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CAPÍTULO 1

O Ombro

Acesso anterior à clavícula Anatomia cirúrgica aplicada dos acessos


anterolateral e lateral
Acesso anterior à articulação do ombro
Acesso posterior à articulação do ombro
Anatomia cirúrgica aplicada do acesso
anterior à articulação do ombro Anatomia cirúrgica aplicada do acesso
posterior à articulação do ombro
Acesso anterolateral à articulação
acromioclavicular e ao espaço Abordagens artroscópicas do ombro
subacromial Princípios gerais de artroscopias

Acesso lateral ao úmero proximal Acessos posterior e anterior

Acesso mínimo na abordagem lateral ao Exploração artroscópica da articulação do


úmero proximal ombro pelo portal posterior
26 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

O ombro é a articulação mais móvel do corpo. Está anterolateral é usado sobretudo para expor a articu-
envolvido por duas camadas musculares: a externa, ou lação acromioclavicular e as estruturas subacromiais,
músculo deltoide, e a interna, ou manguito rotador, em especial o manguito rotador. Os acessos lateral
que é essencial para a estabilidade da articulação. As e mínimo lateral expõem o manguito rotador, mas
duas patologias mais comuns do ombro e que neces- suas principais utilizações são no tratamento de fra-
sitam de cirurgia são a instabilidade, como a luxação turas do úmero proximal. A abordagem posterior,
anterior reincidente do ombro (ver Fig. 1.29), e as le- raramente usada, é eficiente para tratar luxações
sões degenerativas do manguito rotador. posteriores reincidentes; é também usada em re-
Neste capítulo, são descritas oito abordagens: duções abertas e fixação interna de fraturas glenoi-
abordagens anterior e posterior ao ombro, acesso dais posteriores e de fraturas do colo da escápula.
anterolateral à articulação acromioclavicular e es- As abordagens artroscópicas ao ombro (anterior e
paço subacromial, acesso anterior à clavícula, acesso posterior) proporcionam excelente visualização das
lateral e acesso mínimo lateral ao úmero proximal, e estruturas internas da articulação.
duas abordagens artroscópicas – anterior e posterior. A anatomia cirúrgica da região é dividida em três
Dessas, a abordagem anterior é a incisão work-horse seções: anterior, anterolateral e posterior. A descrição
do ombro, proporcionando excelente exposição da de cada área encontra-se logo após sua respectiva se-
articulação e de suas coberturas anteriores. O acesso ção cirúrgica neste capítulo.

Acesso anterior à clavícula


O acesso anterior à clavícula proporciona exposição te à articulação acromioclavicular, palpando a face
completa do osso, permitindo: subcutânea da clavícula.
Faça uma incisão seguindo a forma em S da ana-
1. Redução aberta e fixação interna de fraturas
tomia da clavícula, começando pela extremidade me-
2. Reconstrução das articulações esternoclavicular
e acromioclavicular nos casos de luxações dial. O local e a extensão da incisão dependem da
3. Drenagem de sepse indicação clínica da cirurgia (Fig. 1.1).
4. Biópsia e excisão de tumores
5. Osteotomia por consolidação viciosa
O plexo braquial e os vasos subacromiais tam- Fáscia
bém podem ser acessados por meio dessa abordagem cervical
cirúrgica. A osteotomia da clavícula será necessária profunda
(ver Fig. 1.20). Omo hióideo Nervos
Artéria e veia supraclaviculares
A hemorragia pelos vasos subcutâneos é muito subclávias Platisma
comum. Em razão da proximidade dos grandes vasos,
Clavícula
essa hemorragia superficial precisa ser controlada
Subclávio
para assegurar a visualização adequada das estruturas. Peitoral
maior
Posição do paciente
Coloque o paciente em decúbito dorsal sobre a mesa
cirúrgica. Desarticule a mesa e levante a cabeceira o
suficiente para elevar a área do ombro.
Coloque um coxim entre a margem medial da
escápula e a coluna vertebral. Isso permitirá a incli-
nação do ombro para trás. Frequentemente essa ma-
nobra reduz fraturas do terço médio.

Pontos de reparo e incisão Figura 1.1 Faça uma incisão transversal sobre a face
subcutânea da clavícula. O local e a extensão da inci-
A incisura esternal é o ponto de reparo mais medial são são determinados pela patologia a ser tratada e
da incisão. Através dela, palpe a clavícula lateralmen- pelo implante a ser usado.
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 27

Platisma Nervos supraclaviculares


Platisma Nervo supraclavicular
Incisão Clavícula

A B

Figura 1.2 (A) Aprofunde a incisão na linha de incisão da pele para expor o músculo platisma. Observe a presença
de vários nervos superficiais. (B) Aprofunde a incisão através do músculo platisma na linha de incisão da pele para
expor a face subcutânea da clavícula.

Plano internervos clavícula, se possível. A dissecção sobre a face subcu-


tânea e a posterior é segura.
Como o acesso ocorre diretamente sobre a face sub-
cutânea da clavícula, não há nenhum plano interner-
vos. Contudo, a incisão corta numerosos pequenos
Como ampliar o acesso
nervos subcutâneos que cruzam o campo cirúrgico A exposição pode ser ampliada transversalmente ao
no sentido superior para inferior transitando pelo longo de toda a extensão da clavícula, quando neces-
músculo platisma. sário (ver Medidas de extensão, neste capítulo).
O acesso pode ser estendido distalmente no
Dissecção cirúrgica superficial acesso anterolateral ao úmero proximal e à parte
média do corpo do úmero, usando o espaço delto-
Com cuidado, retire as partes moles da face sub-
peitoral (ver Fig. 1.20).
cutânea da clavícula no plano subperiosteal. Tenha
cautela para preservar tanto tecido mole quanto pos-
sível, particularmente em casos de fixação de fratura.

Riscos
Clavícula
Nervos Platisma
O plexo braquial, com a artéria subcutânea, situa-se Nervo supraclavicular
logo abaixo da clavícula, ao longo de sua extensão,
especialmente no terço médio (Fig. 1.3). Para asse-
gurar que o plexo não seja lesado, permaneça sobre
a face subcutânea da clavícula. Caso seja necessária a
dissecção abaixo da clavícula, desenvolva um plano
entre seu periósteo e o músculo subclávio. Também
observe com atenção, quando estiver perfurando
para fixação de fraturas, que a penetração na superfí-
cie inferior do osso deve ser mínima devido à proxi-
midade íntima de nervos e vasos.29
Vasos Figura 1.3 O plexo braquial, a segunda parte dos
A artéria e a veia subacromial situam-se imediata- vasos subclávios, está abaixo do terço médio da cla-
mente abaixo da clavícula. Evite dissecção inferior à vícula.
28 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Acesso anterior à articulação do ombro


1-6
O acesso cirúrgico anterior oferece ampla e boa ex- 1. Redução de luxações reincidentes
posição da articulação do ombro, permitindo fazer 2. Drenagem de sepse
correções em seus revestimentos anterior, inferior e 3. Biópsia e retirada de tumores
superior. Entre seus vários usos, esse acesso permite 4. Reparo ou estabilização do tendão da cabeça
7
o seguinte: longa do músculo bíceps braquial

Escápula Cabeça
do úmero

Mesa
elevada
30-45º

Figura 1.4 Posição do paciente para acesso anterior


ao ombro. Eleve a mesa para 45°. Um coxim colocado
embaixo da coluna vertebral, na margem medial da es-
cápula, permitirá a rotação lateral do ombro e a aber-
tura da parte anterior da articulação.
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 29

5. Artroplastias do ombro, que em geral são reali- Se usar intensificador de imagem durante a cirurgia,
8
zadas por incisões anteriores modificadas assegure-se de que imagens adequadas sejam obtidas
6. Fixação de fraturas do úmero proximal antes da preparação e do drapejamento do paciente.
O acesso anterior é conhecido pela copiosa he-
morragia da pele e da tela subcutânea durante a dis-
Pontos de reparo e incisão
secção superficial. A hemorragia deve ser controlada Pontos de reparo
antes de se dissecar as camadas mais profundas. A Processo coracoide. O cirurgião deve colocar
falha em consegui-lo pode ocultar estruturas anatô- seus dedos no ponto mais profundo da concavidade
micas importantes e pôr em risco sua integridade. clavicular distalmente, cerca de 2,5 cm da margem
anterior da clavícula, e comprimir seguindo uma di-
Posição do paciente reção oblíqua lateral e posteriormente, até sentir o
processo coracoide. O processo direciona-se antero-
Coloque o paciente em decúbito dorsal na mesa ci-
lateral; como se encontra profundamente encoberto
rúrgica. Encaixe um coxim embaixo da coluna ver-
pelo músculo peitoral maior, só pode ser sentido por
tebral e da margem medial da escápula para levar o
meio de palpação firme.
lado atingido para a frente, deixando o braço para trás
e abrindo a articulação anterossuperiormente (Fig. Sulco deltopeitoral. O sulco deltopeitoral é mais
1.4). Eleve a cabeceira da mesa 30 a 45° para reduzir fácil de ver do que de sentir, sobretudo em pacientes
a pressão venosa e, assim, diminuir o sangramento, magros. A veia cefálica, que se encontra no sulco, às
permitindo que o sangue escoe para longe do campo vezes é visível.
operatório durante a cirurgia. Se um travesseiro for
usado, tenha certeza de que é acolchoado para evitar Incisões
a compressão dolorida na nuca. Drapeje o braço livre A face anterior do ombro pode ser acessada por
porque ele terá de ser movimentado durante o acesso. qualquer dessas duas incisões na pele.

Clavícula

Processo
coracoide

Sulco
deltopeitoral

Figura 1.5 Faça uma incisão reta no sulco


deltopeitoral, começando no nível do proces-
so coracoide.
30 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Figura 1.6 Faça uma incisão na axi-


la. Disseque subcutaneamente para
mobilizar a pele.

Incisão anterior. Faça uma incisão reta de 10 a 15 lateral, de modo que a incisão posicione-se sobre o
cm, seguindo a linha do sulco deltopeitoral. Ela deve sulco deltopeitoral (Figs. 1.6 e 1.7).
começar sobre o processo coracoide (Fig. 1.5). A incisão axilar tem uma vantagem estética sig-
nificativa sobre a incisão anterior, porque está oculta
Incisão axilar. Com o paciente em decúbito dorsal, na axila e porque a cicatriz resultante é coberta por
abduza o ombro em 90° e rode-o lateralmente. Mar- pelos. Além disso, a linha de sutura permanece livre
que a prega axilar anterior da pele com uma caneta es- de tensão enquanto cicatriza; assim, há pouco risco
terilizada. Faça uma incisão vertical de 8 a 10 cm de de a cicatriz abrir. A única situação na qual essa inci-
comprimento, começando no ponto médio dessa pre- são pode ser contraindicada é quando, em pacientes
ga axilar, estendendo-a em direção posterior na axila.9 muito musculosos, os retalhos de pele não podem
Os retalhos de pele devem ser descolados de for- ser rebatidos o suficiente para permitir a exposição
ma extensiva com um dedo, especialmente para cima adequada das estruturas musculares que se encon-
na área do sulco deltopeitoral, usando a veia cefálica tram na frente do ombro. Se tal exposição não puder
como guia para assegurar a posição correta no plano ser obtida pela incisão axilar, deve ser estendida su-
vertical. Rebata os retalhos de pele para cima e na periormente no sulco deltopeitoral.
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Veia cefálica

Fáscia sobre o
músculo deltoide

Fáscia sobre o
músculo peitoral
maior

Figura 1.7 Rebata a incisão axilar


cranialmente para expor a veia ce-
fálica e o sulco deltopeitoral.

Músculo deltoide Músculo peitoralr maior


(nervo axilar) (nervos peitorais
medial e lateral)

Figura 1.8 O plano internervos encontra-


-se entre o músculo deltoide (nervo axilar)
e o músculo peitoral maior (nervos peito-
rais medial e lateral).
32 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Fáscia sobre o
músculo deltoide

Fáscia sobre
o músculo
peitoral maior

Veia cefálica

Figura 1.9 Exponha o sulco entre a fáscia que reco-


bre o músculo peitoral maior e a que recobre o músculo
deltoide. A veia cefálica ajudará a localizar o sulco.

Plano internervos cados medialmente antes que se possa conseguir o


acesso à face anterior da articulação do ombro. O re-
O plano internervos encontra-se entre o músculo batimento medial simples, depois da incisão na fáscia
deltoide, que é suprido pelo nervo axilar, e o múscu- de revestimento, pode ser suficiente para procedimen-
lo peitoral maior, que é suprido pelos nervos peito- tos como a anteriorização do tendão subescapular de
rais medial e lateral (Fig. 1.8). 3
Magnuson-Stack ou o subescapular de Putti-Platt
2

com imbricamento da cápsula, mas se for necessária


Dissecção cirúrgica superficial maior exposição ou se o processo coracoide estiver sen-
5
Procure o sulco deltopeitoral, com a veia cefálica do transposto, os dois músculos podem ser destacados
(Fig. 1.9). Rebata o músculo peitoral maior na dire- junto com a extremidade do processo coracoide. Para
ção medial e o músculo deltoide na lateral, separan- liberá-los, destaque a extremidade desse processo com
do-os. A veia pode ser rebatida em qualquer dessas um osteótomo. O osso pode ser recolocado depois com
direções. Levando um pequeno fascículo do deltoide um parafuso ou com suturas. Se for usado parafuso, o
com a veia pode-se reduzir o número de tributárias processo coracoide deve ser perfurado e aparafusado
que exigem ligadura, mas deixa uma pequena quan- antes da conclusão da osteotomia. Caso contrário, o
tidade do músculo sem inervação. Por isso, não é re- pequeno fragmento do processo coracoide pode rachar
comendado como prática rotineira. durante a perfuração, e a redução anatômica só será al-
cançada com extrema dificuldade (Figs. 1.10 e 1.11).
A artéria axilar é envolvida por fascículos do
Dissecção cirúrgica profunda
plexo braquial, que estão atrás do músculo peitoral
A cabeça curta do músculo bíceps braquial (que é iner- menor. A abdução do braço comprime essas estrutu-
vada pelo nervo musculocutâneo) e o coracobraquial ras neurovasculares e as aproxima da extremidade do
(também inervado por esse nervo) devem ser deslo- processo coracoide e do campo cirúrgico. Assim, o
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Músculo deltoide Processo coracoide


com o furo da broca

Tendão do músculo
bíceps braquial Tendão
Músculo conjunto
Fáscia coracobraquial
incisada

Figura 1.10 Rebata o peitoral


maior medialmente e o deltoi-
de lateralmente para expor o
Músculo peitoral tendão conjunto dos músculos:
Tendão do músculo maior a cabeça curta do bíceps bra-
subescapular quial e o coracobraquial. Perfu-
re a extremidade do processo
Vasos coracoide antes de cortá-lo.
Incise a fáscia na face lateral
do tendão conjunto. Observe o
agrupamento dos vasos na ex-
tremidade inferior do músculo
subescapular.

Tendão do músculo
subescapular

Processo
coracoide

Tendão
conjunto

Vasos

Figura 1.11 Incise através do processo cora-


coide perfurado. Rebata medialmente o tendão
conjunto para obter maior exposição do tendão
do músculo subescapular.
34 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Processo coracoide

Pendente Abduzido
Bainha
axilar
– Plexo
braquial
– Vasos
axilares

Figura 1.12 Proteja a bainha axilar durante a osteotomia do processo coracoide, mantendo o braço na posição
pendente; a abdução do braço puxará a bainha contra o processo coracoide.

braço deve ser mantido em adução enquanto a inter- pular e o nervo axilar, já que este se oculta embaixo da
venção cirúrgica estiver sendo executada em torno margem inferior do músculo (ver Fig. 1.14).
do processo coracoide (Fig. 1.12).1 Os pontos de reparo identificados com mais fa-
Rebata o processo coracoide (com os músculos cilidade na margem inferior do subescapular são pe-
nele inseridos) medialmente. Seccione a fáscia que quenos vasos agrupados que seguem transversalmen-
envolve os tendões conjuntos do coracobraquial e da te e em geral exigem ligadura ou cauterização. Os
cabeça curta do bíceps braquial no lado lateral do co- vasos apresentam-se como uma tríade: uma pequena
racobraquial – o lado seguro do músculo, porque o artéria com duas veias satélites adjacentes, uma acima
nervo musculocutâneo entra no músculo coracobra- e outra abaixo da artéria (Fig. 1.15). A margem supe-
quial pelo lado medial. Tome cuidado ao rebater o rior do músculo subescapular não é distinguível e se
processo coracoide com os músculos inseridos, pois o imbrica com as fibras do músculo supraespinal.
rebatimento excessivo para baixo pode causar a neu- Passe um instrumento rombo entre a cápsula e o
ropraxia do nervo musculocutâneo. Se esse processo subescapular movendo-o para cima (ver Fig. 1.15).
permanecer intacto, os músculos que nele se inserem Marque o ventre do músculo com pontos de reparo
protegem o nervo dos riscos da tração (Fig. 1.13). para evitar que desapareça medialmente quando for
Abaixo dos tendões conjuntos do coracobraquial cortado e para facilitar a reinserção do músculo em
e da cabeça curta do bíceps braquial encontram-se as novo local no úmero. Então, corte o subescapular a
fibras do músculo subescapular dispostas transversal- cerca de 2,5 cm de sua inserção no tubérculo menor
mente, que formam a única cobertura anterior rema- do úmero (Fig. 1.16). Observe que algumas de suas
nescente da cápsula articular do ombro (Fig. 1.14).1 fibras musculares se inserem na própria cápsula ar-
Como o músculo cruza a cavidade glenoidal, uma ticular; por isso, a cápsula com frequência pode ser
bolsa separa-o da cápsula articular; essa bolsa pode aberta de maneira inadvertida quando o músculo é
comunicar-se com a articulação do ombro. Em casos cortado, já que nem sempre as duas camadas podem
de luxação múltipla anterior, há, com frequência, ade- ser identificadas.
rências entre o músculo e a cápsula articular, tornando De forma alternativa, rode o ombro na direção
difícil, se não impossível, encontrar a camada entre os medial e identifique a inserção do tendão do mús-
dois. Aplicando rotação lateral ao braço para estirar o culo subescapular no úmero. Destaque essa inserção
músculo subescapular, o ventre do músculo é levado junto com um pequeno fragmento do osso, usando
em direção à área lesada e torna suas margens superior um osteótomo fino. Isso permitirá a reinserção mais
e inferior mais fáceis de distinguir. A rotação lateral do lateral do músculo em um canal preparado no osso,
úmero também aumenta a distância entre o subesca- usando grampos.
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 35

Extremidade seccionada
do processo coracoide

Extremidade do Plexo braquial e


processo vasos axilares
coracoide
Nervo musculocutâneo

Músculo coracobraquial

Cabeça curta do
bíceps braquial

Figura 1.13 Imperícia no rebatimen-


to distal do tendão conjunto pode le-
sar o nervo musculocutâneo e causar
neuropraxia ou avulsão.

Processo coracoide

Tendão do
músculo
subescapular

Nervo axilar

Músculo
redondo maior

Músculo
latísssimo
do dorso
Rotação
lateral

A B

Figura 1.14 (A) O músculo subescapular situa-se na parte profunda da incisão. Deve ser incisado perpendicular-
mente às suas fibras, próximo ao seu tendão. O nervo axilar passa na direção anteroposterior através do espaço
quadrangular. (B) A rotação lateral do braço durante a incisão no tendão do subescapular afastará o local da
incisão do nervo axilar.
36 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Tendão do
músculo Processo coracoide
subescapular

Tendão conjunto

Vasos

Figura 1.15 Introduza um clampe arterial


Músculo curvo sob o músculo subescapular. Um feixe
redondo maior de vasos na extremidade caudal da ferida
marca a margem inferior desse músculo.

Processo coracoide
(cortado)

Tendão do
músculo
subescapular
(cortado)
Tendão do músculo
subescapular
(cortado e com
pontos de reparo)

Cápsula articular

Músculo
redondo maior

Figura 1.16 Incise a extremidade do subes-


capular. Marque o músculo com pontos de
reparo para evitar sua retração na medial.
Algumas das fibras desse músculo inserem-se
diretamente na cápsula articular.
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 37

Processo coracoide
Tendão do músculo (cortado)
subescapular
(cortado)

Tendão do músculo
subescapular (cortado)

Cápsula articular
(aberta)
Cápsula
articular
(aberta)
Face articular da
cabeça do úmero

Músculo
redondo maior Feixe vascular

Figura 1.17 Incise a cápsula articular longitudinalmente para expor a cabeça do úmero e a cavidade glenoidal.

Incise a cápsula longitudinalmente para entrar mente à origem do músculo no processo coracoide.
na articulação no local onde o reparo determinado Como o nervo entra no músculo por seu lado me-
será executado. Cada tipo de reparo terá sua locali- dial, toda a dissecção tem de ser feita no lado lateral
zação específica para a incisão (Fig. 1.17). do músculo. Deve-se tomar muito cuidado para não
Quando o acesso é usado para tratamento de fratu- rebater o músculo inferiormente, a fim de evitar es-
ras, muitas vezes é realizada a dissecção cirúrgica pro- tiramento do nervo e causar paralisia dos flexores do
funda devido ao trauma. Fraturas dos tubérculos maior cotovelo (ver Fig. 1.13).
e menor comumente apresentam as inserções muscula-
res preservadas, e a tração sem oposição dos músculos Vasos
provoca deslocamento e rotação dos fragmentos ósse- A veia cefálica deve ser preservada, sempre que pos-
os. A fixação das suturas do tendão permite manipu- sível, embora sua ligadura traga poucos problemas.
lação e redução dos tubérculos. Procure preservar, se Uma veia cefálica lesada deve ser ligada para prevenir
possível, qualquer suprimento sanguíneo remanescen- o risco de tromboembolismo, ainda que pequeno.
te para os fragmentos da cabeça a fim de reduzir o risco
de necrose avascular. O tendão do bíceps braquial, que Como ampliar o acesso
se encontra no sulco entre os tubérculos maior e me-
Medidas locais
nor, costuma estar preservado e pode atuar como pon-
to de reparo cirúrgico-chave para a reconstrução óssea. A exposição pode ser ampliada por intermédio de
quatro maneiras:
Riscos 1. Estenda a incisão da pele para cima, encurvando-a
Nervos lateralmente ao longo da margem inferior da cla-
O nervo musculocutâneo penetra no corpo do vícula. Destaque o deltoide de sua origem na face
músculo coracobraquial cerca de 5 a 8 cm distal- superior da clavícula por 2 a 4 cm para permitir
38 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Deltoide (cortado)

Figura 1.18 Remova as origens do deltoide na parte


anterior da clavícula para expor mais a articulação pro-
ximalmente. Identifique o ligamento coracoacromial.

melhor rebatimento lateral do músculo (Fig. 1.18). axilar, estenda a incisão na pele superomedialmente,
Infelizmente, como a reinserção do deltoide pode cruzando o terço médio da clavícula. A seguir, dis-
ser difícil, essa manobra não é recomendada para seque o terço médio subperiostealmente e execute
uso rotineiro. Se rebatimento adicional desse mús- a osteotomia do osso, removendo o terço médio.
culo for necessário, pode ser melhor destacar parte Corte o músculo subclávio, que passa em direção
dele de sua inserção no úmero. transversal embaixo da clavícula. Rebata o músculo
2. Prolongue a incisão da pele para baixo, ao longo do trapézio para cima e os músculos peitoral maior e
sulco deltopeitoral, para separar o peitoral maior peitoral menor para baixo a fim de mostrar a artéria
do deltoide inferiormente e melhorar a exposição axilar subjacente e o plexo braquial adjacente (Fig.
sem ter de remover a origem desse músculo. 1.20). Tome cuidado para não lesar o nervo muscu-
3. Use um afastador adequado (como o de Bankart) locutâneo, que é o mais superficial do plexo braquial.
para a cabeça do úmero. O afastador da cabeça
do úmero é a solução para uma exposição exce- Ampliação distal. A via de acesso pode ser esten-
lente do interior da cavidade glenoidal, já que a dida pela abordagem anterolateral do úmero.
articulação foi aberta (Fig. 1.19). Estenda a incisão da pele abaixo do sulco delto-
4. Rode o ombro medial e lateralmente para que peitoral, então descreva uma curva inferiormente e
possam ser vistos os diferentes elementos que siga a margem lateral do bíceps braquial. A dissecção
envolvem sua porção anterior. profunda consiste em deslocar esse músculo na re-
gião medial para expor o músculo braquial subjacen-
Medidas de extensão te, que então poderá ser aberto no sentido de suas
Ampliação proximal. Para expor o plexo braquial fibras para permitir o acesso ao úmero. Para detalhes
e a artéria axilar e controlar a hemorragia da artéria desse acesso, ver Capítulo 2.
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 39

Processo coracoide
(seccionado)

Tendão do músculo
subescapular (seccionado)

Cápsula articular
(aberta)

Cavidade glenoidal
Deltoide
Lábio glenoidal
(parte posterior)
Cápsula
Cápsula articular
articular
(parte posterior)

Músculo Músculo peitoral


redondo maior maior

Cabeça do
úmero

Figura 1.19 O afastador de Bankart é usado para afastar a cabeça do úmero e expor a cavidade glenoidal e
seu lábio.
40 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Músculo esternocleidomastóideo
Periósteo

Clavícula

Músculo
trapézio

Músculo
deltoide Músculo peitoral maior
A

B
Músculo Periósteo
trapézio
Clavícula (osteotomizada)

Músculo
deltoide

Processo coracoide
(osteotomizado)

Inserção do
músculo
subescapular Veia subclávia

Músculo subclávio

Artéria subclávia

Fascículo lateral
Cápsula do plexo braquial
articular

Cabeça
do úmero Músculo peitoral
maior

Músculo Músculo subescapular


redondo maior (cortado)
C

Figura 1.20 (A, B) Ampliação da incisão superomedialmente. Exposição e retirada do terço médio da clavícula
subperiostalmente. (C) Exposição do plexo braquial e da artéria axilar.
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 41

Anatomia cirúrgica aplicada do acesso


anterior à articulação do ombro
Resumo da camada interna podem atuar como movimenta-
dores principais do úmero, mas suas ações mais im-
Todas as vias de acesso ao ombro envolvem a pe- portantes consistem em controlar a cabeça do úme-
netração de duas camadas musculares sobre a arti- ro dentro da cavidade glenoidal enquanto os outros
culação. A camada externa é o músculo deltoide. A músculos executam os movimentos principais.
interna é o manguito rotador, que é composto por O supraespinal desempenha um papel-chave
quatro músculos: supraespinal, infraespinal, redon- como movimentador principal do úmero no início
do menor e subescapular (Fig. 1.21). da abdução. Os músculos redondo menor e infraes-
Anteriormente, consegue-se o acesso à articula- pinal são os únicos rotadores laterais importantes do
ção do ombro rebatendo a camada externa na dire- ombro. As patologias dessa articulação quase sempre
ção lateral e cortando a camada interna, de forma estão associadas com o grupo interno de músculos;
específica o músculo subescapular. suas funções são essenciais não apenas para a coor-
O deltoide, junto com o peitoral maior e o latís- denação dos movimentos articulares, mas também
simo do dorso (os dois grandes músculos da prega para a estabilidade da própria articulação do ombro.
axilar), é responsável pela maior parte da potência Lesões degenerativas do manguito rotador são ex-
necessária para movimentar o ombro. Os músculos tremamente comuns com o avançar da idade.

Músculo Tendão do músculo Processo


deltoide subescapular coracoide
Cabeça curta do músculo
bíceps braquial
Músculo coracobraquial
Tendão do músculo
supraespinal Músculo peitoral
menor
Músculo peitoral
Cápsula
maior
articular

Tendão do
músculo
subescapular

Cabeça Bainha axilar


do úmero – Plexo braquial
– Vasos axilares

Nervo axilar
Músculo subescapular
Cabeça longa
do músculo
bíceps braquial Nervo axilar

Músculo Músculo redondo maior


deltoide

Corpo do Músculo latíssimo do dorso


úmero

Nervo mediano
Nervo
radial Artéria axilar

Nervo musculocutâneo Nervo ulnar

Figura 1.21 Anatomia da porção anterior do ombro.


42 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Fraturas e luxações podem ser influenciadas pela coracoide, o acrômio e o ligamento coracoacromial
fixação das partes moles dos elementos do manguito formam o arco coracoacromial. Essa estrutura pode
rotador nos tubérculos maior e menor do úmero. estar implicada na patologia da síndrome do impac-
Um terceiro grupo de músculos intervém entre to. A função do ligamento coracoacromial não está
as duas camadas musculares quando a articulação é clara. Sua ressecção, que ocorre na descompressão
abordada pela frente. Esses músculos (a cabeça curta subacromial, não parece estar associada com proble-
do bíceps braquial, o coracobraquial e o peitoral me- mas clínicos significativos a longo prazo.
nor) devem ser rebatidos medialmente para a exposi-
ção da camada interna. Todos eles estão inseridos no Ligamentos conoide e trapezoide. Esses ligamen-
processo coracoide (ver Fig. 1.21). tos são extremamente fortes. O conoide, que se as-
semelha a um cone invertido, estende-se para cima,
Pontos de reparo e incisão a partir da face superior da clavícula. O trapezoide
vai da superfície superior do processo coracoide à
Pontos de reparo linha trapezóidea, na face inferior da clavícula, es-
O processo coracoide da escápula é uma protuberância ós- tendendo-se na direção superior e lateral. Essas duas
sea acessível que se encontra na extremidade superior estruturas são os principais ligamentos acessórios da
do sulco deltopeitoral e é o ponto de reparo para inci- articulação acromioclavicular. Eles são extremamente
sões baseadas nesse sulco. Também é um ponto de re- difíceis de reparar nos casos de luxação acromioclavi-
paro essencial para injeções e exames artroscópicos da cular e, uma vez rompidos, torna-se difícil identificá-
articulação do ombro. Em forma de gancho, o processo -los como estruturas individualizadas.
coracoide às vezes é descrito como se assemelhando ao
bico de um corvo, como está implícito em sua denomi- Tendões conjuntos dos músculos coracobraquial
nação, corax. A extremidade desse processo projeta-se e bíceps braquial. Ver Figura 1.25.
para a frente, para lateral, e para baixo e em direção à
cavidade glenoidal. Portanto, é mais bem palpável por Músculo peitoral menor. Ver Anatomia cirúrgica
meio de compressão posterior e medial. Fique atento, aplicada do acesso anterior, neste capítulo.
porque a palpação do processo coracoide é em geral
Incisão
dolorosa; portanto, apenas a sensibilidade nesse ponto
não é sinal diagnóstico de patologia no local. Inseridas Uma incisão na pele que passe por baixo do sulco
no processo coracoide estão cinco estruturas clinica- deltopeitoral deixa, com frequência, uma cicatriz
mente importantes descritas a seguir (Fig. 1.22). larga e feia, mesmo se um fechamento de pele sub-
cuticular for usado, pois corta quase transversalmen-
Ligamento coracoacromial. O ligamento cora- te as linhas de clivagem da pele. A incisão na axila
coacromial, fibroso e resistente, é triangular e liga segue o sentido da linha de clivagem da pele e deixa
a porção horizontal do processo coracoide à extre- uma cicatriz muito mais estreita. Esta última cicatriz
midade do acrômio. É um dos poucos ligamentos é quase imperceptível, porque está escondida na pre-
que conecta duas partes do mesmo osso. O processo ga axilar e é coberta por pelos.

Ligamento Ligamento Ligamento


coracoacromial trapezoide conoide
Processo
coracoide
Acrômio
Clavícula

Músculo peitoral
menor

Úmero Músculo coracobraquial


Figura 1.22 Cinco estruturas clinicamen-
Cabeça curta do te importantes estão inseridas no processo
músculo bíceps braquial coracoide.
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 43

Veia cefálica Clavícula Músculo peitoral


maior

Músculo
deltoide

Plexo braquial e
artéria axilar

Músculo
bíceps
braquial
Músculo
latíssimo
do dorso
Cabeça longa
do músculo
tríceps
braquial

VI

Figura 1.23 Anatomia de superfície


VII anterior do ombro, mostrando o sulco
deltopeitoral e o feixe vásculo-nervoso.

Dissecção cirúrgica superficial Músculo peitoral maior


Os dois nervos que suprem o peitoral maior per-
Três estruturas principais estão envolvidas na dis-
secção cirúrgica superficial do acesso anterior à mitem dividir o músculo sem perder a inervação de
articulação do ombro: o músculo deltoide lateral- ambas as partes, tornando possível a transferência
mente, o músculo peitoral maior medialmente e a do músculo como na técnica de Clark, na qual a
veia cefálica, que se encontra entre eles no sulco parte distal do músculo é separada da parte proxi-
deltopeitoral (Fig. 1.23). mal e inserida no tendão do bíceps braquial, no bra-
ço (ver Fig. 1.24).10
Músculo deltoide
As fibras anteriores do deltoide correm paralelas Veia cefálica
umas às outras, sem septos fibrosos entre elas. Visto A veia cefálica termina na veia axilar depois de atra-
que as suturas situadas nesse tipo de fibras muscula- vessar a fáscia clavipeitoral. Em alguns casos, pode
res tendem a se romper, é difícil reinserir o deltoide estar ausente. Poucas complicações resultam de sua
na clavícula. As suturas devem ser feitas em locais ligadura (ver Fig. 1.23).
de maior espessura do músculo e incluir as fáscias
de revestimento, para efetuar uma reinserção fir- Dissecção cirúrgica profunda
me. A inserção deve ser protegida de atividades que O coracobraquial e a cabeça curta do bíceps bra-
envolvam esforços físicos durante quatro semanas quial compartilham de uma origem comum na
para permitir a cicatrização adequada. extremidade do processo coracoide. Eles tam-
A porção anterior do deltoide somente será des- bém compartilham a mesma inervação, pelo ner-
nervada se a parte anterior inteira do músculo for vo musculocutâneo. Esses músculos formam uma
separada e fortemente rebatida em direção lateral camada intermediária durante o acesso cirúrgico
(Fig. 1.24). (Fig. 1.25).
44 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Tendão do músculo Ligamento Músculo Clavícula Plexo braquial e


supraespinal coracoacromial deltoide (origem) artéria axilar

Músculo peitoral
maior Esterno
Tendão do músculo
subescapular

Músculo
deltoide
Cabeça longa do
músculo bíceps
braquial

Nervo musculocutâneo

Músculo peitoral
maior

Músculo
coracobraquial

Artéria axilar

Músculo bíceps
braquial

Músculo tríceps
braquial

Corpo do Músculo redondo Músculo latíssimo


úmero maior do dorso

Figura 1.24 A porção anterior do deltoide foi ressecada de sua origem, mostrando a inserção do músculo peitoral
maior, o tendão do subescapular, o tendão do supraespinal e o ligamento coracoacromial.

Músculo coracobraquial ligamento transverso para colocar-se no sulco in-


O músculo coracobraquial é em grande parte vesti- tertubercular do úmero. É fácil palpar o tendão no
gial e desempenha função limitada. Extremamente sulco, desde que o braço esteja rodado na lateral
variável em tamanho, é homólogo no braço dos adu- (ver Fig. 1.27). O tendão do bíceps braquial é um
tores na coxa. local frequente de alterações inflamatórias, em parte
Em sua origem esse músculo coracobraquial porque é capaz de amplos deslocamentos, movimen-
teria três cabeças. O nervo musculocutâneo passa tando-se cerca de 6 cm entre a abdução e a adução
entre duas dessas primitivas cabeças, as quais se extremas do ombro. Esse movimento contínuo pode
fundiram durante o desenvolvimento. Seu trajeto produzir atrito entre o tendão e o sulco intertuber-
representa um dos poucos casos em que um nervo cular. O tendão também pode romper-se, produzin-
atravessa um músculo. Quando um nervo proceder do mudança característica no contorno do músculo.
assim, sempre estará passando entre duas cabeças O bíceps braquial pode deslizar medialmente
de origem (ver Fig. 1.25). para fora do sulco intertubercular. Esse deslocamento
11
em geral é doloroso, embora às vezes possa ser en-
Músculo bíceps braquial contrado em autopsias de indivíduos que não tiveram
12
O tendão da cabeça longa do músculo bíceps bra- qualquer sintomatologia de ombro conhecida.
quial é uma curiosidade anatômica; é um dos dois Há considerável variabilidade na profundidade
únicos tendões que atravessam uma cavidade si- do sulco intertubercular e no ângulo formado entre
13
novial. A cápsula articular do ombro é incompleta a parede medial e o assoalho do sulco. Sulcos rasos
inferiormente; assim, o tendão pode passar sob o com paredes mediais rasas podem predispor a luxa-
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 45

Ligamento trapezoide Fascículo Artéria


lateral axilar
Processo Ligamento Fascículo
coracoide conoide medial
Músculo deltoide (origem) Clavícula

Ligamento coracoacromial Músculo peitoral


menor
Músculo peitoral
Tendão do músculo
maior (origem)
supraespinal

Tendão do músculo
subescapular I

Músculo peitoral Esterno


II
maior

Cabeça longa do músculo


bíceps braquial III
Nervos peitorais
Cabeça curta do músculo medial e
bíceps braquial lateral
IV
Nervo musculocutâneo V

Músculo
coracobraquial
Músculo peitoral
maior
Músculo
tríceps VI
braquial
Músculo
latíssimo
Músculo do dorso
redondo
Músculo maior
VII
bíceps
braquial

Músculo braquial

Músculo
rádio
Tuberosidade do rádio

Figura 1.25 Os músculos peitoral maior e deltoide foram completamente removidos, expondo as duas cabeças do
tendão do bíceps braquial, o manguito rotador, o ligamento coracoacromial e o feixe neurovascular.
46 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Ligamento Processo Ligamento Ligamento


coracoacromial coracoide trapezoide conoide Clavícula

Músculo deltoide
(origem)

Tendão do músculo
supraespinal
Fascículo lateral

Artéria axilar
I
Fascículo medial II
Músculo
III peitoral maior
Nervo axilar (origem)
Músculo Esterno
subescapular
IV Músculo
Músculo peitoral
peitoral menor
maior (inserção)
(origem)
Músculo latíssimo
do dorso V
Nervo radial
Músculo
Músculo peitoral maior
deltoide (origem)
(inserção)
Músculo Músculo VI
tríceps braquial redondo
Músculo maior
braquial (origem) Cabeça longa do
músculo tríceps
braquial
Músculo coracobraquial VII
(inserção)

Figura 1.26 O feixe neurovascular que se encontra sobre o músculo subescapular está exposto. O nervo axilar atra-
vessa o espaço quadrangular, e o nervo radial atravessa o espaço triangular.

Deltoide. Origem. Margem anterior do terço lateral da clavícula. Margem lateral do acrômio e lábio inferior da cris-
ta da espinha da escápula. Inserção. Tuberosidade do úmero para o deltoide. Ação. Abdução do ombro. As fibras
anteriores atuam como flexoras do ombro; as posteriores atuam como extensoras. Inervação. Nervo axilar.
Peitoral maior. Origem. Duas cabeças. Cabeça clavicular: metade medial da clavícula. Cabeça esternocostal:
manúbrio e corpo do esterno, seis costelas superiores e aponeurose do músculo oblíquo externo do abdome. Inser-
ção. Lábio lateral do sulco intertubercular do úmero. Ação. Adução do braço. Inervação. Nervos peitorais medial e
lateral. (Um ramo separado do peitoral lateral supre as fibras claviculares).
Coracobraquial. Origem. Extremidade do processo coracoide. Inserção. No meio da margem medial do úmero.
Ação. Frágil flexor e adutor do braço. Inervação. Nervo musculocutâneo.
Bíceps braquial. Origem. Cabeça curta, na extremidade do processo coracoide. Cabeça longa, no tubérculo su-
praglenoidal da escápula. Inserção. Tuberosidade do rádio. Ação. Flexor do cotovelo. Supinador do antebraço. Frágil
flexor do ombro. Inervação. Nervo musculocutâneo.
Peitoral menor. Origem. Margens laterais da terceira, quarta, quinta e sexta costelas. Inserção. Processo coracoide
da escápula. Ação. Abaixa o ângulo lateral da escápula. Protrai a escápula. Inervação. Nervo peitoral medial.
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 47

Músculo infraespinal Escápula Hiato na cápsula articular para a


bolsa do músculo subescapular

Tubérculo
maior
Músculo serrátil
anterior (inserção)
Cabeça do
úmero
Tubérculo
Ligamento menor
transverso

Tendão da cabeça Músculo


longa do músculo bíceps subescapular
braquial no sulco intertubercular

Músculo peitoral Nervos para o


maior (inserção) músculo subescapular

Músculo latíssimo Cápsula


do dorso (inserção) articular
Músculo redondo
maior (inserção)

Figura 1.27 A cápsula articular fibrosa insere-se no úmero em torno da margem articular do colo. Observe que in-
feriormente se insere abaixo daquela margem articular. A cápsula transpõe o hiato através do sulco intertubercular,
formando uma estrutura conhecida como ligamento transverso.

Subescapular. Origem. Quatro quintos mediais da face anterior da escápula. Inserção. Tubérculo menor do úmero.
Ação. Rotação medial do úmero. Inervação: Nervos subescapulares superior e inferior.

ções do tendão. Apesar disso, o ligamento transverso culação. O tendão do músculo sofre degeneração da
do úmero (retináculo), que é o principal estabiliza- mesma maneira como outros músculos do manguito
dor do tendão, deve ser rompido antes que o tendão rotador, porém em menor extensão. O problema ra-
possa ser deslocado. O tendão é um ponto de reparo ras vezes é grave ou sintomático, porque há outros
cirúrgico útil na reconstrução das fraturas complexas rotadores mediais do ombro e a perda da ação do
do úmero proximal. subescapular não incapacita o funcionamento. O su-
bescapular pode ser distendido em casos de luxação
Músculo peitoral menor anterior do ombro ou pode estar contraído em con-
13
A única importância cirúrgica do músculo peitoral sequência de cirurgia anterior.
menor está em suas relações neurovasculares. A se- Esse músculo limita a rotação lateral, ajudando a
gunda parte da artéria axilar e os fascículos do plexo prevenir luxações anteriores; também pode bloquear
braquial encontram-se diretamente atrás do múscu- fisicamente luxações anteriores devido a seu tamanho
lo e abaixo do processo coracoide (ver Fig. 1.25). e sua posição na frente da articulação do ombro. Visto
que dois nervos subescapulares entram no subescapu-
Músculo subescapular lar medialmente, incisões de 2,5 cm a partir de sua
A camada profunda da dissecção é formada pelo inserção não desnervam o músculo (Fig. 1.26).
músculo subescapular, que cobre a cápsula articular Na região superior, o músculo tem íntima co-
do ombro. nexão com o supraespinal. O plano de clivagem en-
O subescapular, que é a porção anterior do man- tre os dois músculos, que representa um verdadeiro
guito rotador, insere-se, em parte, na cápsula da arti- plano internervos entre os nervos supraescapular e
48 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Parte
Músculo Parte superior Cabeça longa superior
supraespinal da cápsula do músculo do lábio
(inserção) articular bíceps braquial glenoidal
Tubérculo
supragrenoidal

Cavidade
glenoidal

Parte inferior
do lábio glenoidal

Cápsula Músculo
articular subescapular
(origem)

Figura 1.28 Corte frontal da articulação. A


cápsula articular é alongada na porção in-
Músculo serrátil
anterior (inserção) ferior para permitir abdução. O tendão da
cabeça longa do bíceps braquial atravessa a
articulação. O tendão é envolvido pela mem-
brana sinovial; portanto, é anatomicamente
intracapsular mas extrassinovial.

subescapular, pode ser difícil de identificar, de modo gamento transverso. A cabeça longa do bíceps braquial
especial quando próximo às inserções dos músculos. entra na articulação sob esse ligamento (ver Fig. 1.27).
O tendão da cabeça longa do bíceps braquial corres- A cápsula da articulação do ombro é reforçada por
ponde ao intervalo entre os músculos e pode ser usa- todos os quatro músculos do manguito rotador. Refor-
do como uma diretriz cirúrgica para esse intervalo. ço adicional é fornecido pelos três ligamentos glenou-
merais, os quais se apresentam como espessamentos da
Cápsula articular do ombro cápsula. Esses ligamentos são extremamente difíceis de
A articulação do ombro tem uma amplitude enor- identificar durante a cirurgia, mas em geral estão evi-
me de movimentos. A cápsula apresenta-se folgada dentes nos procedimentos artroscópicos. Não possuem
e com excesso, sobretudo em suas partes inferior qualquer relevância clínica (ver Figs. 1.78A e 1.80A).
e anterior. A área da cápsula fibrosa é em torno de
duas vezes a área da superfície da cabeça do úmero Membrana sinovial de revestimento
(ver Fig. 1.26). Anteriormente, a cápsula está inseri-
da na escápula através da margem do lábio glenoidal
da articulação do ombro
e no próprio osso próximo ao lábio. A parte anterior A membrana sinovial, que está fixada em torno do
da cápsula apresenta com frequência um pequeno lábio glenoidal, reveste a cápsula articular. Ela, em
hiato, permitindo ao conteúdo sinovial da articula- geral, comunica-se com a bolsa subescapular e, oca-
ção comunicar-se com a bolsa que está por baixo do sionalmente, com a infraespinal (ver Figs. 1.27 e
subescapular.14,15 Essa bolsa estende-se da frente do 1.39). Envolve o tendão da cabeça longa do bíceps
colo da escápula ao processo coracoide (Fig. 1.27). braquial dentro da articulação do ombro. A mem-
Posterior e inferiormente, a cápsula está unida à brana sinovial forma uma bainha tubular que permi-
margem do lábio. Um segundo hiato pode existir nes- te ao tendão deslizar de um lado para outro durante
se ponto para permitir a comunicação entre o reves- a abdução e a adução do braço. Portanto, o tendão
timento sinovial da articulação e a bolsa infraespinal. anatomicamente é intracapsular, porém extrassino-
A cápsula fibrosa insere-se no úmero em torno das vial (Fig. 1.28 e ver Fig. 1.39).
margens articulares do colo, exceto na porção inferior,
onde a inserção está 1 cm abaixo da margem articular. Lábio glenoidal
A cápsula transpõe o espaço ao longo do sulco intertu- O lábio glenoidal é uma estrutura triangular, fibro-
bercular, formando uma estrutura conhecida como li- cartilagínea que circunda a cavidade glenoidal (ver
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 49

Normal Luxação
anterior

A B

Figura 1.29 (A) Relação normal da cabeça do úmero com a cavidade glenoidal. (B) Luxação anterior da cabeça
do úmero.

Fig. 1.28). A cápsula articular fixa-se nele superior, O nervo atravessa o músculo coracobraquial, en-
inferior e posteriormente. Na região anterior, a fixa- trando nele por seu lado medial a cerca de 8 cm abai-
ção depende da presença ou da ausência do recesso xo da extremidade do processo coracoide. O nervo
sinovial no nível do colo da escápula (bolsa subesca- raramente é lesado durante a cirurgia, mas pode
pular; ver Fig. 1.39); a presença do recesso sinovial ocorrer neuropraxia como resultado de retração ex-
deixa um hiato na ligação do lábio glenoidal com a cessiva.
escápula (ver Fig. 1.27). Quando o braço é abduzido, o nervo musculo-
É a separação do lábio glenoidal anteriormente cutâneo torna-se a estrutura nervosa mais superficial
que cria a lesão de Bankart em casos de luxação ante- no feixe axilar. Por isso, é esse nervo que costuma ser
rior recorrente do ombro (Fig. 1.29). lesado em alguns tipos de traumas, como fraturas da
clavícula. Cuidado especial deve ser tomado ao usar
Riscos a furadeira na face superior da clavícula.
Nervos Vasos
O nervo musculocutâneo é um ramo do fascículo A segunda parte da artéria axilar encontra-se abai-
lateral do plexo braquial. Supre os músculos coraco- xo do processo coracoide, atrás do músculo peitoral
braquial, bíceps braquial e braquial, e termina como menor. Pode ser lesada se o braço não for mantido
nervo cutâneo lateral superior do antebraço (ver em adução enquanto a intervenção estiver sendo
Figs. 1.13 e 1.25). executada nesse processo (ver Figs. 1.12 e 1.26).

Acesso anterolateral à articulação acromioclavicular


e ao espaço subacromial
O acesso anterolateral do ombro oferece excelente 3. Reparo ou estabilização do tendão da cabeça
exposição da articulação acromioclavicular, do liga- longa do bíceps braquial
mento coracoacromial subjacente e do tendão supra- 4. Ablação de osteófitos da articulação acromiocla-
espinal. Ele inclui as seguintes utilizações: vicular
1. Descompressão anterior do ombro16 O uso da descompressão artroscópica subacro-
2. Reparo do manguito rotador mial tem reduzido a utilização desse acesso no tra-
50 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

tamento da síndrome do impacto e em alguns casos clavícula sob o ponto mais profundo da concavidade
de reparo do manguito rotador. O acesso, contudo, clavicular.
permanece clinicamente importante em grande nú-
mero de casos envolvendo doenças degenerativas ex- Acrômio. Palpe o acrômio no ápice do ombro.
tensas do manguito rotador. Incisão
Faça uma incisão transversal começando no canto
Posição do paciente anterolateral do acrômio e terminando próximo à
Coloque o paciente em decúbito dorsal na mesa parte lateral do processo coracoide (Fig. 1.30).
cirúrgica, com um coxim embaixo da coluna ver-
tebral e da margem medial da escápula para levar Plano internervos
o lado afetado para a frente (ver Fig. 1.4). Eleve
Nenhum plano internervos está disponível para ser uti-
a cabeceira da mesa em 45°. Aplique os campos
lizado. O músculo deltoide é destacado em nível mais
cirúrgicos de tal modo que o membro possa ser
proximal do que seu nervo; portanto, não corre perigo.
movimentado facilmente durante a operação. Isso
permite trazer diferentes estruturas para o campo
visual.
Dissecção cirúrgica superficial
Aprofunde a incisão através da tela subcutânea em di-
Pontos de reparo e incisão reção à fáscia profunda. Numerosos pequenos vasos
serão cortados. Cauterize-os meticulosamente para
Pontos de reparo assegurar visão adequada das estruturas mais profun-
Processo coracoide. Palpe o processo coracoide a das. Incise a fáscia profunda no sentido da incisão da
aproximadamente 2,5 cm da extremidade anterior da pele (Fig. 1.31). Palpe a articulação acromioclavicular.
Se o acesso estiver sendo usado para descompressão

Processo coracoide

Acrômio

Figura 1.30 Faça uma incisão transversal co-


meçando no canto anterolateral do acrômio e
terminando próximo à parte lateral do processo
coracoide.
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 51

Fáscia

Músculo deltoide

Figura 1.31 Incise a fáscia profunda no


mesmo sentido da linha de incisão na pele
para expor o músculo deltoide subjacente.

Articulação
acromioclavicular
Ligamento
coracoacromial

Músculo
deltoide

Nervo axilar

Figura 1.32 Destaque o deltoide da articu-


lação acromioclavicular expondo 1 cm da
superfície anterior do acrômio.
52 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

e acesso ao manguito rotador não for necessário, sol- mio. Rebata as margens cortadas do músculo deltoide
te as fibras do deltoide que se originam na articulação para expor o ligamento coracoacromial subjacente.
acromioclavicular e continue separando lateralmente,
mediante dissecção, até expor 1 cm da superfície ante- Dissecção cirúrgica profunda
rior do acrômio (Fig. 1.32). Observam-se sangramen-
Destaque o ligamento coracoacromial do acrômio
tos durante essa dissecção como resultado do corte do
por meio de dissecção cortante ou removendo-o
ramo acromial da artéria coracoacromial, que deve ser
com um fragmento de osso da superfície inferior do
cauterizado. Não destaque mais do que é necessário
acrômio. Separe a extremidade medial do ligamento
do deltoide, porque a reinserção é difícil e as extensas
coracoacromial bem próximo do processo coracoide
separações desse músculo em relação ao acrômio po-
e corte o ligamento. O tendão do supraespinal e sua
dem estar associadas com resultados insatisfatórios da
bolsa subacromial suprajacente estão expostos agora.
cirurgia a longo prazo.
Rode a cabeça do úmero para expor porções diferen-
Se o acesso for usado para reparos do manguito
tes do manguito rotador (Fig. 1.34). A rotação late-
rotador, reparta o músculo deltoide no sentido de ral completa mostrará o tendão da cabeça longa do
suas fibras, começando na articulação acromiocla- bíceps braquial em seu sulco.
vicular. Estenda essa separação 5 cm para baixo da
articulação acromioclavicular (Fig. 1.33). Coloque
Riscos
pontos de reparo no ápice da divisão para evitar que
o músculo venha a dividir-se inadvertidamente para Nervos
baixo durante a retração e que, assim, possa lesar o O nervo axilar coloca-se transversalmente na super-
nervo axilar. Continue a dissecção, como na descom- fície profunda do músculo deltoide, cerca de 7 cm
pressão subacromial, soltando as fibras do deltoide abaixo da extremidade do acrômio. Cortando o del-
que se originam da articulação acromioclavicular e, toide abaixo desse nível, pode-se lesar o nervo. Co-
como antes, continue os destacamentos por dissecção locando-se pontos de reparo no ápice do corte feito
lateral para expor 1 cm do aspecto anterior do acrô- no músculo, evita-se esse risco.

Articulação
acromioclavicular
Ligamento
coracoacromial

Músculo deltoide
cortado

Sutura

Nervo axilar

Figura 1.33 Reparta o músculo deltoide no


sentido de suas fibras por 5 cm.
Vias de Acesso em Cirurgia Ortopédica 53

Tendão do
músculo
supraespinal Margem do corte
Superfície inferior (atípico) de ligamento
do acrômio coracoacromial
osteotomizado

Músculo
deltoide

Cabeça longa
do bíceps
braquial

Figura 1.34 Ressecar o li-


gamento coracoacromial
com um fragmento do osso
da superfície inferior do
acrômio para expor a bolsa
subacromial subjacente e o
tendão do músculo supraes-
pinal.

O nervo pode ser palpado com facilidade sob a Como ampliar o acesso
superfície do músculo, se você estiver em dúvida so-
Medidas locais
bre sua posição.
Visto ser muito difícil a refixação do deltoide em suas
Vasos inserções, descolamentos extensos desse músculo não
O ramo acromial da artéria coracoacromial, que passa são recomendados, embora facilitem a exposição.
logo abaixo do músculo deltoide, será cortado durante
Medidas de extensão
a dissecção cirúrgica superficial. A menos que o san-
gramento nesse local seja controlado, será muito difí- Uma vez que o acesso não se realiza em um plano
cil identificar as estruturas profundas, podendo causar internervos, nenhuma medida de extensão útil, pro-
inadvertidamente desvios do plano cirúrgico correto. ximal ou distal, é possível.
54 Hoppenfeld, deBoer & Buckley

Acesso lateral ao úmero proximal


O acesso lateral propicia abordagem limitada à ca- mesa para reduzir a pressão venosa e as hemorragias
beça e ao colo cirúrgico do úmero. Não é uma abor- (Fig. 1.35). Um coxim deve ser colocado embaixo do
dagem extensa clássica, porque é limitada na posição ombro do paciente. Assegure-se de que serão obti-
distal pelo trajeto do nervo axilar sobre a superfície das imagens intraoperatórias adequadas antes de
profunda do músculo deltoide. A extensão distal é prepará-lo e drapejá-lo.
possível, porém, a separação do deltoide deve ser
feita distalmente ao nervo (ver abordagem de acesso Pontos de reparo e incisão
mínimo ao úmero proximal). Pode ser estendida em
Pontos de reparo
direção proximal, o que permite mostrar toda a ex-
O acrômio é retangular. Sua parte dorsal e sua mar-
tensão do músculo supraespinal. Seu uso nas cirur-
gem lateral são fáceis de palpar na superfície externa
gias de fraturas é reservado para as do colo cirúrgico
do ombro.
e de tubérculos do úmero. Fraturas mais distais são
mais bem abordadas pelo acesso anterior ao ombro Incisão
(ver Fig. 1.8) ou pelo acesso mínimo lateral ao úme- Faça uma incisão longitudinal de cerca de 5 cm, da
ro proximal (ver Fig. 1.41). extremidade do acrômio para baixo, até a face lateral
As utilizações do acesso lateral incluem as se- do braço (Fig. 1.36).
guintes:
1. Redução aberta e fixação interna de fraturas com Plano internervos
desvio do tubérculo maior do úmero Não há qualquer plano internervos real; o acesso la-
2. Redução aberta e fixação interna de fraturas do teral envolve a divisão do músculo deltoide.
colo do úmero
3. Remoção de calcificações da bolsa subacromial Dissecção cirúrgica superficial
4. Reparo do tendão supraespinal
5. Reparo do manguito rotador Reparta o músculo deltoide no sentido de suas fi-
bras, partindo do acrômio para baixo, em torno de 5
cm. Faça uma sutura com pontos de reparo no ápice
Posição do paciente
inferior do corte para evitar que a incisão se prolon-
Coloque o paciente em decúbito dorsal, com o braço gue acidentalmente, lesando, em consequência, o
atingido na margem da mesa. Eleve a cabeceira da nervo axilar, como exposto (Figs. 1.37 e 1.38).

Mesa
elevada

Figura 1.35 Posição do paciente na mesa ci-


rúrgica para acesso lateral ao ombro. Elevar a
mesa em 45°. Coloque um coxim embaixo do
ombro para erguê-lo fora da mesa cirúrgica.

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