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semiotécnica da palpação dos pulsos

Para todos os pulsos o examinador deve palpar com a polpa digital dos 2o, 3o, 4o e 5o
dedos (Figura 51.5). Deve-se evitar a palpação com o polegar para não confundir com
as pulsações do próprio examinador. Mesmo com a técnica correta, caso haja dúvida
entre a percepção do pulso do paciente e do examinador, pode-se palpar
simultaneamente o próprio pulso e o pulso do paciente e avaliar a frequência (se
estiver a mesma: a percepção é da polpa digital do examinador; se diferente: a
percepção é do pulso do paciente).

Pulso radial. Em virtude de sua utilização para a análise do funcionamento cardíaco, o


pulso radial foi estudado com o exame do coração (ver Seção 1, Coração, Capítulo 47,
Exame Clínico) (Figura 51.5A).

Pulso carotídeo. Para examinar as artérias carótidas, o médico coloca-se diante do


paciente, ficando este de pé ou sentado.

O pulso carotídeo direito é palpado com a polpa do polegar esquerdo, que afasta a
borda anterior do músculo esternocleidomastóideo, ao mesmo tempo que procura as
pulsações, perceptíveis um pouco mais profundamente. As polpas dos dedos médio e
indicador fixam-se sobre as últimas vértebras cervicais (Figura 51.5B).

Para a palpação da artéria carótida esquerda, usa-se a mesma técnica com a mão
direita.

A palpação da carótida também pode ser feita com o paciente em decúbito dorsal,
com a cabeça levemente fletida e o médico postado à sua direita. Palpam-se os
batimentos arteriais com as polpas dos dedos indicador, médio e anular.

Independentemente da técnica, é necessário palpar com delicadeza para não


comprimir o seio carotídeo, pois isso pode causar bradicardia, parada cardíaca ou
desprendimento de trombos aderidos a uma placa ateromatosa.

Não se devem palpar ambas as artérias ao mesmo tempo, para evitar o risco de
isquemia cerebral nos pacientes que apresentem oclusão de uma delas.

Pulso temporal superficial. A artéria temporal superficial deve ser palpada com o dedo
indicador, acima da articulação temporomandibular, logo adiante do trago. Pode-se
palpar também o ramo frontal, situado acima da arcada supraorbitária (Figura 51.5C).

O paciente pode ficar sentado, de pé ou em decúbito dorsal.

Pulso subclávio. A artéria subclávia é palpada com o paciente sentado, fazendo leve
flexão da cabeça para o lado a ser examinado. O médico fica à frente, ao lado ou atrás
do paciente e procura sentir a subclávia com os dedos indicador, médio e anular, na
fossa supraclavicular, profundamente e posteriormente à clavícula (Figura 51.5D).
Este pulso é difícil de encontrar, em especial nos indivíduos brevilíneos e obesos.

Pulso axilar. A artéria axilar pode ser palpada com o paciente sentado ou em decúbito
dorsal. O médico coloca-se ao lado do membro a ser examinado. Enquanto a mão
homolateral sustenta o braço ou antebraço do paciente, em leve abdução, os dedos
indicador, médio e anular da mão contralateral procuram comprimir a artéria axilar
contra o colo do úmero, no oco axilar.

Pulso braquial. A artéria braquial é palpável em toda a sua extensão (Figura 51.5E),
sendo mais acessível, contudo, no seu terço distal (Figura 51.5F).

O paciente fica sentado ou em decúbito dorsal e o médico se posta ao lado do membro


a ser examinado; com a mão homolateral, segura o antebraço do paciente, fazendo
leve flexão sobre o braço, enquanto os dedos indicador, médio e anular da mão
contralateral sentem as pulsações da artéria no sulco bicipital, abarcando o braço do
paciente e utilizando o polegar como ponto de fixação na face lateral do braço.

Pulso ulnar. A artéria ulnar pode ser palpada com o paciente sentado ou em decúbito
dorsal. O médico fica na frente ou ao lado do paciente, conforme esteja ele sentado ou
deitado; com a mão homolateral, segura a mão do paciente, fazendo leve flexão, e
com os dedos indicador, médio e anular da mão contralateral procura sentir as
pulsações da artéria cubital, situada entre os músculos flexor superficial dos dedos e o
flexor ulnar do carpo, utilizando o polegar como ponto de apoio no dorso do punho
(Figura 51.5G).

Pulso aórtico abdominal. A aorta é palpada com o paciente em decúbito dorsal,


fazendo leve flexão das coxas sobre a bacia para promover relaxamento dos músculos
abdominais.

O médico fica à direita do paciente e, com a mão direita, procura a aorta no espaço
compreendido entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical, pressionando-a contra a
coluna vertebral. A mão esquerda deve apoiar-se sobre a direita para ajudar na
compressão (Figura 51.5H).

A palpação da aorta abdominal costuma ser difícil nos pacientes obesos e musculosos.
Nos indivíduos muito magros e nas multíparas com flacidez na parede abdominal, as
pulsações aórticas podem tornar-se tão evidentes que chegam a ser confundidas com
aneurisma. É necessário considerar a hipótese de aneurisma da aorta abdominal ou
das artérias ilíacas comuns quando há pulsações visíveis abaixo da cicatriz umbilical.

Pulso ilíaco. As artérias ilíacas externas e comuns podem ser palpadas com o paciente
em decúbito dorsal com as coxas levemente fletidas sobre a bacia.

O médico fica do lado a ser examinado e, com os dedos indicador, médio e anular da
mão do mesmo lado, comprime a parede abdominal ao longo da linha que vai da
cicatriz umbilical à parte média do ligamento inguinal (Figura 51.5I). A mão oposta
pode apoiar-se sobre a outra, auxiliando a compressão. Este pulso costuma ser difícil
de palpar nos indivíduos obesos e musculosos.

Pulso femoral. A artéria femoral é palpada na região inguinocrural, logo abaixo do


ligamento inguinal, em sua porção média (Figura 51.5J).

Com o paciente em decúbito dorsal, o médico se posta do lado que será examinado e,
com os dedos indicador, médio e anular, procura sentir as pulsações da artéria femoral
comum no triângulo de Scarpa. Como a artéria femoral comum é superficial, não se
deve fazer sobre ela muita compressão, principalmente nos indivíduos magros, pois
isso pode provocar estreitamento do lúmen arterial com formação de um “falso”
frêmito.

Os frêmitos verdadeiros, encontrados nessa região, decorrentes de estreitamento da


artéria por placas de ateroma, são percebidos à palpação superficial, sem qualquer
compressão.

Pulso poplíteo. A artéria poplítea é de difícil palpação, principalmente nos indivíduos


obesos e musculosos e, para conseguir palpá-la com precisão, é necessário bom
treinamento (Figura 51.5K e L).

Existem várias técnicas, destacando-se as seguintes:

■ Primeira técnica (mais utilizada). Com o paciente em decúbito dorsal e com a perna a
ser examinada semifletida, o médico se posta ao seu lado, abarcando o joelho com as
mãos; fixa os polegares na patela e aprofunda os dedos indicador, médio e anular de
ambas as mãos no oco poplíteo. Enquanto os dedos de uma das mãos fazem
compressão, os da outra procuram sentir as pulsações da artéria (Figura 51.5K).

■ Segunda técnica. Com o paciente em decúbito lateral direito, o médico se posta à sua direita
e, com a mão direita, faz leve flexão da perna do paciente para diminuir a tensão do oco
poplíteo. Firmando os dedos indicador, médio e anular no oco poplíteo, o examinador aprofunda
e tenta sentir as pulsações da artéria ali situada (Figura 51.5L).

Pulso tibial anterior. A artéria tibial anterior é palpada no terço distal da perna, entre os
músculos extensor do hálux e extensor longo dos dedos. O paciente deve estar em decúbito
dorsal com leve flexão do joelho.
O médico coloca-se do lado do membro em exame, firmando o pé do paciente, em
dorsiflexão, com uma das mãos. Com os dedos indicador, médio e anular da mão contralateral,
procura sentir as pulsações da artéria no local referido.

Pulso pedioso. A artéria pediosa é palpada entre o primeiro e o segundo metatarsianos. O


paciente deve permanecer em decúbito dorsal, com leve flexão do joelho.
O médico fica ao lado do membro a ser examinado e palpa a artéria com os dedos indicador,
médio e anular de uma das mãos; com a outra, fixa o pé do paciente em dorsiflexão (Figura
51.5M).
Esta artéria pode apresentar variações de localização e, quando não palpada no local
habitual, é necessário procurá-la em toda a extensão do dorso do pé.

Pulso tibial posterior. A artéria tibial posterior é palpada na região retromaleolar interna com o
paciente em decúbito dorsal, com leve flexão do joelho (Figura 51.5N) – a extensão completa
do joelho pode determinar compressão da artéria poplítea com diminuição dos pulsos podais.
O médico fica ao lado do membro a ser examinado, sustentando o calcanhar do paciente com
a mão homóloga; com os dedos indicador, médio e anular da mão contralateral, procura sentir as
pulsações da artéria na região retromaleolar, fixando o polegar na região maleolar externa.

Pulsos anômalos. Nos pacientes em que não há ocorrência de pulsos tronculares abaixo dos
cotovelos e dos joelhos, deve-se procurar em torno destas articulações a manifestação de pulsos
anômalos, que podem ser palpados quando se desenvolve boa circulação colateral.

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