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NEWS artigos CETRUS Ano 2 - Edição 13 - Setembro/2010

Importância da Artéria Epigástrica Inferior


no Diagnóstico das Hérnias Inguinais

Dr. Adriano Czapkowski


• Graduado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí
• Médico coordenador do curso de 2 anos de capacitação em Ultrassonografia Geral do CETRUS
• Especialista em Ultrassonografia Geral pelo Colégio Brasileiro de Radiologia
• Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia e SBUS
• Estágio em Ultrassonografia Intensivista no Hospital Ambroise Paré – Paris – França
• Médico Ultrassonografista do Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo Dr. Euryclide
de Jesus Zerbini (Hospital Estadual Brigadeiro)
• Médico Responsável pelo Departamento de Doppler Geral e Vascular da Clínica GS Imagem –
Osasco/SP
• Médico do Trabalho – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

E-mail: adricz1@gmail.com

NEWS artigos CETRUS Setembro/2010 Importância da Artéria Epigástrica Inferior


no Diagnóstico das Hérnias Inguinais
 
IMPORTÂNCIA DA ARTÉRIA EPIGÁSTRICA INFERIOR NO DIAGNÓSTICO DAS 
HÉRNIAS INGUINAIS 
 
 
 
O propósito deste artigo é descrever  além da  anatomia da região  inguinal onde a artéria 
epigástrica inferior tem uma relação anatômica relevante , como também  demonstrar a 
sua contribuição para a classificação das hérnias inguinais. 
 
 
 
 
A artéria epigástrica inferior (Fig.1) é ramo da artéria ilíaca externa  e, logo após  sua 
emergência,  tem uma relação íntima com o ligamento inguinal e com o anel inguinal 
interno. 
Ela pode ser identificada inicialmente passando ao longo da borda medial do anel inguinal 
interno, superior ao ligamento inguinal, ascendendo obliquamente  e medialmente para o 
músculo reto abdominal. 
Quando a parede abdominal posterior da região inguinal é observada, a artéria epigástrica 
inferior e o ligamento inguinal dividem  a região inguinal em três principais áreas.  (Fig. 2) 
 

 
              AEI = Artéria Epigástrica Inferior 
            
              Fig.1 

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no Diagnóstico das Hérnias Inguinais
 
 
              L = Ligamento Lacunar,   H = Triângulo de Hesselbach,   * Terceira área 
 
 
Fig. 2 
 
A primeira  área é o chamado triângulo de Hesselbach (H), o qual tem como seu limite 
inferior o ligamento inguinal, medialmente  a borda lateral do músculo reto abdominal e, 
superiormente pela artéria epigástrica inferior. 
A segunda área é a região lateral à artéria epigástrica inferior, logo acima do ligamento 
inguinal e, a terceira área é a região femoral (*) , inferior ao ligamento inguinal e lateral a 
veia femoral. 
 
O conhecimento simples  destes pontos anatômicos e sua perspectiva ecográfica,  é o que é 
necessário, na grande maioria das vezes,  para o conhecimento e o diagnóstico correto do 
tipo de hérnia inguinal a ser encontrada. 
 
A hérnia inguinal indireta ocorre muito mais em homens  devido à persistência do 
conduto peritônio vaginal . Quando presente, pode‐se observar  parte do conteúdo 
abdominal  atravessando o canal inguinal.  
Este tipo de Hérnia aparece ecograficamente à manobra de esforço lateralmente à artéria 
epigástrica inferior. O conteúdo abdominal é visto deslizando de lateral para medial.  (Fig. 
3a) 
 

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no Diagnóstico das Hérnias Inguinais
A hérnia inguinal direta surge quando há uma frouxidão da parede abdominal. O local 
onde pode ser identificado protrusão de conteúdo abdominal através  da parede 
abdominal, é exatamente a topografia do triângulo de Hesselbach. Este local encontra‐se 
medialmente à artéria epigástrica inferior. (Fig. 3b) 
A terceira área de fraqueza e surgimento de herniação,  é exatamente aquela abaixo do 
ligamento inguinal, medialmente e adjacente à veia femoral, onde surge a hérnia femoral 
ou crural. Este tipo de hérnia acomete mais as mulheres (Fig. 3c) 
 

 
 
Fig. 3 
 
 
 
A artéria epigástrica inferior é de fácil identificação através de corte transverso acima do 
ligamento inguinal. Esse,  deve ser identificado primeiramente com  precisão. O ligamento 
inguinal estende‐se entre a crista ilíaca e o pube. Após ter sido identificado, deve‐se 
alinhar obliquamente  o transdutor no seu maior eixo para  melhor caracterização. (Fig. 4) 
 
 

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no Diagnóstico das Hérnias Inguinais
    
 
Fig. 4  Alinhamento e identificação do ligamento inguinal. 
  
 
Esta abordagem inicial servirá para posicionar o observador corretamente  para 
identificar os vasos ilíacos que se localizam superiormente  àquela estrutura.  Portanto, 
após esse procedimento, o transdutor deve ser novamente direcionado para o eixo 
transversal e ser direcionado acima do ligamento inguinal, a fim de se identificar a artéria 
inguinal inferior. 
 
Após a caracterização em corte transverso dos vasos ilíacos logo acima do ligamento 
inguinal, recomenda‐se utilizar o recurso Doppler colorido para melhor identificar a 
artéria epigástrica inferior. (Fig. 5) 
 
 

 
 
Fig. 5  Identificação da AEI com o Doppler colorido 
 
 
Em seguida, deve‐se retornar apenas ao modo B e, com cuidado para não deslocar o 
transdutor, solicita‐se ao paciente a manobra de Valsalva. Desta forma, pode‐se então 
avaliar o local exato do deslocamento do conteúdo abdominal e classificar o tipo de hérnia 
existente. 

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no Diagnóstico das Hérnias Inguinais
   
 
Avaliação de hérnia inguinal direta – Repouso  Avaliação de hérnia inguinal  direta à manobra 
               de esforço – protrusão medial à AEI.  
 
 
 
 

 
 
Hérnia femoral – Protrusão lateral à veia femoral e 
abaixo do ligamento inguinal 
 
 

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no Diagnóstico das Hérnias Inguinais
 
 
Hérnia inguinal indireta ‐ Deslizamento de conteúdo abdominal lateral à AEI. 
 
 
 
Conclusão 
 
A compreensão e reconhecimento da anatomia  da artéria epigástrica inferior e da região 
inguinal, juntamente com o recurso do Doppler colorido, auxilia efetivamente no 
diagnóstico diferencial entre os tipos de hérnias  inguinais . 
 
  
 
Bibliografia 
 
1 . Kraft B et al, Diagnosis and Classification of Inguinal Hernias,  
Surg Endosc, 2003 
2 . Aiken J, Inguinal Hernias, in Nelson Textbook of Pediatrics,  
17 ed, Section 4, 2004 
3 .  Bradley M, Morgan D, Pentlow B, Roe A, The Groin Hernia –  
Ultrasound diagnosis, Ann Royal Coll Engl, 2003 
4 . Inguinal Region Hernias – Ultrasound Clin. 2 (2007) 711 – 725 
Sonography of Inguinal Region Hernias – AJR: 187, July 2006 

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