que fôssemos todos
humanos, até você.” Eu o encaro por um momento, e ele olha
de volta para mim até que, eventualmente, eu me levanto e
volto para dentro.

Roma não foi construída em um dia; Oscar Montauk


não pode ser domado em um.

Mas nós vamos chegar lá.

Desde que, é claro, não terminemos mortos antes.

O destino pode ser uma amante inconstante.


Oscar Montauk

Estou de pé na cozinha, olhando para uma faca no


balcão e tentando me lembrar de que só devo fazer uma
coisa: cortar um pedaço de queijo em fatias. Não é para
derramar sangue, não hoje. Mas estou chegando perto de
usá-la, de me esgueirar e caçar Ophelia Mars nas sombras
até que ela esteja se afogando na respiração molhada e
usando um segundo sorriso na garganta.

Minhas mãos encontram a faca e começam a cortar,


criando pedaços agradáveis e uniformes de queijo cheddar
para comer com minhas maçãs. Tenho que comer em algum
momento do dia, mesmo que todo esse exercício me
incomode. Minha mãe era extremamente especifica em
relação ao meu peso; Acho que ela me deixou com algum tipo
de distúrbio alimentar.

“O que você está fazendo aqui?” Cal pergunta, entrando


na cozinha às quatro da manhã em leggings pretas e um
capuz aberto e sem mangas. Ele me entende melhor do que
qualquer outra pessoa da família. Apesar de seus sorrisos
bonitos e cabelos dourados, Callum é apenas um lobo em
pele de cordeiro. Ele gosta do sabor do sangue tanto quanto
eu.

Victor é brutal, mas também é equilibrado e não tem


medo de sentir. Aaron ainda está determinado a ser um cara
legal enquanto joga de mal. E Hael... nem me fale sobre Hael
Harbin.

“O que parece que eu estou fazendo?” Eu pergunto


friamente, levantando meu olhar para olhar nos olhos azuis
de Callum.

“Parece que você está tentando encontrar algo para


distraí-lo de Bernadette,” ele diz, deslizando sobre um
banquinho e estacionando o cotovelo no balcão. Ele
descansa a cabeça na mão enquanto me observa. Felizmente
para ele, não há julgamento em seu olhar.

Se houvesse, eu poderia ficar com raiva.

Volto para o bloco de queijo, observando que não é a


minha marca habitual. Estamos com um orçamento limitado
aqui, e alguém selecionou uma marca hippie orgânica no
lugar da marca genérica da loja que geralmente
adquirimos. Sinto que é coisa de uma mulher e faço uma
careta.

“Eu tenho que comer, sabe? Não sou um robô, apesar


das aparências externas.” Termino com o queijo e empurro
para o lado, pegando uma maçã e perfurando com muito
cuidado a casca com a ponta da faca. Suco doce escorre
pelos meus dedos, e resisto à vontade de lambê-lo. Estou
morrendo de fome.

“Ninguém pensa assim,” Cal me tranquiliza, o que é


irritante como o inferno, considerando que Bernadette
apenas falou alto sobre isso, sobre como eu sou humano. Ela
está claramente apaixonada por mim, o que me incomoda e
me excita ao mesmo tempo. Por que, Bernadette? Por que
você não pode simplesmente sair e encontrar algo melhor? O
que eu sempre temi está se tornando realidade, aquela fruta
escura que floresce na árvore do meu próprio terror.

Sinto o cheiro enjoativo, como o açúcar desta maçã e a


doçura podre da morte.

Não tenho dúvidas de que Ophelia vai tentar matar


Bernadette. Eu não deveria ter cedido e deixado Victor se
casar com ela. Deveria ter lutado mais contra o preço dele,
mas estava muito ocupado tentando provar que não me
importava.

Na realidade, ela é tudo que me interessa.

“Ninguém pensa assim,” repito com um suspiro,


continuando a cortar a maçã até que ela fique em pequenas
fatias perfeitas. Callum alcança e rouba quase metade dela,
além de todo o queijo. Eu torço meu lábio para ele, mas
apenas pego outro pedaço de fruta e continuo. Pelo menos a
atividade mantém minhas mãos ocupadas e me mantém fora
da cama de Bernie.

Ela está dormindo no sofá, de todos os lugares,


agora. Ou ela só precisava de uma pausa da foda constante,
ou então foi um doce acidente. Eu já fiquei acima dela e
admirei seu rosto perfeito. O local onde Billie a cortou pode
deixar uma cicatriz permanente, mas ainda é muito cedo no
processo de cicatrização para ter certeza. De qualquer
maneira, isso não diminui sua beleza ou o brilho de seu
espírito.
Quando eu disse que ela era incandescente, eu quis
dizer isso.

“Você era realmente virgem?” Cal pergunta, e aí está,


aquela palavra horrível de novo. Resisto à tentação de
esfaquear a faca na bancada. Isso é algo que Victor pode
fazer de mau humor, e mesmo que eu saiba que ele é melhor
em controlar suas emoções do que eu, posso pelo menos
fingir, não posso?

“Por que você se importa?” Pergunto a Cal, que,


suponho, é tanto uma admissão de culpa quanto a
palavra sim. “Por que qualquer um de vocês se importam? O
que isso importa?”

Callum coloca um pedaço de queijo cheddar em uma


fatia de maçã e enfia a coisa toda na boca, mastigando
pensativamente enquanto volta os olhos azuis para o
teto. Eu apenas espero lá, mandíbula cerrada, esperando
conseguir alguma clareza aqui. Prefiro conversar sobre isso
com Cal do que com qualquer outra pessoa.

Especialmente Bernadette.

Não sei como explicar isso para ela. Eu não sou como
Aaron, segurando a doce flor da minha virgindade para
minha alma gêmea. Meu nariz enruga e volto a cortar a
maçã.

“Não importa a maneira que você pensa, mas Bernie


merece saber. Ela merece saber por que também. E acho que
estamos todos muito curiosos, porque não é como se você
nunca tivesse pegado garotas antes. Na verdade, eu vi você
levar meninas para salas trancadas em festas. O que você
estava fazendo lá?”
Não olho para Cal, mas sinto aquela raiva fria e gelada
varrer através de mim.

Por que eu sou assim?

É porque meu pai matou minha mãe, matou meus


irmãos e mal conseguiu não me matar? Uma destruição de
família, eles chamam. Não é tão incomum quanto você
imagina.

Viver com os Peters nos últimos cinco anos me ensinou


exatamente o quão fodido eu sou.

“Ela tem acesso ao Google, você sabe,” Callum diz


suavemente, obviamente lendo as instruções dos meus
pensamentos com base no meu rosto.

“Sou menor de idade; meu nome foi retido.” Eu


apunhalo a maçã, criando uma fatia irregular que não se
encaixa com todas as perfeitas alinhadas no balcão. Minhas
narinas se abrem de irritação.

“Oscar, você não quer que ela descubra de outra


maneira. Apenas diga a ela de onde você vem, onde você
esteve. É tudo o que ela quer.” Cal gira em um círculo no
banquinho, batendo os calcanhares nus contra ele quando
ele se aproxima novamente. “Ela não se importa que você
seja um monstro. Ela gosta deles, O. Ela gosta de coisas
sombrias e assustadoras.” Callum mexe os dedos para mim,
mas não estou brincando com ele hoje. E odeio ser chamado
de O. Ele faz isso de propósito para me irritar.

“Eu nunca transei com outra garota porque não me


importava com outras garotas,” eu digo, e é estranho ouvir
essas palavras saírem da minha boca. “Porque as coisas que
quero fazer no escuro são perigosas. Como posso me segurar
quando não dou a mínima para a pessoa com quem
estou?” Jogo a faca na pia, deixando-a fazer barulho quando
pego o que resta da maçã e a mordo. Eu terminei com o corte
meticuloso; Eu só quero comer

O suco escorre entre os meus lábios e desliza pelo meu


queixo. Com dedos longos e cuidadosos, eu limpo e chupo.

Callum me observa por um momento e depois assente,


como se entendesse o que quero dizer. Eu sabia que ele
faria; Sabia que ele não julgaria. Hael, por outro lado, está
absolutamente devorando esse absurdo virgem, agindo como
se tivesse algo para esfregar na minha cara em uma briga.

“O que você faz com elas quando os coloca nessas


salas?” Cal pergunta, colocando outra fatia de queijo e maçã
em sua boca. “Quero dizer, por que pega-las?”

Suspiro e dou outra mordida na maçã, fechando os


olhos contra a doçura da minha língua. Você deveria ter
comido o horrível jantar de espaguete de Hael, eu me
castigo. Não estou ajudando ninguém tentando esconder
que eu como, e fodo, e sangro como uma pessoa normal.

Eu disse a Bernadette que não era humano; Receio que


seja ainda mais humano do que qualquer outra pessoa nessa
pequena família fodida. Isso me assusta. Isso me aterroriza.

“Eu as amarro,” eu digo, porque eu faço. Amarro as


pernas e os braços delas, e as olho como um maldito serial
killer, e tento me excitar o suficiente para transar com
elas. Isso nunca acontece. A escuridão paira dentro de mim,
e sei que se eu começar a deixar escapar, irei longe
demais. Machucarei alguém e não poderei parar.
Apenas Bernadette pode me salvar, e isso não é
justo. Não era isso que eu queria, que ela acariciasse,
domesticasse e acalmasse demônios e monstros, nadando
em sangue e causando estragos.

Mas... agora é tarde demais, não é?

Não há como voltar atrás para nenhum de nós.

“Agora isso faz sentido,” Cal diz, apontando um dedo


para mim. “Veja? Por que não dizer isso a Bernie? Ela odeia
você por fugir depois que vocês fizeram amor. Você a
machucou, Oscar. E não quero dizer deixando contusões na
garganta.” Ele me lança um olhar de aviso que diz
claramente que não hesitará em me machucar ou me matar
para proteger Bernadette. Faz-me gostar dele mais, não
menos, para ser sincero.

“Fazendo amor,” eu assobio as palavras como se fossem


veneno, mas não posso negar. Eu não tenho ideia do que
aconteceu comigo naquele dia. Talvez tenha sido a visão de
sangue porque eu sou uma pessoa fodida? Ou talvez fosse
porque seu rosto estava tão suave e doce, um pouco de
inocência ainda deixada sob toda aquela cadela mandona
que ela joga como se não fosse nada? Por alguma razão,
minha resistência cuidadosamente criada se rompeu e fiz a
única coisa que sempre quis fazer.

A toquei, a senti, a beijei.

Expiro novamente, e Callum sorri.

“Ela não sabe o que você está pensando, O,” ele me diz,
balançando a cabeça e cruzando os braços sobre o
peito. “Estamos todos tão acostumados a operar ao redor
de Bernadette e para Bernadette, que esquecemos de
trabalhar com ela.”

“Você parece tão estúpido quanto Aaron agora,” eu digo,


parando quando ouço um movimento do sofá. Meu olhar se
volta para a forma adormecida de Bernadette enquanto ela
geme e se vira de lado, abraçando um travesseiro perto do
peito. Hael está no sofá à sua frente, um episódio de South
Park sem som, mas ainda piscando na TV.

“Você se sentirá muito mais estúpido do que isso se não


contar a verdade a ela. E em breve.” Callum coloca as mãos
no balcão e se levanta, estremecendo levemente. Dói todos
os dias que dança, fode ou briga, mas nunca para. Ele nunca
deixa sua dor vencer.

Eu deixei que me dominasse e me odeio por isso.

Não digo nada enquanto Cal manca pelas escadas.

Porque eu sei que ele está certo. Sei isso; Eu só tenho


que ter coragem de fazer algo a respeito.

Meus dedos enrolam em torno de outra maçã, trazendo-


a aos meus lábios para outra mordida muito doce da
casca. Meu rosto está doendo, e eu gostaria de não estar em
uma calçada em público, para poder ter matado os dois
últimos irmãos restantes de Ensbrook.

Tem sido tudo sobre sexo por aqui ultimamente; Estou


pronto para um pouco de violência.
Realizo meu desejo por volta das sete da manhã, meu
temperamento quente por não dormir, meu corpo doendo por
ter que olhar para Bernadette flutuando pela casa em shorts
curtos e uma blusa que cai muito baixo enquanto ela prepara
as meninas para escola.

“Vista algumas roupas,” eu rosno para ela, e ela se vira


tão rápido que seus longos cabelos me atingem no rosto. O
cheiro disso me faz querer gritar. Minhas mãos doem para
tocá-la, mas mantenho uma carranca firmemente no
lugar. É muito cedo e estou muito irritadiço para seguir
qualquer conselho de Cal hoje.

Mas estou considerando isso.

Verdadeiramente.

“Você sabe o que? Sempre que você me diz para vestir


roupas, agir de forma decente ou encobrir, isso me encoraja
a fazer o oposto, Oscar Montauk.” Ela olha para mim, e eu
não consigo entender por que ela está tão perto. Para trás,
sua pequena garota, eu penso, cerrando os dentes e
desejando poder ensinar-lhe alguma propriedade. Estamos
muito próximos um do outro; quando ela respira, seus seios
roçam na frente do meu peito.

Ela não sabe que eu peço para ela encobrir, porque eu


mal consigo me controlar. O problema não é dela, mas eu
fico furioso comigo mesmo, porque sei que é tudo
comigo. Auto infligido. Estúpido. Bernadette está aqui para
ficar; ela faz parte de Havoc. Essas coisas estão assinadas e
seladas em sangue, e, como Aaron, eu apenas tenho que
aceitar que isso é realidade, que a liberdade que eu lutei
tanto para dar a ela agora se foi.
É só isso, ela e nós, seus peitos saltitantes e sua bunda
pendurada em seus shorts. E sua expressão ardente de
raiva, a maneira como ela mostra seu quadril, a maneira
como ela sorri para mim.

Eu me afasto antes de quebrar sob esse olhar e olho


para Victor.

Ele é muito mais fácil para eu lidar; nós nos


entendemos.

“Acabei de receber uma mensagem de nossos


meninos. A polícia foi chamada para a casa dos Vincents em
Oak Park. Eles estão mortos, Victor.” Entrego essas
informações com o mesmo sentimento que um boletim
meteorológico. Bernadette me encara, mas sinceramente,
estou apenas irritado. Essa assistente social horrível está
morta, e ela não sofreu do jeito que deveria. Um músculo na
minha mandíbula se contrai de irritação. “É um banho de
sangue, literalmente. As paredes estavam pingando de
vermelho, de acordo com o scanner da polícia.”

“Que porra é essa?” Vic pergunta, a meio caminho de


puxar a camisa para baixo. Ele só fica lá por um minuto com
ela preso em volta da cintura. Finalmente, ele parece se
recompor e arrasta o tecido pelo resto do
caminho. Claramente, vamos nos atrasar para a aula
hoje. Não importa. Não há adversários para o meu lugar
como orador oficial. É isso que é importante, que eu
ganhe. “Jesus, tem que ser Ophelia, não é?”

“Quem mais se importaria com alguma escória inútil de


uma assistente social?” Eu pergunto quando Bernadette
pisca em choque, lançando seu olhar entre nós dois.
“Leigh está morta?” Ela repete, como se estivesse
tentando entender isso. “Por que Ophelia a mataria? Ela é o
contato dela; ela fornece meninas.”

“Levamos Leigh de seus pés, e ela perdeu sua utilidade,”


Victor medita, suspirando e esfregando as mãos nos
cabelos. O modo como Bernadette o observa, fome nos olhos
dela até agora, me enche de uma sensação aterradora e justa
de ciúmes.

Ela deveria estar olhando para mim assim.

E eu sou o único culpado se ela não o fizer.

“Tem que ser bem fácil conseguir um novo lacaio,


certo?” Cal pergunta, estendendo-se ao sol perto das portas
de vidro deslizantes. Ele está completamente vestido com
shorts longos e pretos e outro de seus capuzes sem
mangas. “Tenho certeza de que Ophelia tem outros contatos
no DHS e no CPS.”

“Isso tem Mitch e Charter Crew escritos por toda


parte. Trabalho pesado. Aposto que ela nem está pagando
ainda, apenas dando a eles carros e armas novas como
brinquedos e recompensas promissoras para mais
tarde.” Victor trabalha um pouco mais o queixo e
assente. “Merda, isso está fora de controle. Eu deveria ter
estrangulado minha mãe quando estávamos na casa da
praia.” Victor pega as botas e senta no sofá, bem no local
onde está a mancha de sangue.

Bem, há muitas manchas de sangue, mas quero dizer


especificamente a que Bernadette e eu deixamos lá.

“Ainda estamos jogando muito seguro,” eu digo,


enfiando meu telefone no bolso da minha calça. Tenho muito
orgulho em roubar essas roupas e não ser pego. Depois, os
levo para ser ajustado por uma mulher que vive em
Southside. Ela também me dá recipientes de sopa quente
para levar para casa sempre que eu os pego, mas nunca
como. Parte de mim se pergunta se devo. “Precisamos mover
a aplicação da lei para baixo em nossa lista de prioridades e
tomar alguma ação, independentemente dos riscos de ser
pego. É isso ou acabar com a cabeça separada do corpo.”

Não mostro a Bernadette a foto que meus meninos


conseguiram tirar da cena do crime.

Eu não vou, a menos que ela peça.

“Bem, porra,” Bernie diz, esfregando o rosto. “Deixar


Leigh viva foi brilhante; nós tínhamos nomes. Sabíamos
quando os negócios iriam ocorrer. Isso não é bom, é?”

“Não é,” confirmo, olhando para Vic e encontrando seus


olhos. Precisamos de um novo plano. Sempre mudamos
devagar, mantemos as coisas firmes, à prova de falhas. O
último lugar na terra em que quero terminar é a prisão; Eu
preferia morrer. Mas as coisas estão aumentando, e não
podemos permitir que elas piorem sem conseguir a
vantagem. “Você sabe, a maneira mais fácil de matar algo é
cortar sua cabeça.”

Bernadette estremece, mas ela preenche a metáfora


para mim quando Hael desce as escadas como um elefante,
Aaron logo atrás dele. Eu ignoro os dois.

“Por exemplo, se a cabeça da Charter Crew fosse


formada Mitch, Logan, Kyler e Timmy?” Ela pergunta, e eu
sorrio.
Do jeito que sinto no meu rosto, não estou surpreso que
Bernie me dê um olhar longo e estudioso. Tenho certeza que
é hediondo.

“Exatamente isso,” eu digo, e então encontro meu iPad


na mesa de café e começo a planejar.

Eu ainda vou para a escola hoje. Afinal, tenho um teste


de cálculo, mas isso não significa que não consiga planejar
um assassinato ao mesmo tempo, agora faz?
Bernadette Blackbird

Quarta-feira na Prescott High é interessante, pois é tão


normal que se torna notável. Mitch é tão irritante como
sempre; Kali continua fofocando e espalhando mentiras,
mesmo com os lábios inchados e desfigurados. Stacy
Langford é hilária e passou a usar uma camiseta que
diz Wreak Havoc enquanto se beijava com o namorado no
corredor.

A polícia não vem na quarta-feira; Não tenho notícias de


Sara Young.

“Você acha que eu a surpreendi com esse


vídeo?” Pergunto a Callum, sentada na ilha da cozinha de
Aaron, depois da escola. Ele, por outro lado, está do lado de
fora pendurado as luzes de Natal. Estamos um pouco
atrasados para o jogo, e definitivamente não conseguimos a
árvore no dia seguinte ao Dia de Ação de Graças, como eu
queria.
Em vez disso, está deitada no chão da sala, agora à
espera de ser posta em pé, apenas uma semana antes do
Natal.

“Acho que você tornou muito difícil para ela querer


continuar sua busca para levar alguém à justiça pelo
desaparecimento do Neil.” Callum adiciona algumas frutas e
vegetais picados ao liquidificador que ele está usando e
liga. Quando termina, ele pega uma colher e a prova,
sorrindo um pouco antes de derramar a mistura cor de
chocolate em duas xícaras. “Aqui. Smoothie de chocolate e
mirtilo. Ridiculamente saudável. Até tem couve escondida
nela.”

Dou-lhe um olhar e um nariz enrugado.

“Couve, Callum? Sério?”

Ele empurra a bebida na minha direção e depois enfia


um canudo de metal nela.

“Eu estava tentando ser um dançarino profissional,


lembra? Confie em mim: eu sei como fazer um smoothie de
comida saudável com gosto bom.” Ele pisca para mim e
começa a bebericar o dele, tirando o capuz ao mesmo
tempo. Como Victor fumando e esfregando o queixo mostra
algo, o mesmo com o capuz de Callum. Ele o coloca quando
precisa de tempo para pensar ou quando sente que a
situação pode ficar desconfortável. Ele só tira em boa
companhia.

Sorrio para meu copo e o arrasto para perto.


Timidamente, envolvo meus lábios no final e Cal se inclina
para frente para sorrir para mim.
“Não chupe isso tão devagar e sensualmente. Pode me
dar ideias sobre o que poderíamos fazer juntos a seguir.”

Eu quase engasgo com o smoothie enquanto tento não


rir. Surpreendentemente, é realmente bom. Tem um gosto de
massa de brownie, na verdade.

“Ideias, hein?” Eu respondo quando Hael entra na sala


e começa a colocar armas no balcão. Ainda bem que as
meninas estão, mais uma vez, na casa da Jennifer. Ela é
uma babá decente e vive em um condomínio fechado com um
pai que trabalha no escritório do xerife. Tantas questões que
temos com a polícia atualmente, ainda é um lugar mais
seguro do que aqui.

Especialmente esta noite.

“Olha, silenciadores,” Hael diz, levantando um pedaço


de metal e aparafusando-o na ponta de um dos rifles. Ele
segura a maldita coisa contra o quadril, como se estivesse
em um filme de ação ou algo assim e sorri. “Isso deve ser
divertido.”

Tomo outro gole do meu smoothie e faço o meu melhor


para manter meus nervos à distância.

Victor quer que saiamos hoje à noite e terminemos com


a Charter Crew. Nem todos, obviamente, porque, como ele
disse: você não pode matar várias dezenas de crianças da
mesma escola sem um circo da mídia. Mas se você escolher
os líderes ...

Mitch Charter. Logan Charter. Kyler Ensbrook. Timmy


Ensbrook.
Kali está grávida, então, por enquanto, ela está
recebendo um passe. Ninguém mencionou Billie.

Tem uma corrida nesta noite, na pista em que Aaron e


eu usamos para escapar de Sara Young. Como a equipe de
Mitch basicamente dirige as corridas agora, eles estarão lá,
sem dúvida.

Sabendo que temos que matar quatro pessoas hoje à


noite, porém, isso é difícil.

“A que horas partimos?” Callum pergunta, notando que


eu já escoei metade do meu smoothie e piscando para mim
conspiratóriamente sobre ele. “Porque eu devo a Bernie
outra aula de dança.”

“Você quer dizer outra foda?” Hael brinca, fingindo foder


o balcão. Ele levanta o rifle e aponta para as portas de vidro
antes de largá-lo novamente. “Seja honesto, cara. Todo
mundo aqui sabe que você está querendo um pouco daquela
doce, doce boceta da Bernie.” Hael sorri para mim e eu
mostro o dedo do meio para sua bunda com as duas
mãos. “Falando nisso...” Ele coloca a arma ao lado dos outros
e se inclina para colocar os cotovelos no balcão. “Depois que
voltarmos hoje à noite, e nós dois estivermos ensopados de
sangue, violência e pecado, vamos transar no telhado. Belas
e planas, estrelas acima de nossas cabeças, um bairro inteiro
de babacas suburbanos para surtar com nossos gemidos.”

“Você está assumindo que estamos voltando vivos,


missão cumprida, e sem policiais?” Eu pergunto, e Hael
encolhe os ombros.

“Por que eu assumiria algo diferente? Esta não é a nossa


primeira vez no rodeio, Blackbird.” Ele dá um tapinha no
topo da minha cabeça e dou um tapa na mão dele. Não posso
negar que sua oferta é atraente pra caralho.

“Diga a Vic que eu já reservei você hoje à noite, para que


ele possa se foder.”

“Por que você não conta a Vic?” Victor pergunta,


aparecendo atrás de mim e me fazendo pular. Hael parece
não se importar, enfiando as mãos nos bolsos da calça jeans
e encolhendo os ombros.

Callum observa os dois com interesse, canudo enfiado


na boca. Imagino que, se Hael e Vic começaram a brigar, ele
provavelmente é forte o suficiente para separá-los, pelo
menos tempo suficiente para esfriarem a cabeça o suficiente
para irem embora.

“Não comece comigo com essa merda arrogante hoje à


noite,” Vic rosna, pegando o rifle com o silenciador e
examinando-o cuidadosamente. Ele mal olha para mim. Na
verdade, ele não me olhou muito desde ontem. “Cometemos
um erro ao deixar você se casar com Bernadette.” Victor
concordou com a declaração de Oscar. Merda, talvez ambos
estivessem certos. Mas também... Victor é meu. De jeito
nenhum eu deixaria outra garota se casar com ele. Além
disso, mesmo que eu deixasse, ele ainda teria que ficar
casado com ela por um ano; nós teríamos que lutar para
proteger a vida dela, em vez da minha.

Prefiro lutar por minha própria equipe, querida.

Pego um rifle e aperto um silenciador na ponta.

“Victor,” eu começo, e ele faz uma pausa para olhar para


mim. Nossos olhos se encontram e o poder dispara através
de mim. Ele é feroz, meu novo marido é. “Você sabe que eu
nunca deixaria você ter outra garota, certo?”

Ele sorri para mim, mas há uma cautela nisso; ele sabe
que estragou um pouco.

Isso é o que conta.

“Você ficaria surpresa com as coisas que faria por


amor,” ele diz, olhando rapidamente para Hael e Cal antes
de voltar para mim. Ele coloca o rifle em uma alça e o
balança por cima do ombro antes de se abaixar para
pressionar um beijo na minha boca. “Mas mesmo que me
casar com você foi um erro, eu não me importo. Te disse: sou
egoísta pra caralho. Eu faria tudo de novo. E eu felizmente
mataria para protegê-la, Bernie.” Vic levanta a cabeça e
gesticula em círculo com o dedo. “Vistam-se, meninos, e
vamos fazer isso.”

Ele sai pelo corredor e me levanto para me trocar.

A Charter Crew queria uma guerra?

Bem, parece que eles vão conseguir uma.

E a maneira mais fácil de vencer uma guerra... é atirar


no líder.

Aaron leva o Camaro de Hael para a corrida. Ele vai


entrar enquanto o resto faz o que precisa ser feito.
“Não morra,” eu o aviso, da mesma maneira que avisei
Hael e Vic na noite em que tivemos que levar Aaron para a
enfermeira Sim-Scott. Eu corro minhas mãos pelo peito de
Aaron para descansá-las em seus ombros. Ele sorri para
mim, fumando um baseado para dar sorte. Seu cabelo
castanho está penteado com gel, um jeans azul apertado na
bunda que me faz sentir querer esfaquear alguém. Se
alguma garota nessa pista for para o meu homem hoje à
noite... problema. Um grande problema.

“Com quem você pensa que está falando?” Ele me


pergunta, oferecendo o baseado. Pego dele e dou uma
tragada antes de entregá-lo a Callum. Aaron se inclina e
beija meus lábios, e eu sopro uma fumaça doce e grossa em
sua boca. Ele ri. “Você acha que eu morreria antes de sentir
outro gosto de você?” Ele aperta minha bunda com a mão e
beija o lado do meu pescoço, chupando suavemente a carne
até eu estremecer e derreter nele. “Eu vencerei esta corrida
enquanto você corta algumas gargantas. Combinado?”

“Sim,” eu digo quando Aaron me dá um último beijo


ardente e desliza para dentro do Camaro. O resto de nós está
indo em outro veículo roubado. Desta vez, é uma Mercedes
branca, um G Class. Feia como o inferno, mas funciona.

“Não estrague o carro,” Hael grita, bufando quando


Aaron mostra o dedo do meio antes de fechar a porta e sair
da garagem para nos esperar. Hael dirige sua atenção para
mim. “Eles o deixarão correr antes de tentar matá-lo,
Blackbird. Não se preocupe.”

“Oh, bem, isso me faz sentir muito melhor,” murmuro,


subindo no banco de trás, enquanto Callum e Oscar
deslizam de cada lado de mim. Victor senta no banco do
passageiro enquanto Hael dirige.
Minha coxa está pressionada ao lado da de Oscar, muito
perto para ser realmente confortável. Ele olha para mim,
olhando meu corpo antes de se virar. Chego um pouco mais
perto, apenas para ver qual é a reação dele.

“Não me provoque hoje à noite, Bernadette,” ele diz, e eu


bufo quando Hael liga o motor e saímos da garagem. Você
pensaria que ele seria o único competidor, mas ele tem um
conjunto de habilidades que Aaron não, um que precisamos
para que esse plano funcione.

Nós vamos explodir alguns carros, baby.

“Provocar você?” Eu pergunto, deslizando minha mão


pela coxa de Oscar. Ele está vestindo jeans hoje à noite, não
um terno. Eles são legais e apertados também, por isso é
uma delícia senti-lo. Ele aperta a mão sobre a minha e tece
os dedos tatuados nos meus. Não é para ser um gesto
legal; ele cava as unhas na minha palma, me fazendo
estremecer. “Eu nem comecei, Oscar.”

“Tire as mãos,” ele diz, passando minha mão para longe


dele. “Eu não gosto de ser tocado.”

“Realmente? Porque você com certeza pareceu gostar do


meu toque no seu pau.” Eu o encaro quando Callum ri
dentro de seu capuz e Vic olha levemente por cima do ombro,
nos estudando. “E você tem muitas tatuagens para alguém
que não gosta de ser tocado.”

“Bernadette,” Victor avisa, me surpreendendo. Olho


para ele e vejo que ele está assistindo Oscar e não eu. O
idiota em questão está olhando pela janela com a mandíbula
cerrada. “Deixe isso por enquanto.” Vic faz uma pausa por
um momento. “Mas Oscar... não há segredos em Havoc.”
“Estou ciente, obrigado,” Oscar retruca, passando a me
ignorar pelo resto do caminho. Estou morrendo de vontade
de saber do que se tratava, mas posso ver que hoje à noite
não é essa noite. Com um suspiro, caio de volta no meu
assento e me viro para olhar para Callum.

“Você se importa se eu perguntar o que aconteceu com


seus pais?” Eu pergunto, porque, desde que me lembro, ele
viveu com a avó. Uma vez, na sexta série, ela fez cupcakes e
saquinhos de festa e os deixou na nossa classe. Ela parecia
muito gentil na época, mas é tudo o que sei. “Acho que você
nunca os mencionou.”

Cal olha para as pontas dos dedos por um momento,


esfregando o polegar entre eles enquanto pensa no que dizer.

“Minha mãe está morta; Não tenho ideia de quem é meu


pai.” Ele olha para cima e sorri para mim. “Minha avó me
criou como filho por anos. Não descobri que ela não era
minha mãe até os quatorze anos.” Ele encolhe os
ombros. “Minha mãe de verdade está morta, engasgada com
cinzas e ossos...” Ele para quando meus olhos se arregalam,
e eu tremo. Jesus. Callum sorri para mim novamente,
franzindo os olhos com a expressão enquanto esfrega as
cicatrizes na garganta. “Todo mundo pensa que minha avó a
matou, mas eu não sei a história completa, então como posso
julgar?”

“Sua avó...” Eu começo, minha mente


cambaleando. Uau. É como se todos tivéssemos sido
projetados um para o outro por um universo cruel e
implacável. Por outro lado, há muito poucos estudantes na
Prescott High que têm antecedentes que não estão
encharcados de sangue, segredos e besteiras. A história de
Callum deveria ser estranha, espetacular, mas não é. Não na
Prescott. “Uau.”

“Quero dizer, não recentemente,” ele explica, inclinando


um ombro em mim e gesticulando com as mãos. “Pouco
antes de completar três anos. Portanto, não é tão grande
quanto poderia ser.” Callum puxa um pacote de amendoim
M & Ms do bolso e derrama um pouco na palma da mão. Ele
os oferece para mim, mas eu levanto a mão para recusá-
los. “Minha avó foi uma bailarina na cidade de Nova York
uma vez; ela queria que eu fosse tudo o que não era.” Cal
olha para o doce na mão com uma expressão distante no
olhar. “Que decepção eu devo ser,” ele reflete, mas não como
se estivesse chateado com isso.

Ele coloca na boca o doce de volta, mastigando


pensativamente.

“Você disse a ela que sua família participou de um


programa de mistério de assassinatos uma vez?” Hael
pergunta, e Cal ri.

“Ah, isso,” ele diz enquanto eu olho para ele. “O que? O


episódio saiu quando eu tinha cinco anos, tentando fixar o
assassinato de minha mãe na minha avó. De qualquer
forma, nada aconteceu.”

“Por que sua avó mataria sua própria filha?” Eu


pergunto, horrorizada com a ideia. Mas então... Pamela,
estou certa? Definitivamente, ela teria me assassinado, Pen
e Heather se isso lhe servisse bem. Oscar faz um som de nojo
por trás de mim.

“Há rumores de que a vovó matou o marido quando


mamãe tinha 13 anos e a fez ajudar com o corpo.” Callum
coloca mais M&Ms na palma da mão e joga um azul na
boca. “Aparentemente, minha mãe confessou tudo à minha
tia antes de desaparecer.” Cal cai contra a porta para que ele
possa me olhar melhor. “Você sente pena de mim,
Bernie? Parece que você sente.”

“Claro que sim,” eu digo, mas Callum apenas ri


novamente.

“Não. Não me lembro de nada disso. Eu só ouvi


histórias.” Cal joga outro M&M em sua boca. “Minha avó
sempre foi boa comigo. Nem tenho certeza se acredito em
alguma das histórias.” Ele faz uma pausa por um momento,
seu sorriso desaparecendo e sua expressão vidrada. “Mesmo
quando sofri meus ferimentos,” - ele bate em uma das
cicatrizes no joelho - “e seus sonhos para mim foram
destruídos, ela cuidou de mim sem reclamar.”

“Como eu nunca ouvi falar disso?” Eu pergunto, e


Callum encolhe os ombros novamente.

“Eu não estava em perigo com minha avó,


Bernie. Embora sempre tenhamos vivido em South Prescott,
eu tive uma vida boa. Pude dançar. Por um tempo era o
melhor. É um sentimento que você nunca esquece.” Callum
termina o M&Ms e depois pega seu rifle do chão, colocando-
o sobre os joelhos. “E se a nossa distração não
funcionar?” Ele pergunta, mudando de assunto
abruptamente. Acho que é o direito dele; é a história dele.

Sento-me quando Oscar finalmente se vira para


participar da conversa.

Grande parte do nosso plano hoje à noite envolve os


garotos da Charter Crew prestando atenção em Aaron
enquanto ele dirige o Camaro de Hael para a primeira
corrida.
Mitch, Logan e os irmãos Ensbrook não correm até mais
tarde. Só precisamos comprar tempo para Hael chegar aos
carros sem ser visto. Ele fará o que quiser, e então... bem,
espero que a Charter Crew seja uma hidra sem cabeça.

“Vai dar certo,” Oscar garante, como se ele tivesse


alguma maneira de garantir isso. “As pessoas são
previsíveis. Assim que virem Aaron, eles serão como
tubarões com sangue na água. O mais importante é garantir
que ele saia dali vivo.”

Meu sangue arrepia e eu torço minhas mãos juntas.

Isso é perigoso pra caralho, mas também não é algo que


não possamos lidar.

Mitch e seus amigos deveriam saber que estaríamos


sempre uma dúzia de passos à frente deles. Eles têm os
soldados contratados de Ophelia; eles se sentem
intocáveis. É sempre uma boa sensação reduzir seus
inimigos um pouco.

Eu me acomodo no assento e fecho os olhos.

Um dia, imagino que teremos pessoas para fazer esse


tipo de coisa por nós. Ou seja, se jogarmos nossas cartas
corretamente. Mas você não deixa seus subordinados
saberem de todos os assassinatos que cometer,
especialmente quando os policiais estão na sua bunda. E
você definitivamente não envia um soldado para fazer o
trabalho de um general.

Abro os olhos quando o telefone de Hael toca e ele


atende com o sistema Bluetooth do carro.
“O que há, garoto amante?” Hael pergunta, e ouço o riso
baixo de Aaron do outro lado da linha.

“Estou em posição. Avise-me quando estiver pronto.”

“É isso que você diz para Bernie quando transa?” Hael


brinca, girando o volante e dobrando à direita. “Deixe-me
saber quando estiver pronta, baby.”

“Vá se foder,” Aaron bufa de volta quando Hael faz outra


curva à direita, e vemos o vermelho brilhante do Camaro
descendo o caminho de nós. “Seja legal comigo ou eu vou
estragar seu carro de propósito.”

“Nem brinque com essa merda,” Hael rosna, mas ele


sorri enquanto diz isso. “Dê-nos um segundo para colocar
Cal no lugar, sim? Não seja um ejaculador precoce. Ninguém
gosta de um ejaculador precoce.”

“Coma merda, Hael,” diz Aaron, sua voz me dando


calafrios, mesmo que ele não esteja presente no carro
conosco. “Eu vou esperar.”

“Deseje-me sorte,” Cal diz, saindo do carro e levando o


rifle com ele. Com o capuz erguido para esconder o cabelo
loiro, ele desaparece nas sombras em alguns segundos,
saindo devagar para nos dar as informações necessárias
para que isso funcione.

Hael bate as mãos no volante no ritmo da música que


sai dos alto-falantes, enquanto Vic olha pela janela como se
ele pudesse realmente ver para onde Callum foi. Oscar não
diz nada, quieto e enigmático ao meu lado.

“Cal acabou de me mandar uma mensagem,” Hael


confirma depois de alguns minutos, resumindo a mensagem
para nós. “Ele diz que estão todos aqui: Mitch, Logan, Kyler,
Timmy, Billie e Kali.” Hael estala os dedos. “Foda-se
sim. Todos os nossos pássaros, uma pedra.” Ele assiste a
tela do telefone com cuidado, a luz brilhando em seu rosto
bonito. “Tudo bem, Aaron. Eles estão prestes a começar a
primeira corrida. Pregue esse acelerador no chão e linha
vermelha, filho da puta.”

Hael e Aaron deixam a conexão aberta em seu telefone


enquanto eu me inclino entre os dois bancos da frente,
observando Aaron pisar no acelerador, pulverizando lama no
céu noturno. As luzes da rua são brancas, quase neon, então
eu posso ver cada gota que respinga no para-brisa de nosso
carro roubado e Hael ri.

“Idiota,” ele murmura, pouco antes de Aaron sair,


virando o Camaro na esquina e abatendo o túnel que leva à
pista. Ele cronometra perfeitamente, voando na frente dos
outros carros enquanto uma das garotas da Equipe Charter
agita uma bandeira verde e a corrida começa.

Como essa parte da estrada fica mais alta que o resto


da pista, podemos ver a multidão enlouquecendo. Mitch é
fácil de encontrar, sentado em cima das arquibancadas
antigas, com Kali ao seu lado. Assim que ele vê Aaron no
Camaro de Hael, ele se levanta. É difícil ver o rosto dele de
todo o lado, mas ele está claramente chateado.

“Deveria saber que minha mãe estava envolvida, com


todos os carros novos que a Charter Crew tem,” Vic
murmura, esfregando o queixo. E ele está certo. Todos eles
têm novos brinquedos para substituir os que arruinamos
com o Navigator e depois, mais tarde, com o revólver de
Oscar.
“Eles fizeram parecer que o negócio de drogas estava
indo muito bem,” Oscar diz suavemente, mas não como se
ele se importasse. “Independentemente disso, eles tornaram
nosso trabalho muito mais fácil, não foi?”

“Muito,” Vic concorda quando Hael nos leva além do


túnel que leva em direção à pista, faróis apagados, nossa
velocidade em um dígito. Nós dirigimos a Mercedes pela
lateral da pista, até o local onde uma cerca de arame
danificado se encontra com a área murada que esconde o
que costumava ser uma área de lanchonete. Há mais
arquibancadas logo acima, enferrujadas e desgastadas,
cheias de buracos onde a luz aparece. “Teremos sorte se eles
o deixarem terminar a corrida; dedique-se por dez minutos e
dê o fora daqui.”

Hael assente e sai do carro, passando por um buraco na


cerca de arame com uma mochila cheia de ferramentas. Não
há uma única pessoa nessa corrida que não esteja olhando
para Aaron enquanto ele supera o resto daqueles idiotas
como se ele tivesse nascido para fazê-lo, fazendo o Camaro
sobrevoar os solavancos e subir e cair na lama.

Victor sai e leva a bunda até o telhado, com o rifle solto


ao seu lado. Oscar fica no chão, circulando o carro e olhando
para qualquer outra pessoa que possa estar rastejando nos
arbustos.

Fico com o telefone de Hael, ouvindo Aaron gritar e


xingar em torno da pista.

“Você está aí, Bernie?” Ele pergunta, ofegando


pesadamente.

“Estou aqui,” eu digo, sentada dentro da Mercedes com


as portas fechadas, para que ninguém possa nos ouvir
conversando. ‘Você está ganhando.” Eu levanto minha
cabeça da tela do telefone para assistir o carro vermelho
cereja ultrapassar os outros sob o brilho branco das luzes
quando uma mensagem de Callum chega.

Hael está trabalhando no carro de Mitch. Nos avise se


precisarmos recuar cedo.

Expiro, mas não respondo. As respostas são para


mensagens vitais, não apenas para dizer ok.

“Hael está mexendo,” digo a Aaron, ouvindo o ritmo


acelerado de sua respiração.

“Foda-se, sim,” ele ronrona, claramente apreciando a


adrenalina. Meus nervos estão cheios de tensão, mas tento
ficar relaxada. Se eu me apavorasse durante todas as
atividades arriscadas que realizamos, seria uma bagunça
ansiosa. “Parece que meu presente fúnebre para Mitch e
seus amigos é um caso sério de orgulho esmagado e
despedaçado.” A risada de Aaron ecoa pelo telefone enquanto
eu o assisto na pista, vencendo a Charter Crew em seu
próprio jogo.

Eles devem estar furiosos.

Durante a próxima volta, este pequeno Porsche para,


espalhando lama no ar como uma queima de fogos.

“Que porra é essa?” Eu murmuro enquanto o assisto de


volta para o centro da pista. Há uma parede de pneus ao
redor do anel interno, mas para um ponto que parece ter sido
atingido recentemente e que ainda não foi reparado. O
motorista usa esse ponto para dar ré no carro. “Ei, Aaron,
cuidado com o Porsche branco,” eu digo ao mesmo tempo em
que Oscar abre minha porta, olhos cinzentos frios.
“Acabei de dizer a Hael e Callum que
terminamos. Aaron,” Oscar se inclina para o alto-falante –
“saia da pista agora e vá para o acampamento.”

“Roger,” Aaron diz, seguindo para o mesmo caminho


que seguimos antes, para escapar da policial Young e seu
ridículo Subaru.

Nossos meninos na colina estão me dizendo que há mais


carros descendo a estrada do acampamento; Diga a Aaron
que vá para a floresta. O texto de Cal chega quase ao mesmo
tempo em que Oscar amaldiçoa baixinho, olhando para o
próprio telefone. Vic permanece no telhado, com a
espingarda pronta, observando e esperando.

“Esquece isso,” digo antes que Oscar tenha uma


chance. Meu coração está acelerado como um louco e sinto
que não consigo respirar. Estou com tanto medo agora, mas
não posso deixar que esse medo me controle. A situação é
imediata e terrível. “Vá para a floresta, Aaron.”

“Eu ouvi você, Bernie,” ele grunhe, girando o Camaro


tão bruscamente que engole por um momento antes de
recuperar o controle. “Filho da puta.” Aaron dispara no
acelerador e se dirige para um pequeno pedaço de espaço
aberto entre as árvores. É um ajuste apertado, e se qualquer
outra pessoa estivesse dirigindo, eu provavelmente ficaria
preocupada. Mas, como eu disse, vi Aaron subir a colina até
a cabana de Vaughn no escuro, sem raspar a pintura da
minivan. Ele pode fazer isso.

Infelizmente, ele não chega tão longe. Enquanto lemos


as instruções e verificamos nossos telefones, o Porsche
branco inverteu todo o caminho até o outro lado do círculo
central, virando-se e depois atravessando a parede de pneus
para voltar à pista.
“Aaron, o Porsche,” eu grito, mas não há muito que ele
possa fazer. Ele está indo rápido demais para desacelerar, e
a estrada é cercada por cercas no lado esquerdo por um bom
quarto da pista antes de abrir para a floresta. Com o Porsche
esperando à direita e os outros carros atrás dele, a única
opção de Aaron é seguir em frente.

Ele dispara, mas quem está dirigindo o Porsche branco


está pronto. Eles disparam para a pista e prendem a frente
do Camaro, fazendo com que ele gire na lama, os pneus
agitando inutilmente.

“Aaron!” Eu grito, mesmo sabendo que não posso ajudá-


lo daqui. Assisto horrorizada quando a traseira do Camaro
bate na cerca, e os outros carros pulam ao redor dele como
moscas para um cadáver. Merda, merda, merda. Saio do
carro, mas Victor já está xingando e pulando do teto. Ele sai
correndo com o rifle ao seu lado.

“Fique aqui!” Ele me manda, mas não vou permitir que


Aaron seja pego pela equipe de Mitch.

“Bernadette,” Oscar avisa quando vê que estou prestes


a fugir. Eu o ignoro, indo atrás de Vic com o telefone
apertado na minha mão, minha arma batendo nas minhas
costas. Posso ouvir os passos de Oscar enquanto ele
amaldiçoa e me segue, agarrando-me no braço no momento
em que a janela do lado do motorista do Camaro é quebrada.

A Charter Crew converge quando Aaron é arrancado da


janela quebrada e jogado ao chão em um mar de punhos e
botas raivosos. Mesmo daqui, eu posso ver sangue.

“Me solte, Oscar!” Eu rosno, tentando e falhando em me


soltar. Ele me puxa de volta, passando um braço em volta do
meu pescoço e efetivamente me prendendo contra ele.
“Apenas espere,” ele retruca para mim, seu próprio
coração trovejando como um louco nas minhas costas. Isso
me assusta, sentindo a pulsação de Oscar assim. Ele está
agindo como se tudo estivesse sob controle, mas seu coração
e sua respiração dizem o contrário.

Callum aparece como um espectro em cima da


cerca. Provavelmente ele acabou de subir. Ele não hesita
antes de se levantar no alto do poste de metal estreito. Sem
um segundo de hesitação, ele levanta o rifle e atira em um
dos meninos na parte de trás da cabeça.

Sangue respinga por toda parte, regando o resto da


Crew em vermelho.

Isso lhes faz parar.

“Que porra é essa?” Um dos caras rosna, tirando uma


semiautomática da cintura. Por uma fração de segundo,
tenho uma visão direta de Aaron, deitado na lama e
sangrando. Enquanto eu assisto, ele se mexe, aproveitando
a confusão enquanto se levanta e se ergue rápido.

Ele está claramente ferido, mas ficando sem adrenalina


enquanto corre para um buraco enferrujado na cerca e
mergulha por baixo, se levantando e continuando sem
problemas. Dou um pequeno suspiro de alívio quando Oscar
me libera, mas isso ainda não acabou, e nós dois sabemos
disso.

Victor agora está parado ao lado da cerca do nosso lado,


esperando para ver se vale a pena começar a correr por
lá. Mas Cal apenas ajusta o cano do seu rifle e atira no garoto
com a arma diretamente no rosto. É fodidamente
brutal; ele é fodidamente brutal. Ele começa a pegá-los um
por um enquanto eles gritam e se dispersam, decidindo que
é melhor fugir do que tentar matá-lo.

Assim que ele tem uma abertura, Callum desce, abre a


porta do Camaro e entra. Lá vai ele, indo para a floresta atrás
de Aaron.

“Jesus porra de Cristo,” Victor rosna quando um


pandemônio irrompe na pista. Ele se vira e corre em nossa
direção, claramente furioso comigo por ter chegado tão
longe. “Onde está Hael?” Ele retruca, logo antes de nosso
amigo ruivo aparecer na direção da área da lanchonete.

“Cara, que merda de problema. Eu deixei um carro


pronto. Um.” Hael range os dentes, mas não há tempo para
nos sentarmos aqui e lamentar o fracasso do nosso
plano. Em vez disso, entramos na parte de trás da Mercedes,
subimos e saímos rápido de lá.

Nossos pneus dianteiros mal chegaram à estrada antes


de ouvirmos a explosão.

“Você acha que conseguimos matar alguém com


isso?” Hael pergunta, mas ninguém responde. Estou muito
ocupada ligando para Aaron e Callum, um após o outro. Eu
acho que Oscar e Victor estão fazendo o mesmo.

Cal é o primeiro a responder e eu imediatamente o


coloco no viva-voz.

“Estou na loja de conveniência,” ele diz, lembrando-me


que Aaron apontou isso como um ponto de encontro na noite
em que fomos dar banho de lama. “Ainda não vi
Aaron; Também não o vi na floresta.”
“Ele pode estar se escondendo ou jogando pelo seguro,”
Victor medita, olhando para mim, como se pudesse ver
Callum olhando o telefone de Hael em minhas mãos. “E o
telefone de Aaron? Você vê isso no carro?”

Há um minuto do que parece Cal remexendo dentro do


Camaro e depois uma maldição.

“Sim. Aqui está. Porra.” Cal suspira, como se estivesse


frustrado com toda a situação. “Eu encontrei.”

Meu coração parece que está sendo esfaqueado com


milhares de agulhas minúsculas; Eu não gosto disso. Não
gosto nada disso.

“Cal, leve o Camaro para a garagem e estacione. Vamos


esperar na loja de conveniência enquanto eu achar que é
seguro, e depois vamos buscá-lo. Se Aaron não voltar, então
começaremos a vasculhar a floresta assim que a Charter
Crew sair.” Victor exala bruscamente e enfia os dedos nos
cabelos. Neste momento, eu o amo ferozmente e respeito
muito ele. O trabalho dele é péssimo.

“Entendi,” Callum diz, desligando logo depois.

O carro permanece em silêncio enquanto dirigimos para


a loja de conveniência e estacionamos nos fundos, esperando
no estacionamento por um tempo antes de Vic sair para
entrar. Ele volta em apenas alguns minutos, balançando a
cabeça e xingando.

Por quase quarenta minutos, esperamos, mas Aaron


não aparece.

Depois disso, Hael nos leva ao redor da área imediata,


verificando todos os tipos de lugares estranhos que eu não
pensaria em procurar - um banheiro público, uma casa na
árvore no quintal de uma execução duma hipoteca, o antigo
cinema que está fechado há anos, mas cuja bilheteria está
destrancada e provavelmente contribui para um incrível
esconderijo.

Nada.

“Vic,” eu começo, suando frio. Se algo acontecer com


Aaron, eu vou morrer. Isso vai quebrar todas as últimas
partes felizes e bonitas de mim, e eu me tornarei nada. Eu
não deveria dizer isso, mas é verdade. “Onde diabos ele
está?”

“Eu não sei, Bernie,” Vic diz, olhando por cima do ombro
para mim enquanto Oscar envia uma mensagem para vários
membros da equipe em seu iPad. “Mas nós o
encontraremos. Ou morreremos tentando. Pelo menos, eu
prometo a você.”

Nós vamos para a garagem para pegar Callum, mas em


vez de apenas buscá-lo, os meninos me tiram do carro.

“Que diabos?” Eu rosno enquanto Cal fica do lado de


fora da porta aberta do passageiro, esperando eu sair. Oscar
está do outro lado, parecendo impaciente e irritado. É muito
claramente uma máscara; ele está apavorado pelo seu
amigo. Ninguém precisa me dizer o quão ruim é essa
situação; Eu posso ver por mim mesma. “Eu não vou ficar
aqui; Eu quero procurá-lo com vocês.”

“Bernadette, não vou perguntar novamente,” Vic rosna,


virando-se no banco do passageiro da frente para olhar para
mim. Seus olhos brilham com fúria sombria. “Saia do carro
ou eu mesmo a arrastarei para fora.” Hael não diz nada,
observando a interação com uma careta profunda. “Bernie,”
Victor começa novamente, fechando os olhos e tentando
ganhar o controle de seu temperamento. Ele é bom nisso,
como sempre, então quando ele voltar a olhar para mim, é
muito mais calmo. “Minha mãe vai tentar te matar. Ela é
muito boa no que faz; há uma razão pela qual sou tão cruel
quanto sou. Agora, por favor, saia da Mercedes, fique com
Oscar e vá para casa, caso Aaron apareça lá. Temos uma
dúzia de caras em casa; será seguro.”

“Vic...” Eu começo, mas sei que ele está certo. Com uma
série violenta de maldições, jogo minhas botas na calçada e
saio do carro, batendo a porta atrás de mim. Os meninos
estão saindo da garagem antes mesmo que eu tenha a
chance de me virar, observando-os sair e desaparecer na rua.

Olho para a expressão comprimida de Oscar.

“Por favor, me diga que ele está voltando,” eu sussurro,


mas Oscar leva muito mais tempo do que deveria para olhar
para mim e acenar com a cabeça.

“Ele vai voltar,” ele diz, mas não parece totalmente


convencido por suas próprias palavras.

Fecho os olhos enquanto ele sobe a unidade, indo para


o escritório para pegar algumas chaves. Quando ele volta, eu
os abro novamente e vejo como ele abre as portas de um
Chevelle amarelo mostarda. Sem uma palavra, eu me dirijo,
subo no banco do passageiro e inclino a cabeça para trás.

Existe apenas um pensamento em minha mente.

Onde está Aaron? Onde está Aaron? Onde diabos está


Aaron?!
Aaron Fadler

Quando acordo, está escuro e estou deitado de


lado. Tudo dói. Tudo. Por um segundo, não tenho ideia de
onde estou ou o que diabos está acontecendo. Quando tento
me sentar, bato com a cabeça em alguma coisa e sinto as
primeiras bordas do pânico começarem a tomar conta de
mim.

Não faça isso, Aaron, digo a mim mesmo, tentando


manter a calma. O problema é que tenho muita
claustrofobia, então, por mais lógico que eu tente ser comigo,
ainda vou entrar em pânico. Não faço ideia de onde veio a
fobia; Eu tenho isso desde que me lembro. Morrer do jeito
que Neil Pence morreu... esse é o meu pior pesadelo. Estou
em um caixão? Eu me pergunto de repente, sentindo dentro
da pequena área onde estou preso.

Mas não.

Não tem a forma correta e há um par de cabos de ligação


ao meu lado.
Ah.

Um porta malas então.

Estou dentro do porta malas de alguém.

“Que diabos?” Eu murmuro, meu coração palpitando


loucamente no meu peito. Não faça isso, Aaron. Não entre em
pânico, cara. Você consegue isso. Você consegue isso. Você
consegue isso. Fecho meus olhos com força. Não importa,
pois está escuro como breu aqui, mas ajuda de alguma
forma. Deve ficar escuro quando você fecha os olhos. Não
está escuro porque estou preso, certo?

Tomo um segundo com os olhos fechados, tentando


controlar minha respiração enquanto ajusto meu corpo e
depois assobio de dor. Minha mão direita vai para a minha
perna e pedaços de memórias espalhadas piscam atrás das
minhas pálpebras fechadas. Ser puxado para fora do
Camaro, punhos e botas e luta, sangue da cabeça de
alguém. Lembro-me de começar a correr o mais rápido que
pude em direção à floresta, conforme nosso plano. Entre na
floresta, afaste-se, encontre-se no ponto de encontro mais
próximo, a seis quarteirões de distância.

Quando tento lembrar o que acontece a seguir, minha


perna lateja em resposta e eu gemo.

Está certo.

Alguém me bateu com a porra do carro deles.

Lembro-me de dor explodindo na minha perna, mas


depois nada além disso.
Inclino minha cabeça contra o interior do porta-malas,
o latejar na minha perna aumentando à medida que
percebo. Ou ainda estou em choque ou a lesão não é muito
terrível. Eu me mexo para ajustar minhas pernas e acabo
chorando de dor. Puta merda. A agonia é aguda quando me
mexo, mas alivia se eu ficar parado. Já tive ossos quebrados
suficientes para descobrir que poderia muito bem ser o que
está errado. Não sinto sangue molhado quando toco minha
perna pelo menos.

Não, a maior parte do sangue está no meu rosto dolorido


e inchado.

Jesus.

O carro em que estou parece estar parado. Quando


forço os ouvidos, não ouço nada além de grilos do lado de
fora. Muito provavelmente, estamos na floresta em algum
lugar. Não há trânsito, nem risos distantes, nem vozes.

Isso não parece bom para mim.

Minha mente se desvia para as minhas meninas. Todas


elas, incluindo Heather e... Bernadette.

“Bernie,” murmuro, esfregando meu rosto. Ela


provavelmente está enlouquecendo agora, enquanto ela
procura por mim. A ideia me faz querer entrar em pânico. Se
ela for passear pela cidade em busca de mim, poderá acabar
sendo morta. É claro que Ophelia tem a intenção de obter a
herança de Vic, independentemente do que ela tenha que
fazer para conquistá-la. “Olá?” Eu chamo, mas é claro que
ninguém me responde. “Quem diabos é você?” Eu grito a
seguir. Não pode doer, certo? Ou estou no meio do nada, ou
então alguém vai me ouvir.
Corro minhas mãos pelo interior do porta-malas,
procurando o local onde as luzes traseiras devem
estar. Teoricamente, se eu bater e chutar, eles devem
aparecer. Encontro o que estou procurando, mas decido
esperar até começarmos a nos mover antes de experimentar
essa ideia. Não há necessidade de deixar meu captor saber
que tenho um truque na manga.

Existem duas outras opções para sair de um porta


malas. O primeiro é o cabo de liberação do porta malas, mas
nem todos os carros têm isso. Provavelmente é um carro mais
velho, eu penso, molhando meus lábios secos. Provavelmente
algo vintage, provavelmente pertencente à Charter Crew.

Droga. Como eu me deixei ficar tão fodido?

Decido tentar o último método, virando meu corpo no


espaço estreito enquanto o pânico ameaça me
ultrapassar. Não faça isso, Aaron. Não deixe que sua fobia
irracional o impeça de voltar a Bernadette. Ela ficará tão
preocupada com você; ela pode ter problemas se você não se
apressar.

Quem quer que tenha me colocado aqui, estavam


claramente com pressa porque não se preocuparam em me
amarrar. Grande erro. Mesmo que minha perna direita
esteja me matando, eu ponho meus pés juntos e chuto o
banco de trás do carro com toda a força que tenho em mim.

Puta. Merda.

A dor explode atrás das minhas pálpebras e cerro os


dentes contra um grito. Não preciso do meu captor saiba que
estou com tanta dor. Respirando fundo, eu me preparo para
chutar o banco de trás novamente quando ouço passos do
lado de fora junto com um par de vozes.
Eu me viro, colocando meus pés em direção ao porta
malas. Dependendo de quantas pessoas estão aí, talvez eu
consiga sair dessa. Ou morra tentando, no mínimo.

Há um som de uma chave na fechadura, e então o porta-


malas se abre e eu fico olhando para Kali Rose-Kennedy,
Ophelia Mars e Tom Muller com uma espingarda na mão.

“Aaron Fadler,” Ophelia murmura, inclinando a cabeça


para o lado como um lobo observando sua presa. É
perturbador, o quanto Victor parece com ela. Ao contrário de
Victor, no entanto, ela não tem coração nem alma. Nenhum
mesmo. Olhar nos olhos escuros dela é como olhar para um
buraco negro, pronto para esmagá-lo em uma polpa sem
sentido e limpá-lo da existência.

Ela me assusta, porra.

“Ophelia,” eu respondo, o mais frio e calmo possível.


Esta não é uma boa situação, mas pelo menos estou fora do
porta-malas, certo? Está escuro, então eu passei um dia
inteiro até a noite seguinte, ou não faz tanto tempo desde
que fui levado. “Bom ver você aqui.” Meus olhos se voltam
para Tom, me perguntando se posso chutar a espingarda de
suas mãos antes que ele atire em mim. A questão é que
aposto que Ophelia e Kali também têm armas.

“Por que você o trouxe aqui?” Ophelia pergunta,


virando-se para Kali. Ela está olhando para mim com olhos
castanhos e um sorriso preguiçoso. Eu nunca gostei
dela. Nunca. Nós estudamos com ela quase desde que
estudamos com Bernadette. Sei que Kali teve uma vida
difícil, que seu pai era um alcoólatra que espancava ela e sua
mãe. Ainda assim, ela é uma pessoa de merda e mesquinha,
cujo trauma se manifestou em algo perverso. Eu
simplesmente não gosto muito dela.
“Nós podemos usar ele,” Kali explica, e ocorre-me então
que ela poderia muito bem ser a pessoa que me bateu com
seu carro, me colocado no porta malas, e me trouxe aqui...
onde quer que aqui seja. Havia muita coisa acontecendo na
corrida; é possível que ela tenha escapado enquanto eu
estava ganhando. Cal estava muito ocupado atirando nas
pessoas para prestar atenção. “Victor se preocupa com ele,
tanto quanto ele se preocupa com Bernadette.” Kali faz uma
careta, o som do nome da minha garota como veneno em
seus lábios. “Mitch definitivamente passou de sua utilidade,
não acha? Isso vai funcionar muito melhor.”

Ophelia apenas me encara com olhos negros,


contemplando. Do jeito que ela me estuda, parece que nunca
lhe ocorreu que eu - ou qualquer outro garoto - pudesse ser
valioso em sua luta contra Victor. A razão pela qual ela pensa
isso é porque ela não se importa com ninguém ou com
nada; ela provavelmente presumiu que o filho também não.

“Ele é apenas um amigo da escola; você deveria tê-lo


matado,” Ophelia diz, e Tom se aproxima um pouco mais,
lambendo os lábios, como se estivesse empolgado com a
perspectiva de ser capaz de explodir meu cérebro com a
espingarda.

“Não, não é assim com eles,” Kali lamenta, e há apenas


algo em sua voz que me diz que ela faria qualquer coisa para
fazer parte de nós, para se tornar uma Garota Havoc. Nunca
deveríamos ter cedido seu preço com Bernadette. Mesmo que
isso vá contra tudo o que defendemos, deveríamos tê-la
levado para longe na floresta e a enterrado.

Ajusto minha posição e me encolho; meu corpo inteiro


dói. Sério, não há uma parte do caralho em mim que não
doa. Meus dedos inconscientemente procuram a bala no
meu ombro que ainda não está curada totalmente. Parece
macio e dolorido no momento.

“O que você quer dizer?” Ophelia pergunta, claramente


perdendo a paciência com Kali. Ela olha para a garota, sua
maquiagem refinada e elegante, seu cabelo penteado. Parece
que ela poderia ter saído para jantar ou algo assim. Ophelia,
quero dizer, obviamente. Kali se parece com qualquer garota
aleatória do lado sul, sua maquiagem muito grossa, seus
brincos de argola muito grandes, seios aparecendo, shorts
super curtos aparecendo a bunda. Quero dizer, Bernie se
veste assim às vezes também, mas é fofo pra caralho quando
ela faz isso.

Kali olha para mim e há algo em sua expressão que me


assusta.

Há um sentimento de afeição distorcido, não merecido e


indesejado.

“Ele não é apenas um amigo da escola de Victor,” Kali


diz com um suspiro, estendendo a mão para tocar o lado do
meu rosto. Afasto-me dela e faço uma careta, mas não digo
uma palavra. Nem uma palavra maldita. Ophelia e eu não
temos uma boa história juntos. Apesar de ter segurado uma
faca na garganta dela na casa de praia há não muito tempo
atrás - eu deveria tê-la matado seriamente quando tive a
chance - tivemos brigas verbais por anos. “Eles são como
irmãos. Se dissermos a Vic que temos Aaron, ele fará o que
você quiser.”

Ophelia reflete sobre isso por um momento antes de


olhar para Tom. Eles trocam um olhar antes que ela vire seu
olhar escuro para mim.
“Eu tenho dificuldade em acreditar nisso,” ela
murmura, inclinando a cabeça ligeiramente para o
lado. “Mas acho que vale a pena tentar. Nós sempre podemos
matá-lo mais tarde.” Ela sorri para mim, e é definitivamente
o sorriso de um réptil. “Tudo bem, Aaron. Levante-se e
vamos embora. Suponho que você verá o quanto sua
pequena gangue realmente significa para o meu
filho. Infelizmente para você, tenho a sensação de que você
terá um rude despertar.”

Tom gira a espingarda e, antes que eu consiga pensar


nisso, ele está me batendo na cabeça com a coronha e eu
estou caindo de volta no porta-malas.

A última imagem que vejo antes de tudo escurecer é


Bernadette, sorrindo para mim.
Bernadette Blackbird

Passamos o resto da noite e todo o dia seguinte


procurando Aaron.

Não encontramos absolutamente nada.

Nada mesmo.

Não consigo dormir na noite seguinte, andando pelo


chão da sala e passando a mão pelo rosto para enxugar as
lágrimas.

“Bernie,” Callum diz suavemente, deslizando pela porta


dos fundos com seu capuz e bermuda. Ele está fora há horas,
procurando inutilmente. Eu fico imóvel, esperando por
qualquer informação que ele trouxe de volta com ele. Quando
Cal olha para longe de mim, meu coração se despedaça e
meus joelhos ficam fracos.

“Onde ele está, Cal?” Eu sussurro, mas Callum apenas


se vira para mim, seu olhar azul brilhando à luz da lua. Hael
está dormindo no sofá ao meu lado enquanto Oscar se senta
na cadeira entre os dois sofás. Victor entra na varanda atrás
de Callum, o rosto em uma carranca, a boca em uma linha
fina e plana. “Onde ele está?” Repito, tentando não ficar
histérica.

Todos nós vimos Aaron ser puxado para fora do


carro; todos nós o vimos fugir para a floresta.

Então, onde diabos ele está? Ele não está em nenhum


dos pontos de encontro regulares dos meninos. Ele não nos
ligou. Ele não está voltando para casa. Este é o meu pior
pesadelo se tornando realidade. Só de pensar na
possibilidade de que algo aconteceu com ele...

“Sinto muito, Bernadette,” Cal sussurra, a voz ainda


mais rouca e mais quebrada do que o habitual, como vidro
em um cemitério. “Se alguém deveria ter sido levado, deveria
ser eu.” Ele fecha os olhos e cai contra o batente da porta,
enquanto Vic empurra a porta deslizante pelo resto do
caminho e entra.

Não sei como contar a Callum que nunca poderia


escolher entre ele e Aaron. Independentemente de quem
desapareceu, eu me sentiria assim. Então, novamente, o que
eu digo às meninas? Não tenho certeza se poderia olhar para
elas novamente se algo acontecesse com o irmão, algo que
não pode ser desfeito...

“Ele vai aparecer,” Vic diz, como se tivesse tanta certeza


de si mesmo. “Se alguém o tivesse, já teríamos ouvido. Ele é
um refém bastante valioso, não acha?”

“Acabamos de explodir um dos carros da Charter Crew


e explodimos vários crânios de seus membros da gangue com
um rifle. Se eles têm Aaron, ele provavelmente está
morto.” Não há inflexão na voz de Oscar, nenhuma. Meu
coração finalmente desiste e morre, e eu caio de joelhos no
chão em frente à lareira.

“Porra, Oscar,” Victor rosna quando Hael se aproxima,


esfregando a mão no rosto.

“Aaron já voltou?” Ele pergunta, piscando para nós


enquanto nos sentamos juntos no escuro. Quando ninguém
o responde, Hael xinga baixinho e se levanta. Ele bagunça o
cabelo com as duas mãos e começa um discurso que é
inteiramente em francês; Eu nem começo a tentar entende-
lo. “Então, que porra fazemos agora? Nunca perdemos um
membro da Havoc antes, Vic.”

“Não brinca,” Victor rosna enquanto eu sento lá e penso


em como eu estava com medo quando Aaron estava
sangrando por mim. Eu deveria ter percebido então, quando
ele se jogou na frente de uma maldita bala por mim. Nunca
foi por Cal que eu precisava ter medo; foi meu ex-namorado.

O ex nunca vive para ver o final do filme, certo?

Colocando meu rosto nas mãos, tento me recompor. Sei


logicamente que é mais seguro esperar aqui, caso ele apareça
ou recebamos uma ligação ou algo assim, mas é tão
difícil. Tudo o que quero fazer é calçar um tênis, sair e
começar a correr até encontrá-lo. Teoricamente, Ophelia está
tentando me matar, mas não tenho certeza se me importo
agora.

Tudo o que importa é Aaron.

Tudo o que importa é encontrar Aaron.


“Hael, você e Oscar saem em seguida,” Vic diz no final
de um longo suspiro. “Cal e eu vamos ficar com Bernie e as
meninas.”

Hael assente e se move ao meu lado, agachando-se para


que ele possa afastar alguns cabelos da minha testa
suada. Ele tenta sorrir, mas não chega nem perto dos olhos
dele.

“Tente dormir um pouco, ok? Você não pode fazer nada


por Aaron se você for um zumbi.” Eu aceno com as palavras
de Hael, fechando meus olhos quando ele se inclina para
pressionar seus lábios contra os meus. Sei que ele está certo,
mas não tenho certeza se poderia dormir se quisesse. Como
posso, quando não sei onde Aaron está ou o que está
acontecendo com ele? E se ele estiver sendo
torturado? Queimado? Enterrado vivo?

Engasgo com o pensamento quando Hael me ajuda a me


levantar, me incentivando a sentar no sofá, para que ele
possa colocar um cobertor em volta dos meus ombros.

Oscar se levanta em seguida, mas em vez de


simplesmente se afastar, ele se aproxima de mim por um
minuto e coloca a mão na minha cabeça. Olho para ele, mas
não tenho mais energia para brincar ou retribuir.

“Pode não significar muito vindo de mim agora, mas me


desculpe, Bernadette,” ele diz, acariciando meu couro
cabeludo com os dedos longos. “Eu sinto muito.” Oscar se
abaixa e pressiona um beijo na minha testa antes de se
endireitar e se afastar com Hael atrás.

Não tenho ideia do que exatamente ele está se


desculpando, mas isso significa muito, independentemente.
“Eu não sei o que fazer comigo mesma,” digo a Vic e Cal,
já sentindo esse estranho vazio dentro de mim onde parece
que Aaron deveria estar. “Como isso aconteceu? Como?”

“Jogamos jogos perigosos, Bernadette,” Victor diz


suavemente, claramente exausto. Ele passa os dedos pelos
cabelos e me olha enquanto Cal encontra seu caminho para
a sala e se senta no sofá à minha frente. “Às vezes, em jogos
perigosos, existem preços altos.”

Ele se levanta de repente e sai da sala, mas não tenho


ideia para onde ele está indo. Ele está acordado há dois dias
seguidos neste momento, então espero que seja para dormir
um pouco. Por falar em... minhas pálpebras estão pesadas,
e eu amaldiçoo meu corpo por ser um traidor. Não tenho
permissão para me sentir cansada ou precisar dormir, não
quando Aaron está desaparecido.

Não quando ele poderia estar machucado.

Não quando ele poderia estar...

Eu me recuso a deixar minha mente ir para lugares


escuros. O mundo já está escuro o suficiente.

“É o baile de inverno amanhã,” Callum medita, e olho


para ele como se ele fosse louco. Não tem como eu ir a um
baile da escola quando Aaron está desaparecido. “Nós
provavelmente deveríamos fazer check-in lá, ver quem
aparece da Charter. Ainda não temos ideia se o trabalho de
Hael deu algum resultado.”

“Você está brincando comigo, certo?” Eu zombo, me


sentindo pronta esfaquear alguém. Parece bobagem que me
senti assim por causa do jeans apertado de Aaron
ontem. Parece tão estúpido agora, ficando irritada com a
possibilidade de uma garota dar em cima nele. Tudo o que
eu quero é ver seu rosto novamente, beijar sua boca doce,
senti-lo me abraçar. Essa porra é uma merda.

“Se alguém da Charter Crew o tiver, eu saberei,” Callum


diz, olhos azuis escuros e sem profundidade. Ele parece
aterrorizante agora. “Confie em mim, apenas um olhar, e eu
vou saber.”

Não tenho certeza de como responder a isso. Eu acredito


nele, mas não vou colocar um vestido rosa e ir a uma baile
idiota. Isso não está acontecendo.

Envolvo o cobertor em volta dos meus ombros e me


levanto, movendo-me para o grande sofá onde Cal está
sentado, e me enrolo nos braços dele. Ele me envolve em seu
capuz e cobre minha cabeça com a dele, me protegendo,
cuidando de mim. Como sempre.

“Durma, Bernie. Vou te acordar se acontecer alguma


coisa.”

Pretendo protestar contra o pedido de Cal, mas, em vez


disso, minhas pálpebras pesadas tiram o melhor de mim e
eu adormeço. Quando acordo, é por causa de uma batida na
porta da frente. Meu coração dispara quando subo e saio do
colo de Cal, mas não antes que Victor varra a sala e verifique
o olho mágico.

Ele franze a testa, tirando uma pistola da cintura antes


de abrir a porta com cautela.

“Sim?” Ele brinca, dando uma olhada a quem quer que


esteja do outro lado.
Há um homem lá, mas ele é apenas um entregador. Ele
parece assustado por Victor e praticamente joga um envelope
de cor creme brilhante para ele antes de correr de lá.

“Que porra é essa?” Eu pergunto quando Vic usa o


ombro para fechar a porta, abrindo a aba do envelope com
uma unha. Pétalas roxas caem no chão com um perfume
doce, e ele faz uma careta, como se já soubesse o que está
acontecendo. “Este é um convite de casamento?” Eu
pergunto, sentindo extremamente confusa e um pouco
doente. Se houvesse alguma notícia sobre Aaron, algum dos
meninos já teria me contado sobre isso.

O que significa... nada aconteceu nas últimas horas em


que estive dormindo.

“Isso é de Ophelia, tenho certeza disso,” Vic diz, olhando


dentro do envelope o que parece ser um convite. Ele lê e
depois joga para mim.

“Como você sabe disso?” Eu pergunto, franzindo a testa


para o pequeno pedaço de cartolina. É levemente perfumado
com perfume, uma única pétala roxa ainda grudada
nela. Isso me lembra os ridículos convites para chá de panela
no filme Damas de Honra, aqueles com a borboleta viva que
brilha. Então exagerado. “Este é um convite para uma
mostra de arte em uma galeria em Oak Park.”

“E violetas eram as flores favoritas da minha avó,” Vic


diz, esmagando as pétalas com as botas. Ele aponta para o
convite, os olhos brilhando com fúria sombria. “Isso é da
Ophelia. E é para domingo à noite. Eu não gosto disso. Eu
não gosto do timing desta merda nem um pouco.” Victor cerra
os dentes e depois dirige sua atenção para Callum. “Ligue
para Hael e Oscar e diga para eles voltarem aqui”.
“Por quê?” Eu pergunto, olhando para cima do convite
em pânico. “Não podemos parar a busca.”

“Nós não estamos,” Vic me tranquiliza, colocando a mão


no meu ombro e me olhando nos olhos. “Estamos
redirecionando. Minha mãe nunca faz nada por capricho. Se
ela enviou este convite, é por uma razão.” Ele me libera e sai
correndo pelo corredor para se vestir enquanto eu fico lá em
um mar de pétalas roxas e o doce aroma de violetas, sentindo
falta de Aaron e desejando a Ophelia um ninho de vespas
assassinas em seu cabelo perfeito.

Se ela tiver Aaron, Victor não terá chance de matar sua


mãe.

Porque eu vou fazer isso. E farei isso com um sorriso na


porra do meu rosto.
Aaron Fadler

A próxima vez que abro os olhos, estou em um quarto


grande com tetos altos e paredes de troncos. A cama em que
estou deitado tem um dossel de búfalo para combinar com a
decoração rústica exagerada que parece permear o resto do
lugar. É muito claramente uma casa cara com coisas caras,
mas eu tenho muita dificuldade em imaginar que ela
pertence a Ophelia. Provavelmente, é do Tom.

Kali está sentada na beira da cama ao meu lado,


olhando para a porta como se estivesse esperando
companhia. Ela não sabe que estou acordado até tentar me
mexer, e as algemas nos meus pulsos tremerem. Seu olhar
volta para mim e ela sorri. Também não é um sorriso tenso
ou cheio de ódio. Em vez disso, é quase perturbadoramente
genuíno. Claro, parece grotesco com os lábios inchados. Eu
só gostaria que tivéssemos pensado em costurar a boca dela
antes de Stacy Langford.

Lembro-me da preocupação de Bernadette com Kali,


sobre como ela nos encarou no corredor naquele dia. Ela me
disse que achava que Kali era obcecada por mim. Na época,
pensei que parecia bastante ridículo. Mas sentado aqui
agora? Não tenho tanta certeza de que Bernie não estivesse
certa.

“Você está acordado,” ela diz, como se estivesse


esperando que esse seja o caso. “Eu estava pensando por
quanto tempo você ficaria fora.” Kali se inclina para a frente
e tira alguns cabelos da minha testa, franzindo a testa
quando estremeço e tento desviar a cabeça. “Não acredito
que Tom bateu em você assim. Não havia necessidade disso.”

“Kali,” eu começo, minha garganta seca, minhas


palavras roucas. Eu adoraria beber água agora, mas não vou
pedir nada a essa cadela louca. “O que eu estou fazendo
aqui?” Ela encolhe os ombros e se afasta de mim, ainda
focada na porta do quarto.

“Ophelia pode usar você como um peão para convencer


Victor a fazer o que ela quiser. Acho que ela planeja pedir
que ele cometa um crime à vista, como se ele pudesse ser
preso por isso e perder a herança dessa maneira.” Kali olha
para mim, colocando os cabelos verdes e pretos atrás de uma
das orelhas. O brinco de argola cravejado de diamantes
balança com o movimento. Já a vi usar brincos em particular
antes, mas sempre achei que eram falsos. Agora estou
começando a me perguntar se eles não eram um presente de
Ophelia. “Pessoalmente, acho que devemos matar
Bernadette.”

Minha mandíbula aperta, mas eu resisto ao desejo de


surtar com ela. Isso não vai me dar o que eu quero. Em vez
disso, me pergunto se não posso brincar com suas
excentricidades? Quero dizer, ela claramente gosta de
mim; ela quer fazer parte da Havoc. Eu posso ver tudo isso
escrito em seu rosto. Deve haver alguma maneira de
manipulá-la para me deixar ir.

“Por que matá-la? Se Ophelia pode convencer Victor a


fazer o que você disse, não faz sentido. Ela receberá seu
dinheiro da maneira mais fácil, sem assassinatos
necessários, sem pontas soltas para se preocupar.” Claro,
nem Ophelia nem Kali conhecem Vic muito bem. Ele não é
um idiota; ele saberia que atender às demandas de sua mãe
não faria nada para realmente garantir que eu seria libertado
a qualquer momento. Provavelmente, ela me mataria assim
que ele fizesse o que ela pediu.

Não tenho muitas maneiras de ganhar neste jogo.

Kali olha para mim com um sorriso tenso nos lábios


pintados de rosa.

“Depois, eu quero que Ophelia me dê você,” ela diz, e eu


tenho que usar seriamente toda a força de vontade que tenho
para não fazer uma careta. Me dar para você? Eu só pertenço
a Bernadette; Ophelia não tem poder para me presentear para
você de forma alguma. “Eu não sei se ela vai embora. Vamos
ver, eu acho.”

Kali para de falar quando o som de uma porta se abre e


fecha ecoando pela casa. Há um som pesado de passos e, em
seguida, Mitch Charter está parado na porta do quarto,
cabelos escuros raspados perto de seu crânio, mandíbula
trabalhando em frustração. Assim que ele me vê, seus olhos
saltam da porra da cabeça.

“Que diabos?” Ele pergunta, se aproximando de


Kali. “De onde diabos ele veio?”
“Eu o encontrei na floresta depois que ele tentou
escapar,” Kali ronrona, e meu corpo ondula com
arrepios. Mitch está olhando para mim como se desejasse me
esfolar vivo.

“Seu pedaço de merda,” ele rosna, olhando-me de cima


a baixo como se estivesse tentando decidir o que cortar
primeiro. “Esse seu psicopata loiro matou quatro dos meus
meninos e mandou Timmy para os ares. Sem mencionar,
meu carro está no lixo. Boa tentativa embora. Seus
desgraçados estragaram tudo.” Mitch começa a sorrir
enquanto se aproxima de mim, ignorando a maneira como o
corpo de Kali fica tenso.

Ele faz uma pausa ao som de mais passos, e Ophelia e


Tom entram na sala depois. A primeira não parece satisfeita
em ver Mitch aqui.

“Mitch Charter,” ela diz, abrindo uma bolsa brilhante


que combina com seu vestido azul.

“Sim?” Ele pergunta, virando-se para olhar a mãe de


Victor. Acho que estávamos certos quando pensamos que
Ophelia era responsável por toda a merda da Charter Crew.

“Lamento dizer, mas vou ter que deixar você ir.” Ophelia
remexe na bolsa enquanto Mitch olha para ela.

“Que porra é essa? Estou trabalhando demais para...”


Ele não consegue terminar essa frase porque Ophelia puxa
uma pistola de pequeno calibre equipada com um silenciador
da bolsa e atira na testa de Mitch. Ninguém naquela sala
parece surpreso quando o sangue mancha o rosto pálido de
Ophelia, e o corpo de Mitch cai no chão.
Não há ferida de saída, pois a bala é tão
pequena. Algumas pessoas pensam que isso torna uma
arma menos eficaz. Não é necessariamente verdade. Se a
bala é pequena o suficiente, ela apenas salta dentro de você
e te fode. Parece que foi o que aconteceu com Mitch.

Kali não parece nem um pouco preocupada em ver o


namorado morto no chão a seus pés. Até Tom parece
entediado com a situação.

“Limpe isso,” Ophelia ordena, guardando a arma e


gesticulando para o corpo de Mitch com a bolsa. Não há
muito sangue, mas está vazando de sua cabeça para
manchar as tábuas de madeira rústicas. “Eu tenho um
jantar hoje à noite, então não vou estar aqui. Presumo que
você vai ficar?” Ela tira um lenço branco da bolsa e depois
enxuga o sangue no rosto, limpando-o.

“Eu gostaria de ir ao baile,” Kali arrisca, encolhendo os


ombros. “Mas alguém tem que cuidar de Aaron.”

“Você não precisa ir ao baile,” Ophelia corrige,


ajustando sua atenção para mim. “Se você está certa sobre
Aaron, não temos mais utilidade para Bernadette.” Ela se
vira para sair, como se a conversa tivesse terminado, mas
Kali se levanta, seguindo alguns passos depois de Ophelia
olhar para ela com uma expressão irritada no rosto
bonito. Tom apenas segue como o cão de estimação que ele
é tão claramente.

“Ainda podemos matá-la,” Kali argumenta, gesticulando


com suas unhas de acrílico rosa. “Dobrar, certificar de obter
o dinheiro.” Ophelia não parece convencida, nem parece que
quer discutir com alguém que considera um subordinado.
“Minha querida, ouça. Quando você envelhecer,
entenderá que a rota mais rápida entre dois pontos é uma
linha reta. Eu não preciso matar aquela garota e meu filho
começar a me caçar no escuro. Farei isso, se for preciso, mas
gosto da sua ideia de usar Aaron. Vamos ficar com o plano,
não é?” Ela se vira, ignorando os protestos de Kali, e ouço o
rangido da escada logo depois, seguido pela porta da
frente. Em algum lugar do lado de fora, um motor liga e o
som de pneus no cascalho sobe para mim.

Mitch ainda está deitado no chão, sangrando por toda


parte, enquanto Kali olha para Ophelia com uma careta
profunda no rosto. Ela olha de volta para Mitch e suspira.

“Deus, isso é uma droga,” ela resmunga, curvando-se


para agarrar o braço dele. De salto alto e bermuda, Kali
começa a arrastar o garoto morto em direção à porta e para
no corredor. Poucos minutos depois, e eu posso ouvir o som
horrível de algo caindo pelas escadas.

Filha da puta.

Isso não parece bom para mim, nem um pouco.

Fecho os olhos e testo as amarras dos braços e pernas,


mas não solta nem um pouco, absolutamente nada.

Se eu quiser sair daqui, vou ter que usar a obsessão de


Kali comigo para fazer isso.
Hael Harbin

Bernadette parece positivamente infeliz quando entra


na sala de estar com o vestido de cocktail rosa que roubamos
do centro de Fuller. A parte superior é feita de renda e é
quase totalmente transparente, exceto por alguns apliques
brilhantes sobre os montes pálidos de seus seios.

Se as circunstâncias fossem diferentes, eu


provavelmente estaria gozando nas minhas calças agora.

Como estão as coisas... eu meio que só quero matar


alguém. De preferência a mãe de Vic. Que psicopata ela está
se tornando. Ele está convencido de que ela tem Aaron e,
honestamente, neste momento, não vejo quem mais poderia.

Se a Charter Crew o tivesse, teríamos recebido seu


cadáver à nossa porta de manhã ou então eles teriam nos
chamado para, pelo menos, se gabar, se não apenas nos
torturar com o som de seus gritos.

Portanto, há algo maior em jogo aqui.


Ophelia Fodida Mars.

“Blackbird,” eu sussurro, porque não suporto vê-la


chateada. Isso me mata. Eu não gosto de ver mulheres
chateadas, ponto final. Depois de todas as coisas horríveis
que meu pai fez com minha mãe, eu simplesmente não
aguento. Acrescente o fato de que sou muito, sem sombra de
dúvidas, apaixonado por essa garota, e sua tristeza me
consome. Ela suspira, segurando os saltos altos pretos em
uma mão e sentando no degrau de baixo para colocá-
los. “Isso é uma coisa boa, certo? Se Ophelia tem Aaron, ele
ainda está vivo.”

“Não sabemos ao certo se ela o tem,” ela diz, deslizando


os pés nos sapatos pretos com tiras e prendendo-os. “E se
ela o tiver, não vejo o que o baile de inverno fará para ajudar
com isso.”

Ajoelho-me ao lado dela com a roupa que ela escolheu


para mim: calça preta, um par de botas e uma camisa de
botão preto com caveira branca e abotoaduras de ossos
cruzados. Todos nós temos a mesma roupa. É meio triste,
considerando que a de Aaron ainda está deitada em sua
cama no andar de cima, mas não posso começar a pensar
como um pessimista aqui.

Minha mão segura o lado do rosto dela e ela fecha os


olhos, inclinando-se para o meu toque.

“Precisamos mostrar a todos que ainda estamos aqui,


que não estamos preocupados, que nada de ruim está
acontecendo. Você sabe como é Prescott; eles são como
tubarões. Uma gota de sangue e eles entram em um frenesi
para comer. Uma vez lá, podemos procurar por Kali ou
Mitch; podemos ver se consegui queimar alguém com meu
pequeno carro-bomba.” Forço um sorriso, mas não alcança
meus olhos. Não importa porque os de Bernie ainda estão
fechados. “Se um deles tiver Aaron ou souber alguma coisa
sobre seu desaparecimento, descobriremos.”

Bernadette abre os olhos para me olhar e vejo a fúria


queimando profundamente dentro dela.

Levar Aaron foi uma má ideia.

Ophelia - se foi ela - acabou de irritar meu passarinho.

Eu odiaria ser Kali Rose, ou Billie Charter, ou qualquer


outra pessoa que fique no caminho do meu bebê.

Ela vai acabar com eles.

“Quero uma faca, uma arma e uma máscara,” ela diz,


levantando-se. Eu a sigo quando Callum desce as escadas
para parar ao nosso lado. Trocamos um olhar, mas nenhum
de nós discute. Se ela quiser essas coisas, ela as
conseguirá. “Eu terminei de jogar seguro. Não me importo se
Sara Young está me observando, ou se Constantine suspeita
que machucamos Danny. Vou encontrar Kali hoje à noite e
torturarei qualquer informação que puder obter dela. É
assim que eu quero. Ela é um nome na minha lista, e eu
estou pronta para o traseiro dela.”

Bernie passa por mim quando Vic sai de seu quarto,


observando-a passar pela porta dos fundos e sair para fumar
um baseado.

“Ela é perigosa pra caralho, Vic,” digo a ele, e ele


assente. Ele sabe disso. É por isso que ele a ama; é por isso
que todos amamos.
“Ainda bem que eu realmente peguei essa coroa para
ela,” ele diz, e noto que ele tem uma caixa debaixo do
braço. “Era para ser divertido, para ela usar isso na festa
hoje à noite. Mas acho que será igualmente interessante vê-
la derramar sangue nela.” Ele se afasta, e eu o vejo partir.

Temos alguns problemas a resolver, eu e ele, mas posso


alegremente colocá-los em segundo plano para salvar meu
amigo. Sem Aaron, não vamos funcionar. Nosso grupo é
muito unido; cada um de nós tem seus próprios papéis para
servir. Perdê-lo seria como perder um braço.

“Aqui,” Cal diz, me entregando minha faca de caça e me


olhando diretamente no rosto. “Tenho a sensação de que
você vai precisar disso.”

Pego a faca dele e meu braço palpita em resposta. O


boato na Prescott High é que meu pai me cortou com essa
porra de coisa. Pela primeira vez, o boato está certo. Meu pai
é um monstro que merece ser colocado no chão; Acabei de
passar o tempo com ele. Havoc está sempre ocupado, e
sempre há algo que precisa ser feito. Olhando para nós
agora, não é difícil ver que estamos sendo empurrados para
o limite de nossas habilidades. Mas assim que as coisas
desacelerarem - e eu sei que elas vão - eu vou lidar com meu
pai.

Bernadette Blackbird não é a única que tem uma lista.

Giro a faca nos dedos e levanto a lâmina aos lábios,


passando a língua ao longo da lateral para obter um efeito
dramático. Cal revira os olhos para mim quando Oscar
aparece no topo da escada, mas eu não me importo. A vida
tem que ser divertida, ou então não vale a pena viver.
E eu realmente vou apreciar o olhar no rosto de Ophelia
quando arrancarmos Aaron debaixo dela. Porque sei que
vamos. Porque não importa o quanto as coisas fiquem ruins,
sempre nos recuperamos.

Certo?

Desta vez... não é permitido que seja diferente. Todos


nós já sofremos tragédias suficientes; Não tenho certeza se
algum de nós sobreviveria a outra.
Aaron Fadler

Na próxima vez que Kali volta para o quarto, ela tem um


copo de água e algumas pílulas. Não gosto da ideia disso,
especialmente depois de tê-la visto arrastar o namorado
morto para fora da sala e jogá-lo escada abaixo como lixo.

Ela se senta ao meu lado novamente, segurando os


comprimidos e a água e me olhando como algo precioso que
precisa ser trancado e mantido em segredo. Foda-se a minha
vida. Sua boca está incrivelmente inchada com o que Stacy
Langford e suas meninas fizeram, mas também há um pouco
de hematomas de quando Bernadette bateu seu rosto no
armário.

Isso quase me faz sorrir.

“Consegui um ibuprofeno para você,” ela diz,


inclinando-se para colocar os comprimidos na minha
boca. Eu a deixo fazer isso, segurando-os debaixo da minha
língua e com a intenção de cuspi-los na primeira chance que
eu tiver. Eles podem realmente ser analgésicos, mas
também... eles podem não ser. Quando ela tenta me fazer
bebericar a água, ela escorre pelo meu queixo e encharca
minha camisa, fazendo-a franzir a testa. Rezo para que ela
seja estúpida o suficiente para tirar um dos meus braços das
algemas, mas duvido. Ela pode ser louca, mas não é idiota.

Há claramente uma trama aqui, que está sendo


preparada há um tempo.

“Talvez uma garrafa de água funcione melhor?” Eu


sugiro, e ela assente, levantando-se e saindo pela porta
novamente. Aproveito a oportunidade para cuspir os
comprimidos na cama ao meu lado, ajustando meu corpo
para que fiquem o mais escondido possível. Ela não parecia
tão preocupada comigo, mas acho que eles realmente eram
analgésicos.

Eu também poderia usá-los. Meu corpo inteiro


dói; minha perna está me matando. É claro que um dos
meus olhos está inchado, pois minha visão está um pouco
distorcida. Mas vou me preocupar com tudo isso mais
tarde. No momento, minha única preocupação é sair daqui,
para garantir que Bernadette esteja bem. Ophelia parecia
preferir deixá-la viva - escolha inteligente, honestamente -
mas Kali... Havia algo no olhar em seu rosto que diz que ela
não está pronta para largar a ideia.

Conforme solicitado, Kali me traz a garrafa de água e me


ajuda a beber antes de colocá-la de lado na mesa de
cabeceira. E então, para meu horror, ela se arrasta para a
cama e me monta.

“Que porra você está fazendo?” Eu pergunto a ela


enquanto ela corre as palmas para cima do meu peito e faz
minha pele arrepiar. Meu coração começa a trovejar e posso
sentir gotas de suor brotando na minha testa. De jeito
nenhum. Não, não, não. Isso não está acontecendo comigo;
Eu não posso deixar isso acontecer.

“Aaron,” Kali diz, cravando as unhas no meu peito e


apertando os quadris contra a minha virilha. Meu corpo
estremece de repulsa, mas quando tento lutar, tudo que o
movimento faz é empurrar Kali e fazê-la sorrir. “Nós nos
conhecemos há muito, muito tempo, não é?”

“Sim,” eu consigo moer, o pânico tomando conta de mim


e me fazendo me sentir fraco. Posso não estar preso em um
porta-malas, mas estou me sentindo claustrofóbico de
qualquer maneira. Estou preso aqui, com Kali em cima de
mim e Bernadette lá fora, preocupada como uma
louca. Posso muito bem estar trancado em uma caixinha
escura. “É por isso que não acredito que você está fazendo
isso. Eu pensei que você gostasse de mim?” Tento uma carta
diferente, que espero atraia um pouco mais. Ser hostil não
vai me levar a lugar algum.

“Eu gosto,” ela diz, franzindo a testa com força e depois


triturando sua virilha contra mim novamente. Teoricamente,
não tenho controle sobre meu pau. Como qualquer cara lhe
dirá, uma folha de outono pode nos levar a levantar. Um
travesseiro. Um sanduíche. Não é difícil fazer um pau ficar
duro, se é que você me entende. Ter a virilha quente de uma
garota em você faria isso para quase todos os caras. Mas Kali
não me conhece. Ela não sabe o quanto eu amo
Bernadette. “É por isso que estou fazendo isso. Tentei fazer
você me notar antes, mas você nunca percebeu. Até chamei
Havoc, coloquei vocês atrás de Bernadette, e isso não fez
nada. Nada mesmo. Ela acabou por voltar, ainda mais forte
do que antes.”
Kali se afasta e meu terror alcança novos patamares
quando ela abre o zíper da minha calça jeans e estica a mão
para pegar meu pau. Sua mão está fria quando ela me toca,
e minha mente cambaleia com a violação. Eu quero
vomitar. Talvez eu deva? Se eu fizer, isso fará com que ela
pare?

“Kali, por favor,” engasgo, fechando meus olhos contra


o ataque. Ela está tentando me levar a uma ereção, mas não
está funcionando. Imagino que se isso acontecer, ela vai me
montar até que meu corpo desista, e eu não serei capaz de
detê-la. Só consigo pensar em Bernadette. Meu corpo
pertence a ela. Guardei para ela por muito, muito
tempo. Também não foi fácil. Eu ainda sou humano. É claro
que eu queria foder todas as garotas bonitas que vão atrás
de Havoc.

Mas eu não fiz.

Porque há apenas uma garota que eu sempre quis ou


desejarei.

“O que diabos há de errado com você?” Kali me pergunta


depois de um momento, e abro meus olhos para vê-la
franzindo a testa. Ela olha para mim. “Você não é, tipo,
impotente ou algo assim, não é?”

“Ouça-me, Kali. Se você me deixar ir agora, vou sair


daqui e nunca mais precisaremos nos ver. Você pode correr,
e não vamos persegui-la. Dou-lhe minha palavra como parte
de Havoc. Isso não precisa terminar do jeito que você pensa.”

Ela me ignora, colocando um pouco de cabelo atrás da


orelha e, em seguida, tocando suavemente seus lábios
inchados, como se estivesse tentando avaliar quanta dor eles
ainda sentem. Quando ela se inclina para frente, eu sei que
ela vai tentar me levar para dentro da boca dela.

Então... eu faço. Eu vomito. Toda a merda sobre a cama


também.

“Jesus Cristo, Aaron!” Ela rosna, se afastando de mim e


se levantando com uma raiva furiosa. “Isso é o quanto você
me odeia? O suficiente para vomitar em cima de mim?”

“Isso não tem nada a ver com você, Kali,” eu minto,


minhas calças desfeitas, sentindo mais raiva e
vulnerabilidade em um momento do que eu jamais pensei
possível. “Não estou me sentindo bem; Eu acho que preciso
de um hospital.”

“Cale a boca!” Ela grita comigo, movendo-se para me dar


um tapa na cara. Recebo a dor porque, pelo menos, ela não
está mais tocando no meu pau. “Você é tão obcecado por
Bernadette que está enojado comigo. Bem, adivinhe,
soldado?” Ela mostra o quadril e joga o cabelo do jeito que
eu a vi fazer centenas de vezes. “Depois desta noite,
não haverá uma Bernadette.” Kali se inclina em minha
direção e posso ver todos os buracos nos quais Stacy enfiou
a agulha. “Porque eu vou terminar isso. Então seremos eu e
você, e você não poderá se manter forte para sempre.”

Ela se vira e se dirige para a porta, mesmo quando eu


imploro para ela ficar.

“Kali, espere!” Eu grito, minha voz ecoando pela casa


silenciosa. Mas ela não volta, mesmo quando eu grito e grito
até minha garganta ficar rouca e minha cabeça latejar.

Com as mãos algemadas e os pés amarrados com corda,


estou realmente lutando para descobrir uma maneira de sair
daqui. Se eu tivesse apenas uma mão livre, poderia usar meu
cadarço para tirar a outra algema. Eu tenho cadarços
especiais, onde a ponta de agulha esconde uma chave que
pode abrir qualquer par de algemas. Eles são literalmente
vendidos para esse fim exato.

Apenas... não posso alcançá-los na posição em que


estou agora.

Apertando os músculos das pernas, tento puxar o


estribo, apenas para ver se ele pode se desfazer ou se posso
rachar a madeira o suficiente para liberar as
cordas. Infelizmente, é essa coisa rústica de cabana
selvagem e parece que estou puxando um bloco de cimento
sólido.

Enquanto estou contemplando meu próximo passo, Kali


volta para a sala. Ela está usando um vestido de festa curto
e verde, com o cabelo preso no topo da cabeça, a maquiagem
aplicada tão bem que quase parece que ela acabou de fazer
preenchimento labial ou algo assim, em vez de ficar com a
boca costurada por ser uma dedo duro.

“Ouça-me, Kali,” eu imploro, não preocupado com a


dignidade neste momento. Eu imploro. Prometo a ela o que
ela quiser. É claro que, no segundo em que eu sair disso, vou
matá-la, mas ela não precisa saber disso. “Nós podemos ficar
juntos; Bernadette não importa. Ela não é importante.” As
palavras, mentiras, podem ser, mas elas me matam. Eu
quero gritar agora.

“Então me foda,” Kali diz, levantando as saias e subindo


sobre mim novamente. Desta vez, ela não está usando
calcinha, e eu quase engasgo quando ela esfrega contra
mim. “Me foda, Aaron, e prove para mim. Se o fizer, não irei
ao baile e não tentarei machucar Bernadette.” Ela me monta
de novo, mas não posso evitar o nível básico de repulsa que
sinto, ou a maneira como as náuseas agitam meu
estômago. Bernie não iria querer isso de qualquer
maneira. Ela iria querer que eu deixe Kali ir ao baile, para
que ela possa matar ela por si mesma.

Porque eu sei que ela estará lá. Havoc vai ao baile, com
ou sem mim, porque é o melhor lugar para começar a
procurar. Alguém como Kali não é uma mentirosa boa o
suficiente para enganar alguém como Cal ou Vic. De jeito
nenhum. Depois de saber procurar esses tipos de vítimas
narcisistas, você se pergunta como alguém se apaixona por
essa merda.

“Você sabe que Ophelia matou os Vincents?” Eu


pergunto, tentando uma tática diferente. “As paredes da
casa estavam literalmente pingando sangue. Eles foram
decapitados.”

Kali parece não se importar.

Em vez disso, ela faz uma careta e sai de cima de mim


novamente.

“Sim, eu sei. Eu estava lá.” Ela joga os cabelos e


suspira, me olhando como se eu fosse patético. Devo parecer
agora, amarrado, meu pau flácido para fora, mas realmente,
Kali não tem ideia do que ela acabou de fazer. Eu não gostava
dela antes; agora é minha missão pessoal vê-la sofrer. “Mas
não se preocupe, Aaron Fadler. Vou cuidar bem da Bernie
para você hoje à noite.” Kali me beija na testa enquanto luto
contra as amarras, gritando o nome dela quando ela sai da
sala, e ouço a porta da frente fechar atrás dela apenas alguns
segundos depois.
É quando o verdadeiro sentimento de desesperança
surge, quando ouço um carro sair do lado de fora.

Mas então me lembro com quem Kali estará lidando.

Bernadette Porra Blackbird. Ela vai esfolar aquela


cadela viva.

Agora, eu só preciso encontrar minhas bolas, lembrar


que eu sou a letra A em Havoc, e dar o fora daqui.
Bernadette Blackbird

O baile de inverno está sendo realizado no ginásio


Prescott High. É um prédio triste, com telhado caído e piso
manchado de água. Certa vez, um garoto tentou se enforcar
nas vigas, mas a viga quebrou e ele acabou quebrando as
pernas.

Uau.

Que prédio para organizar uma festa.

Em uma nota positiva, o dinheiro das crianças de Oak


Valley Prep ajudou a esconder a decadência, a podridão e o
sentimento geral de tristeza que permeia este edifício. Há
arcos de balão, uma cabine de fotos, mesas redondas com
panos de linho branco e um menu totalmente posto sendo
servido em uma mesa de buffet. Há até um 'bar' servindo
temples Shirley e merda assim. Se você souber a senha
certa, o barman adicionará bebida embaixo da mesa por
cinco dólares por dose.
“Eu me sinto idiota por estar aqui,” admito para Hael
enquanto entramos, de braços dados. Vic ocupa a
retaguarda do grupo pela primeira vez, com Cal logo atrás e
à minha esquerda, e Oscar o espelhando do outro lado. Todo
mundo se vira para nos olhar quando entramos, como
sempre fazem. Eles, é claro, percebem que Aaron está
falando em cerca de dois segundos, e os rumores começam
a surgir.

Dentro de vinte segundos, ouço um ser sussurrado em


uma mesa próxima sobre como ele provavelmente mudou de
escola apenas para fugir do resto de nós. Meus lábios se
enrolam em uma carranca, e de repente me sinto idiota por
usar um vestido rosa com uma saia tão curta. E por que eu
escolhi saltos altos novamente? Ah, está certo. Apenas no
caso de eu precisar apunhalar uma cadela no olho, os saltos
finos podem ser úteis.

“Não sinta-se,” Hael diz, procurando um dos principais


membros da Charter Crew. A única que eu posso ver é Billie,
e ela não parece tão animada por estar aqui. Assim que a
vejo, sinto algo dentro de mim estalar um pouco. Eu estou
irritada. Eu estou completamente irritada. “Estamos aqui
por uma razão, Bernie. Se Aaron puder chegar aqui hoje à
noite, por qualquer meio, ele chegará. Ele sabe que tínhamos
que vir.”

Concordo, mas não estou realmente ouvindo, porque já


decidi o que vou fazer.

Vou acabar com a Billie Charter. Eu também poderia


matá-la.

“Vamos,” digo a Hael, arrastando-o pela multidão e


direto em sua direção. Ela nos vê chegando e tenta correr,
mas solto o braço de Hael e começo a correr também, abrindo
a porta do corredor e correndo nos meus malditos saltos.

É quando você sabe que uma cadela está irritada,


quando ela corre a toda velocidade em saltos finos.

Billie nem chega ao canto do corredor antes que eu a


siga, derrubando-a no chão enquanto ela grita. Sua
mandíbula bate contra o chão enquanto eu a puxo de costas
e a monto como uma louca.

Quando Penelope estava sofrendo, tentei fazer as coisas


da maneira certa. Eu disse a minha mãe. Disse ao meu
diretor. Liguei para serviços de proteção infantil. Ela ainda
acabou morta. Bem, adivinhe? Não estou perdendo meu
tempo com a 'coisa certa' de novo.

Alguém machucou minha família, e eu estou levando


essa merda a sério.

“Onde está Aaron?” Eu digo entre os dentes cerrados


enquanto pego Billie pela frente do vestido e bato a cabeça
no chão de azulejos. Ela já está sangrando, arranhando-me
e gritando. Mas adivinhem? Estamos em uma das zonas
escuras do corredor. Não há câmeras. Nenhum
administrador. Até as lâmpadas podem ser trocadas.

Isso e eu tenho quatro dos meus meninos comigo.

Billie Charter deve saber que ela está fodida.

Os caras formam um círculo solto ao meu redor, me


observando fazer o meu trabalho.
“Eu disse que ela era perigosa,” Hael murmura, mas eu
não estou ouvindo. Em vez disso, quero prender os braços
de Billie no chão acima de sua cabeça.

“Onde está Aaron?” Eu pergunto enquanto ela se debate


embaixo de mim como uma louca.

“O que diabos há de errado com você?!” Ela grita, mas,


na realidade, ela começou isso. O irmão dela criou essa nova
equipe estúpida e escolheu nos desafiar. Eles simplesmente
não podiam deixar Havoc governar esses corredores da
maneira que sempre deveríamos fazer. Bem, foda-se, foda-se
e foda-se toda essa merda. Eu bato a cabeça de Billie no chão
com tanta força que o sangue respinga e ela solta um grito
de dor genuína, sua coragem desaparecendo tão rápido
quanto veio.

“Onde está Aaron?” Repito, segurando-a pela frente do


vestido. “Eu não vou te perguntar novamente. Sei que você
está trabalhando com Ophelia Mars e sei que você o tem.”

“Ophelia quem?” Billie pergunta, e eu bato a cabeça no


chão novamente.

“Cuidado, Bernie, ou a boneca vai quebrar,” Cal diz,


mas sinceramente não me importo neste momento.

“A mulher que está pagando todas as suas contas. Ela


está com Aaron. Eu quero saber onde ele está.” Eu
mantenho minha voz baixa; não há necessidade de
gritar. Aparentemente, o som disso deve assustar Billie,
porque ela estremece incontrolável.

“Eu não sei sobre nada disso; apenas Mitch, Logan e


Kali.” Billie engasga enquanto ajusto minhas mãos da frente
do vestido à garganta. “Por favor, eu não sei de nada. Apenas
faço o que me dizem. Meus irmãos são idiotas, você sabe
disso.”

“Onde está Aaron? Esta é a última vez que vou fazer


essa pergunta.” Aperto a garganta de Billie um pouco mais
forte, e ela engasga, engasgando com desculpas.

“Se eles o têm, ele provavelmente está com Kali. Ela está
apaixonada por ele, sempre esteve.” Solto um pouco da
pressão para que Billie possa continuar falando. “Ela não me
contou nada sobre isso, mas eu também não a vejo desde a
noite em que vocês vieram à pista. Eu juro, foi a última vez
que a vi. Quando descobrimos o que diabos estava
acontecendo, ela já havia saído e levado seu carro
novo. Mitch ficou furioso.”

Faço uma pausa por um momento.

Claro que Kali tem Aaron. Claro que sim. E se ela está
trabalhando especificamente para Ophelia, é uma faca de
dois gumes.

“Chantagem, mas também obsessão,” Oscar observa,


fazendo meu sangue ferver.

“Por favor, não me mate,” Billie choraminga depois de


um minuto, quando minhas mãos apertam um pouco mais
em seu pescoço. “Eu tenho um bebê. Como você disse antes,
eu sou uma mãe terrível. Eu sou. Sei que sou. Mas não
quero mais fazer isso.” Olho-a diretamente no rosto e
continuo apertando até que ela comece a tossir. “Meu pai é
viciado em drogas, Bernie. Ele vai acabar em um lar
adotivo. Por favor, prometo que não sei onde Aaron está.” Ela
começa a chorar, lágrimas salgadas rolando pelo rosto e se
misturando com um pouco do sangue escorrendo da testa.
Porra.

Apenas ouvindo a palavra lar adotivo… não estou


dizendo que não há lares adotivos agradáveis: olhe para
Oscar e os Peters. Mas... caramba, ela encontrou meu
calcanhar de Aquiles.

Os caras esperam pacientemente ao meu redor para ver


o que vou fazer. Olhando para Billie, tudo que eu quero é
apenas apertar seu pescoço até que ela pare de
respirar. Estou furiosa e quero justiça... mas também tenho
meu próprio livro de regras em que me apego. Se eu começar
a cruzar essas linhas, sou como Neil, Eric ou Kali.

Solto e me levanto, deixando Billie tremendo e


soluçando no chão do corredor.

“Boa decisão, Bernie,” Hael diz, pegando minha mão e


me levando de volta ao baile. Não me preocupo em olhar para
trás para Billie; ela nem vale tanto assim. Da próxima vez
que ela me irritar, no entanto, não haverá outras chances.

“E muito informativo,” Oscar concorda, mordendo a


ponta de um dos dedos em pensamento. “A questão é: onde
está Kali agora?”

Entro no ginásio e a primeira pessoa que vejo do outro


lado da sala é a policial Young, vestindo um vestido muito
bonito de cor limão e conversando com o diretor Vaughn.

E então as portas se abrem, e a próxima pessoa que vejo


é Kali filha da puta Rose-Kennedy.

Nós olhamos uma para a outra, e eu apenas sei que uma


de nós vai acabar morta naquela noite.
Eu também sei de fato que com certeza não será eu.

Continua...

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